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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA _ VARA DO TRABALHO DE PARAUAPEBAS/PARÁ Sr.º Tito , sobrenome... estado civil ..., entregador de pizza, CPF de n° ..., CTPS de n° ..., PIS de n° ..., com endereço eletrônico ..., domiciliado e residente em ..., vem respeitosamente perante a Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, nos termos do artigo 840 da Consolidação das Leis Trabalhistas, em face da PIZZA GOURMET LTDA que é pessoa jurídica de direito privado com CNPJ de n° ..., localizada na cidade de Parauapebas/Pará, nesse ato representada por seu sócio Sr.° nome ..., estado civil ..., CPF de n° ..., com endereço eletrônico ..., domiciliado e residente em ..., pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir elencados: BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA O reclamante encontra-se desempregado, sem condições de arcar com as despesas do processo, conforme documentação em anexo, e portanto, possui amparo no artigo 98 da Lei 5584/1970, artigo 790 §§ 3° e 4° da CLT, além de ser garantia constitucional do artigo 5, LXXIV da Constituição Federal fazendo jus ao benefício da gratuidade de Justiça. Diante do exposto requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita. I- DO CONTRATO DE TRABALHO Após juntar durante alguns anos suas economias e auxiliado por seus familiares, Tito comprou uma motocicleta e começou a trabalhar em15/12/2018 como motoboy na empresa RECLAMADA, realizando a entrega em domicílio de pizzas. A carteira de trabalho de Tito foi devidamente assinada, com o valor de 1 salário mínimo mensal. Em razão da atividade desempenhada, Tito poderia escolher diariamente um item do cardápio para se alimentar no próprio estabelecimento, sem precisar pagar pelo produto. Tito fazia em média 10 entregas em seu turno de trabalho, e normalmente recebia R$ 1,00 (um real) de bonificação espontânea de cada cliente, gerando uma média de R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) mensais. Tito exercia suas funções durante seis dias na semana, com folga na2ª feira, sendo que, uma vez por mês, a folga era em um domingo. A jornada cumprida ia das 18h às 3h30, com intervalo de 40 minutos para refeição. No mês de agosto de 2019, Tito fez a entrega de uma pizza na casa de um cliente. Ocorre que o cozinheiro da pizzaria se confundiu no preparo e assou uma pizza de calabresa, sendo que o cliente era alérgico a esse produto (linguiça). Ao ver a pizza errada, o cliente foi tomado de fúria incontrolável, começou a xingar e a ameaçar Tito, e terminou por soltar seus cães de guarda, dando ordem para atacar o entregador. Tito correu desesperadamente, mas foi mordido e arranhado pelos animais, sendo lesionado gravemente. Em razão disso, ele precisou se afastar por 30 dias para recuperação, recebendo o benefício previdenciário pertinente do INSS. Tito gastou R$ 30,00 na compra de vacina antirrábica, que por recomendação médica foi obrigado a tomar, porque não sabia se os cachorros eram vacinados. Em 20 de setembro de 2019, após obter alta do INSS, Tito retornou à empresa e foi dispensado, recebendo as verbas rescisórias. Nos contracheques de Tito, constam, mensalmente, o pagamento do salário mínimo nacional na coluna de créditos e o desconto de INSS na coluna de descontos, sendo que no mês de março de 2019 houve ainda dedução de R$31,80 (trinta e um reais e oitenta centavos) a título de contribuição sindical, sem que tivesse autorizado o desconto. Tito foi à CEF e solicitou seu extrato analítico, onde consta depósito de FGTS durante todo o contrato de trabalho. II- DA ESTABILIDADE: IRREGULARIDADE DE ATO DEMISSIONAL E SURGEMENTO DO DIREITO A REINTEGRAÇÃO É de suma relevância destacar que o empregado, em agosto de 2019 e no exercício de suas funções, sofreu um terrível acidente de trabalho. Em decorrência do fatídico, se reconhece a extrema necessidade de seu afastamento do trabalho por mais de 15 dias (30 dias) e, também, a percepção de auxílio doença acidentário pelo INSS. Dado as circunstâncias antecedentes, tem-se o indubitável nascimento do direito a Estabilidade Acidentária. O art. 118 da Lei 8.213/1991 delineia a seguinte afirmação: ‘’O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente’’. Ainda, a Súmula n° 378 do TST em seus itens I e II, corrobora a constitucionalidade ao supracitado dispositivo e dos requisitos para a admissibilidade de estabilidade, estes que foram totalmente preenchidos pelas circunstâncias da lide, isto é, a ocorrência de afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio- doença acidentário. Em comum acordo com o art. 495 da CLT, a partir do momento em que o empregador promove a dispensa arbitrária de empregado estável, nasce o direito para o empregado reintegrar-se ao trabalho. Portanto, no dia 20 de agosto de 2019, este não poderia ter tido o contrato rescindido dentro da sua estabilidade. Então, deve o empregador reintegrar o empregado ao trabalho, pois o ato demissional em período de estabilidade é irregular. Assim como, o pagamento dos salários devidos entre 20/09/2019 até a sua reintegração. Diante disto, requer-se a reintegração do reclamante no seu emprego em face da estabilidade provisória, bem como o reconhecimento da incidência da tutela antecipada antecedente, permitindo a reintegração imediata do reclamante. Porém, entendendo Vossa Excelência ser desaconselhável a reintegração, requer o pagamento da indenização pelo tempo da estabilidade, nos termos dos artigos 496 e 497 da CLT e Súmula nº 396 do TST, no valor de R$ ... III- DO INTERVALO INTRAJORNADA O reclamante trabalhava 6 dias por semana, das 18 horas às 3 horas e 30 minutos, com intervalo de apenas 40 minutos para refeição. A reclamada desrespeitou o direito ao intervalo intrajornada do reclamante. Com base no artigo 71 da CLT, em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação de no mínimo 1 hora. O que é o caso do reclamante. Ainda, o §4º do artigo 71 da CLT aduz que a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. Diante do exposto, requer-se a condenação da reclamada ao pagamento de 20 minutos diários, como horas extras, acrescidos de 50%, em virtude da sonegação do intervalo intrajornada, no valor de R$... IV- DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Como leciona Antonio Neto da Lapa e Ivan Kertzman: ‘’ quando a atividade normalmente desenvolvida pelo empregado, por sua natureza implica riscos, estará presente, por exemplo, com aqueles empregados que trabalham como ‘’moto boy’’ ou assemelhados, já que se trata de atividade evidentemente perigosa. O § 4° do art. 193 da CLT, considera perigosas as atividades desenvolvidas pelo trabalhador em motocicleta. Ademais, o trabalho em condições de periculosidade garante ao motoboy um adicional de 30% sobre o salário base. Pela falta de pagamento do referido adicional durante toda a prestação de serviço na empresa, assevera-se o direito ao recebimento do adicional pelo reclamante que exercia as suas funções em uma motocicleta. Calcula-se o valor de 30% sobre o salário base vezes 8 meses de prestação de serviço, resultando no total de R$... Total: R$... V- DO ADICIONAL DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS A jornada de trabalho do reclamante ia das 18 horas às 3 horas e 30 minutos, por 6 dias da semana. Há de se observar que, conforme os artigos 7º, XIII da CF e 58da CLT, a duração do trabalho normal não poderá ultrapassar o limite de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Deste modo, as horas que ultrapassem o limite acima descrito serão consideradas horas extras, nos termos do artigo 59 da CLT, o que de fato ocorre quanto à duração do trabalho do reclamante, pois ele laborava 9 horas e 30 minutos diárias e 57 horas semanais. Diante do exposto, requer o pagamento das horas extras devidas com adicional de 50% superior ao valor da hora normal quanto ao total trabalhado desde a admissão do reclamante até a sua demissão, nos termos do §1º do artigo 59 da CLT, a razão de R$ ... VI- DO ADICIONAL NOTURNO O artigo 73 da CLT dispõe que o trabalho noturno terá remuneração superior à do trabalho diurno de pelo menos 20% sobre a hora diurna, dispondo seu §2º, ainda, que compreende-se como trabalho noturno aquele executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. Assim, nota-se que o reclamante faz jus ao adicional noturno, haja vista que o seu trabalho compreendia a jornada das 18 horas às 3 horas e 30 minutos, ou seja, das 22 horas às 3 horas e 30 minutos, há a incidência do adicional noturno na jornada do reclamante. Diante do exposto, requer o pagamento do adicional noturno com fulcro nos artigos 7º, IX da CF e 73, §2º da CLT, com o adicional de 20% sobre as horas diurnas, compreendendo 5 horas e 30 minutos em que o reclamante laborava, conforme assinalado anteriormente, no valor de R$ 6.039,39 VII- DO PEDIDO DE INTEGRAÇÃO SALARIAL DAS GORJETAS PERCEBIDAS/ RETIFICAÇÃO DA CTPS O Reclamante percebia mensalmente o valor de R$ 260,00 (duzentos reais) a título de bonificação espontânea recebida por seus clientes, sendo tal valor não compreendido em sua remuneração. Mediante fato é cabível a integração das gorjetas recebidas na remuneração do Reclamante, conforme artigo 457, caput da CLT e súmula 354 do TST, com a devida anotação em carteira, artigo 29, § 1º da CLT e aplicação dos reflexos nas férias e 13º salário percebidos. VIII- DO REEMBOLSO DO DESCONTO DE CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: O desconto de contribuição sindical somente pode ser feito com anuência expressa do profissional, como consta no art. 579 da CLT. O empregador constituiu desconto indevido, pois, o empregado não havia anuído expressamente quanto ao desconto da referida contribuição. Então, exige-se o reembolso no valor de R$ ... para o reclamante. Total: R$ 31,80 IX- O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL O Reclamante, em agosto de 2019, sofreu acidente enquanto laborava, sendo atacado e gravemente lesionado por cachorros do cliente, o qual entrega a pizza. Tal acidente violou a sua integridade física, bem como o onerou em ter que comprar vacina antirrábica, no valor de R$ ..., recomendado pelo médico. Verifica-se no caso em tela clara violação moral, conforme artigo 223-C da CLT, sendo cabível indenização pela Reclamada, conforme artigo 223-E da CLT e artigo 186 e artigo 927 do Código Civil, bem como o ressarcimento dos valores gastos com medicação, artigo 223-F, pelo nexo da necessidade da medicação com o acidente suportado. Importante se faz mencionar a clara responsabilidade da Reclamada pelos danos suportados pelo Reclamante, conforme preceitua a Lei nº 12.009/09, artigo 6º. X- DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer a Vossa Excelencia: Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: a) A concessão do benefício da justiça gratuita; b) A reintegração do reclamante no seu emprego em face da estabilidade provisória, nos termos dos artigos 21, II, “a” e 118 da Lei nº 8.213/91 e Súmula nº 378, I e II do TST, bem como o reconhecimento da incidência da tutela antecipada antecedente, permitindo a reintegração imediata do reclamante, conforme os artigos 300 e 303 do CPC e da OJ nº 64 da SBDI-2 do TST; c) O pagamento da indenização pelo tempo da estabilidade, nos termos dos artigos 496 e 497 da CLT e Súmula nº 396 do TST, no valor de R$..., caso entenda Vossa Excelência ser desaconselhável a reintegração do reclamante no emprego; d) A integração das gorjetas recebidas à remuneração, e, por corolário, a aplicação dos reflexos nas férias e décimo terceiro salário no importe de R$ ..., conforme artigo 457, caput, da CLT e Súmula nº 354 do TST; a retificação da CTPS para que conste a média das gorjetas recebidas, nos moldes dos dispositivos acima mencionados; e) A retificação da CTPS para que conste a média das gorjetas recebidas durante a vigência do contrato de trabalho, nos moldes do artigo 29, §1º da CLT; f) O pagamento de indenização decorrente do gasto com a vacina antirrábica no valor de R$ ... e a responsabilização da reclamada pelos gastos que o reclamante venha a ter com despesas de tratamento oriundas do acidente de trabalho, conforme os artigos 186, 927 e 949 do CC; g) O pagamento de indenização por dano moral no valor de R$..., em virtude do acidente de trabalho que lesionou gravemente o reclamante, em conformidade com o disposto nos artigos 186 e 927 do CC e 223-B, 223-C e 223-G da CLT; h) A condenação da reclamada à devolução do valor do desconto indevidamente a título de contribuição sindical no importe de R$ ... i) O pagamento das horas extras devidas com adicional de 50% superior ao valor da hora normal quanto ao total trabalhado desde a admissão do reclamante até a sua demissão, nos termos do §1º do artigo 59 da CLT, a razão de R$ ... j) A condenação da reclamada ao pagamento de 20 minutos diários, como horas extras, acrescidos de 50%, em virtude da sonegação do intervalo intrajornada, no valor de R$... k) O pagamento do adicional noturno com fulcro nos artigos 7º, IX da CF e 73, §2º da CLT, com o adicional de 20% sobre as horas diurnas, compreendendo 5 horas e 30 minutos em que o reclamante laborava, no valor de R$ ...; l) A condenação da reclamada ao pagamento do adicional de periculosidade a razão de R$..., conforme o artigo 193, §§1º e 4º da CLT. m) Notificação/ citação para contestação à respectiva reclamação trabalhista e no caso de não oferecimento incorrer pena de revelia e confissão acerca da matéria de fato; n) Pagamento dos advocatícios, em consonância com o artigo 791-A da CLT; o) A procedência dos pedidos com a condenação da reclamada ao pagamentos do que está sendo pleiteado, acrescido de juros e correção monetária. Protesta-se por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental, o depoimento pessoal e a oitiva de testemunhas; Dá-se o valor da causa de R$... Nestes termos pede e espera deferimento Cidade, Estado Advogado OAB...