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Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira DISTÚRBIOS DA TIREOIDE Curiosidades; Um dos efeitos dos hormônios tireoidianos é o aumento da sensibilidade dos receptores adrenérgicos Doença que está relacionada à mutação no gene do receptor de TSH é Adenoma tóxico A oftalmopatia de Graves é provocada por adipogênese e deposição de ácido hialurônico na órbita Paciente com TSH normal ou alto e T4 alto está comprometido por Hipertireoidismo secundário A anemia perniciosa é comum na Tireoidite de Hashimoto Paciente com TSH elevado e T4 normal está acometido por Hipotireoidismo subagudo A conversão de T4 em T3 é feita pela enzima DESIODINASE 3 A síndrome de Sheehan é uma causa de hipotireoidismo secundário ➔ Morfologia Anatomia de superfície: A glândula tireoide se localiza na base do pescoço É possível fazer a palpação dos lobos da tireoide Ela não é perceptível à palpação em todas as pessoas, depende muito da experiencia do examinador Na palpação é possível identificar o aumento da tireoide ou a presença de nódulos tireoidianos. Histologia: Constituída majoritariamente dessa estrutura, que é chamada de FOLÍCULO. Assim, possuem células foliculares, que são as células ativas da tireoide, produtores dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). A glândula tireoide armazena os hormônios também e são liberados quando houver necessidade. Os tireócitos (células foliculares), que circundam o folículo, tem forma cuboidal, podendo ficar também colunar se estiverem muito ativas. A glândula tireoide Lobo direito Lobo esquerdo Ístmo tireoidiano Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira também é muito vascularizada, devido a isso que um sopro pode ser auscultado no hipertireoidismo. Metabolismo do iodeto pela célula tireoidiana Entra: 2 SÓDIO e 1 IODO O iodo é absorvido pelo TGI e chega até a tireoide, fazendo uma hipercaptação desse iodeto, entrando no tireocito por meio de um simportador de sódio e iodo, entrando: 2 moléculas de SÓDIO e 1 molécula de IODO Esse transporte é feito CONTRA o GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO • T3: 1 monoiodotireonina + 1 diiodotireonina • T4: 2 diiodotireoninas Na circulação periférica há a CONVERSÃO de T4 em T3 por meio das ENZIMAS DESIODASES Medicamentos como metimazol e propiltiouracil inibem a síntese de iodo, além disso o propiltiouracil INIBE a conversão de T4 em T3 Os hormônios tireoidianos não são hidrossolúveis, sendo transportados por proteínas plasmáticas Transportadores dos hormônios tireoidianos TBG Transtiretina Albumina Transporta a maior parte do hormônio tireoidiano Transporta pequena parte Dificilmente transporta o HT Conversão periférica de T4 em T3 Mediado pelas desiodases, é retirado o iodo da forma 5’ e forma o T3, pode ser feito pela desiodase 1 ou 2 A desiodase 3 forma o T3 reverso, que é inativo, sendo degradado em diiodotireonina, depois a monoiodotireonina e a degradação continua até a eliminação completa do hormônio tireoidiano Mecanismo de ação do hormônio tireoidiano 1º) T3 se liga ao seu receptor no núcleo da célula, relacionado aos processos de transcrição gênica, ligado a sequencias de gene chamada de TRE, que são iniciadoras de transcrição gênica 2º) O HT se liga ao receptor e expele as proteínas co- repressoras e repressoras , permitindo a ligação de proteínas coativadoras, iniciando a transcrição gênica. 3º) T3 ativa a expressão genica e estimula a síntese proteica Ou seja, Quais sequencias de genes são iniciadoras da transcrição gênica? TRE Como inicia a transcrição gênica? Quando as HT se ligam aos receptores, expelindo as proteínas co- repressoras e repressoras, permitindo a ligação de proteínas coativadoras. Quem ativa a expressão gênica? T3 Quem estimula a síntese proteica? T3 4º) Com a síntese proteica aumentada, ela terá efeito em vários locais, como: • Metabolismo: I. Aumento da taxa de metabolismo basal. II. Aumento do consumo de oxigênio. III. Aumento da termogênese. • Sistema nervoso autônomo: I. Amplificação da sensibilidade dos receptores adrenérgicos. II. Aumento do tônus simpático. III. Amplificação dos efeitos das catecolaminas, sem aumento da concentração plasmática. • Sistema cardiovascular: I. Estímulo ao cronotropismo e ao inotropismo cardíacos. II. Vasodilatação periférica. • Sistema digestório: I. Aumento da motilidade GI. II. II. Estimulo a glicogênese e glicogenólise hepáticas. III. III. Aumento da captação e da degradação de colesterol hepáticas. • Medula óssea: I. Estímulo a hematopoese Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira • Músculos: I. Aumento da velocidade de contração e relaxamento muscular. • Sistema nervoso central: I. Estímulo ao desenvolvimento normal do cérebro (na vida fetal e neonatal). II. II. Estímulo a função cortical. • Outros: I. Aceleração do turnover proteico e ósseo (com aumento predominante da reabsorção óssea). ➔ Fisiologia A tireoide produz T3 e T4 Os folículos tireoidianos podem aumentar ou diminuir a produção do HT a depender da estimulação do TSH, que é produzido pela adenohipófise, estimulando os tireócitos a produzirem e liberarem HT na circulação. A adenohipófise é estimulada a produzir TSH pela secreção do TRH, que é produzido no hipotálamo. A produção de TSH e de TRH são contra-regulados pela presença dos hormônios tireoidianos, principalmente do T4 T4 é convertido em T3 no SNC e a presença de T3 na célula diminui a expressão de receptores das células produtoras de TSH para o TRH A conversão de T4 em T3 é feita pela enzima DESIODINASE 3 Quando tem: • Pouco HT vai ter pouco T4, então vai ter menos T4 sendo convertido em T3, tendo uma maior expressão dos receptores das células produtoras de TSH para o TRH, com consequente estimulação a produção do TSH ao TRH ➔ Visão geral dos distúrbios da tireoide Cistos Podem ocorrer por: • Degeneração cística de um bócio nodular • Cistos do ducto tireoglosso Tireoidites Podem ocorrer por: Tireoidite de Hashimoto Tireoidite granulomatosa (Quervain) Tireoidite de Riedel Hipotireoidismo crônico - relacionado ao hipotireoidismo primário Autoimune 1º Hipertireoidismo 2º Hipotireoidismo 3º Eutireoidismo Inflamatória subaguda Doenças virais Fibrosante e invasiva Relacionada a IGg4 Leva a fibrose tecidual por hiperestimulação dos fibroblastos Não neoplásicas • Doença de Graves • Bócio MULTINODULAR (tóxico ou atóxico) Neoplásicas • Benignas: Adenoma tóxico – produtor de HT (tireotoxicose, “quente” em cintilografia de iodo) Adenoma não tóxico (“frio” à cintilografia de iodo) • Malignas: Carcinoma papilífero (cerca de 70%) Carcinoma folicular (cerca de 20%) Bócio Aumento do volume da tireoide (incluindo tireoidite e neoplasias), causado por HIPERPLASIA DO PARENQUIMA Classificado de três maneiras, quanto à: • Distribuição do parênquima: Bócios difusos e nodulares Muito HT – Pouco TSH Pouco HT – Muito TSH Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira • Produção de HT: Hiperfuncionantes (tóxicos) Hipofuncionantes (atóxicos) • Prevalência na população: Endêmicos – devido à deficiência de iodo na dieta – não acontece no Brasil Esporádicos – relacionados à doença de Graves Hipotireoidismo Síndrome decorrente da deficiência do HT, geralmente devido a uma produção reduzida do hormônio pela tireoide ou ação deficiente Etiologia: • Primário: Problemas na própria tireoide Tireoidite de Hashimoto Deficiência de iodo, tireoidectomia por bócio ou câncer, tratamento do hipertireoidismo • Secundário:Fora da tireoide, localizado na hipófise - deficiência de TSH Podem ser: a) Centrais: 1. Secundárias: problema localizado na hipófise (deficiência de TSH), provocado por: • Adenoma hipofisário • Hipofisectomia por tumor • Doenças infecciosas • Granulomatosas ou infiltrativas da hipófise • Síndrome de Sheehan • Terciárias: Localizado no hipotálamo – Deficiencia de TRH Provocado por: Disfunção hipotalâmica Cirurgia ou irradiação hipotalâmica Traumas Tumores ou infecção do SNC PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO Tireoidite de Hashimoto Adenoma hipofisário Síndrome de Sheehan Doenças infecciosas Disfunção hipotalâmica Traumas Tumores ou infecção do SNC ➔ Tireoidite de Hashimoto Etiopatogenia: Tireoidite crônica linfocítica autoimune Pode haver a produção de anticorpos anti- tireoperoxidase (anemia perniciosa) e anticorpos anti- receptor de TSH A destruição dos folículos vai promover uma liberação dos hormônios tireoidianos na circulação sanguínea, então o paciente vai ter inicialmente uma tireotoxicose, e depois com a evolução do processo inflamatório, há atrofia da glândula e o desenvolvimento de hipotireoidismo Presença de linfócitos nos tecidos tireoidianos, inclusive a presença de folículos linfoides – pois terá uma tireoidite autoimune mediada por linfócitos Têm relação com outras doenças autoimunes, como: • Anemia perniciosa • Miastenias gravis • Hipoparatireoidismo • Vitiligo • Alopécia • Síndrome de Sjogren • Doença celíaca • AR, DM1 • Insuficiencia suprerrenal primária • LES Anatomopatologia: Há a retração dos folículos tireoidianos, com um infiltrado linfocitário e folículos linfoides Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira Na sua evolução para o hipotireoidismo, os folículos linfoides são pequenos e residuais, com a presença de linfócitos A glândula tireoide fica hipotrófica, desenvolvendo o hipotireoidismo Fisiopatologia: Redução do metabolismo basal Acúmulo de substância glicoproteicas, desenvolvendo MIXEDEMA CRETINISMO Déficit de crescimento e remodelagem óssea – NANISMO TIREOIDIANO Manifestações clínicas: Cabelos secos e brilhantes, quebradiços. Letargia e deficiência de memória Edema periorbital e facial Aumento do tamanho da língua. Facies mixedematosa (rubor facial). Engrossamento da voz. Diminuição da transpiração e intolerância ao frio. Pode haver cardiomegalia, pulso diminuído. Ganho de peso. Constipação. Atrofia gástrica. Pode ter manifestações hemorrágicas transvaginais. Edema periférico. Em uma situação mais grave, pode ter o coma mixedematoso (alteração do estado mental, hipotermia – presença de fator precipitante) ➔ Diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo 1) Fração livre do T4 2) Nível do TSH, podendo ter as seguintes situações: TSH AUMENTADO e T4 LIVRE DIMINUÍDO TSH AUMENTADO e T4 LIVRE NORMAL TSH DIMINUÍDO e T4 LIVRE DIMINUÍDO Hipotireoidismo primário – pode ser a tireoidite de Hashimoto a causa Hipotireoidismo subclínico Problema está na hipófise e no hipotálamo O problema está na tireoide Hipotireoidismo que ainda não se manifestou clinicamente Pode ser hipotireoidismo central ou uso de algum medicamento Síndrome de Sheehan – sela túnica vazia – TSH baixo ou normal e T4 baixo T4 sempre será baixo ou normal, nunca será alto, pois se trata de hipotireoidismo, a alteração será nos níveis de TSH. 1) Mulher de 38 anos, casada, G2P2A0, procura a Unidade Básica de Saúde com quadro de astenia e fadiga de início insidioso com piora progressiva nos últimos meses. No interrogatório sintomatológico, a paciente refere amenorreia com 4 anos de evolução, desde a segunda gestação, na qual relata ter tido hemorragia durante o parto e agalactia. Sem comorbidades. Ao exame físico, apresenta-se hipocorada, bradicárdica, com rarefação pilosa do terço externo das sobrancelhas e dos pelos axilares e púbicos. No exame neurológico, observa-se lentidão mental. Foi submetida a ressonância magnética (RM) de sela túrcica, a qual evidenciou que a mesma estava vazia. O perfil esperado das dosagens séricas dos hormônios tireoidianos compatível com esse caso é: (A) TSH e T4 livre elevados (B) TSH elevado com T4 livre baixo. (C) TSH baixo com T4 livre baixo. (D) TSH normal com T4 livre normal. GABARITO: Item (C) Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira JUSTIFICATIVA DO GABARITO: O quadro clínico da paciente com diagnóstico imaginológico de sela túrcica vazia indica Síndrome de Sheehan, que é um tipo de hipotireoidismo central. Este caracteriza-se por TSH baixo ou normal com T4 livre baixo ➔ Tireotoxicose: Síndrome clínica decorrente do excesso de HT por qualquer etiologia Fisiopatologia: • Efeito ionotrópico • Aumento do tônus simpático • Redução do tônus vagal • Aumento da pressão sistólica e redução da RVA – PA divergente – AS e BD • Intensif da degradação de proteínas • Nervosismo • Miopatia tireotóxica • Olhos “lig lad” – doença de Graves • Pele quente e úmida • Unhas de Plummer Etiopatologia: 1. Sem hipertireoidismo: Tireotoxicose exógena: dose excessiva de medicações contendo hormônios tireoidianos. Tireoidite subaguda ou aguda: ruptura dos folículos e liberação dos hormônios tireoidianos. Tireoidite com tireotoxicose transitória: tireoidite de hashmoto. Tireoidite induzida por amiodarona: destruição dos folículos com descarga dos hormônios tireoidianos na circulação. Tecido tireoidiano ectópico = cisto dermoide do ovário: cisto dermoide de ovário, carcinoma folicular metastásico. 2. Com hipertireoidismo: Doença de Graves: estímulo tireoidiano anormal pelos anticorpos antiTSHR. Adenoma tóxico (adenoma folicular autônomo): ativação mantida dos TSHRs. Induzido pelo iodo (efeito Jod-Basedown): sobrecarga de iodo na presença de nódulos autônomos ou doença de Graves. Induzido pela amiodarona (efeito Jod-Basedown): sobrecarga de iodo na presença de nódulos autônomos ou doença de Graves. Tumor hipofisário produtor de TSH ou resistência hipofisária ao TSH. Doença trofoblastica: ligação de hCG aos receptores de TSH. Bócio multinodular tóxico: evolução do bócio multinodular atóxico; ativação mantida dos TSHRs. ➔ Hipertireoidismo: Distúrbios que resultam da superprodução de HT pela própria tireoide Produção de anticorpos estimuladores de receptores de TSH pela doença de Graves Bócio multinodular tóxico é uma evolução do BMAtóxico Doença de Graves: Etiopatogenia: Doença que causa hipertireoidismo Fatores de risco: Suscetibilidade genética, infecção, estresse, gênero (mulher), gravidez, iodo, medicamentos Leva a produção de células B reativas aos anticorpos ao receptor de TSH, essas células B se diferenciarão em plasmócitos que produzirão anticorpos estimuladores de TSH. TSH e T4 NORMAIS TSH DIMINUÍDO e T4 AUMENTADO TSH DIMINUÍDO e T4 NORMAL TSH AUMENTADO OU NORMAL e T4 AUMENTADO Indivíduo normal Tireotoxicose Pode ser hipertireoidismo Tireotoxicose subclínica Adenoma hipofisário secretor de TSH, resistência periférica a hormônio tireoidiano, hipertiroxinemia familiar Maria Clara Cavalcante Aula ministrada pelo professor Geison Lira Anatomofisiopatologia: o folículo no hipertireoidismo tem epitélio diferente, com células foliculares colunares com hiperatividade, saliências e vacuolizações marginais Fisiopatologia: Hiperestimulação de hormônios tireoidianos Oftalmopatias -> exoftalmias Dermopatias -> edema pré-tibial (mixedema) acúmulo de glicosaminoglicanos (ácido hialurônico) Cabelos finos, quebradiços, exoftalmia, insônia, instabilidadeemocional, insônia, bócio, taquicardia, palpitação, sudorese, intolerância ao calor, edema pré-tibial, perda de peso, aumento do apetite • Mutações no receptor de TSH: bócio multinodular tóxico ou adenoma tóxico. • Hipertireoidismo induzido pela gonadotrofina coriônica. • Hipertireoidismo devido à secreção de tireotrofina (secundário). • Hipertireoidismo induzido pela amiodarona. ➔ Tempestade tireoidiana: Hipertireoidismo acelerado Desencadeado por infecção, trauma, emergências cirúrgicas Hipermetabolismo severo: sudorese profunda, taquicardia sinusal ou ectópica severa, arritmias, edema pulmonar, IC, tremores, psicose ➔ Diagnóstico laboratorial Hipertireoidismo • TSH • T4 livre
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