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Manual de Escrita Científica: Teoria e Prática Aplicadas à Bioinformática
Book · January 2021
DOI: 10.51780/978-6-599-275319
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Diego Mariano
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Lucianna Helene Santos
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2 
MANUAL DE ESCRITA CIENTÍFICA 
Dr. Diego Mariano | Dra. Lucianna H. Santos 
Manual de 
Escrita Científica: 
Teoria e Prática Aplicadas à Bioinformática
Edição 
I 
 
 
iii 
U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E M I N A S G E R A I S 
Manual de Escrita Científica: 
Teoria e Prática Aplicadas à 
Bioinformática 
Laboratório de Bioinformática e Sistemas • Departamento de Ciência da Computação 
Av. Antônio Carlos 6627, 31270-901, Belo Horizonte, Brasil 
bioinfo.dcc.ufmg.br • www.diegomariano.com 
 
 
 
 
© 2021 | Editora Alfahelix, CNPJ: 37.524.984/0001-10 
Lagoa Santa, MG, Brasil 
www.alfahelix.com.br 
 
 
 
Diego Mariano & Lucianna Santos 
Edição e organização: Diego Mariano 
Capa: adaptado de liyuanalison | Mystic Art Design | Pixabay 
Ficha Catalográfica – Bibliotecário: Sandro Alex Batista 
 
Título: Manual de Escrita Científica: Teoria e Prática Aplicadas à Bioinformática 
Editora: Alfahelix 
Páginas: 119 
ISBN: 978-65-992753-1-9 
 
 
 
http://bioinfo.dcc.ufmg.br/
http://www.diegomariano.com/
http://www.alfahelix.com.br/
 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ficha Catalográfica – Bibliotecário: Sandro Alex Batista CRB6/2433 
 
 
M333m MARIANO, Diego 
 Manual de escrita científica: teoria e prática aplicadas à bioinformática / 
Diego Mariano, Lucianna H. Santos . Lagoa Santa, MG: Alfahelix, 2021. 
 119 p. il.: 
 
 E-book. 
 ISBN: 978-65-992753-1-9 
 
 
 1. Bioinformática. 2. Escrita científica. 3. Metodologia. 4. Referencial teórico. 
5. SANTOS, Lucianna. H. I. Título. 
 
 
CDD: 001.42 
CDU: 001.8(035) 
 
 
 
v 
Agradecimentos 
 
Gostaria de agradecer às agências de fomento à pesquisa: Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de 
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Conselho 
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); ao 
Programa de Pós-graduação em Bioinformática da UFMG; e à equipe do 
Laboratório de Bioinformática e Sistemas. 
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código 
de Financiamento 001. Edital Biologia Computacional. Número de processo 
23038.004007/2014-82. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este livro está sob uma licença de compartilhamento Creative Commons 
Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. Você pode utilizar qualquer 
conteúdo aqui apresentado, desde que cite: “Mariano, D; Santos, L.. Manual 
de Escrita Científica: Teoria e Prática Aplicadas à Bioinformática. 1ª ed. 
Alfahelix, Lagoa Santa. 2021”. 
 
 
 
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
 
 
vi 
Resumo 
No mundo moderno, a ciência surge como um elemento transformador para 
sociedade. Ao cientista, é atribuída a missão de compreender problemas que 
afetam as pessoas e propor soluções a partir de suas observações e 
experimentos. Além disso, não se deve esquecer que também é tarefa do 
cientista documentar seus achados, garantindo assim que o conhecimento 
adquirido se torne acessível a todos, ou seja, se torne público (por isso, diz-
se que um trabalho acadêmico é publicado). Entretanto, a escrita muitas 
vezes se revela como “uma pedra no sapato” de jovens e, até mesmo, de 
experientes pesquisadores. Isso acontece porque o processo científico 
envolve diversas etapas e procedimentos, e muitos acabam deixando as etapas 
de revisão bibliográfica e documentação das atividades para o fim. Assim, 
por mais estranho que pareça, escreverpode se tornar uma tarefa complicada 
aos acadêmicos (caso não seja constantemente colocada em prática). 
Neste livro, apresentamos alguns aspectos introdutórios da 
metodologia do trabalho científico. Propomos ainda algumas estratégias para 
escrita acadêmica, focando principalmente em trabalhos da área de 
bioinformática. É claro que as estratégias aqui apresentadas poderão ser 
adotadas por pesquisadores de outras áreas; entretanto, os exemplos 
apresentados neste livro originam-se de dissertações, teses e artigos 
científicos da área de bioinformática e biologia computacional. 
Acreditamos que as metodologias apresentadas aqui poderão ser úteis 
principalmente para estudantes durante a escrita de trabalhos de conclusão de 
curso, dissertações e teses. Entretanto, destacamos que não somos 
profissionais da área de letras, mas convenhamos, você não precisa ser para 
saber elaborar textos que possam ser bem compreendidos por seus leitores. A 
escrita acadêmico-científica deve ser técnica e concisa. 
Por fim, destacamos que este livro não tem como meta estabelecer 
regras gramaticais que deverão ser seguidas rigidamente (apesar de citarmos 
algumas). Nosso objetivo é apresentar um guia introdutório para a escrita de 
trabalhos acadêmicos, propondo algumas dicas e estratégias que poderão ser 
adotadas. Bons estudos! 
 
 
vii 
Sumário 
 
Agradecimentos ............................................................................................. v 
Resumo ......................................................................................................... vi 
Sumário ........................................................................................................ vii 
Lista de Figuras .............................................................................................. x 
Lista de Tabelas ............................................................................................ xi 
1. Introdução ................................................................................................ 12 
1.1 Método científico ............................................................................... 12 
1.1.1 Método hipotético-dedutivo ........................................................ 14 
1.2 Metodologia do trabalho científico .................................................... 15 
2. Metodologia do trabalho científico .......................................................... 17 
2.1 Avaliação de periódicos ..................................................................... 19 
2.1.1 Qualis Periódicos ........................................................................ 21 
2.2 Avaliação de cientistas ....................................................................... 21 
2.3 Ética na escrita e citações .................................................................. 23 
2.3.1 Citação direta .............................................................................. 23 
2.3.2 Citação indireta (paráfrase) ......................................................... 24 
2.3.3 Normas para inserção de citações ............................................... 26 
2.3.4 Gerenciamento de citações ......................................................... 28 
2.4 Abreviações ........................................................................................ 28 
2.4.1 Abreviações derivadas de outros idiomas ................................... 29 
2.4.2 Titulações .................................................................................... 30 
2.5 Estrutura de um trabalho científico .................................................... 31 
2.6 Requisitos e procedimentos de trabalhos científicos ......................... 32 
 
 
viii 
2.6.1 Numeração de páginas e capítulos .............................................. 34 
2.7 Partes do trabalho ............................................................................... 35 
2.8 Estilo de linguagem ............................................................................ 38 
2.8.1 Ritmo e conexão ......................................................................... 39 
2.8.2 Numerais e símbolos ................................................................... 41 
2.8.3 Escrita em inglês ......................................................................... 41 
2.8.4 Corpus ......................................................................................... 44 
3. Desenvolvendo um trabalho acadêmico passo-a-passo ........................... 46 
3.1 Número de páginas ............................................................................ 46 
3.2 Escrevendo o título do trabalho ......................................................... 48 
3.3 Coautoria ............................................................................................ 51 
3.3.1 Definindo a ordem dos coautores ............................................... 53 
3.4 Escrevendo o resumo ......................................................................... 55 
3.4.1 Escolhendo as palavras-chave ..................................................... 59 
3.5 Escrevendo a introdução .................................................................... 60 
3.5.1 Introdução de um artigo .............................................................. 60 
3.5.2 Introdução de dissertações e teses ............................................... 61 
3.5.3 Construção de um esboço (outline) ............................................. 62 
3.6 Escrevendo os objetivos ..................................................................... 63 
3.7 Escrevendo a seção “materiais e métodos” ........................................ 64 
3.8 Escrevendo a seção resultados e discussão ........................................ 65 
3.4 Escrevendo a conclusão ..................................................................... 67 
CURIOSIDADES: Quantas referências deve ter meu manuscrito? .... 67 
4. Atividades práticas ................................................................................... 69 
4.1 Análise e interpretação de texto ......................................................... 69 
4.2 Escrita de artigos ................................................................................ 98 
 
 
ix 
4.3 Questões gerais ................................................................................ 100 
4.4 Resumo ............................................................................................ 101 
4.5 Outline .............................................................................................. 103 
4.6 Paráfrase ........................................................................................... 106 
5. Referências bibliográficas ...................................................................... 108 
6. Apêndices ............................................................................................... 111 
6.1 Apêndice 1 - Usando o Zotero ......................................................... 111 
6.1.1 Instalando o Zotero ................................................................... 111 
6.1.2 Conhecendo a interface do Zotero ............................................ 113 
6.1.3 Inserindo uma nova referência no Zotero ................................. 113 
6.1.4 Inserindo uma citação no estilo ABNT ..................................... 115 
 
 
 
 
x 
Lista de Figuras 
Figura 1. Método científico. ......................................................................... 13 
Figura 2. Etapas do método hipotético-dedutivo. ........................................ 15 
Figura 3. Partes do corpo de um trabalho acadêmico. ................................. 32 
Figura 4. Margens da página. ....................................................................... 34 
Figura 5. Ordem de importância de autores listados em um artigo. ............ 53 
Figura 6. Método para escrita deresumos CON-PROSA: contexto, problema, 
solução e avaliação. ..................................................................................... 57 
 
 
 
xi 
Lista de Tabelas 
Tabela 1. Tipos de trabalhos acadêmicos. ................................................... 17 
Tabela 2. Exemplo do cálculo do fator de impacto. .................................... 20 
Tabela 3. Abreviações usadas para titulações. ............................................. 30 
Tabela 4. Aspectos gráficos utilizados em textos acadêmicos. ................... 33 
Tabela 5. Partes de um trabalho acadêmico: TCCs, dissertações e teses. ... 35 
Tabela 6. Exemplos de conectores discursivos. ........................................... 40 
Tabela 7. Palavras-chave bastante utilizadas em artigos em inglês. ............ 42 
Tabela 8. Lista de substituições de palavras/expressões. ............................. 43 
Tabela 9. Número mínimo e máximo de páginas de dissertações e teses. ... 46 
Tabela 10. Recomendações para tamanho de seções em dissertações e teses.
 ...................................................................................................................... 47 
Tabela 11. Exemplos de títulos de dissertações divididos em quatro 
categorias: software, análise, uso de subtítulos e descritivo. ....................... 49 
Tabela 12. Possíveis contribuições para coautoria. Um coautor deve cumprir 
os itens 2 e 3, além de pelo menos um dos tópicos do item 1. .................... 52 
Tabela 13. Comparação entre métodos para a construção de resumos. ....... 57 
Tabela 14. Exemplo de lista de palavras-chave. .......................................... 59 
Tabela 15. Exemplo de objetivo geral e objetivos específicos. ................... 63 
 
 
 
12 
1. Introdução 
No mundo moderno, a ciência surge como um elemento transformador para 
sociedade. São funções da ciência distinguir características comuns ou leis 
gerais que controlam eventos, aperfeiçoando a relação dos seres humanos 
com seu mundo por meio do acúmulo de conhecimentos (LAKATOS; 
MARCONI, 2007). 
Sugere-se que todo projeto científico deva partir de um problema. 
Assim, pode-se considerar como funções do cientista: compreender e resolver 
problemas. Além disso, problemas e soluções partem de observações. 
Segundo POPPER (2004), “todo o aprendizado é uma modificação de algum 
conhecimento anterior”. Logo, a ciência é inovativa, mas deve partir de 
princípios bem estabelecidos, sendo assim incremental. 
Nesta seção, serão apresentados aspectos introdutórios da 
metodologia do trabalho científico. 
1.1 Método científico 
Define-se como método científico, o conjunto de práticas para construção do 
conhecimento científico. O conhecimento científico deve ser racional, 
sistemático, certo ou provável, preditivo, verificável e falível (LAKATOS; 
MARCONI, 2007). A função do método científico é definir regras para que 
a ciência seja praticada de forma sistemática e reprodutível levando a solução 
de problemas existentes ou a ampliação de uma área de conhecimento. 
O método científico é baseado em observações para detecção de 
problemas e na suposição de soluções provisórias denominadas hipóteses. O 
método científico pode ser agrupado em seis pontos básicos (Figura 1): 
 
Capítulo 
1 
 
 
13 
 
Figura 1. Método científico. 
Fonte: próprio autor. 
(i) Observação: nessa etapa, o cientista realiza observações de 
uma determinada atividade ou fenômeno da natureza visando 
compreender seus fundamentos e/ou resolver um problema; 
(ii) Definição da pergunta: o cientista então formula perguntas 
visando compreender como e por que um fenômeno ocorre. 
Caso detecte um problema relevante na área de observação, o 
cientista formula perguntas que auxiliem a compreender e 
solucionar tal problema; 
(iii) Formulação de hipóteses: o cientista então tenta responder às 
perguntas anteriores e propõe soluções para os problemas com 
base em seus conhecimentos e observações; 
(iv) Experimento: após propor soluções, o cientista deve realizar 
experimentos para tentar provar se suas hipóteses/soluções 
estão corretas; 
(v) Análise: após realizar o experimento, o cientista deve analisar 
os dados e comparar com os resultados esperados. Caso seus 
experimentos confirmem suas ideias, o cientista pode definir 
regras gerais que poderiam ser aplicadas em casos similares. 
Caso as hipóteses não satisfação os resultados esperados, o 
cientista pode formular novas hipóteses; 
(vi) Conclusões: caso as hipóteses sejam validadas com base nos 
experimentos respondendo às perguntas previamente 
Observação
Definição da 
pergunta
Formulação 
de hipóteses
Experimento Análise Conclusão
 
 
14 
estabelecidas, o cientista passa então a etapa de conclusão a 
qual o trabalho é documentado, avaliado por pares (i.e. outros 
cientistas) e então publicado (disponibilizado para 
comunidade de cientistas). Hipóteses validadas pelo método 
cientifico são denominadas teorias. Quando uma teoria é 
validada por meio de diversos experimentos tem-se uma lei. 
 
Nos últimos tempos, diversas variações de métodos científicos têm 
sido propostas, como por exemplo, os métodos de indução e o hipotético-
dedutivo. O método de indução sugere que ao analisar um conjunto de casos 
pode-se induzir um padrão que definiria uma regra válida para qualquer outro 
caso. O método de indução pode apresentar falhas, uma vez que nem sempre 
uma observação pode ser válida. Por exemplo, imagine um indivíduo que 
observa pássaros. O observador detectou três tipos de pássaros: andorinhas, 
pardais, urubus. Por fim, ele faz a seguinte constatação: “todos os pássaros 
tem penas”. Nesse caso essa constatação observada em sua pequena amostra 
é válida para toda a espécie. Entretanto, o observador percebe uma outra 
característica em todos os pássaros que observou e faz uma nova constatação: 
“todos os pássaros voam”. Entretanto, há pássaros que não voam que não 
estão à vista do observador. Logo, pode-se inferir que a indução de uma regra 
geral baseada em uma pequena amostra talvez não seja possível. Assim, 
tornou-se necessário a proposta de novos métodos científicos que levem em 
consideração que conclusões obtidas por meio do pensamento científico 
devem ser mutáveis à medida que novas evidências forem descobertas, como 
por exemplo, o método hipotético-dedutivo. 
1.1.1 Método hipotético-dedutivo 
O método hipotético-dedutivo distingue-se do método indutivo, uma vez que 
ele sugere a impossibilidade de afirmar que uma solução é definitiva 
(POPPER, 2004). Assim sendo, uma alternativa viável seria propor soluções 
e tentar falseá-las (Figura 2). 
 
 
15 
 
Figura 2. Etapas do método hipotético-dedutivo. 
Fonte: Adaptado de (LAKATOS; MARCONI, 2007; POPPER, 2004). 
 O método hipótetico-dedutivo também é baseado na detecção de 
problemas/lacunas e na proposta de soluções baseado no conhecimento 
obtido anteriormente. As soluções, conjecturas ou hipóteses então devem ser 
avaliadas a fim de provar que podem ser incorretas. Essa avaliação irá 
depender de cada caso avaliado. Caso uma hipótese seja falseada, o autor 
pode utilizar o conhecimento assimilado para propor novas hipóteses, que 
deverão passar pelo mesmo processo de avaliação. Pense no caso apresentado 
anteriormente: o observador sugere a hipótese de que todas as aves podem 
voar. Essa hipótese pode ser facilmente falseada bastando apenas que o 
observador encontre uma ave que não pode voar. Uma vez que uma hipótese 
não possa ser falseada, define-se que a hipótese não pode ser rejeitada, logo 
é provável que ela possa ser verdadeira. Entretanto, nada impede que no 
futuro outros cientistas proponham novos experimentos para tentar falsear 
suas sugestões. 
1.2 Metodologia do trabalho científico 
Ao concluir execução do método científico, o cientista deve então 
documentar o que foi realizado e divulgar para que a sociedade possa 
usurfluirdo conhecimento adquirido. Para que o trabalho científico seja 
corretamente divulgado, garantido que possa ser corretamente compreendido 
e reproduzido se necessário, definiu-se um conjunto de práticas e regras, aqui 
Falseamento
Conjecturas, soluções ou hipóteses
Problema
Expectativas ou conhecimento prévio
 
 
16 
denominadas como metodologia do trabalho científico. Na próxima seção 
serão apresentadas regras estabelecidas para o trabalho científico. 
 
 
 
 
17 
2. Metodologia do trabalho 
científico 
Em geral, os diferentes tipos de manuscritos acadêmicos apresentam 
estruturas similares, o que as difere é seu nível de profundidade 
dependendendo do grau de formação exigido, sendo os tipos mais comuns as 
monografias e os artigos científicos. 
Define-se como monografias, os trabalhos acadêmicos 
fundamentados com base em referências bibliográficas. Em geral, 
monografias são utilizadas em cursos de formação acadêmica (graduação e 
pós-graduação) para avaliação da capacidade de um determinado estudante 
para realização de pesquisa e são requisitos para obtenção de títulos 
acadêmicos. Elas devem ser constituídas de uma contextualização ou análise 
de um problema, seguido de uma solução proposta avaliada por métodos 
previamente estabelecidos na literatura. Monografias comumente são escritas 
por uma única pessoa sob orientação de um membro da acadêmia com nível 
de formação identico ou superior ao preterido. São exemplos de monografia 
os trabalhos de conclusão de cursos de graduação e/ou especialização, as 
dissertações de mestrado e as teses de doutorado. 
Tabela 1. Tipos de trabalhos acadêmicos. 
 Tipo Descrição 
M
o
n
o
g
ra
fi
a
s 
TCC 
O trabalho de conclusão de curso (TCC) é uma 
monografia apresentada como requisito em cursos de 
graduação (ou especialização). 
Dissertação 
A dissertação de mestrado é o trabalho requerido para 
obtenção do titulo de mestre. 
Capítulo 
2 
 
 
18 
Tese 
O trabalho requerido para obtenção do título de doutor 
denomina-se tese de doutorado. 
Projeto 
Projetos apresentam propostas de soluções possíveis 
para um determinado problema por meio do método 
científico. Geralmente, um projeto é apresentado antes 
da construção de um TCC, dissertação, tese ou de um 
artigo de pesquisa. Projetos de pesquisa podem 
envolver grupos de pesquisadores e dar origem a vários 
outros trabalhos. 
Artigo científico 
O artigo científico é uma compilação dos resultados de 
parte consistente de um projeto de pesquisa. O artigo 
científico é o principal trabalho científico, sendo 
também resultado de um trabalho científico em forma 
de divulgação e visualização para a comunidade 
científica. 
 
Uma vez que uma pesquisa científica esteja concluída (ou 
parcialmente concluída), ela deve ser formalmente apresentada à comunidade 
acadêmica de forma pública (por isso, diz-se que um trabalho deve ser 
“publicado”). Para isso, um artigo deve ser publicado em uma revista 
cientifica (também denominado periódico ou journal). 
 
 
Os artigos científicos não são a única forma de apresentação de uma pesquisa para a 
comunidade acadêmica. Pesquisadores podem apresentar seus projetos em congressos, 
conferências, workshops, palestras e seminários. Trabalhos podem ser ainda apresentados 
de forma condensada como pôsteres em congressos. 
 
 
É função do periódico atestar pela qualidade da pesquisa ali 
apresentada, garantindo que ela atendeu aos requisitos básicos dos métodos 
científicos. Para isso, os periódicos utilizam o processo de revisão por pares 
(peer review), no qual outros cientistas (denominados revisores) analisam se 
o artigo atende aos requisitos da revista. Caso a pesquisa apresente falhas, 
não se adeque ao escopo da revista ou simplesmente não seja considerada 
interessante o suficiente, os revisores podem recomendar a rejeição da 
 
 
19 
publicação. Entretanto, a decisão pela aceitação ou rejeição é feita por um 
membro do grupo editorial do periódico (denominado editor). A revisão 
pareada garante que o editor possa tomar a decisão fundamentado não apenas 
em seus conhecimentos, sendo auxiliado pela opinião de outros cientistas 
especialistas no assunto. Os revisores podem ainda requisitar alterações na 
pesquisa ou na documentação do artigo antes da aceitação. Nesse caso, os 
revisores recomendam quais modificações consideram necessárias e o autor 
tem a opção de aceitá-las ou não. No caso de aceitação, o artigo é então 
publicado no periódico. Antigamente periódicos eram impressos e vendidos 
em revistas conceituadas. Nos dias de hoje, a maior parte das revistas 
científicas mantém sites para divulgação dos artigos avaliados por seus 
processos internos, que em geral são disponibilizados em arquivos PDF. 
2.1 Avaliação de periódicos 
Cada revista possui um conjunto de regras internas para definição dos 
requisitos para aceitação de um determinado artigo (denominado escopo). 
Algumas revistas regulam os tipos de assunto a qual se especializa, os tipos 
de artigos (podem ser artigos científicos, revisões da literatura, cartas, dentre 
outros). Algumas revistas podem requisitar uma imensa gama de 
experimentos visando falsear as hipóteses propostas, enquanto outras podem 
ter níveis de exigência menores. Por isso, pode-se concluir que revistas 
científicas possuem diferenças significativas, sendo algumas consideradas de 
maior prestígio em determinadas áreas quando comparadas a outras. 
 Para avaliar a qualidade de uma revista, diversos índices têm sido 
propostos. Um deles é o denominado fator de impacto (IF). O fator de 
impacto é determinado pela quantidade de citações que artigos de uma revista 
possuem dividido pelo número de publicações da revista em um determinado 
período de tempo (em geral, dois anos). Atualmente, o fator de impacto é 
calculado pelo Institute for Scientific Information (ISI) e publicado pelo 
Journal Citations Reports (JCR) (PÓS-GRADUANDO, 2011). 
 Por exemplo, um hipotético journal denominado “Nature 
Bioinformatics” publicou 50 artigos no ano de 2020 e outros 50 artigos no 
 
 
20 
ano de 2021. No ano de 2022, os artigos publicados pela revista em 2020 
foram citados 75 vezes e os publicados em 2021 foram citados 175 vezes. 
Tabela 2. Exemplo do cálculo do fator de impacto. 
Fator de impacto 2022 
Ano Citações Artigos publicados 
2020 75 50 
2021 175 50 
Total 250 100 
 
 O fator de impacto pode ser calculado usando a seguinte fórmula: 
 
Fi = (Cano-2 + Cano-1) / (Pano-2 + Pano-1) 
 
Onde Fi é o fator de impacto, Cano-2 e Cano-1 é o total de citações de artigos 
dos dois anos anteriores (deve-se contar apenas citações no ano atual) e Pano-
2 e Pano-1 representam o total de artigos publicados nos dois últimos anos. No 
exemplo apresentado, o fator de impacto seria: 
Fi = (75 + 175) / (50 + 50) 
Fi = 250 / 100 
Fi = 2,5 
 
 O fator de impacto da revista hipotética seria 2,5 para o ano de 2022. 
O cálculo de fator de impacto é calculado anualmente, logo o fator de impacto 
do ano 2022 só é liberado no ano de 2023. 
Revistas com maior fator de impacto tendem a ter maior credibilidade 
e, portanto, são mais lidas, o que aumenta a probabilidade de ter mais 
citações. A título de comparação, os fatores de impacto em 2018 das duas 
revistas científicas mais populares, Nature e Science, foram de “43,07” e 
“41,063”, respectivamente. No mesmo período, os periódicos mais populares 
na área de bioinformática, Bioinformatics (Oxford) e BMC Bioinformatics, 
tiveram fatores de impacto de “4,53” e “2,21”, respectivamente. 
 
 
21 
A revista hipotética poderia ter um fator de impacto maior caso seus 
artigos se tornassem mais populares (ou seja, mais reconhecidos pela 
comunidade acadêmica) e fossem mais citados por outros trabalhos 
(preferencialmente em outras revistas). A revista hipotética poderia ainda 
reduzir a quantidade de artigos publicados a cada ano que, caso a quantidadede citações continuasse a mesma, o fator de impacto aumentaria. 
2.1.1 Qualis Periódicos 
Devido às diferenças entre fatores de impacto de área mais populares, como 
ciências biológicas e física, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior do Brasil) propôs o sistema de classificação de 
revistas científicas válido para pesquisadores no país, denominado Qualis 
Periódicos1. O Qualis contempla todas as áreas da pesquisa brasileira. Todo 
periódico a qual pesquisadores brasileiros já realizaram publicações são 
classificados em um estrato. 
 A primeira versão do Qualis classificava artigos com base em áreas 
de avaliação nos estratos: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. Em 2019, foi 
realizada uma alteração visando aumentar a interdisciplinaridade e facilitar 
identificação das principais revistas. No Qualis 2019, os estratos foram 
dividindo nas categorias de A1 a A4 (artigos mais bem avaliados), B1 a B4 
(artigos abaixo da mediana) e C (artigos sem fator de impacto). 
Em geral, os estratos são atualizados a cada três anos. 
2.2 Avaliação de cientistas 
Para avaliar a produtividade de um cientista, não se deve avaliar apenas o 
número de publicações ou o total de citações. Uma métrica bastante utilizada 
é o h-index. 
 H-index mede o número de publicações que possuem pelo menos o 
mesmo número de citações. Por exemplo, se um autor possui 10 artigos e 
cada um deles possui 10 citações, o h-index do autor seria 10. Se outro autor 
 
1 Disponível em: 
<https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/ 
listaConsultaGeralPeriodicos.jsf>. Acesso em 10 de abril de 2020. 
 
 
22 
possuísse 1000 artigos, mas cada artigo possuísse apenas uma citação, o h-
index seria 1. Se um terceiro autor com 10 artigos, possuísse um artigo com 
1000 citações e os outros artigos com no mínimo 5 citações, o h-index seria 
5. 
h-index = X, onde X representa um número X de artigos que possuem pelo menos X 
citações 
 
 Quanto maior o h-index maior a produtividade do autor. 
Informalmente costuma-se dizer que o h-index esperado de um autor deva 
corresponder ao total de anos desde a conclusão de um doutorado. 
 
Redes sociais para pesquisadores 
 
Você deve ter um perfil em todas estas plataformas: 
 
Google Scholar: também conhecido como Google Acadêmico. Permite a busca de artigos 
acadêmicos em sua base de dados. Essa plataforma permite ainda que pesquisadores criem 
perfis e compartilhem artigos científicos. Os artigos são indexados automaticamente, 
permitindo ao pesquisador a vinculação de um artigo a seu perfil. 
• Disponível em: https://scholar.google.com/ 
 
ResearchGate: Rede social para pesquisadores. Permite que pesquisadores acompanhem 
os trabalhos de outros pesquisadores, leiam suas novas publicações, respondam perguntas 
acadêmicas e divulguem vagas de empregos e bolsas de pesquisa. 
• Disponível em: https://www.researchgate.net/ 
 
ORCID: essa plataforma fornece um identificador digital único, denominado ORCID iD, 
que permite que o nome de pesquisador seja distinguido de outros pesquisadores (é 
utilizado para identificar quem é o autor de um artigo caso dois ou mais pesquisadores 
tenham o mesmo nome). Muitos periódicos exigem o ORCID iD para submissão de 
artigos. 
• Disponível em: https://orcid.org/ 
 
Publons: permite a publicação de revisões de artigos realizadas para periódicos. Na 
maioria das vezes revisores de artigos não recebem reconhecimento por seu trabalho. O 
Publons permite que, caso revisor e autor concordem, os comentários apresentados em no 
processo de revisão pareada sejam divulgados publicamente. 
• Disponível em: http://publons.com/ 
 
https://scholar.google.com/
https://www.researchgate.net/
https://orcid.org/
http://publons.com/
 
 
23 
Lattes: plataforma da agência brasileira CNPq para armazenamento de currículos de 
pesquisadores brasileiros. Todo estudante interessado em realizar pós-graduação stricto 
sensu no Brasil deve apresentar um perfil na plataforma Lattes2. 
• Disponível em: http://lattes.cnpq.br/ 
 
 
2.3 Ética na escrita e citações 
O ato de transcrever total ou parcialmente textos de outros autores sem a 
devida atribuição, o chamado plágio, constitui em uma das mais graves 
infrações que podem ocorrer no meio acadêmico. Caso seja detectado um 
plágio, o autor pode ter seu diploma cassado e até mesmo responder na justiça 
por crimes relacionados à infração de direitos autorais. 
Como apresentado anteriormente, a escrita acadêmico-científica é 
fundamentada em trabalhos publicados e avaliados anteriormente por 
profissionais de mesmo ou superior grau acadêmico (revisão por pares). O 
conhecimento científico se constroi a partir de acrescimo a ideias 
previamente expostas e que são reconhecidas pela comunidade científica. Por 
isso, recomenda-se que informações que contextualizam uma pesquisa sejam 
fundamentadas por trabalhos publicados e reconhecidos de outros autores 
(DOS SANTOS, 2007). Afirmações consideradas importantes (não triviais) 
devem ser, sempre que possível, apoiadas por citações, que podem ser diretas 
ou indiretas. 
2.3.1 Citação direta 
A citação direta constitui na transcrição exata do texto de um outro autor (DE 
SOUZA AQUINO, 2017). Em geral, é apresentada entre aspas (quando o 
trecho possui menos de quatro linhas). Em geral, esse tipo de citação não é 
recomendada para artigos científicos. Por exemplo: 
Segundo Ben Jor (1969), “o Brasil é um país tropical”. 
 
2 O nome é uma homenagem ao cientista brasileiro César Lattes (Curitiba, 11 de julho de 
1924 - Campinas, 8 de março de 2005), codescobridor do méson pi (píon). Essa descoberta 
levou ao Prêmio Nobel de Física de 1950, que foi entregue – numa das maiores injustiças do 
Comitê do Nobel – somente a Cecil Frank Powell, chefe do grupo de pesquisa. 
http://lattes.cnpq.br/
 
 
24 
Citações diretas com mais do que três linhas devem ser separadas do 
texto principal e diferenciadas com uma formatação distinta: exibidas com 
uma fonte menor, espaçamento simples e distante em 4 cm da margem 
esquerda. Observe: 
Textos técnicos e científicos devem lançar mão de citações por 
dois bons motivos. O primeiro é que, normalmente, citam-se 
autores de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas ideias 
já foram publicamente expostas, submetidas ao juízo e 
reconhecimento da comunidade de leitores e da comunidade 
científica. Se as ideias permanecem (e da forma como 
permanecem), seu autor merece menção, como conhecedor do 
assunto exposto, como autoridade científica. Segundo, ao se 
referenciar certo autor, fazem-se, a um só tempo, um ato de justiça 
intelectual (atribuir-se a ideia a seu “dono”) e um ato de 
honestidade científico-acadêmica (o autor que cita e referencia 
reconhece que a ideia não é sua). Fonte: (DOS SANTOS, 2007) 
 
2.3.2 Citação indireta (paráfrase) 
Tipo de citação mais comum e mais recomendada. Na citação indireta, 
também conhecida como paráfrase, o texto deve ser escrito de forma que 
represente a ideia geral apresentada pelo autor original usando outras palavras 
(DE SOUZA AQUINO, 2017). Observe as duas senteças apresentadas como 
exemplo a seguir: 
 
Sentença 1 
 
Beta-glucosidases (b-D-glucopyranoside glucohydrolases, 
E.C. 3.2.1.21) are enzymes that hydrolyze glycosidic bonds to 
release nonreducing terminal glucosyl residues from 
glycosides and oligosaccharides. These enzymes are found 
universally, in all domains of living organisms, Archaea, 
Eubacteria, and Eukaryotes, in which they play a variety of 
functions. 
Fonte: (CAIRNS; ESEN, 2010). 
Tradução3: As beta-glicosidases (b-D-glucopiranosídeo 
gluco-hidrolases, E.C. 3.2.1.21) são enzimas que hidrolisam 
as ligações glicosídicas para liberar resíduos glicosil terminais 
não redutores a partir de glicosídeos e oligossacarídeos. Essas 
 
3 Nosso objetivo aqui não é apresentar uma tradução perfeita dotrecho indicado, e sim 
apresentar um exemplo de como o trecho poderia ser parafraseado. Portanto, as traduções 
foram realizadas automaticamente usando a ferramenta Google Translator. Disponível em 
https://translate.google.com.br. Acesso em 25 de fevereiro de 2021. 
https://translate.google.com.br/
 
 
25 
enzimas são encontradas universalmente, em todos os 
domínios dos organismos vivos, Archaea, Eubacteria e 
Eucariotos, nos quais desempenham uma variedade de 
funções. 
 
Sentença 2 
 
β-Glucosidase (β-glucoside glucohydrolase; EC 3.2.1.21) that 
catalyzes the hydrolysis of alkyl- and aryl-β-glycosides as 
well as di- and oligosaccharides, is an important industrial 
enzyme [...] Moreover, β-glucosidases are important 
components of the cellulase complex and key rate-limiting 
enzymes in cellulose degradation in the process of breakdown 
of cellulosic oligosaccharides into glucose. 
Fonte: (LU et al., 2013). 
Tradução4: β-Glicosidase (β-glucosídeo glucohidrolase; EC 
3.2.1.21) que catalisa a hidrólise de alquil- e aril-β-
glicosídeos, bem como di- e oligossacarídeos, é uma 
importante enzima industrial [...], além disso, β-glicosidases 
são componentes importantes do complexo de celulase e 
enzimas chave limitantes das taxas de degradação da celulose 
no processo de quebra de oligossacarídeos celulósicos em 
glicose. 
 
 As duas sentenças representam definições de diferentes autores sobre 
uma mesma classe de enzimas usadas na produção de biocombustíveis: as 
beta-glicosidases. Agora observe como essa definição pode ser apresentada 
um trabalho original tomando como base as sentenças apresentadas: 
 
β-glicosidase (E.C. 3.2.1.21) é uma classe de enzimas que hidrolisam as 
ligações glicosídicas de dissacarídeos, oligossacarídeos, aquil- e aril-β-
glicosídeos (CAIRNS; ESEN, 2010; LU et al., 2013). 
 
 Observe que o trecho parafraseado não apresenta uma cópia precisa 
dos trechos traduzidos, e sim uma intepretação da forma a qual os conceitos 
foram apresentados sem alterar o sentido geral. O uso da paráfrase no trecho 
 
4 Nosso objetivo aqui não é apresentar uma tradução perfeita do trecho indicado, e sim 
apresentar um exemplo de como o trecho poderia ser parafraseado. Portanto, as traduções 
foram realizadas automaticamente usando a ferramenta Google Translator. Disponível em 
https://translate.google.com.br. Acesso em 25 de fevereiro de 2021. 
https://translate.google.com.br/
 
 
26 
apresentado pode ser definido como uma tentativa de identificar a ideia 
principal de um conceito descrito na literatura científica (ou seja, um conceito 
apresentado por autores conceituados) e apresentá-la usando as próprias 
palavras do autor. Perceba mais uma vez que a escrita do referencial teórico 
de um manuscrito acadêmico deve se basear em trabalhos publicados 
anteriormente (ou seja, conceitos já aceitos no meio acadêmico). Entretanto, 
deve-se evitar a realização de uma cópia exata das sentenças originais (exceto 
no caso de citações diretas). 
 
2.3.3 Normas para inserção de citações 
Segundo MEDEIROS; LAKATOS e DE ANDRADE MARCONI (2017), 
citações podem ser realizadas por duas formas: sistema autor-data e sistema 
numérico. Citações devem ser realizadas de acordo com as normas 
especificadas pela revista científica e/ou instituição que avaliará o trabalho. 
Por padrão, em trabalhos acadêmicos no Brasil, citações devem seguir a 
norma NBR 10520. Nessa norma, citações devem informar nome do autor e 
o ano de publicação (sistema autor-data). Observe o exemplo a seguir: 
 
Beta-glicosidases são enzimas utilizadas na produção de 
biocombustíveis de segunda-geração (Mariano et al., 2017; de 
Giuseppe et al., 2014; Yang et al., 2015). Elas agem no último 
passo da sacarificação, convertendo celobiose em glicose que 
será usada para produção de bioetanol (Costa et al., 2014). 
Fonte: (MARIANO, 2019) 
 
 Quando há mais de um autor citado para uma mesma afirmação, deve-
se separá-los por ponto e vírgula. A expressão “et al.” deriva do latim et alia 
(e outros), e pode ser utilizada quando um artigo possui pelo menos quatro 
autores. Artigos com até três autores devem ser citados informando o último 
nome de cada autor seguido pelo ano. 
 
 
27 
A seção de referências bibliográficas deve ser inserida ao final do 
manuscrito. Ela deve estar ordenada alfabeticamente com base no último 
nome do primeiro autor. Observe: 
 
 
Costa LSC, Mariano DCB, Rocha REO, Kraml J, Silveira CH da, Liedl KR, et al. 
Molecular Dynamics Gives New Insights into the Glucose Tolerance and Inhibition 
Mechanisms on β-Glucosidases. Molecules. 2019;24:3215. 
de Giuseppe PO, Souza T de ACB, Souza FHM, Zanphorlin LM, Machado CB, 
Ward RJ, et al. Structural basis for glucose tolerance in GH1 β-glucosidases. Acta 
Crystallographica Section D Biological Crystallography. 2014;70:1631–9. 
Mariano DCB, Leite C, Santos LHS, Marins LF, Machado KS, Werhli AV, et al. 
Characterization of glucose-tolerant β-glucosidases used in biofuel production under 
the bioinformatics perspective: a systematic review. Genet Mol Res. 2017;16. 
Yang Y, Zhang X, Yin Q, Fang W, Fang Z, Wang X, et al. A mechanism of glucose 
tolerance and stimulation of GH1 β-glucosidases. Scientific Reports. 2015;5:17296. 
 
Além disso, muitas revistas científicas podem adotar o padrão 
numérico5, a qual citações são informadas por números na ordem de 
ocorrência, em geral, envolvidas em colchetes [número], parênteses (número) 
ou até mesmo sobrescritanúmero. Observe o exemplo a seguir: 
Beta-glicosidases são enzimas utilizadas na produção de biocombustíveis de segunda-
geração [1-3]. Elas agem no último passo da sacarificação, convertendo celobiose em 
glicose que será usada para produção de bioetanol [4]. 
 
 Como seria a seção referências bibliográficas: 
1. Mariano DCB, Leite C, Santos LHS, Marins LF, Machado KS, Werhli AV, et 
al. Characterization of glucose-tolerant β-glucosidases used in biofuel 
production under the bioinformatics perspective: a systematic review. Genet 
Mol Res. 2017;16. 
2. de Giuseppe PO, Souza T de ACB, Souza FHM, Zanphorlin LM, Machado CB, 
Ward RJ, et al. Structural basis for glucose tolerance in GH1 β-glucosidases. 
Acta Crystallographica Section D Biological Crystallography. 2014;70:1631–9. 
 
5 Saiba mais em: <https://guiadamonografia.com.br/referencial-teorico-9-erros-perigosos/>. 
Acesso em 30 de março de 2020. 
 
 
28 
3. Yang Y, Zhang X, Yin Q, Fang W, Fang Z, Wang X, et al. A mechanism of 
glucose tolerance and stimulation of GH1 β-glucosidases. Scientific Reports. 
2015;5:17296. 
4. Costa LSC, Mariano DCB, Rocha REO, Kraml J, Silveira CH da, Liedl KR, et 
al. Molecular Dynamics Gives New Insights into the Glucose Tolerance and 
Inhibition Mechanisms on β-Glucosidases. Molecules. 2019;24:3215. 
 
2.3.3.1 NOTAS DE RODAPÉ 
Notas de rodapé permitem a inserção de notas explicativas ou até mesmo 
citações no texto (quando o texto não exigir grande quantidade de citações). 
Para notas explicativas deve-se utilizar o padrão numérico, enquanto para 
citações deve-se utilizar o sistema autor-data (MEDEIROS; LAKATOS; DE 
ANDRADE MARCONI, 2017). 
Como exemplo pode-se citar as formas de acesso a uma base de dados 
em uma nota de rodapé. Nesse caso, recomenda-se inserir a expressão 
“disponível em:”, seguido do endereço do site entre parênteses angulares <>, 
e por fim, a data de acesso. Observe o exemplo a seguir: 
¹ Disponível em: <http://site.com.br>. Acesso em 30 de março de 2020. 
 
2.3.4 Gerenciamento de citações 
À medida que um manuscrito cresce, se torna difícil gerenciar manualmente 
um grande número de citações. Por isso, diversos programas têm sido 
utilizados para o gerenciamento de citações em manuscritos, como por 
exemplo, Mendeley6 e Zotero7. Neste manuscrito será recomendado o uso da 
ferramenta Zotero (para um tutorial de uso, veja o apêndice 1). 
2.4 Abreviações 
Na escrita científica,há rigorosas regras inclusive para abreviação de nomes 
de autores e formações (DE SOUZA AQUINO, 2017). Por exemplo, o nome 
do autor pode ser abreviado de várias formas. Observe: 
 
6 Disponível em: <https://www.mendeley.com/>. Acesso em 16 de março de 2020. 
7 Disponível em: <https://www.zotero.org/>. Acesso em 16 de março de 2020. 
https://www.mendeley.com/
https://www.zotero.org/
 
 
29 
Nome: 
• Diego César Batista Mariano 
Possíveis abreviações: 
• Mariano, D. C. B. 
• MARIANO, D. C. B. 
• Mariano, DCB 
• Mariano, D. 
• Mariano, Diego 
• Mariano, Diego C. B. 
• Diego Mariano 
• Diego C. B. Mariano 
• D. C. B. Mariano 
• Batista Mariano, Diego C. 
 
Note que há várias formas de se abreviar o nome de um autor, 
variando espaçamento, uso de pontos e variação do uso de letras maiúsculas 
e minúsculas. Em geral, o último nome é citado primeiro, seguido de vírgula 
e os primeiros nomes (abreviados ou não). Entretanto, ele pode ainda ser 
escrito na ordem direta. A escolha da abreviação, em geral, é feita pelo 
próprio autor. Recomenda-se apenas que as abreviações sejam realizadas de 
forma padronizada para facilitar a correlação automática de autores e 
trabalhos por bases de dados. Ainda, regras para definição de abreviaturas 
podem ser estabelecidas pela revista ou instituição a qual o trabalho será 
submetido. Nesse caso, o autor deve respeitar as regras requisitadas. 
2.4.1 Abreviações derivadas de outros idiomas 
Abreviações e outras expressões derivadas de outros idiomas, como o latim, 
devem ser destacadas em itálico, como por exemplo: (i) idem, quando indica 
um trabalho de mesmo autor; (ii) op. cit. (opus citatum), obra citada; (iii) 
ibidem, mesma obra; (iv) loc. cit. (loco citato), no lugar citado; (v) apud, 
usado para citar um trabalho que é citado em outro trabalho; (vi) passim, que 
representa algo citado em diversas passagens. Apesar de comumente 
utilizadas, deve-se evitar utilizar muitas abreviações em uma única sentença 
 
 
30 
e/ou parágrafo (MEDEIROS; LAKATOS; DE ANDRADE MARCONI, 
2017). 
 
Outras abreviações: 
(i) i.e. (isto é); 
(ii) e.g. (por exemplo); 
(iii) etc. (entre outros); 
(iv) vs (versus); 
(v) et al. (e outros). 
 
 
2.4.2 Titulações 
No caso de abreviações de titulações, as siglas variam de país para país 
(Tabela 3). No Brasil, não se costuma utilizar abreviações para bacharelado. 
A sigla “Me.”, em geral, é usada para título de mestre (também costuma-se 
usar “M.Sc.” antes ou após o nome do autor separado por vírgula). Para 
titulações de nível doutorado, utiliza-se Ph.D. ou D.Sc. (antes ou após o 
nome). A abreviação “Dr.” pode ser utilizada antes do nome para titulações 
de nível doutorado obtidas no Brasil ou no exterior (DE SOUZA AQUINO, 
2017). 
Tabela 3. Abreviações usadas para titulações. 
A lista inclui apenas alguns exemplos, uma vez que abreviações podem ter diversas variações 
dependendo do país a qual a titulação foi obtida. 
Titulação Definição Abreviações 
Bacharelado 
Siglas generalizadas. Em geral, são utilizadas 
apenas em países de língua inglesa. 
B.A. 
BA 
Mais utilizado em países de língua inglesa para 
estudantes formados em cursos de matemática, 
física, fisiologia e botânica. 
Bacharel em ciências 
Bachelor of Science (inglês) 
Baccalaureus Scientiæ (latim) 
B.Sc. 
BSc 
BS 
S.B. 
Sc.B. 
Engenheiro Eng. 
Medicina 
Doctor of Medicine 
MD 
M.D. 
Bachelor of Laws (Legum Baccalaureus) 
Usado na Inglaterra para bacharelado em direito. 
LL.B. 
Mestrado Terminação usada no Brasil. Me. 
 
 
31 
Me 
Mestre em ciências 
Master of Science 
M.Sc. 
MSc 
M.S. 
MS 
Doutorado 
Grau acadêmico mais elevado. Deriva-se do latim 
docēre (ensinar). 
Dr. 
Dr 
Título oferecido por universidades para quem 
conclui um doutorado. Deriva-se de philosophiae 
doctor ou doutor em filosofia, sendo aplicado não 
apenas a filosofia propriamente dita, mas a várias 
áreas de estudo, como ciências e artes (a palavra 
philosophiae em grego poderia ser traduzida 
como “amor ao conhecimento”). 
Ph.D. 
PhD 
DPhil 
Doutor em ciências (Doctor of Science ou em 
latim Scientiae Doctor). Grau equivalente no 
Brasil ao PhD 
D.Sc. 
DSc 
DS 
Sc.D. 
S.D. 
 
Boas práticas no uso de titulações acadêmicas 
Titulações acadêmicas devem ser utilizadas, preferencialmente, em práticas e cerimônias 
que ocorrem em ambiente acadêmico. Em geral, elas só podem ser utilizadas para 
apresentação quando introduzidas por outrem. Por exemplo, não é considerado cortês 
apresentar-se como “Me. X” ou “Dr. X”. Entretanto, o pronome de tratamento é aceito 
quando a apresentação é feita por outra pessoa (em geral, pessoa inserida no meio 
acadêmico). 
 
2.5 Estrutura de um trabalho científico 
Manuscritos de trabalhos acadêmicos possuem certas particularidades na 
forma como sua redação deve ser realizada (Figura 3). Recomenda-se que a 
escrita de um trabalho científico deva ser iniciada apresentando um contexto 
geral da área de pesquisa (introdução). A seguir, o fluxo do texto deve se 
especializar em um determinado problema, apresentando soluções para 
resolvê-lo e como essas soluções são avaliadas, discutidas e comparadas com 
resultados esperados e/ou com outros trabalhos (diz-se comparar com a 
literatura) anteriormente realizados e publicados por outros autores 
(desenvolvimento). E por fim, o trabalho deve apresentar os principais 
 
 
32 
achados da pesquisa e como esses achados contribuem para solução do 
problema e/ou como perspectiva para que a comunidade cientifica possa 
solucionar o problema no futuro (conclusão). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Partes do corpo de um trabalho acadêmico. 
O trabalho deve ser estruturado de forma generalizada, a qual inicia-se com um tema 
abrangente que se afunila a um problema específico. No desenvolvimento do trabalho deve-
se incluir metodologias aplicadas para validação, resultados e discussões (esses dois últimos 
podem ser apresentados juntos em uma mesma seção ou separados). Por fim, o trabalho deve 
apresentar os principais achados da pesquisa e sua contribuição para a ciência. Fonte: 
adaptado de (HILL; SOPPELSA; WEST, 1982) 
2.6 Requisitos e procedimentos de 
trabalhos científicos 
Normas de formatação dependem dos regulamentos estabelecidos pelas 
instituições a qual os trabalhos acadêmicos são submetidos. Quando elas não 
são estabelecidas, recomenda-se utilizar as normas ABNT. 
As normas ABNT para escrita técnica são um conjunto de regras 
básicas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT). Essas regras abordam por exemplo, fontes recomendadas, 
espaçamento entre linhas, margens de páginas, estilo de títulos, citações, 
dentre muitas outras recomendações. As regras ABNT não são obrigatórias; 
entretanto, maior parte das universidades, escolas técnicas e órgãos públicos 
adotam suas regras ou parte delas visando padronizar a formatação e 
organização de documentos. A norma responsável pela padronização dos 
Resumo 
Introdução 
Metodologia 
Resultados e discussão 
Conclusões 
Referências 
Geral 
 
 
Específico 
 
 
Geral 
Conclusões 
 
 
33 
aspectos gráficos de um trabalho acadêmico é a NBR 14724:2005 
(MEDEIROS; LAKATOS; DE ANDRADE MARCONI, 2017). 
A seguir são apresentados alguns aspectos gráficos para configuração 
de trabalhos acadêmicos (Tabela 4). 
Tabela 4. Aspectos gráficos utilizados em textos acadêmicos. 
Observe as margens direita/esquerda e superior/inferior são distintas. A diferença de valores 
representa espaços destinados a lombada (encadernação ocorre na margem esquerda) e a 
informações do cabeçalho como por exemplo número de páginas (superior). 
Aspecto gráfico Descrição 
Tipo de papel A4 (210 mm x 297 mm) 
Espaçamento de linha • 1,5* 
• Duplo 
Margem superior 3 cm 
Margem inferior 2 cm 
Margem direita 2 cm 
Margem esquerda 3 cm 
Fonte • Time New Roman* 
• Arial 
Tamanho da fonte 12 px 
AlinhamentoJustificado 
Parágrafo** 1,25 cm** 
* Normas estabelecidas para o programa de pós-graduação em bioinformática da UFMG. 
Obtido no artigo 4.o da resolução No 05/2018 do Programa Interunidades de Pós-graduação 
em Bioinformática da UFMG. Disponível em: <http://www.pgbioinfo.icb.ufmg.br>. Acesso 
em 17/03/2020. ** O primeiro parágrafo de uma seção (ou subseção) não recebe tabulação. 
 
http://www.pgbioinfo.icb.ufmg.br/
 
 
34 
 
210 mm 
10 
3 cm 
 
3 cm 2 cm 
2 cm 
 297 mm 
Figura 4. Margens da página. 
Fonte: adaptado de (MEDEIROS; LAKATOS; DE ANDRADE MARCONI, 2017). 
 
2.6.1 Numeração de páginas e capítulos 
Numeração de capítulos deve ser feita em algarismos indo-arábicos 
(separados por ponto quando representam subseções), como por exemplo, 1, 
1 Título da seção (tamanho de fonte 16 px – negrito) 
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35 
1.1, 1.1.1, 1.1.1.1 (MEDEIROS; LAKATOS; DE ANDRADE MARCONI, 
2017). Recomenda-se um número máximo de quatro níveis de subseções (i.e., 
não recomenda-se, por exemplo, uma subseção 1.1.1.1.1). 
 O número de páginas deve ser inserido, preferencialmente, no 
cabeçalho superior à direita. No setor pré-textual, os números de páginas 
devem ser descritos em algarismos romanos (exceto na capa e contracapa), 
enquanto no corpo do trabalho deve-se utilizar algarismos indo-arábicos (0-
9). 
 As normas ABNT recomendam que a contagem deva começar a partir 
da contra-capa. Entretanto, isso causaria uma distorção na paginação do 
arquivo em meio digital (formato PDF). Por exemplo, a página 2 do arquivo 
seria indicada como página 1, o que causaria problemas na hora de realizar a 
navegação pela função “ir para página”. Por isso, recomenda-se que: 
(i) a contagem comece na primeira página do arquivo (capa); 
(ii) o primeiro número de página em algarismo romano visível deve 
aparecer apenas após a contra-capa; 
(iii) o número de páginas em algarismos indo-arábicos deve aparecer 
apenas a partir da seção “introdução” e deve levar em 
consideração todas as páginas anteriores. Como por exemplo, se 
houver capa (página 1), contra-capa (página 2), sumário (página 
3) e, a seguir, a introdução, o número exibido na primeira página 
da introdução deve ser o 4). 
2.7 Partes do trabalho 
Dissertações ou teses devem apresentar seguintes seções (Tabela 5): 
Tabela 5. Partes de um trabalho acadêmico: TCCs, dissertações e teses. 
Fonte: Adaptado de (DE SOUZA AQUINO, 2017; MEDEIROS; LAKATOS; DE 
ANDRADE MARCONI, 2017). 
P
R
É
-
T
E
X
T
U
A
L
 
Capa 
Apresenta nome da instituição na qual o trabalho é 
apresentado (fonte tamanho 12px), nome do autor (fonte 
tamanho 14px), título do trabalho (fonte tamanho 16px em 
negrito) e cidade/ano (fonte tamanho 12px). 
 
 
36 
Folha de rosto 
 
Contém os mesmos elementos da capa com adição de uma 
sentença abaixo do título com margem de esquerda de 7cm 
(espaçamento simples e tamanho 12px). Por exemplo: 
Tese apresentada ao Programa 
Interunidades de Pós-Graduação em 
Bioinformática da Universidade Federal 
de Minas Gerais, como requisito à 
obtenção do título de Doutor em 
Bioinformática. 
Orientador: Prof. Dr. X 
Ficha catalográfica 
A ficha catalográfica é emitida pela biblioteca após 
aprovação do trabalho pela banca, logo não é inserida na 
versão enviada antes da defesa. Ela é inserida no verso da 
folha de rosto. 
Folha de 
aprovação 
Folha com assinatura dos membros da banca. É emitida 
pela banca após a defesa em caso de aprovação. Deve ser 
escaneada e inserida após a ficha catalográfica. 
Dedicatória 
Seção opcional. O autor pode dedicar sua obra a qualquer 
pessoa/instituição. 
Epígrafe 
Seção opcional. O autor pode inserir uma frase, poema ou 
citação nesta seção. 
Agradecimentos 
Bolsistas de agência de fomento governamental devem 
obrigatoriamente agradecer a quem financiou sua bolsa de 
pesquisa. Opcionalmente, o pesquisador pode emitr 
agradecimentos a pessoas que contribuiram em sua tese. 
Resumo* 
Apresenta um resumo completo do manuscrito 
apresentando todos os principais achados e conclusões. 
Pode ser dividido em cinco partes (detalhes serão 
apresentados na próxima seção): 
(i) Contexto 
(ii) Problema 
(iii) Proposta 
(iv) Resultados 
(v) Conclusão 
O resumo deve apresentar entre 250 e 500 palavras (1 
página). Ao fim, deve apresentar uma lista de três a dez 
palavras-chave separadas por ponto e vírgula (palavras-
chave podem ter mais de uma palavra, como por exemplo, 
“bioinformática estrutural”). 
Abstract* Resumo traduzido para a língua inglesa. 
Sumário 
Contém o índice de páginas (recomenda-se exibir no 
máximo dois ou três níveis de títulos). 
 
 
37 
Lista de figuras 
Contém o índice de páginas de figuras e suas legendas 
(recomenda-se que títulos de legendas não tenham mais do 
que duas linhas). 
Lista de tabelas 
Contém o índice de páginas de tabelas e suas legendas 
(recomenda-se que títulos de legendas não tenham mais do 
que duas linhas). 
Lista de 
abreviações 
Lista com todas as siglas usados no manuscrito e seus 
significados (ordenado alfabeticamente). Pode ainda ser 
inserida na seção pós-textual, antes da seção de referências 
bibliográficas. 
Produção 
acadêmica 
Opcional. Lista de artigos publicados e premiações obtidas 
que sejam diretamente relacionadas ao trabalho. 
C
O
R
P
O
 D
O
 T
R
A
B
A
L
H
O
 
Introdução* 
Deve apresentar o contexto sobre o problema estudado, 
listar outros trabalhos relacionados e por que eles não 
foram suficientes para resolver o problema, além de 
introduzir a solução apresentada. Deve apresentar uma 
revisão da literatura citando outros trabalhos acadêmicos, 
como artigos de periódicos e monografias. A revisãode 
literatura ser apresentada na introdução, ou constituir uma 
seção separada. 
Objetivos* 
Dividido em duas subseções: 
(i) Objetivo geral: apresenta o principal objetivo 
do trabalho em uma única frase. 
(ii) Objetivos específicos: apresenta uma lista de 
objetivos que o trabalho visa resolver. Os 
objetivos devem ser claros e diretos 
(recomenda-se usar marcadores para separá-
los). Cada objetivo deve ser apresentado e 
discutido na seção “resultados e discussão”. 
Material e 
métodos* 
Essa seção deve apresentar detalhadamente os 
procedimentos para realizar os experimentos que validam 
sua monografia. Ela deve ser escrita de forma concisa 
usando uma linguagem técnica. Deve-se escrever 
estritamente o que foi realizado, como foi realizado e onde 
os dados utilizados foram coletados. A seção “material e 
métodos” deve ser escrita como um tipo de manual de 
instruções para que outras pessoas possam reproduzir o que 
você realizou. Em geral, essa seção é escrita com verbos no 
passado. 
Resultados e 
discussão* 
Deve apresentar os principais resultados de sua 
monografia. Cada resultado deve ser discutido, 
comparando com possíveis resultados esperados ou com 
outros resultados da literatura. Recomenda-se apresentar 
aqui figuras e tabelas que facilitem a compreensão de seus 
 
 
38 
resultados. “Resultados” e “Discussão” podem ser 
apresentados em seções separadas. 
Conclusões* 
Deve apresentar consisamente as principais conclusões de 
seu trabalho, podendo apresentar ainda a principal 
contribuição do trabalho para a comunidade científica. 
Essa seção em geral ocupa uma ou duas páginas. 
Perspectivas* 
Deve apresentar possíveis trabalhos futuros que poderão 
ser realizados com base nos resultados obtidos. 
P
Ó
S
-T
E
X
T
U
A
L
 
Referências 
bibliográficas* 
Apresenta a lista de referências utilizadas no trabalho. Para 
monografias, recomenda-se utilizar o sistema de nome/ano 
(padrão ABNT). Recomenda-se ainda utilização de 
programas para gerenciamento de citações, como o Zotero 
ou Mendeley. 
Apêndice 
Contém materiais suplementares produzidos pelo próprio 
autor. São exemplos: tabelas que ocupam mais do que uma 
página; conjunto de figuras grandes com poucas diferenças 
visuais; artigos diretamente relacionados à monografia 
publicados pelo autor em periódicos; dentre outros. 
Anexos 
Contém materiais suplementares produzidos por outros 
autores. São exemplos: tabelas que ocupam mais de uma 
página e/ou figuras retiradas de outros trabalhos. 
* O asterisco indica seções consideradas obrigatórias segundo no artigo 4º da resolução Nº 
05/2018 do Programa Interunidades de Pós-graduação em Bioinformática da UFMG. 
 Na próxima seção “Desenvolvendo um trabalho acadêmico passo-
a-passo”, será apresentado um guia de como elaborar cada uma dessas 
seções. Um modelo de tese foi incluído na seção “apêndice”. 
2.8 Estilo de linguagem 
A escrita científica deve ser feita de forma direta, deve ser técnica e consisa. 
Informalmente poderia se dizer que deve-se acrescentar o máximo possível 
de informação com o mínimo possível de palavras. Na escrita científica se 
deve apresentar uma ideia por frase. Parágrafos longos impedem que a ideia 
se forme na mente do leitor. Por exemplo, ferramentas de auxílio a escrita 
acadêmica, como o ProWritingAid8, recomendam que frases tenham entre 11 
e 18 palavras. A justificativa para isso se deve ao fato de estudos indicarem 
 
8 Disponível em: <https://prowritingaid.com/>. Acesso em 9 de abril de 2020. 
https://prowritingaid.com/
 
 
39 
que os leitores não são capazes de armazenar na mente uma informação 
apresentada no início de uma sentença longa. 
A seguir serão apresentadas algumas características encontradas em 
boa parte dos trabalhos acadêmicos: 
• Tempo verbal: artigos e monografias são escritos usando verbos 
no passado (com exceção das conclusões que são escritas no 
presente). Seções de métodos, resultados e discussões de projetos 
podem ser escritos com verbos conjugados no futuro; 
• Pessoa: em português, textos acadêmicos são escritos em maior 
frequência usando a terceira pessoa. Pode-se utilizar primeira 
pessoa em casos específicos, mas deve-se tomar cuidado. Por 
exemplo, uma monografia (tese/dissertação) é um trabalho 
individual, logo não é recomendado usar expressões como “nós 
realizamos [...]”, sendo correto utilizar “eu realizei [...]”. Nesse 
contexto, muitos autores optam por utilizar a terceira pessoa: 
“realizou-se [...]”. Em inglês é mais comum encontrar artigos 
escritos na primeira pessoa do plural: “we performed [...]; 
• Voz: pode-se utilizar tanto voz passiva quanto voz ativa. Uso de 
voz ativa deixa o discurso mais direto, por isso em manuscritos 
em inglês a voz passiva é pouco aceita. Por outro lado, em 
português pode-se utilizar com maior regularidade a voz passiva. 
Entretanto, deve-se tomar cuidado com empilhamento de voz 
passiva: quando diversas frases escritas na voz passiva são 
apresentadas em sequência. Portanto, recomenda-se intercalar voz 
passiva com voz ativa. 
2.8.1 Ritmo e conexão 
Sentenças escritas na mesma estrutura podem apresentar problema de ritmo, 
o que pode ocasionar ao leitor dificuldades na compreensão do texto. Como 
exemplo, pode-se citar a presença de várias frases seguidas estruturadas com 
sujeito seguido do verbo. Por exemplo: 
 
 
 
40 
“O Brasil é um país tropical. Um país tropical é um país quente. Um país quente é um país 
feliz”. 
 
 Pode-se melhorar o ritmo variando o tamanho das sentenças ou 
inserindo conectores discursivos entre as sentenças (Tabela 6): 
“O Brasil é um país tropical. É de conhecimento popular que países tropicais tendem a ter 
um clima quente. Além disso, pesquisas recentes indicam que indivíduos que vivem em 
países tropicais são mais felizes.” 
 
Tabela 6. Exemplos de conectores discursivos. 
Fonte: <https://brasilescola.uol.com.br/redacao/conectores-discursivos.htm>. Acesso em 8 
de abril de 2020. 
Conector 
discursivo 
Exemplos 
Adição E, pois, além disso, e ainda, mas também, por um lado … por outro 
Causa É evidente que, certamente, naturalmente, evidentemente, por 
Reafirmação Nesse sentido, nessa perspectiva, em outras palavras, ou seja, 
novamente, em suma, em resumo, dessa forma, outrossim, dessarte, 
destarte 
Semelhança Do mesmo modo, tal como, assim como, pela mesma razão 
Oposição/restrição Mas, apesar de, no entanto, entretanto, porém, contudo, todavia, 
tampouco, por outro lado 
Ligação temporal Atualmente, contemporaneamente, após a década de, antes de, em 
seguida, até que, quando 
Opinião Ao meu ver, creio que, em meu/nosso entender, parece-me que, 
(in)felizmente, incrível como, admito que, (não) penso dessa 
forma/assim, obviamente 
Hipótese A menos que, supondo que, mesmo que, salvo se, exceto se 
Finalidade Para, para que, com o intuito de, com o objetivo de, a fim de 
Exemplificação Por exemplo, isto é, como se pode ver, a exemplo de 
Esclarecer (não) significa que, quer dizer, isto é, não pense que, com isto, (não) 
pretendemos 
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/conectores-discursivos.htm
 
 
41 
Enfatizar Efetivamente, com efeito, na verdade, como vimos, como pudemos 
refletir, mais uma vez 
Dúvida Talvez, é provável, é possível, provavelmente, possivelmente, 
porventura 
Chamar atenção Note-se que, atentar para o fato de que, constata-se que, 
verificamos, mais uma vez 
Conclusão Portanto, logo, enfim, à guisa de conclusão, em suma, concluindo, 
para que 
Certeza Evidentemente, certamente, decerto, naturalmente 
Proporção À medida que, da mesma forma 
Conformidade Conforme o(a), de acordo com, consoante, em conformidade 
 
2.8.2 Numerais e símbolos 
Ao escrever um texto acadêmico, deve-se atentar à algumas regras para 
escrita de números seguidos por símbolos ou unidades de medidas. Alguns 
números devem possuir um espaço após sua escrita. Para esses, recomenda-se utilizar o caractere de espaço rígido (também conhecido como espaço 
fixo). Esse caractere previne que, caso o número se encontre no final de uma 
linha, ocorra uma quebra de linha que o separe do símbolo. Por exemplo, no 
Microsoft Word esse espaço é obtido pressionando as teclas 
Ctrl + Shift + Espaço e no Mac OS pressionando Option + Espaço. 
Devem ter espaço após o numeral: 
• 6 min 
• 0.3 g 
• 80 mL 
• 100 km 
Não devem ter espaço (%, $ e º): 
• 50% 
• $400 
• 180º 
2.8.3 Escrita em inglês 
 
 
42 
Ao escrever trabalhos acadêmicos, eventualmente um pesquisador se verá na 
tarefa de redigir manuscritos em inglês. Isso gera um temor por parte do 
escritor, uma vez que boa parte da população brasileira não possui fluência 
em uma língua estrangeira. Entretanto, é possível escrever textos 
compreensíveis mesmo não tendo fluência no inglês. Para isso, deve-se 
atentar a algumas estratégias e dicas: 
• Traduções: tente evitar escrever em português e traduzir para inglês. 
Apesar das recentes evoluções nos tradutores automáticos, como o 
Google Translate, em português se utiliza expressões diferentes que 
muitas vezes não podem ser traduzidas. Além disso, o português faz 
bastante uso de artigos, que apesar ser possível ser utilizado em 
construções em inglês são pouco utilizados (como por exemplo, “of 
the”). Por isso evite sempre que possível. Se quiser utilizar tradutores 
automáticos, pode-se recomendar um processo de tradução reversa: 
escreva em inglês e traduza para português (isso pode ser útil para 
detectar falsos cognatos: palavras semelhantes em duas línguas, mas 
com sentidos diferentes); 
• Ritmo: para que o texto tenha um bom ritmo, recomenda-se intercalar 
o início de frases. Pode-se iniciar frases com: 
o Advérbios: “recently, DNA sensors” 
o Orações dependentes (dependent clauses): “although, cancer 
diagnosis is not…” 
o Frase no infinitivo: “To optimaze the system…” 
o Sujeito-verbo (tradicional): “The result show that…” 
o Frase preposicional: “In a few months, the systems will be…” 
• Uso de palavras-chave: palavras bastante utilizadas em artigos em 
inglês podem (e devem) ser utilizadas em artigos (Tabela 7). Inseri-
las garante que seu texto tenha uma série de expressões comumente 
reconhecidas, o que permitirá que seu leitor se familiarize com o 
texto. 
Tabela 7. Palavras-chave bastante utilizadas em artigos em inglês. 
Tipo Exemplos 
 
 
43 
Continuidade also 
moreover 
first… second 
in addition 
Pausa for example 
in other words 
Contradição 
(reversão de fluxo de ideias) 
 
however 
in contrast 
on the other hand 
conversely 
contrarily 
Conclusão 
 
in summary 
concluding 
 
• Evite a complexidade: evite utilizar palavras e expressões 
consideradas sofisticadas ou complexas. Substitua 
palavras/expressões complexas por versões mais simples (Tabela 8); 
 
Tabela 8. Lista de substituições de palavras/expressões. 
Palavra/expressão Substitua por 
utilization use 
finally end 
For the reason that because 
at the present now 
the majority of most 
by means of By 
“In this work...” 
(não está errado, mas não é muito 
utilizada por nativos) 
in this paper... 
in this study 
in this investigation 
here... 
Fact - “this fact” this effect 
this hypothesis 
this value 
this finding 
Nowadays (hoje em dia) presently ou currently (atualmente) 
on the contrary (pelo contrário) in contrast (em contraste) 
(up) until now (até agora) to date (até hoje) 
 
• Evite palavras pouco usadas: há uma série de palavras que devem 
escritas com pouca frequência (por serem um pouco óbvias), como 
por exemplo: 
 
 
44 
o preliminary 
o careful 
o obtained 
o novel 
o successfully 
• Palavras/expressões usadas em português, mas pouco usadas no 
inglês: há uma série de palavras e expressões usadas com frequência 
em português, mas não muito utilizadas quando escritas em inglês, 
como por exemplo: 
o thus 
o in this context 
o so 
• Atenção a palavras bastante usadas: atente-se a diferenças entre 
palavras bastante usadas, como por exemplo: 
o Analysis 
▪ analysis: singular 
▪ analyses: plural 
o through, thorough and though 
▪ through: por meio de, através de 
▪ thorough: com cuidado, completo, minucioso 
▪ though: embora 
o increase, enhance and improve 
▪ increase: aumento 
▪ enhance: melhoria (algo que já está bom e fica melhor) 
▪ improve: melhoria (algo está ruim e fica melhor - 
palavra mais genérica) 
o data: dados (plural) 
2.8.4 Corpus 
Um corpus linguístico pode ser utilizado como referência para escrita de 
manuscritos acadêmicos. Um corpus pode ser compreendido como um 
conjunto de textos que serve como fonte de análise para escrita de 
manuscritos em determinada linguagem. 
 
 
45 
Um exemplo de corpus é o buscador Google. Você pode utilizar o 
Google como fonte de busca para tentar descobrir como uma palavra é escrita 
ou se uma expressão está sendo utilizada no contexto correto. Entretanto, o 
Google inclui uma série páginas e textos escritos em linguagem informal, o 
que pode inserir um viés para possíveis análises formais. Por isso, existem 
conjuntos de corpus construídos com base em textos acadêmicos. Por 
exemplo: 
• http://springerexemplar.com 
• https://www.english-corpora.org/coca/ 
 
http://springerexemplar.com/
https://www.english-corpora.org/coca/
 
 
46 
3. Desenvolvendo um trabalho 
acadêmico passo-a-passo 
Nesta seção, será demonstrado como elaborar um trabalho acadêmico desde 
a definição do título até a escrita da conclusão. Para formatação, será utilizado 
o regulamento obtido no artigo 4º da resolução Nº 05/2018 do Programa 
Interunidades de Pós-graduação em Bioinformática da UFMG. Quando 
regras de formatação não forem definidas, será adotado o padrão ABNT. 
3.1 Número de páginas 
O número de páginas de um trabalho acadêmico varia de acordo com o tipo. 
Em geral, artigos possuem em aproximadamente dez páginas (~5000 
palavras). Entetanto, dependendo do escopo do periódico podem existir 
artigos de duas páginas ou até mesmo artigos de 20 páginas. 
Dissertações de mestrado possuem em média 50 páginas (~15 mil 
palavras), enquanto teses de doutorado podem passar das 100 páginas (~30 
mil palavras). Entretanto, esses valores dependem da área a qual o trabalho 
está inserido. Por exemplo, para teses e dissertações na área de bioinformática 
pode se considerar os valores a seguir como estimativas (Tabela 9). 
 
Tabela 9. Número mínimo e máximo de páginas de dissertações e teses. 
A contagem é feita da capa até as referências (apêndices e anexos não são incluídos na 
contagem de páginas). 
 Número mínimo de páginas Número máximo de páginas 
Dissertação 40 80 
Tese 80 160 
Capítulo 
3 
 
 
47 
Obtido no artigo 4º da resolução Nº 05/2018 do Programa Interunidades de Pós-graduação 
em Bioinformática da UFMG. Disponível em: <http://www.pgbioinfo.icb.ufmg.br>. Acesso 
em 17 de março de 2020. 
Não há uma regra para quantas páginas deve ter cada seção, variando 
de acordo com a necessidade de cada autor. Entretanto, propõe-se neste 
manuscrito uma tabela de recomendações9 de tamanho de seções visando 
servir como referência para escrita (Tabela 10). 
Tabela 10. Recomendações para tamanho de seções em dissertações e teses. 
 Dissertação Tese 
Mínimo* Máximo* Mínimo* Máximo* 
Seções pré-textuais** 5 10 10 15 
Introdução 10 25 15 30 
Objetivos 1 2 1 2 
Materiais e métodos 10 15 15 30 
Resultados e discussão 11 22 35 70 
Conclusão 1 2 1 2 
Perspectivas 1 2 1 2 
Seções pós-textuais*** 1 2 2 9 
Total estimado 40 80 80 160 
Recomendação baseada no artigo 4º da resolução Nº 05/2018 do Programa Interunidades de 
Pós-graduação em Bioinformática da UFMG. * Valores meramente recomendados pelo autor 
deste manual. Portanto, não precisam ser seguidos a risca. ** Seções pré-textuais: leva em 
consideração apenas itens obrigatórios (uma página para cada): capa, contra-capa,