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FARMACOLOGIA E FARMACOTERAPIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

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Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
1
Farmacologia e 
Farmacoterapia do 
Sistema Cardiovascular
Profª Msc. Heder Frank Gianotto 
Estrela
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
2
Introdução 3
Tratamento não medicamentoso ou não farmacológico 5
Tratamento medicamentoso ou farmacológico da HAS 6
Emergência hipertensiva 23
Angina 25
Angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM) 40
Insuficiência cardíaca (IC) 45
Arritmias cardíacas 48
Referência bibliográficas 52
Sumário
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
3
Introdução
De acordo com a American Heart Association, nos 
Estados Unidos, e o Ministério da Saúde, no Brasil, as 
doenças cardiovasculares são as principais causas de 
morte tanto nos dois países como em todo o mundo 
ocidental. Nos Estados Unidos, cerca de 79 milhões 
de indivíduos são afetados por distúrbios do sistema 
cardiovascular, resultando em quase 900 mil mortes 
por ano. No Brasil, 30% das mortes são causadas 
por essas doenças, despendendo bilhões de reais 
dos cofres públicos. Diversos fatores de risco estão 
relacionados ao aparecimento desses distúrbios, e 
todos eles serão discutidos com mais cuidado em 
cada patologia. 
Figura 1. Dados epidemiológicos das doenças cardiovasculares 
no Brasil (SBC, 2010).
O tema desta aula tem como objetivo oferecer 
ao aluno conhecimentos básicos e clínicos da 
farmacologia aplicada aos distúrbios do sistema 
cardiovascular. Serão discutidos mecanismo de 
ação, reações adversas, interações medicamentosas 
e outras informações pertinentes aos diversos 
fármacos utilizados no tratamento de hipertensão 
arterial sistêmica, angina de peito, infarto agudo do 
miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva e arritmias 
cardíacas. Iniciaremos nosso estudo com as drogas 
capazes de alterar a fisiologia dos leitos vasculares, 
sejam eles arteriais ou venosos, e daremos sequência 
com as que alteram os componentes elétricos e/ou 
mecânicos do coração.
Diversos fármacos utilizados no tratamento 
da hipertensão arterial também são utilizados no 
tratamento de angina, insuficiência cardíaca e demais 
distúrbios, portanto, eles serão discutidos com maior 
riqueza de detalhes na primeira parte deste material 
e, quando forem citados novamente, as informações 
estarão mais resumidas. 
Sabe-se que os rins são órgãos de extrema 
importância na regulação da pressão arterial e na 
manutenção da homeostasia, porém a ação dos 
diuréticos no corpo humano será estudada com maior 
riqueza de detalhes no módulo de farmacologia e 
farmacoterapia do sistema renal. 
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
É uma condição clínica multifatorial caracterizada 
por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. 
A HAS é caracterizada por alterações morfofuncionais 
de órgãos-alvo, como coração, rins e cérebro.
Vale lembrar que a pressão arterial é a pressão 
que o sangue exerce na parede das artérias e deve 
ser mantida dentro de uma faixa apropriada de 110 
mmHg a 120 mmHg (para a pressão sistólica, PS) 
e 70 mmHg a 80 mmHg (para a pressão diastólica, 
PD). Esses valores de PS e PD são comuns e 
esperados para a maior parte da população mundial, 
porém podem variar entre os gêneros, masculino e 
feminino, em função do peso corporal, entre outros, 
sem causar danos aos indivíduos. 
A diminuição significativa da pressão arterial 
pode prejudicar a perfusão tecidual, diminuindo 
a quantidade de oxigênio e nutrientes que chega 
aos tecidos. Por outro lado, o aumento crônico da 
pressão (hipertensão) predispõe o paciente a outros 
distúrbios cardiovasculares, que serão discutidos 
neste módulo. 
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 
2010), em 2010, o Brasil contava com 30 milhões de 
pacientes hipertensos, sendo que apenas 10% destes 
tinham a pressão controlada. A mortalidade por 
doença cardiovascular aumenta progressivamente 
com o aumento da pressão arterial (a partir de 
120/80 mmHg).
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
4
Fatores de risco para a hipertensão
O fator genético é o principal fator de risco para 
a hipertensão. Diversos genes já foram identificados 
como causadores de alterações nos sistemas de 
controle da pressão arterial. Além desse fator 
principal, existem outros, como:
 »Gênero: os homens apresentam maior 
predisposição à hipertensão do que as mulheres.
 »Idade: o avanço da idade aumenta o risco 
(homem > 55 e mulheres > 65 anos).
 »Etnia: a população afrodescendente tem 
maior predisposição.
 »Sedentarismo.
 »Excesso de peso: especialmente depósito 
de gordura abdominal.
 »Ingestão excessiva de sal (NaCl).
 »Tabagismo.
 »Ingestão excessiva de bebida alcoólica.
 »Dislipidemias: triglicérides > 150 mg/dL, 
fração LDL do colesterol > 100 mg/dL e HDL < 
40 mg/dL.
 » Diabetes mellitus.
 » Histórico familiar de doença cardiovascular 
prematura.
Classificação e avaliação da Hipertensão 
Arterial Sistêmica (HAS) 
De acordo com as causas/origem, a hipertensão 
pode ser classificada em: 
 » Hipertensão primária ou essencial: é o 
quadro mais comum de hipertensão, representando 
90-95% dos casos. Esse quadro não tem uma causa 
completamente definida, apenas está relacionado à 
presença dos fatores de risco citados acima. 
 » Hipertensão secundária: é menos 
frequente em nossa sociedade (5-10% dos casos) 
e pode ser causada por doença renal, doenças 
endócrinas (exemplo: síndrome de Cushing, 
hipertiroidismo, hiperaldosteronismo primário etc.), 
feocromocitoma (tumor na glândula adrenal), 
apneia obstrutiva do sono, causas neurológicas 
e uso de drogas capazes de aumentar a pressão 
arterial (anfetaminas, vasoconstritores, etc.).
Tabela 1. Classificação da hipertensão 
arterial sistêmica de acordo com as Diretrizes 
Brasileiras de Hipertensão
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Ótima <120 <80
Normal <130 <85
Limitrofe 130 - 139 85 - 89
Hipertensão
Estágio I (leve) 140 - 159 90 - 99
Estágio II 
(moderado)
160 - 179 100 - 109
Estágio III 
(grave)
≥180 ≥110
Sistólica isolada ≥140 <90
Fonte: www.crfsp.org.br. 
A tabela 1 mostra a classificação dos valores de 
pressão arterial sistólica e diastólica em indivíduos 
normotensos e hipertensos nos diferentes estágios 
de hipertensão. 
Antes que qualquer tratamento medicamentoso 
seja instituído ao paciente, é importante a avaliação 
clínica e laboratorial deste. Os objetivos dessas 
avaliações são:
 » Confirmar o diagnóstico de HAS por medida 
da pressão arterial.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
5
 » Identificar fatores de risco para doenças 
cardiovasculares.
 » Pesquisar lesões em órgãos-alvo, tanto 
clínicas quanto subclínicas.
 » Pesquisar a presença de outras doenças 
associadas.
 » Estratificar o risco cardiovascular global.
 » Avaliar indícios de diagnóstico de hipertensão 
arterial secundária.
Após o estudo dos diferentes agentes anti-
hipertensivos, retomaremos esses itens acima, a fim 
de estratificar os riscos cardiovasculares e orientar 
a aplicação de uma terapia medicamentosa mais 
eficiente e com menor risco de reações adversas.
Benefícios do tratamento da HAS
Diversos estudos clínicos mostraram benefícios 
na associação de tratamento medicamentoso e não 
medicamentoso a pacientes.
 » Com idade inferior a 60 anos apresentaram:
• Redução de 42% do risco de acidente 
vascular encefálico (AVE).
• Redução de 14% do risco de evento 
coronário.
 » Com idade acima de 60 anos apresentaram: 
• Redução de 20% na mortalidade 
global.
• Redução de 33% na mortalidade 
cardiovascular.
• Redução de 40% na incidência de 
AVE.
• Redução de 15% na doença arterial 
coronária.
Tratamento não medicamentoso ou não 
farmacológico
O tratamento não farmacológico da HAS e de todos 
os demais distúrbios cardiovasculares consiste na 
mudança de hábitos alimentares e do comportamento 
diário do paciente. Sendo assim, recomenda-se:
 » Redução do peso corporal.
 » Redução da ingestão de sal.
 » Ingestão de ácidos graxos insaturados.
 » Ingestãode proteínas da soja.
 » Ingestão de vitaminas e fibras.
 » Ingestão de alimentos integrais, grãos, 
hortaliças e frutas.
 » Abandono do tabagismo.
 » Prática regular de exercício físico, sob 
orientação de um profissional.
 » Controle do estresse psicossocial.
As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC, 
2010) recomendam a adoção da dieta DASH (Dietary 
Approaches to Stop Hypertension), como mostra a 
tabela 2.
Tabela 2. Dieta DASH (Dietary Approaches to 
Stop Hypertension)
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
6
Escolher alimentos que possuam pouca 
gordura saturada, colesterol e gordura total. 
Por exemplo, carne magra, aves e peixes, 
utilizando-os em pequena quantidade
Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente 
de oito a dez porções por dia (uma porção 
é igual a uma concha média).
Incluir duas ou três porções de laticínios 
desnatados ou semidestados por dia.
Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, 
de quatro a cinco porções por semana (uma porção 
é igual a 1/3 de xícara ou 40 gramas de castanhas, 
duas colheres de sopa ou 14 gramas de sementes, ou 
1/2 xícara de feijões ou ervilhas cozidas e secas).
Reduzir a adição de sal aos alimentos. 
Evitar também molhos e caldos prontos, 
além de produtos industrializados.
Diminuir ou evitar a o consumo de 
doces e bebidas com açúcar
Fonte: www.nhlbi.nih.gov/health/public/heart/hbp/dash/new_
dash.pdf. SBC, 2010.
Tratamento medicamentoso ou 
farmacológico da HAS
Antes de estudarmos a farmacologia dos anti-
hipertensivos, é importante resgatar alguns conceitos 
da fisiologia aplicada à farmacologia, focando nos 
mecanismos de controle da pressão arterial. 
Na sequência, estão algumas figuras e fórmulas 
importantes para o bom entendimento desse assunto.
A pressão arterial (PA) é o produto do débito 
cardíaco (DC) pela resistência vascular total (RVT), 
também conhecida como resistência vascular 
periférica ou sistêmica.
O débito cardíaco (DC) é o volume de sangue 
ejetado pelo coração durante um minuto e pode ser 
determinado pelo produto do volume sistólico (VS) 
pela frequência cardíaca (FC).
É importante lembrar que VS é o volume de 
sangue ejetado pelo coração em cada sístole, e FC 
corresponde ao número de batimentos (sístoles) 
por minuto. Portanto, qualquer alteração na FC e 
no VS vai alterar o DC, que, por sua vez ,vai alterar 
a PA. A RVT é o principal determinante da PA, 
portanto pequenas variações no calibre dos vasos 
sanguíneos, especialmente das arteríolas, vão alterar 
significativamente a RVT e consequentemente a PA.
São conhecidos diversos mecanismos reguladores 
da pressão arterial, porém, no momento, vamos 
nos focar somente em um deles (regulação neural) 
e, em seguida, discutiremos os principais grupos 
de fármacos que atuam nessa regulação. Num 
segundo momento, estudaremos o sistema renina-
angiotensina- aldosterona e os fármacos capazes 
diminuir os efeitos e ações desse sistema.
Controle neural da PA
O sistema nervoso autônomo (SNA), por meio das 
fibras simpáticas e parassimpáticas, regula momento 
a momento as funções do sistema cardiovascular, 
especialmente a pressão arterial. 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
7
Figura 2. Fibras simpáticas do sistema nervoso autônomo. Fonte: 
Lent, 2000.
A figura 2 ilustra a fibras simpáticas chegando 
até alguns órgãos e tecidos do corpo humano. 
Vale lembrar que os neurônios pré-ganglionares 
são colinérgicos e liberam acetilcolina na sinapse 
ganglionar e os neurônios pós-ganglionares liberam 
noradrenalina nas sinapses com os tecidos.
As fibras simpáticas, ao liberarem noradrenalina 
(NA) no coração, promovem aumento da FC e da 
contratilidade (força de contração), por meio da 
ativação dos receptores β adrenérgicos. É importante 
lembrar que, no coração, os receptores β1 estão 
em maior quantidade do que os receptores β2. Nos 
vasos sanguíneos, a NA promove vasoconstrição, 
via receptores α1, e vasodilatação, via receptores 
β2. É importante lembrar que os receptores α1 
são encontrados em maior quantidade do que os 
receptores β2. Nos rins, os receptores β1, ativados 
pela NA, estimulam a liberação de renina pelas células 
do aparelho justaglomerular. A tabela 3 resume essas 
informações.
Tabela 3. Efeitos da noradrenalina no 
coração, vasos sanguíneos e rins
Órgão/tecido Receptores Efeitos
Coração β1 (maior 
quantidade)
β2
Aumento da FC e 
da contratilidade
Vasos 
sanguíneos
α1 (maior 
quantidade)
Vasoconstrição
β2 Vasodilatação
Rins (aparelho 
justaglomerular)
β1 Liberação 
de renina
A partir dessas informações, podemos sugerir 
que o SNA simpático promove aumento da pressão 
arterial, já que a liberação de NA nos tecidos descritos 
acima aumenta FC, contratilidade, RVT (devido a 
vasoconstrição) e liberação de renina.
No tronco encefálico, mais precisamente no 
bulbo, existe uma área conhecida como centro 
vasomotor (CVM). Nessa região, existem neurônios 
que projetam seus axônios pela medula espinal até 
os neurônios pré-ganglionares do simpático, que, por 
sua vez, regulam as funções cardiovasculares. Em 
resumo, podemos dizer que o CVM estimula as fibras 
simpáticas, que, por sua vez, liberam NA em coração, 
vasos e rins. 
Figura 3. Representação do centro vasomotor (CVM) do 
bulbo. Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/
troncoencefalico.htm, modificado.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
8
É importante lembrar que, no arco aórtico e nos 
seios carotídeos, existem barorreceptores, que são 
receptores sensoriais que detectam o aumento da 
pressão arterial. À medida que a pressão arterial 
aumenta, esses barorreceptores são ativados e 
mandam a informação para o bulbo. Nesse momento, 
o CVM é inibido, e, portanto, a atividade elétrica nas 
fibras simpáticas fica reduzida, consequentemente 
diminuindo a liberação de NA em coração, vasos e 
rins e diminuindo a pressão arterial.
 A figura 4 ilustra a via de controle da pressão 
arterial descrita acima. Ela cita também a participação 
das fibras parassimpáticas, que seguem pelo nervo 
vago, que ao liberar acetilcolina no coração, diminui 
a frequência cardíaca. 
Figura 4. Controle da pressão arterial envolvendo os 
barorreceptores arteriais. Fonte: http://www.studyblue.com/
notes/note/n/frmacos-que-actuam-em-casos-hta/deck/5262406. 
A partir das informações discutidas até o 
momento, podemos interpretar que o sistema 
nervoso autônomo simpático promove aumento da 
pressão arterial e, portanto, diminuir a ação e/ou os 
efeitos promovidos por ele pode trazer benefícios a 
pacientes hipertensos. Sendo assim, os primeiros 
grupos de anti-hipertensivos a ser estudados serão 
os agentes simpatolíticos, ou seja, drogas que 
diminuem ou impedem as ações do SNA simpático.
Agentes simpatolíticos
Antagonistas β-adrenérgicos
 » Atenolol.
 » Propranolol.
 » Metoprolol.
 » Nadolol.
 » Nebivolol.
 » Bisoprolol.
 » Pindolol.
Os antagonistas dos receptores β-adrenérgicos, 
também conhecidos como betabloqueadores, 
diminuem as ações da adrenalina e noradrenalina no 
coração, portanto promovem:
 » Cronotropismo negativo – diminuição de 
frequência cardíaca.
 » Inotropismo negativo – diminuição da 
força de contração.
Além desses efeitos cardíacos, os betabloqueadores 
também diminuem a liberação de renina, pois 
bloqueiam receptores β1 nas células do aparelho 
justaglomerular.
Por meio de todas estas ações, os betabloqueadores 
são capazes de diminuir a pressão arterial de 
pacientes hipertensos, porém dificilmente promovem 
quedas de pressão nos normotensos. 
Nós veremos, ao longo deste módulo, que os 
betabloqueadores são amplamente utilizados no 
tratamento de vários distúrbios cardiovasculares, 
porém, neste momento, vamos focar na ação anti-
hipertensiva deles.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
9
É importante saber que a atividade nervosa 
simpática está aumentada na maior parte dos 
hipertensos, e, portanto, bloquear os receptores 
β-adrenérgicos cardíacosé uma grande vantagem, 
especialmente para poupar o coração da sobrecarga 
de noradrenalina. 
Algumas diferenças entre os 
betabloqueadores
Propranolol – é antagonista de receptores β1 
e β2-adrenérgicos. É lipossolúvel e portanto passa 
significativamente pela barreira hematoencefálica. 
Por ultrapassar essa barreira, exerce ações no sistema 
nervoso central, como sedação.
Atenolol – é antagonista seletivo de receptores 
β1-adrenérgicos, hidrossolúvel e portanto sem ação 
central;
Metoprolol – é antagonista seletivo de receptores 
β1-adrenérgicos, com lipossolubilidade moderada. 
Nadolol e timolol – são antagonista de 
receptores β1 e β2-adrenérgicos, pouco utilizados 
para o tratamento de distúrbios cardiovasculares.
Pindolol – é classificado como betabloqueador, 
porém não é antagonista, mas sim agonista parcial 
dos receptores β1 e β2-adrenérgicos. Sendo assim, 
produz menos bradicardia do que os demais 
betabloqueadores.
É importante lembrar que a cardiosseletividade 
pelos receptores β1-adrenérgicos é dependente da 
dose, podendo ser perdida em quadros de intoxicação.
Reações adversas
 » Broncoconstrição – devido ao antagonismo 
de receptores β2-adrenérgicos, que promovem 
broncodilatação quando ativados por um agonista.
 » Fadiga e intolerância ao exercício.
 » Sedação – somente com os fármacos que 
atravessam a barreira hematoencefálica.
 » Bradicardia – geralmente quando associados 
a outras drogas que promovem cronotropismo 
negativo.
 » Hipotensão postural – queda da pressão 
arterial que ocorre quando um indivíduo se 
levanta, gerando tontura e desconforto.
 » Cianose – por bloquear receptores 
β-adrenérgicos nos vasos sanguíneos periféricos, 
levando a vasoconstrição e consequentemente 
diminuição do fluxo sanguíneo periférico. Desse 
modo, além de diminuir a oferta de oxigênio aos 
tecidos periféricos, eles também prejudicam a 
utilização da glicose por eles.
 » Disfunção erétil – também por bloquear 
receptores β2-adrenérgicos nos vasos sanguíneos 
periféricos, que irrigam os corpos cavernosos, 
levando a vasoconstrição e diminuição do fluxo 
sanguíneo neste local.
Cuidados
A terapia com betabloqueadores não deve ser 
interrompida abruptamente, pois podem acontecer 
taquicardia e hipertensão rebote.
Posologia
Propranolol:
 » Inicial – 40 mg, 2 x/dia.
 » Usual – 320 mg ao dia, divididos em duas ou 
três administrações VO.
 » Dose diária máxima – 640 mg.
Atenolol:
 » Usual – 25 mg a 50 mg ao dia, 1 x/dia, VO.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
10
 » Se necessário, aumentar até 100 mg/dia
Metoprolol:
 » Inicial – 50 mg, 2 x/dia.
 » Usual – 100 mg a 450 mg ao dia, dividido em 
duas ou três administrações VO.
Antagonistas de receptores α-adrenérgicos
 » Prazosin ou prazosina.
 » Terazosin ou terazosina.
 » Doxazosin ou doxazosina.
 » Fentolamina.
No sistema cardiovascular, os receptores α1-
adrenérgicos estão presentes na musculatura 
lisa vascular e promovem vasoconstrição quando 
são ativados. Além deles, nas terminações pré-
sinápticas do neurônio adrenérgico, há receptores 
α2-adrenérgicos, que fazem um feedback negativo 
na liberação de NA, ou seja, diminuem a liberação 
desse neurotransmissor quando são ativados.
A figura 5 ilustra a terminação nervosa de um 
neurônio adrenérgico liberando NA na fenda sináptica 
e suas interações com receptores pós-sinápticos, 
pré-sinápticos e proteínas transportadoras que fazem 
a recaptação neuronal. 
Figura 5. Terminação nervosa adrenérgica. Fonte: http://
dc317.4shared.com/doc/bwQNaL-h/preview.html. 
Os fármacos prazosin, terazosin e doxazosin 
são antagonistas seletivos dos receptores α1-
adrenérgicos. Sendo assim, promovem vasodilatação, 
diminuição da resistência vascular periférica ou total 
e consequentemente da pressão arterial. 
A fentolamina é antagonista de receptores α1 e 
α2-adrenérgicos, portanto ela também promove 
vasodilatação de artérias e arteríolas, além de reduzir 
a PA. É importante lembrar que essa droga, por 
bloquear receptores α2-adrenérgicos pré-sinápticos, 
promove aumento da liberação de noradrenalina nas 
terminações nervosas adrenérgicas, causando alguns 
efeitos colaterais. A infusão rápida de fentolamina 
pode produzir hipotensão grave, portanto seu uso 
deve ser cauteloso.
Embora os antagonistas α-adrenérgicos não sejam 
primeira escolha no tratamento da hipertensão, eles são 
excelentes vasodilatadores e podem ser utilizados no 
tratamento da HAS leve a moderada. Além disso, eles 
podem rapidamente reverter uma crise hipertensiva. 
Uma das principais indicações clínicas dessa classe é a 
hipertensão causada por feocromocitoma, um tumor 
benigno da glândula adrenal que promove intensa 
liberação de catecolaminas na corrente sanguínea e 
consequentemente aumento da pressão arterial.
Reações adversas
 » Taquicardia reflexa – para entender melhor a 
causa desse problema, é importante voltar à figura 
4, que trata sobre o controle da pressão arterial 
envolvendo os barorreceptores. Esses antagonistas 
α-adrenérgicos, por causarem vasodilatação 
e diminuição da pressão arterial, irão levar a 
desativação dos barorreceptores arteriais. Sendo 
assim, ocorrerá diminuição da informação inibitória 
sobre o centro vasomotor e consequentemente 
ativação desse centro. É importante lembrar que o 
centro vasomotor irá aumentar a atividade elétrica 
das fibras simpáticas, especialmente em coração, 
vasos sanguíneos e rins. Nos vasos, a quantidade 
excessiva de noradrenalina não conseguirá causar 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
11
vasoconstrição, pois os receptores α-adrenérgicos 
estão bloqueados. Porém, no coração, vai ocorrer 
intensa ativação dos receptores β-adrenérgicos, 
levando ao aumento da frequência cardíaca 
(taquicardia). Como a fentolamina aumenta ainda 
mais a liberação de NA, esse efeito será mais 
pronunciado com seu uso. 
Diante dessa situação, esse grupo de anti-
hipertensivos não deve ser utilizado por pacientes 
hipertensos com cardiopatias, a não ser que seja 
feita a associação com betabloqueadores. 
 » Hipotensão postural.
 » Cefaleia.
 » Fadiga.
 » Miose – é causada pelo bloqueio de receptores 
α1-adrenérgicos no músculo radial da íris. 
Lembrem-se de que a ativação desses receptores 
causa contração do músculo e consequentemente 
midríase. 
 » Congestão nasal e rubor facial - esses 
dois efeitos são causados pela dilatação de 
vasos sanguíneos na mucosa nasal e na face, 
respectivamente.
Posologia
Prazosin:
 » Inicial: 1 mg 3 x/dia.
 » Manutenção: 3 mg a 15 mg/dia, divididos em 
duas a quatro vezes.
 » Urgência hipertensiva: 10 mg a 20 mg em 
dose única.
Terazosin:
 » Inicial: 1 mg antes de deitar e aumentar a 
dose lentamente até obter a pressão arterial 
desejada.
 » Manutenção: 1 mg a 20 mg.
Fentolamina:
 » 5 mg, uma vez ao dia.
 » Crise hipertensiva: 5 mg a 20 mg, iniciar com 
a menor dose.
Antagonistas α1, β1 e β2-adrenérgicos
 » Labetalol.
 » Carvedilol.
Essas drogas também são conhecidas como 
simpatolíticos de ação mista, pois bloqueiam ambos 
os receptores adrenérgicos (α e β). Alguns autores 
defendem uma pequena ação antagonista sobre os 
receptores α2 também, porém poucas evidências 
mostraram esse efeito. 
Ações farmacológicas
Vasodilatação de artérias e veia – devido 
ao bloqueio dos receptores α1-adrenérgicos no 
músculo liso vascular e à diminuição da renina e da 
angiotensina circulantes (devido ao antagonismo de 
receptores β1).
Cronotropismo e inotropismo negativo - 
devido ao bloqueio dos receptores β1 e β2 no coração.
Ambas as drogas têm sido amplamente utilizadas 
no tratamento da HAS associada a outros distúrbios 
cardiovasculares, pois, além de diminuir a resistência 
vascular total, também diminuem a pré e a pós-
carga (conceitos discutidos mais adiante) e a 
sobrecarga adrenérgica no coração. Outra grande 
vantagem desses fármacos é proteger o coração 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
12
de uma taquicardia reflexa, comum com váriosvasodilatadores. 
Reações adversas
 » Broncoconstrição.
 » Hipotensão arterial.
 » Fadiga e intolerância ao exercício.
Posologia
Carvedilol:
Formulação de liberação imediata:
 » Inicial: 6,25 mg, 2 x/dia.
 » Manutenção: 12,5 mg, 2 x/dia, podendo ser 
aumentada até 50 mg/dia. É importante monitorar 
a frequência cardíaca do paciente, limitando-a até 
55 batimentos por minuto. Além disso, a dose 
deve ser diminuída.
Formulação de liberação prolongada:
 » Inicial: 20 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 40 mg, 1 x/dia, podendo chegar 
até 80 mg, 1 x/dia.
Labetalol:
 » Inicial: 100 mg, 2 x/dia.
 » Manutenção: 200 mg a 400 mg, 2 x/dia.
Simpatolíticos de ação central
 » Metildopa.
 » Clonidina.
 » Guanabenzo.
 » Guanfacina.
Figura 6. Centro vasomotor e fibras simpáticas. Fonte: http://
dc182.4shared.com/doc/43Ma7vet/preview.html. 
Essas drogas são consideravelmente lipossolúveis, 
portanto atravessam a barreira hematoencefálica, e 
são conhecidas como simpatolíticos de ação porque 
atuam diretamente sobre o centro vasomotor, 
deprimindo sua atividade e consequentemente 
a atividade elétrica das fibras simpáticas, que 
comandam as estruturas cardiovasculares. 
Ações farmacológicas no sistema nervoso 
central
Agonistas de receptores α2 – deprimem 
o centro vasomotor por ativar receptores α2-
adrenérgicos nos neurônios deste centro. Portanto, 
irão diminuir a liberação de NA em coração, vasos e 
rins. Também aumentam a sensibilidade do reflexo 
barorreceptor.
Agonista de receptores imidazólicos – 
somente a clonidina é agonista desses receptores, 
que recentemente têm sido muito estudados e 
descritos como reguladores das fibras simpáticas no 
controle das funções cardiovasculares.
Ações farmacológicas no sistema nervoso 
periférico
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
13
Agonistas de receptores α2 pré-sinápticos – 
diminui a liberação de NA nas terminações nervosas 
periféricas por ativar o mecanismo de feedback 
negativo. 
α-metildopa – atua como um falso substrato na 
terminação nervosa adrenérgica. Essa droga compete 
com a dopa pela enzima L-aminoácido aromático 
descarboxilase (ou dopa descarboxilase), formando 
α-metildopamina e em seguida α-metilnoradrenalina, 
que possui grande afinidade pelos receptores α2 pré-
sinápticos.
Reações adversas
O uso dessas drogas tem sido cada vez mais 
restrito devido aos prejuízos causados pelas reações 
adversas. As mais comuns são:
 » Hipotensão postural.
 » Sedação.
 » Déficit de concentração.
 » Pesadelos.
 » Sinais extrapiramidais.
 » Hiperprolactinemia e lactação.
 » Disfunção sexual.
Posologia
Metildopa:
 » Inicial: 250 mg, 2-3 x/dia.
 » Manutenção: 250 mg a 1.000 mg/dia, 
divididos em 2 x.
Clonidina:
 » Inicial: 0,1 mg, 2 x/dia.
 » Manutenção: 0,1 a 0,8 mg/dia.
Bloqueadores de canais de cálcio
No sistema cardiovascular, o cálcio está envolvido 
com a contração do músculo liso vascular e do 
músculo estriado cardíaco e a despolarização do 
nodo sinusal. Neste momento, vamos focar no papel 
do cálcio promovendo contração do músculo liso 
vascular
Figura 7. Contração do músculo liso. Fonte: Golan, 2009.
Pode-se observar na figura 7 que o cálcio é 
essencial para ativar a maquinaria contrátil da fibra 
muscular lisa, resultando em contração. Sendo 
assim, as drogas capazes de bloquear os canais de 
cálcio do tipo L no músculo liso vascular causarão 
vasodilatação, diminuição da resistência vascular e 
consequentemente redução da pressão arterial. 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
14
Podemos dividir os bloqueadores de canais de 
cálcio em três grupos:
 » Diidropiridinas.
 » Fenilalquilaminas (verapamil).
 » Benzotiazepinas (diltiazem).
O primeiro grupo, as diidropiridinas, atuam 
preferencialmente no músculo liso vascular, enquanto 
os outros dois grupos atuam mais no coração, e, 
portanto, serão discutidos em outro momento.
 » Diidropiridinas
• Nifedipina.
• Nicardipina.
• Anlodipina.
• Felodipina.
• Isradipina.
• Lacidipina.
• Lercarnidipina.
• Manidipina.
• Nisoldipina.
• Nitrendipina.
Anlodipina e nicardipina
Essas duas diidropiridinas são excelentes 
bloqueadores de cálcio no músculo liso vascular, 
porém suas moléculas também permitem interação 
significativa com canais de cálcio do coração, 
sobretudo do nodo sinusal. Dessa maneira, também 
promovem cronotropismo negativo, além de 
dificilmente causarem taquicardia reflexa, como a 
nifedipina.
Reações adversas
 » Tontura.
 » Hipotensão.
 » Cefaleia.
 » Rubor facial – característico de todos os 
vasodilatadores.
 » Congestão nasal.
 » Obstipação (ou constipação) – por diminuir 
a entrada de cálcio no músculo liso intestinal e 
consequentemente reduzir o peristaltismo.
 » Edema periférico e pulmonar – resultado da 
vasodilatação.
 » Tosse e sibilos.
 » Taquicardia reflexa – efeito exclusivo das 
di-hidropiridinas, especialmente da nifedipina. 
É importante lembrar que todo vasodilatador, 
incapaz de causar inotropismo negativo, provoca 
desativação de barorreceptores, ativação do centro 
vasomotor e aumento da descarga simpática no 
coração, causando taquicardia.
 » Doses excessivas podem causar cãibras 
musculares.
Posologia
Nifedipina:
 » Inicial: 30 mg, 1 x/dia (formulação de 
liberação controlada), ou 10 mg, 3 x/dia (liberação 
imediata).
 » Manutenção: 10 mg a 30 mg, 3 x/dia 
(formulação de liberação controlada), ou 30 mg a 
60 mg, 1 x/dia (liberação imediata).
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
15
Anlodipina:
 » Inicial: 5 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 2,5 mg a 10 mg, 1 x/dia.
Nicardipina:
 » Inicial: 20 mg, 3 x/dia (liberação imediata), 
ou 30 mg, 2 x/dia (formulação de liberação 
controlada).
 » Manutenção: 20 mg a 40 mg, 3 x/dia (liberação 
imediata), ou 60 mg, 2 x/dia (formulação de 
liberação controlada).
Vasodilatadores diretos
Minoxidil
É classificado como agente vasodilatador direto 
ativador de canal de K+. Essa droga promove abertura 
dos canais de K+, causando efluxo desse íon de dentro 
da célula. Dessa forma, ocorrerá hiperpolarização da 
membrana celular e relaxamento da musculatura lisa 
vascular.
Embora esta droga seja citada nas Diretrizes 
Brasileiras de Hipertensão (SBC, 2010), seu uso 
clínico é pouco frequente no tratamento da HAS, 
sendo mais utilizado topicamente para prevenir 
queda de cabelo (alopécia).
Reações adversas (para uso sistêmico)
 » Pericardite e derrame pericárdico.
 » Alterações eletrocardiográficas.
 » Edema periférico.
Posologia
 » Tratamento da HAS: 2,5 mg/dia, 1 x/dia.
 » Tratamento da alopécia: uso tópico, aplicar 2 
x/dia, durante aproximadamente quatro meses.
Hidralazina
É um vasodilatador direto com mecanismo de 
ação incerto. Existem alguns relatos na literatura que 
descrevem o envolvimento de canais de K+, cujo efluxo 
deixa a membrana do músculo liso hiperpolarizada, 
consequentemente levando a vasodilatação de leitos 
arteriais. 
Seu uso é mais frequente no tratamento da 
hipertensão moderada a grave e especialmente no 
tratamento de pré-eclampsia e eclampsia.
É importante considerar que frequentemente 
ocorre tolerância e taquifilaxia.
Reações adversas
 » Retenção compensatória de Na+ e H2O.
 » Taquicardia reflexa.
 » Anorexia.
 » Rubor facial.
 » Lúpus induzido por fármaco.
Posologia
 » Inicial – 10 mg, 4 x/dia.
 » Manutenção – 25 mg a 100 mg/dia, divididos 
em duas doses.
Fármacos que atuam no sistema renina-
angiotensina-aldosterona
Antes de discutirmos esses fármacos, é importante 
resgatar alguns conceitos básicos do sistema renina-
angiotensina-aldosterona (SRAA) no controle da 
pressão arterial. 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
16
A diminuição da taxa de filtração, bem como a 
ativação de receptores β1-adrenérgicos, estimulam 
as células do aparelho justaglomerular a liberar 
renina na corrente sanguínea, o que, por sua, vez 
catalisa a conversão de angiotensinogênio em 
angiotensina I, que sofre ação da enzima conversora 
de angiotensina(ECA), formando angiotensina II. 
Esta última, por meio de receptores AT1, estimula 
a liberação de alguns hormônios e promove alguns 
efeitos hipertensores. 
Figura 8. Sistema renina-angiotensina-aldosterona. Fonte: http://
dc403.4shared.com/doc/bVLzVuCl/preview.html. 
 
Inibidor de renina
Alisquireno
Essa droga é o protótipo desse grupo. Atua 
inibindo diretamente a renina e, dessa forma:
 » Diminui a formação de angiotensina I.
 » Diminui a formação de angiotensina II.
 » Diminui todos os efeitos hipertensores 
causados pela angiotensina II.
Reações adversas
 » Hipercalemia (aumento da concentração 
de K+ no líquido extracelular) – especialmente 
associado a diuréticos poupadores de K+.
 » Hipotensão arterial – especialmente no 
início do tratamento.
Posologia
 » Inicial: 150 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 300 mg, 1 x/dia.
Inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECAS)
 » Captopril.
 » Enalapril.
 » Ramipril.
 » Lisinopril.
Essas drogas inibem competitivamente a enzima 
conversora de angiotensina, diminuindo a formação 
de angiotensina II e, consequentemente, diminuindo 
a pressão arterial. Embora compartilhem o mesmo 
mecanismo de ação, existem algumas propriedades 
Ativação de receptores AT1 pela 
angiotensina II
- Vasoconstrição
- Reabsorção renal de Na+
- Liberação de aldosterona
- Liberação de ADH
- Ativação do centro vasomotor.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
17
peculiares entre elas, especialmente no perfil 
farmacocinético.
O enalapril e o ramipril são pró-drogas 
farmacologicamente inativas e precisam ser 
metabolizados em enalaprilato e ramiprilato, 
respectivamente, para interagir e inibir a ECA. 
Portanto, essas drogas não devem ser utilizadas 
por pacientes com insuficiência hepática, já que 
a metabolização delas estará significativamente 
comprometida. 
Ações farmacológicas promovidas pelos inibidores 
da ECA:
Efeitos dos IECAS
- Vasodilatação
- Aumento da eliminação de Na+ e água
- Diminuição da liberação de aldosterona
- Diminuição da liberação de ADH
- Aumento da disponibilidade de bradicinina
- Diminuição da descarga simpática no 
coração, vasos e rins.
O hormônio aldosterona, liberado pelo córtex 
da glândula suprarrenal, atua no néfron, mais 
precisamente na final do túbulo distal, estimulando a 
reabsorção de Na+ e a secreção de K+. 
O hormônios ADH (hormônio antidiurético ou 
vasopressina), liberado pela neuro-hipófise ou hipófise 
posterior, também atua no final do túbulo distal e no 
ducto coletor dos néfrons, estimulando a reabsorção 
de água. Sendo assim, ambos, aldosterona e ADH, 
promovem:
 » Aumento da volemia (volume plasmático).
 » Aumento do retorno venoso.
 » Aumento do volume sistólico.
 » Aumento do débito cardíaco.
 » Aumento da pressão arterial.
A diminuição da liberação desses dois hormônios 
pelos IECAS é bastante vantajosa no controle da 
pressão arterial.
A bradicinina é uma cinina que ativa receptores 
específicos na superfície das células endoteliais, 
estimulando a produção e a liberação local de óxido 
nítrico (NO). Sabe-se que o NO é um poderoso 
vasodilatador e que foi definido, no início da década 
de 1990, como o principal fator relaxante derivado 
do endotélio. 
Nos tecidos, a bradicinina sofre degradação pela 
ECA, portanto, a utilização de IECAS aumenta a 
disponibilidade de bradicinina, aumentando ainda 
mais a ação vasodilatadora dessas drogas.
Recentemente, pesquisas mostraram que a 
angiotensina I que não sofreu ação da ECA pode 
sofrer ação de outra isoforma, chamada de ECA-
02. Essa isoforma catalisa uma reação, que quebra 
a angiotensina I em angiotensina 1-7, que, por sua 
vez, interage com receptores MAS. Estes promovem 
vasodilatação, potencializando os efeitos anti-
hipertensivos dos IECAS. 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
18
Figura 9. Receptores AT1, AT2 e Mas de angiotensina II. Fonte: http://clubedolaringoscopio.blogspot.com.br/2012/02/
renineangiotensin-system-antagonists-in.html. 
Reações adversas
 » Tosse – causada pelo aumento de bradicinina nas vias aéreas.
 » Hipercalemia – geralmente quando os IECAS estão associados a diuréticos poupadores de K+ 
(espironolactona).
 » Angioedema.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
19
 » Hipotensão arterial.
Posologia 
Captopril:
 » Inicial: 12,5 mg a 25 mg, 2 a 3 x/dia.
 » Manutenção: 25 mg a 100 mg/dia, divididas 
em 2 a 3 x/dia.
Enalapril:
 » Inicial: 2,5 mg a 5 mg/dia.
 » Manutenção: 2,5 mg a 40 mg/dia, divididas 
em 1 ou 2 x/dia.
Antagonistas de receptores AT1
 » Losartana.
 » Valsartana.
 » Candesartana.
 » Telmisartana.
 » Irbesartana.
 » Olmesartana.
 » Evalsartana.
Este grupo de drogas não interfere com a síntese 
de angiotensina II, mas impede que ela possa ativar 
os receptores AT1, que são responsáveis pelos 
efeitos hipertensivos descritos. Portanto, elas atuam 
como antagonistas seletivos e competitivos desses 
receptores. 
Sem a ativação de receptores AT1 na hipófise e 
na glândula adrenal, as concentrações plasmáticas 
de ADH e aldosterona também estarão diminuídas. 
Como a síntese de angiotensina II não é alterada 
por essas drogas, ela pode ativar mais facilmente os 
receptores AT2, que causam vasodilatação e outras 
respostas anti-hipertensivas. 
Uma desvantagem dessas drogas para o 
tratamento da hipertensão é não contar com a ação 
vasodilatadora da bradicinina. Por outro lado, os 
pacientes não terão tosse como efeito colateral.
Os efeitos farmacológicos, bem como a resposta 
clínica anti-hipertensiva, são muito semelhantes entre 
os diversos fármacos desse grupo. Alguns estudos 
demonstraram que a olmesartana apresentava maior 
potência, quando comparada às demais.
Reações adversas
 » Hipercalemia – especialmente se forem 
associadas a diuréticos poupadores de K+.
 » Hipotensão arterial, especialmente após a 
primeira dose do tratamento.
 » Tontura.
Posologia
Losartana:
 » Inicial: 50 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 25 mg a 100 mg, divididas em 
1 ou 2 x/dia.
Candesartana:
 » Inicial: 16 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 4 mg a 32 mg, 1 x/dia.
Olmesartana:
 » Inicial: 20 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 40 mg, 1 x/dia.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
20
Cuidados
É importante saber que tanto os inibidores da enzima conversora de angiotensina como os antagonistas 
de receptores AT1 são contraindicados durante a gestação, podendo comprometer o desenvolvimento fetal 
e causar morte.
Estratificação de risco cardiovascular
Como dito no início deste assunto, antes da aplicação de uma farmacoterapia racional para o tratamento 
da HAS, é importante investigar completamente o quadro clínico do paciente. As Diretrizes Brasileiras de 
Hipertensão (SBC, 2010) disponibilizam uma tabela de estratificação de riscos, essencial para essa investigação. 
Tabela 4. Estratificação do risco cardiovascular global: risco adicional atribuído à classificação 
de hipertensão arterial de acordo com fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e condições clínicas 
associadas
Normotensão Hipertensão
Outros 
fatores de 
risco ou 
doenças
Ótimo
PAS <120 ou 
PAD < 80
Normal PAS 
120 - 129 ou 
PAD 80-84
Limitrofe
PAS 130-139 
ou PAD 85-89
Estágio 1
PAS 140-159 
PAD 90-99
Estágio 2
PAS 160-179
PAD 100-109
Estágio 3
PAS ≥ 180 
PAD ≥110
Nenhum 
fator de risco
Risco basal Risco basal Risco basal Baixo risco 
adicional
Moderado 
risco adicional
Alto risco 
adicional
1-2 fatores 
de risco
Baixo risco 
adicional
Baixo risco 
adicional
Baixo risco 
adicional
Moderado 
risco adicional
Moderado 
risco adicional
Risco adicional 
muito alto
≥ 3 fatores 
de risco, LOA 
ou SM - DM
Moderado 
risco adicional
Moderado 
risco adicional
Alto risco 
adicional
Alto risco 
adicional
Alto risco 
adicional
Risco adicional 
muito alto
Condições 
clínicas 
associadas
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito altoRisco adicional 
muito alto
LOA: lesão de órgãos-alvos; SM: síndrome metabólica; DM: diabetes mellitus. Fonte: SBC, 2010.
Para trabalhar com essa tabela, é importante relacionar os valores de pressão sistólica e diastólica de um 
paciente com os fatores de risco e condições patológicas que o acometem (primeira coluna da esquerda). Os 
fatores de risco podem ser encontrados no início deste material. 
As lesões de órgãos-alvo incluem: 
 » Hipertrofia de ventrículo esquerdo – identificada por meio de eletrocardiograma e/ou ecocardiograma.
 » Espessura médio-intimal de carótida > 0,9 mm ou presença de placa de ateroma.
 » Prejuízo de função renal – com depuração de creatinina estimada em < 60 ml/min/1,72 m2 ou 
microalbuminúria de 30-300 mg/ 24h ou relação albumina/creatinina > 30 mg/g.
As condições clínicas associadas incluem:
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
21
 » Doença cerebrovascular - acidente vascular 
encefálico hemorrágico e isquêmico (AVEH e 
AVEI) e alteração da função cognitiva.
 » Doença cardíaca – infarto agudo do miocárdio 
(IAM), angina, insuficiência cardíaca.
 » Doença renal - nefropatia diabética e 
insuficiência renal.
 » Retinopatia avançada - hemorragias ou 
exsudatos e papiledema.
 » Doença arterial periférica.
Para solidificar melhor o entendimento da tabela 
de estratificação de riscos, vamos utilizar o relato 
de caso abaixo para fazer esse procedimento de um 
paciente. Por favor, primeiramente tente responder 
as questões e em seguida compare com as respostas.
“Paciente: J. W., 26 anos, masculino, branco, 
solteiro, professor, procedente de São Jose do Rio 
Preto, interior de São Paulo.
O paciente refere que, há um mês, submeteu-
se a exame médico e constatou níveis pressóricos 
de 150/90 mmHg e clearance de creatinina de 40 
ml/min/1,72 m2. Embora estivesse totalmente 
assintomático, foi aconselhado a procurar 
atendimento clínico. Nega doenças sérias no passado 
e refere que sua pressão arterial, medida há cinco 
anos, era normal. Não pratica atividade física regular, 
e a obesidade acompanhao desde criança. Seu pai 
e sua mãe são hipertensos, e seu avô faleceu em 
decorrência de um AVE.”
Utilizando as informações do relato de caso e 
a tabela de estratificação de risco cardiovascular, 
responda às questões abaixo:
1. Qual a classificação da pressão arterial do 
paciente?
2. Quais fatores de risco para doença 
cardiovascular estão presentes no caso?
3. Foi realizada alguma identificação subclínica 
de órgão-alvo?
4. Considerando que o paciente teve diagnóstico 
de hipertensão arterial sistêmica, você consegue 
classifica-la em primária ou secundária?
5. Faça a estratificação de risco cardiovascular 
do paciente.
Decisão terapêutica
Como descrito anteriormente, a decisão 
terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascular, 
considerando-se a presença de fatores de risco, 
lesão em órgão-alvo e/ou doença cardiovascular 
estabelecida, e não apenas no nível da PA. A tabela 
5 demonstra a decisão terapêutica mais apropriada 
para cada caso.
Tabela 5. Decisão terapêutica
Categoria de risco Considerar
Sem risco adicional Tratamento não-
medicamentoso isolado
Risco adicional baixo Tratamento não-
medicamentoso isolado 
por até 6 meses. Se 
não atingir a meta, 
associar tratamento 
medicamentoso
Risco adicional médio, 
alto e muito alto 
Tratamento não-
medicamentoso + 
medicamentoso
 Fonte: SBC, 2010.
A partir da tabela 5, podemos sugerir que o paciente 
J.W. deve seguir um tratamento não medicamentoso 
associado ao tratamento medicamentoso.
Monoterapia
Deve ser iniciada a pacientes com hipertensão 
arterial de estágio 1 e com risco cardiovascular baixo 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
22
a moderado. A escolha da monoterapia deve ser 
baseada nos seguintes aspectos:
 » Capacidade de o agente escolhido reduzir 
morbidade e mortalidade cardiovasculares.
 » Perfil de segurança do medicamento.
 » Mecanismo fisiopatológico envolvido.
 » Características individuais do paciente. 
 » Doenças associadas.
 » Condições socioeconômicas. 
Classes preferenciais:
 » Diuréticos.
 » Betabloqueadores.
 » Inibidores da ECA.
 » Bloqueadores do receptor AT1.
 » Bloqueadores dos canais de cálcio.
A posologia deverá ser ajustada de acordo com a 
dose inicialmente recomendada da droga escolhida 
até que se consiga redução da PA pelo menos a um 
nível inferior a 140/90 mmHg. 
Se a resposta terapêutica não tiver sido apropriada 
e o objetivo de controlar a PA não tiver sido alcançado, 
é recomendado:
 » Aumentar a dose do medicamento.
 » Associar um anti-hipertensivo de outro grupo 
terapêutico.
 » Substituir o fármaco por outro fármaco, de 
outro grupo terapêutico, no caso de reações 
adversas não toleráveis ao paciente.
 » Em último caso, associar mais de dois 
medicamentos até atingir níveis pressóricos 
adequados.
Terapia com dois ou mais anti-hipertensivos
A associação de dois ou mais anti-hipertensivos 
faz-se necessária quando:
 » A monoterapia não foi suficiente para 
controlar a PA.
 » Pacientes hipertensos com alto e muito alto 
risco cardiovascular.
 » Pacientes diabéticos.
 » Pacientes com doença renal crônica.
 » Pacientes com hipertensão em estágios 2 
e 3, com a finalidade de prevenção primária e 
secundária de acidente vascular encefálico.
Embora os diuréticos não tenham sido descritos 
neste módulo, eles são amplamente utilizados no 
tratamento da HAS. 
Seguem algumas associações terapeuticamente 
reconhecidas como eficazes e sugeridas pelas 
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC 2010):
 » Diuréticos com outros diuréticos de diferentes 
mecanismos de ação.
 » Diuréticos com betabloqueadores.
 » Diuréticos com inibidores da ECA.
 » Diuréticos com bloqueadores do receptor AT1.
 » Diuréticos com bloqueadores de canais de 
cálcio.
 » Diuréticos com simpatolíticos de ação central.
 » Diuréticos com inibidor direto da renina.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
23
 » Bloqueadores de canais de cálcio com betabloqueadores.
 » Bloqueadores de canais de cálcio com inibidores da ECA.
 » Bloqueadores de canais de cálcio com bloqueadores do receptor AT1.
 » Bloqueadores de canais de cálcio com inibidor da renina.
Figura 10. Fluxograma do tratamento da hipertensão arterial. Fonte: SBC, 2010.
A associação de dois ou mais anti-hipertensivos é necessária em determinadas situações, 
como as descritas anteriormente. Porém aumenta o risco de ocorrência de reações adversas e 
interações medicamentosas.
Interações medicamentosas entre anti-hipertensivos
 » Diuréticos poupadores de K+ (espironolactona, triantereno e amilorida) com inibidores da ECA: risco 
de hipercalemia (aumento do K+ no líquido extracelular).
 » Betabloqueadores com bloqueadores de canais de cálcio (verapamil e diltiazem): bradicardia e 
depressão sinusal.
 » Antagonistas de receptores AT1 e diuréticos popadores de K+: risco de hipercalemia.
Emergência hipertensiva
É o aumento crítico da pressão arterial, com quadro clínico grave, progressiva lesão de órgãos-alvo e 
risco de morte, exigindo imediata redução da pressão arterial. Em quase todos os casos, o tratamento exige 
administração de drogas por via intravenosa.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
24
Nitroprussiato de sódio
Fonte: Golan, 2009.
O nitroprussiato de sódio (NPS) é um dos 
vasodilatadores mais potentes e eficazes, se não o 
mais, disponível para uso clínico. É um composto que 
contém Fe (ferro), CN (cianeto) e NO (óxido nítrico) 
na molécula.
Essa droga é administrada via intravenosa e 
rapidamente libera NO e CN na corrente sanguínea. 
Como podemos observar na figura 11, o óxido nítrico 
migra para o interior do músculo liso vascular e ativa 
a enzima guanilil ciclase (ou guanilato ciclase), que 
por sua vez catalisa a reação que converte GTP 
em GMPcíclico. O GMPcíclico é conhecido como 
segundo mensageiro e vai promover diversos efeitos 
intracelulares, entre eles a ativação da enzimamiosina fosfatase de cadeia leve. Essa enzima é 
responsável por desfosforilar a cadeia leve da miosina 
do músculo e dessa forma quebrar as interações 
entre os miofilamentos de actina e miosina, causando 
relaxamento da musculatura lisa vascular. 
Figura 11. Fonte: Golan, 2009.
 NPS é um potente vasodilatador de artérias e 
veias capaz de diminuir significativamente a pressão 
arterial de um paciente. Sendo assim, seu uso é 
restrito a emergências hipertensivas e insuficiência 
cardíaca grave. É importante que o paciente tenha 
sua pressão continuamente monitorada durante 
a utilização dessa droga, pois há grande risco 
de hipotensão grave e morte. Além disso, o NPS 
é extremamente fotossensível, necessitando de 
revestimento de todo o equipamente que armazena 
e conduz o medicamento até o paciente. 
Para cada molécula de NPS, cinco moléculas de 
CN são liberadas na corrente sanguínea, que são 
metabolizadas em tiocianato pelo fígado e excretadas 
pelos rins. O acúmulo de CN no organismo causa 
grave toxicidade, levando a desequilíbrio ácido-
base, arritmias cardíacas e morte. Até mesmo o seu 
metabólito tiocianato apresenta toxicidade e pode 
causar desorientação, psicose, espasmos musculares 
e convulsões. 
É importante lembrar que o cianeto tem elevada 
afinidade pelo ferro no estado férrico e portanto 
reage com o ferro trivalente da citocromo oxidase na 
mitocôndria, inibindo a respiração celular.
As doses terapêuticamente utilizadas de NPS 
dificilmente são causadoras de intoxicações, sendo 
mais comuns em pacientes com prejuízo de função 
renal e hepática ou idade avançada. 
Reações adversas
 » Hipotensão grave.
 » Zumbido.
 » Supressão da tireoide.
Posologia
Uso de bomba de infusão.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
25
 » Inicial: 0,3 a 0,5 mcg/kg/minuto, aumentar 
com incremento de 0,5 mcg/kg/min até obter a 
resposta clínica desejada.
 » Manutenção: 3 mcg/kg/minuto.
Cuidados com a preparação de NPS
A reconstituição do nitroprussiato de sódio deve 
ser feita no momento da administração. Deve-se diluir 
50 mg em 250-1.000 mL de soro glicosado. A solução 
possui coloração característica rosa acastanhado ou 
laranja claro. Soluções laranja escuro ou azul escuro 
indicam decomposição da droga pela luz.
Hidralazina
É um vasodilatador direto, como já descrito 
anteriormente, utilizado via endovenosa e 
intramuscular na emergência hipertensiva.
Posologia - Via IM ou IV:
Inicial: 10 mg a 20 mg/dose a cada 4-6 horas, 
podendo aumentar-se até 40 mg.
Angina
Antes de falarmos das drogas empregadas 
no tratamento da angina de peito, é importante 
entender os tipos e os mecanismos fisiopatológicos 
envolvidos com ela. A partir daí, ficará mais simples 
compreender e justificar a utilização de cada grupo 
farmacológico.
A angina é uma síndrome clínica caracterizada por 
sensação de pressão torácica, dor ou desconforto em 
qualquer das seguintes regiões: tórax, epigástrio, 
mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores. 
A dor da angina tem duração aproximada de um a 
cinco minutos. Dores prolongadas, quando atípicas, 
normalmente não são anginosas e, quando típicas e 
maiores que 20 minutos, sugerem a ocorrência de 
angina instável ou infarto agudo do miocárdio.
A palavra angina, de origem latina, significa 
sufocar e está associada a isquemia transitória do 
miocárdio.
Figura 12. Angina de peito. Fonte: http://cardiologia.
facafisioterapia.net/2010/11/dor-no-peito-pos-infarto.html. 
Causas
A angina é desencadeada pelo desequilíbrio entre 
a oferta e o consumo de oxigênio (O2) no miocárdio, 
por isso que se diz isquemia transitória do miocárdio. 
A baixa perfusão tecidual e/ou o elevado consumo 
de O2 pelo miocário aumenta a concentração tecidual 
de alguns compostos sinalizadores, por exemplo, 
H+, ADP, lactato etc. Esses sinalizadores ativam 
quimiotransdutores viscerais, presentes em neurônios 
nociceptivos (receptores de dor) localizados no 
coração. Esses quimiotransdutores são chamados de 
canais iônicos sensíveis a ácido (CISA). 
Suprimento de O2 ao miocárdio
As artérias coronárias são responsáveis por 
garantir adequada perfusão no miocárdio. Elas 
devem conduzir sangue em quantidade suficiente 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
26
para atender às demandas metabólicas desse 
músculo, levando O2, glicose, lipídios, eletrólitos 
e outros nutrientes essenciais aos cardiomiócitos 
(fibras musculares do miocárdio).
Figura 13. Artérias coronárias e miocárdio. Fonte: http://www.
eagostini.com.br/Coronariografia.htm. 
A maior parter do suprimento sanguíneo ao 
coração é garantido pelas artérias coronárias direita 
e esquerda. Nota-se, na figura 13, que elas estão 
localizadas na superfície do coração, e as artérias 
menores penetram na massa muscular a partir da 
superfície. 
A artéria coronária esquerda irriga principalmente 
as porções anterior e lateral esquerda do ventrículo 
esquerdo, enquando a artéria coronária direita supre 
a maior parte do ventrículo direito e a parte posterior 
do ventrículo esquerdo. 
Durante a sístole ventricular, a contração das 
fibras musculares miocárdicas pressiona os vasos 
coronarianos das camadas mais internas e o plexo 
arterial subendocárdico, portanto ocorre diminuição 
do fluxo sanguíneo nesses locais. A situação é invertida 
durante a diástole, em que ocorre grande aumento 
do fluxo sanguineo nas camadas subendocárdicas. 
Fatores que alteram o suprimentos de O2 ao 
miocárdio
O fluxo sanguineo coronariano é determinado por:
A. Pressão de perfusão: 
A pressão de perfusão aumenta consideramente 
durante a diástole ventricular e diminui durante a 
sístole.
B. Resistência coronariana: 
Metabólitos que dilatam as arteríolas 
coronarianas – adenosina, K+, H+, CO2 e 
bradicinina são alguns exemplos de compostos 
liberados localmente na circulação coronariana que 
são capazes de dilatar esses vasos, diminuindo 
a resistência. É importante saber que a maior 
parte desses metabólitos interage com receptores 
específicos diretamente na musculatura lisa vascular 
ou em células endoteliais. Geralmente, nestas últimas 
células, vai ocorrer liberação de grande quantidade 
do NO, que migrará para a camada muscular lisa, 
causando dilatação.
Controle autonômico – as fibras parassimpáticas 
são escassas nas coronárias, porém as simpáticas 
irrigam abundatemente esses vasos. Os receptores 
α1-adrenérgicos são causadores de vasoconstrição e 
estão localizados predominantemente nos vasos mais 
superficiais. Os receptores β2-adrenérgicos estão 
localizados nas arteríolas mais subendocárdicas e são 
causadores de vasodilatação. 
Aterosclerose – a formação de placas de ateroma 
é responsável por dificultar a passagem de sangue pela 
luz dos vasos, o que aumenta a resistência vascular. 
A fisiopatologia da aterosclerose será discutida com 
mais cuidado no próximo assunto. Neste momento, 
é importante saber que o aumento da resistência 
vascular causado pelas placas de ateroma pode 
diminuir o fornecimento de O2 ao miocárdio. 
Fatores que alteram o consumo de O2 pelo 
miocárdio
Frequência cardíaca (FC) - o aumento do 
número de batimentos por minuto aumenta o 
consumo de O2 pelo miocárdio. Portanto, em algumas 
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27
situações, como exercício físico, estresse emocional, 
agonistas de receptores β-adrenérgicos, taquicardia 
reflexa ou qualquer outro evento capaz de aumentar 
a FC, se esse aumento não for acompanhado de 
aumento do fluxo sanguíneo coronariano, uma crise 
de angina pode ser iniciada. 
Contratilidade – o aumento da força de contração 
do miocárdio também aumenta a demanda por ATP, 
que, por sua vez, é formado em maior quantidade 
pelo metabolismo oxidativo da mitocôndria. Esse 
metabolismo exige O2 para ser executado, já que este 
é o aceptor final da cadeia de transporte de elétrons. 
Logo, o aumento da contratilidade leva ao aumento 
do consumo de O2 pelo miocárdio.
Estresse da parede ventricular – o estresse 
da paredeventricular envolve os conceitos de pré e 
pós-cargas. 
A pré-carga é o trabalho cardíaco necessário para 
ejetar o volume de sangue que chega aos ventrículos 
pelo retorno venoso. Portanto, se aumentar o volume 
de sangue que chega ao ventrículo direto a partir 
das veias cavas, a tensão na parede ventricular será 
aumentada, para que o sangue seja completamente 
ejetado, evitando qualquer tipo de congestão. 
Lembre-se de que o volume ejetado é igual ao que 
chegou pelo retorno venoso e, após a sístole, ainda 
permanece uma pequena quantidade de sangue no 
ventrículo (volume sistólico final, 40 mL). 
A pós-carga é o trabalho cardíaco necessário 
para vencer a resistência vascular total ou periférica. 
Quando o miocárdio ventricular esquerdo se contrai, 
a pressão dentro do ventrículo deve ser maior que a 
pressão na aorta e na rede arterial, garantindo, dessa 
forma, que o sangue deixe a câmara ventricular e 
atinja esse sistema. Portanto, uma vasoconstrição 
sistêmica aumenta a resistência vascular total e 
consequentemente a tensão na parede ventricular 
esquerda.
Em resumo, a pré-carga está diretamente 
relacionada ao volume do retorno venoso, e a pós-
carga, à resistência vascular total. Tanto o aumento 
da pré quanto da pós-carga causa aumento da tensão 
na parede ventricular, aumentando o consumo de O2 
pelo miocárdio. 
Classificação da angina
De acordo com as causas, características clínicas 
e fisiopatológicas da angina, ela pode ser classificada 
em:
 » Angina estável.
 » Angina variante.
 » Angina instável.
A. Angina estável ou angina de esforço
Os episódios anginosos são causados por situações 
que aumentam a demanda de trabalho cardíaco, 
como exercício físico, estresse emocional ou ainda 
exposição ao frio intenso. 
Durante a exposição ao frio intenso, grande volume 
de sangue é deslocado para outros tecidos, a fim de 
auxiliar na manutenção da temperatura corporal, 
causando diminuição da oferta de O2 ao miocárdio.
Tanto o exercício físico como o estresse emocional 
aumentam a descarta das fibras simpáticas no coração, 
que, por intermédio dos receptores β-adrenérgicos, 
aumentam a frequência cardíaca e a contratilidade. 
Dessa forma, ocorre aumento do consumo de O2 pelo 
miocárdio. Além disso, é importante lembrar que o 
aumento do número de sístoles ventriculares pode 
diminuir o fluxo sanguíneo coronariano, diminuindo o 
fornecimento de O2 ao tecido. Tudo isso pode gerar 
um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O2 ao 
coração, desencadeando uma crise. 
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28
B. Angina variante ou vasoespástica ou de 
Prinzmetal
Esse tipo de angina ocorre geralmente durante 
o repouso ou em exercício físico mínimo. As crises 
são mais frequentes durante a noite, embora grande 
parte dos pacientes tenham alguns episódios logo 
pela manhã. Os pacientes com angina variante são 
mais jovens, e as crises seguem comumente um 
padrão cíclico ou regular de ocorrência. 
Causas
A grande característica desse tipo de angina 
são os espasmos das artérias coronárias, que são 
focais, na maior parte das vezes, podendo ocorrer 
simultaneamente em mais de um local.
Os espasmos coronarianos geralmente causam 
isquemia subendocárdica, devido à oclusão 
incompleta de uma artéria epicárdica e ao aumento 
transitório do fluxo coronariano, sustentado pela 
circulação colateral.
Portanto, diferentemente da angina estável, na 
angina variante ocorre diminuição do fornecimento 
de O2 ao miocárdio, mesmo em condições de menor 
consumo. 
Figura 14. Espasmo da artéria coronária. Fonte: http://www.
lookfordiagnosis. com/mesh_info.php?term=Isquemia+Mioc%C
3%A1rdica&lang=3.
Principais causas dos espasmos das artérias 
coronárias 
 » Respostas hiperativas do sistema nervoso 
autônomo simpático.
 » Defeito no manejo do cálcio no músculo liso 
vascular – é importante lembrar que o cálcio, ao 
interagir com a proteína calmodulina, ativa toda a 
maquinaria contrátil da fibra muscular, causando 
espasmos.
 » Produção reduzida de compostos 
vasodilatadores derivados do endotélio – o 
endotélio é uma importante estrutura reguladora 
do tônus vascular. Ele faz isso liberando moléculas 
capazes de migrar para a musculatura lisa, algumas 
causando contração e outras, relaxamento. A 
diminuição da síntese ou da disponibilidade de 
vasodilatadores, como o NO e a prostaciclina, 
podem aumentar o tônus muscular, causando 
espasmos. 
C. Angina instável
É classificada como uma síndrome coronária 
aguda de isquemia miocárdica. Sua fisiopatologia 
está situada entre a angina estável e o infarto do 
miocárdio, portanto, seus detalhes e tratamento serão 
discutidos com mais cuidado no próximo assunto. 
Tratamento da angina de peito estável e 
variável
O tratamento é feito com acompanhamento 
clínico, utilizando medidas não farmacológicas 
e farmacológicas, angioplastia e cirurgia de 
revascularização.
No acompanhamento clínico do paciente, é 
importante:
a) Controlar fatores desencadeantes de crise: 
 » Exercício exagerado.
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29
 » Anemia.
 » Estresse emocional.
 » HAS não controlada.
 » Taquiarritmias.
 » Febre.
 » Tireotoxicose.
b) Controlar fatores de risco para a cardiopatia:
 » Tabagismo.
 » Sedentarismo.
 » Dislipidemia.
 » Obesidade.
 » Diabetes mellitus.
Tratamento medicamentoso ou 
farmacológico
O tratamento farmacológico é dividido em dois 
grupos: tratamento para aliviar a crise de angina já 
desencadeada e tratamento crônico para prevenção 
de crises.
1. Nitratos orgânicos ou organonitratos
 » Nitroglicerina ou trinitrato de gliceril.
 » Mononitrato de isossorbida.
 » Dinitrato de isossorbida.
 » Propatilnitrato.
Figura 15. Fonte: Golan, 2009.
São as drogas de primeira escolha no tratamento 
agudo da angina, ou seja, para retirar o paciente da 
crise. Essas drogas são excelentes vasodilatadores de 
veias e artérias coronárias. Em doses terapêuticas, 
causam pouca ação nas arteríolas periféricas e 
portanto pouco alteram a pressão arterial. 
Ao dilatar os leitos venosos, os nitratos 
orgânicos aumentam a capacitância venosa e 
consequentemente diminuem o retorno venoso e o 
volume diastólico final, que é o volume de sangue 
nas câmaras ventriculares ao final da diástole. Ao 
se reduzir retorno venoso, reduz-se a pré-carga e o 
consumo de O2 pelo miocárdio. 
A dilatação coronariana aumenta o fornecimento 
de O2 ao miocárdio. Portanto, com a diminuição 
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
30
do consumo, acompanhado do aumento do 
fornecimento, a crise de angina é interrompida. 
Os nitratos orgânicos são moléculas liberadoras de 
NO2, que precisam ser reduzidas para formar NO capaz 
de interagir com a enzima guanilil ciclase, conforme 
descrito no mecanismo de ação do nitroprussiato 
de sódio. Os nitratos encontram diversos agentes 
redutores intra e extracelulares, por exemplo, os 
radicais tióis das proteínas, formando nitrosotióis. A 
glutationa também é um importante agente redutor. 
Acredita-se que a necessidade de agentes redutores 
para uma melhor ação do nitrato orgânico seja a 
responsável pela preferência vasodilatadora de veias 
e coronárias, diferentemente do nitroprussiato de 
sódio, que prontamente libera NO, que, por sua vez, 
promove vasodilatação em todos os leitos vasculares. 
Figura 16. Fonte: Golan, 2009.
Tolerância
Geralmente é causada pela exposição contínua 
ou frequente aos nitratos orgânicos. Ainda não 
há uma hipótese completamente comprovada do 
mecanismo envolvido, porém a depleção celular 
dos grupos sulfidril pode estar envolvida. Lembre-se 
de que os grupos sulfidril são importantes agentes 
redutores intracelulares e essenciais para a ação dos 
organonitratos.
Para diminuir a ocorrência de tolerância, 
é recomendado aumentar o tempo entre as 
administrações, para que o paciente fique algum 
tempo sem nitrato circulante no corpo. No caso de 
adesivo transdérmico de nitroglicerina, é recomendada 
sua remoçãodurante a noite. É importante lembrar 
que essa estratégia para diminuir a tolerância deve 
ser realizada com muita cautela em pacientes com 
angina grave, pois eles podem sofrer uma angina 
rebote. Esse procedimento é mais recomendado para 
a pacientes com angina estável.
Outra medida capaz de diminuir a ocorrência 
de tolerância sem alterar a posologia é associar 
N-acetilcisteína ao tratamento, pois ela contém 
diversos grupos tióis que irão atuar como agentes 
redutores, necessários para a redução do NO2.
Reações adversas
 » Hipotensão ortostática.
 » Taquicardia reflexa – ocorre somente quando 
o nitrato promove vasodilatação arteriolar 
significativa e consequente queda da pressão 
arterial.
 » Cefaleia pulsátil severa – devida à 
vasodilatação de artérias presentes nas meninges.
 » Tontura.
 » Rubor.
 » Síncope.
 » Edema periférico.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
31
 Preparações de nitratos e posologia no 
alívio imediato da crise
A via de administração sublingual é a primeira 
escolha no alívio imediato da crise, promovendo 
início de ação de um a dois minutos. Os comprimidos 
administrados pela via sublingual provocam sensação 
de queimação embaixo da lingua do paciente.
A dose de nitrato utilizada deve ser insuficiente 
para causar queda significativa da pressão arterial, 
pois isso diminuiria o fluxo sanguíneo coronariano e 
permitiria a ativação de reflexos simpáticos, causando 
taquicardia reflexa e agravando a angina. 
Nitroglicerina, via sublingual – 0,2 mg a 0,6 mg 
a cada cinco minutos, até três administrações em 15 
minutos.
Dinitrato de isossorbida, via sublingual – 2,5 
mg a 5 mg a cada 5 ou 10 minutos, até três doses, 
no máximo em 30 minutos.
Preparações de nitratos e posologia no 
tratamento crônico e prevenção da crise
A via oral é a que oferece maior comodidade 
ao paciente, e portanto, melhor aderência 
farmacoterapêutica, porém a nitroglicerina e 
o dinitrato de isossorbida apresentam baixa 
biodisponibilidade, devido ao intenso metabolismo 
de primeira passagem. Sendo assim, algumas vezes, 
dá-se preferência para administrações de adesivos 
transdérmicos.
Embora o 5-mononitrato de isossorbida seja um 
metabólito do dinitrato, seu metabolismo hepático 
é menos intenso, o que aumenta significativamente 
sua biodisponibilidade quando administrado via oral.
Nitroglicerina, via oral – 2,5 mg a 9 mg, 2 a 4 
x/dia.
Nitroglicerina, adesivo transdérmico – inicial: 
0,2 mg a 0,4 mg/h; manutenção: 0,4 a 0,8 mg/h.
Nitroglicerina, via sublingual – utilizada de 5 a 
10 minutos antes de praticar um esforço, como um 
exercício, a fim de prevenir uma crise.
Dinitrato de isossorbida, via oral – comprimido 
ou cápsula de liberação controlada, 5 mg a 40 mg, 4 
x/dia, ou 40 mg a cada 8 ou 12 horas.
Dinitrato de isossorbida, via sublingual - 
utilizada de 5 a 10 minutos antes de praticar um 
esforço, como um exercício, a fim de prevenir uma 
crise. Dose: 2,5 mg a 5 mg.
Mononitrato de isossorbida, via oral:
 » Comprimido regular – 5 mg a 20 mg, 2 x/
dia, com intervalo de sete horas (para reduzir 
tolerância). 
 » Comprimido de liberação controlada – 
inicial de 30 mg a 60 mg pela manhã, aumentar 
gradativamente até no máximo 240 mg. 
Preparações de nitratos e posologia no 
tratamento da angina instável
Geralmente a nitroglicerina é administrada via 
intravenosa, mantendo infusão contínua.
Nitroglicerina, via intravenosa – 5 mcg/min; 
aumentar a dose a cada três ou cinco minutos até 
atingir 20 mcg/min, podendo chegar até 200 mcg/
min.
2. Bloqueadores de canais de cálcio
 » Verapamil.
 » Diltiazem.
 » Diidropiridinas (nifedipina, anlodipina, 
nicardipina etc.).
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
32
Os bloqueadores de canais de cálcio foram 
discutidos num primeiro momento como tratamento 
da HAS, em que se pode notar maior frequência de 
uso para as diidropiridinas. Neste momento, iremos 
focar no papel desse grupo no tratamento crônico e 
na prevenção das crises de angina.
Como vimos anteriormente, o verapamil e o 
diltiazem promovem cronotropismo e inotropismo 
negativos e dessa forma diminuem o consumo de 
O2 pelo miocárdio. Por outro lado, as diidropiridinas 
(vasodilatadores arteriais) diminuem a pós-carga e, 
dessa forma, também diminuem o consumo de O2 
por esse músculo. Logo, todos os bloqueadores de 
canais de cálcio podem prevenir as crises de angina.
É importante ficar atento para a ocorrência de 
taquicardia reflexa, que é uma reação adversa das 
diidropiridinas, especialmente algumas formulações 
de nifedipina. 
Todas os bloqueadores de canais de cálcio 
são capazes de dilatar as arteríolas coronarianas, 
aumentando o fluxo sanguíneo no miocárdio e 
consequentemente o fornecimento de O2 ao músculo.
Essas drogas são muito úteis no tratamento 
crônico de angina variante, pois, ao diminuir o influxo 
de cálcio no músculo liso coronariano, impedem a 
ocorrência de vasoespasmos, característicos da 
angina variante. Esse efeito pode ser obtido com 
qualquer bloqueador de canal de cálcio. Um estudo 
multicêntrico, realizado na década de 1980, apontou 
redução de 63% nas crises de angina variante com o 
uso de nifedipina. 
No caso da angina estável, essas drogas também 
são utilizadas na prevenção das crises. 
O uso das diidropiridinas no tratamento crônico 
das anginas estável e variante pode vir associado 
a betabloqueadores, para reduzir os riscos de 
taquicardia reflexa. Essa associação deve ser muito 
bem avaliada em pacientes utilizando verapamil ou 
diltiazem, especialmente aqueles com disfunção 
sistólica, pois a associação dessas drogas pode 
comprometer o débito cardíaco e a fração de ejeção.
Preparações de bloqueadores de canais de 
cálcio e posologia
Nimodipina, via oral – apresenta alta 
lipossolubilidade, portanto promove efeito central. É 
utilizada principalmente para tratar vasoespasmos de 
arteríolas subaracnoides, comuns após hemorragias 
nesses vasos. 
Dose: 60 mg a cada quatro horas, por 21 dias. 
A terapia deve ser iniciada em até 96 horas após a 
ocorrência de hemorragia subaracnoide.
Verapamil, via intravenosa – causa pouca ação 
vasodilatadora, porém é dose-dependente. Com o 
aumento da concentração plasmática, pode diminuir 
a resistência vascular, causando queda da PA, sem 
risco de taquicardia reflexa. 
Verapamil, via oral:
 » Inicial: 80 a 120 mg, 3 x/dia;
 » Manutenção: 240 mg a 480 mg/dia, divididos 
em três ou quatro doses.
Diltiazem, via intravenosa – causa pouca ação 
vasodilatadora, e os efeitos depressores cardíacos 
são inferiores ao verapamil. A associação com 
betabloqueadores deve ser evitada nessa via de 
administração. 
A via intravenosa é mais utilizada para o tratamento 
de arritmias.
Diltiazem, via oral:
 » Cápsula de liberação prolongada – 120 mg a 
180 mg, 1 x/dia. Dose máxima de 480 mg/dia.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
33
 » Comprimido de liberação prolongada – 180 
mg, 1 x/dia. Dose máxima de 360 mg/dia.
 » Comprimido regular – inicial: 30 mg, 4 x/dia; 
manutenção: 180 mg a 360 mg/dia.
3. Antagonistas β-adrenérgicos
 » Propranolol.
 » Atenolol.
 » Metoprolol.
 » Timolol.
Essas drogas, ao bloquear receptores β2 
e principalmente β1 no coração, promovem 
cronotropismo e inotropismo negativos. Dessa forma, 
diminuem o consumo de O2 pelo miocárdio, além de 
proteger o coração de descargas simpáticas durante 
o esforço e o estresse emocional. 
A dose dos betabloqueadores deve ser titulada 
até o paciente apresentar frequência cardíaca, no 
repouso, em torno de 55 batimentos por minuto e, 
durante o esforço, de cerca de 110 a 120 batimentos 
por minuto. 
No tratamento da angina estável, essas drogas 
são frequentemente associadas aos organonitratos, 
e estudos clínicos multicêntricos já demonstraram 
significativa redução na ocorrência das crises. Além 
disso, essa associação é de grande vantagem ao 
paciente, especialmente durante a ausência do efeito 
do nitrato, por exemplo, nas estratégias para diminuira tolerância. 
Como visto anteriormente, os betabloqueadores 
são frequentemente associados às diidropiridinas a 
fim de prevenir a taquicardia reflexa. A associação 
com verapamil ou diltiazem também é permitida, 
desde que observada a ocorrência de bradicardia 
severa. 
 
Os betabloqueadores devem ser evitados no 
tratamento da angina variante (ou de Prinzmetal), 
pois, ao bloquear receptores β2 adrenérgicos nas 
coronárias, aumentarão o risco de vasoespasmo, 
desencadeando uma crise. 
4. Estatinas
São drogas hipolipêmicas capazes de diminuir a 
fração LDL do colesterol, a fim de diminuir eventos 
cardiovasculares.
Embora as estatinas não atuem diretamente 
na musculatura lisa vascular, como os nitratos, 
betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio, 
diversos estudos clínicos já demonstraram redução 
de crises de angina e principalmente da evolução 
de eventos isquêmicos. Um estudo clínico chamado 
AVERT foi publicado no final de década de 1990 
comprovando redução de 36% de eventos isquêmicos 
em pacientes fazendo uso de atorvastatina. Portanto, 
é comprovado que as estatinas reduzem a morbidade 
e a mortalidade em distúrbios cardiovasculares. 
Dessa forma, são indicadas na prevenção primária e 
secundária da doença coronariana.
Resumo - Angina estável
- Prevenção de crises
Primeira escolha - Betabloqueadores.
Se houver contraindicação de 
betabloquedor - antagonistas de cálcio (exceto 
as diidropiridinas de ação curta) ou nitratos de 
ação longa.
Associações - quando a terapia isolada é 
insuficiente, deve-se combinar antagonistas de 
cálcio (exceto as diidropiridinas de ação curta) ou 
nitratos de ação longa com os betabloqueadores.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
34
Estatinas disponíveis para uso clínico no Brasil e 
EUA:
 » Lovastatina.
 » Pravastatina.
 » Atorvastatina.
 » Rosuvastatina.
 » Sinvastatina.
 » Fluvastatina.
Os lipídios são essenciais para manutenção dos 
processos bioquímicos e fisiológicos dos órgãos 
e tecidos. Além de serem reservas energéticas, 
eles são utilizados para a síntese e manutenção 
de membranas biológicas e hormônios. Por serem 
moléculas hidrofóbicas, os lipídios são transportados 
pela corrente sanguinea na forma de lipoproteínas. 
De acordo com a densidade, as lipoproteínas são 
classificadas em lipoproteína de alta densidade (HDL 
– high density lipoprotein), baixa densidade (LDL 
– low density lipoprotein) e densidade muito baixa 
(VLDL – very low density lipoprotein). É importante 
lembrar que quanto maior a proporção de lipídios em 
relação às proteínas na lipoproteína, menor será a 
densidade dela. 
Figura 17. Lipoproteína. Fonte: www.medicinapreventiva.com.ve. 
As LDLs são capturadas pelos tecidos por meio de 
receptores de LDL e utilizadas pelas células, como 
citado inicialmente. Porém alterações genéticas 
(hipercolesterolemia familiar), dieta rica em gordura 
saturada e pobre em fibras e sedentarismo podem 
promover aumento exagerado dessa lipoproteína na 
corrente sanguínea. Ela, por sua vez, sofre oxidação 
e penetra na camada subendotelial, desencadeando 
resposta inflamatória. Durante esse processo, ocorre 
quimiotaxia de monócitos-macrófagos para o espaço 
subendotelial, dando origem às células espumosas, 
com grande quantidade de lipídios. Com o passar 
do tempo, todo esse processo leva à formação de 
uma placa de ateroma. Essa placa aumenta muito o 
risco de eventos cardiovasculares, pode desencadear 
uma crise de angina variante ou ainda progredir para 
angina instável e infarto agudo do miocárdio. 
Figura 18. Placa de ateroma. Fonte: http://biologiainterativaa.
blogspot.com.br/. 
Mecanismo de ação das estatinas
As estatinas são inibidoras competitivas e 
reversíveis da enzima HMGCoA redutase no fígado. 
Essa enzima catalisa uma etapa limitante da síntese 
do colesterol hepático, diminuindo modesta e 
transitoriamente a concentração intracelular de 
colesterol. Porém o principal efeito farmacológico das 
estatinas não está aí. Ao diminuir a concentração de 
colesterol intracelular, algumas vias de sinalização 
são ativadas na célula, resultando em ativação 
da proteína de ligação do elemento regulador de 
esteróis 2 (SREBP2). Essa proteína, por meio de 
toda a maquinaria de transcrição e tradução celular, 
estimula o aumento da expressão de receptores de 
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LDL na membrana do hepatócito, que por sua vez 
removerão grande quantidade de LDL da corrente 
sanguínea. 
Figura 19. Síntese de colesterol no hepatócito. Fonte: Golan, 
2009.
Efeitos pleiotrópicos das estatinas
São os efeitos adicionais promovidos pelas 
estatinas, ou seja, outros benefícios metabólicos e 
cardiovasculares além da diminuição da fração LDL 
do colesterol. São eles:
 » Melhoria da disfunção endotelial.
 » Aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico 
(NO).
 » Ação antioxidante.
 » Inibição da resposta inflamatória.
 » Efeitos imunomoduladores.
 » Ação antitrombótica e estabilizadora das 
placas ateroscleróticas.
Reações adversas
 » Miopatia – é dose-dependente e aumenta 
ainda mais quando as estatinas são associadas a 
fibratos (genfibrozil). Os mecanismos causadores 
parecem envolver alterações de membranas 
celulares e inibição de formação de substâncias 
importantes para o metabolismo celular e 
mitocondrial, como a ubiquinona.
 » Mialgia.
 » Rabdomiólise – é uma reação muito rara, 
que ocorre somente com doses elevadas. É 
caracterizada por intensa proteólise, com perda 
significativa de massa muscular esquelética. Com a 
perda de massa, grande quantidade de mioglobina 
é lançada na corrente sanguínea, podendo causar 
insuficiência renal aguda.
 » Elevação das transaminases hepáticas 
(ALT – alanina transaminase e AST – aspartato 
transaminase). É importante saber que esse 
aumento não se reflete necessariamente 
em hepatotoxicidade. Pode ser apenas uma 
adaptação hepática, relacionada ao metabolismo 
do colesterol.
Respostas terapêuticas e posologia das 
estatinas
Considerando o grupo num todo, as estatinas 
diminuem de 25% a 45% a fração LDL do colesterol, 
mas há algumas diferenças entre as drogas.
Lovastatina – diminui de 20% a 40% a 
concentração de LDL plasmática, nas doses entre 10 
mg e 80 mg/dia.
Farmacologia e Farmacoterapia do Sistema Cardiovascular
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 » Comprimido de liberação imediata: deve 
ser administrado com as refeições, para obter 
melhor biodisponibilidade. Inicial - 20 mg/dia; 
manutenção – 80 mg/dia.
 » Comprimido de liberação controlada: deve ser 
administrado ao deitar, pois o alimento diminui a 
biodisponibilidade dessa formulação. Inicial - 20 
mg/dia; manutenção – 60 mg/dia.
Sinvastatina – é duas vezes mais eficaz do que 
a lovastatina.
 » Inicial – 20 mg a 40 mg, 1 x/dia, antes de 
deitar.
 » Manutenção – 5 mg a 80 mg, 2 x/dia. 
Fluvastatina – menos potente do grupo. Quando 
o objetivo terapêutico for reduzir em mais de 25% o 
LDL, deve-se administrar:
Cápsula: 40 mg, 1x/dia à noite.
Comprimido de liberação controlada: 80 mg, 1 x/
dia.
Quando o objetivo terapêutico for reduzir em 
menos de 25% o LDL, deve-se administrar:
 » Cápsula: 20 mg, 1 x/dia à noite.
 » Comprimido de liberação controlada: 80 mg, 
1 x/dia.
Atorvastatina – juntamente com a rosuvastatina, 
são as estatinas mais potentes disponíveis para uso 
clínico. Além de diminuir a fração LDL do colesterol, 
a atorvastatina aumenta a fração HDL, promovendo 
mais benefícios ao sistema cardiovascular.
Quando o objetivo terpêutico for reduzir em mais 
de 45% o LDL, deve-se administrar:
 » Inicial: 40 mg, 1 x/dia.
 » Manutenção: 10 mg a 80 mg, 1 x/dia.
Na prevenção primária de doença cardiovascular, 
deve-se administrar 10 mg, 1 x/dia.
Rosuvastatina – juntamente com a atorvastatina, 
são as estatinas mais potentes disponíveis para uso 
clínico. Além de diminuir a fração LDL do colesterol, 
a rosurvastatina aumenta a fração HDL, promovendo 
mais benefícios ao sistema cardiovascular.
 » Para pacientes com LDL >190 mg/dL: 20

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