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organizar-o-ensino-em-classes-multisseriadas
Publicado em NOVA ESCOLA 27 de Abril | 2016
Blog Questão de Ensino
Como organizar o ensino
em classes
multisseriadas?
Neurilene Martins
Crédito: Shutterstock
 
Hoje vou responder à pergunta acima, enviada por Senilita Maxwell Mulele.
Ao pesquisar sobre letramento e formação de leitores em escolas rurais por
meio de relatos pedagógicos, aprendi com professoras de turmas
multisseriadas que o principal caminho para organizar o ensino nessa
modalidade é abordar a diferença como vantagem pedagógica, à luz do que
defende Emilia Ferreiro, e realizar uma intervenção pedagógica
compartilhada com a classe.
https://novaescola.org.br/conteudo/138/como-organizar-o-ensino-em-classes-multisseriadas
http://www.cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2016/02/NEURILENE-MARTINS-RIBEIRO.pdf
http://novaescola.org.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-alfabetizacao-423543.shtml
Seja em classes multisseriadas ou não, para oferecer desafios sob medida e
favorecer que todos os estudantes façam progressos, precisamos romper
com o ideal da homogeneidade da turma e também com as aulas centradas
na exposição do docente que ensina a todos como se ensinasse a um só. As
rotinas diárias na sala de aula são complexas e singulares e nos obrigam a
uma compreensão ampliada dos processos de ensino e aprendizagem em
uma perspectiva colaborativa e que desenvolva a autonomia dos estudantes.
Alguns educadores consideram que a multisseriação é resultado da
precariedade da Educação. Mas especialistas como Rui Canário e pesquisas
acadêmicas, como Escola em meio rural: uma escola portadora de futuro?, da
Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria (UFSM), ressaltam os
benefícios do trabalho nessas classes. Esses ambientes heterogêneos
colaboram para a inovação pedagógica desde que não estejam associados à
más condições de trabalho e à degradação dos prédios escolares. Além disso,
estudantes de idades e saberes diferentes têm a oportunidade de aprender
uns com os outros.
Uma das preocupações do professor que atua nesse contexto deve ser a
gestão do tempo didático. É importante garantir que o planejamento
contemple:
Propostas em que todos os estudantes trabalham com a mesma
atividade, para tirar proveito dos diferentes saberes circulantes na sala;
Tarefas distintas, em pequenos grupos, dessa vez para focalizar
aprendizagens específicas, a exemplo do sistema de escrita alfabético
para um grupo e o sistema ortográfico para outro;
Produções individuais, em que o professor pode diversificar ainda mais
as tarefas, contando com a produção mais autônoma dos estudantes.
Podemos pensar, por exemplo, em um trabalho de leitura para casos em que
temos crianças alfabéticas dividindo o espaço com outras que possuem
hipóteses anteriores de escrita. Aqui, seria possível pedir para que as que
ainda não estão alfabéticas escrevam uma lista dos títulos dos livros de
contos disponíveis no canto de leitura, enquanto as demais realizam a edição
do catálogo de resenhas dos livros preferidos da turma. No fim da atividade,
todos se encontram na roda de apreciação para a leitura de um conto pela
professora. Essas situações contemplam os diferentes níveis de
conhecimento e podem ser apoiadas pela atuação de estudantes tutores, que
fortalecem as possibilidades de trocas entre pares, com o acompanhamento
do professor.
Dissertações, teses e artigos sobre a multisseriação podem ser encontradas
no site do Grupo de Pesquisa (Auto)biografia, Formação e História Oral
(Grafho), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação e
Contemporaneidade, da Universidade do Estado da Bahia (PPGEduC/UNEB) e
na Biblioteca Digital da UNEB. Como sugestão para ampliar as reflexões sobre
http://www.redalyc.org:9081/articulo.oa?id=117117388002
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/0350104225060367#repercussao
http://www.biblioteca.uneb.br/pergamum/biblioteca/index.php
esse universo, indico as pesquisas:
- Professoras de classes multisseriadas: condições de trabalho docente no
território de identidade do Baixo Sul Baiano
- O tempo escolar e o encontro com o outro: do ritmo padrão às
simultaneidades
- Histórias cruzadas de professores: memórias de letramento e de práticas
pedagógicas em escolas rurais
- E o livro Educação e ruralidades: memórias e narrativas (auto)biográficas
(465 págs., Editora EDUFBA, (11) 4772-0101, R$42,50)
Segundo o Censo Escolar de 2010, cerca de 93.623 turmas no Ensino
Fundamental funcionam como multisseriadas, o que representa uma média
de 18,14% da realidade nacional nesta etapa de ensino. Portanto, este
modelo está longe de ser extinto. Que tal, então, falar mais sobre ele? Você já
trabalhou com turmas multisseriadas? Que estratégias você utiliza? Para você,
essa forma de organização é um problema ou uma solução? Deixe seu
comentário abaixo e envie suas perguntas sobre ensino e sala de aula aqui.
Um abraço e até logo,
Neury
http://www.curriculosemfronteiras.org/vol15iss2articles/souza-sousa.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ep/v41n3/1517-9702-ep-41-3-0663.pdf
http://www.cdi.uneb.br/site/wp-content/uploads/2016/02/NEURILENE-MARTINS-RIBEIRO.pdf

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