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Direito Internacional Público - Tratados e sua Aplicação

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Aula 03
Direito Internacional Público p/ CACD
(Diplomata) Primeira Fase - Com
Videoaulas - Pós-Edital
Autores:
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
Aula 03
17 de Julho de 2020
Sumário 
 
Direito dos Tratados (Parte II)............................................................................................................................. 3 
1. Conclusão e Entrada em vigor dos tratados .................................................................................................. 3 
1.1. Processualística dos Tratados: .................................................................................................................... 3 
1.2. Registro e Publicidade ................................................................................................................................. 8 
1.3. Reservas ...................................................................................................................................................... 9 
1.4. Entrada em vigor ....................................................................................................................................... 13 
1.5. Aplicação Provisória de tratados .............................................................................................................. 15 
2. Observância, Aplicação e Interpretação dos Tratados ................................................................................ 24 
2.1. Tratados x Direito Interno ......................................................................................................................... 24 
2.2. Irretroatividade dos Tratados ................................................................................................................... 26 
2.3. Aplicação Territorial de Tratados .............................................................................................................. 26 
2.4. Conflito entre Tratados ............................................................................................................................. 27 
2.5. Interpretação dos Tratados....................................................................................................................... 28 
2.6. Efeitos dos tratados sobre terceiros Estados............................................................................................ 29 
3. Emenda e Modificação dos Tratados ........................................................................................................... 37 
3.1. Modificação expressa................................................................................................................................ 37 
3.2. Modificação Tácita .................................................................................................................................... 38 
4. Nulidade, Extinção e Suspensão dos Tratados............................................................................................. 39 
4.1. Vícios do Consentimento .......................................................................................................................... 39 
4.2. Nulidade convencional .............................................................................................................................. 43 
4.3. Extinção dos Tratados ............................................................................................................................... 44 
5. Relação entre o Direito Internacional e o Direito Interno ........................................................................... 56 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
Aula 03
Direito Internacional Público p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
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5.1. Correntes doutrinárias .............................................................................................................................. 56 
5.2. Hierarquia dos tratados comuns no Brasil ................................................................................................ 57 
5.3. Hierarquia dos tratados de direitos humanos no Brasil ........................................................................... 58 
Considerações Finais ......................................................................................................................................... 72 
Lista de Questões .............................................................................................................................................. 72 
Gabarito ........................................................................................................................................................... 87 
 
INTRODUÇÃO 
Olá, pessoal, tudo bem? 
Como antes dito, neste curso de Direito Internacional, pretendemos dar o máximo de conteúdo para que você 
se sinta bem durante a sua preparação. Na segunda aula sobre o Direito dos Tratados, fonte do direito 
internacional por excelência, estudaremos os tratados internacionais e a sua processualística. Além disso, 
veremos também como se relacionam Direito Internacional e Direito Interno na ordem constitucional 
brasileira. 
Abraços, 
Prof. Ricardo Vale 
Prof. Matheus Atalanio 
Nosso contato para quaisquer dúvidas ou sugestões: 
Prof. Ricardo Vale 
E-mail: ricardovale@estrategiaconcursos.com.br 
Instagram: https://www.instagram.com/profricardovale/ 
Telegram: https://t.me/direitoconstitucionalconcursos/ 
Prof. Matheus Atalanio 
Instagram: https://www.instagram.com/matalanio/ 
Telegram: https://t.me/matalanio/ 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
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DIREITO DOS TRATADOS (PARTE II) 
Nessa aula, focaremos na parte processualística dos tratados. Além da verificarmos como se relacionam o 
direito internacional e o direito interno no Brasil. 
1. CONCLUSÃO E ENTRADA EM VIGOR DOS TRATADOS 
1.1. PROCESSUALÍSTICA DOS TRATADOS: 
Para entender a processualística dos tratados, analisaremos o processo convencional sob a ótica brasileira. 
No Brasil, a celebração de um tratado envolve diversas fases, algumas internacionais e outras internas. São 
elas: i) negociações; ii) adoção do texto; iii) assinatura; iv) autorização pelo Congresso Nacional; v) ratificação; 
vi) publicação e promulgação. 
1.1.1. Negociações: 
É a fase inicial do processo de celebração de um tratado. 
Em regra, as negociações ocorrem no âmbito de uma organização internacional ou de uma conferência 
internacional especialmente convocada para esse mister, chamadas de “rodadas de negociação” ou, 
simplesmente, “rodadas”. 
A responsabilidade pela condução das negociações é das autoridades competentes para concluir os tratados. 
Todavia, nem sempre os Chefes de Estado ou de Governo participam diretamente dos atos da negociação.1 
Na prática, sabe-se que é mais comum que as negociações sejam conduzidas por funcionários que tenham 
plenos poderes para representar o Estado, denominados de plenipotenciários2. 
Em virtude da pluralidade de idiomas dos Estados envolvidos em uma negociação, é necessário que sejam 
escolhidos os idiomas em que esta será desenvolvida, assim como aqueles em que será produzida a versão 
autêntica do texto convencional3. 
1.1.2. Adoção do texto: 
Não se pode confundir a adoção do texto do tratado com a assinatura. 
 
1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: Incluindo Noções de Direitos Humanos e de Direito Comunitário, 9ª ed. Salvador: 
JusPODIVM, p. 101. 
2 AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Manual do Candidato: Direito Internacional. Brasília: FUNAG, 2018, p. 206. 
3 A versão autêntica do tratado é aquela que é efetivamente assinada pelas partes contratantes. Já a versão oficial é aquela que resulta da tradução, para seu 
próprio idioma, feita pelos Estados contratantes. As versões autênticas dosacordos da OMC são em inglês, espanhol e francês. No entanto, existe a versão oficial 
dos acordos da OMC em português. 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
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A adoção do texto é o momento final da fase de negociações, quando se tem um texto convencional 
produzido pelas partes contratantes. O texto adotado é aquele que seguirá para a assinatura. 
Tendo em vista a dificuldade de que um texto convencional seja resultado da unanimidade da vontade das 
partes reunidas em uma conferência internacional, o art. 9º da Convenção de Viena de 1969 estabeleceu o 
seguinte: 
Artigo 9 - Adoção do Texto: 
1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração, exceto 
quando se aplica o disposto no parágrafo 2. 
2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes 
e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa. 
Pela regra do art. 9º da CV/69, a adoção do texto do tratado ocorrerá, prioritariamente, pelo consentimento 
de todos os Estados envolvidos na negociação. Entretanto, caso não seja possível o consentimento unânime, 
admite-se a adoção do texto do tratado pelo quórum de 2/3 dos Estados presentes e votantes em uma 
conferência internacional, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa. 
1.1.3. Assinatura: 
Após a adoção do texto do tratado, este seguirá para a assinatura. A assinatura representa, em regra, o 
consentimento provisório de um Estado em se obrigar ao texto de um tratado. Ela expressa o mínimo de 
vontade do Estado em proceder ao exame da questão, para, posteriormente, engajar-se definitivamente. 
Mas atenção! Nos acordos em forma simplificada, a assinatura poderá, todavia, representar o 
consentimento definitivo. 
No Brasil, a assinatura de um tratado é responsabilidade do Presidente da República, conforme prevê o art. 
84, inciso VIII da CF/88 (“Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções 
e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.”) 
Um fato que nos chama a atenção é o de que a literalidade do texto constitucional brasileiro prevê que as 
competências privativas do Presidente da República não podem ser delegadas, salvo em algumas exceções, 
dentre as quais não está relacionado o inciso VIII. Assim, em tese, não seria possível a delegação a outros 
agentes estatais da competência para celebrar tratados internacionais. O Presidente seria o único 
responsável por assinar todos os tratados. 
É claro que essa, por ser totalmente desarrazoada, não é a prática em vigor. Podem assinar tratados, por 
delegação presidencial, o Ministro das Relações Exteriores e os agentes que detenham a carta de plenos 
poderes.4 A solução jurídica para o problema não é, como se pode perceber, dada pelo texto constitucional, 
mas sim por uma interpretação da Constituição Federal à luz do princípio da razoabilidade e de um costume 
internacional já positivado na CV/69. 5 
 
4 Recorde-se que os chefes de missão diplomática e os representantes acreditados junto a uma conferência ou organização internacional podem apenas adotar o 
texto de um tratado. 
5 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 43-45. 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
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Mas quais são os efeitos da assinatura de um tratado já que ela representa apenas um consentimento 
provisório? 
A assinatura representa, de fato, o consentimento provisório, mas isso não quer dizer que ela seja desprovida 
de valor jurídico. Ao contrário, são vários os efeitos da assinatura. 
O art. 18 da CV/69 estabelece que um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrem o 
objeto e a finalidade do tratado quando houver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do 
tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção 
de se tornar parte no tratado. Com efeito, a assinatura representa uma obrigação moral e política do Estado 
em não atuar de forma a comprometer o objeto do tratado. Trata-se de obrigação fundamentada no 
princípio da boa-fé. 
Outro efeito da assinatura é o de que ela serve para autenticar o texto de um tratado que, a partir de então, 
não poderá mais ser unilateralmente alterado. Ao mesmo tempo, a assinatura significa que o Estado aceita 
as normas costumeiras previstas no tratado.6 Durante muito tempo, a CV/69, embora não ratificada pelo 
Brasil, foi aplicada por esse Estado na condição de costume internacional. 
1.1.4. Autorização pelo Congresso Nacional: 
O tratado, após ter sido assinado, não tem o condão de vincular definitivamente o Estado, o que ocorrerá 
somente após a ratificação. A ratificação compete ao Chefe do Poder Executivo, que é o responsável pela 
representação externa do Estado. Todavia, a maior parte dos países, assim como o Brasil, resolveu permitir 
a participação do Poder Legislativo no processo de conclusão de tratados. 
A participação do Poder Legislativo na processualística dos tratados tem como objetivo permitir que o povo 
faça parte da formação da vontade do Estado ao atuar no plano internacional. Ao mesmo tempo, 
representa um controle parlamentar sobre a atuação internacional do Poder Executivo, o que está em plena 
consonância com o moderno sistema de tripartição dos poderes, que propugna pela existência de “freios e 
contrapesos”. 
Após a assinatura do tratado pelo Presidente da República, este poderá submetê-lo à apreciação do 
Congresso Nacional. Ressalte-se que a comunicação entre o Presidente da República e o Congresso Nacional 
se dará mediante Mensagem Presidencial. 
A Mensagem Presidencial é, então, enviada, juntamente com uma exposição de motivos, à Câmara dos 
Deputados. Uma vez aprovado o tratado na Câmara dos Deputados, ele seguirá para a aprovação do Senado 
Federal. Caso o Senado Federal aprove o tratado, será promulgado, então, um decreto legislativo pelo 
Presidente do Senado. 
O decreto legislativo é o ato que materializa a aprovação do tratado pelo Congresso Nacional. Ele representa 
uma autorização para que o Presidente da República ratifique o tratado no plano internacional. Com efeito, 
o Poder Legislativo não tem voz exterior, para fins de representação do Estado brasileiro. Assim, a 
competência para ratificação é do Presidente da República, que encarna a representação externa da 
 
6 VARELLA, Marcelo Dias. Op. Cit. pp. 43-45. 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
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República Federativa do Brasil. O que o Congresso Nacional faz é apenas autorizar que o Chefe do Poder 
Executivo proceda à ratificação. 
Uma leitura mais rápida e descuidada do art. 49, inciso I, da CF/88 pode induzir alguns a acreditarem, 
equivocadamente, que a ratificação é competência do Poder Legislativo. Isso porque, segundo o art. 49, 
inciso I, da CF/88, compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, 
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional. 
Ora, se o Congresso Nacional resolve definitivamente sobre tratados, não seria ele o responsável pela 
ratificação? Essa é a grande pergunta que se faz! 
Grande parte da doutrina reconhece que a redação do art. 49, inciso I, da CF/88 é inadequada e imprecisa. 
A ratificação é competência do Presidente da República, sendo o Congresso Nacional competente apenas 
para autorizá-la. Dessa forma, empregando-se a Teoria do Effet Utile ou do Efeito Útil7, a interpretação mais 
adequada doart. 49, inciso I, da CF/88, é a de que o Congresso Nacional resolve definitivamente sobre um 
tratado quando o rejeita.8 Quando ele o aprovar, a palavra final caberá ao Presidente da República, a quem 
cabe ratificá-lo. 
1.1.5. Ratificação: 
A assinatura dos tratados é vista pelo grande público como o momento mais marcante do procedimento 
convencional. Entretanto, em poucas situações, ela representa o comprometimento definitivo do Estado. O 
compromisso definitivo do Estado é, em regra, manifestado apenas pela ratificação. 
A ratificação é o ato internacional pelo qual o Estado se compromete definitivamente a vincular-se ao texto 
de um tratado. Por ser um ato internacional, é o Poder Executivo o competente para realizá-la. No caso 
específico do Brasil, o Congresso Nacional apenas autoriza a ratificação, que é feita pelo Presidente da 
República. 
 
No Brasil, a ratificação é competência do Presidente da República. 
O Congresso Nacional apenas autoriza a ratificação por meio de decreto legislativo. 
 
7 O Princípio da Efetividade ou do Effet Utile, também conhecido como Teoria do Efeito Útil prega que expressões ambíguas ou obscuras devem ser interpretadas 
conforme o sentido que lhes atribua maior eficácia possível. A lógica é que um tratado deve ser interpretado de modo a atribuir efeito e significado a todos os seus 
termos. Embora não esteja previsto na CV/69, o uso desse princípio é disseminado na jurisprudência internacional. 
8 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 314-315. 
Matheus Atalanio, Ricardo Vale
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O fundamento da existência da ratificação reside, entre outros motivos, na necessidade de controle dos atos 
dos plenipotenciários pelo Chefe do Poder Executivo e na importância de o Poder Legislativo, por meio de 
exame prévio, participar da formação da vontade nacional. 
A ratificação é um ato unilateral e discricionário. Nesse sentido, pode o Presidente da República, mesmo 
após autorizado pelo Congresso Nacional, deixar de proceder à ratificação. Ou indo ainda mais longe, após 
ter assinado o tratado, o Presidente pode simplesmente deixar de enviá-lo à apreciação do Congresso 
Nacional, frustrando todo o prosseguimento da processualística convencional. Por ser um ato discricionário, 
não há, em regra, um prazo para que o Estado ratifique o tratado. 
É possível, todavia, em situações excepcionais, que um tratado preveja um lapso temporal dentro do qual 
os Estados poderão proceder à ratificação. Nesse caso, passado o prazo previsto, o Estado não poderá 
ratificar o tratado. O caminho mais adequado para ingressar no domínio jurídico da norma convencional 
será, então, a adesão. 
A ratificação é ato irretratável, mesmo antes de o tratado ter entrado em vigor. Para desfazer o seu vínculo 
com o tratado, o Estado terá como instrumento a denúncia unilateral, nas hipóteses em que esta for 
autorizada. 
A ratificação é também um ato expresso. Assim, não há que se falar em ratificação tácita, perfazendo-se esta 
apenas por meio de documento escrito. 
Os tratados bilaterais, para que entrem em vigor e passem a produzir efeitos jurídicos, deverão ser 
ratificados pelas duas partes contratantes. Há dois procedimentos usuais para que isso se realize: a troca dos 
instrumentos de ratificação e a notificação de ratificação. 
A troca dos instrumentos de ratificação é um ato solene pelo qual representantes dos dois Estados trocam 
entre si, simultaneamente, os documentos que comprovam as respectivas ratificações. Por sua vez, a 
notificação de ratificação é a comunicação que um Estado faz a outro sobre a realização da ratificação. 
Já nos tratados multilaterais, são muitas as partes envolvidas, o que torna complicado que cada Estado, ao 
ratificar o tratado, comunique o feito a todos os outros. Surge, então, a figura do depositário, que pode ser 
um Estado ou até mesmo uma organização internacional. O depositário é o responsável por receber e manter 
sob sua guarda todos os instrumentos de ratificação, mantendo os Estados contratantes informados sobre o 
status das ratificações. Quando o tratado estiver apto para entrar em vigor, quer por ter atingido um número 
mínimo de ratificações, quer por ter sido ratificado por todos os Estados, o depositário irá informar sobre 
essa condição aos Estados contratantes. 
1.1.6. Publicação e promulgação: 
Como vimos, a ratificação é ato internacional de competência do Presidente da República que representa o 
compromisso definitivo do Estado em vincular-se a um tratado. Cumpridas as condições previstas no tratado, 
ele estará, então, apto a entrar em vigor no plano internacional para o Estado ratificante. 
Entretanto, a entrada em vigor do tratado no ordenamento jurídico interno dependerá, no caso brasileiro, 
de um procedimento adicional do Chefe do Poder Executivo. Após proceder à ratificação, o Presidente da 
República deverá expedir um decreto executivo, por meio do qual irá promulgar e publicar o texto do 
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tratado no Diário Oficial da União. A partir da publicação do decreto executivo, considera-se que o tratado 
foi internalizado no ordenamento jurídico brasileiro, estando apto a entrar em vigor. Destaque-se que uma 
condição para que um tratado entre em vigor no plano interno é que ele já esteja em vigor no plano 
internacional. Com efeito, não há sentido em aplicar um tratado internamente sem que este tenha entrado 
em vigor internacional. 
É importante, nesse momento, explicarmos a distinção entre promulgação e publicação. 
• A promulgação é o ato pelo qual se atesta que o a lei (no caso, o tratado) é válida, executável e 
obrigatória. 
• A publicação é o ato que dá conhecimento público à norma (no caso, o tratado). Assim, o decreto 
executivo é responsável por promulgar o texto do tratado, sendo, adicionalmente, publicado no 
Diário Oficial da União. 
Cabe destacar que a doutrina entende que os tratados que necessitam da aprovação do Congresso Nacional 
devem ser promulgados e publicados. Já os acordos executivos, justamente por conta que não dependem 
de autorização do Congresso Nacional, são apenas publicados no Diário Oficial da União. 9 
 
1.2. REGISTRO E PUBLICIDADE 
Uma prática comum na história da diplomacia internacional foi a da celebração de acordos secretos entre os 
Estados, o que, para além de comprometer a transparência, colide frontalmente com os princípios 
democráticos. 
Com vistas a impedir os acordos secretos, o art. 102 da Carta da ONU dispõe o seguinte: 
Art. 102 
1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer Membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor 
da presente Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados pelo Secretariado. 
2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha sido registrado de conformidade com as disposições 
do parágrafo 1º deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo perante qualquer órgão das Nações Unidas. 
Da leitura do art. 102 da Carta da ONU, extrai-se a obrigação da Secretaria-Geral da ONU de registrar e 
publicar todos os tratados concluídos por qualquer de seus Estados-membros. Somente os tratados 
registrados e publicados pela Secretaria-Geral poderão ser invocados perante os órgãos das Nações Unidas. 
Dessa forma, um Estado não poderá invocar, em uma controvérsia submetida à Corte Internacional de 
Justiça10, um tratado que a Secretária-Geral da ONU não tiver registrado. 
 
9 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 324 & REZEK, Francisco. Direito 
Internacional Público:curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 78 – 79. 
10 A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário das Nações Unidas. 
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É relevante destacar que o registro do tratado pela Secretaria-Geral da ONU não é condição necessária 
para que ele entre em vigor. Um tratado em vigor que não tenha sido registrado continua obrigando as 
partes contratantes, não podendo, entretanto, ser invocado perante um órgão da ONU. 
 
1.3. RESERVAS 
1.3.1. Definição e Generalidades: 
Segundo a CV/69, “reserva é uma declaração unilateral qualquer que seja a sua redação ou denominação, 
feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de 
excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado.” 
As reservas podem ser divididas conceitualmente em: 
• Reservas Exclusivas: Funcionam no sentido de afastar o efeito dos dispositivos para o Estado que formulou a reserva. 
• Reservas ou Declarações Interpretativas: Funcionam no sentido de explicar como um Tratado Internacional será aplicado 
ao Estado. 
É interessante compreender em qual momento poderá ser feita uma reserva. A regra geral, utilizada para as 
Reservas Exclusivas, é de que seja feito no momento da assinatura, ratificação, aceitação ou aprovação de 
tratado ou, ainda, de adesão a tratado. 
No entanto, nos termos do art. 21 da CV/69, as Reservas ou Declarações Interpretativas fogem à regra geral 
e podem ser feitas em momento posterior, desde que pactuada entre os Estados-parte, mediante acordo 
relativo à interpretação do tratado e a sua aplicação. 
As reservas não são admissíveis em todos os casos. O art. 19 da CV/69 estabelece as situações em que as 
reservas não poderão ser formuladas. Vejamos: 
Artigo 19 - Formulação de Reservas: 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: 
a) a reserva seja proibida pelo tratado; 
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou 
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 
Da leitura do art. 19, depreende-se que são três as situações em que há restrições à formulação de reservas: 
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a) Quando a reserva for proibida pelo tratado: Se o tratado dispuser expressamente que não podem ser 
formuladas reservas a nenhum de seus dispositivos, as reservas serão, então, proibidas. É o caso, por 
exemplo, do Estatuto de Roma11, que não admite reservas a nenhum de seus dispositivos. 
b) Quando o tratado dispuser que somente podem ser formuladas determinadas reservas, entre as quais 
não figura a reserva em questão: Como exemplo, imagine que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai 
celebrem um tratado que preveja expressamente que só podem ser apresentadas reservas aos art. 30 a art. 
35. Nessa situação, nenhum dos Estados contratantes poderá apresentar reservas ao art. 1º. 
c) Quando a reserva for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. Há determinados dispositivos 
de um tratado que podemos considerar como sendo sua parte central, sua “alma”. Por exemplo, o art. 26 da 
CV/69, sobre o qual estudaremos mais à frente, instituiu a regra “pacta sunt servanda”, que é o fundamento 
de validade dos tratados internacionais. Não existiriam tratados internacionais, muito menos teria sentido a 
CV/69, sem a regra “pacta sunt servanda”. Dessa forma, entendemos que nenhum Estado pode apresentar 
reservas ao art. 26 da CV/69, sob pena de violar de forma grave e irreversível o objeto e a finalidade da 
referida convenção. 
Do exposto no art. 19, extrai-se que, para saber se há possibilidade de apresentação de reservas a um 
tratado, é necessário, prioritariamente, analisar-se o texto do tratado, uma vez que há alguns que, 
expressamente, vedam as reservas ou as limitam a certos dispositivos. Caso o texto do tratado seja silente, 
a CV/69 determina que as reservas são possíveis, desde que não sejam incompatíveis com o texto do 
tratado. 
Uma controvérsia jurídica bastante importante é acerca da competência para a formulação de reservas. 
Trata-se de competência limitada ao Poder Executivo? Ou o Poder Legislativo também pode apresentar 
reservas a um tratado? 
A doutrina não é unânime na resposta a essas perguntas. Para Francisco Rezek, apenas o Poder Executivo 
pode apresentar reservas a um tratado internacional. O Poder Legislativo, na visão do autor, poderia apenas 
aprovar com restrições um tratado, o que seria, a posteriori, traduzido em reservas pelo Poder Executivo no 
momento da ratificação12. 
Já no entendimento do Prof. Valério Mazzuoli, é plenamente possível a aposição de reservas a um tratado 
pelo Congresso Nacional13. O autor fundamenta sua posição no conceito de reservas trazido pela CV/69, que 
admite sejam elas apresentadas por um Estado ao aprovar um tratado. Recorde-se que aprovação é ato por 
meio do qual o Congresso Nacional autoriza a ratificação pelo Presidente da República. Nesse sentido, a 
própria CV/69 autorizaria a aposição de reservas pelo Poder Legislativo. 
 
11 Estatuto de Roma (2002) é o tratado que instituiu o Tribunal Penal Internacional (TPI) . 
12 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 68 – 69. 
13 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 217-220 
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Para concursos públicos, recomendo que levem o entendimento adotado pelo Prof. Valério Mazzuoli. 
No concurso de Procurador da Fazenda Nacional – 2007, foi considerada correta questão que afirmava que 
o Congresso Nacional pode apresentar reservas ao texto de um tratado, ainda que estas não tenham sido feitas no 
momento da assinatura. 
É relevante destacar que, uma vez que as reservas sejam formuladas pelo Poder Legislativo, o Presidente 
da República somente poderá ratificar o tratado com as ditas reservas. A ratificação, no entanto, conforme 
já se comentou, é ato discricionário do Presidente e ele poderá, caso não concordar com as ressalvas do 
Poder Legislativo, simplesmente deixar de manifestar o consentimento definitivo do Estado ao tratado 
internacional. 
Outro ponto controverso relacionado às reservas é quanto à possibilidade de que, havendo o Poder 
Executivo apresentado reservas por ocasião da assinatura do tratado, estas sejam suprimidas pelo Congresso 
Nacional ao aprová-lo. 
Mais uma vez a doutrina se divide... 
Para Francisco Rezek14, o Congresso Nacional poderia, em seu exame, recomendar o abandono de reserva 
feita pelo governo por ocasião da assinatura do tratado. Entretanto, outros autores, como João Hermes 
Pereira de Araújo, citado por Mazzuoli, entendem que, uma vez apresentadas as reservas pelo governo no 
momento da assinatura, não cabe ao Congresso Nacional suprimi-las15. 
Em outras palavras, se o tratado for assinado com reservas, o Congresso Nacional não poderá adotá-lo na 
íntegra. 
 
Para concursos públicos, vamos adotar a tese defendida pelo jurista João Hermes Pereira de Araújo. Na prova 
de Procurador da Fazenda Nacional – 2007, foi considerada correta assertiva que afirma o seguinte: 
 
14 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 68 – 69. 
15 MAZZUOLI, Valério de Oliveira.Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 219. 
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“Caso o tratado seja assinado com reservas, o Congresso Nacional não tem poderes para adotar o tratado em sua 
íntegra.” 
Assim, entende-se que o Congresso Nacional não poderá suprimir reservas efetuadas pelo Poder Executivo. 
É importante termos cuidado para não confundir as reservas com as emendas a tratados internacionais. Mais 
à frente, estudaremos com mais calma sobre as emendas a tratados. Por ora, basta sabermos que trata-se 
de procedimento por meio do qual os Estados-parte em um tratado podem modificar o texto do tratado. 
No Brasil, as emendas devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional mediante decreto legislativo. Mas, 
perceba-se, o Poder Legislativo não terá nunca poder para formular emendas a um tratado internacional, 
eis que estas são negociadas em conjunto pelos Estados-parte do tratado a ser emendado. 
1.3.2. O processo das reservas: 
Os tratados internacionais podem, em seu bojo, versar sobre o tema das reservas, dizendo se estas são ou 
não permitidas. Quando o tratado regulamentar as reservas, não haverá dúvidas quanto à possibilidade de 
os Estados as formularem. Entretanto, caso o tratado seja silente a respeito das reservas, é dizer, não as 
regulamente, estaremos diante de um problema. 
Segundo o art. 19 da CV/69, quando o tratado não disser nada a respeito das reservas, estas serão possíveis, 
desde que não sejam incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado. 
Mas como saber se uma reserva é ou não incompatível com o objeto e a finalidade do tratado? 
Difícil encontrar uma resposta... 
Na verdade, quando o tratado for silente a respeito das reservas e uma reserva for apresentada, abre-se a 
possibilidade para que todos os demais Estados-parte no acordo manifestem sua aceitação ou objeção às 
reservas. 
A aceitação de uma reserva poderá ser expressa ou tácita. Desde que o tratado não disponha diversamente, 
uma reserva é tida como aceita tacitamente por um Estado se este não formulou objeção à reserva no 
prazo de 12 (doze) meses da data da notificação ou, caso o Estado tenha ratificado ou aderido ao acordo 
após a reserva, não tenha formulado, nessa data, uma objeção. 
Vamos visualizar com um exemplo! 
É assinado um tratado entre os Estados “A”, “B”, “C” e “D”. O Estado “D”, ao ratificar o tratado, formula uma 
reserva. Como o tratado não regulamenta as reservas, abre-se a possibilidade para que os Estados “A”, “B’ e 
“C” expressem sua aceitação ou objeção a elas. Passam-se 12 meses sem que o Estado “A” tenha objetado 
as reservas, logo considera-se que houve aceitação tácita da reserva pelo Estado “A”. Da mesma forma, se 
um Estado “E” adere ao acordo e, no momento da adesão (que é posterior à formulação da reserva por “A”), 
não apresenta objeção à reserva, considera-se que ele a aceitou tacitamente. 
Se todos os Estados-parte aceitarem a reserva, não teremos grandes problemas. Estes só começam a 
aparecer quando algum Estado apresentar objeção à reserva. Temos várias situações reguladas pela CV/69: 
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a) Se o tratado for o ato constitutivo de uma organização internacional: a reserva exigirá a aceitação do órgão 
competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente. 
b) Se há um número limitado de Estados negociadores e isso nos levar a crer que o tratado deve ser aplicado na íntegra 
entre todas as partes: a reserva irá requerer a aceitação de todas as partes. É o caso, por exemplo, de tratados bilaterais, 
em que uma reserva, a princípio, representa um convite à renegociação do texto convencional. 
c) Se as reservas forem incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado e isso nos leva a crer que o tratado deve ser 
aplicado na íntegra entre todas as partes: será necessário que todas as partes aceitem a reserva. 
d) Se alguns Estados apresentaram objeções e outros aceitaram a reserva: nesse caso, haverá uma duplicidade de regime 
jurídico. Entre o Estado autor da reserva e aqueles que apresentaram objeções, vigora o tratado sem as disposições 
da reserva. Já entre o Estado autor da reserva e aqueles que a aceitaram, vigora o tratado com as disposições 
modificadas pela reserva. Perceba-se que, mesmo tendo sido apresentadas objeções à reserva, isso não impede que 
o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a reserva e o Estado que formulou a objeção. 
Quando falamos em reservas, podem surgir, ainda, outros questionamentos. Será que uma reserva poderá 
ser retirada? E quanto às objeções às reservas? Elas também poderão ser retiradas? 
A resposta para as perguntas está prevista pelo art. 22 da CF/69. 
a) Uma reserva poderá ser retirada a qualquer momento, desde que o Tratado Internacional não disponha de outra 
forma. A retirada da reserva independe do consentimento dos Estados que a tiverem aceitado. 
b) Uma objeção a uma reserva poderá ser retirada a qualquer momento, desde que o Tratado Internacional não 
disponha de outra forma. 
Tanto a reserva, quanto a objeção à reserva, ambas, devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos 
Estados contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de se tornar partes no tratado. 
Vale ressaltar que a reserva não modifica as disposições do tratado quanto às demais partes no tratados 
em suas relações recíprocas. Isso quer dizer que, se o Estado A formulou reservas a um tratado, isso não 
afeta as relações estabelecidas por esse mesmo tratado entre os Estados B e C, que não formularam a 
mencionada reserva. 
 
1.4. ENTRADA EM VIGOR 
O art. 24 da CV/69 dispõe expressamente que, em regra, um tratado entra em vigor na forma e na data 
nele previstas ou acordadas pelos Estados negociadores. Em outras palavras, a entrada em vigor de um 
tratado será determinada pelo próprio texto do tratado. 
É bastante comum, ao lermos o texto de um tratado, que vejamos cláusulas dispondo sobre sua vigência. A 
CV/69, por exemplo, dispõe em seu art. 84 o seguinte: “A presente Convenção entrará em vigor no 30º dia 
que se seguir à data do depósito do trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.” Por sua vez, o 
Tratado de Assunção (que instituiu o MERCOSUL) estabelece que entrará em vigor 30 dias após a data do 
depósito do terceiro instrumento de ratificação. 
Perceba, caro (a) amigo (a), que é o texto do próprio tratado que dispõe sobre quando ele entrará em vigor. 
A vigência do tratado pode ser de dois tipos: 
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a) Vigência contemporânea: são os tratados que passam a produzir efeitos jurídicos no exato momento em que as partes 
manifestam seu consentimento definitivo. Ex: tratado entra em vigor após ser ratificado por 5 Estados. 
b) Vigência diferida: são os tratados que começam a produzir efeitos jurídicos somente após um lapso temporal posterior 
ao momento em que foi expresso o consentimento definitivo pelas partes. Em outras palavras, são os tratados que 
começam a operar efeitos apenas depois de uma vacatio legis. Ex: tratado entra em vigor 60 dias após a ratificação 
por 5 Estados. 
Mas aí cabe uma pergunta importante: o que ocorrerá caso o texto do tratado nada disponha sobre sua 
vigência? 
Nesse caso, precisaremos recorrer ao art. 24 da CV/69, que assim dispõe: 
Artigo 24 - Entrada em vigor 
1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores. 
2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado sejamanifestado por todos os Estados negociadores. 
3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado após sua entrada em vigor, o tratado 
entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data, a não ser que o tratado disponha de outra forma. 
4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições relativas à autenticação de seu texto, à 
manifestação do consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às 
reservas, às funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado. 
Pela leitura do art. 24 da CV/69, percebe-se que, caso o tratado não possua qualquer cláusula relativa à 
sua vigência, este entrará em vigor no momento em que todos os Estados negociadores houverem 
manifestado seu consentimento definitivo em obrigar-se pelo tratado. Em outras palavras, o tratado 
somente entrará em vigor após ter sido ratificado por todos os Estados contratantes. 
E se o consentimento de um Estado em obrigar-se a um tratado foi manifestado apenas após a entrada 
em vigor do tratado? O que acontece? Isso é possível? 
É plenamente possível que isso ocorra, como, por exemplo, no caso de um tratado aberto à adesão ou de 
um tratado que não dependa do consentimento definitivo de todas as partes. Segundo o art. 24, §3º, da 
CV/69, “quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado após sua 
entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data [data do consentimento], 
a não ser que o tratado disponha de outra forma.” 
Destaque-se que o art. 24, §3º, da CV/69, ao usar a expressão “a não ser que o tratado disponha de outra 
forma”, abre a possibilidade para a chamada irretroatividade relativa. A irretroatividade relativa fica 
caracterizada quando um Estado, tendo manifestado seu consentimento após a entrada em vigor do tratado, 
sofrerá os efeitos do tratado a contar de data anterior àquela em que manifestou o consentimento. 
Questão importante, para a qual a CV/69 não apresenta solução jurídica, é acerca da entrada em vigor dos 
tratados bilaterais. Segundo a doutrina, a entrada em vigor dos tratados bilaterais ocorrerá somente após 
a manifestação do consentimento definitivo das duas partes contratantes. É comum que isso ocorra 
mediante um ato solene no qual representantes dos dois Estados trocam entre si, simultaneamente, os 
instrumentos de ratificação. 
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1.5. APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE TRATADOS 
A Convenção de Viena de 1969 reconhece a possibilidade de que alguns tratados sejam aplicados 
provisoriamente, é dizer, sejam aplicados antes de sua entrada em vigor. Segundo o art. 25 da CV/69, um 
tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor se o próprio tratado 
assim dispuser ou os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 
Vejamos o art. 25 da CV/69: 
Artigo 25 - Aplicação Provisória: 
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor, se: 
a) o próprio tratado assim dispuser; ou 
b) os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado 
ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é 
aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado. 
Da leitura do art. 25, é possível extrairmos que a aplicação provisória de um tratado será possível quando 
uma de suas cláusulas assim o prever. A aplicação provisória de tratados por um Estado independe de 
comunicação a outros Estados. No entanto, esta se encerra em relação a um Estado se este notificar aos 
outros Estados entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente sua intenção em não se tornar parte no 
tratado. 
Cabe destacar que o Brasil não reconhece a aplicação provisória de tratados, tendo ratificado a CV/69 com 
reservas ao art. 25. Mas por que o Brasil não reconhece a aplicação provisória de tratados? 
O Brasil formulou reservas ao art. 25 da CV/69 em virtude da incompatibilidade desse dispositivo com o art. 
49, inciso I da CF/88, segundo o qual o Congresso Nacional é competente para resolver definitivamente 
sobre tratados internacionais. Assim, salvo raras exceções (caso dos acordos executivos), para que o Brasil 
possa se comprometer em nível internacional, é fundamental a manifestação do Poder Legislativo. 
Com efeito, se admitíssemos que um tratado fosse aplicado provisoriamente pelo Brasil, ou seja, 
anteriormente à ratificação, isso significaria que teriam sido assumidos compromissos sem que o Poder 
Legislativo fosse ouvido. É por isso que se pode alegar a incompatibilidade entre a aplicação provisória de 
tratados e o ordenamento constitucional brasileiro. 
 
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1. (Defensor Público da União – 2014) 
Segundo a Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, o Estado é obrigado a abster-se de atos 
que frustrem o objeto e finalidade do tratado, quando houver trocado instrumentos constitutivos do 
tratado, sob reserva de aceitação. 
Comentários 
É exatamente o que prevê o art. 18, da CV/69. O Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrem 
o objeto e a finalidade do tratado, quando houver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob 
reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar 
parte no tratado. Questão correta. 
2. (Delegado Polícia Federal – 2013) 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que o Estado que tenha assinado um 
tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a não frustrar seu objeto e finalidade antes 
de sua entrada em vigor. 
Comentários 
O art. 18, da CV/69, estabelece que um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrem o objeto 
e a finalidade do tratado quando o houver assinado. Esse é, portanto, um dos efeitos da assinatura. Questão 
correta. 
3. (25º Concurso- Procurador da República-2011) 
Quando um Estado faz reserva a cláusula de tratado: 
a) está diferindo sua entrada em vigor. 
b) está declarando que não quer se vincular a esta cláusula 
c) tem que contar com a aquiescência de todas as demais partes do tratado com a reserva, para tornar-
se parte deste. 
d) está exercendo um direito soberano que é inerente à adesão a todo tratado. 
Comentários 
A reserva é uma declaração unilateral por meio da qual um Estado busca excluir ou modificar o efeito jurídico 
de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. Assim, se um Estado apresentou reservas a 
uma cláusula de um tratado, isso significa que ele não quer se vincular a esta cláusula. A resposta é, portanto, 
a letra B. 
4. (25º Concurso- Procurador da República-2011) 
A assinatura de um tratado sob reserva de ratificação, segundo a Convenção de Viena sobre o Direito 
dos Tratados de 1969: 
a) é ato de solenidade política, sem conseqüência jurídica. 
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b) apenas indica o término da negociação. 
c) encerra compromisso de boa-fé, porque Estados não podem praticar atos que inviabilizem a 
ratificação posterior do tratado. 
d) não veda a governos que recomendem ao parlamento, incontinentemente, a rejeição do tratado, como 
o fez o então Presidente Bill Clinton, ao recomendar a rejeição do Estatuto de Roma. 
Comentários 
A letra a) estáerrada. A assinatura produz efeitos jurídicos. 
Letra b) está errada. O término da negociação é materializado pela adoção do texto do tratado. 
A letra c) está correta. Segundo o art. 18 da CV/69, quando um Estado houver assinado um tratado, ele será 
obrigado a abster-se da prática de atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. 
Letra d) está errada. A assinatura encerra compromisso de ordem política, não podendo o Estado praticar atos 
que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. O gabarito é a letra c). 
5. (Advogado CEF/2010) 
A entrada em vigor de um tratado internacional com mais de duas partes apenas se dá a partir do 
momento em que todas as partes tenham concluído o processo de ratificação, não surtindo efeito para 
nenhuma delas antes que todas tenham concluído este processo. 
Comentários 
A entrada em vigor de um tratado multilateral (com mais de duas partes) ocorrerá na forma e na data previstas 
no tratado. Apenas caso o tratado seja silente a respeito é que a entrada em vigor se produzirá com a 
ratificação de todos os Estados contratantes. Questão errada. 
6. (Juiz Federal 2º Região / 2009) 
Segundo a Carta da ONU, os tratados não registrados não podem ser invocados perante órgãos das 
Nações Unidas. 
Comentários 
Segundo o art. 102 da Carta da ONU, os tratados não registrados não poderão ser invocados perante um 
órgão das Nações Unidas. Nesse sentido, um Estado não poderá, em uma controvérsia submetida à apreciação 
da CIJ, invocar um tratado não registrado. Questão correta. 
7. (Procurador – Banco Central/1997) 
O tratado internacional entra em vigor internacionalmente, na data nele prevista e, caso seja silente a 
esse respeito, tão logo as partes manifestem o seu consentimento em obrigar-se por ele. 
Comentários 
Segundo o art. 24 da CV/69, o tratado entra em vigor na data e na forma nele prevista. Caso seja silente a 
respeito, a vigência terá início tão logo seja ratificado por todos os Estados contratantes. Questão correta. 
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8. (Procurador – Banco Central/1997) 
O tratado internacional torna-se obrigatório, internacionalmente, com a troca dos instrumentos de 
ratificação. 
Comentários 
Um procedimento usual nos tratados bilaterais é a troca dos instrumentos de ratificação. Trata-se de ato solene 
por meio do qual os representantes estatais trocam entre si os documentos comprobatórios da ratificação, 
marcando a entrada em vigor do tratado bilateral. Questão correta. 
9. (Consultor Legislativo / Senado-2002) 
De acordo com renomados internacionalistas, o Poder Legislativo não tem a faculdade de formular 
emendas aos tratados internacionais submetidos à sua apreciação, cabendo-lhe tão-somente aprová-los 
ou rejeitá-los no todo. Por outro lado, havendo a possibilidade de apresentar-se reservas no tratado 
internacional sob apreciação, o Poder Legislativo poderá fazê-lo, cabendo ao Poder Executivo julgar 
da conveniência e oportunidade de ratificar o tratado com as ditas reservas congressuais. 
Comentários 
Várias informações importantes na questão: 
1) O Poder Legislativo não pode formular emendas a tratados internacionais. 
2) Embora não haja consenso doutrinário, para concursos públicos, o entendimento que deve prevalecer é o 
de que o Poder Legislativo pode formular reservas a tratados internacionais. 
3) Se o Poder Legislativo formular reservas a um tratado, o Poder Executivo somente poderá ratificar o tratado 
com as ditas reservas. No entanto, a ratificação é ato discricionário do Poder Executivo, que deverá fazê-lo 
com base em exame de conveniência e oportunidade. 
Por tudo isso, a questão está correta. 
10. (Procurador – Banco Central/2002) 
Uma “reserva” visa, tão-só, a excluir o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação 
ao formulador da “reserva”. 
Comentários 
A reserva também poderá modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação ao 
formulador da reserva. Questão errada. 
11. (Juiz Federal 16ª Região/ 2003) 
O Tratado Internacional, no seu processo de conclusão, atravessa apenas as seguintes fases: negociação, 
assinatura, retificação, promulgação e publicação. 
Comentários 
Não existe essa tal de retificação! Questão errada. 
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12. (PFN/2004) 
No que toca às obrigações e compromissos internacionais, assumidas pelos Estados em forma de tratados, 
têm-se as reservas, corretamente identificadas como: 
a) qualificativos de consentimento, pelos quais os Estados pactuantes emitem declarações unilaterais 
visando a excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições de tratados. 
b) indicativos de entendimento, pelos quais os Estados pactuantes emitem declarações multilaterais 
visando a incluir ou potencializar efeito jurídico de certas disposições do tratado, mediante prévia 
concordância dos demais signatários. 
c) quantitativos de aferição, pelos quais os Estados pactuantes medem os efeitos possíveis dos tratados 
em relação a seus desdobramentos internos, especialmente no plano normativo. 
d) incentivos de adesão, pelos quais os Estados pactuantes acenam com vantagens econômicas, de modo 
a justificarem a ampliação do conjunto de signatários. 
e) referenciais de submissão, pelos quais os Estados pactuantes justificam internamente a transigência 
para com normas jurídicas internas. 
Comentários 
A reserva é um ato unilateral por meio do qual o Estado exclui ou modifica o efeito jurídico de certas 
disposições do tratado. Portanto, ela qualifica o consentimento do Estado ao assinar, ratificar ou aderir a um 
tratado. A resposta é, portanto, a letra a). 
13. (AFRFB/2005) 
Nos termos e na definição da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, e para seus fins, a 
expressão “reserva” tem significado normativo e características específicas, nomeadamente a reserva é 
uma declaração unilateral feita por um estado, seja qual for o seu teor ou denominação, ao assinar, 
ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito 
jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse estado. A reserva, sua aceitação 
expressa e sua objeção devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos 
outros estados com direito de se tornarem partes no tratado. 
Comentários 
É exatamente isso o que dispõe a CV/69 sobre as reservas. Trata-se de uma declaração unilateral feita por 
um Estado ao assinar, ratificar, aceitar, aprovar ou aderir a um tratado, por meio do qual visa a excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. A reserva, a 
aceitação expressa e as objeções são atos formulados por escrito. Questão correta. 
14. (OAB 2006.2) 
O instituto da reserva, por ser um instituto geral de direito internacional, é aplicável, sem impedimentos, 
a todos os tratados. 
Comentários 
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Nem todos os tratados podem ser alvo de reservas. Há alguns que expressamente proíbem as reservas e 
outros cuja apresentação de reservas viola seu objeto e finalidade. Isso é o que se depreende do art. 19 da 
CV/69. Questão errada. 
15. (OAB 2006.2) 
A adoção do texto de um tratado em uma conferência internacional efetua-se por maioria de dois terços 
dos Estados presentes e votantes, a menos que estes Estados decidam, por igual maioria, aplicar uma 
regra diferente. 
Comentários 
A adoção do texto de um tratado no âmbito de uma conferência internacional obedece ao quórum de 2/3 
dos Estados membros e votantes, amenos que se decida, por igual maioria, aplicar uma regra diferente. 
Questão correta. 
16. (Juiz Federal 1ª Região- 2009) 
Um Estado pretende ratificar um tratado, mas, para fazê-lo, almeja adaptar alguns de seus dispositivos 
à interpretação que seus tribunais internos dão a determinado direito contido no tratado. Nessa situação, 
o instrumento mais adequado a ser utilizado por esse Estado é 
a) a denúncia. 
b) a cláusula rebus sic stantibus. 
c) a suspensão. 
d) o jus cogens. 
e) a reserva. 
Comentários 
De acordo com a CV/ 69, a reserva é “... uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou 
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o 
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado.” 
Na situação apresentada pela questão, é exatamente isso o que ocorre. O Estado quer se tornar parte do 
tratado, mas deseja afastar ou modificar alguns de seus dispositivos. Assim, ele ratifica o tratado, mas o faz 
com reservas. A resposta é, portanto, a letra e). 
17. (Procurador da Fazenda Nacional – 2007-adaptada) 
A empresa brasileira XYZ tem investimentos de grande vulto no país ABC. De forma arbitrária, o novo 
governo de ABC, ao tomar posse, apropria-se do patrimônio que XYZ detinha em ABC. Inconformada, 
a empresa XYZ recorre ao Governo brasileiro para que lhe conceda proteção diplomática, encampando 
o problema da empresa e recorrendo à Corte Internacional de Justiça em sua defesa. O ato por meio 
do qual o Estado brasileiro assume a reclamação da empresa XYZ, fazendo-a sua, e dispondo-se a 
tratar da matéria junto ao Estado autor do ilícito é denominado ratificação. 
Comentários 
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A ratificação é o ato internacional por meio do qual um Estado se compromete definitivamente a vincular-se 
ao texto de um tratado. O ato por meio do qual um Estado assume a reclamação de uma empresa, fazendo-
a sua, e dispondo-se a tratar da matéria junto ao Estado autor do ilícito é denominado endosso. Questão 
errada. 
18. (Procurador da Fazenda Nacional -2007-adaptada) 
Se o tratado nada dispuser sobre o assunto, entende-se que as reservas a um tratado internacional são 
possíveis, a não ser que sejam incompatíveis com seu objeto e finalidade. 
Comentários 
Para saber se há possibilidade de apresentação de reservas a um tratado, é necessário, prioritariamente, 
analisar-se o texto do tratado, uma vez que há alguns que, expressamente, vedam as reservas ou as limitam 
a certos dispositivos. Caso o texto do tratado seja silente, a CV/69 determina que as reservas são possíveis, 
desde que não sejam incompatíveis com o texto do tratado. Questão correta. 
19. (Procurador da Fazenda Nacional -2007) 
Caso o tratado seja assinado com reservas, o Congresso Nacional não tem poderes para adotar o 
tratado em sua íntegra. 
Comentários 
Embora não haja consenso doutrinário a respeito, para concursos públicos, o entendimento que deve prevalecer 
é o de que o Congresso Nacional não poderá suprimir reservas feitas pelo Poder Executivo por ocasião da 
assinatura do tratado. Questão correta. 
20. (Procurador da Fazenda Nacional -2007) 
Caso o tratado admita reservas, essas podem ser feitas pelo Congresso Nacional, mesmo que não tenham 
sido feitas pelo Presidente da República (ou outro plenipotenciário) no momento da assinatura. 
Comentários 
O entendimento que você deve levar para a prova é o de que é possível a aposição de reservas a um tratado 
pelo Congresso Nacional. Destaque-se que, quando estas forem elaboradas pelo Poder Legislativo, o 
Presidente da República somente poderá ratificar o tratado com as reservas. Questão correta. 
21. (Juiz Federal TRF 3ª Região - 2018) 
É desnecessário o consentimento de um Estado que tenha aceitado uma reserva, a qual pode ser retirada 
a qualquer momento por quem a formulou; mas, nesse caso, é imprescindível que o tratado dispense ou 
não exija tal consentimento do Estado que aceitara ou fizera objeção à reserva. 
Comentários 
A retirada de uma reserva pode ser feita a qualquer momento pelo Estado que a formulou, independentemente 
do consentimento dos Estados que a tenham aceitado anteriormente. Destaque-se, todavia, que o tratado não 
poderá dispor em sentido contrário. Em outras palavras, é imprescindível que o tratado dispense ou não exija 
tal consentimento do Estado que aceitara a reserva. Questão correta. 
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22. (OAB XXVII – 2018) 
Em 14 de dezembro de 2009, o Brasil promulgou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados 
de 1969, por meio do Decreto nº 7.030. A Convenção codificou as principais regras a respeito da 
conclusão, entrada em vigor, interpretação e extinção de tratados internacionais. 
Tendo por base os dispositivos da Convenção, assinale a afirmativa correta. 
a) Para os fins da Convenção, “tratado” significa qualquer acordo internacional concluído por escrito 
entre Estados e/ou organizações internacionais. 
b) Os Estados são soberanos para formular reservas, independentemente do que disponha o tratado. 
c) Um Estado não poderá invocar o seu direito interno para justificar o descumprimento de obrigações 
assumidas em um tratado internacional devidamente internalizado. 
d) Os tratados que conflitem com uma norma imperativa de Direito Internacional geral têm sua execução 
suspensa até que norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza derrogue a norma 
imperativa com eles conflitante. 
Comentários 
A primeira assertiva está errada. A CV/69 apenas regula a celebração de tratados entre Estados, não se 
aplicando aos tratados celebrados por organizações internacionais. 
O item b) está errado. Nos termos do art. 19 da CV/69, existem limitações para a formulação de reservas nos 
Tratados Internacionais, caso em que a reserva seja proibida pelo Tratado (de forma geral), ou que o próprio 
Tratado preveja que não será possível fazer aquela reserva, ou, por fim, que a reserva seja incompatível com 
o objeto e com a finalidade do Tratado. 
O item c) está correto. Nos termos do art. 27 da CV/69, uma parte não poderá invocar as disposições de seu 
direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. 
O item d) está errado. O caso especificado diz respeito ao conflito entre um Tratado Internacional e uma norma 
jus cogens, que está previsto pelo art. 53 da CV/69. Nessa situação, o Tratado será considerado nulo, pois as 
normas de jus cogens são materialmente superiores e inderrogáveis. Essas normas só podem ser derrogadas 
por outras normas de jus cogens. O gabarito é a letra c). 
23. (Juiz Federal TRF 2ª Região – 2017) 
Segundo a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, o Estado soberano é autorizado, ao 
assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular reserva, salvo nos casos em 
que a reserva não seja permitida pelo tratado, o tratado seja restritivo quanto às reservas que podem 
ser feitas ou quando a reserva manifestada seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 
Comentários 
Correto! Nos termos do art. 19 da CV/69, existem limitações para a formulação de reservas nos Tratados 
Internacionais, quais sejam: 
1. A reserva é proibida pelo Tratado (de forma geral). 
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2. O tratado prevê que não será possível fazer determinada reserva. 
3. A reserva é incompatível com o objeto e com a finalidade do Tratado. Questão correta. 
24. (CACD – Instituto Rio Branco – 2016) 
Reservas e declarações interpretativassomente podem ser apresentadas, se possível a sua formulação, 
no momento da assinatura, ratificação, aceitação ou aprovação de tratado ou de adesão a tratado. 
Comentários 
As reservas podem ser divididas em: 
Reservas Exclusivas: Funcionam no sentido de afastar o efeito dos dispositivos o Estado formulou a reserva. 
Reservas Interpretativas: Funcionam no sentido de explicar como um Tratado Internacional será aplicado ao 
Estado. 
Nos termos do art. 19 da CV/69, um Estado pode formular uma reserva, ao assinar, ratificar, aceitar ou 
aprovar um tratado, ou mesmo quando o Estado adere a um tratado de cujas negociações ele não participou. 
No entanto, quando falamos de reservas interpretativas, a Convenção admite, nos termos do art. 21 da CV/69, 
a possibilidade de declarações interpretativas posteriores, desde que mediante acordo posterior entre as partes 
relativo à interpretação do tratado e sua aplicação. 
Isso torna a questão incorreta, pois as reservas interpretativas divergem da regra geral, e podem ser aplicadas 
em momento ulterior. 
25. (CACD – Instituto Rio Branco – 2018) 
O princípio da efetividade (effet utile) — segundo o qual um tratado deve ser interpretado de modo a 
atribuir efeito e significado a todos os seus termos — não é explicitamente previsto na referida 
Convenção, mas seu uso é disseminado na jurisprudência internacional. 
Comentários 
O Princípio da Efetividade, também conhecido como Effet Utile, funciona de modo a assegurar a efetividade 
das disposições provenientes de Convenções Internacionais, a fim de que não restem plenamente 
programáticas. É muito utilizado quando existem normas que tem entendimentos ambíguos ou obscuros, dando 
a eles uma interpretação conforme o sentido que lhes atribua maior eficácia possível. 
Ressalte-se que, mesmo que não esteja previsto na CV/69, a sua utilização é disseminada na jurisprudência 
internacional. Questão correta. 
26. (Delegado de Polícia – PC/MA – 2018) 
De acordo com a Convenção de Viena, a submissão de um Estado a determinado tratado manifesta-se 
pela adesão: quando todas as partes acordarem, posteriormente, que tal consentimento possa ser 
manifestado, pelo referido Estado, mediante adesão. 
Comentários 
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O termo chave para a resolução da questão foi “posteriormente”. A adesão ocorre quando se há o interesse 
em se vincular a um tratado após esse ter sido negociado e assinado pelas partes, estando ou não em vigor. 
Questão correta. 
27. (ABIN – Oficial de Inteligência – Área 1 – 2018) 
O Estado brasileiro reconhece a possibilidade de aplicação provisória de um tratado enquanto ele não 
entrar em vigor, desde que o próprio tratado assim disponha ou desde que os Estados negociadores 
assim tenham acordado por outra forma. 
Comentários 
O Brasil formulou reservas ao art. 25, da CV/69, que estabelece a aplicação provisória de tratados. Assim, 
pode-se dizer que o Estado brasileiro não reconhece a possibilidade de aplicação provisória de um tratado. 
Questão errada. 
28. (ESAF – 2016) 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que, entre a data da mera assinatura 
do tratado e sua entrada em vigor, o Estado deve abster-se da prática de atos que frustrem o objeto e 
a finalidade do texto. 
Comentários 
Um Estado é obrigado se abster da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade do tratado, em 
dois casos: 
a) quando tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação, aceitação 
ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado, ou; 
b) quando tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a entrada 
em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada. Questão correta. 
 
2. OBSERVÂNCIA, APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS 
2.1. TRATADOS X DIREITO INTERNO 
O fundamento de validade dos tratados internacionais é a regra “pacta sunt servanda”, que foi 
expressamente reconhecida pelo art. 26 da CV/69, ao dispor que “todo tratado em vigor obriga as partes e 
deve ser cumprido por elas de boa-fé”. Trata-se de princípio fundamental do direito dos tratados, sem o 
qual não haveria qualquer segurança nas relações internacionais. 
O descumprimento de um tratado viola, portanto, a regra fundamental do direito internacional, qual seja, a 
de que os compromissos assumidos devem ser cumpridos. E aqui cabe ressaltar que não interessa ao direito 
internacional público o porquê do descumprimento de um tratado. Em geral, não há razões para um Estado 
descumprir um tratado, sob pena de ser responsabilizado internacionalmente. Tampouco interessa ao 
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direito internacional se o responsável pela violação do tratado foi um ato do Poder Executivo, uma lei editada 
pelo Poder Legislativo ou uma decisão do Poder Judiciário. Os atos dos três Poderes, caso incompatíveis com 
um tratado, configurarão ilícito internacional e darão ensejo à responsabilização do Estado. 
Buscando enfatizar a necessidade de respeito às normas de direito internacional, o art. 27 da CV/69 
estabeleceu uma relação hierárquica entre o direito internacional e o ordenamento jurídico interno. Nesse 
sentido, dispõe que uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o 
inadimplemento de um tratado. Em outras palavras, as regras positivadas em um tratado internacional 
devem ser observadas pelos Estados, independentemente da existência de normas de direito interno que a 
ela sejam contrárias. 
Vejamos um exemplo de como isso funciona na prática! Qualquer semelhança com a realidade, é mera 
coincidência! 
O Brasil, por meio de acordos celebrados no âmbito da OMC, assumiu o compromisso de conceder, em 
matéria de tributos internos, tratamento nacional aos bens estrangeiros. Assim, se sobre um automóvel 
nacional incide uma alíquota de IPI de 5%, essa mesma alíquota deverá incidir sobre um automóvel 
estrangeiro similar. Caso seja editada uma lei (ou mesmo um decreto) que estabeleça uma alíquota de IPI 
mais gravosa para os automóveis estrangeiros, teremos aí uma clara violação de um tratado. 
O Brasil poderá, então, ser responsabilizado internacionalmente tendo em vista a edição de uma lei ou 
decreto contrário ao direito internacional. E trazendo à tona o art. 27, o Brasil não pode alegar disposições 
de seu direito interno (a lei ou o decreto) para justificar o inadimplemento (descumprimento) do tratado. 
Reforçando ainda mais a nossa argumentação, a regra “pacta sunt servanda”, segundo a qual os 
compromissos assumidos devem ser cumpridos, veda que o Brasil desrespeite um tratado em vigor. 
Vamos dar uma olhada no que diz o art. 27 da CV/69? 
Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados 
Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não 
prejudica o artigo 46. 
Percebe-se que o art. 27 da CV/69 ressalva o art. 46 da mesma convenção. Isso quer dizer que a única 
situação em que um Estado pode invocar disposições de seu direito interno para justificar o 
inadimplemento de um tratado é na hipótese do art. 46. 
Mas o que diz o art. 46 da CV/69? 
Artigo 46 - Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados 
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma 
disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse 
respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamenteevidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com 
a prática normal e de boa-fé. 
O art. 46 da CV/69 dispõe sobre o tema das “ratificações imperfeitas”, sobre o qual nos aprofundaremos 
mais à frente. Por ora, basta sabermos que quando o consentimento estatal em se obrigar por um tratado 
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foi expresso com manifesta violação de uma norma de direito interno de importância fundamental sobre 
competência para concluir tratados, abre-se a possibilidade para que se pleiteie a nulidade do tratado. 
Enfatize-se novamente, trata-se da única situação em que o Estado invocar seu direito interno para justificar 
o inadimplemento de um tratado. 
 
2.2. IRRETROATIVIDADE DOS TRATADOS 
Os tratados são celebrados para regular situações futuras, ou seja, produzem efeitos a partir de sua entrada 
em vigor (efeitos ex nunc). Esse é, inclusive, o que o art. 28 da CV/69 prevê como regra geral para os tratados 
internacionais: 
Artigo 28 - Irretroatividade de Tratados 
A não ser que uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra forma, suas disposições não obrigam 
uma parte em relação a um ato ou fato anterior ou a uma situação que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, 
em relação a essa parte. 
Destaque-se que, apesar de os tratados serem, em regra, irretroativos, é possível que, excepcionalmente, 
ele regule situações pretéritas, desde que isso esteja previsto no texto do próprio tratado. 
A Convenção de Viena de 1969, reforçando o princípio da irretroatividade dos tratados, dispõe, ainda, no 
seu art. 4º, que ela mesma somente se aplicará aos tratados concluídos por Estados após sua entrada em 
vigor em relação a esses Estados. Assim, a CV/69 prevê, explicitamente, que ela regulará apenas situações 
futuras. 
Há um importante caso julgado pela Corte Internacional de Justiça sobre a Irretroatividade dos Tratados. É 
o caso “Julgar ou Extraditar” entre Bélgica e Senegal. Na ocasião, a CIJ decidiu que Hissène Habre, ex-
Presidente do Chade, somente deveria ser julgado ou extraditado em razão de fatos ocorridos após a 
Convenção das Nações Unidas sobre a Tortura (1984). Isso porque os tratados devem ser aplicados para o 
futuro, não regulando situações pretéritas. 
Segundo o CIJ, o crime de tortura tem natureza consuetudinária, já sendo reconhecido como tal mesmo 
antes da Convenção das Nações Unidas sobre a Tortura (1984). Apesar disso, a responsabilização de Hissène 
Habre somente seria possível em relação a acontecimentos posteriores à entrada em vigor da referida 
convenção. 
 
2.3. APLICAÇÃO TERRITORIAL DE TRATADOS 
O art. 29 da CV/69 determina que, em regra, um tratado obriga cada uma das partes em relação a todo o 
seu território. Todavia, caso uma intenção diferente se evidencie do tratado, ou seja, estabelecida de outra 
parte, o tratado poderá aplicar-se apenas a parte do território das partes contratantes. 
 
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2.4. CONFLITO ENTRE TRATADOS 
O art. 30 da CV/69 regula as diferentes situações em que há conflito entre tratados sucessivos sobre o mesmo 
assunto. Vejamos: 
Artigo 30 - Aplicação de Tratados Sucessivos sobre o Mesmo Assunto 
1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 da Carta das Nações Unidas, os direitos e obrigações dos Estados partes em 
tratados sucessivos sobre o mesmo assunto serão determinados de conformidade com os parágrafos seguintes. 
2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado 
incompatível com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão. 
3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha 
cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na 
medida em que as suas disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior. 
4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas a partes no tratado anterior: 
a) nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o disposto no parágrafo 3; 
b) nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado parte apenas em um desses tratados, o tratado em que os 
dois Estados são partes rege os seus direitos e obrigações recíprocos. 
5. O parágrafo 4 aplica-se sem prejuízo do artigo 41, ou de qualquer questão relativa à extinção ou suspensão da execução de 
um tratado nos termos do artigo 60 ou de qualquer questão de responsabilidade que possa surgir para um Estado da conclusão 
ou da aplicação de um tratado cujas disposições sejam incompatíveis com suas obrigações em relação a outro Estado nos termos 
de outro tratado. 
O art. 30, §1º, faz menção ao art. 103 da Carta da ONU, o qual consagra a primazia da Carta da ONU na 
solução de conflitos entre tratados. Segundo o referido dispositivo, “no caso de conflito entre as obrigações 
dos membros das Nações Unidas em virtude da presente Carta [leia-se, Carta da ONU] e as obrigações 
resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da 
presente Carta.” 
O art. 30, §2º, por sua vez, se refere à situação em que um tratado expressamente dispõe que está 
subordinado a um tratado posterior ou anterior e que não deve ser considerado incompatível com este. 
Por óbvio, esse conflito resolve-se a favor do principal dos tratados, isto é, aquele ao qual o outro está 
subordinado. Em nosso entendimento, a CV/69 disse muito mais do que precisaria ter dito, uma vez que se 
um tratado se autodeclara subordinado a outro, assim ele deverá ser interpretado. 
O art. 30, § 3º, busca dirimir os conflitos entre tratados quando todas as partes em um tratado anterior são 
também parte do tratado posterior. O conflito, nesse caso, é resolvido pela aplicação do brocardo “lex 
posterior derogat priori”. O tratado posterior prevalece naquilo que for incompatível com o tratado anterior. 
Em outras palavras, o tratado anterior somente irá aplicar-se na medida em que as suas disposições sejam 
compatíveis com as do tratado posterior. 
Identificamos duas situações reguladas pelo art. 30, § 3º: 
c) Situação nº 1 – Há identidade da fonte de produção normativa, isto é, as partes no tratado posterior são exatamente as 
mesmas do tratado anterior. Nesse caso, não há grandes dúvidas: prevalecerá o tratado posterior. Exemplo: tratado 
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A (anterior), celebrado entre Brasil e Argentina x tratado B (posterior), celebrado também entre Brasil e Argentina. 
Prevalecerá o tratado B, naquilo que este for incompatível com o tratado A. 
d) Situação nº 2- Todas as partes no tratado posterior são partes no tratado anterior, entretanto, o tratado posterior possui 
outros Estados signatários. Nesse caso, também irá prevalecer o tratado posterior. Ex: tratado A (anterior), celebrado 
entre Brasil Argentina x tratado B (posterior), celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai. Prevalecerá o tratado B, 
naquilo que este for incompatível com o tratado A. 
O art. 30, § 4º, a seu turno, tenta resolver os conflitos entre tratados quando as partes no tratado posterior 
não incluem todas as partes no tratado anterior. Seria o caso, por exemplo, de um tratado A (anterior) 
celebrado entre Brasil, Argentina e Uruguai e um tratado B (posterior) celebrado entre Brasil e Argentina. 
Nesse caso, não é possível simplesmente aplicar o princípio “lex posterior derogat priori”, uma vez que o 
Uruguai não é parte no tratado posterior.

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