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01 - O sistema Imune

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1/12 - O sistema imune como elemento de percepção no organismo: propriedades do sistema imune
Organização geral do sistema imune
Há três grandes características que definem a resposta imunológica:
1. Sistema capaz de perceber o que é próprio ou o que é não próprio do organismo.
2. Especificidade: basta que haja capacidade de interação entre uma molécula e outra, sendo medida pelo coeficiente de associação/dissociação. *No sistema imune, algumas moléculas possuem graus de especificidade maior do que outras. 
3. Memória imunológica: após uma primeira resposta efetivada, há mecanismos montados no sistema para que em uma segunda experiência, na mesma situação, a memória seja ativada e favoreça uma resposta secundária mais rápida e eficiente.
Outros aspectos do sistema imune: 
-Didaticamente, há dois tipos de imunidade: sistema imune inato (natural) e adquirido (adaptativo).
-Esse não é um sistema isolado. Praticamente, só funciona porque há interação celular o tempo todo. 
Esse conjunto de sinais e interações é que vão definir de fato o sistema funcionando. 
Sua função primordial é a proteção, defesa. 
Há um conjunto de desafios que fazem com que esse sistema funcione. Desafios internos e externos. 
Desafios Internos: neoplasias, doenças auto-imunes, etc; 
Desafios Externos: conjuntos de agentes/organismos com capacidade infecciosa → ou seja, que podem penetrar em outro organismo hospedeiro e, ali, desencadear modificações que permitirão que esse organismo invasor prolifere, progrida e sobreviva, causando prejuízo ao organismo hospedeiro. 
	
Evolução: é a quantidade de ferramentas que o sistema possui para saber lidar com os desafios (vírus, bactérias, protozoários, fungos, substâncias inócuas, substâncias do próprio sistema). 
Substâncias inócuas: grãos de pólen, substâncias do camarão, etc.
É importante para a homeostasia do organismo. 
Interações imunoneuroendócrinas: fazem o organismo ser capaz de perceber o que acontece dentro e fora de si.
Barreiras: mecânicas (ex: epiderme), químicas (lisozima) e microbiológicas. 
Formação das células do sistema imune:
Célula Tronco Hematopoiética (pluripotente), uma célula indiferenciada inicial precursora presente na linhagem hematopoiética que, diante de sinais, pode originar dois outros grupos de células: 
I) O Precursor Mielóide Comum origina outros dois (2) principais grupos de precursores: 
 1. Progenitor Granulocítico Monocítico (ou Macrofágico) que dará origem:
 a. Aos Monócitos (ou linhagem macrofágica);
 b. À linhagem granulocítica: Neutrófilos, Basófilos e Eosinófilos.
 c. À um grupo de células que em nível tecidual, principalmente em regiões subepteliais, passa a dar
 origem aos Mastócitos. É um grupo importante que possui seu processo de diferenciação um pouco 
 diferente dos outros dois acima. 
 2. Progenitor Megacariocítico Eritrocítico.
II) O Precursor Linfóide Comum dará origem às células linfóides, havendo praticamente três grupos: 
os Linfócitos B, os Linfócitos T e as células NK. As células NK não são linfócitos. 
Há determinadas características nestes grupos celulares que vao definir como, quando e em que quantidade elas vão chegar ao sítio de desafio. Em termos de tecido, principalmente em relação aos linfócitos T e B, há uma organização inicial em órgãos linfóides (secundários, para se tornarem células efetoras, agindo no tecido-alvo).
Principais funções das células do sistema imune:
--Neutrófilo: tem como função principal a fagocitose, essencialmente porque tem alto poder microbicida ao englobar um alvo (presença de grânulos específicos e produção radicais oxidativos). Existe muito pouco nos tecidos; porém compreende na circulação a maior parte das células do sistema imune (70% dos leucócitos), entrando muito facilmente nas primeiras horas de uma dada infecção. 
--Eosinófilo: são células com alto poder de controle de infecções por helmintos e, por esse mesmo motivo, é a célula mais perigosa que clínicos, patologistas, etc. vão querer controlar/trabalhar nas respostas contra alérgenos. 
--Basófilo: tem uma característica muito parecida com a do mastócito. Apresenta-se em muito pouca quantidade e somente na circulação. 
--Mastócitos: estão presentes praticamente no organismo inteiro, mas se organizam principalmente em regiões subepteliais. Tem duas importâncias fundamentais: apresenta granulos pré-formados de histamina (um dos mais importantes componentes vasoativos, de modificação de permeabilidade vascular e epitelial existente); interage diretamente com um subtipo de Ig específica.
--Macrófago: é uma célula fagocítica que, diferentemente do neutrófilo, está presente no organismo como um todo (ex: células da microglia, células mesangiais, células de kupfer, e outros monócitos que se diferenciaram em macrófagos específicos (ou não) em partes diferentes do corpo); é capaz de digerir bactérias (tem capacidade microbicida muito mais alta que o neutrófilo, pois há um conjunto de moléculas e substâncias por ele produzidas que os neutrófilos sequer produzem). Então pela produção de determinadas substâncias, pela alta capacidade fagocítica, e pela sua localização, esta célula passa a ter uma função fundamental para o sistema imunológico. Os macrófagos junto com as células dendríticas por suas características semelhantes, entram na categoria chamada de células apresentadoras de antígeno. 
--Células dendríticas: mesma localização dos macrófagos, também presente em todo organismo. Capazes de emitir dendritos que caminham por entre junções oclusivas da camada epitelial, tendo funções intra-epiteliais. Assim, são capazes de capturar e englobar quaisquer desafios (substâncias e células). Capturam p.ex. a bactéria, saem da derme (via vaso sanguíneo) e seguem para o linfonodo (órgão linfóide secundário), onde estão os linfócitos que entrarão em contato com o antígeno. 
--Linfócitos são as mais importantes, sendo as responsáveis por todo mecanismo de especifidade e memória do sistema imune, havendo necessidade que sejam apresentados aos antígenos por uma outra célula. Somente após o processo de ativação, o linfócito chega ao local da infecção (em torno de no mín. uma semana). Assim, haverá uma resposta imune inata e adaptativa. Resposta adaptativa consiste na necessidade de que o organismo se adapte àquela situação, ativando o braço linfóide do sistema imunológico para que de fato haja uma resposta de mais alta eficiência e potência. 
Há pelo menos três grupos de linfócitos: B e T, sendo que o T se subdivide em dois grupos: TCD4 e TCD8.
Há um receptor de membrana na célula T chamada de TCR (receptor antigênico da célula T) que possui a capacidade bioquímica de associação com antígenos. Antígeno é a menor porção (grupos de aminoácidos) do desafio percebida pelo receptor antigênico. O macrófago, p.ex., pega a bactéria, a digere, pega um pedaço e mostra para o linfócito. 
 O mesmo conceito vale para a célula B. A diferença é que o linfócito B não precisa de célula apresentadora de antígeno (ele próprio é capaz se tornar uma APC), podendo enxergar um antígeno livre ou uma parte da bactéria na bactéria como um todo. Essa célula possui o receptor antigênico BCR, que são as moléculas de imunoglobulinas (anticorpos de membrana). Quando o linfócito B é ativado, ele se torna um plasmócito e produz imunoglobulinas secretáveis.
--Células NK: é um derivado linfóide, não é um linfócito e não entra em imunidade adaptativa.
Importância da circulação linfocitária:
É para que haja um potencial de encontro com o antígeno. 
Nessa circulação, o linfócito T terá dois pontos fundamentais de encontro com o antígeno:
1) No órgão linfóide secundário, pois é só ali o local onde o antígeno será apresentado ao linfócito T pela 1ª vez, quando a célula dendrítica ativamente vai até este local ou então o macrófago (via circulação linfática). 
2) No sítio de infecção, pois o antígeno real não esta ali no órgão linfóidesecundário. O LT precisa continuar circulando para chegar ao local de combate.

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