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AV2 - Prática constitucional

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CURSO DE DIREITO – CAMPUS DUQUE DE CAXIAS
AV2 . 2021.2 A
Aluno (A): _____________________________________________.
MATRÍCULA:
DISCIPLINA: PRÁTICA SIMULADA CONSTITUCIONAL
PROFª: CRISTIANE DUTRA
O Município Y em sua Lei Orgânica n. XXXX, mais precisamente em seu art, 7º ,: “ficam vedadas em todas as dependências das instituições da rede municipal de ensino a adoção, divulgação, realização ou organização de políticas de ensino, currículo escolar, disciplina obrigatória, complementar ou facultativa, ou ainda atividades culturais que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual, perante ao corpo docente das Escolas do Município. A referida Lei Orgânica em seu art. 8º prevê, ainda, a aplicação de penalidade de suspensão e exoneração do docente que não cumprir tal dispositivo.
O Partido Político XXXXcom representação no congresso Nacional, entidade procura o serviço de profissional competente para impugnar a Lei orgânica salientando que a mesma viola diretamente a Constituição, sendo certa a urgência na obtenção de um provimento judicial favorável, face a elaboração do próximo calendário acadêmico do ano seguinte. Na qualidade de advogado contratado elo artido olitico leabore a eça processual cabível levando em conta os Princípios Constitucionais e Leis violadas.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
PARTIDO POLÍTICO xxxx, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob nº ... e no TSE sob nº..., por seu Diretório Nacional, com sede na rua..., nº..., bairro..., cidade..., vem, por seu advogado infra assinado..., com escritório na rua..., nº..., bairro..., cidade..., endereço que indica para fins do art. 77, V, do CPC, propor a presente ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, com fundamento no art. 102, § 1º, da CRFB/88 e na Lei nº 9.882/99, em face da Lei Municipal nº xxxx originária do poder legislativo do Município Y, elaborada pela Câmara de vereadores do Município Y, pelos motivos a seguir apresentados:
I – OBJETO DA AÇÃO
Estabelece o art. 102, § 1º da CRFB/88 que a ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF deve ser apreciada pelo STF e é cabível no presente caso, por tratar-se da análise de lei Municipal, de acordo com o art. 1º parágrafo único, I, da Lei 9.882/99.
Art. 102, § 1º da CRFB/88 - A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
Art. 1º parágrafo único, I, da Lei 9.882/99 - Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental:
I - Quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;
II – DA LEGITIMIDADE ATIVA
O autor é legitimado ativo para a propositura da ação, de acordo com o art. 103, VIII da CRFB/88 e não se faz necessário comprovar a pertinência temática diante da sua importância para o regime democrático, na forma do art. 17, da CRFB/88.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
Além disso, possui representação no Congresso Nacional e foi criado de acordo com a Lei 9.096/95, estando, portanto, plenamente habilitado para o ajuizamento desta ADPF.
III – DO CABIMENTO DA ADPF – INEXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO EFICAZ DE SANAR A LESIVIDADE
O art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99 apresenta o caráter residual da ADPF quando afirma que só será admitida quando inexistir outro meio eficaz para sanar a lesão a preceito fundamental. É o que ocorre no presente caso.
§ 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.
Segundo orientação do STF, quando couber alguma das ações do controle concentrado federal para afastar a lesividade, não caberá ADPF (o que é isso?). Como sabemos, a única ação apta a analisar a norma municipal é a APDF.
No presente caso, a Lei Municipal nº xxxx, violou vários preceitos fundamentais da Constituição, como a supressão do direito à educação, o que dá ensejo ao cabimento da presente ação.
IV – DA IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS VIOLADOS
Ab inito, destaca-se a violação à regra constitucional no que se refere a (à) legitimidade para propositura da Lei Municipal.
O art. 22, XV, da Constituição da República, traz que a competência para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional é privativa da União. Sendo assim, resta claro que a referida lei municipal, violou a Carta Magna. Diante disso, deve ser declarada inconstitucional.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
É evidente que a norma ora impugnada usurpa competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, prevista na Constituição da República em seu artigo 22, XXIV”.
Tal lei implica em inconcebível restrição ao direito de expressão do professor, direito do estudante, direito a diversidade, dignidade da pessoa humana, igualdade e outros direitos humanos.
Fica explícito terem sido afrontados os seguintes preceitos fundamentais: (a) o princípio da construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I); (b) o direito à igualdade (art. 5º, caput); (c) a vedação à censura em atividades culturais (art. 5º, IX); (d) o devido processo legal substantivo (art. 5º, LIV); (e) a laicidade do Estado (art. 19, I); (f) a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV); (g) o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206, I); e (h) o direito à liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II).
Tal dispositivo objetiva vedar o aprendizado de gênero e sexualidade na escola poderá acarretar graves problemas para a educação. O primeiro é a censura, pois o art. 5º, IX, da CF, assegura ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Esse preceito conjuga-se com o art. 220, § 3º, segundo o qual ‘é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
Falar sobre gênero e orientação sexual na escola é atentar para a proteção de crianças, adolescentes e jovens, que diariamente sofrem todos os tipos de preconceito. Debater esses temas tem o sentido de incluir sujeitos tradicionalmente excluídos – mulheres, transexuais, bissexuais, lésbicas, assexuais, homossexuais, indígenas, negras e negros – e trazer visibilidade aos mecanismos de opressão a que se encontram sujeitos.
V – DA MEDIDA CAUTELAR
A possibilidade de concessão de medida de urgência em sede de ADPF se encontra no art. 5º, § 3º, da Lei 9.882 e possui natureza cautelar.
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental.
§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processos ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.
A probabilidade do direito é comprovada conforme os documentos que acompanham a presente ação.
Já o perigo de dano é evidente, tendo em vista, neste caso, que a permanência da referida lei em vigor colocará em risco a ideia de que uma escola sem liberdade, sem pluralidade, sem diversidade, sem inclusão, sem democracia é a escola do pensamento único, da segregação, da discriminação e da repressão. Esse modelo de escola é marca característica de regimes autoritários, de uma sociedade que se assenta sob um sistema de desigualdade e de exclusão e que não permite a educação como prática transformadora que consolide ideais democráticos de igualdadee valorização das diferenças
VI – DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer:
1. Que seja concedida a medida cautelar para sustar a eficácia Lei Orgânica n. XXXX, mais precisamente em seu art. 7º e art. 8º;
2. Que seja citada a autoridade competente pelo ato questionado, para que, querendo, se manifeste;
3. Que seja ouvido o Procurador-Geral da República; e
4. A Procedência da arguição de descumprimento de preceito fundamental para que seja reconhecida a inconstitucionalidade da Lei xxxx;
Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 para efeitos procedimentais.
Termos em que,
Pede deferimento.
19/11/2021
Advogado
OAB nº...

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