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Verificação da relação entre período e comprimento no pêndulo simples – PARTE I Ana Beatriz Machado Silva (n° 02110240), Eduardo Pinheiro do Prado Machado (02110211), Maria Clara Ferreira de Melo (n° 02110159), Thiago Alexandre (n° 02110041). 2 UNB Física Experimental II Resumo. No presente relatório será exposta a teoria acerca do tema, a realização do experimento e os resultados obtidos. No experimento descrito, o experimentador constrói cinco pêndulos caseiros, regulando entre as medições, o comprimento l da base até o centro de massa, para oscilar 5 períodos T. O objetivo do experimento é entender por meio do pêndulo simples, a relação entre o período e seu comprimento, através do uso do software Tracker que faz a construção de gráficos de velocidade, posição, aceleração, entre outros. Palavras chave: pêndulo simples, tempo de oscilação, período, comprimento. 1. Introdução Na própria natureza, observa-se muitos fenômenos que ocorrem de maneira periódica, como por exemplo as ondas sonoras, as radiações eletromagnéticas, a rotação e translação da Terra, entre outros. Desta forma, se iniciou o estudo sobre tal fenômeno, a partir do pêndulo simples. Galileu propôs que o período de um pêndulo simples é independente de sua amplitude. Huygens mostrou que a ideia de Galileu seria válida somente para pêndulo em trajetória cicloidal. Além de fazer o estudo do pêndulo em meios que oferecem resistência, Newton propôs que se construirmos um pêndulo com comprimento igual a metade do comprimento de uma coluna de água em um tubo em forma de “U”, os dois sistemas terão o mesmo período de oscilação, ou seja, a água vai subir e descer no tubo com a mesma rapidez do pêndulo simples [1]. O movimento será considerado vibratório ou oscilatório, à medida que a partícula está em movimento periódico se movendo para diante e para trás na mesma trajetória. 1.1 Oscilações Como foi apresentado, os movimentos periódicos como o MHS, se repetem a intervalos de tempos iguais, sendo o intervalo mínimo para a repetição do movimento denominado período (T). Assim, se ocorrerem n repetições do movimento num intervalo de tempo ∆t, o período do movimento será: 𝑇 = ∆𝑡 𝑛 (1) A frequência (f), é então definida como o número de oscilações por unidade de tempo: 𝑓 = 𝑛 ∆𝑡 (2) Desta forma, conclui-se que a frequência é o inverso do período, e vice-versa. 𝑓 = 1 𝑇 (3) No que diz respeito às unidades de medida, de acordo com o Sistema Internacional de Medidas (S.I), a unidade de período (T) é expressa em segundos (s), já a frequência (f) tem sua expressão em Hertz (Hz). Ademais, tais movimentos periódicos também são descritos em termos de seno e cosseno, por isso, também são denominados movimentos harmônicos. 1.2 Pêndulo Simples Um sistema bastante usado que realiza o movimento harmônico simples é o pêndulo simples, que consiste em uma massa puntiforme (m), presa a um fio com comprimento l de massa desprezível e inextensível, capaz de oscilar em torno de uma posição fixa. Quando a massa é solta, sai de sua posição de equilíbrio ( = 0°) e movimenta-se por ação da aceleração da gravidade, através de oscilações, sendo tal movimento periódico e oscilatório. Figura 1: Representação de um Pêndulo Simples. Fonte: [2] Como visto na Figura 2, existem forças atuando na massa, como a força de tração no fio (�⃗� ) e a força da gravidade (𝑚. 𝑔 ), que serão consideradas neste caso, mas, é certo que outras forças desprezíveis também atuam no sistema, como a resistência do ar. Percebe-se que é formada uma resultante centrípeta entre os vetores das forças, o que faz com que o sistema mantenha uma trajetória circular. Nesse sistema, a resultante tangencial, expressa por 𝑚.𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 , encontra-se desacelerando a partícula quando ela se afasta da posição de equilíbrio, em outro caso, está acelerando a partícula no sentido da posição de equilíbrio. Sendo assim, a força é restauradora, o que significa que ela atuará com a finalidade de retornar a massa ao ponto de equilíbrio. Sendo: 𝐹 = −𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 (4) Quando o ângulo que o fio do pêndulo faz com a vertical não é muito grande, o movimento do pêndulo é harmônico simples, assim como concluiu Galileu. O fato de o período ser independente da amplitude de oscilação (desde que permaneça pequena) constitui o isocronismo das pequenas oscilações do pêndulo, descoberto por Galileu. Galileu também menciona em "duas novas ciências" que "os tempos de vibração de corpos suspensos por fios de comprimentos diferentes estão entre si como as raízes quadradas dos comprimentos dos fios [3]. Sabe-se que para qualquer MHS: 𝑇 = 2𝜋 √ 𝑚 𝑘 (5) Assim, obtemos a seguinte equação através de estudos e cálculos: 𝑇 = 2𝜋 √ 𝐿 𝑔 (6) Onde através de uma reorganização da Eq. 6, podemos obter o cálculo da aceleração da gravidade (g): 𝑔 = 4𝜋2 𝐿 𝑇² (7) Portanto, a partir da Eq. 7 será possível o cálculo da aceleração da gravidade (g) através dos dados coletados no experimento. Reorganizando novamente, chegaremos em uma relação linear entre T² e l, onde o gráfico será uma linha reta: 𝑇2 = (2𝜋)² 𝑔 𝑙 (8) Assim, a Eq. 2 que poderá ser comparada a 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 , onde l corresponde a x, T² corresponde a y, enquanto que (2𝜋)² 𝑔 corresponde ao coeficiente angular a, da reta. O coeficiente linear b é zero (não aparece na relação). 1.3 Movimento Harmônico Simples Dentre todos os movimentos oscilatórios, o mais importante é o movimento harmônico simples (MHS), porque além de ser o movimento mais simples de se descrever matematicamente, constitui uma descrição bastante precisa de muitas oscilações encontradas na natureza [4]. O Movimento Harmônico Simples (MHS) é um modelo físico que pode ser utilizado para investigar sistemas mais complexos onde há forças restauradoras, e representa um dos melhores exemplos da aplicação das leis mecânicas. Trata-se de um movimento periódico que acontece exclusivamente em sistemas conservativos, em que um corpo oscila de uma posição de equilíbrio devido à ação de uma força restauradora, que pode ser elétrica, elástica, gravitacional, entre outras, mas sempre se orienta para a posição de equilíbrio e de intensidade proporcional à distância da partícula à essa posição de equilíbrio. Nesse movimento a energia mecânica total do sistema é conservada, ou seja, não há forças dissipativas, e a energia mecânica do corpo é sempre mantida constante, mas suas energia cinética e potencial intercambiam-se: quando a energia cinética é máxima, a energia potencial é mínima e vice-versa. O corpo em MHS varia a posição x de seu corpo em função do tempo através da Função Horária dada por: 𝑥 = 𝐴 𝑐𝑜𝑠(𝑤𝑡 + 𝜓0)(9) Onde x é a posição, A a amplitude, w a pulsação também denominada frequência angular, t é o instante, e a constante 𝜓0 a fase inicial, descrevendo a situação do sistema quando o instante é zero. A frequência angular, ou pulsação, é dada em radianos por segundo (rad/s) de acordo com o Sistema Internacional de Unidades (S. I.), sendo encontrada através da seguinte equação: 𝑤 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 𝑇 (10) Já a fase inicial é dada em radianos (rad), sendo uma constante. Com tais conhecimentos, será possível a elaboração da Parte I, onde será construído um gráfico que descreve a relação funcional entre o comprimento e período de um pêndulo simples, e usar esse gráfico para calcular a constante de proporcionalidade na relação entre o comprimento de um pêndulo e o quadrado do seu período. 2. Material e Métodos Nesta seção serão descritos os métodos experimentais e os materiais utilizados para a construção do gráfico através do pêndulo simples, que é um fio inextensível que oscila em torno de um ponto fixo que pode movimentar-se livremente. Para a realização do experimento, foi necessária a utilização de alguns materiais presentes em casa, como ilustrado na Figura 2, sendo eles: • Fio de nylon; • Pote pequeno de vitamina; • Caneta preta; • Câmera do celular; • Aplicativo Angle Meter; • Régua; • Tesoura. O procedimento experimental utilizado para a coleta de dados consistiu dos seguintes passos: I. A base do pêndulo é um gancho armador de rede, onde uma linha de nylon (100cm) foi amarrada em sua base. II. Após a base, uma régua foi centralizada e colada no ângulo de 90° para a demarcação das medidas utilizadas. III. As medidas 20 cm, 40 cm, 60 cm, 80 cm e 100 cm foram marcadas com o auxílio de uma caneta preta para demarcar a medida da oscilação. IV. Um pote pequeno foi utilizado como o ponto de partida do pêndulo. V. Colocou-se uma linda de nylon no ponto zero e o pote ficou situado no ponto final do nylon, na altura das medidas mencionadas. Para melhor visualização, foi necessário marcar o pote com alguma cor que se destacasse e desse contraste entre os demais objetos. VI. Foi utilizado o aplicativo Angle meter para obter um ângulo inicial de 10°, como ilustrado na Figura 3. VII. O experimentador segurou o pote no ângulo de 180° (como ilustrado na Figura 2) e o soltou, dessa forma foi possível obter a aceleração da gravidade em um plano vertical, a partir de um pêndulo, com o auxílio de cálculos e análises. VIII. Os vídeos ao serem transportados podem ficar borradas, interferindo na obtenção de valores de posição em função do tempo, recomenda-se o uso de câmeras com melhor resolução para a garantia de um melhor resultado. Figura 2: Imagens do experimento realizado. (A) exposição e posicionamento dos materiais. (B) Ângulo do pendulo simples. Foi utilizado também o programa Tracker, que possibilita a análise de vídeos, produzidos com o auxílio de uma câmera filmadora, para diferentes movimentos de corpos. 3. Resultados e Discussão Nesta seção analisaremos os resultados experimentais obtidos mediante o procedimento experimental descrito na seção precedente. Abaixo, são expostas as tabelas e gráficos obtidos partir do software Tracker, bem como os resultados procedentes dos cálculos realizados. A B COMPRIMENTO l (m) PERÍODO T (s) QUADRADO DO PERÍODO T² (s²) 0,2 1,028 1,057 0,4 1,281 1,641 0,6 1,545 2,387 0,8 1,825 3,331 1 2,061 4,248 Veja a seguir os gráficos obtidos com o software Tracker: Para L = 0,2 m Para L = 0,4 m Para L = 0,6 m Para L = 0,8 m Para L = 1 m Assim, foi possível descrever o seguinte gráfico como l no eixo x e T² no eixo y: Usando o método dos mínimos quadrados, chegamos a Equação da reta, sendo: 𝑦 = 4,036𝑥 + 0,111 (11) Com os valores dados na Tabela abaixo. L (m) T² (s²) M.M.Q. 0,2 1,057 0,9184 0,4 1,641 1,7256 0,6 2,387 2,5328 0,8 3,331 3,34 1 4,248 4,1472 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 0,2m 0,4m 0,6m 0,8m 1m (Período)² X Comprimento Desta forma, foi possível descrever o seguinte gráfico: Em laranja, está o gráfico obtido através do MMQ, já em azul o gráfico a partir do software Tracker. Em seguida, foi realizado o cálculo da aceleração da gravidade g, sabendo que 𝑎 = (2𝜋)² 𝑔 , obtendo-se g = 9,782 m/s². 4. Conclusão Portanto, de acordo com a análise dos resultados obtidos, conclui-se que é possível adquirir dados referentes a aceleração da gravidade através do pêndulo simples e seus respectivos cálculos. Foi concebível validar as teorias acerca do Movimento Harmônico Simples em conjunto com o Pêndulo Simples através das medições feitas em cinco parâmetros, o que agregou para uma maior e mais precisa análise do sistema, incluindo suas margens de erro. Foi possível verificar, tanto experimentalmente quanto teoricamente, que para o movimento oscilatório do pêndulo simples, o seu período de oscilação aumenta e a sua frequência angular diminui com o aumento da amplitude de oscilação. Após a análise do experimento é notório que a aceleração da gravidade é totalmente influenciada pelo comprimento do pêndulo e seu tempo de oscilação, comprovado pelo resultado que apresentou maiores valores a medida em que o comprimento do pêndulo era aumentado. Contudo, é certo de que houve a influência de diversos fatores, entre eles outras forças que atuam no sistema e influenciam diretamente os valores obtidos, uma vez que este não é ideal. Todavia, o experimento trouxe um resultado satisfatório e dentro da margem da literatura, onde g = 9,782 m/s², assim permitindo uma avaliação válida acerca da aceleração da gravidade (g). 0 1 2 3 4 5 0,2m 0,4m 0,6m 0,8m 1m T / M.M.Q. Série1 Série2 5. Referências [1] DA SILVA. L. C. N. et al. “Estudo do pêndulo simples: a reprodução de experimentos históricos como subsídio para o ensino de Física”, VIII Seminário de Iniciação Científica do Litoral Norte – 18/10/2018 Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2018. [2] COSTA. M. et al. “A computacional numérica como ferramenta para o professor de Física do Ensino Médio”, Article in Revista Brasileira de Ensino de Física, Junho de 2006. [3] NUSSENZWEIG. H.M. “Física, vol l e 2”, São Paulo - SP. Editora Edgard Blucher. 1996. [4] ALONSO. M.S et al. “Física, vol 1.”, São Paulo – SP, Editora Edgard Blucher, 1972 Crédito - Este texto foi adaptado do modelo de relatório usado em http://fisica.ufpr.br/LE/ por Drª Priscila Freitas Lemes e Dr. Irapuan Rodrigues. http://fisica.ufpr.br/LE/
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