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AP3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA 24 11

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FACULDADE ALENCARINA DE SOBRAL
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
MARIA YONARA COSTA DA SILVA
PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
A IMAGEM DA MULHER NAS LETRAS DE MÚSICA DO GÊNERO MUSICAL FUNK, EM MEIO A SOCIEDADE .
SOBRAL – CE
2021
FACULDADE ALENCARINA DE SOBRAL
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
MARIA YONARA COSTA DA SILVA
A IMAGEM DA MULHER NAS LETRAS DE MÚSICA DO GÊNERO MUSICAL FUNK, EM MEIO A SOCIEDADE .
Pré-Projeto de Pesquisa como parte das exigências para a aprovação na disciplina de Métodos e Técnicas da Pesquisa Científica do Curso de Bacharelado em Serviço Social da Faculdade Alencarina de Sobral. 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Isabele Duarte de Souza.
SOBRAL-CE
2021
SUMÁRIO
1 PROBLEMATIZAÇÃO	4
2 JUSTIFICATIVA	5
3 HIPÓTESES	6
4 OBJETIVOS	6
4.1 Objetivo Geral 	6
4.2 Objetivos Específicos 	6
5 REFERENCIAL TEÓRICO 	7
6 METODOLOGIA	15
REFERÊNCIAS	15
	
	
	
	
1 PROBLEMATIZAÇÃO
O presente pré-projeto de pesquisa mostra o enraizamento na sociedade brasileira de que a mulher é algo sem valor, apalpável e até mesmo , em parte vem da cultura musical que trazem a mulher de forma pejorativa . As músicas do gênero musical funk geralmente vem acompanhadas de um infindável número de expressões desagrado , e a possibilidade de refletir sobre esse tema nos leva a uma série de questionamentos.
Percebemos a presença de ideologias alienantes e de dominação, como a cultura de consumo e o machismo patriarcal , que levam jovens da idade contemporânea a alienação é mais que nessario ter uma visão mais reflexiva e humanística principalmente para com jovens de periferias, que sofrem o condicionamento massivo da classe economicamente dominante através da cultura de massa.
2 JUSTIFICATIVA 
O tema do pré-projeto de pesquisa e de grande insatisfação em relação a minha pessoa , por não achar coerente e de aproveitamento algum letras pejorativas que denigrem a imagem feminina . O ramo musical que ao mesmo tempo em que se coloca como um espaço de emancipação da mulher, a música de funk reflete práticas sociais históricas como a violência contra a mulher.
Ver mulheres dançando e se esbaldando em músicas cheias de machismo me causa uma repugnância ou qualquer outra manifestação relacionada a isso , infelizmente sempre esteve presente na maioria das composições musicais da sociedade e ao contrário do que qualquer tipo de estereótipo possa apontar, a exclusividade não pertence ao funk porém o mais pejorativo.
3 HIPÓTESES
1. O sexo feminino carrega fardos onde nos mulheres não somos vistas como ser um igual e sim como objeto , e isso acaba destruindo a clareza e pureza da imagem da mulher .
2. A sociedade esta composta por um pensamento totalmente misógino , o machismo é um comportamento que enaltece o sexo masculino , é a recusa de direitos e deveres entre os gêneros sexuais , e esta presente em toda sociedade e para a mulher é desfavorável e incomodo.
3. Gênero musical funk em grande parte está sempre trazendo aos nossos ouvidos letras carregadas de xingamentos e ofensas às mulheres ,e são famosas pelo conteúdo machista que apresentam, principalmente os “proibidões”, com conteúdo explícito.
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral 
Analisar e estudar os enigmas sobre a imagem da mulher na letras de musica do gênero musical funk em meio a sociedade. 
4.2 Objetivos Específicos 
· Analisar a imagem feminina e seu comportamento em relação a letras de músicas, carregadas de ofensas.
· Compreender como a sociedade se posiciona em relação o machismo presente nela.
· Entender o grande desempenho da figura feminina em ser vista e aplaudida como forma de objeto masculino , que são relatadas nas letras de gênero musical funk.
5 REFERENCIAL TEÓRICO 
O presente projeto de pesquisa abordará e na concepção de Costa ( 2010, p.137) , o cônjuge do funk ao samba não se atrela ao poder cultural e histórico mais sim pelo simples fato de “descer do morro”, no caso a vinda da periferia a referência que é feita a população periférica , mais análise dessa modalidade musical, nos trás de certa forma a nova realidade a paixão que a juventude tem pelas letras de funk , por trazerem a facilidade o que o jovem que ouvir e até mesmo um sonho de um dia poder alcançar toda a ostentação relatada na música , são pontos como esses e outros demais que deixam claro a mínima semelhança desses dois gêneros musicais e tais campos, compreendemos os sujeitos como constituídos por práticas, segundo as condições de possibilidades de distintos contextos históricos e sociais.
 O entendimento de que a metodologia do grupo de discussão abre a possibilidade de escuta sensível, que não se fundamenta apenas em rigores teóricos para sua realização, uma vez que tal escuta é dependente da postura “política, afetiva e ética do pesquisador. (MEINERZ, 2011,p.486)
Ao entendimento de Meinerz (2011, p. 486), de que a metodologia do grupo de discussão abre a possibilidade de escuta sensível, que não se fundamenta apenas em rigores teóricos [...] , a divisão das jovens foi necessária pra melhor desenvolvimento da pesquisa cada uma tem um gosto diferente , o interesse também , então a organização foi o fio da meada, e essas análises foram balizadoras para a discussão, metodologia que nos permitiu compreender melhor como as músicas operavam na constituição das subjetividades, das identidades e das representações das alunas , clareando assim novos campos de entendimento a relação do sexual-afetivo que elas atrelam a isso pra se sentirem atraídas e deslumbradas.
Frente às análises apresentadas, parece ser possível afirmar que as músicas alinhadas com o funk ostentação corroboram a ideia de Bauman (2005) de que, na contemporaneidade, o mundo configura-se como um palco de performances, no qual somos consumidores de bens de consumo, de bens culturais e até mesmo de relacionamentos. Como afirma o autor, as sociedades contemporâneas padecem da síndrome do consumo, na qual os desejos e os anseios pelos bens materiais devem ser atendidos de forma quase imediata, mesmo que os desejos não sejam atendidos pelas “versões originais” dos produtos apresentados pelas músicas de funk ostentação. Nas palavras do autor, tal síndrome envolve a “enfática negação da virtude da procrastinação e da possível vantagem de se retardar a satisfação [...] encurta radicalmente a expectativa de vida do desejo e a distância temporal entre este e a sua satisfação, assim como entre a satisfação e o depósito de lixo. (BAUMAN, 2008, p. 111)
Sobre o tema, também colaboram Helen Ferreira e Mauro José Costa (2010, p. 199).
A periferia não se situa mais como margem: tomou a produção de si mesma fazendo parte da cultura urbana; tem suas representações e cria visibilidade por meio de suas singularidades. Ela dita moda, faz arte, cria estilo, ameaça, incomoda, quebra barreiras, exige espaço, inventa uma cultura própria (local) [...]
De acordo com Ferreira et al (2010,p.199) , o estudo é a problematização acerca das formas como os discursos colocados em circulação pelas músicas escutadas por alunas produzem modos de viver a feminilidade na atualidade, pois problematizar os modos de ser e de viver dessas jovens, nos tempos atuais, é possibilitar uma melhor compreensão das condições que organizam a constituição das culturas juvenis femininas. Apreender a constituição destas subjetividades, dos modos como estas alunas relacionam-se consigo mesmas, e como negociam significados e verdades.
Eu chamei ela pra fazer um sexo: “Vamo faze um sexo?” Mas ela falou: “Hoje não porque eu tô menstruada”! Mas não tem problema! Tá de chico éo caralho, cala boca aí vagabunda, se a xota tá com sangue, eu vou botar na sua bunda!!! Unda, unda, eu vou bota na sua bunda!! Unda, unda, eu vou bota na sua bunda!! Unda, unda, eu vou bota na sua bunda!! Tá de chico é o caralho, cala boca vagabunda, se a xota ta com sangue, eu vou botar na sua bunda! (MC BOLA DE FOGO, Tá de chico, 2005)
De acordo com Zanon (2017) ,o funk teve como origem nos Estados Unidos foi por meio outros gêneros musicais que ele se originou, sempre teve essa cultura com batidas mais agressiva, e pelo fato de ter uma polissemia musical sempre em um ritmo mais agitado . E com o decorrer do tempo sofreu diversas mudanças, por volta da década de 90 em meio a um contexto político da época acontecimentos como chacinas ocorridas no Carandiru Candelária e Vigário Geral, e a presença do tráfico de Drogas e seus comandos, as composições do funk começaram a retratar contextos de violência , e dando seguimento a toda essa evolução passaram também a objetiva as mulheres nas canções através de apelos com conotação erótica, caracterizados a desvalorização feminina de forma muito fútil. 
A ideia enfatizada por Cardoso (2014) , é o funk tem se destacado como um lugar de fala da mulher ao trazer em suas letras abordagens e linguagens , esta deixando de ser um local de fala somente masculina onde as mulheres expõe em muita das suas letras a luta vivida e suas trajetórias, e é a parti dai que são consideradas pela sociedade conservatória para mulheres. 
[...] o consumo emocional aparece como forma dominante quando o ato de compra, deixando de ser comandado pela preocupação conformista com o outro, passa para um a lógica desinstitucionalização e inimizada, centrada na busca de sensações e do maior bem-estar subjetivo. [...] Por intermédio das coisas, buscamos menos a aprovação dos outros que uma maior soberania individual, um maior controle dos elementos de nosso universo costumeiro. [...] Daí em diante, os gozos ligados à aquisição das coisas se relacionam menos à vaidade social que a um “mais poder” sobre a organização de nossas vidas, a um domínio maior sobre o tempo, o espaço e o corpo (LIPOVETSKY, 2007, p. 46-52).
A violência simbólica é uma violência que se exerce com a cumplicidade tácita daqueles que a sofrem e também, frequentemente, daqueles que a exercem na medida em que uns e outros são inconsciente de a exercer ou a sofrer”. (BOURDIEU, 1996,p.16) .(...) “a força da ordem masculina se evidencia no fato de que ela dispensa justificação: a visão androcêntrica impõe-se como neutra e não tem necessidade de se enunciar em discursos que visem a legitimá-la”. (BORDIEU,2007, p. 18)
 Ao ver de Lima ( 2008, p. 1) , a erotização não esta somente na letra mais na dança também ate de uma forma mais promíscua , e que o funk tornou-se uma atração comercial com exploração da mídia da música, da dança, do corpo da mulher e da erotização de crianças. Diante de tal quadro, feministas lideram críticas ao funk e à utilização de termos como “cachorras”, “popozudas”, “piranhas” e “safadinha” dentre outros que objetificam as mulheres.
De acordo com Dayrell (2003,p.42), falar de funk é importante e necessário destacar do seu público alvo a Juventude, ela cita a música como uma forma da Juventude de findar uma identidade própria, isso acontece entre os jovens de baixa renda que não têm acesso à lazer esporte e demais benefícios como Gilioli (2008) destaca “ não tem espaço públicos que os acolham e recorrem as gangues e tribos urbanas para utiliza-las como espaço de socialização” . Aí surge a pergunta o que era uma coisa tem a ver com a outra ? tudo é um efeito dominó a marginalização contribui para o desenvolvimento fraco de mentalidades afetadas pelo sistema, que trazem nas letras de funk à indignação, tráfico, violência e de quebra a disseminação da figura feminina. “Na época, o funk falava sobre as drogas, as armas, os comandos, mas artistas desta fase, como Claudinho e Buchecha, evoluíram para outros tipos de tema”. (MEIRELLES apud ARAÚJO, 2005, p.1)
A música é o principal produto cultural consumido pelos jovens não só em Belo Horizonte ou no Brasil, mas também em outros países. [...] A música acompanha os jovens em grande parte das situações no decorrer da vida cotidiana: música como fundo, música como linguagem comunicativa que dialoga com outros tipos de linguagem, música como estilo expressivo e artístico; são múltiplas as dimensões e os significados que convivem no âmbito da vida interior e das relações sociais dos jovens, sendo mais vivida do que apenas escutada (DAYRELL, 2001, p. 21).
O crescimento do Funk foi grande enfraquecimento cultural como sita o autor a seguir “Na época, o funk falava sobre as drogas, as armas, os comandos, mas artistas desta fase, como Claudinho e Buchecha, evoluíram para outros tipos de tema”. (MEIRELLES apud ARAÚJO, 2005, p.1)
O retorno ao corpo alimenta nossa busca de identidade. Nosso corpo é o local secreto ao qual somente nós podemos aceder e ao qual podemos voltar para sentir que existimos como indivíduos. O corpo é nossa propriedade, única e alienável, que permite nos reconhecermos numa época em que vacilam outras formas de identificação. Ninguém pode dizer o que sentimos em nosso corpo; cada um de nós é o único que pode falar de si mesmo, usando o próprio corpo. (MELUCCI, 2004, p. 93).
Rachel Soihet (1997,p.64) , traz uma ideia bem clara de homens e mulheres nascem com seus determinados sexos, “mas os estudos enfatizam a necessidade de rejeição do caráter fixo e permanente da oposição binária masculino versus feminino [...]”,E é aí que se esclarece esse raciocínio o macho considera a mulher submissa a ele então vai encontrar maneiras de enfatizar e o funk é uma delas.
Na concepção de Scott (1992, p.83), no decorrer de toda essa futilidade relatadas nas músicas de funk levaram as mulheres a desinibir uma identidade, a queda das viseiras e a obtenção da autonomia e uma emancipação de lutar contra tudo isso.
 Para Edméia Ribeiro (2012, p.16): “O casamento deixou de se constituir uma moeda de troca para se tornar o feito absoluto do amor romântico e desejo entre duas pessoas”.
Para Beschizza (2014, p.2): 
O funk carioca é a denominação atribuída a uma determinada prática musical associada à manifestação cultural que se convencionou chamar Baile Funk, desenvolvida nos subúrbios do Rio de Janeiro no fim da década de 1970. Desde então, essa prática vem sofrendo diversas transformações quanto ao lugar que recebe na mídia, o modo de escuta dos ouvintes e a própria estruturação da música. Atualmente, esse estilo tornou-se um fenômeno musical polêmico, de enorme repercussão, desdobrando-se em vários subgêneros, tornando-se conhecido e popular não apenas no Brasil, mas também em vários países europeus.
Rago (1995, p.89) enfatiza que:
A despeito das discussões entre as teóricas do feminismo em torno de uma definição precisa do gênero, é evidente a preocupação em evitar as oposições binárias fixas e naturalizadas, para trabalhar com relações e perceber por meio de que procedimentos simbólicos, jogos de significação, cruzamentos de conceitos e relações de poder nossas referências culturais são sexualmente produzidas [...]. Com essa nova proposta metodológica, insiste-se em que consideremos as diferenças Sexuais, enquanto construções culturais, desmontando e sexualizando conceitualizações que fixam e enquadram os indivíduos , seus gestos, suas ações, suas condutas e representações.
O ponto de vista de Almeida (2009) , claramente que músicas de rap, punks, darks , e funk, prendem a Juventude e se destacam estudos juvenis, ele observa que é uma acentuada predominância nas investigações principalmente acadêmicas o funk lidera em preferência de gosto musical dos jovens. 
 Na perspectiva de Carvalho et al (2009) , Tem outro ponto de vista declarando um, que pesquisadores da Juventude já associam de uma forma automática relação dos jovens com o gêneros músicas como o rap e o funk.“Falsos universais como “mulher pós colonial” ou “o outro pós-colonial” obscurecem as relações não só entre homens e mulheres, mas também”. MCCLINTOCK(2010, p.36) (...) “ ao comentar o trabalho de Irigaray observa que “em seu brilhante e incendiário desafio à psicanálise ortodoxa, Luce Irigaray sugere que em certos contextos as mulheres desempenham a feminilidade como um disfarce necessário”. MCCLINTOCK (2010, p. 104)
 produto de práticas sociaisanteriores e em constante diálogo com as atuais – favorecendo-as, dificultando-as e sendo continuamente transformado por elas. Delimitar o cenário significa identificar marcos, reconhecer divisas, anotar pontos de intersecção – a partir não apenas da presença ou ausência de equipamentos e estruturas físicas, mas desses elementos em relação com a prática cotidiana daqueles que de uma forma ou outra usam o espaço: os atores. (Magnani (2000),p. 38)
Como afirma Butler (2003):
O “real” e o “sexualmente fatual” são construções fantasísticas – ilusões de substância – de que os corpos são obrigados a se aproximar, mas nunca podem realmente fazê-lo. O que, então, permite a denúncia da brecha entre o fantasístico e o real pela qual o real se admite como fantasístico? Será que isso oferece a possibilidade de uma repetição que não seja inteiramente cerceada pela injunção de reconsolidar as identidades naturalizadas? Assim como as superfícies corporais são impostas como o natural, elas podem tornar-se o lugar de uma performance dissonante e desnaturalizada, que revela o status performativo do próprio natural (p. 210).
A observação de Luckesi (1994, p.64) , a escola não deve ser encarada como apenas mais uma instituição burocrática, mas sim como um instrumento de formação e transformação social. Tendo a mesma linha de pensamento o autor Butler (2010) , por sua vez, desconstrói a noção de sexo como algo determinado pela natureza e gênero como culturalmente construído e vai além, ao criticar a estrutura binária sexo/gênero. Para a autora, conceber o gênero (em oposição ao sexo) como algo culturalmente determinante da identidade supõe ainda o gênero como essência do sujeito.
 A respeito disso, Gomes (2005,p.147) observa que:
Para que a escola consiga avançar na relação entre saberes Escolares/realidade social/diversidade étnico-cultural é preciso que os(as) Educadores(as) compreendam que o processo educacional também é Formado por dimensões como a ética, as diferentes identidades, a Diversidade, a sexualidade, a cultura, as relações raciais, entre outras. E Trabalhar com essas dimensões não significa transformá-las em conteúdos Escolares ou temas transversais, mas ter a sensibilidade para perceber Como esses processos constituintes da nossa formação humana se Manifestam na nossa vida e no próprio cotidiano escolar. Dessa maneira, Poderemos construir coletivamente novas formas de convivência e de Respeito entre professores, alunos e comunidade. É preciso que a escola se Conscientize cada vez mais de que ela existe para atender a sociedade na Qual está inserida e não aos órgãos governamentais ou aos desejos dos Educadores.
Observa Luckesi (1994, p. 64):
Tanto a educação tradicional, denominada "bancária" – que visa apenas depositar informações sobre o aluno –, quanto a educação renovada – que pretenderia uma libertação psicológica individual – são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação – daí ser uma educação crítica.
Conforme Nussbaum (1995), o conceito de objetificação feminina é empregado, geralmente, como algo de cunho pejorativo. Para o autor, as mulheres deixariam de ser vistas como seres humanos e começariam a ser vistas como objetos. Objetificar, por sua vez, é enxergar como objeto aquilo que naturalmente não o é. Isso acontece com todas as coisas da natureza. Um dos exemplos quotidianos disso é a transformação animais em comida, através de sua carne (ADAMS, 2012), o mesmo ocorrendo com as mulheres.
Nussbaum (1995) ainda afirma que o termo objetificação pode ter vários contextos distintos, mas que, independentemente de qual seja, sempre terá um significado ruim. Assim, objetifica-se a mulher como objeto de um mercado de consumo – tratando as mulheres como as grandes consumidoras das maiores grifes de roupas do mundo – até objetos sexuais masculinos, onde, independentemente de se tratar a mulher como uma “boa consumidora”, a objetificação se apresenta como algo pejorativo ao verdadeiro “ser” feminino
A “objetificação” do público feminino pode tornar o corpo feminino suscetível a desrespeito por parte de alguém, sem que isso pareça errado. É comum até mesmo a violência física sexual por parte do público masculino para com as mulheres. Sabe-se que os transportes públicos brasileiros vivem lotados, mas não se sabe que o público feminino é o que mais sofre com isso. Existem homens que se aproveitam desses momentos para tirar certa vantagem do corpo feminino, que passa a ser, literalmente, um objeto em que se passa a mão ou usa quando dá vontade. (ARTEMENKO; LOURENÇO; BRAGAGLIA, 2014)
 Isso ocorre muito no Brasil atual, onde cada vez mais se noticia casos de abusos sexuais de homens em mulheres, muito pelo estímulo que a objetificação do feminino traz a sociedade”. (CRISTINI, 2018).[...] “o funk se tornou um produto: basta uma breve pesquisa das músicas mais tocadas no país para se concluir que o gênero se popularizou e deixou de ser exclusividade das favelas cariocas. Com o crescimento e o processo de industrialização da cultura”. (HORKHEIMER; ADORNO, 2002, p. 169-214)
Como lembram Adams e Fuller (2006) a misoginia nas letras do “gangsta rap” (gênero também relacionado ao contexto de violência e criminalidade), deriva do desenvolvimento do capitalismo, do sistema patriarcal e, inclusive, de questões raciais. Todos esses aspectos reforçam a ligação da música com o contexto na qual é produzida.
Adams e Fuller (2006, p. 940) apontam algumas características comuns nas músicas:
(a) declarações depreciativas sobre as mulheres em relação ao sexo; (b) declarações envolvendo ações violentas contra as mulheres, particularmente em relação ao sexo; (c) referências a mulheres causando "problemas" para os homens; (d) caracterização de mulheres como "aproveitadoras" de homens; (e) referências a mulheres serem inferiores aos homens; e (f) referências a mulheres como seres utilizáveis e descartáveis.
Cacciola (1999, p.13), remetendo às lições de Schopenhauer, lembra que “a música caracteriza-se assim por não ser uma arte representativa, na medida em que expressa diretamente as emoções, que surgem da divisão da vontade consigo mesma”. Ainda que não seja possível apurar a ligação direta entra a letra dos funks e a realidade criminológica atual, é inquestionável que arte acaba por se tornar um meio de enraizar na cultura esse tipo de discurso, contribuindo para normalização deste comportamento.
A virada é bastante evidente: observamos o desenvolvimento dos blogs e das redes sociais, a generalização dos usuários da web, ente jovens de todas as origens, a penetração de ferramentas digitais em um número cada vez maior de esferas sociais, a diversificação dos usos comerciais, lúdicos ou práticos da web. Democratizando suas utilizações a internet se torna rotineira. A massificação desses usos criou uma mudança de escala que, mutadis mutandis, se parece com a maneira pela qual a democratização da escola tencionou ideais educativos “republicanas”. O espaço de um pequeno grupo bastante homogêneo social e culturalmente é invadido por populações cada vez mais heterogêneas geográfica, social e culturalmente. (CARDON, 2012, p. 23)
Segundo Norman Fairclough (1992, p. 91), o discurso é um fenômeno socialmente construído e “contribui para a constituição de todas as dimensões da estrutura social que, direta ou indiretamente, o moldam e o restringem”. É no meio social dialético que o discurso se constitui. O sentido do discurso só é possível ao se levar em consideração a história e os contextos ideológicos em que se inscreve. O discurso é práxis, é ação e reação no mundo político e histórico.
Conforme Foucault (1999):
O homem [...] quando se volta sobre si mesmo e começa a refletir, prescreve regras para seu juízo, é a lógica, para seus discursos, é a gramática, para seus desejos, é a moral. Julga-se então no cume da teoria”; masapercebe-se de que todas essas operações têm “uma fonte comum” e que “esse centro único de todas as verdades é o conhecimento de suas faculdades intelectuais (p.118).
Fairclough (1992, p.117) define a ideologia :
[...] significações/construções da realidade (o mundo físico, as relações sociais, as identidades sociais) que são construídas em varias dimensões das formas/sentidos das praticas discursivas e que contribuem para a produção, a reprodução ou a transformação das relações de dominação.
6 METODOLOGIA 
O presente projeto de pesquisa abordará sobre a imagem da mulher na letras de musica do gênero musical funk em meio a sociedade e utilizará a metodologia exploratória, bibliográfica e qualitativa. Acerca da pesquisa exploratória: “ Tem por objetivo aprimorar hipóteses, validar instrumentos e proporcionar familiaridade com o campo de estudo. Constitui a primeira etapa de um estudo mais amplo, e é muito utilizada em pesquisas cujo tema foi pouco explorado, podendo ser aplicada em estudos iniciais para se obter uma visão geral acerca de determinados fatos. (GIL, 2002)”. A pesquisa bibliográfica está inserida principalmente no meio acadêmico e tem 
a finalidade de aprimoramento e atualização do conhecimento, através de uma investigação científica de obras já publicadas. Para Andrade (2010, p. 25):
A pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas. Uma pesquisa de laboratório ou de campo implica, necessariamente, a pesquisa bibliográfica preliminar. seminários, painéis, debates, resumos críticos, monográficas não dispensam a pesquisa bibliográfica. Ela é obrigatória nas pesquisas Exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na apresentação das conclusões. Portanto, se é verdade que nem todos os alunos realizarão pesquisas de laboratório ou de campo, não é menos verdadeiro que todos, sem exceção, para elaborar os diversos trabalhos solicitados, deverão empreender pesquisas bibliográficas (ANDRADE, 2010, p. 25).
E segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem.
7 REFERÊNCIAS
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BOLSON , Gabriela; RICHTER , A objetificação da mulher e a erotização precoce de crianças e adolescente meninas análise da paródia “ vai baranga” , MC Melody? , IV Seminário internacional de Direitos humanos de Democracia, p.1-18, Rio Grande do Sul , 2018.
JUNIOR , Aldo Nonato Borges ; SANTOS, Alesandro Servilho , ALMEIDA , Elisangela Barbosa ; OLIVIA, Isabela Morgado de ; TORRES, Velda Torres, O movimento funk e sua influência no empoderamento feminino , ANAIS – 21ª SEMOC,p1-15, Salvador, 22 a 26 de outubro de 2018. http://ri.ucsal.br .
MORENO , Gilberto Geribola Moreno, Novinhas, malandras e cachorras: jovens, funk e sexualidade , Revista Ponto Urbe [Online], 2011, posto online no dia 17 abril 2014.
PONTES ,Thaise Fabrim ; RIBEIRO , Edméia Aparecida , A representação da mulher na música de estilo funk carioca e sertanejo universitário , Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina , p 1-16 , Parar 2016 .
SANTOS , Jucelino ; RAMIRES , Vicentina , Musica ideologia e relações de poder a imagem da mulher nas letras de Funk , ISSN: 1807 – 8214Revista Ártemis, Vol. XXIII nº 1, p. 156-157 ; jan-jun, Pernambuco ,2017. 
SANTOS, Vitor Marques ; FERNANDES , Marcos , Funk , sexualidade e relações de gênero entre estudantes de uma escola pública de cidade de São Paulo , Universidade do Paraná , Dissertação de mestrado , p. 1-12, São Paulo , 2016.
SILVA , Thiago Dias ; OLIVEIRA, Luciana Duarte , O Funk e a apologia a violência na era Digital , Meritum – Belo Horizonte – v. 14 – n. 2 – p. 172-187 – Jul./Dez. 2019.

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