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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CCA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA DE INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DO LEITE JÚLIA CAROLINA COSTA PEREIRA RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA DE INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DO LEITE: ANÁLISES FÍSICOS-QUÍMICAS DO LEITE São Luís - MA 2021 2 JÚLIA CAROLINA COSTA PEREIRA RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA DE INSPEÇÃO E TECNOLOGIA DO LEITE: ANÁLISES FÍSICOS-QUÍMICAS DO LEITE Relatório elaborado como requisito de aprovação da disciplina de Inspeção e Tecnologia do Leite do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Maranhão, ministrada pela Professora Dra. Ana Cristina Ribeiro São Luís - MA 2021 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................4 2 OBJETIVOS ............................................................................................................................5 3 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................................5 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................9 5 CONCLUSÃO .......................................................................................................................13 file:///C:/Users/toryr/Downloads/Relatório%20final_anaplasma_JCCCP%20(1).docx%23_Toc65106996 file:///C:/Users/toryr/Downloads/Relatório%20final_anaplasma_JCCCP%20(1).docx%23_Toc65106997 file:///C:/Users/toryr/Downloads/Relatório%20final_anaplasma_JCCCP%20(1).docx%23_Toc65107000 file:///C:/Users/toryr/Downloads/Relatório%20final_anaplasma_JCCCP%20(1).docx%23_Toc65107012 file:///C:/Users/toryr/Downloads/Relatório%20final_anaplasma_JCCCP%20(1).docx%23_Toc65107013 4 1. INTRODUÇÃO O leite é um produto da secreção das glândulas mamárias de fêmeas mamíferas, com propósito de alimentação dos recém nascidos. É uma fonte altamente nutritiva, compósito de cálcio, proteína, ácidos graxos, carboidratos, vitaminas, sais minerais e água; é considerando um dos produtos mais completos quando se diz respeito ao valor nutricional (SILVA et al., 2013). No Brasil, o leite mais produzido é o leite bovino, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no ano de 2014 o Brasil adquiriu um quantitativo de 24.740. 894.000 (vinte e quatro bilhões e setecentos e quarenta milhões e oitocentos e noventa e quatro mil litros) de leite, indicativo de aumento de 5,0% sobre o volume registrado em 2013. O leite é um alimento muito utilizando na dieta humana em todas as faixas etárias, devido a seus benefícios (SILVA et al., 2013). De acordo com a Instrução Normativa nº 62 de 29 de dezembro de 2011, entende – se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda (BRASIL, 2011). De acordo com Mujica et al. (2006) o leite de consumo deve obrigatoriamente passar por um tratamento térmico (pasteurizado ou esterilizado), para eliminar as bactérias patogênicas e grande parte das fermentativas, melhorando assim a qualidade do produto, bem como aumentando sua vida útil. O leite é avaliado pela qualidade sanitária nutricional esta, estreitamente relacionada com as características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas. As Instruções Normativas nº 76 e nº77 de 26 de dezembro de 2018, estabelecem os requisitos de qualidade do leite bovino, sendo eles, requisitos microbiológicos, físico-químicos, de contagem de células somáticas e de resíduos químicos (BRASIL, 2018). Para Polegato e Rudge (2003), a qualidade físico-química do leite in natura é fundamental para assegurar seu consumo pela população e no aproveitamento como matéria- prima de seus derivados, pois as maiores preocupações estão associadas ao estado de conservação e à sua integridade físico-química, principalmente aquela relacionada à adição ou remoção de substâncias químicas próprias ou estranhas à sua composição. O controle da qualidade físico-química do leite “Ultra High Temperature” (UHT) que chega à população é de fundamental importância para permitir a avaliação do 5 valor nutricional, impedir o consumo do leite de qualidade inferior, ou ainda, detectar possíveis fraudes, tanto por razões econômicas, quanto por razões de saúde pública (ROSA et al., 2015). O leite UHT é esterilizado em temperaturas que variam entre 135 e 150°C por 1 a 5 segundos, envasado assepticamente e não há adição de conservantes. O único aditivo que pode ser adicionado é o citrato de sódio que se caracteriza como um estabilizante, e considerado inofensivo a saúde. O processo de fervura pode eliminar possíveis microrganismos patogênicos existentes no leite e, quando seguido de refrigeração, pode garantir a qualidade microbiológica do produto. Porém, esse processo não elimina possíveis contaminantes químicos e/ ou físicos e, no caso de adulteração da composição do leite, também não garante a qualidade do produto (PACHECO; ANTUNES, 2009). A contaminação por microrganismos pode ser minimizada a partir da adoção de medidas simples como antissepsia dos tetos por meio de banhos de imersão com desinfetantes adequados para reduzir infecções como, por exemplo, a mastite ou processo inflamatório da glândula mamária que resulta na diminuição da produção e alterações na composição do leite. Normalmente, resultado da ação de agentes infecciosos, como vírus, fungos, micoplasmas e, principalmente, bactérias (PEDRINI; MARGATHO, 2003). A presença e o crescimento de bactérias no leite afetam a sua qualidade. Os componentes químicos do leite podem ser degradados por meio da atividade metabólica bacteriana e das enzimas secretadas pelas bactérias. Produtos destas reações de degradação podem ter efeitos indesejáveis sobre a textura, sabor e aroma do leite (HAYES; BOOR, 2001). Diante desse contexto, o presente relatório teve por objetivo avaliar às características físico-químicas do leite UTH comercializado nos supermercados da cidade de São Luís, Maranhão. 2. OBJETIVOS Avaliar os parâmetros Físico-químicos do leite UTH. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizada no dia 03 de novembro de 2021 uma visita ao laboratório de Físico- Química dos alimentos, no qual foram realizadas análises físico-químicas do leite UHT 6 adquirido em um supermercado na cidade São Luís, Maranhão. Análises físico-químicas (pH, densidade, crioscopia, peroxidase, avaliação de enzimas, proteínas e lipídeos) foram realizadas seguindo o roteiro dado pela professora. O teste do álcool-alizarol compreende um teste rápido, que pode ser realizado nas propriedades rurais e nas indústrias laticinistas e, de acordo com a IN 76/2018 (BRASIL, 2018a), deve ser realizado em uma concentração mínima de 72% v/v. Primeiro foi aquecida a amostra e colocada em tubos de ensaio sem rosca de 20x200mm, utilizada uma pipeta graduada em 10ml e adicionado Alizarol a 72%. O procedimento é feito misturando partes iguais de leite e alizarol (2mL). A interpretação do resultado do teste ocorre de acordo com a coloração obtida após a mistura de amostra de leite e reagente e ainda com a presença ou não de floculação. Em leites estáveis, normais, espera-se como resultado a coloração vermelho- tijolo sem a presença de floculação. Já amostras que apresentem resultados de coloração amarela com presença de coagulação são consideradas ácidas. E, ainda, amostras com resultado final de coloração violeta, sem presençade coagulação, podem indicar suspeita de fraudes de adição de água ou de compostos alcalinos (neutralizantes de acidez) ao leite (BRASIL, 2006). Figura 1: Retirada de 2mL de Alizarol e Leite para realização do teste de Alizarol. Fonte: Arquivo pessoal. A interpretação do resultado do teste ocorre de acordo com a coloração obtida após a mistura de amostra de leite e reagente e ainda com a presença ou não de floculação. Em leites estáveis, normais, espera-se como resultado a coloração vermelho-tijolo sem a presença de A B 7 floculação. Já amostras que apresentem resultados de coloração amarela com presença de coagulação são consideradas ácidas. E, ainda, amostras com resultado final de coloração violeta, sem presença de coagulação, podem indicar suspeita de fraudes de adição de água ou de compostos alcalinos (neutralizantes de acidez) ao leite Na determinação de ácido lático presente no leite, foi transferido utilizado o teste Acidez Dornic (ºD). Foi pipetada 10mL de leite em um Becker de 50mL e pipetado 2 a 4 gotas de fenolftaleína, titulando com a solução de hidróxido de sódio 0,1N. Para expressar o resultado em ácido lático foi utilizado a seguinte formula: % Ácido lático = ºD/100. Quanto à determinação da densidade, foi transferido cerca de 500 mL da amostra de leite para uma proveta de capacidade correspondente. Em seguida introduzido o termolactodensímetro perfeitamente limpo e seco na amostra, deixando flutuar sem que se encostasse à parede da proveta. Deixando em repouso por 1 a 2 minutos e realizada a leitura da densidade na cúspide do menisco. Foi feito a correção da densidade para 15ºC. Para a determinação de gordura, foi adicionada 10 mL de solução de ácido sulfúrico e 1 mL de solução de álcool amílico na amostra de leite. Em seguida, fechado o butirômetro e realizada centrifugação durante 5 minutos de 1.000 a 1.200 rpm e transferiu-se a amostra para banho-maria a 65 ºC por 3 minutos. Por fim, observou-se a porcentagem de gordura diretamente na escala do butirõmetro e na base do menisco formado pela camada de gordura. A determinação de Sólidos Totais ou Extrato Seco Total (ST ou EST) auxilia na determinação de fraudes, afetando o rendimento dos derivados. Obtêm-se o resultado do extrato seco total ajustando os dados dos parâmetros de densidade e do teor de gordura no disco de Ackermann. A posição do ponteiro no círculo externo indica o resultado (TRONCO, 2010). Em seguida foi feita a determinação de Sólidos Não-Gordurosos ou Extrato Seco Desengordurado (SNG ou ESD), para calcular o percentual de extrato seco desengordurado, basta subtrair do extrato seco total, a percentagem de gordura encontrada. %EST - % de gordura = % ESD (BRASIL, 2006). A Crioscopia foi feita para determinar fraudes por aguagem medindo o ponto de congelamento do leite em relação ao da água, foi medido a % de sal em salmoura e o grau de lavagem em massa de queijos. Para realização do teste, foi adicionado 2,5 ml de leite a uma 8 proveta, e colocado a amostra para congelar no Crioscópio Eletrônico e comparado com o paramento da água, caso o número seja inferior ou superior significa que contém água na amostra. O índice crioscópico ou crioscopia do leite corresponde à medição do ponto de congelamento do produto e deve apresentar resultados entre -0,530 e -0,555ºH (graus Hortvet), o que corresponde a valores entre -0,512 e -0,536ºC (graus Celsius) (BRASIL, 2018). A determinação de fraude no leite por aguagem corresponde à aplicação mais usual da crioscopia em laticínios, em razão da diminuição do valor nutricional e na queda do rendimento na fabricação de derivados lácteos, mas também é útil em programas de gerenciamento de qualidade do processamento de leite e derivados (PEREIRA et al., 2001). Figura 2: Crioscópio eletrônico sendo utilizado no teste de crioscopia. Fonte: Arquivo pessoal. A determinação de fosfotase alcalina foi realizada colocando a amostra do leite em um Becker e mergulhando por alguns segundo uma tira do Kit de Fosfatase Alcina Merck. Foi aguardado 3 minutos para fazer a leitura. O resultado pode ser leite cru e mal pasteurizado (Fosfatase alcalina positiva) e leite pausterizado que não conduzirá a mudança de cor (Fosfatase alcalina negativa). Para determinação de Peroxidase, foi adicionado 10 mL de leite aquecido a banho maria durante 5 minutos a 45º C e adicionado 2mL de guaiacol a 1%, em um tubo de ensaio sem agitar a amostra. Logo em seguida, colocado 3 gotas de água oxigenada a 10 volumes e sem homogenizar a amostra espere 5 minutos para eferturar a leitura. O resultado é positivo quando se forma uma coloração rosa ou salmão, negativo como não alteração da cor. 9 (BRASIL, 2006). Os resultados obtidos foram organizados em uma tabela e comparados a outros trabalhos de estabelecimento de critérios e padrões microbiológicos para o leite. Figura 3: Centrifuga utilizada para realização do teste de gordura. Fonte: Arquivo pessoal. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados físico-químicos das amostras analisadas do leite UHT estão descritos na Tabela 1. Na prova do álcool-alizarol, todas as amostras apresentaram resultado vermelho- roxo sem coagulação, o que representa um resultado esperado para o leite UTH. Se o leite fosse cru, por exemplo, a amostra poderia apresentar como resultado uma cor vermelho-tijolo sem floculação, representando um o resultado esperado para o leite cru estável. Resultado que pode não representar um problema no laticínio estudado. Esse é um ponto bastante positivo, uma vez que a acidez do leite causa transtornos no beneficiamento do produto na indústria e está geralmente correlacionada à má qualidade higiênico - sanitária desse alimento (SILVA et al., 2019). Em relação à acidez o leite integral (0,23°D) apresentava nível de acidez acima do preconizado, já que o Valor de Referência (VR) varia de 0,14 – 0,18. Lima et al., (2009) analisando qualidade de leite UHT integral e desnatado também obteve resultados fora do padrão exigido, variando 20,15°D a 18,68°D em leite integral. Estes resultados indicam que pode ter ocorrido falta de higiene durante a produção, pois segundo Oliveira e Nunes (2003) acidez elevada no leite pode ser atribuída à acidificação da lactose provocada pela multiplicação de microrganismo. 10 Tabela 1 - Análises físico-químicas em leite UHT comercializado em supermercado da cidade de São Luís - MA e seus respectivos parâmetros de referência Análises Leite físico-químicas Integral Alizarol Acidez (°Dornic) VR Densidade (15°C) Vermelho-lilás sem coagulação 0,23 0,14–0,18 28,5 VR 1,028-1,032 Gordura (%) VR 3 >3 Extrato seco total (%) 11,1 VR >11,5 Extrato seco desengordurado (%) VR 8,1 >8,5 Crioscopia (ºH) -0,527 VR < -0,530°H Fosfatase alcalina Negativa Peroxidase Branco VR = Valor de Referência. Os valores de densidade encontrados no leite integral foi de 28,9, valor da recomendação proposta. Rosa et al., (2015) mostra que a determinação da densidade pode ser utilizada como um parâmetro indicativo do extrato seco total do leite UHT ou ainda na detecção de fraudes por adição de soro ou água ao leite, caracterizada pela diminuição da mesma. No entanto, essa não é uma análise conclusiva para determinação desta fraude, uma vez que a densidade pode ser alterada em função de outros fatores, como fraudes por reconstituição, excesso de gordura possibilitando densidade baixa ou um processo de desnate aumentando a densidade, ocasionando variações na composição do leite ultra pasteurizado. 11 Figura 4: Resultados das amostras submetidas ao teste de Alizarol Os tubos representam – da esquerda para a direita – leite ácido, normal e alcalino. Fonte: Arquivo pessoal. Quando avaliado o teor de gordura, aamostra analisada apresentava 3%, apresentando-se um pouco acima do VR que é de >3%. Este fato pode estar relacionado com má padronização das indústrias em relação ao teor de gordura que os leites devem apresentar. Luiz et al., (2010) relaciona o baixo teor de gordura podendo ser resultado da ação das enzimas lipolíticas produzidas pelos microrganismos psicrotróficos. As lipases produzidas pelas bactérias psicrotróficas são resistentes à temperatura empregada na pasteurização e no tratamento com ultra alta temperatura (UHT). Portanto, essas enzimas apresentam grande importância na qualidade e na vida de prateleira de produtos lácteos como queijo, leite UHT e creme de leite. Figura 5: Butirômetro retirado da centrifuga para verificação da porcentagem de gordura. Fonte: Arquivo pessoal. 12 O extrato seco total (EST) da amostra de leite integral apresentava menor teor de gordura (11,1%) que o recomendado. Luiz et al., (2010) observou que EST está relacionado intimamente com a densidade e o teor de gordura do leite, pois um leite pobre em matéria seca terá uma densidade baixa. Caldeira et al., (2010) mostra que teores de gorduras abaixo do estabelecido estão relacionados com problemas na padronização de gordura nas indústrias. Assim, outros parâmetros dependentes da gordura estarão também alterados, como EST e extrato seco desengordurado (ESD). Com isso, podem ser encontrados valores calóricos e de nutrientes diferentes em produtos da mesma marca. Na análise do ESD, o leite obteve resultado abaixo da recomendação (8,1%). Sua diminuição indica possível redução no teor dos sólidos do leite, principalmente lactose e proteína. Rosa et al., (2015) observou em seu estudo que ESD corresponde ao somatório dos componentes do leite, excluindo-se a água e a gordura. Martins et al., (2008) em suas amostras testadas nenhuma atendeu ao estabelecido. Como na maioria dos resultados de ESD em desacordo estão relacionados com uma crioscopia também variada, eles indicam um aumento no teor de água no leite, que pode estar relacionado a falhas no processamento, pois logo após o tratamento por UHT é retirada a água que condensou durante a injeção de vapor quente ao leite. O valor da Crioscopia da amostra foi de -0,527 ºH, valor que pode variar de acordo com a alimentação e pastagem ingeridas pelo animal. A porcentagem de água encontrada foi de 10%. Considerando os resultados desta pesquisa e que o intervalo de ponto de congelamento legal de –0,550 a –0,530 ° H estabelecido para cru e pasteurizado leite sem estabilizadores adicionados, pode ser proposto que o padrão de leite UHT para o ponto de congelamento deve situar-se entre –0,572 e –0,545 ° H (Betoli et al., 2015). Poucos estudos que enfocam o ponto de congelamento de leite durante as fases de processamento UHT têm realizado, provavelmente devido à dificuldade em acessar processos industriais. Martins et al. (2008) avaliou 60 amostras de leite cru e 30 amostras de leite UHT da mesma indústria, em 6 diferentes estágios de processamento. Comparando as médias do ponto de congelamento antes e depois do processamento de leite UHT relatado por esse estudo, pode-se notar que o ponto de congelamento foi –0,535 ° H para –0,527 ° H. Um aumento médio de 0,008 ° H no ponto de congelamento foi observado após o processamento do leite cru para leite UHT. Esse aumento refere-se à inclusão de cerca 13 de 1,5% de água proveniente da injeção direta de vapor processo, sem considerar a alteração induzida no ponto de congelamento pela adição de estabilizantes. A temperatura do ponto de congelamento é a mais constante das características do leite; consequentemente, sua determinação é considerada um teste de precisão (TRONCO, 2008). Consequentemente, a alteração do leite ponto de congelamento por adição de estabilizadores exige uma nova abordagem no aspecto regulatório do leite UHT. A determinação de um ponto de congelamento padrão para leite UHT é de grande importância para fraude controle e para a restauração adequada do original teor de água no produto após vapor direto injeção. Além disso, também deve ser aplicado para controlar a quantidade de estabilizantes adicionados ao leite, que, juntamente com o ponto de congelamento, também pode alterar o pH do leite e reduzir a quantidade de cálcio iônico disponível (TSIOULPAS et al., 2010). A avaliação do Leite por Enzimas foi realizada através da Fosfatase Alcalina e Peroxidase. Na prova de Peroxidase, O desenvolvimento de coloração salmão indica corresponde a prova positiva para peroxidase, indicando que o leite não foi submetido a temperaturas excessivamente elevadas. O resultado da amostra UHT foi cor branca, representando que a amostra foi muito aquecida. A enzima fosfatase alcalina, que está sempre presente no leite cru, é desnaturada em temperaturas próximas a de pasteurização. O tratamento térmico igual ou mais severo do que temperaturas de 62,8ºC por 30 minutos ou a 71,8ºC por 15 segundos, aplicados comercialmente para a pasteurização, elimina todos os microrganismos patogênicos e também toda a atividade enzimática da fosfatase alcalina. Na amostra analisada, não houve mudança de cor. Logo, o leite e seus derivados que apresentem um teste negativo para fosfatase alcalina são considerados pasteurizados e próprios para o consumo. Um teste positivo, neste caso, significa que não se alcançou a temperatura adequada. No leite UHT, o teste não é realizado rotineiramente, pois a temperatura para a esterilização atinge os 150º C, inativando a enzima (OLIVEIRA et al, 2014). 5. CONCLUSÃO Em relação aos resultados referentes das análises físico-químicas, o leite UHT apresentou discordâncias em cinco parâmetros sendo: gordura, extrato seco total, extrato seco desengordurado e acidez. Essas alterações podem estar relacionadas com o tipo de 14 concentrado e quantidade que a vaca leiteira está consumindo, e ainda se o tratamento térmico e o controle de qualidade realizado pelas indústrias estão sendo eficaz. As análises microbiológicas em leites pasteurizados apresentaram ótimos resultados estando de acordo com as referências, mostrando a eficácia do processamento térmico realizado pelas indústrias. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. O.. Controle Rápido da eficiência e segurança do processo de pasteurização do leite (HTST – High Temperature Short Time). 2006. 92 f. 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