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Resumo Psicanálise

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A invenção da psicanálise 
No Instituto de Fisiologia de Viena, Áustria, Freud conhece Joseph Breuer, especialista em doenças nervosas.
Hospício Salpêtrière (Paris) – cerca de 6 mil mulheres nomeadas “loucas” eram isoladas e acorrentadas no setor especial das incuráveis As histéricas cuidam das companheiras simulando suas doenças, encenam o sofrimento alheio.
1895: jovem Freud chega a Paris para assistir as aulas clínicas de Jean-Martin Charcot (“Napoleão das Histéricas”), neurologista que se dedicava ao estudo, sintomatologia e tipologia das misteriosas afecções que atingem o ser humano Conhecida desde a antiguidade, a histeria se manifestava ainda no fim do século XIX como uma doença ao útero (hystéra) que se locomoveria através do corpo das mulheres.
Uso da Hipnose: Charcot estudava a neurose histérica em Salpêtrière por mais de 20 anos e obtinha resultados de redução dos sintomas de paralisia e contrações através da técnica da hipnose Apos comunicar as lembranças, pensamento e impulsos inconscientes ao médico os sintomas eram superados.
Freud: a relação entre médicos e pacientes parece uma história de amor A partir de Charcot, Freud cria uma nova ligação entre histeria e sexualidade “Estudos sobre a Histeria” (Breuer; Freud, 1985).
Caso Anna O. (Bertha Papenheim) – Jovem da burguesia vienense, aos 20 anos começou a desenvolver sintomas: esquece a língua materna, paralisia, se recusa a beber água no copo. Condenadas a se tornarem esposas rígidas como suas mães, essas jovens da alta sociedade vienense aspiram secretamente por outra vida, mas ninguém as escuta. Incapazes de enfrentarem seus destinos, elas adoecem.
Método catártico de Breuer (hipnose): retorno ao estado psíquico em que o sintoma surgiu primeiramente. Conversão histérica: sintoma histérico é uma excitação transposta do âmbito psíquico para o fisico que assim substitui processos psíquicos reprimidos no inconsciente.
Ouvir o corpo: o método psicanalítico permite aos sintomas transformarem-se em linguagem. A histeria é a linguagem de um desejo refreado. A psicanálise é um modo particular de falar da angústia, do esquecimento, da lembrança, do tempo, da tortura.
Caso Fanny Mozer: Freud interrompe o relato desta paciente sob hipnose, para indagar-lhe sobre a origem de certos sintomas. “Aproveitei também a oportunidade para perguntar-lhe por que sofria de dores gástricas e de onde provinham. Sua resposta, dada a contragosto, era de que não sabia. Solicitei-lhe que se lembrasse até amanhã. Disse-me, então, num claro tom de queixa, que eu não devia continuar a perguntar de onde provinha isso ou aquilo, mas que a deixasse contar o que tinha a dizer-me”. Surge aí a regra fundamental da psicanálise: a associação livre.
Associação Livre Freud modifica a técnica do procedimento catártico de Breuer, o que gera novos resultados e consequentemente novas concepções do trabalho terapêutico. Abandono da hipnose: conversa sem mediação da visão para que o paciente concentre a atenção na atividade psíquica. Até porque nem todos podem ser hipnotizados (exige sugestionabilidade).
Associação Livre Pensamentos espontâneos e involuntários e normalmente descartados substituem a ampliação da consciência conseguia pela via hipnótica. Ao invés de um relato minucioso da história da doença, Freud pede que falem tudo o que passar na cabeça, mesmo que que pareça insignificante, sem sentido, penoso ou vergonhoso.
Correspondências com Wilhem Fliess - Neurose é a consequência de conflitos infantis não resolvidos. Nesta época elabora as teorias da bissexualidade originária, teoria da sedução, a primeira teoria do aparelho psíquico Teoria da sedução: trauma sexual real na infância.
Ao invés de considerar o paciente como objeto de estudo externo Freud passa a uma análise de si mesmo Teoria da sedução não dá conta de explicar o imaginário sexual de cada sujeito Teoria da fantasia: histérico também inventa seduções que não aconteceram. Sofre-se de coisas que vêm de si mesmo.
Novos conceitos aparecem Transferência: pacientes não se apaixonam por Freud, mas por alguém de quem o analista é uma espécie de substituto. Libido: energia sexual Recalque: processo pelo qual se rejeita no inconsciente um fato que se quer esquecer, do qual não se quer saber.
Interpretação dos sonhos O sonho é a realização de um desejo inconsciente ou reprimido Sonho, atos falhos, lapsos, esquecimento: tudo tem significado QUEM FALA POR MIM?
Primeira associação freudiana “Sociedade Psicológica das Quartas-feiras (outubro de 1902) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905): atribui às crianças e adultos “normais” fantasias e comportamentos considerados patológicos (ex.: desejo de incesto). Complexo de Édipo: representação inconsciente onde surge o desejo da criança pelo genitor do sexo oposto e hostilidade pelo mesmo sexo.
Psicanálise e Sexualidade
Caso Anna O. - Bertha Pappenheim 
● Paciente de Josef Breuer entre 1880 e 1882. Entendido com caso zero da psicanálise. 
● Na época em que Breuer se dedicou ao tratamento de Anna O., Freud estava se formando em medicina e todo o seu interesse estava voltado para os estudos sobre anatomia do sistema nervoso, e somente cinco anos mais tarde iria a Paris assistir aos cursos dados por Charcot na Salpêtrière
Caso Anna O. - Bertha Pappenheim 
● Breuer submeteu-a à hipnose: sintomas desapareciam sempre que o acontecimento traumático que estava ligado a ele era reproduzido sob hipnose. Após dois anos de tratamento, todos os sintomas de Anna O. haviam desaparecido. 
● A função da hipnose era a de, por sugestão, remeter o paciente ao seu passado, de modo que ele próprio encontrasse o fato traumático, produzindo-se, em decorrência disso, a “ab-reação”, isto é, a liberação da carga de afeto.
Caso Anna O. - Bertha Pappenheim 
● Anna O.: conjunto de sintomas que foram remetidos às cenas traumáticas de origem por intermédio de sessões diárias de hipnotismo por Breuer. Freud apenas acompanhava e discutia o caso com Breuer. 
● Alguns dos sintomas: paralisia espástica, insensibilidade, mostrava uma diminuição da faculdade de expressão que chegou à perda da capacidade de falar e compreender a língua materna, alucinações em que os ponteiros do relógio se deformam, vê cobras no jardim, impossibilitada de beber qualquer líquido que não seja suco, perde a capacidade de falar alemão e passa a só falar inglês, dores pelo corpo, estrabismo convergente.
Caso Anna O. - Bertha Pappenheim 
● Impedida de dançar e de escrever pelos pais. 
● A doença apareceu quando ela cuidava do pai que muito amava. 
● Devido à sua própria enfermidade ela teve de abandonar a assistência ao pai.
Cinco lições de Psicanálise (Freud) 
● Talvez médicos suponham que se trata de uma séria enfermidade no cérebro, contra a qual quase nada podiam fazer. 
● “O médico, que em seus estudos aprendeu tanta coisa que permanece ignorada pelos leigos, pôde formar, a respeito das causas da doença e das alterações que acarreta (por exemplo, no cérebro de quem tem uma apoplexia ou um tumor), ideias que até certo ponto têm de ser exatas, pois lhe permitem compreender os detalhes do quadro mórbido. Mas todo o seu saber, todo o seu treino anatomofisiológico e patológico de nada lhe servem ante as singularidades dos fenômenos histéricos. Não consegue entender a histeria, diante dela se acha na mesma situação que um leigo. E isso não agrada a quem costuma ter em alta conta o próprio saber. Os histéricos são privados da simpatia do médico, portanto. Ele os vê como pessoas que in- fringem as leis de sua ciência, tal como os fiéis veem os heréticos; julga-os capazes de todo mal, acusa-os de exagero e de fingimento; e os pune subtraindo- lhes seu interesse” (FREUD, 1910).
Caso Anna O. - Interpretações dos sintomas: 
● Dispersão (não ouvir quando alguém entra na sala): quando seu pai entrou na sala, ela não percebeu e foi repreendida por ele. Nutriu sentimentos hostis pelo pai, mas os reteve, produzindo o sintoma. 
● Não compreendia uma conversa com mais pessoas: foi repreendida pelo pai pela distração em uma conversa. 
● Surdezseletiva associada com o sacudir de uma carruagem: irmão mais novo havia empurrado ela quando ela ouvia coisas na porta do quarto dos pais. O susto dado pelo irmão quando ela estava andando de carruagem retornava no sintoma. 
● Ouvia um ruído inesperado era tomada por um estado de terror: momento em que o pai sofria ataques por ela vivia como se fosse o pai.
Caso Anna O. - Bertha Pappenheim
Sintomas eram curados pelo hipnotismo, mas produzia-se um efeito deslocamento: novos sintomas apareciam 
● Para Breuer, Anna O. diante dos conflitos produzia uma dissociação da personalidade. Ao dissociar-se, não conseguia reagir e os afetos voltavam nos sintomas. 
● Anna O. chama esse método catártico de “cura pela palavra” ou “limpeza da chaminé”.
Quando Breuer narrou para Freud a história de sua jovem e bela cliente, não narrou a história completa; o final foi cuidadosamente ocultado.
 ● O que motivou o término do tratamento foi um fenômeno que, apesar de ser hoje em dia bastante conhecido, impossibilitou Breuer de continuar a relação terapêutica com Anna O.: o fenômeno da transferência e da contratransferência.
Quando Breuer percebeu o que estava se passando, ficou extremamente embaraçado e resolveu encerrar rapidamente o tratamento. 
● A decisão foi comunicada a Anna O. e o caso foi dado por terminado. Nesse mesmo dia, Breuer foi chamado com urgência à casa de Anna O., que se encontrava numa de suas piores crises. A paciente apresentava contrações abdominais de uma crise de parto histérica e nesse momento teria dito a Breuer: “Agora chega o filho de Breuer.” 
● Muito chocado com o fato, Breuer hipnotizou-a e ela saiu da crise. No dia seguinte, Breuer e sua mulher viajaram de férias para Veneza.
O que havia escapado a Breuer, até então, era exatamente esse componente sexual que havia estado presente o tempo todo na sua relação com Anna O., mas que era rejeitado por ambos. 
● Quando a evidência do fato se tornou irrecusável, Breuer abandonou horrorizado a cliente e fugiu. 
● Nesse momento, segundo Freud, Breuer deixou cair a chave que poderia decifrar o grande segredo oculto das neuroses.
Para Breuer: histeria de retenção, limitação social para a expressão dos afetos gera sua retenção. O afeto retido é desviado da sua representação sendo deslocado a uma parte do corpo (conversão). 
● Para Freud: acompanha Breuer, mas sustenta que as causas dos sintomas são ideias, emoções e afetos de natureza sexual. Paradigma: histeria de defesa – defesa contra ideias e afetos patógenos. 
● Freud fica intrigado: por que ela desenvolveu uma relação de fantasia com o médico? Resposta: Transferência.
Freud só teve pleno acesso ao fenômeno da defesa quando abandonou a técnica da hipnose. Até então, uma série de indícios poderiam sugerir-lhe a existência de algo que lhe era vedado pelo próprio método que empregava, mas esses indícios só se transforma- riam em evidência após o abandono desse método. 
● Assim, o procedimento hipnótico era, sem que ele soubesse, o obstáculo maior ao fenômeno que será transformado num dos pilares da teoria psicana- lítica: a defesa (ou, como ele chamará mais tarde, o recalcamento).
Quando Freud abandona a hipnose e solicita de seus pacientes que procurem se lembrar do fato traumático que poderia ter causado os sintomas, verifica que tanto a sua insistência quanto os esforços do paciente esbarravam com uma resistência destes a que as ideias patogênicas se tornassem conscientes. 
● Qual seria a natureza dessas ideias e por que geravam essa resistência?
Defesa: Freud vai entender que as ideias patogênicas eram de natureza aflitiva, capazes de despertar emoções de vergonha, de autocensura e de dor psíquica. 
● A defesa aparece, assim, como uma forma de censura por parte do ego do paciente à ideia ameaçadora, forçando-a a manter-se fora da consciência; e a resistência era o sinal externo dessa defesa. 
● O mecanismo pelo qual a carga de afeto ligada a essa ideia (ou conjunto de ideias) é transformada em sintomas somáticos é chamado por Freud de conversão. A conversão é, portanto, o modo de defesa específico da histeria.
Resistência, defesa e conversão: Nesse momento, começa a se operar a passagem do método catártico para o método psicanalítico. 
● Não era qualquer espécie de excitação emocional que se encontrava por trás dos sintomas neuróticos, mas sobretudo uma excitação de natureza sexual e conflitiva. 
● A importância concedida à sexualidade, tanto para a compreensão da neurose como para a compreensão do indivíduo normal, torna-se cada vez mais central em Freud.
Na verdade, a sexualidade já era bastante tematizada pela medicina, pela psiquiatria, pela pedagogia e por vários campos de discurso no século XIX. 
● Michel Foucault e sua História da sexualidade (Foucault, 1977). 
● O que verificamos pela análise de Foucault é que os séculos XVIII e XIX conheceram uma verdadeira explosão discursiva sobre o sexo. A colocação do sexo em discurso não é uma prerrogativa de Freud, mas aquilo que se transformou na grande injunção dos últimos dois séculos.
O fenômeno da histeria, a familiarização, a preocupação com a masturbação das crianças, a organização física e funcional dos colégios, a confissão religiosa, o controle sobre a procriação, a psiquiatrização dos perversos, e tantas outras práticas mais, falavam do sexo. 
● Nunca se falou tanto sobre o sexo. “A colocação do sexo em discurso” , como diz Foucault, não é uma novidade da psicanálise e sequer é uma novidade para o homem do século XIX:
“A grande originalidade de Freud não foi descobrir a sexualidade sob a neurose. A sexualidade estava lá, Charcot já falara dela. Sua originalidade foi tomar isto ao pé da letra e edificar a partir daí a Traumdeutung, que é algo diferente da etiologia sexual das neuroses (...) o forte da psicanálise é ter desembocado em algo totalmente diferente que é a lógica do inconsciente” (Foucault, 1979).
A PSICOPATOLOGIA DA VIDA COTIDIANA (FREUD 1901)
Por que esquecemos? Por que temos determinados hábitos? 
● A importância da linguagem na psicanálise, pois é material fundamental para a clínica psicanalítica. 
● Psicanálise é uma experiência de linguagem: trata-se os sintomas a partir da fala. 
● O ato falho muitas vezes revela o que está no inconsciente, é um vínculo entre o desconhecido e a descoberta, faz entender a relação do inconsciente com a linguagem. 
● Esquecimentos de nomes acontecem corriqueiramente no dia a dia de qualquer um, mas podem não ser simples enganos.
O esquecimento de nomes próprios, palavras estrangeiras e sequência de palavras. 
● Quando a mente faz esquecer um nome próprio e substituí-lo por outro, isso não acontece por acaso, existe uma ligação entre um e outro que leva a um conteúdo até então desconhecido. Freud (1901) afirma: “Minha hipótese é que esse deslocamento não está entregue a uma escolha psíquica arbitrária, mas segue vias previsíveis que obedecem a leis.” 
● Freud analisou um acontecimento que ocorreu com ele próprio quando viajava para Herzegovina e conversava com um desconhecido, após visitar a Itália. Ao tentar falar o nome de um artista de quem havia visto uma obra, Signorelli, que para ele era um nome muito familiar, vieram outros nomes insistentemente em sua mente, mas não o que ele queria. Freud (1901) destaca: “Em outras palavras, suspeito que o nome ou os nomes substitutos ligam-se de maneira averiguável com o nome perdido: e espero, se tiver êxito em demonstrar essa ligação, poder esclarecer as circunstâncias em que ocorre o esquecimento de nomes.” O esquecimento de nomes próprios, palavras estrangeiras e sequência de palavras 
● Auto-análise de Freud: o tema anterior da conversa que estava tendo com o desconhecido causava perturbação, pois falavam da maneira como os muçulmanos da Bósnia e Herzegovina lidavam com a morte e o respeito e conformismo que tinham em relação aos médicos. 
● A um prognóstico fatal de parente, diziam ao médico: " Senhor (Herr), que se pode fazer? Se fosse possível salvá-lo, o senhor o teria feito!" 
● Freud percebeu seu desejo de falar de outro caso, mas,não se sentiu a vontade por estar conversando com um desconhecido, então, reprimiu seu desejo. Ele teve a lembrança que os muçulmanos dão extrema importância a ordem sexual, de tal maneira que chegam ao ponto de perder o interesse pela vida se tiverem algum problema nesse sentido. O esquecimento de nomes próprios, palavras estrangeiras e sequência de palavras 
● Freud supõe que havia uma conexão associativa entre nomes, lugares e situações que remetiam a uma paciente sua que havia se suicidado (Freud se culpa): houve um deslocamento, deixando prevalecer os elementos reprimidos. 
● “Minha hipótese é que esse deslocamento não está entregue a uma escolha psíquica arbitrária, mas segue vias previsíveis que obedecem a leis. 
● “O esquecimento do nome só foi esclarecido quando me lembrei do assunto que estávamos discutindo pouco antes, e revelou ser um caso de perturbação do novo tema emergente pelo tema que o antecedeu.” O esquecimento de nomes próprios, palavras estrangeiras e sequência de palavras Freud tenta lembrar do nome: sabe que sabe qual é e sabe quais nomes não são. 
● Botticelli - > Boltraffio - > Trafoi (cidade onde soube da paciente) 
● Bósnia Herzegovina - > muçulmanos - > sexualidade - > impotência de paciente - > vida não vale a pena - > chamam o médico de “Herr” (Senhor) 
● Associações o conduzem a dois temas: sexualidade e morte. Assim ele se lembra do nome: Signorelli (Signori em italiano = Herr) 
● Tema tratado: Afrescos de Orvieto - Signorelli executa, a partir da Divina Comédia de Dante Alighieri, as pinturas que retratam os novíssimos do homem (morte, juízo, inferno e paraíso) em A presença do Anticristo, A ressurreição da carne, O purgatório, A coroação dos eleitos e Os condenados ao inferno. 
● Tema anterior: Paciente muçulmano que prefere a morte à impotência . 
● Conteúdo da repressão: a necessidade de se esquecer do suicídio de seu paciente, a ele noticiado em Trafoi. Genericamente trata-se da elação “morte e sexualidade” 
● Associação externa: Manifestou-se na produção de nomes substitutos, Boticelli e Boltraffio, por meio de: a) dissociação de Signorelli em signor-elli b) reassociação de signor = bo em ambos os substitutos, mais -elli em um, e traffio (Trafoi) em outro.
A interpretação dos sonhos
Formação do inconsciente - produtos da realização de desejos inconscientes, resultantes do processo primário.
 - Característica absurda - deformação exercida pelo processo secundário, no qual Freud localizou o trabalho da censura. 
- O processo secundário (consciente, pré-consciente) substitui o primário, modificando seu conteúdo. - A interpretação dos sonhos 
- Deformações camuflam o desejo realizado no sonho, fazendo com que adquira uma expressão irreconhecível. 
- O que é lembrado como sendo o sonho não é o verdadeiro processo onírico e sim uma ficção atrás do qual o processo se esconde. 
- A interpretação dos sonhos 
- Havia a ideia de que os sonhos eram apenas resíduos dos pensamentos e memórias do dia, sem sentido, um processo fisiológico de eliminação de excessos descartáveis para o psíquico. 
- Freud concebe o sonho como um fenômeno dotado de sentido, que transmite uma mensagem recalcada que tem que ser descoberta por um método interpretativo. A interpretação dos sonhos 
- O trabalho do sonho 
- Todas as outras tentativas de análise dos sonhos até o momento partiam do conteúdo manifesto, não do conteúdo latente (pensamentos oníricos). 
- Investigar os processos pelos quais os conteúdos latentes se transformaram nos manifestos. - Linguagens diferentes: tradução dos signos e regras sintáticas 
- Analisar é comparar o original com a tradução: os signos do conteúdo onírico (manifesto) devem ser transpostos para a linguagem dos pensamentos oníricos (latente). 
- A interpretação dos sonhos - O trabalho do sonho - O conteúdo onírico é fornecido através de uma espécie de pictografia (enigma pictórico, rébus). Não se lê a imagem, mas a relação semiótica. 
- Rébus: substituir cada imagem por uma sílaba ou palavra representada de alguma forma pela imagem. A interpretação dos sonhos - O trabalho do sonho A interpretação dos sonhos
 - Rébus - A constituição essencial do sonho não é seu pensamento latente, mas sim o trabalho de condensação e deslocamento que lhe confere a forma de um sonho. 
- O conteúdo latente não é inconsciente, mas efetua uma espécie de curto-circuito entre ele mesmo e um desejo recalcado inconsciente. 
- Pensamentos “normais”, cotidianos, só são submetidos ao trabalho do sonho quando um desejo inconsciente e em estado de recalcamento é transferido para eles. A interpretação dos sonhos 
- O trabalho do sonho - O desejo recalcado não tem “tradução” como o conteúdo latente, está entre ele e o conteúdo manifesto, ou seja, na forma do sonho.
 - “No fundo os sonhos nada mais são que uma FORMA particular de pensamento, possibilitada pelas condições do estado de sono. É o TRABALHO DO SONHO que cria essa forma, e somente ele é a essência do sonho 
- a explicação de sua natureza peculiar” (FREUD, 1900) A interpretação dos sonhos 
- O trabalho do sonho 
- Não há sentido oculto do sonho, algo escondido por trás da forma do sonho, mas o trabalho do sonho ao qual os pensamentos oníricos latentes foram submetidos. 
- Interpretar o sonho significa reconstruir o trabalho de sua construção. 
- Reenviar aquela imagem às cadeias de pensamento que se condensaram, transformando-se em uma imagem. 
- Não se interpreta como um bloco: “quebra-se” o sonho em vários elementos, associando-os, identificando repetições, enodamentos que levam ao desejo recalcado. A interpretação dos sonhos 
- Condensação: inclinação para formar novas unidades, a partir de elementos, que, em nosso pensamento de vigília, certamente teríamos mantido separados. 
- Elemento isolado do sonho manifesto representa grande número de pensamentos oníricos latentes, como se fosse uma alusão conjunta a todos eles. 
- É o processo ligado à figura de linguagem da METÁFORA (comparação, qualidade, semelhança) A interpretação dos sonhos 
- Condensação - Deslocamento: intensidades psíquicas são deslocadas de elementos para outro. O elemento da pequena importância aparece no lugar do outro. 
- É o processo ligado à figura de linguagem da METONÍMIA (autor pela obra, inventor pelo invento, parte pelo todo) A interpretação dos sonhos 
- Deslocamento 
- Construção dos sonhos faz parte da realidade psíquica - Fantasia não é algo a desconsiderar como ilusão a ser desfeita. 
- A realidade psíquica 
— motor das formações do inconsciente 
— tem efeitos reais, que produzem modificações no organismo e interferem na percepção que temos da realidade do mundo e das coisas. 
- O pai não acorda porque sentiu o cheiro da fumaça: A interpretação dos sonhos - A realidade psíquica é a tela necessária para que a “realidade” possa ter a consistência que lhe damos. 
- Para que haja “realidade” é preciso que haja fantasia. 
- A fantasia é o suporte que dá coerência para o que chamamos “realidade”. 
- O pai não acorda porque sentiu o cheiro da fumaça: A interpretação dos sonhos 
- Um pai estivera de vigília à cabeceira do leito de seu filho enfermo por dias e noites a fio. Após a morte do menino, foi deitar-se no quarto ao lado, mas deixou a porta aberta, de modo a poder enxergar de seu quarto o aposento em que jazia o corpo do filho, cercado por velas altas. Um velho fora encarregado de velá-lo e sentara-se ao lado do corpo, murmurando preces. Após algumas horas de sono, o pai sonhou que o filho estava de pé junto a sua cama, puxava-o pelo braço e lhe sussurrava em tom de censura: “Pai, não vês que estou queimando?”. Ele acordou, notou um clarão intenso vindo do quarto ao lado, correu até lá e constatou que o velho vigia pegara no sono, e que a mortalha e um dos braços do cadáver de seu amado filho tinham sido queimados por uma vela acesa que caíra sobre eles. A interpretação dos sonhos
 - O pai não acorda porque sente o cheiro da fumaça (“realidade”). 
- Ao descansar da “realidade” se depara com a realidade de seu desejo: a censura de seu filho “não vêsque estou queimando?” que implica sua culpa fundamental. - Ele acorda pois o sonho é mais apavorante que a realidade externa. Ele “foge” para a realidade para manter sua fantasia e não despertar para o real de seu desejo. A interpretação dos sonhos 
- Nem toda estrutura do sonho é simbólica: há uma posição que resiste a ser conhecida.
 - Ponto de repetição: conceito de real para Lacan. 
- Passagem do dormir para o acordar: ponto real, está na transição.
 - A condensação é tamanha que passa-se a um outro estado, chega-se ao limite da significação. A interpretação dos sonhos 
- Umbigo do sonho 
- Umbigo do sonho: anatomicamente é um ponto de passagem, um resto que nos lembra que houve um antes (uma mãe, um pai, um nascimento). 
- Marca, momento em que a própria imagem não se sustenta. 
- Recalque primordial: há algo na imagem que denuncia a insuficiência da imagem, há algo na palavra que ultrapassa o limite da representação.
O INCONSCIENTE
A expressão “inconsciente” já era usada antes da fundação da Psicanálise, ainda que portando outros sentidos diferentes do que Freud pretendera enunciar. 
● “A suposição do inconsciente é necessária porque os dados da consciência apresentam um número muito grande de lacunas; tanto nas pessoas sadias como nas doentes ocorrem com freqüência atos psíquicos que só podem ser explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a consciência não oferece qualquer prova” (FREUD, 1915) O INCONSCIENTE 
● Determinismo psíquico de Freud: para todo evento há uma causa, nada ocorre ao acaso. 
● Associação livre: se um evento parece ocorrer espontaneamente, isto se deve aos elos entre os eventos e pensamentos anteriores, ocultos no inconsciente. Sempre há uma conexão entre os pensamentos, e tal conexão pode ser explicada a partir da hipótese ou “suposição do inconsciente”. 
● “Denominamos inconsciente um processo psíquico cuja existência somos obrigados a supor — devido a algum motivo tal que o inferimos a partir de seus efeitos —, mas do qual nada sabemos” 
● O Inconsciente não é a margem da consciência nem o profundo desta consciência, tampouco o lugar de algo caótico e misterioso. A conotação entre inconsciente e caos deve-se a ênfase dada à consciência, coordenada pela lógica e pela razão.
 ● Freud enfatiza o inconsciente em toda sua teoria como algo que pensa: por esse motivo é necessária a incidência de uma censura para que os sonhos tenham o aspecto incoerente como são lembrados. Se os conteúdos latentes dos sonhos fossem caóticos e ininteligíveis, não haveria motivo para serem distorcidos pela defesa. 
● O inconsciente psicanalítico é um sistema psíquico autônomo regido por leis próprias que o regem. Conhecer estas leis permite sua interpretação. 
● A primeira tópica freudiana, isto é, a concepção do aparelho psíquico formado por instâncias ou sistemas: o sistema inconsciente, o pré-consciente e o consciente. Esse “aparelho” é orientado no sentido progressivo- regressivo e é marcado pelo conflito entre os sistemas, o que torna a concepção tópica inseparável da concepção dinâmica. 
● Os lugares aos quais ele se refere são lugares metafóricos e não lugares anatômicos. explicação “ psicológica” dos fenômenos psíquicos exclui qualquer possibilidade de vermos os “ lugares” a que se refere Freud, como sendo lugares anatômicos, físicos ou neurológicos 
● Concepção tópica pretende expressar é o sentido progressivo-regressivo do funcionamento do aparelho psíquico 
● Aparelho psíquico é, portanto, formado por sistemas cujas posições relativas se mantêm constantes de modo a permitirem um fluxo orientado num determinado sentido. 
● Conjunto dos sistemas tem um sentido ou direção, isto é, nossa atividade psíquica inicia-se a partir de estímulos (internos ou externos) e termina numa descarga motora. 
● A primeira representação do aparelho psíquico seria, pois, a de um conjunto formado por dois sistemas: um que receberia os estímulos e que ficaria localizado na extremidade sensória do aparelho (Sistema perceptivo — Pcpt) , e outro sistema que ficaria localizado na extremidade motora e que daria acesso à atividade motora (Sistema motor — M). 
● As percepções deixam traços de memória na extremidade sensória e estes traços são considerados por Freud como modificações permanentes dos elementos do sistema. 
O aparelho psíquico 
● Como o mesmo sistema não poderia reter modificações e continuar sempre aberto à percepção, isto é, como ele não poderia desempenhar, simultaneamente, as funções de percepção e de memória, impunha-se uma distinção entre a parte responsável pela recepção dos estímulos (Pcpt) e a parte responsável pelo armazenamento dos traços (Mnem). 
● Uma associação ocorre tanto pela diminuição das resis- tências quanto pelo estabelecimento de caminhos facilitadores. Quando isso acontece, uma excitação é mais prontamente transmitida de um elemento Mnem a outro 
● Desde o momento em que Freud havia proposto a noção de elaboração onírica (trabalho do sonho), tinha ficado evidente a existência de uma instância crítica cuja função era excluir da consciência a atividade da outra instância. 
● Essa instância crítica só poderia ser localizada na extremidade motora do aparelho por causa da sua maior relação com a consciência. 
● Essa instância é também responsável por nossas ações voluntárias e conscientes. Substituindo-se essas instâncias por sistemas, teremos o esquema final do aparelho psíquico. 
● Esse foi o momento em que o termo “Inconsciente” deixou de ser empregado apenas como adjetivo, designando a propriedade daquilo que estava fora do campo atual da consciência, para ser empregado também como substantivo (das Unbewusste), designando um sistema do aparelho psíquico. 
● O ICS não é nem o mais profundo, nem o mais afastado da consciência, como podem dar a entender expressões sobre a psicanálise como "psicologia profunda" ou "psicologia das profundezas". 
● Freud não nos fala de uma consciência que não se mostra, mas de outra coisa inteiramente distinta; fala-nos de um sistema psíquico, o Ics que se contrapõe a outro sistema psíquico, o Pcs/Cs (Pré-consciência/Consciência) que é em parte inconsciente mas que não é o Inconsciente. 
● Ou seja, parte dos processos que compõem o sistema Cs/Pcs podem ser inconscientes, mas nem todo processo inconsciente faz parte do Cs/Pcs e sim, do sistema Ics. 
● Pela posição que ocupa no interior do aparelho, o sistema Ics só pode ter acesso à consciência através do sistema Pcs/Cs, sendo que nessa passagem seus conteúdos se subme- tem às exigências deste último sistema. Qualquer que seja o conteúdo do Ics, ele só poderá ser conhecido se transcrito — e portanto modificado e distorcido — pela sintaxe do Pcs/Cs. 
● É no Ics que Freud localiza o impulso à formação dos sonhos. O desejo inconsciente liga-se a pensamentos oníricos pertencentes ao Pcs/Cs e procura uma forma de acesso à consciência graças à diminuição da censura durante o sono. 
● Enquanto na vigília o processo de excitação percorre normalmente o sentido progressivo, nos sonhos e nas alucinações a excitação percorre o caminho inverso, isto é, caminha no sentido da extremidade sensória até atingir o sistema Pcpt, produzindo um reinvestimento de imagens mnêmicas. É a esse caminho “ para trás” da excitação que Freud dá o nome de “ regressão” . 
● A razão pela qual o sonho manifesto se apresenta como uma história confusa, desconexa e contraditória encontra sua resposta no próprio conceito de regressão. O aparelho psíquico 
● Se o sonho é um fenômeno regressivo, e se a regressão é uma “volta atrás” da excitação, concluímos que, ao retornar da extremidade motora do aparelho até a extremidade sensória atingindo o sistema perceptivo, ela passa do Pcs/Cs para o Ics, onde as relações lógicas dominantes no Pcs/Cs não possuem nenhum valor. 
● Visto como um fenômeno regressivo, o sonho é o resultado da atração exercida pelas marcas mnêmicas das experiências infantis que lutariam por encontrar uma expressão atual na consciência. “Deste ponto de vista”, escreve Freud, “um sonho poderiaser descrito como um substituto de uma cena infantil, modificada por ter sido transferida para uma experiência recente” O aparelho psíquico O aparelho psíquico 
● O ICS luta por se ver livre da energia investida, o PCS/CS procura inibir essa descarga livre impondo ao primeiro sistema restrições ao livre escoamento. 
● A razão dessa tendência para a descarga direta que caracteriza o modo de funcionamento do Ics reside no desprazer que resulta do acúmulo de energia no interior do sistema O aparelho psíquico 
● O desprazer provocado pelo acúmulo de energia coloca o aparelho psíquico em ação, e o que ele visa a partir daí é repetir a experiência de satisfação que anteriormente acarretou uma diminuição da excitação e que foi sentida como prazerosa. 
● “Uma corrente desse tipo no aparelho começando do desprazer e visando o prazer foi por nós denominada “desejo” e afirmamos que somente um desejo é capaz de colocar o aparelho em movimento. (...) O primeiro desejo parece ter sido uma catexia alucinatória da lembrança de satisfação” 
● A catexia alucinatória de uma lembrança não pode produzir satisfação, daí a necessidade de um outro sistema — o Pcs/Cs —, cuja função é inibir o avanço da catexia mnêmica para impedir que ela reproduza alucinatoriamente a “percepção” do objeto. 
● Enquanto o sistema Ics dirige sua atividade no sentido de garantir a livre descarga da excitação acumulada, o sistema Pcs/Cs desvia a excitação do Ics, alterando o mundo externo de modo a possibilitar uma satisfação indireta e parcial, porém tolerada por ele. 
● O sistema Ics não sabe dizer “ não”, ele é incapaz de fazer qualquer coisa que não seja desejar, é ao sistema PCp/Cs que cabe a tarefa de impedir que a atividade do Ics resulte em desprazer. 
● Resumindo: um determinado processo mental pertencente ao Ics procura acesso à consciência em busca de satisfação. No entanto, a censura que opera na passagem do Ics para o Pcs/Cs opõe-se violentamente a esse propósito, pois a satisfação do desejo inconsciente, que em si mesma provocaria prazer, provocaria também desprazer relativamente às exigências do Pcs/Cs. Por essa razão, o desejo tem de permanecer inconsciente, podendo retornar sob a forma de sintoma. O aparelho psíquico 
● O papel do Pcs/Cs não pode ser, nem o de inibir completamente os impulsos inconscientes, pois isso provocaria um aumento de tensão insuportável a nível do Ics, nem o de permitir que esses impulsos venham todos à tona, o que seria igualmente desprazeroso. Sua função deverá ser a de dirigir, através dos caminhos mais convenientes, os impulsos impregnados de desejo que surgem do inconsciente 
● Quando apenas o Ics participa de um processo psíquico, Freud chama processo primário; quando é o Pcs/Cs, ele chama processo secundário. O aparelho psíquico - Processos primário e secundário 
● O processo secundário é posterior e resulta de uma modificação do processo primário, sendo que jamais ocorre a substituição do primeiro pelo segundo, mas apenas um aumento crescente das exigências deste último em face do escoamento das excitações do primeiro. 
● A distinção entre processo primário e processo secundário corresponde, de um ponto de vista econômico, à distinção entre energia livre e energia ligada; a primeira procurando a descarga da maneira mais rápida e direta possível e tendendo à “identidade perceptiva”, isto é, procu- rando reinvestir as representações ligadas à experiência de satisfação de forma alucinatória, e a segunda escoando-se para a descarga de forma mais controlada e investindo de maneira mais estável as representações.
SEXUALIDADE E PULSÃO
Do ponto de vista da psicanálise, a sexualidade humana não se reduz ao contato dos órgãos genitais de dois indivíduos, nem à estimulação de sensações genitais. 
- Foram as crianças e os perversos que mostraram a Freud a vasta extensão da idéia de sexualidade. - Chamamos sexual a toda conduta que, partindo de uma região erógena do corpo (boca, ânus, olhos, voz, pele etc.), e apoiando-se numa fantasia, proporciona um certo tipo de prazer. O que é a sexualidade? 
- O prazer sexual 
— bem distinto, portanto, do prazer orgânico 
— polarizado em torno de uma zona erógena, obtido graças à mediação de um objeto fantasiado (e não de um objeto real), é encontrado entre os diferentes prazeres diversos ao coito sexual (prazer de olhar, de se mostrar, de acariciar, de sentir o cheiro do outro, etc). 
O que é a sexualidade? 
- Prazer orgânico de beber o leite maternal → prazer sexual de mamar o seio → prazer sexual de chupar o polegar ou a teta → prazer sexual de abraçar o corpo do amado. 
- O seio materno é nosso primeiro objeto sexual. - O prazer sexual não é o prazer absoluto visado pelas pulsões, mas um prazer parcial. O que é a sexualidade? 
- Nossos atos involuntários, aqueles que nos escapam, não somente são determinados por um processo inconsciente, mas sobretudo têm um sentido. -
 Mas o que é um sentido? Qual o sentido de um ato involuntário? 
- A significação de um ato involuntário reside no fato de ele ser o substituto de um ato ideal, de uma ação impossível que, em termos absolutos, deveria ter-se produzido, mas não ocorreu. Ex.: interpretação dos sonhos e dos sintomas. O sentido sexual 
- É preciso que o analista, ou mesmo a analisando, vincule o dito acontecimento a outros acontecimentos antigos, que o inscreva em uma história e o considere o substituto atual de um acontecimento passado não realizado, ou até inexistente, insituável no tempo. 
- É justamente a história que confere a um acontecimento atual seu estatuto de ato portador de um sentido. 
O sentido sexual 
- Essa referência do atual ao antigo só tem valor no seio de uma relação humana em que um dos parceiros 
— o analisando — fala a um outro — o analista — que escuta e inscreve essa fala em uma história. - O sentido do ato que realizamos inconscientemente se funda no fato de que esse ato substitui a todos os atos passados de nossa história, ou, rigorosamente, a todo primeiro ato ideal na origem de nossa história. 
- Esse ato ideal pode ser suposto não apenas como o ponto mais recuado de nossa história, mas também como o ponto mais longínquo, no horizonte. 
- Seja o mais antigo no passado, seja o mais esperado no futuro, o acontecimento ideal constitui o ato não realizado de que todos nossos atos involuntários são substitutos.
 - Os atos involuntários têm um sentido, portanto, produzido por sua substituição por um ideal não realizado. A significação de nossos atos falhos é uma significação sexual. O sentido sexual - Nossos atos são substitutos de ações ideais e impossíveis que não puderam se concretizar, mas que são o objetivo da tendência pulsional.
 - As teorias existentes assentavam-se todas elas na noção de instinto, noção essa que vai ser substituída em Freud pelo conceito de pulsão (Trieb). Os Três ensaios sobre a sexualidade nos falam não do instinto sexual, mas da pulsão sexual. - O sentido de nossos atos é um sentido sexual porque a fonte e o objetivo dessas tendências são sexuais. 
O CONCEITO DE PULSÃO 
- A fonte é um representante pulsional cujo conteúdo representativo corresponde a uma região do corpo muito sensível e excitável, chamada zona erógena. - Quanto ao objetivo, sempre ideal, é o prazer perfeito de uma ação perfeita, de uma perfeita união entre dois sexos, cuja imagem mítica e universal seria o incesto. 
- As tendências pulsionais nascem em uma zona erógena do corpo, aspiram ao ideal impossível de uma satisfação sexual absoluta, esbarram no recalcamento e, finalmente, exteriorizam-se por atos substitutivos do impossível ato incestuoso. 
- “Não existe relação sexual incestuosa, há apenas relações sexuais substitutivas”. 
- Suas manifestações mais marcantes aparecem durante os primeiros cinco anos de nossa infância. 
- Freud decompõe a pulsão sexual em quatro elementos: fonte (zona erógena), força, objetivo e objeto. A pulsão serve-se de um objeto por meio do qual tenta chegar a seu objetivo ideal. 
 Esse objeto pode ser uma coisa ou uma pessoa, ora a própria pessoa, ora uma outra, mas ésempre um objeto fantasiado, e não real. 
- Os atos substitutivos através dos quais as pulsões sexuais se exprimem (uma palavra inesperada, um gesto involuntário, ou laços afetivos que não escolhemos) são atos moldados em fantasias e organizados em torno de um objeto fantasiado. 
- A necessidade é a exigência de um órgão cuja satisfação se dá, realmente, com um objeto concreto (o alimento, por exemplo), e não com uma fantasia. 
- O desejo, em contrapartida, é uma expressão da pulsão sexual, ou melhor, é a própria pulsão sexual, quando esta respeita duas condições: primeiro, o objetivo é o absoluto do incesto, e o meio de aí chegar é o corpo excitado de um outro que seja. 
- O desejo quer se realizar, a pulsão quer se satisfazer. 
NECESSIDADE, DESEJO E PULSÃO 
- Uma pulsão pode ser considerada um desejo quando o objeto do qual ela se serve para se satisfazer é o corpo de uma pessoa que, ela também, deseja. diferentemente da necessidade, o desejo nasce de uma zona erógena de meu corpo e que, diferentemente dos outros tipos de pulsões, se satisfaz parcialmente com uma fantasia cujo objeto é o corpo excitado de um outro desejante. 
- Assim, o apego ao outro desejado equivale ao apego a um objeto fantasiado, polarizado em torno de uma zona erógena situada no corpo do outro (boca, seio, ânus, vagina, pênis, pele, olhar, olfação etc.) 
- Para Freud, todo sujeito é um “perverso polimorfo” com sua sexualidade fragmentada em pulsões parciais vagando entre objetos e objetivos perversos Instinto X pulsão: o instinto estabelece padrões fixos de conduta ligando o objeto e o objetivo (reprodução), enquanto na pulsão esses padrões são fixados durante a história do indivíduo. 
- No caso do instinto, seria perversa toda conduta sexual que não conduzisse à reprodução, já que ela colocaria em risco a preservação da espécie, por exemplo. 
- O critério do que seja um desvio é muito mais variável no caso da pulsão do que no caso do instinto. - O objeto da pulsão apresenta uma variedade que torna praticamente impossível definir, apenas em função dele, o que seria uma perversão. 
- Há sempre o acréscimo de algo de perverso ao objetivo sexual “normal”. 
- “A neurose é o negativo das perversões”: as resistências como vergonha, culpa, nojo, etc, levam à transformação desses impulsos em sintomas neuróticos. 
- Os sintomas são a atividade sexual dos neuróticos. 
- O “esquecimento” por parte do saber da sexualidade infantil é uma das formas pelas quais se manifesta a recusa de nossa própria infância perversa

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