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Transcrição em Aula - Psiquiatria - Transtorno de Humor - DepressãoAnsiedade

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Prévia do material em texto

Transcrição – Isabella Menezes 
Aula – Daniel Bosi – CMC 
 [O áudio começa com alguma discussão de caso que ele pede pra citarem os problemas] ... 
 O que mais pessoal? Ele “perde a vontade de viver”, deixo em aspas porque é um relato da esposa. Você vai 
confrontando as informações tentando sintetizar o relato da esposa (acompanhante) e do próprio paciente. 
Emagrecimento. Bom, são os principais sintomas do paciente. Baseado nisso, vocês têm alguma explicação de porquê 
ele tá sentindo isso? O falecimento da filha, tem 2 anos né? A gente espera que ele esteja com estes sintomas 2 anos 
após o acontecimento? 2 semanas é até natural acontecer, 2 anos eu já não sei né? No ambulatório, no internato, a gente 
vê casos semelhantes a esse, que perderam alguém da família, a pessoa nunca vai esquecer, mas a pessoa chega tão 
deprimida que parece que aconteceu na semana passada, mas ao ver tem 17 anos. A gente não pode tratar sempre com 
normalidade, porque a pessoa não tem boa qualidade de vida. 
 Ele tem deixado de fazer as coisas que ele fazia antigamente, como churrasco no final de semana. É importante 
que a gente pergunte o que ele deixou de fazer e que antes gostava muito. Isso tudo indica que a qualidade de vida 
deteriora muito. A gente não pode tratar com tanta normalidade como se os sintomas fossem passar sem um tratamento 
específico e tratar só a Diabetes que ele disse que tinha, porque o paciente não está psicologicamente bem. A própria 
esposa fala que sofreu muito, mas pra ele impactou diferente, ele sentiu mais. A gente precisa investigar porque ele está 
sentindo isso tudo. 
 Partindo da história vocês acham que ele tem algum diagnóstico psiquiátrico? Depressão. Alguém discorda? A 
maior parte das pessoas tem noção do que seja depressão, um pouco porque hoje em dia é muito comentado entre as 
pessoas, na mídia, algo muito discutido, é até meio intuitivo, você chega pra qualquer pessoa leiga e ela vai poder te 
falar uma lista de sintomas bem parecidas com o que está no CID (código internacional de doenças). Na psiquiatria a 
gente tem o DSM, da sociedade americana, que a gente leva muito em consideração para uniformizar a linguagem e 
padronizar os diagnósticos nos vários lugares do mundo, permitindo estudos multicêntricos. 
 A gente não precisa do DSM para olhar pra esse caso e ver que ele tá com depressão, um leigo também vai 
acertar, 99% das pessoas vão reconhecer isso como depressão. O problema é daqui em diante, não é o diagnóstico. O 
diagnóstico não acabou, a gente precisa medicar esse paciente porque nada indica que ele vai melhorar espontaneamente, 
o quadro já tá arrastado, já compromete o físico com emagrecimento. Aqui não relata se foi perguntando sobre ideação 
suicida, mas fala que não tem mais vontade de viver. Durante uma anamnese, eu treino com vocês no internato, é 
fundamental questionar ao paciente se tem ideação suicida e é imprescindível, uma das mais importantes investigações 
a ser feito no momento. Então, não é porque diagnosticou a depressão que seu trabalho acabou, porque você precisa 
interrogar muito seu paciente, anamnese completa, fazer diagnósticos diferenciais. Um diagnóstico diferencial muito 
importante nesse caso é Transtorno Bipolar do Humor que o paciente tem fases depressivas e maníacas e é importante 
que vocês saibam fazer o diagnóstico diferencial. Estou trazendo esse exemplo, nem é o foco da aula, mas pra chamar 
a atenção sobre a importância de investigar o paciente além do básico. 
Eu falo isso porque é comum médicos que não estão habituados a investigar quadros psiquiátricos e, às vezes, 
nem investiga muito, o paciente chega chorando, não tá dormindo direito, tá triste, e nem faz a anamnese já prescreve 
antidepressivo. A chance de ter um erro e prejudicar o paciente é muito grande. Nessas aulas vocês vão ver que existem 
muitos sintomas na depressão, vários tipos diferentes, outras patologias que podem se assemelhar, cursar com sintomas 
depressivos e abrir o leque da investigação. E é por isso que uma anamnese bem feita demora, o que é um entrave no 
serviço público que tem muito paciente para atender, e o preconizado pela OMS são 20 minutos, que são suficientes se 
você souber otimizar o tempo, lógico que não é o ideal, mas é o que temos. 
 Vimos todos os sintomas, levantamos o principal diagnóstico de depressão. Vamos ver então os critérios 
diagnósticos de depressão pra gente ver se estamos no caminho certo? 
 Para diagnóstico de depressão a gente tem que ter em mente os critérios do DSM-V, uma versão muito utilizada 
no mundo todo, e não apenas o nosso senso comum. A gente precisa decorar isso? É interessante sim que você lembre 
deles, não decore exatamente, mas que sirva como um direcionamento ao menos. Você precisa saber a base teórica para 
investigar. A maioria dos alunos acha muito difícil porque não tem um exame que detecta, o diagnóstico é clínico. Se 
tiver os critérios em mente e ir fazendo checklist sua anamnese já fica mais direcionada. Lógico que é importante deixar 
o paciente falar sobre o que sente, mas você precisa direcionar para não fugir do necessário para diagnostico. 
Transcrição – Isabella Menezes 
Critérios Diagnósticos (DSM-V) para Transtorno Depressivo Maior 
CRITÉRIO A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas por 2 semanas (representam mudança em relação ao 
funcionamento anterior); pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer 
(anedonia). 
Nota: não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica. 
1. humor deprimido a maior parte dos dias, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (sente-se triste, 
vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (parece choroso). Nota: em crianças de adolescentes 
pode ser humor irritável 
2. Acentuada ↓ do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na > parte do dia, quase todos os dias (relato 
subjetivo ou observação de terceiros) 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (alteração de + de 5% do peso corporal em 1 mês), ou 
↓ ou ↑ de apetite quase todos os dias (nota: em crianças considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado) 
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias 
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, e não meramente sensações 
subjetivas) 
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias 
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não 
meramente culpa ou recriminação por estar doente) 
8. Capacidade ↓ para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação de 
terceiros) 
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano 
específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio 
 
CRITÉRIO B: Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes na vida do indivíduo 
 
CRITÉRIO C: O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica 
 
CRITÉRIO D: A ocorrência do episódio depressivo não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, 
esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos 
 
CRITÉRIO E: Nunca houve um episódio maníaco ou hipomaníaco 
 
✓ Nota: Avaliar resposta a uma perda significativa (luto, ruína financeira, perdas 
por um desastre natural, doença médica grave ou incapacitante): julgamento 
clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para expressão 
de sofrimento no contexto de uma perda. 
_______________________________________________________________________________________________ 
 
Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas por 2 semanas (representam mudança em relação ao funcionamento 
anterior); pelo menos um dos sintomas é (1)humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer (anedonia). A partir 
Transcrição – Isabella Menezes 
daqui temos informações importantes. Eu vou usar base para critério diagnóstico, mas não sou totalmente bitolado nele 
aqui. Vamos supor que eu atenda um paciente e na anamnese a família conta que há uma semana ele esta só na cama, 
chora o dia todo, fala em querer morrer, não come nada, já tentou suicídio 2 vezes, está internado porque tomou 2 caixas 
de medicamento. E aí, não tem 2 semanas, eu posso mandá-lo pra casa? Não, vem o bom senso né. Na média dos 
pacientes os sintomas precisam durar duas semanas, mas em casos graves, que coloca em risco a vida do paciente você 
não espera completar 2 semanas para tratar, isso de duas semanas você considera em estudos, trabalhos científicos que 
precisam ser padronizados, porque no dia-a-dia você vai considerar outras coisas também. 
Outra informação importante é a diferença de como ele tá agindo hoje com o comportamento anterior. Hoje 
atendi um paciente que nunca foi de passear, sair de casa, mas está com depressão, só que quando ela melhorar ela vai 
continuar não saindo de casa, porque é o costume dela, não adianta eu querer mudar. Se ela quiser mudar isso, quer sair 
mais, socializar, aí não é questão de medicamento, é psicoterapia. 
Lembrar que é preciso pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer 
(anedonia). Na maioria das vezes tem os dois. O nosso paciente que falei tem os dois, deixou de fazer o churrasquinho 
que ele gostava tanto do final de semana. Anedonia é a falta de prazer em fazer as coisas. Uma das grandes críticas é 
acerca do humor deprimido, porque você precisa investigar se tem sentido frequentemente, algo consistente que traga 
impacto na vida do paciente. Paciente muitas vezes relata estar triste, vazio, sem esperança, ou às vezes quem entrega é 
o acompanhante. Em crianças e adolescentes as reações de depressão podem vir como mau humor, irritabilidade 
constante. 
Em relação à perda de peso, nosso paciente tava tendo isso? Tava né, emagrecendo. Algumas depressões 
atípicas o paciente apresenta aumento do apetite. A mesma coisa ocorre com o sono, a maioria tem insônia, mas tem 
aqueles que tem hipersonia também. É importante você identificar os tipos de depressão, para ir direcionando, 
principalmente na hora do tratamento que alguns medicamentos podem ser sedativos, e eu não posso dar para um 
paciente com hipersonia. Os alunos tem duvida acerca dos antidepressivos disponíveis, por isso você precisa conhecer 
o perfil da depressão do paciente e encaixar qual medicamento é mais indicado para resolver os problemas. 
Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias. Qual você acha que é mais comum? É a lentidão, a 
pessoa desanimada, sem energia, fala lento. Outros podem desenvolver inquietação, agitação, e aqui é importante que a 
gente pense em diagnóstico diferencial de Transtorno Depressivo Maior. O paciente pode torcer as mãos, balançar os 
pés, andar de um lado pra outro, isso pode acontecer, mas a gente ouve nos relatos situações do tipo “ah, quebro minha 
casa inteira, rasgo minha roupa, saio correndo na rua, grito”, aí a gente vai falar que ele tá deprimido? Não, mas por 
incrível que parece tem profissional que identifica como depressão. Precisamos tomar muito cuidado com isso, porque 
se você der um antidepressivo pra essa pessoa, ela agita mais ainda, você causa um mal para o paciente (iatrogenia). Se 
ela for agressiva você precisa investigar muito bem porque pode ser um Transtorno Bipolar, Esquizofrenia, que ao longo 
das aulas a gente vai aprendendo. 
 Fadiga ou perda de energia quase todos os dias, nosso paciente tinha isso, ele deixava de ir trabalhar. É 
comum, aquela dona de casa que chega e fala que ao meio-dia já costumava ter a casa limpa, comida pronta, mas agora 
não consegue fazer tudo, faz 15 minutos do trabalho de casa e já deita de novo. Ela já começa a achar que não serve 
mais pra nada, que já pode morrer, ou sente culpa de que não criou bem os filhos, uma culpa excessiva e até delirante. 
Importante a gente entrar em definições. O que seria um delirium? Uma alteração de pensamento, não é alucinação (não 
pode confundir), é um pensamento fora da realidade em que a pessoa tem a convicção de que ele é real. O mais comum 
é o delirium de perseguição, comum em várias patologias, típico da esquizofrenia. Mas o delirium é considerado um 
sintoma psicótico. Quando falo que o paciente está em uma crise psicótica, um dos sintomas pode ser o delirium 
(pensamento fora da realidade) e alucinações. Alucinações são alterações da sensopercepção, pode envolver qualquer 
um dos sentidos, sendo o mais comum o auditivo, mas pode ser visual, tátil, gustativa, viscerais (de órgãos internos) 
também chamadas de senestésicas, ou cinestésicas que vem de movimento, sensação de algo estar movimentando e na 
verdade não está. Estou falando disso agora porque um paciente deprimido, com transtorno depressivo maior pode ter 
sintomas psicóticos que não são exclusivos de esquizofrenia. Agora voltando, o delirium de culpa, eu tinha uma paciente 
que achava que devia a CEMIG e jurava que ia ser presa, então pode acontecer sim no Transtorno Depressivo Maior. O 
que eu faço com esse paciente? Internar não, internar é mais comum quando a pessoa oferece risco aos outros e a si 
mesma. De conduta médica para o paciente com delirium de culpa, hipocondríaco, você trata com antipsicótico, você 
dá uma Risperidona e pergunta, e as contas da CEMIG? Tá pago, doutor. 
 Isso quando comecei a estudar psiquiatria foi uma das coisas mais interessantes de medicamento mudar 
pensamento, porque a gente tem mecanismos de neurotransmissores que ficam ali reverberando aquele pensamento e 
Transcrição – Isabella Menezes 
quando você dá um remédio que equilibra os neurotransmissores o pensamento melhora. Faço questão de falar isso 
nessa aula porque a investigação de depressão precisa ser muito minuciosa, já que se você não investiga esses sintomas 
você não pensa em dar antipsicótico porque não sabe dos sintomas psicóticos, e aí o paciente nunca melhora mesmo. O 
paciente que ficava ouvindo vozes, já não passa a ouvir mais. Não tô falando que todo mundo que escuta vozes tem 
depressão, acredito sim que tenha pessoas com essa sensibilidade, mas aí eu preciso investigar se a pessoa está 
trabalhando normalmente, se dorme, se come, ver se ela tem outros sintomas, se não tiver, aí eu não tenho que 
psiquiatrizar o paciente. Na classificação do CID, do DSM, tem lá, Transtorno Depressivo Maior episódio grave com 
sintomas psicóticos, é uma variante da depressão importante de investigar porque é necessário adicionar antipsicóticos 
no tratamento. 
 Dentro do Critério A ainda: capacidade ↓ para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias. 
Então ele fica muito indeciso, tem dificuldade para concentrar nas tarefas, aqui entra muito com diagnóstico diferencial 
do TDAH (déficit de atenção), muito paciente marca a consulta com 30 anos de idade e acha que tem déficit de atenção, 
e no TDAH é algo que vem desde a infância, não começa com 30 anos de idade. 
 Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um 
plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. Importante demais investigar. 
Porque as vezes a pessoa fala que quer morrer, mas na hora que perguntamos se tem vontade de suicidar ele já fala que 
não, de jeito nenhum, que a religião não permite se não nem vai para o céu. É preciso ampliar a investigação, se tem os 
pensamentos de morte, a que ponto tem ideação suicida, se é uma coisa passageira, se vem na mente bem rápido e já 
passa. Agora, se a pessoa tem o risco iminente, já comprou o medicamento. Falando de alucinações, podem haver vozes 
de comando que induz e agrava mais a situação para o risco iminente. Isso sim indica a internação,uma decisão tomada 
principalmente com a família, visando a proteção do paciente. Os antidepressivos que costumamos a usar usualmente 
demoram cerca de 2-3 semanas para fazer efeito, então eu preciso mantê-lo em nível hospitalar até que tenha remissão 
das ideações, não demora muito, no máximo 1 mês, não tem mais isso de morar no manicômio, a ideia é internar a curto 
prazo para o paciente voltar ao social o mais rápido possível. 
 No critério B, os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas importantes na vida do indivíduo. Pessoal, vocês vão ver que para qualquer 
patologia mental vai ter esse critério que fala dos prejuízos. Porque tem pesquisas que mostram que das 10 maiores 
causas de afastamento no trabalho do mundo, 5 são causas psiquiátricas. Então é bastante comum precisar fazer relatório 
de afastamento do trabalho. Ou então, paciente tem ideação suicida e trabalha no frigorífico, ou é enfermeiro que trabalha 
com medicamentos e pode injetar, lugares com periculosidade maior, como você devolve a pessoa tão rápido assim? É 
um problema social muito grande, nessa família vai cair o rendimento financeiro dela, às vezes uma sai do trabalho e 
outra precisa cuidar dela porque não come direito, tem ideação suicida. Então duas pessoas afastam do trabalho, um 
impacto econômico-social muito grande. Nos países desenvolvidos depressão já é a maior causa, em 1º lugar, de 
afastamento de trabalho. 
 Critério C: O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição 
médica. Vamos supor que o Sr. Antônio seja alcoólatra. Eu não posso supor que todos os sintomas dele sejam exclusivos 
da depressão, porque pode ser do próprio alcoolismo. Se bebe todos os dias, não tem animo, disposição, teria que fazer 
uma desintoxicação do paciente. Outras drogas também podem causar sintomas. Condições médicas como o 
hipotireoidismo com sintomas de fraqueza, indisposição, letargia, fadiga, então sempre pedimos dosagem de hormônios 
tireoidianos. Na verdade, é legal a gente pedir um screening geral, função hepática, renal, hemograma, porque uma 
anemia severa também pode levar à fraqueza, indisposição. 
 Alguém pergunta: A perda da vontade de viver entra em falta de interesse ou ideação suicida? R: Ali no caso 
entra em ideação suicida. Porque não está tão especificado, por isso a gente tem que detalhar a anamnese, é delicado de 
investigar, entendo a dificuldade dos alunos porque é realmente constrangedor perguntar essas coisas pro paciente, tem 
que perguntar aos poucos, vai perguntando algumas mais gerais e de repente entra mais no assunto. 
 CRITÉRIO D: A ocorrência do episódio depressivo não é mais bem explicada por transtorno 
esquizoafetivo, esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos. Esse item aqui fala do diagnóstico diferencial com 
quadros psicóticos, esquizofrenia, esquizoafetivo, então se o paciente está deprimido e tem sintomas psicóticos, você 
precisa fazer esse diagnóstico diferencial. Não vamos aprofundar hoje porque depois a gente vai ver os critérios 
diagnósticos de esquizofrenia. É importante que a gente saiba se o paciente tem delírios e alucinações, mas imaginem 
que o Antônio estivesse ouvindo vozes, isso o tornaria esquizofrênico? Não. Ele tem depressão grave com sintomas 
Transcrição – Isabella Menezes 
psicóticos, é um diagnóstico diferencial. Na depressão você tem predomínio dos sintomas de humor, os primeiros a 
acontecerem são o desânimo, falta de prazer e depois vem as vozes aparecendo, isso é o típico. 
 CRITÉRIO E: Nunca houve um episódio maníaco ou hipomaníaco. Importantíssimo isso, porque se ele 
tiver tido episódio maníaco ou hipomaníaco caracteriza o transtorno bipolar. Vamos voltar no nosso quadro clínico. 
Essa negativa aqui é muito importante: nega alucinações ouvindo vozes. Ele podia ter negado delirium também, 
sensação de perseguição. Negou episódios de muita euforia, de ficar sem dormir, agitação, gastos excessivos, porque 
esses sintomas caracterizam um quadro de mania do transtorno bipolar. Não vamos focar nisso hoje, depois vamos 
aprofundar, mas o que é importante é que quando a gente atende um paciente na vigência do transtorno depressivo existe 
um gráfico pra gente poder explicar melhor. Pra baixo aqui eu coloco os sintomas de depressão, todos esses que a gente 
viu aqui de angústia, tristeza, desânimo, anedonia, isolamento e por aí vai, e aqui pra cima a parte de mania ou 
hipomania, depois a gente fala a diferença. Na evolução do tempo muitas vezes o paciente pode ter feito no passado um 
episodio de mania, depois ficou estável, no de mania ele ficou mais agitado, irritado, muita energia, não dormia, não 
sentia falta de sono, ficou elétrico, gastou muito, taquilalia (conversou demais), às vezes tratou, às vezes não tratou e aí 
anos depois ele pode fazer um quadro assim de depressão e te procura e você identifica como quadro de depressão. No 
entanto, você precisa identificar quadros anteriores de mania, porque se não você diagnostica errado o paciente e o 
tratamento não vai ser o correto, prejudicando o paciente. 
 Alguém pergunta: quais os sintomas de mania? R: pois é, eu falei resumidamente. Agitação, irritabilidade, 
euforia, agressividade, taquilalia, na aula que vem vamos ver mais aprofundado, estou falando de maneira geral. Mas o 
tratamento vai mudar aqui, por isso é importante identificar quadros anteriores de mania. Aí o paciente fala: “ah, mas 
esses sintomas eu tive há 20 anos atrás, não tem nada a ver”, mas tem a ver sim. 
 E aí? Tem outro quadro depressivo que a gente chama de Transtorno Distímico ou Distimia que basicamente 
tem os mesmos sintomas de depressão, o que acontece é que é um quadro crônico. Aqui fala, você precisa de sintomas 
por no mínimo 2 anos para diagnosticar. A distimia vem ao longo do tempo, os sintomas basicamente são os mesmos, 
mas de instalação muito lenta, crônica, paciente demora a procurar ajuda. Um episodio depressivo de uma hora pra outra 
o paciente procura ajuda mais rápido, mas como é lento ele não procura ajuda, só aceita que vai ficando assim. Uma 
característica comum do distímico é o mau-humor, pessimismo, fica reclamando de tudo. Esse paciente até admira 
quando começa a fazer o tratamento e a melhorar, ele vê que estava muito ruim mesmo. Muitas vezes procuram ajuda 
por estímulo da família mesmo. O tratamento é com antidepressivos e psicoterapia. Vocês vão ver que eu prezo muito 
pela psicoterapia, não acho que tenha só tratamento farmacológico, é preciso que ele converse e metabolize as queixas. 
 Alguém pergunta: a depressão pode virar distimia? R: Não, o que existe é a depressão dupla né? A pessoa já 
tem distimia e de repente faz um quadro depressivo, volta na distimia dele. Ele pode falar “na verdade eu tô triste já tem 
5 anos, estou mau humorado, nervoso, mas de 2 semanas pra cá piorou”, aí ele fez o quadro depressivo dentro da 
distimia. 
 
Transtorno Distímico: 
 
▪ Característica central: 
Humor deprimido a maior parte do tempo, a maior parte dos dias, por, no mínimo, dois anos. 
 
▪ Sintomas comuns: 
- ↑ ou ↓ de apetite 
- Insônia ou hipersonia 
- ↓ auto-estima, ↓ autoconfiança e sentimentos de inadequação 
- Pessimismo, desespero, desesperança 
- Perda generalizada de interesse ou prazer 
- Isolamento social, fadiga ou cansaço crônicos 
- Irritabilidade ou raiva excessiva (mal-humor) 
- Dificuldade para pensar (↓ concentração e memória, indecisão) 
Transcrição – Isabella Menezes 
- ↓ atividade eficiência ou produtividade 
▪ Distimia: deriva do grego (“humor desordenado”) 
▪ Akiskal (1995): 
“Mal-humorado... (tendo a) ... Disposição para um mal-estar de baixa 
intensidade, habitualmente ruminando, predisposto a discussões, incapaz de se 
divertir e preocupado com a inadequação pessoal.” 
▪ Tratamento: 
• Antidepressivos 
• Psicoterapia 
 
Bom, nós temos mais alguns minutinhos. Voupassar algumas coisas relacionadas aos subtipos de depressão: 
 
- Subtipos de depressão: 
- Depressão melancólica: 
- Piora matinal 
- Falta de reatividade do humor 
- Boa resposta a antidepressivos 
- Depressão atípica: 
- Hipersensibilidade à rejeição 
- Hipersonia, hiperfagia 
- Reatividade de humor 
- Depressão psicótica: 
- Presença de sintomas psicóticos associados 
- Depressão sazonal: 
- Recorrência dos sintomas em uma época do ano 
- + frequente no outono ou inverno 
 
A depressão melancólica é a mais clássica, com piora pela manhã, ela não reage às coisas do dia-a-dia, a 
notícias boas, não ri, não manifesta, em geral, responde bem aos antidepressivos clássicos. A depressão atípica já é 
diferente do normal, fica muito abalada com a rejeição, coisas pequenas, quando alguém combina algo e atrasa essa 
pessoa já fica arrasada, tá associado a hipersonia, hiperfagia, mas ela reage às coisas de humor, ela tem reações normais. 
A depressão psicótica eu não preciso me alongar muito, é quando ela tem delirium e alucinação junto à depressão, é 
importante de se investigar. A depressão sazonal ocorre em determinadas épocas do ano. Aqui no Brasil a gente não 
tem as estações muito bem marcadas, mas em países com estações do ano mais bem definidas é comum ter mais 
depressão ao inverno. Tem coisas que a gente não está muito atento, mas a exposição ao sol tem indícios de ser fator 
protetivo à depressão, melhora o ânimo, disposição. 
 Com relação ao risco de suicídio tem alguns fatores que ajudam a gente a predizer (não é matemática, não é 
exato), mas tem tendências. Pacientes do sexo masculino, mais de 45 anos, é a população de maior risco estatisticamente. 
Se tem tentativa anterior de suicídio. Não existe isso de quem já tentou, não quer mais, porque é ao contrário, já que ela 
pode tentar de novo de forma mais letal. Se ele tem tudo detalhado e planejado na cabeça é mais grave. Quando a pessoa 
Transcrição – Isabella Menezes 
tem um padrão autodestrutivo, o paciente é diabético e fica comendo doce, não toma remédios direito, a pessoa que se 
automutila. Perda grave recente, pode ser a morte, separação, crise financeira, perda do emprego. A incapacidade de 
aceitar ajuda, tem alguns pacientes que simplesmente não querem se tratar, não são maleáveis para realizar o tratamento, 
isso é mais sério. Falta de apoio, mora sozinho, não tem familiar próximo, não tem suporte. Se tem a saúde precária, 
vários problemas de saúde, comorbidades como diabetes, hipertensão, cardiopatia, coisas que limitam a pessoa nas 
atividades diárias, o que aumenta risco de suicídio. Os psicóticos de ouvir vozes, ver coisas, perseguição, voz de 
comando. Uso de drogas, álcool, aumentam a impulsividade, pode ser que ela até seja equilibrada, mas ao beber e usar 
droga ela toma coragem. Tem pesquisas mostrando que pelo menos 50% das pessoas que cometeram suicídio tinha 
álcool no sangue. 
Preditores do risco de suicídio: 
- ↑ 45 anos, masc., branco 
- Tentativa prévia de suicídio 
- Plano detalhado 
- Padrão autodestrutivo crônico 
- Perda grave recente 
- Incapacidade para aceitar ajuda 
- Falta de apoio social 
- Saúde precária 
- Sintomas psicóticos 
- Alcoolismo e abuso de drogas

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