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29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 1/23 introdução Introdução TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E TEORIA DA CONSTITUIÇÃO E DOSDOS DIREITOS FUNDAMENTAISDIREITOS FUNDAMENTAIS Esp. Renata Fabrízia de Moura IN IC IAR 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 2/23 Nesta primeira unidade, abordaremos o objeto imediato do Direito Constitucional, que é a Constituição. Compreenderemos em que ela consiste, como ela é e quais as suas funções, tudo para termos uma base das normas de proteção e promoção dos valores que resultam da necessidade de respeito à dignidade humana. O estudo da Constituição é interessante pelo poder de suas normas sobre a vida das relações sociais; e é de todo útil, ainda mais se tratando da nossa Carta Magna de 1988, primeira constituição após a ditadura militar e um marco na democracia brasileira. Veremos como ela ampliou a proteção aos direitos e às garantias individuais e coletivas, chegando ao nível de prestígio de que desfruta atualmente. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 3/23 No início do processo civilizatório, surgiram as leis, inicialmente morais; depois, jurídicas. Nas primeiras civilizações, a lei assumia dimensão de ato divino; a força política da lei religiosa prosseguiria com o cristianismo. Ao longo do século XIX, o Estado moderno se consolidou como Estado de direito, e sentia-se a necessidade da imperatividade de uma lei maior, que limitasse o poder arbitrário do governo e que assegurasse os direitos civis de seus cidadãos. Constitucionalismo signi�ca, em essência, limitação do poder e supremacia da lei, ou seja, constitucionalismo traduz Estado de direito, e o nome sugere a existência de uma Constituição. Para Canotilho (2003), o constitucionalismo exprime, também, uma ideologia. O liberalismo é constitucionalismo; é governo das leis, e não dos homens. Segundo o autor, a ideia constitucional deixa de ser apenas a limitação do poder e da garantia de direitos individuais para se converter numa ideologia, abrangendo a vida pública, econômica e social. O constitucionalismo é um movimento político, social e cultural. No aspecto jurídico, revela-se por meio da existência de cartas constitucionais escritas que estariam acima dos governantes. O aspecto sociológico está na movimentação social sustentada na limitação do poder, que impede os governantes de fazerem valer seus próprios interesses na condução do Estado. A ideia essencial das primeiras constituições escritas é composta por normas de repartição e limitação de poder. Aí, vemos inserida a proteção dos direitos individuais em face do Estado. A noção de democracia viria a desenvolver-se mais adiante. Constitucionalismo na Antiguidade (Até o século V – tomada do Império Romano do Ocidente pelos povos bárbaros – 476 d.C.) ConstitucionalismoConstitucionalismo 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 4/23 Na antiguidade clássica, identi�cou-se, timidamente, o surgimento do constitucionalismo, ao se estabelecerem, no Estado teocrático, limitações ao poder político, quando é assegurada aos profetas legitimidade para �scalizarem os atos governamentais que extrapolassem os limites bíblicos. Constitucionalismo na Idade Média A Carta Magna de 1215 (pacto �rmado durante a história constitucional inglesa) representa o grande marco do constitucionalismo medieval. Estabelece, mesmo que formalmente, a proteção de importantes direitos individuais. Constitucionalismo na Idade Moderna Além dos pactos, há as cartas de franquia, também voltadas para a proteção dos direitos individuais. Destacam-se o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679), o Bill of Rigths (1689) e o Act of Settlement (1701). Alerta-se que tais cartas resguardavam direitos individuais, porém direcionados a determinados homens, e não sob a perspectiva da universalidade. Constitucionalismo Norte-americano Os contratos de colonização, marcantes na história das colônias da América do Norte, também contribuíram para a evolução do constitucionalismo. Constitucionalismo Moderno (na Idade Contemporânea) No constitucionalismo moderno, predominam as constituições escritas como instrumentos para conter qualquer arbítrio decorrente do poder. Seus marcos formais e históricos são a Constituição Norte-americana de 1789 e a Constituição Francesa de 1801, as quais, durante o período do Iluminismo, elegeram o povo como titular legítimo de poder como uma contraposição ao Absolutismo reinante da época. Os valores que se destacam na concepção do constitucionalismo liberal são os seguintes: individualismo, afastamento do Estado, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo. Ainda, em uma segunda dimensão, evidenciam-se como documentos marcantes a Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919. Constitucionalismo Contemporâneo 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 5/23 O texto do constitucionalismo contemporâneo ou globalizado sedimenta um importante conteúdo social, estabelecendo normas programáticas (com metas a serem atingidas pelo Estado). É o chamado totalitarismo constitucional, e temos como bom exemplo a Constituição Brasileira de 1988. Destacamos, ainda, uma proteção aos direitos de fraternidade ou solidariedade, que a doutrina chama de Terceira Dimensão ou Geração. Neoconstitucionalismo A partir do século XXI, visava-se, dentro de uma nova realidade, não apenas engatar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, acima de tudo, buscava-se, a e�cácia da Constituição, ou seja, tornar seu texto mais efetivo, sobretudo diante da expectativa da concretização dos direitos fundamentais. A doutrina denomina essa nova perspectiva de neoconstitucionalismo ou constitucionalismo pós- moderno, que tem como uma das suas marcas a implantação de um Estado democrático social de direito. O neoconstitucionalismo possui como características: a positivação e a concretização de um catálogo de direitos fundamentais; a onipresença de princípios e regras; a densi�cação da força normativa do Estado; e o desenvolvimento da justiça distributiva. O caráter ideológico aqui não é o de apenas limitar o poder, e sim o de concretizar os direitos fundamentais. Em relação à hierarquia das normas, no constitucionalismo moderno, a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau. No neoconstitucionalismo, a diferença também é axiológica e a Constituição possui carga valorativa. Lenza (2017) destaca, que no Estado constitucional de direito, a Constituição adquire de vez seu caráter de norma jurídica dotada de imperatividade, superioridade e centralidade, ou seja, as leis e os poderes públicos devem estar em consonância com o espírito, e os seus valores devem estar destacados. Importante marca das constituições contemporâneas é o realce de valores associados à ideia de dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. A partir do momento em que os valores são constitucionalizados, o grande desa�o é encontrar mecanismos para a sua efetiva concretização. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 6/23 atividadeAtividade Assinale, a seguir, a opção correta a respeito do constitucionalismo e do neoconstitucionalismo: a) A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria constitucional, de forma que as decisões judiciais devem ter o respaldo da maioria da população, sem o qual não possuemlegitimidade. b) No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento essencialmente político, um convite à atuação dos poderes públicos, ressaltando que a concretização de suas propostas �ca condicionada à liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do administrador. c) O constitucionalismo pode ser de�nido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de limitação do poder com �ns garantísticos. d) O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na condução das políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes. e) Nenhuma das alternativas está correta. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 7/23 O direito constitucional conservou a marca da origem liberal: organização do Estado fundada na separação dos poderes e de�nição dos direitos individuais. Nesse contínuo processo evolutivo, o conteúdo dos direitos ampliou-se para além da mera proteção contra o abuso estatal para abranger os direitos fundamentais. Novos princípios foram desenvolvidos, e princípios clássicos foram rede�nidos. Progressivamente, o direito constitucional foi deixando de ser um instrumento de proteção da sociedade em face do Estado para se tornar um meio de atuação da sociedade e de composição do poder político aos seus desígnios, tornando-se um mecanismo de transformação social. O direito constitucional desempenhou, por décadas, um papel programático e de convocação à atuação dos órgãos públicos, mais do que o papel de um conjunto de normas imperativas de conduta. Atualmente, o direito constitucional moderno, investido de força normativa, ordena e conforma a realidade social e política, impondo deveres e assegurando direitos. “A constituição é um instrumento do processo civilizatório. Ela tem por �nalidade conservar as conquistas incorporadas ao patrimônio da humanidade e avançar na direção de valores e bens jurídicos socialmente desejáveis e ainda não alcançados” (BARROSO, 2018, p. 72). Conceito liberal de constituição Esse conceito surgiu no constitucionalismo do século XIX e está ligado à ideologia político-liberal, ou seja, considera essencial a garantia das liberdades com a participação política, a divisão dos poderes e a Constituição como documento escrito. Essa ideia foi abrigada pela Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, em seu artigo 16, o qual a�rma que toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem Constituição (DECLARAÇÃO...2019, on-line). Constituição (Parte I)Constituição (Parte I) 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 8/23 Concepção sociológica Ferdinand Lassalle, democrata-social alemão, defendeu que uma Constituição só será legítima se representar o efetivo poder social, e que a sua essência deve ser a soma dos fatores reais do poder que regem uma nação. Fatores reais do poder, segundo sua lição, seriam a força ativa e e�caz que informa todas as leis e as instituições vigentes. Lassalle citava como exemplo a monarquia, a aristocracia, a grande burguesia, os banqueiros e a pequena burguesia (povo), que eram as instituições vigentes da sua época. Caso a Constituição não descrevesse rigorosamente a realidade política do país, seria, então, uma “simples folha de papel”. Concepção política Carl Schmitt, jurista e �lósofo político alemão, traz o sentido político. A Constituição é o conjunto de decisões do poder constituinte ao criar ou reconstruir o Estado, instituindo os órgãos de poder e disciplinando as relações que manterão entre si e com a sociedade. Pode-se a�rmar que a Constituição é produto de certa decisão política, ou seja, decisão política do titular do poder constituinte. Concepção jurídica Hans Kelsen, jurista e �lósofo austríaco, coloca a Constituição no mundo do dever ser, caracterizando-a como fruta da vontade racional do homem, e não das leis naturais. Traduzindo o seu pensamento, a Constituição é, então, considerada norma pura, sem qualquer pretensão à fundamentação sociológica, política ou �losó�ca. Do ponto de vista jurídico, é preciso distinguir duas dimensões: sentido material e sentido formal. Sentido material Em sentido material, o que vai importar em uma Constituição é o conteúdo de suas normas, pouco importando a forma pela qual ela foi introduzida no ordenamento jurídico. A Constituição organiza o exercício do poder político, de�ne os direitos fundamentais, consagra valores e indica �ns públicos a serem realizados. Ao eleger o critério formal, torna-se possível encontrarmos normas constitucionais fora do texto constitucional. Por mais estranho que pareça, como o próprio nome sugere, o que é relevante no critério material é a matéria, pouco importando sua forma. Sentido formal Em sentido formal, quanto à sua posição no sistema, à sua forma, qualquer norma que tenha sido introduzida por meio de um procedimento mais di�cultoso, por um poder soberano, terá natureza 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 9/23 constitucional, não importando o seu conteúdo, uma vez que o que nos interessa é a forma como a Constituição foi introduzida no ordenamento jurídico. A Constituição, portanto, cria ou reconstrói o Estado, organizando e limitando o seu poder político, dispondo sobre os direitos fundamentais, valores e �ns públicos e disciplinando o modo de produção e os limites de conteúdo das normas que integrarão a ordem jurídica por ela instituída. A Constituição é a norma fundamental e superior, que regula o modo de produção das outras normas, transporta o fenômeno político para o mundo jurídico e converte o poder em direito. Ordenamento jurídico e supremacia constitucional A supremacia da Constituição é o postulado sobre o qual se assenta o próprio direito constitucional contemporâneo. Essa superioridade decorre de fundamentos históricos, lógicos e dogmáticos, que se extraem de diversos elementos, dentre os quais: a posição de preeminência do poder constituinte sobre o poder constituído; a rigidez constitucional; o conteúdo material das normas contidas; e sua vocação de permanência. As últimas décadas foram fundamentais para a ampliação do espaço constitucional, o qual, a partir do �nal do século XX, intensi�cou a reação política pela redução do tamanho do Estado. Na Europa, que in�uenciou a maior parte de mundo, prevalecia o entendimento de que as normas constitucionais não seriam propriamente normas jurídicas, que comportassem tutela jurisdicional quando descumpridas, e sim diretivas políticas endereçadas ao legislador. O pós-guerra superou essa perspectiva com a perda do positivismo jurídico e com a ascensão dos princípios constitucionais, como garantia de justiça na relação entre poder político e os indivíduos, em especial, as minorias. Nos Estados Unidos, esse quadro foi exceção, pois o constitucionalismo foi marcado pela normatividade ampla e pela judicialização das questões constitucionais, como em 1803, no célebre julgamento do caso Marbury v. Madison, no qual a Suprema Corte americana a�rmou seu poder de controle de constitucionalidade. No Brasil, a força normativa e a conquista de efetividade pela Constituição são fenômenos recentes, que se consolidaram após a redemocratização (ou popularização) e a promulgação da Constituição de 1988. Consolidado o caráter normativo das normas constitucionais, o direito contemporâneo é caracterizado pela transição da Constituição para o centro do sistema jurídico, em que nãodesfruta somente da supremacia formal, mas também de uma supremacia material, axiológica. Compreendida com uma ordem objetiva de valores e um sistema aberto de princípios e regras, a Constituição torna-se um �ltro por meio do qual se deve ler todo o direito infraconstitucional. A esse fenômeno, os doutrinadores dão o nome de Constitucionalização do Direito, uma verdadeira modi�cação que deu novo sentido e alcance a ramos tradicionais e autônomos do Direito, tais como o civil, o administrativo, o penal e o processual. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 10/23 Essa constitucionalização do Direito propõe um debate jurídico instigante. Barroso (2018) aduz que isso ocorre por conta de suas características de centralidade da ideia de dignidade humana e direitos fundamentais, do desenvolvimento da nova hermenêutica (interpretação), da normatividade dos princípios e da abertura do sistema. Atualmente, são colocados em debate temas que de�nirão o futuro da Constituição; dentre os quais, destacamos: o papel do Estado e suas potencialidades como agente de promoção dos direitos fundamentais; a legitimidade da jurisdição constitucional e da judicialização de debate acerca de políticas públicas; a natureza procedimental da democracia; e o conteúdo das normas constitucionais que concretizam a Constituição . A Constituição, portanto, é dotada de superioridade jurídica em relação a todas as normas do sistema e, como consequência, nenhum ato jurídico pode substituí-la validamente, se for com ela incompatível. Para assegurar essa supremacia, o ordenamento jurídico contempla um conjunto de mecanismos, via judicial, destinados a fazer prevalecer os comandos contidos na Constituição (a chamada jurisdição constitucional). Inserido nessa jurisdição está o controle de constitucionalidade, cujo o propósito é declarar a invalidade e paralisar a e�cácia dos atos normativos incompatíveis com a Constituição. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 11/23 atividadeAtividade Sobre o conceito de Constituição, existem pensadores e doutrinadores que formularam concepções de constituição segundo seus diferentes sentidos. Consequentemente, é correto a�rmar que Ferdinand Lassale, Carl Schmitt e Hans Kelsen estão ligados às concepções de Constituição, respectivamente, nos sentidos: a) Substancial, material e formal. b) Sociológico, político e jurídico. c) Pluralista, social e transcendental. d) Pactual, contratualista e compromissório. e) Ideológico, garantista e positivista. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 12/23 A doutrina adota diversos critérios de classi�cação das Constituições, levando em conta a origem, a forma, a estabilidade do texto e seu conteúdo. Quanto à origem a) Promulgadas (ou ainda chamada de constituição democrática ou popular): é quando as constituições contam com a participação popular na sua elaboração, normalmente por meio da eleição de representantes. São constituições fruto de uma Assembleia Constituinte eleita pelo povo, para fazerem-se representar na elaboração de seu futuro documento fundamental. Constituição (Parte II)Constituição (Parte II) reflita Re�ita “As constituições concebem-se, pois, como plataformas de partidas para a realização de políticas constitucionais diferenciadas que utilizem em termos inventivos os vários materiais de construção semeados nos textos constitucionais” Fonte: Canotilho (2003, p. 1386). 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 13/23 b) Outorgadas: são aquelas impostas por quem não recebeu poder para tanto, ou seja, pelo agente que detém o poder político, de fato. São os casos em que não há participação popular na sua criação. Quanto à forma a) Escritas: são fruto do processo de codi�cação do Direito Público, quando sistematizadas em um texto único, um articulado de normas dispostas de maneira ordenada, geralmente divididas em partes, títulos, capítulos e seções. Um exemplo pioneiro é a Constituição americana. b) Não escritas (ou costumeiras): quando contidas em textos esparsos e/ou em costumes e convenções sedimentados ao longo da história, como é o caso, praticamente isolado, da Constituição inglesa (também na mesma situação estão Israel e Nova Zelândia). Têm como característica fundamental o surgimento informal, desligado de solenidades. Originam-se da sociedade, e não de uma entidade especí�ca designada para isso. São formadas por um conjunto de orientações normativas não positivadas, oriundas da jurisprudência e dos costumes. Quanto à estabilidade do texto a) Rígidas: quando o procedimento de modi�cação da Constituição é mais complexo do que aquele estipulado para a criação de legislação infraconstitucional. Para todas as normas constitucionais se exige, na eventualidade de sua alteração, um processo legislativo mais trabalhoso, mais di�cultoso do que comumente é exigível. No caso brasileiro, esse processo mais trabalhoso se resume a uma iniciativa mais reduzida, a um quórum de aprovação maior e, por �m, à não participação do Poder Executivo, seja por meio da exclusão do veto ou sanção. A emenda constitucional é exercício do poder constituinte derivado e cabe apenas ao Poder Legislativo, não havendo a fase de deliberação executiva, na qual o Presidente sanciona ou veta. b) Flexíveis: hipótese em que a Constituição pode ser modi�cada pela atuação do legislador ordinário, seguindo o procedimento adotado para a edição de legislação infraconstitucional. A Constituição �exível prevê, para sua alteração, processo legislativo idêntico ao da lei ordinária. Esta, por ser posterior, revoga a Constituição Federal que lhe seja contrária. Assim, o processo da emenda constitucional é igual ao processo da elaboração das leis ordinárias. Não há maiores formalidades na alteração da Constituição do que para a alteração das leis. c) Semirrígidas ou semi�exíveis: quando partem da Constituição – geralmente, as normas consideradas materialmente constitucionais –, só podem ser alteradas mediante um procedimento mais di�cultoso, ao passo que o restante pode ser modi�cado pelo legislador, segundo o processo previsto para a edição de legislação infraconstitucional. Um exemplo foi a Constituição Imperial Brasileira de 1824, que, em seu artigo 178, declarava: É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias (BRASIL, 1824, on-line). 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 14/23 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 15/23 atividadeAtividade A respeito da classi�cação das constituições, assinale, a seguir, a opção correta: a) As constituições não são �exíveis, portanto não admitem modi�cações. b) O procedimento instituído para alteração constitucional por emenda pode ser modi�cado pelo poder constituído. c) A CF é dogmática porque é escrita, foi elaborada por um órgão constituinte e sistematiza dogmas ou ideias da teoria política de seu momento histórico. d) Tanto as constituições rígidas como as �exíveis apresentam superioridade material e formal em relação às demais normas do ordenamento jurídico. e) A atual CF foi outorgada porque não foi votada diretamente pelo povo, mas sim por seus representantes. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias16/23 Poder constituinte é o poder que constitui, elabora e instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. Seu objetivo fundamental é criar um novo Estado e novas normas constitucionais. Cada manifestação constituinte, editora de atos constitucionais, como Constituição, Atos Institucionais e até Decretos, nasce do Estado. Se a natureza decorre da certeza de rompimento com a ordem jurídica anterior, de modo a invalidar a normatividade vigente, tem-se um novo Estado. De acordo com a lição de Canotilho (2003, p. 65): O poder constituinte se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que está em condições de, numa determinada situação concreta, crias, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política. Nas palavras de Barroso (2018, p. 134): “Trata-se do poder de elaborar e impor a vigência de uma Constituição. Situa-se ele na con�uência entre Direito e Política, e sua legitimidade repousa na soberania popular”. Na sua essência, portanto, o poder constituinte consiste na capacidade de elaborar uma Constituição e de determinar sua observância. Teoria do poder constituinte A teoria do poder constituinte nasceu em 1789 na França, dentro da moldura histórica e �losó�ca do jusnaturalismo, e concebeu o ordenamento jurídico que temos até hoje. Poder ConstituintePoder Constituinte 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 17/23 É uma teoria de legitimidade do poder e de legitimidade do ordenamento jurídico. Falar de poder constituinte é falar de democracia; é falar de Assembléia Nacional Constituinte. O desenvolvimento da teoria do poder constituinte remonta ao constitucionalismo moderno, em um ambiente dominado pelas aspirações de racionalidade ao Iluminismo, do jusnaturalismo e do contratualismo. O poder constituinte da nação - aquele consistente na capacidade de instituir, a qualquer tempo, uma nova ordem - encontra-se acima do poder constituído, do sistema jurídico positivo. É um poder de direito, fundado não no ordenamento vigente, mas no direito natural, que existe antes da nação. Natureza Os positivistas defendem que é um poder de todos. Um poder de fato, e não de direito, não se subordina ao Direito; é um poder político extraído das forças sociais consolidadas. Os jusnaturalistas a�rmam ser um poder de direito pois está submetido somente ao direito natural, e não ao direito positivo, e nem mesmo ao poder do Estado. É um poder que está acima do direito positivo, pois parte do seu direito natural, que é eterno, universal e imutável. Titularidade A doutrina moderna aponta a titularidade de o poder constituinte pertencer ao povo, tal como a tese de Emmanuel Joseph Sieyés, político, eclesiástico e escritor francês que sustentava que a titularidade constituinte pertencia à nação, e o povo elegeria quem governaria em seu nome. Para Sieyés, o poder constituinte, incondicionado e permanente, seria a vontade da nação; e o poder constituído, por sua vez, receberia sua existência e suas competências do primeiro, sendo por ele juridicamente limitado. Essas seriam as bases políticas da supremacia constitucional. Para dar viabilidade prática à teoria e legitimar Assembleia Nacional Constituinte, Sieyès afastou-se da doutrina de Rousseau (que não prevaleceu) da “vontade geral” e necessidade de participação direta de cada indivíduo, substituindo pelo conceito de representação política. Sua legitimidade repousa na soberania popular, a reaproximação entre o direito e ética, assim como a centralidade da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais. Essa ideia de soberania nacional, para a qual o poder constituinte tem como titular a nação, sustentada por Sieyès, teve acolhida na doutrina francesa, subtraindo o poder constituinte tanto do monarca quanto dos poderes constituídos. Ao combinar poder constituinte com representatividade, Sieyès admitiu que a Constituição fosse elaborada não diretamente pelo povo, mas por expressa vontade dele. Sendo soberana a assembleia, não precisava ser submetida à rati�cação popular. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 18/23 Sua teoria tornou-se historicamente vitoriosa, pois a Constituição passa a ser lei suprema, e os poderes do Estado passam a ser poder constituído; por esse mecanismo, a soberania popular se converte em supremacia da Constituição. No Brasil, as Constituições de 1824 e 1891 invocam a soberania nacional. Agente Grupo de pessoas encarregadas de fazer a Constituição. Um órgão da sociedade, e não do Estado. É a Assembleia ou a Convenção Constituinte. O titular nunca deixa de existir; o agente, sim. No momento em que a Assembleia Nacional Constituinte promulga a sua obra legislativa, ela “morre” no parto, sem remissão. Se houver a elaboração de uma nova Constituição, haverá um novo agente, ou seja, uma Assembleia Nacional Constituinte. Espécies e características O poder constituinte, segundo classi�cação de Lenza (2017), é inicial, autônomo, ilimitado juridicamente, incondicionado e soberano na tomada de decisões, ou seja, um poder de fato, político e permanente. O poder constituinte é: a. Inicial, pois instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo a ordem jurídica anterior. É o momento alto do constitucionalismo de um Estado. b. Autônomo, visto que a sua nova estruturação será determinada autonomamente, por quem exerce o poder constituinte originário. c. Ilimitado, no sentido de que não tem de respeitar os limites postos pelo direito anterior. d. Incondicionado e soberano na tomada de suas decisões, porque não tem de submeter-se a qualquer norma preexistente. e. Poder de fato e poder político, podendo ser caracterizado como uma energia ou força social, tendo natureza pré-jurídica. f. Permanente, já que o poder constituinte originário não se esgota com a edição da nova Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como forma e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia de subsistência. Deve haver o “momento constituinte” para justi�car a quebra abrupta da ordem jurídica (LENZA, 2017, p. 196). É interessante mencionar que mesmo sendo ilimitado e livre para escrever na Constituição os valores que desejar, o poder constituinte deve observar alguns padrões e modelos de conduta ética, moral, social, cultural e religiosa daquela determinada sociedade, bem como observar os valores radicados na consciência geral da comunidade. O poder constituinte deve observar, também, alguns princípios internacionais, como: princípio da defesa da paz; princípio da independência; princípio da autodeterminação dos povos; princípio da 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 19/23 prevalência dos direitos humanos; princípio da igualdade entre os Estados; e princípio da solução pací�ca dos con�itos. Poder constituinte originário É o poder que elabora a Constituição e, por meio dela, cria um Estado. Surge a partir do “nada” ou de uma “ruptura”. Um exemplo da primeira hipótese: cria-se a primeira constituição e, então, o Estado, como no Brasil, em 1824. A segunda hipótese se dá com o rompimento de um regime jurídico constitucional existente e instalação do fundamento de validade do novo ordenamento; um novo tipo de Estado, uma nova constituição. No Brasil, no período de 1891 a 1988, as constituições foram elaboradas por meio de “ruptura”. Segundo de�nição da doutrina clássica, poder constituinte originário corresponde à possibilidade de elaborar e colocar em vigência uma constituição em sua globalidade. Entende-se como documento básico e supremo de um povo que, dando-lhe necessária unidade, organiza o Estado, dividindo os poderes e atribuindo competênciasque asseguram a proteção dos direitos e das garantias fundamentais dos indivíduos, traçando outras regras que terão caráter cogente para o legislador, para o governante e para maior parte das funções públicas da República. Destaca-se que não há direito adquirido em face do poder constituinte originário. Cláusula pétrea A cláusula pétrea é uma reserva do poder constituinte originário. O poder reformador não pode alterar, nem revogar, mesmo que parcialmente, a cláusula que institui as cláusulas pétreas. As cláusulas pétreas estão de�nidas no artigo 60, § 4, I (forma federativa), II (voto secreto), III (separação dos poderes) e IV (direitos e garantias individuais) da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Há, ainda o chamado bloco de constitucionalidade, que é o conjunto de normas que não estão necessariamente expressas no texto constitucional, mas que permite ao intérprete ampliar o conceito para além daquelas normas previstas na Constituição, como a Emenda Constitucional nº 45/2004, que a�rma que os tratados internacionais sobre direitos humanos também gozam de status constitucional (BRASIL, 2004). 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 20/23 atividadeAtividade A respeito do poder constituinte, assinale, a seguir, a opção correta: a) O caráter ilimitado do poder constituinte originário não impede o controle de constitucionalidade sobre norma constitucional originária, quando esta con�itar com outra norma constitucional, igualmente originária. b) Se não houver ressalva expressa no seu próprio texto, a Constituição nova atingirá os efeitos pendentes de situações jurídicas consolidadas sob a égide da Carta anterior. c) O poder constituinte originário não desaparece com a promulgação da Constituição, permanecendo em convívio estreito com os poderes constituídos. d) As assembleias nacionais constituintes são as entidades que titularizam o poder constituinte originário. e) O poder constituinte originário é incondicionado, embora deva respeitar os direitos adquiridos sob a égide da Constituição anterior, ainda que esses direitos não sejam salvaguardados pela nova ordem jurídica instaurada. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 21/23 indicações Material Complementar LIVRO Constituição Brasileira de 1988 - Re�exões em Comemoração ao seu 25º Aniversário Antônio Pereira Gaio Júnior e Márcio Gil Tostes dos Santos Editora: Juruá ISBN: 978853624584-3 Comentário: A obra possui a tarefa de traduzir os impactos jurídicos e políticos da Carta Constitucional de 1988 nos mais variados ambientes que cercam a vida moderna. 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 22/23 conclusão Conclusão A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, é conhecida como "Constituição Cidadã" e é considerada a mais democrática da história do Brasil. O atual texto constitucional garantiu o voto direto e secreto, a independência e a harmonia entre os poderes. Além disso, ampliou os direitos e as garantias sociais e fundamentais, dentre muitos outros benefícios. Mas será que, com a Constituição de 1988, podemos a�rmar que a democracia está consolidada no Brasil? A história mostra uma narrativa de instabilidades, avanços e retrocessos. Certamente, uma visão mais atenta da nossa trajetória permite perceber que, apesar dos percalços, evoluímos como país, sobretudo em termos de direitos e garantias fundamentais, de cunho individual e coletivo. Evidente que tal conclusão não afasta os problemas, as instabilidades ou os retrocessos do nosso país, mas garante que o respeito à lei, à Constituição e a todas as instituições é dever de todo cidadão brasileiro, mostrando-se fundamental para que continuemos a buscar a melhora e a justiça em nossa sociedade. referências Referências Bibliográ�cas BARROSO, L. R. Curso de direito constitucional contemporâneo. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário O�cial da União. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019. BRASIL. Constituição Política Do Império Do Brasil (De 25 de Março de 1824). Manda observar a Constituição Política do Império, oferecida e jurada por Sua Majestade o Imperador. Diário O�cial da União. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019. BRASIL. Emenda constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm 29/10/2021 23:09 Ead.br https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/DIR_TECDIF_19/unidade_1/ebook/index.html#referencias 23/23 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103B, 111-A e 130-A, e dá outras providências. Diário O�cial da União. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc45.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019. CANOTILHO, J. J. G. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. DECLARAÇÃO dos Direitos do Homem e do Cidadão. Wikipédia, 15 abr. 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidad%C3%A3o> Acesso em: 19 abr. 2019. LENZA, P. 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