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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE F E R N A N D A G O M E S D E O L I V E I R A 1 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Conceito: verificação da compatibilidade das leis e dos atos normativos com a Constituição. A análise da compatibilidade dever ser: material e formal. No final do século XVIII, com constitucionalismo moderno, surge a noção de supremacia da Constituição sobre as demais normas jurídicas. A supremacia constitucional e divide em: o SUPREMACIA MATERIAL: refere-se ao conteúdo da Constituição como lei fundamental que é, independentemente de ser flexível ou rígida. A Constituição contem decisões políticas fundamentais (forma de estado, forma de governo, sistema de governo, repartição de competência entre os entes, tutela de direitos fundamentais). Toda Constituição goza de supremacia material. o SUPREMACIA FORMAL: refere-se à posição da Constituição como o topo do ordenamento jurídico, visto que as demais normas precisam ser compatíveis com a constituição para serem válidas. A Constituição é o parâmetro para todas as demais normas infraconstitucionais. Ademais é previsto um processo de alteração mais rigoroso para as normas constitucionais comparado ao processo de alteração das normas infraconstitucionais. Nem toda Constituição goza de supremacia formal. As Constituições flexíveis não gozam de supremacia formal. IMPORTANTE! O controle de constitucionalidade se associa ao conceito de supremacia formal da constituição. Premissas do controle de constitucionalidade: o Constituição escrita o Constituição rígida – art. 60, da CF – na constituição rígida, tem-se uma clara relação de hierarquia entre a Constituição e as demais normas infraconstitucionais o Relação de parametricidade – as normas infraconstitucionais devem estar em conformidade com a Constituição Constituição Normas infraconstitucionais 2 É possível controle de constitucionalidade de constituições flexíveis? Não, tendo em vista que a Constituição possui o mesmo nível hierárquico das demais normas infraconstitucionais. Sem essa hierarquia, superioridade e rigidez não há controle de constitucionalidade. Presunção de constitucionalidade (ADI815) De acordo com o STF, as normas constitucionais originárias gozam de presunção absoluta de constitucionalidade, ou seja, não podem ser declaradas inconstitucionais (iure et de iure). Para Otto Bachof, jurista alemão, é possível o controle de constitucionalidade das normais constitucionais originárias pelo direito natural, mormente no que tange aos direitos fundamentais. As demais normas constitucionais e demais normas infraconstitucionais gozam de presunção relativa de constitucionalidade (iuris tantum) Bloco de constitucionalidade (o que deve ser entendido como parâmetro de constitucionalidade) o Preâmbulo da Constituição – não faz parte do bloco Para Clèmersom Merlin Clève (visão minoritária), o preâmbulo traz valores e princípios para além de simples fonte interpretativa. Para a doutrina majoritária e STF, é uma fonte de interpretação desprovida de normatividade, por isso não serve de parâmetro de constitucionalidade ou de reprodução obrigatória nas constituições estaduais. o Corpo fixo/ Parte dogmática – faz parte do bloco o Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos pelo rito especial, previsto no art. 5°, § 3°, CF/88 – faz parte do bloco o ADCT – É parâmetro de controle enquanto a norma ainda tiver eficácia. Em caso de eficácia exaurida, já não serve como parâmetro. o Conjunto de preceitos e princípios decorrentes da Constituição, inclusive implícitos – faz parte do bloco Histórico do Controle de Constitucionalidade 1. Antiguidade, em Atenas - Fábio Konder Comparato: “na democracia ateniense, existia um processo punitivo especial para propostas de lei ou deliberação que contraviessem aos princípios fundamentais do regime” 2. Modelo americano - Constituição norte-americana de 1787 – art. VI (controle difuso/aberto de constitucionalidade): 3 Todas as dívidas e compromissos contraídos antes da adoção desta Constituição serão tão válidos contra os Estados Unidos sob o regime desta Constituição, como o eram durante a Confederação. Esta Constituição e as leis complementares e todos os tratados já celebrados ou por celebrar sob a autoridade dos Estados Unidos constituirão a lei suprema do país; os juízes de todos os Estados serão sujeitos a ela, ficando sem efeito qualquer disposição em contrário na Constituição ou nas leis de qualquer dos Estados. Os Senadores e Representantes acima mencionados, os membros das legislaturas dos diversos Estados, e todos os funcionários do Poder Executivo e do Judiciário, tanto dos Estados Unidos como dos diferentes Estados, obrigar-se-ão por juramento ou declaração a defender esta Constituição. Nenhum requisito religioso poderá ser erigido como condição para a nomeação para cargo público Caso emblemático: Marbury x Madison John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas Jefferson. Antes de Thomas Jefferson assumir, John Adams nomeou William Marbury como “juiz de paz” (juiz federal), porém a “comissão” para o cargo, embora assinada, não lhe foi entregue. Thomas Jefferson, ao assumir a presidência, nomeou James Madison como Secretário de Estado, o qual não efetivou a “comissão” por ordem de Jefferson. Irresignado, William Marbury resolveu impetrar writ of mandamus a fim de efetivar sua nomeação. No caso, John Marshall, juiz da Suprema Corte, analisou se a Suprema Corte teria competência para apreciar o tema. A seção 13 do Judiciary Act, de 1789 determinava a apreciação da matéria pela Suprema Corte, mas a Constituição de 1787 não fixou tal competência originária Restou decidido ser nula qualquer lei incompatível com a Constituição. Os tribunais, bem como os demais departamentos, são vinculados por esse instrumento. Segundo Barroso, temos, aqui, a inauguração do controle de constitucionalidade no constitucionalismo moderno. 3. Modelo europeu – Sistema Constitucional Austríaco de 1920 (controle concentrado ou fechado de constitucionalidade) O contencioso constitucional no modelo europeu foi idealizado por Hans Kelsen e sua competência exclusiva é de um tribunal constituído para essa finalidade, o qual possui o monopólio da função de apreciar a conformidade dos atos normativos em relação à constituição. A jurisdição constitucional concentrada tem como objetivo evitar a tendência constitucional antidemocrática do governo dos juízes tanto para resguardar o princípio da segurança jurídica e da supremacia parlamentar como para defender as minorias legislativas. 4 Evolução do controle de constitucionalidade no histórico constitucional Constituição de 1824 - Não havia atmosfera para se criar algum tipo de fiscalização. Tinha- se o dogma da soberania do Parlamento e o Poder Moderador nas mãos do imperador acima dos demais poderes. Constituição de 1891 - Sob influência no direito norte-americano, estabeleceu-se um controle difuso e concreto. Constituição de 1934 o Surgimento do Princípio da reserva de plenário (nos tribunais, para se declarar a inconstitucionalidade da norma era necessária a maioria absoluta dos votos). o Manutenção do controle difuso com os tribunais seguindo a reserva de plenário. o Surgimento da atribuição do Senado de, em razão de decisão do STF, editar resolução suspendendo a lei declarada inconstitucional (art. 96, da CF/1934). o Nascimento da representação de inconstitucionalidade interventiva – primeira ação do controle concentrado do direito brasileiro, a qual era proposta pelo PGR perante o STF. A RIInterventiva é uma ação do controle concentrado, mas de fiscalização concreta, pois é proposta numa situação de real de conflito federativo. Não há a análise da lei em tese, por isso Clèmerson Merlin Clèvedefende que na verdade, em 1934, houve o surgimento da primeira ação de controle concentrado concreto. Constituição de 1937 - Não houve avanços no controle de constitucionalidade, manteve-se o controle difuso e o princípio da reserva de plenário. Mas não houve menção à representação de inconstitucionalidade interventiva, nem a atuação do Senado na suspensão da lei. Houve a diminuição da participação do judiciário no controle de constitucionalidade. Veja-se: “No caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da República submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois terços de votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal”. (Revogado pela Lei Constitucional nº 18, de 1945) Constituição de 1946 - Recuperou as novidades anteriores de 1934. Manteve o controle difuso, o princípio de reserva do plenário, restaurou o papel do Senado e a RIInterventiva. Reforma constitucional de 1965 - Nascimento do controle abstrato de constitucionalidade de atos normativos federais e estaduais, com a instituição da Representação de Inconstitucionalidade, encaminhada apenas pelo PGR ao Supremo Tribunal Federal, de acordo com a alteração feita ao art. 101, I, “k”, do texto da Constituição de 1946. Constituição de 1967 e a EC 1/1969 - Não fizeram modificações. Constituição de 1988 o Ampliação da legitimação para a propositura da representação de inconstitucionalidade. o Surgimento do controle de constitucionalidade das omissões legislativas de forma concentrada e incidental. o Criação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCT/LCT018.htm 5 o EC n. 3/93 - estabeleceu a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) o EC n.45/04 - ampliou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC, igualando aos legitimados da ADI e estendeu o efeito vinculante, de maneira expressa, para a ADI. Teoria da Anulabilidade x Teoria da Nulidade • A doutrina majoritária brasileira adota a Teoria da Nulidade do Direito norte-americano. Características: o A inconstitucionalidade afeta o plano de validade da norma. o O reconhecimento da inconstitucionalidade é um ato declaratório. o O ato normativo inconstitucional é nulo desde de sua origem. o A decisão produz, em regra, efeitos ex tunc. A teoria tem sido flexibilizada como base no princípio da segurança jurídica e no excepcional interesse social (art. 27, da Lei n. 9.868/99). • A Teoria da Anulabilidade (Hans Kelsen) não adotada pelo direito brasileiro. Características: o O reconhecimento da inconstitucionalidade é um ato constitutivo. o O ato normativo é válido e eficaz até a declaração de sua inconstitucionalidade. o A inconstitucionalidade afeta o plano de eficácia da norma. o A decisão produz, em regra, efeitos ex nunc. Constitucionalidade e Inconstitucionalidade superveniente Constitucionalidade superveniente: fenômeno em que a norma, com vício formal ou material de inconstitucionalidade em seu nascimento, se constitucionaliza por ter se compatibilizado com a alteração do parâmetro. Em regra, a constitucionalidade superveniente é um fenômeno proibido, visto que o vício é congênito e não se convalida com a alteração posterior do parâmetro. Exceção: • ADI 2.240 e ADO 3.682: processo de criação do município Luís Eduardo Magalhães - possibilidade de constitucionalidade superveniente decorrente de decisão judicial. • EC n. 57/2008: correção de vício congênito por decisão política do parlamento. Inconstitucionalidade superveniente: fenômeno em que a norma nascida compatível com a Constituição se torna incompatível em razão da alteração do parâmetro. Em regra, a inconstitucionalidade superveniente é um fenômeno proibido, visto que a compatibilidade da norma deve ser analisada perante a Constituição vigente no momento de seu nascimento. Posterior incompatibilidade em razão da alteração do parâmetro gera a não recepção. Exceção: • Mutação Constitucional • Mudança do substrato fática da norma Tipos de inconstitucionalidade • Material (nomoestática) – o vício não está associado ao aspecto formal, mas ao conteúdo da norma que não se adequa à Constituição. 6 A Constituição se divide em: normas regras e principiológicas. A norma, então, deve ter conteúdo compatível com as normas regras e principiológicas. o Formal (nomodinâmica) – vício relacionado ao processo legislativo, às competências ou aos ritos/procedimentos determinados pela Constituição. Doutrina majoritária: o Subjetivo – Recai sobre vício de inciativa, ou seja, na apresentação dos projetos de lei ou EC, e vício de competência. o Objetivo – Recai sobre os demais atos do processo legislativo, incluído os vícios de rito/procedimento. Ex: Art. 64, caput, da CF - início da tramitação na Câmara dos Deputados. Art. 62, caput, da CF – Medida Provisória – requisitos: relevância e urgência. Art. 60, §1, da CF – limitação circunstancial para EC. Classificação defendida por Barroso: ▪ Orgânica – Vício relacionado à competência (competências federativas). ▪ Propriamente dito – Recai sobre os atos do processo legislativo, incluindo o vício de iniciativa. o Inconstitucionalidade Total - atinge toda a norma. o Inconstitucionalidade Parcial - atinge parte da norma. O Princípio da parcelaridade possibilita ao STF julgar inconstitucional apenas parte do texto legal que está em conflito com a CF, mantendo o que for compatível quando a parte for autônoma. IMPORTANTE! É possível considerar inconstitucional uma palavra ou uma expressão apenas, mantendo em vigor a parcela que seja AUTÔNOMA! Essa parcelaridade decorre da teoria da divisibilidade da lei. CUIDADO! Esse princípio não rege o veto presidencial, por isso o presidente não pode vetar palavras ou expressões. o Inconstitucionalidade Originária – ocorre quando o surgimento da norma objeto da ação é posterior ao parâmetro de controle de constitucionalidade. o Inconstitucionalidade Superveniente – a existência da norma objeto do controle é anterior ao parâmetro, seja norma constitucional originária ou norma constitucional derivada. No Brasil não se adota a teoria da inconstitucionalidade superveniente. Norma válida não se torna inválida diante de nova constituição (RE 396.386, Relator Carlos Veloso). o Inconstitucionalidade por ação – decorre de condutas comissivas, ativas do poder público, ou seja, quando há a criação de normas incompatíveis com a Constituição. o Inconstitucionalidade por omissão – decorre da ausência de elaboração da norma. O Poder Público não criou a norma ou criou de forma insuficiente (conduta omissiva do Poder Público).Ex: art. 37, § 7º - greve do servidor público. 7 IMPORTANTE! O Estado de coisas inconstitucional (ADPF 347) se configura em razão de cenário de transgressão generalizada e frequente de direitos fundamentais, motivada por falhas estruturais e colapso de políticas públicas e que precisa de medidas normativas, administrativas e orçamentárias para sua alteração. Na citada ADPF, o STF entendeu o sistema carcerário brasileiro como estado de coisas inconstitucional e, diante disso, determinou medidas a todos os poderes, flexibilizando a separação dos poderes, a fim de que a situação fosse superada. Modalidades de controle de constitucionalidade o Quanto ao momento: o Controle preventivo (a priori) – recai sobre projeto de lei ou PEC. o Controle repressivo (a posteriore) – recai sobre a lei ou a emenda constitucional IMPORTANTE! 1. A doutrina majoritária entende que norma promulgada pode ser objetivo de controle repressivo, antes mesmo de sua publicação. 2. A norma publicada, mas que ainda está em vacatio legis também pode ser impugnada no controlerepressivo, ainda que não esteja produzindo seus efeitos jurídicos. o Controle preventivo Regra: O controle preventivo normalmente é o controle feito no âmbito político. Ex: o Pareceres das Comissões de Constituição e Justiça - são comissões internas, presentes em todas as casas legislativas, formadas por parlamentares e que têm como função principal apreciar a constitucionalidade dos projetos de lei. o Veto jurídico/formal De acordo com o art. 66, § 1º, da CF/88, se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. O veto político também não é uma hipótese de controle preventivo? Não! No caso do veto político, o Presidente da República entende que o projeto de lei ou a PEC está em desacordo com o interesse público o art. 68, §3º da CF: em caso de delegação legislativa típica – há possibilidade de apreciação pelo Congresso de projeto de lei delegada feita pelo Presidente da República. Exceções: o Controle preventivo judicial – criado no âmbito jurisprudencial, tal controle parte do direito líquido e certo que os parlamentares possuem de participar de processo legislativo que esteja em conformidade com a Constituição. Tem-se a impetração de Mandado de Segurança por parlamentar no curso de processo legislativo inconstitucional para resguardar esse direito. 8 IMPORTANTE! 1. Se no curso do MS o parlamentar perder o cargo, o MS será extinto sem resolução de mérito. 2. Se o projeto se tornar lei ou a PEC se tornar EC, o MS também será extinto, pois não se permite MS contra lei em tese. 3. Em se tratando de projetos de leis a análise a ser feita pelo STF é uma análise apenas formal a respeito do processo legislativo. Quando analise for PEC além do aspecto formal, se permite analise material, pois o art. 60, §4º, da CF deixa claro que não se admite PEC tendente a abolir cláusulas pétreas. 4. Em que pese seja esse um controle preventivo judicial federal, não há óbice que se aplique no âmbito estadual. 5. Esse controle é exemplo de controle preventivo judicial difuso concreto incidental de constitucionalidade. O STF é instado a julgar esse MS em razão das regras de competência da CF, mas não por ser a Corte Constitucional. o Controle repressivo Regra: O controle repressivo normalmente é judicial (sistema difuso e concentrado) Exceções: o Controle repressivo político: parte final do art. 49, V, da CF: É da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. ▪ Atuação do Congresso Nacional no processo de conversão de Medidas Provisórias em lei ordinária: Art. 62, § 5º, da CF/88: A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. ▪ Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. (Súmula editada em 1963, mas ainda não revogada) IMPORTANTE! A súmula 347 foi aprovada em 13/12/1963, ou seja, antes da promulgação da CF/88 que trouxe grandes inovações no controle de constitucionalidade brasileiro, pois reduziu o controle de constitucionalidade incidental ou difuso ao ampliar o número de legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade (art. 103). Dessa forma, foi possível que quase a totalidade das controvérsias constitucionais relevantes fossem submetidas ao STF mediante processo de controle abstrato de normas. O STF tem afastado a aplicação da súmula 347 (STF. Plenário. MS 35410, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/04/2021), porém ainda não é possível dizer que a súmula foi totalmente superada, visto que, no julgamento do MS 35410, manifestaram-se expressamente pela superação da súmula apenas os ministros Gilmar Mendes e Alexandre e Moraes. 9 ▪ ADI 221 – Tese fixada: se permitiu que o Chefe do Poder Executivo pudesse deixar de aplicar lei que entenda violar a CF no âmbito da administração pública sobre o seu comando. Essa decisão precisava ser fundamentada em razão do art. 85, VII, da CF/88, que diz ser crime de responsabilidade atentar contra cumprimento das leis. ADI1415 - O STF passou a entender que o Presidente da República pode até parar de cumprir lei que entenda constitucional, mas deve, imediatamente, ingressar com uma ADI por ser legitimado. ▪ Art. 52, X, da CF - Compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. o Quanto ao órgão: o Controle judicial – feito por órgãos judiciais. o Controle político – feito por órgãos políticos sem atividade jurisdicional – Legislativo e Executivo. o Quanto à finalidade: o Concreto – a análise da constitucionalidade ocorre dentro de um processo subjetivo, ou seja, é feita diante de um caso concreto pela via incidental/ defesa/de exceção. o Abstrato – a análise da constitucionalidade ocorre em um processo objetivo em que a norma é analisada em tese por via de ação/via direta, desvinculada de ocorrência fática. Via de regra o controle difuso é feito na via concreta e o controle concentrado em regra é abstrato. Exceção: ADIInterventiva. o Quanto ao órgão judicial: o Difuso – qualquer órgão do Judiciário com atribuições jurisdicionais pode realizar o controle difuso, desde que haja um caso concreto e que a inconstitucionalidade seja matéria incidental. ▪ Veículo - não há veículo processual específico, podendo ser feito por recursos, ações de natureza civil, tributária, reclamação, etc. ▪ Legitimados - extenso rol de legitimados – qualquer um pode provocar esse controle. Juízes e tribunais sem provocação podem determinar a não aplicação da lei. Obs: STF, em Recurso Extraordinário, tem rechaçado essa possibilidade de reconhecimento de inconstitucionalidade pelo STF sem provocação, pois o RE tem como um dos requisitos o Prequestionamento (AI 700144, STF). Súmula 282 do STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada. ▪ Objeto - qualquer ato normativo pode ser objeto de controle difuso de constitucionalidade: ato normativo federal, estadual, municipal, distrital, norma revogada, norma pré e pós constitucional, normas secundárias, etc. ▪ Forma - feito pela via incidental, via de defesa, via de exceção, incidenter tantum (causa de pedir) 10 ▪ Origem controle difuso - origem norte-americana (Constituição dos Estados Unidos de 1787 - Marbury x Madison. No Brasil, Constituição Republicana 1891. ▪ Parâmetro – apresenta parâmetro mais aberto do que no controle concentrado, permitindo-se a fiscalização de qualquer ato emanado do Poder Público perante qualquer norma constitucional, ainda que já tenha sido revogada. ▪ Efeitos ▪ subjetivos – inter partes (regra). Exceção é possível que a decisão do STF, em controle difuso, gere efeitos erga omnes. ▪ ex tunc (regra) Exceção: STF tem aplicado o art. 27, da Lei 9868/99 também ao controle difuso (modulação dos feitos) Participação do Senado Federal no controle difuso de constitucionalidade realizado pelo STF (art. 52, X, CF/88) Declarada inconstitucional uma lei ou ato normativo inconstitucional no controle difuso em decisão definitiva do STF, a questão será remetida ao Senado Federal, que suspenderá a execução da lei, no todo ou em parte. A permissão do Senado de editar resolução para suspender a norma definida pelo STF como inconstitucionalé em razão da segurança jurídica e para evitar inúmeras demandas constitucionais visando à declaração incidental da inconstitucionalidade da norma. O Senado, segundo a doutrina majoritária, atua de forma discricionária, ou seja, não há obrigatoriedade de se suspender a norma declarada inconstitucional pela STF e também não há prazo para isso. Segundo a doutrina majoritária, o Senado Federal está vinculado ao conteúdo da decisão do Supremo, ou seja, se o STF declarou a inconstitucionalidade total da norma, o Senado não pode suspender parcialmente e vice versa. Quando for norma pré-constitucional, não há necessidade de comunicação ao Senado por não ser caso de controle de constitucionalidade e, caso seja uma ilegalidade de ato normativo secundário, também não precisa haver a comunicação, pois é um caso de juízo de legalidade. IMPORTANTE! 1. A resolução do senado quando editada não pode ser revogada em nome da segurança jurídica. 2. Efeitos da decisão: o José Afonso da Silva e a doutrina majoritária entendem que os efeitos são ex nunc. o MS17.976 – Para Gilmar Mendes e Clèmerson Merlin Clève, os efeitos da resolução devem ser ex tunc. Em nome do princípio da igualdade, não se pode determinar efeitos distintos para quem é parte e quem não é. 11 Mutação constitucional do papel do Senado Federal no controle difuso o Abstrativização do controle difuso. Fundamentos: ▪ força normativa da Constituição e sua supremacia; ▪ uniformidade na aplicação a todos os destinatários; ▪ a posição do STF de Corte Suprema Constitucional; ▪ dimensão política das decisões do STF. Cláusula de reversa de plenário Desde a Constituição de 1934, a apreciação da constitucionalidade feita pelos tribunais (estaduais ou federais) deve obedecer a um procedimento, denominado cláusula de reserva de plenário (ou regra do full bench). Art. 97 da CF: “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público”. Segundo o art. 949, I, do CPC, se a arguição de inconstitucionalidade for “rejeitada, prosseguirá o julgamento”. Se o órgão fracionário do Tribunal considerar que a lei ou ato normativo é realmente inconstitucional, acolhendo a arguição de inconstitucionalidade da parte, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver (art. 949, II, CPC). As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem. As pessoas legitimadas para ajuizar a ADI (ação direta de inconstitucionalidade), previstas no art. 103 da CF, caso requeiram, poderão se manifestar sobre o objeto da ação. É possível também a participação do amicus curiae. Não haverá submissão ao plenário ou órgão especial quando: o já houver pronunciamento anterior do tribunal pleno ou do órgão especial sobre a questão; o já houver pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. Súmula Vinculante 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. IMPORTANTE! 1. Esse princípio não faz distinção entre controle difuso e concentrado, então, tanto no controle difuso quanto no concentrado é necessária sua observação. 2. O desrespeito ao princípio da reserva de plenário, quando obrigatório, gera nulidade absoluta da decisão do órgão fracionário. Não se aplica o art. 97, CPC: • Técnica de interpretação conforme a CF, pois nessa modalidade de decisão temos a conclusão pela constitucionalidade da norma. • Decisão de juízes singulares • Turmas recursais dos Juizados Especiais, pois não são consideradas tribunal pelo STF 12 • O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. (Súmula 347-STF tem sido afastada pelo STF) Acórdão do TCU nº4360/2014 – a norma constitucional da reserva de plenário é dirigida aos tribunais do art. 92 da CF, não alcançando o TCU. • Ilegalidade de ato normativo secundário • Análise de recepção e não recepção • AI582.280. O Tema 441, em repercussão geral pelo STF, trata da observância da reserva de plenário em caso de norma anterior à CF/88. O tema está concluso desde 2018 e não houve julgamento ainda sobre o tema. A jurisprudência consolidada entende que não há necessidade de observância da reserva de plenário quando se trata de recepção ou não da norma. • Aplicação da Cláusula de Plenário ao STF: para o Regimento Interno do STF, a cláusula de reserva de plenário não se aplica às Turmas do STF no julgamento de RE. No RE 361.829, entendeu-se que a remessa ocorrerá quando for relevante arguição de inconstitucionalidade ainda não decidida (art. 22, RISTF). A tendência é que a temática seja rediscutida pelo STF. Principais características do Processo Objetivo de controle de constitucionalidade • Partes: Não há partes como no processo civil clássico. • Objetivo: defesa da ordem jurídica constitucional, ou seja, da supremacia da Constituição • Principais Leis do Processo Objetivo: Lei 9868/99 (ADI, ADO, ADC) e Lei 9882/99 (ADPF) IMPORTANTE! A análise não é puramente da lei em tese. Os fatos também são levados em conta, principalmente quanto à repercussão social da decisão, mas a lei não é analisada dentro de um processo subjetivo, por isso seus efeitos são erga omnes. Em muitos casos é necessário esclarecimentos fáticos: Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento. § 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. o Inadmissão de desistência do pedido o Rol Taxativo de legitimados ativos (art. 103, da CF e art. 2º, da Lei 9868/99) Obs: Nesse rol não encontramos a iniciativa popular, ou iniciativa municipal IMPORTANTE! O STF, na década de 90, buscou instituto do processo subjetivo para limitar a legitimação de alguns legitimados, passando a exigir a pertinência temática para certos legitimados ativos: legitimados especiais (incisos: IV, V, XI). Temos os legitimados universais que não precisam comprovar pertinência temática (incisos: I, II, III, VI, VII, VIII). A pertinência temática nada mais é do que a harmonia entre o objeto da ação do controle concentrado de constitucionalidade e a classe ou população que o legitimado representa. o Ausência de intervenção de terceiros 13 Lei 9868/99, art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades. Obs: O Amicus curiae não é parte, não é terceiro, mas um colaborador da decisão do tribunal o Ausência de legitimidade passiva propriamente dita o Flexibilização do Princípio da Congruência (adstrição): o juiz em processo subjetivo está limitado ao pedido da parte. No processo objetivo, esse princípio é relativizado em nome da economia processual, segurança jurídica e supremacia da Constituição. Diante disso, é possível que, analisando a constitucionalidade de uma norma, se entenda pela inconstitucionalidade de outrapor arrastamento, mesmo que não haja pedido nesse sentido. A inconstitucionalidade por arrastamento, também é conhecida como: consequencial, por atração, por reverberação normativa. Dois tipos de arrastamento: o Horizontal – dentro da mesma norma. o Vertical – a declaração da inconstitucionalidade de lei primária pode arrastar seus efeitos ao decreto regulamentar que regula a lei declarada inconstitucional. o Causa de pedir é aberta – é possível que o autor impugne a lei alegando que há vicio de forma e o STF entenda que há apenas vício de matéria e vice e versa (ADI 4444). o Não há prazo de natureza prescricional ou decadencial, pois a inconstitucionalidade não é convalidada com o tempo (ADI1247) o As decisões de mérito do STF no processo objetivo são irrecorríveis, salvo a oposição de embargos de declaração o Não admite ação rescisória o Efeitos: erga omnes o Efeitos vinculantes O efeito vinculante alcança os órgãos do Judiciário e a administração pública federal, municipal, distrital, estadual. Não atinge: Poder Legislativo e o STF. o Não há suspeição, mas é possível o impedimento Legitimados para propositura das Ações de Controle Concentrado de Constitucionalidade – ADI, ADO, ADPF, ADC IMPORTANTE! As partes legítimas para propositura da ação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais, contestados em face da constituição estadual perante o TJ local, serão especificadas em cada constituição estadual. O art. 125, § 2.º, CF/88, veda, no âmbito estadual, a atribuição da legitimação a um único órgão. O rol TAXATIVO de legitimados está previsto no art. 103, da CF/88. Vejamos: Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 14 I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal. § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado. § 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IMPORTANTE! 1. Antes da EC 45/2004, os legitimados ativos para propositura da ADC estavam no §4º, do art. 103, da CF/88. A ADC foi criada pela EC 03/93 e criou o §4º, do art. 103, da CF/88 permitindo apenas à Mesa da Câmara, Mesa do Senado, PGR e Presidente da República o ajuizamento da ADC. A doutrina questionava esse número reduzido para declaração de constitucionalidade perante os numerosos legitimados para declaração da inconstitucionalidade. A EC 45/2004 veio corrigir essa discrepância entre os legitimados. 2. O inciso VI, do art. 103, da CF/88 também foi alterado pela EC 45/2004. Antes só se contemplava a Mesa das Assembleias Legislativas dos estados. A EC trouxe a Câmara do DF, a qual já era considerada legitimada pela jurisprudência, mas, depois da EC 45/2004, essa legitimidade se tornou expressa. Antes da EC 45/2004, só havia o governador do estado como legitimado e a emenda tornou expressa a legitimidade do governador do DF. Na ADI 4.654, o STF entendeu que os Municípios não podem figurar no rol de entidades legitimadas para a propositura de ação direita de inconstitucionalidade. Na ADPF 148 AgR, o STF ratificou o entendimento de que os Prefeitos não são legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade, bem como entendeu que, os que não têm legitimidade para ajuizar ADI também não têm para ADPF. Capacidade Postulatória O STF definiu, na ADI 127, que “salvo os partidos políticos com representação no Congresso Nacional, as confederações sindicais e as entidades de classe de âmbito nacional, os demais legitimados à propositura de ação direita de inconstitucionalidade, ostentam capacidade processual plena.” Ou seja, partidos políticos com representação no Congresso Nacional, as http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art9 15 confederações sindicais e as entidades de classe de âmbito nacional, não apresentam capacidade postulatória para ajuizar ações do controle concentrado. IMPORTANTE! O Procurador do Estado não terá sua ação de controle concentrado de constitucionalidade recebida pelo STF, pois o governador é quem tem legitimidade e não o estado por meio de sua procuradoria. Antes da CF/88, como já visto, tínhamos a Representação de Inconstitucionalidade que só podia ser manejada pelo PGR. Com a CF/88, houve a proliferação de legitimados ativos. O STF, por isso, trouxe do processo subjetivo o instituto da pertinência temática (pressuposto qualificador da legitimidade ad causam) para restringir a legitimidade de certos autores. Como é analisada a pertinência temática? A pertinência temática é composta pela relação de harmonia entre o objeto da ação e o interesse de categoria determinada ou da população determinada. Legitimados que precisam comprovar pertinência temática (legitimados especiais): • Mesa da Assembleia Legislativa e Câmara do DF • Governador • Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Os demais são legitimados universais e, por isso, não precisam comprovar a pertinência temática Partidos Políticos O partido político também não precisa comprovar pertinência temática, pois a CF/88 deu um papel muito democrático aos partidos políticos, então, não faz sentido restringir sua legitimidade. Partidos Políticos precisam ter representação em uma das casas do Congresso Nacional para terem legitimidade. E se o partido perde a sua representação no curso do feito? Permanece no polo ativo da ação, pois a representação deve ser comprovada na propositura da ação. A perda no curso do feito não o desqualifica (ADI 2.618 AgR-AgR e ADI 2.427). Partido político. Legitimidade ativa. Aferição no momento da sua propositura. Perda superveniente de representação parlamentar. Não desqualificação para permanecer no polo ativo da relação processual. Objetividade e indisponibilidade da ação.[ADI 2.618 AgR-AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 12-8-2004, P, DJ de 31-3-2006.]= ADI 2.427, rel. min. Eros Grau, j. 30-8-2006, P, DJ de 10-11-2006 Partido político. Ação direta. Legitimidade ativa. Inexigibilidade do vínculo de pertinência temática. Os partidos políticos, desde que possuam representação no Congresso Nacional, podem, em sede de controle abstrato, arguir, perante o STF, a inconstitucionalidade de atos normativos federais, estaduais ou distritais, independentemente de seu conteúdo material, eis que não incide sobreas agremiações partidárias a restrição jurisprudencial derivada do vínculo de pertinência temática. [ADI 1.407 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 7-3-1996, P, DJ de 24-11- 2000.] http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=2618&CLASSE=ADI%2DAgR%2DAgR&cod_classe=597&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M&EMENTA=2227 http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=390690&pgI=1&pgF=100000 http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=347037 16 Os diretórios regionais ou locais dos partidos não podem fazer uso das ações do controle concentrado, apenas do Diretório Nacional do partido. A representação partidária perante o STF, nas ações diretas, constitui prerrogativa jurídico- processual do diretório nacional do partido político, que é – ressalvada deliberação em contrário dos estatutos partidários – o órgão de direção e de ação dessas entidades no plano nacional.[ADI 779 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 8-10-1992, P, DJ de 11-3-1994.] Sindicatos (Confederação sindical) Estrutura sindical: sindicatos, federações e confederações (art. 535, da CLT) A confederação sindical precisa não só comprovar a pertinência temática, mas também que é uma confederação, já que não se admite que sindicatos e federações possam fazer uso das ações do controle concentrado. Preliminarmente, não tenho como legitimadas à ação as federações sindicais autoras (Federação Nacional dos Estivadores, Federação Nacional do Conferentes e Consertadores de Carga e Descarga Vigias Portuários – Trabalhadores de Bloco e Arrumadores, e Federação dos Portuários). Cuida-se de entidades sindicais que não atendem ao requisito do inciso IX do art. 103 da Constituição, porque seu nível não é de confederação sindical. São entidades sindicais de segundo grau. Nesse sentido, as decisões do Plenário na ADI 433/DF, ADI 853-6/DF e ADI 868-4/DF. [ADI 929 MC, voto do rel. min. Néri da Silveira, j. 13-10-1993, P, DJ de 20-6-1997.] = ADI 4.224 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 1º-8-2011, P, DJE de 8-9-2011 Entidades de classe de âmbito nacional As entidades de classe são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que representam uma categoria econômica ou profissional. As entidades de classe precisam comprovar a pertinência temática, bem como comprovar o âmbito nacional. Para se configurar o âmbito nacional o STF, aplica por analogia, o art. 8º da lei 9096/95. Das entidades de classe, a única que não precisa comprovar a pertinência temática, de acordo com o entendimento do STF, é o Conselho Federal da OAB por conta da CF/88 ter reforçado o papel do advogado como essencial à justiça. Confederações Federações Sindicatos http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=363408 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=922 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266567 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266571 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266571 http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=346699&pgI=1&pgF=100000 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=627113 17 Além disso, a entidade de classe deve comprovar a homogeneidade em sua atuação, ou seja, que representa interesses homogêneos da categoria que representa (ADI 386). Vejamos o que entendeu o STF na ADI 5444: “A Anup carece de legitimidade para a propositura da ADI, na medida em que representa apenas as instituições particulares de ensino superior e o campo de aplicação da norma impugnada abrange, expressamente, o “serviço privado de educação”, sem qualquer delimitação. “Seu escopo de defesa dos interesses das universidades particulares brasileiras não alcança toda a categoria econômica em questão”. As associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus representados. Vejamos a ADI 36.1717: IMPORTANTE! 1. A CUT e a UNE não podem ajuizar ação do controle concentrado federal, pois não são entidades de classe ou confederação sindical. 2. Até 2005, o STF entendia que as entidades de classes de âmbito nacional para terem legitimidade deveriam ser compostas por membros da categoria. Mas se verificou que muitas entidades de classes de âmbito nacional são formadas por entidades regionais (associações de associações ou entidade de segundo grau). Apenas em 2006 (ADI 315, ADI2.797 e ADI 2.860), analisando o caso concreto da Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (FENACA), o STF entendeu que essas associações de segundo grau possuem legitimidade. 3. Tendência de ampliação do rol de legitimados voltada à defesa e à realização dos direitos fundamentais: Na ADPF 527, o Min. Barroso entendeu pela legitimadade ativa da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), mesmo não sendo uma categoria econômica ou profissional sob o seguinte argumento: “superação da jurisprudência. A missão precípua de uma Suprema Corte em matéria constitucional é a proteção de direitos fundamentais em larga escala. Interpretação teleológica e sistemática da Constituição de 1988. Abertura do controle concentrado à sociedade civil, aos grupos minoritários e vulneráveis”. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 18 • Previsão constitucional: Art. 102, I, a, da CF/88. • Origem: a ADI nasceu como uma Representação de Inconstitucionalidade pela EC 16/1965 que alterou a CF/1946. Como vimos, a Representação de Inconstitucionalidade não inaugurou o controle concentrado, antes tivemos a ADIInterventiva (ação do controle concentrado concreto). Mas a Representação de Inconstitucionalidade genérica inaugurou o controle concentrado abstrato de constitucionalidade, cujo o propósito é defender em tese a supremacia na Constituição. A RI só poderia ser proposta pelo PGR. Com a CF/88, a RI tornou-se a ADI com rol de legitimados no art. 103, I a IX, da CF e art. 2º da Lei 9868/99. • Efeitos: art. 102, §2º, da CF/88 cuida dos efeitos erga omnes e vinculantes. • Código do Processo Objetivo de Constitucionalidade: Lei 9868/99 – concentra as regras do processo objetivo. • Finalidade: declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual que viole da CF, seja formal, material, total ou parcial a depender do vício. • Objeto da ADI Podem ser objeto da ADI, de acordo com art. 102, I a, da CF: o Lei ou ato normativo ▪ Lei: é fruto da vontade do Legislativo e do Executivo, pois passa por um processo legislativo completo. Ex: lei ordinária e lei complementar. ▪ ato normativo com autonomia jurídica, abstração, generalidade e impessoalidade: tem características de lei, porém seu processo de produção é diferente. Ex: EC, MP, lei delegadas, decretos autônomos, decretos legislativos. ▪ Federal ou estadual – leis e atos normativos do DF que podem ser objeto de ADI devem ser de matéria estadual. ▪ Editados posteriormente à edição da CF/88. Não se adota a teoria da inconstitucionalidade superveniente, podendo ser analisado pela ADPF ou pelo controle difuso. ▪ Em vigor Se a lei perde vigência depois da ADI, ela, em regra, perde o objeto e deve ser extinta sem resolução do mérito. Todos as leis e atos normativos previstos no art. 59, da CF/88 podem ser objeto de ADI. Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Todas leis e atos normativos quando federais ou estaduais podem ser objeto de ADIquando tiverem a validade extraída diretamente da Constituição. São chamadas normas primárias. 19 ▪ Emendas de revisão ▪ Medidas provisórias O STF entende que a MP é uma norma precária. Se no curso da ADI, a MP for transformada em lei ordinária sem alterações ou com alterações não substanciais, não haverá prejuízo ao regular procedimento da ADI, devendo o autor promover aditamento à petição inicial, informando que houve essa transformação. Se no curso da ADI a MP for rejeitada ou convertida em lei ordinária com alterações substanciais, a regra, é que haverá a perda do objeto e ação será julgada extinta sem decisão de mérito – entendimento clássico do STF. IMPORTANTE! 1. Os requisitos constitucionais de relevância e urgência (art. 62, caput, da CF/88) podem ser objeto de controle jurisdicional? O STF decidiu ser possível desde que o exame seja feito em caráter excepcional (ADI 4.029). 2. Quando a MP entra no ordenamento jurídico, não há a revogação imediata da lei anterior, mas a suspensão da eficácia. A revogação ocorre quando se torna lei ordinária. Não há, portanto, um prejuízo imediato à ADI quando uma MP é editada revogando a lei que está sendo questionada em ADI. Mas se for convertida em lei, a revogação se opera e a ADI perde ser objeto. ▪ Decreto autônomo (art. 84, VI, da CF) O STF entende o decreto autônomo como sendo uma norma primária com validade extraída diretamente da CF dotada de generalidade e abstração (ADI 6121). ▪ Regimento Interno dos Tribunais, com base do art. 96, I, a, CF, também pode ser objeto de ADI. ▪ Resolução do TSE que tenha em seu conteúdo norma de decisão de caráter abstrato, geral e autônomo. Ex: O STF entendeu que as resoluções do TSE que estabelecem a fidelidade partidária, e a possibilidade do parlamentar mudar de partido sem a perda do cargo são resoluções abstratas e podem ser objeto de ADI. ▪ Leis/ atos normativos de efeitos concretos Apresentam-se como lei (passou pelo processo legislativo completo), mas o conteúdo é de ato administrativo. O STF entende que as leis orçamentárias têm viés de leis de efeitos concretos por não terem generalidade abstração. Contudo, na ADI 5449, o STF entendeu ser possível a impugnação em controle abstrato de constitucionalidade de leis orçamentárias. A jurisprudência clássica entende que leis de efeito concreto não pode ser objeto da ADI por serem em seu conteúdo atos administrativos, mas, como dito temos agora exemplos de que esse entendimento n STF tem sido flexibilizado. ▪ Resoluções do CNJ e CNMP O STF, na ADC nº 12, reconheceu o poder normativo do CNJ – Resolução nº 07 – nepotismo no Judiciário – ato normativo primário passível de impugnação por ADI por ser norma primária extraída da CF. O mesmo entendimento foi adotado sobre as resoluções do CNMP (ADI 4263) ▪ Deliberação administrativa dos tribunais Rega: não são atos normativos primários e, por isso, não podem ser objeto de ADI 20 Exceção: na ADI 1244, o STF entendeu ser cabível ADI conta deliberação administrativo do Tribunal que determina o pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV em reais aos magistrados e servidores, em razão da generalidade e abstração. ▪ Portarias O STF entende que são ato de natureza administrativa, mas podem ser objeto de ADI quando tiveram caráter genérico e abstrato (ADI 962) Ex: Portaria n. 158/2016 do Ministério da Saúde e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que restringem a doação de sangue por homossexuais (ADI 5.543). O que não pode ser objeto de ADI: o Normas constitucionais originárias com presunção absoluta de constitucionalidade o Projetos de leis ou PECs “não se admite o controle de constitucionalidade jurisdicional preventivo e abstrato (ADI) de meras proposições normativas, já que estas não ensejam inovação formal na ordem jurídica. Pressupõe a existência de espécies normativas definitivas, perfeitas e acabadas” (ADI 466) Obs: Lei ou o ato normativo em vacatio legis, pode ser objeto de controle concentrado via ADI. o Normas municipais o Leis distritais de natureza municipal o Normas pré-constitucionais o Sumulas vinculantes ou não o Normas já revogadas o Normas secundárias – ofensa reflexa e indireta à Constituição (especificidade, concretude) o Leis de efeitos concretos o Decretos regulamentares (ADI 4409), pois tem validade extraída indiretamente da Constituição, havendo apenas uma crise de legalidade O STF tem aceito o princípio da fungibilidade, principalmente nas situações de zona cinzenta entre a natureza do decreto. Se for proposta ADI e se entender ser ato normativo secundário é possível recebe-la como ADPF, salvo em caso de erro grosseiro. Efeitos da revogação do ato normativo/lei objeto da ADI ▪ Regra: a perda do objeto gera a extinção do feito sem julgamento de mérito. ▪ Exceções: ▪ Não haverá perda do objeto, caso fique demonstrado que houve fraude processual, ou seja, caso a norma tenha sido revogada de forma proposital para evitar que o STF a declare inconstitucional e anule os efeitos produzidos pela norma. ▪ Não haverá perda de objeto quando o conteúdo foi repetido em sua essência em outro diploma normativo. ▪ Caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado sobre a revogação da norma, nesse caso, não é possível reconhecer a prejudicialidade da ADI já julgada. Procedimento e características marcantes do processo objetivo (ADI genérica) • Previsão constitucional e normativa: §§ 1.º e 3.º do art. 103 da CF/88 e Lei 9868/99. 21 Hipóteses de indeferimento liminar: • Petição inicial inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente será indeferida pelo Relator. O que se considera como manifestamente improcedente? A ação direta de inconstitucionalidade que questiona norma cuja constitucionalidade já tenha sido expressamente declarada pelo Plenário da Corte, mesmo que em recurso extraordinário (ADI 4.071), salvo em caso de ocorrência de significativas modificações de ordem jurídica, social ou econômica ou superveniência de argumentos mais relevantes do que aqueles antes prevalecentes. Caso não haja indeferimento liminar, haverá pedido de informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado no prazo de 30 dias do recebimento do pedido.Posteriormente, serão ouvidos o AGU (15 dias) que, em regra, fará a defesa da lei/ato normativo impugnado e o PGR (15 dias) que emitirá parecer favorável ou desfavorável, atuando como custos legis. Hipóteses de flexibilização da atuação do AGU: o Quando Corte já fixou entendimento pela inconstitucionalidade (ADI 1.616/PE, ADI 2.101/MS, ADI 3.121/SP e ADI 3.415/AM). o Quando a defesa do ato conflita com os interesses da União. Como já foi dito acima, o art. 7.º, caput, da Lei n. 9.868/99 veda a “intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade”. Contudo, em caso de relevância da matéria e a representatividade dos postulantes é possível admitir a participação do amicus curiae. Trata-se de modalidade suis generis de intervenção de terceiros, que traz legitimação social às decisões da Suprema Corte em razão de sua perspectiva pluralística. Características da participação do amicus curiae: o Admissão é decidida pelo relator (preenchimento dos requisitos, conveniência e oportunidade), mas o Tribunal pode não referendar a admissão e afastar. o Decisão de admissão e de inadmissão é irrecorrível. o Requisitos: relevância da matéria e representatividade dos postulantes. o Objetivo: auxiliar a instrução processual. o O amicus curiae somente pode demandar a sua intervenção até a data em que o relator liberar o processo para pauta (ADI 4.071). o Direitos: apresentar sustentação oral (art. 131, § 3.º, do Regimento Interno do STF). o Limites: não tem direito a formular pedido, aditar o pedido já delimitadopelo autor da ação, recorrer ou requerer medida cautelar. 22 IMPORTANTE! É possível a admissão do “amicus curiae”: 1. na ADC? Sim, pela aplicação por analogia da regra do amicus curiae da ADI. PEC Paralela do Judiciário (PEC n. 29-A/2000-SF e 358/2005-CD) – prevê a identidade entre os objetos da ADC e da ADI. 2. Na ADPF? Sim, pela aplicação por analogia da regra do amicus curiae na ADI (ADPF 205, ADPF 132, ADPF 33 e ADPF 183). 3. Na ADO? Sim, com base no art. 12-E, da Lei n. 9.868/99. 4. Na ADIInterventiva? Sim, com base no art. 7.º, parágrafo único, da Lei n. 12.562/2011 Quem pode ser amicus curiae? Aquele capaz de representar, de forma adequada, o interesse que busca ver protegido no processo. FPPC, enunciado 127: “A representatividade adequada exigida do amicus curiae não pressupõe a concordância unânime daqueles a quem representa” Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações será possível a realização de: • Perícia • Audiência Pública Obs: a primeira audiência pública ocorreu na ADI 3.510 (ADI contra a utilização de células- tronco de embriões humanos em pesquisas e terapias) • pedido de informações aos Tribunais superiores, federais e estaduais Para a declaração de inconstitucionalidade é necessária a maioria absoluta dos votos dos membros do STF (6 ministros). Ambivalência da ADC e ADI Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória. Efeitos da Decisão (em regra, o STF entende que a decisão passa a valer a partir da publicação da ata da sessão de julgamento no DJE) • Erga omnes • Vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital. Obs: O efeito vinculante não atinge o Legislativo, a fim de se impedir a fossilização da Constituição, e o Poder Judiciário e Executivo quando no exercício de funções atípicas. • Regra: ex tunc (ato nulo) • Exceção: ex nunc (segurança jurídica e excepcional interesse social) Exige: Voto de 2/3 dos membros do STF. A modulação pode ser para algum momento do passado, no momento do julgamento, ou para o futuro (efeito prospectivo). • Efeito repristinatório - restabelecimento do ato normativo anterior que for revogado pela norma declarada inconstitucional, salvo se houver modulação dos efeitos. Obs: Pedido de análise da inconstitucionalidade da lei que vai voltar a produzir efeitos em razão do efeito repristinatório da decisão precisa ser feito expressamente. Todo o “complexo normativo”, ou seja, toda a “cadeia normativa” precisa ser impugnado sob pena de não conhecimento da ADI (ADI 2.574), tendo como limite temporal o advento da nova Constituição (ADI 3.660) • Desconstituição da coisa julgada 23 o É cabível ação rescisória contra decisão transitada em julgado fundada em lei que vem a ser, em momento posterior, declarada inconstitucional (sentença inconstitucional) ou que declarou inconstitucional lei posteriormente declarada constitucional pelo STF. Obs: É necessário respeitar o prazo decadencial de 2 anos contado do trânsito em julgado da decisão individual (Rcl 2.600), salvo revisão criminal. Exceção: situações excepcionais de conflito da segurança jurídica com demais outros valores constitucionais. Ex: RE 363.889 (realização de exame de DNA). o Embargos rescisórios (Art. 525, § 12, do CPC): considera-se inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. Art. 525, §§14 e 15, do CPC: A decisão do Supremo Tribunal Federal deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda. Após o trânsito em julgado caberá ação rescisória com prazo contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal) Na mesma linha: Art. 535, §§ 5, 7 e 8, do CPC. Modalidades de Decisão • Declaração da inconstitucionalidade • Declaração da constitucionalidade • Declaração da inconstitucionalidade parcial com redução de texto • Interpretação conforme a constituição • Nessa modalidade tem-se uma lei ou um ato normativo plurissignificativo que tenha pelo menos uma interpretação que esteja em conformidade com a constituição. O intérprete deve fixar essa interpretação conforme a CF e afastar as demais que estejam em desconformidade, tendo como resultado a manutenção da norma no mundo jurídico. • Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto. Essa modalidade ocorre quando é possível extrair o sentido da norma que seja inconstitucional sem reduzir seu texto. Não há a fixação de uma única forma de interpretar, mas a retirada de um sentido que é violador da constituição. Como tem-se a declaração da inconstitucionalidade, há a necessidade de observação da reserva de plenário. • Requisitos da petição inicial: o O legitimado deverá, na propositura da ação, indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado, bem como os fundamentos jurídicos referentes a cada impugnação. o Juntada aos autos de cópia dos documentos relativos ao processo legislativo de formação da lei ou ato normativo federal quando alegado vício formal de inconstitucionalidade. Características da decisão em ADI • Carácter Dúplice • Impessoalidade • Generalidade • Abstração • Torna os atos considerados inconstitucionais nulos. • Aplicação do Princípio de parcelaridade (interpretação conforme com redução de texto (ADI 1.227-8)) Pedido de Cautelar em ADI 24 • Previsão constitucional: art. 102, I, “p”, da CF/88 • Requisitos: decisão por maioria absoluta (6 Ministro) • Em regra, é feita audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, salvo em caso de excepcional urgência. • Faculdade: oitiva AGU e PGR no prazo de 3 dias. • Efeitos do deferimento: o Erga omnes o Em regra, ex nunc o Reaplicação da legislação anterior • Efeitos do indeferimento o Não significa a confirmação da constitucionalidade da norma. o Não há efeito vinculante, por isso não se admite reclamação (Rcl 3.458 AgR). Reclamação • Natureza Jurídica, segundo a doutrina majoritária e o STF: exercício constitucional de direito de petição (ADI 2.480). • Finalidade: o garantir a autoridade da decisão proferida pelo STF, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, desde que o ato judicial impugnado não tenha transitado em julgado (S.734/STF, 26.11.2003). o resguardar a correta aplicação das súmulas vinculantes (art. 103-A, § 3.º, CF/88). • Requisitos para cabimento da reclamação o Decisão do STF com efeito erga omnes o Pedro Lenza entende como sendo um requisito que a previsão do efeito vinculante das decisões do STF venha diretamente da Constituição. Obs: esse entendimento não é encampado pelo STF. • Legitimados o Até o julgamento de questão de ordem na Reclamação n. 1.880, em 07.11.2002, os legitimados eram apenas os previstos no art. 103 da CF/88 (art. 2.º da Lei n. 9.868/99) e a Reclamação deveria ter o mesmo objeto da ADI. Após, o STF, por maioria de votos, declarando constitucional o parágrafo único do art. 28 da Lei n. 9.868/99, considerou legítimos todos aqueles que forem atingidos por decisões contrárias ao entendimento firmado pela Suprema Corte no julgamento de mérito proferido em ação direta de inconstitucionalidade. IMPORTANTE! Segundo o STF, é possível, em julgamento de reclamação, a mudança na interpretação dada a determinado ato normativo (e que serviu de paradigma), declarando,inclusive, a sua inconstitucionalidade incidental. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE • Surgimento: Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993 • Finalidade: o confirmar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal e, segundo Pedro Lenza, tornar absoluta a presunção relativa de constitucionalidade. o Afastar insegurança jurídica 25 • Objeto: lei ou ato normativo federal (art. 102, I, a, da CF/88) • Competência: STF • Legitimados o Antes da EC n.45/06: ▪ Presidente da República; ▪ Mesa do Senado Federal; ▪ Mesa da Câmara dos Deputados; ▪ Procurador-Geral da República. o Depois da EC n.45/06: os mesmos legitimados para a propositura de ADI genérica • Procedimento (semelhante ao da ADI genérica) Primeiramente, entendeu-se não ser necessária a citação do AGU, porém em razão da natureza dúplice e ambivalente da ADI e ADC, entende-se ser cabível sua intimação. O PGR atua como custos legis • Requisito da Petição Inicial: o o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; o o pedido, com suas especificações; o demonstração de controvérsia judicial quanto à constitucionalidade de lei ou ato normativo federal • Regras de votação e quórum – mesmas da ADI genérica Obs: É necessário o voto de 6 ministros reconhecendo a constitucionalidade da norma • Vedada a intervenção de terceiros, mas cabível amicus curiae • Vedada a desistência • Efeitos da decisão em ADC o Erga omnes o Ex tunc o vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário, salvo STF, e à Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, excluído o Poder Legislativo. • Medida Cautelar em ADC (art. 21 da Lei 9868/99) o Efeitos: suspenção do julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo por maioria absoluta do STF. Prazo: 180 dias. A decisão em Medida Cautelar pode ter feito vinculante e erga omnes, sendo cabível Reclamação (ADC n.4) ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF) • Criação: CF/88 por meio de norma de eficácia limitada (§1º, do art.102, da CF). A Lei 9882/1999, que regulamenta o §1º, do art.102, da CF apenas nasceu em 1999. • Previsão constitucional e legal: art. 102, § 1.º da CF/88 e Lei n. 9.882/99. • Modalidades: o Arguição autônoma ▪ Objeto • evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. 26 O objeto não é limitado aos atos normativos, incluindo também atos administrativos e decretos regulamentares. Obs: o veto presidencial não é caracterizado como ato do Poder público, mas como ato político (ADPF 1-RJ). ▪ Caráter preventivo e repressivo. O conceito de preceito fundamental é uma construção doutrinária, e do STF, não havendo, até o presente momento, um conceito exato. Nesse sentido, Cássio Juvenal Faria inclui como preceitos fundamentais: “normas qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais normas constitucionais, por exemplo, os ‘princípios fundamentais’ do Título I (arts. 1.º ao 4.º); os integrantes da cláusula pétrea (art. 60, § 4.º); os chamados princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); os que integram a enunciação dos direitos e garantias fundamentais (Título II); os princípios gerais da atividade econômica (art. 170); etc.”. Para Bulos, “qualificam-se de fundamentais os grandes preceitos que informam o sistema constitucional, que estabelecem comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária”. Como exemplos o autor lembra os arts. 1.º, 2.º, 5.º, II, 37, 207 etc. O STF, na ADPF nº1, disse competir ao STF o juízo acerca do que se considera como preceito fundamental. • ADPF nº33 - rol exemplificativo de preceitos fundamentais: o Princípios fundamentais (arts. 1º a 4º, da CF); o Direitos e garantias fundamentais (art. 5º a 17 da CF); o Princípios sensíveis do art. 34, VII; o Princípios que regem a Adm. Pública; o Cláusulas pétreas do art. 60, §4º da CF. • Competência (102, § 1.º, da CF): STF • Objeto da ADPF autônoma o Lei municipal o Norma pré-constitucional (ADPF 54, APDF 130, ADPF 378). o Atos infralegais (ADPF 186 – analisando cotas na Universidade de Brasília) o Ato do Poder Público normativo ou não pode ser objeto de ADPF, mas o veto do chefe do poder executivo não pode ser objeto (ADPF nº1). o Atos omissivos do Poder Público (ADPF 347 – atos omissivos dos estados, DF e a União no que tange à situação insalubre no sistema carcerário brasileiro – estado de coisa inconstitucional). o ADPF 80 – STF entendeu que as súmulas têm via própria para serem revisadas e canceladas e, por isso não podem ser objeto de ADPF. o Decisões judiciais ADPF 127 (decisão monocrática do Ministro Teori Zavascki) – decisões judiciais podem ser objeto de ADPF ADPF 405 - Cabimento de ADPF contra conjunto de decisões judiciais que determinaram a expropriação de recursos do Estado-membro o ADPF 81 (decisão monocrática do Ministro Celso de Mello) – decisões judiciais transitadas em julgado não podem ser objeto de ADPF • Legitimidade ativa – art. 103, I a IX, da CF. O art. 2º, II, da Lei 9882/99 previa a inciativa popular para propositura de ADPF, mas foi vetado. 27 • Procedimento o Requisitos da Petição Inicial ▪ indicação do preceito fundamental que se considera violado; ▪ indicação do ato questionado; ▪ prova da violação do preceito fundamental; ▪ pedido, com suas especificações; ▪ se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado. o Princípio da subsidiariedade (caráter residual, pressuposto negativo de admissibilidade): não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade. ▪ ADPF 76 – se couber ADI, ADC ou ADO não caberá ADPF ▪ Impossibilidade de tramitação simultânea de ADI e ADPF (ADPF 191) ▪ Na ADPF 100, o STF rejeitou ADPF por entender que quando uma lei municipal viola a CE em norma de observância obrigatória e, como consequência, também viola a CF, inicialmente se abrem duas possibilidades de impugnação :ADI estadual a ser julgada pelo TJ e a ADPF a ser julgada pelo STF. Em razão da natureza residual da ADPF, nesse caso a ADPF será rejeitada. o Diferencial em relação ao procedimento da ADI genérica: é possível que se ouça as partes dos processos que ensejaram a arguição incidental. o Cabível, sob autorização do relator, sustentação oral e juntada de memoriais, por requerimento dos interessados no processo. o PGR (art. 7º, §1º) – atua como custos legis se não for o autor da ADPF o AGU – O relator pode convocar o AGU, mas não há atuação obrigatória o Cabível amicus curiae o Regras de votação e quórum – mesmas da ADI genérica o A decisão de improcedência ou procedência é irrecorrível tal qual a ADI genérica. o Cabível Reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo STF em ADPF o Efeitos da decisão ▪ comunicação às autoridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental. ▪ Decisão imediatamente autoaplicável ▪ Erga omnes ▪ Vinculante ▪ Em regra, ex tunc • Medida Liminar (art. 5.º da Lei n. 9.882/99) o Decisão por maioria absoluta o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. o O STF vem aplicando em sua integralidade o art. 5.º, § 3.º, da Lei 9.882/99. • Princípio da fungibilidade entre ADPF e ADI (instrumentalidade e celeridades processuaisx necessidade de não se baratear os institutos) o Fundamento: caráter subsidiário da ADPF o Requisitos ▪ Dúvida objetiva 28 ▪ Não se tratar de erro grosseiro (ADPF 314 AgR/DF) o Ex: ▪ ADPF 143 como ADI 4.180-REF-MC ▪ ADPF 178 como ADI 4.277 Segundo o STF: “é lícito conhecer de ADI como ADPF, quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela” (ADI 4.163) o Arguição incidental ▪ Previsão legal: art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.882/99 ▪ Objeto: controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual, municipal, incluídos os anteriores à Constituição (hipótese limitada aos atos normativos) Obs: ocorre uma cisão funcional no plano vertical (de órgãos das instâncias ordinárias para o STF). ▪ Características: ▪ não tem fundamento constitucional direto. ▪ nasce de um processo judicial subjetivo como questão acessória, prejudicial ao mérito. ▪ pressupõe a existência de lide intersubjetiva na qual tenha surgido uma controvérsia constitucional relevante. ▪ legitimados ativos: os mesmos da ADPF autônoma ▪ Obs: o juiz recebe essa ADPF no curso do processo subjetivo e remete ao STF. Constitucionalidade da ADPF incidental o A constitucionalidade da ADPF incidental está sendo questionada na ADI 2.231 (matéria pendente) Gilmar Mendes entende ser constitucional, visto que permite a antecipação de decisões sobre controvérsias constitucionais relevantes, permite solver definitivamente e com eficácia geral, controvérsia relevante sobre a legitimidade do direito ordinário pré- constitucional em face da nova Constituição e fornece diretriz para o juízo sobre a legitimidade ou a ilegitimidade de atos de teor idêntico, editados pelas diversas entidades municipais. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO • Surgimento: CF/88, inspirada no art. 283 da Constituição Portuguesa. • Previsão constitucional e legal: art. 103, §2ª, da CF/88 e Lei n. 12.063/2009. • Objetivo: combater a chamada “síndrome de inefetividade das normas constitucionais”. • Art. 103, § 2.º, da CF/88 afirma que, declarada a inconstitucionalidade por omissão, será dará: o Ciência ao poder competente para a adoção das providências necessárias (sem prazo). o Quando o poder competente for órgão administrativo, o prazo para adoção de providências é de 30 dias. IMPORTANTE! Na ADO temos o controle concentrado da inefetividade das normas constitucionais, no Mandado de Injunção temos o controle difuso da inefetividade das normas constitucionais. 29 • Espécies de omissão o Total/absoluta – total descumprimento do dever de normatizar. Ex: art. 37, VII, da CF/88 o Parcial ▪ Propriamente dita: regulação deficiente. Ex: art. 7, IV (salário mínimo) ▪ Parcial relativa: o ato normativo existe e outorga determinado benefício a certa categoria mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido contemplada. (Súmula Vinculante n. 37/2014) • Podem ser omissos: o Poder Legislativo o Poder Executivo (atos secundários de caráter geral: regulamentos, instruções, resoluções etc.) o Poder Judiciário (por exemplo, a omissão em regulamentar algum aspecto processual em seu Regimento Interno). A edição da norma durante a tramitação da ADO resulta em sua extinção por perda de objeto, bem como o encaminhamento de projeto de lei sobre a matéria ao Congresso Nacional (ADI 1.836, ADI 130-2/DF). Não é cabível ADO em caso de processo legislativo já desencadeado (ADI 2.495), Contudo o STF, na ADO 3.682, entendeu ser cabível em caso de “conduta manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas” (inertia deliberandi). • Não se aplica o princípio da fungibilidade entre MI e ADO (MI395-QO) • Competência: STF • Legitimados: os mesmos da ADI genérica • Procedimento: o mesmo da ADI genérica o Peculiaridades Segundo Clèmerson Merlin Clève, “não há prazo para a propositura da ação. É evidente, entretanto, que sem o transcurso de um prazo razoável, aferível caso a caso, não haverá omissão inconstitucional censurável, mas sim mera lacuna técnica (omissão constitucional e omissão constitucional em trânsito para a inconstitucionalidade)”. • Medida Cautelar o Efeitos: suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como a suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. • Efeitos Obs: em regra, em nome do Princípio da tripartição dos Poderes, não é permitido ao Poder Judiciário legislar, salvo em hipótese prevista constitucionalmente • Constituir o Poder competente em mora (art. 103, §2ª, da CF/88): o Poder competente: será dada ciência ao poder competente, sem fixação de prazo para a adoção das providências necessárias o Órgão administrativo: deverá suprir a omissão da medida no prazo de 30 dias, sob pena de responsabilidade, ou, na dicção do art. 12-H, § 1.º, da Lei n. 9.868/99, em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido. o ADO 3.682 ajuizada em razão da ausência de regulamentação do art. 18, § 4, da CF/88). 30 Apesar de existirem no Congresso Nacional diversos projetos de lei visando à regulamentação, é possível constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e aprovação da lei complementar em referência. Houve a imposição de prazo ao Congresso Nacional, fixando um parâmetro temporal razoável de atuação. Foi criada a EC n. 57/2008, que acrescentou o art. 96 ao ADCT: “ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”. Portanto, a EC 57/2008 trouxe uma manobra legislativa para a convalidação de vício formal por meio do mecanismo de constitucionalidade superveniente. A EC n. 57/2008 ainda não teve a constitucionalidade analisada pelo STF, apesar deste já ter aceitado os termos da referida emenda em caso concreto. • Novas tendências (ADOs 24, 25 e 26) o ADO 24 (medida cautelar – julgamento monocrático) O Art. 27 da EC n. 19/98 estabelecia o prazo de 120 dias para a criação da lei de defesa do usuário de serviços públicos. Foi fixado pelo STF o prazo de 120 dias para que o Congresso Nacional elaborasse a lei. Apenas após 19 anos da EC n. 19/98, descumprindo o prazo fixado pelo STF, a lei foi publicada trazendo prazos desarrazoados para sua vigência. o ADO 25 (posição concretista intermediária) – O STF fixou prazo de 12 meses para o Congresso Nacional sanar a omissão de lei complementar nacional definindo critérios para transferência constitucional obrigatória da União para os Estados e o DF a fim de atenuar os impactos financeiros decorrentes da desoneração do ICMS. Findo o prazo, determinou- se que caberá ao TCU: a) fixar o valor do montante total a ser transferido aos Estados- membros e ao DF, considerando os critérios do art. 91 do ADCT; b) calcular o valor das quotas a que cada um deles fará jus. o ADO 26/MI 4.733 (concretista direta, geral e com efeito vinculante) - O STF reconheceu estado de mora inconstitucional na incriminação à homofobia. Apesar da cientificação do Congresso Nacional, o STF deu interpretação conforme à Constituição e enquadrou a homofobia e a transfobia (racismo social) nos tipos penais definidos na Lei n. 7.716/89. • Fungibilidade entre ADI e ADO - a atual jurisprudência do STF admite a fungibilidade (ADI n. 1.987/DF, ADI n. 875/DF, ADI n. 2.727/DF e ADI n. 3.243/DF)). ADI INTERVENTIVA • Surgimento: Constituição de 1934 • A Representação Interventiva é realizada pelo PGR ao STF em caso violação aos princípios sensíveis da Constituição. • Conceito: “(...) litígio constitucional, de uma relação processual
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