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DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM LABORATÓRIO No processo de civilização, assistimos ao crescimento acelerado da população, e vários resíduos produzidos pelos subprodutos das atividades humanas ultrapassaram a capacidade de recuperação do meio ambiente, criando um desequilíbrio no seu ciclo original. Um grande número de elementos de alta concentração feitos pelo homem, muitos dos quais são tóxicos e prejudiciais à vida na biosfera, são sempre depositados em áreas onde seus subsistemas giram em torno da dinâmica natural. Este tipo de fluxo sedimentar de rejeitos eventualmente retorna ao ciclo de vida humano na forma de poluição, radiação, poluição, chuva ácida, etc. Sabemos que o Brasil gera milhares de toneladas de resíduos todos os dias, mas nossa sociedade não vê esses resíduos como um grande problema ambiental. Esta problemática quase sempre é evitada até o momento em que acarretam ameaças, iniqüidades e conflitos ambientais mais graves às pessoas que estão diretamente ligadas a esses contextos, tais como as populações que habitam o entorno de áreas degradadas, a exemplo, daquelas onde a deposição de resíduos se apresenta potencial e efetivamente com altos níveis de poluição e contaminação. Os resíduos são rejeitos determinados pelo homem que não podem fluir diretamente para os rios, solo e ar. Resíduos sólidos podem ser considerados qualquer mistura de materiais ou restos destes, oriundos dos mais diversos tipos de atividades antropogênicas. São classificados de acordo com a sua natureza física, sua composição química, e os riscos potenciais que oferecem ao meio ambiente e a saúde pública (perigoso inerte e não inerte). Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 10004 – os resíduos sólidos são definidos como: ...resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles instalados em equipamentos e instalação de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Para retratarmos diretamente o problema dos resíduos químicos especificamente, devemos considerar que a Química é uma das ciências que mais trouxe benefícios para a sociedade principalmente nos últimos tempos. Entretanto, um dos questionamentos mais graves relacionados ao uso inadequado da Química refere-se aos danos e riscos ambientais causados pela geração de resíduos. Os resíduos químicos compreendem uma infinidade de compostos gerados nas mais variadas atividades industriais e laboratoriais do ramo. Estes resíduos merecem uma preocupação especial devido à complexidade dos seus compostos, e principalmente por apresentarem vários níveis de toxidade, sendo eles de características físico- químicas ou bioquímicas, muito distintos em sua complexidade de geração. 108 No estudo efetuado sobre a geração de resíduos químicos em laboratórios de análises e pesquisas na área química, a quantidade da geração dos mesmos apresenta índices desprezíveis comparados às indústrias de grande porte deste mesmo ramo, como as de produtos químicos e petroquímicos. Se você considerar a quantidade de resíduos gerados pelo setor industrial (100 toneladas / mês), o desperdício das instituições de pesquisa parece insignificante. Ele disse que a maior diferença entre o gerenciamento de resíduos industriais e de laboratório é a forma de tratamento e disposição final. O maior problema com essas formas geracionais é que elas têm uma composição muito variada. A natureza química dos resíduos está em constante mudança e quase não existem métodos de tratamento padrão e eficazes. As normas de gestão desses resíduos são importantes para o meio ambiente, pois as fiscalizações das autoridades competentes não contam com respaldo legislativo para o tratamento que deve ser realizado. As deficiências nos procedimentos para essa destinação obrigaram alguns órgãos a recorrer e se adequar a outras legislações, como resíduos de serviços sanitários (RDC 306/04); inventário de resíduos industriais, ou às normas internacionais. Antes de discutirmos qual é o grau de importância do gerenciamento de resíduos industriais e de laboratórios para a conservação ambiental, é necessário contextualizarmos alguns conceitos sobre meio ambiente. Meio ambiente é um jogo de interações entre o meio que suporta os elementos vivos e as práticas sociais produtivas do homem. O meio ambiente é a interação entre os elementos naturais e a sociedade humana, incluindo os domínios ecológico, social, econômico e político. Neste mesmo meio ambiente estão os “geossistemas, que compreendem a organização espacial oriunda dos processos do meio ambiente físico, e os sistemas sócio-econômicos, que compreendem as organizações espaciais oriundas dos processos ligados às atividades humanas”. 109 Para compreendermos melhor o meio ambiente, não apenas como um conjunto de elementos naturais interagindo entre si, mas envolvendo a interação destes elementos tendo a ação do homem como principal agente transformador, consideramos que algumas formas dessas relações podem causar danos ambientais irreparáveis ou irreversíveis se não forem controladas ou amenizadas através de medidas racionais visando sua conservação. O uso crescente do processamento dos recursos naturais está criando uma série de problemas ambientais. Por conseguinte, nos dias de hoje, o final do processo de produção e o descarte no uso doméstico de alguns desses mesmos recursos, transformados em produtos, estão causando sérios problemas de tratamento e disposição final dos resíduos para a gestão ambiental. Prevenir e minimizar os impactos ambientais causados pelas atividades industriais e humanas são alguns dos principais objetivos do sistema de gestão ambiental. O impacto ambiental é a mudança física ou funcional do meio ambiente, que traz consequências adversas para a sociedade humana. Eles são controlados por meio de ações abrangentes entre administração pública, indústria, serviços e sociedade civil para a formulação de medidas de redução e métodos de tratamento menos prejudiciais à geração de resíduos. Por meio de práticas de proteção relacionadas à prevenção e remediação de impactos, podemos contribuir para o restabelecimento da relação equilibrada entre os diversos componentes ambientais, estabelecendo assim uma nova relação entre o ser humano e todo o seu meio ambiente. A série ISO 14000 foi criada pela Organização Mundial de Normatizações (ISO - International Organization for Standardization). Esta instituição foi criada em 1946 com o caráter de promover o desenvolvimento de normas internacionais com características voluntárias na indústria, comércio e serviços. A série inicialmente formulada pela ISO/TC (International Organization for Standardization/ Technical Committees) 207 em 1993 tinha como meta principal a elaboração de normas de gestão ambiental promovendo um enfoque comum ao gerenciamento ambiental para aprimorar métodos de desempenhos ambientais e facilitar o comércio entre os países. De acordo com os seus conceitos, a organização que pretende implantar um Sistema de Gestão Ambiental, deve implantar parâmetros como políticas ambientais, identificação e controle dos seus aspectos ambientais, metas e objetivos, treinamentos contínuos, monitoramentos e verificação do desempenho ambiental, redução dos impactos ambientais referentes aos seus aspectos ambientais, entre outros. Os conteúdos da série ISO 14000 estão relacionados diretamente a implantação de técnicas que reduzem os processos de deterioração ambiental. No casode laboratórios químicos de análises e pesquisas o principal potencial que pode gerar impacto ambiental é a geração de resíduos líquidos oriundos do processamento da amostra analisada e os insumos usados para obter os resultados analíticos. Com as determinações desta norma pode-se estabelecer procedimentos de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização dos dados oriundos da quantificação dos resíduos gerados favorecendo, desta forma, a prevenção de impactos ambientais de caráter compartimental e não-compartimental, tais como contaminações do solo, ar, água, flora e fauna. Segundo a ISO 14001 após a primeira etapa do cumprimento das suas determinações que é o estabelecimento da política ambiental, a próxima etapa é o levantamento dos aspectos ambientais que potencialmente podem ocasionar impactos no meio ambiente, sendo ele de forma direta ou indireta. Nos laboratórios estudados, os aspectos ambientais que oferecem maior destaque é a geração de resíduos líquidos proporcionados por diversas áreas de atividade. Cada área de atividade possui uma característica inerente aos tipos de produtos utilizados e aos tipos de amostras analisadas, ou seja, para cada tipo de amostra são necessários produtos diferentes para estabelecer os resultados esperados. Na etapa de investigação ambiental, é necessário classificar e quantificar esses resíduos. Com base neste conceito, um sistema de classificação e subclassificação dos resíduos químicos produzidos foi desenvolvido para futuras investigações para completar a determinação quantitativa desses resíduos. Quantificar os resíduos gerados de acordo com o sistema de registro implantado traz muitos benefícios, principalmente por atender aos requisitos da norma, que requer a verificação dos indicadores de desempenho ambiental do sistema de gestão ambiental (SGA) implantado. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (2007), os elementos do SGA, principalmente as operações relacionadas a fatores e impactos ambientais importantes, devem ser monitorados e medidos, e a organização deve manter registros e controle dessas medições. Outro foco do laboratório é a realização das metas ambientais definidas pelo laboratório regularmente. Essas metas são baseadas na taxa anual de geração de resíduos e implementam gradualmente sistemas de redução, reutilização e reciclagem de fontes para reduzir essas taxas, e consequentemente melhorar continuamente o sistema de gerenciamento implantado. Além do ponto principal que é o cumprimento das determinações exigidas pela ISO 14001, os laboratórios estudados possuem atividades diretamente ligadas ao bem estar humano, tais como análise de fármacos e análise de resíduos de alimentos, portanto, é necessário que o sistema de gerenciamento de resíduos seja adequado à resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 306/04, pois a sua abrangência enfoca laboratórios de análises de produtos para saúde, além de outras normas e leis como as da ABNT- NBR 10004, NBR 12235, NBR 7500, NBR 13221 e da Comissão Nacional de Energia Nuclear – (CNEN) NE- 6.05, entre outras. Assim como exige na ISO 14001, como na RDC 306/04, é necessário após o levantamento dos aspectos ambientais, a aplicação do seu manejo segundo outros requisitos legais aplicáveis. No caso da RDC 306/04, são citados quais os requisitos legais que devem ser seguidos, já na ISO 14001 ficam abertos para as adequações conforme a realidade dos aspectos e seus impactos decorrentes. Ambas corroboram para a melhoria do bem estar social visando à implantação de técnicas que conservem e preservem o meio ambiente. Especificamente a RDC 306/04 é o requisito legal que mais se aproxima da realidade estudada dos laboratórios da área química, portanto, o sistema de gerenciamento que consiste em caracterizar, classificar, segregar, transportar, armazenar, tratar e destinar, além das suas quantificações que consiste em desenvolver “instrumentos de avaliação e controle, incluindo a construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado” (RDC 306/04 item 4.2.1 p.6) contribuem para o fornecimento de dados para o estabelecimento de metas de redução da geração de resíduos, e, conseqüentemente, da diminuição dos riscos e impactos ambientais adversos. REFERÊNCIAS BIOAGRI LABORATÓRIOS LTDA. Plano de gerenciamento de resíduos. Piracicaba, SP: Bioagri, 2005. CUNHA, C.J. O programa de gerenciamento de resíduos laboratoriais do Departamento de Química da UFPR. Química Nova, São Paulo, v. 24, n.3, p. 424- 427, mar. 2001. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Melhore a Competividade com o Sistema de Gestão Ambiental – SGA. São Paulo: FIESP, 2007.
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