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Apostila Farmacologia 1 Prof Drielly

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Farmacologia aplicada à Enfermagem 
Prof.ª Ms. Dda. Drielly Valle 
 
enfdriellyvalle@gmail.com 
PARTE 1 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM 
 
Figura 1. IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente 
MATERIAL EXCLUSIVO 
O COMPARTILHAMENTO OU REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL PODE ACARRETAR EM IMPLICAÇÕES LEGAIS E JURÍDICAS 
 
 
 
PROF.ª DRIELLY LIMA VALLE FOLHA SALVADOR 
ENFERMEIRA (UNESPAR) 
MESTRE E DOUTORANDA (UEM) 
GERONTOLOGIA (UEPG) 
ACUPUNTURA E MEDICINA CHINESA (IBRATE) 
 
Farmacologia aplicada à Enfermagem 
Prof.ª Ms. Dda. Drielly Valle 
 
enfdriellyvalle@gmail.com 
 
 
Ciência farmacêutica que estuda as drogas e seus efeitos sobre o organismo. 
Ciência recente, mas estreitamente relacionada com uma muito antiga, a de prescrever remédios 
para alívio das doenças. (AURELIO, 2019). 
Trata das maneiras pelas quais os medicamentos modificam os tecidos e as funções dos órgãos. 
 
 
 
Requisitos do profissional para a administração de medicamentos: 
 
 Conhecimento técnico; 
 Habilidade; 
 Dedicação; 
 Estudo; 
 Atenção; 
 Concentração; 
 Constante processo de reciclagem. 
 
Objetivos de estudar Farmacologia 
 Compreender o mecanismo das substâncias químicas e como afetarão o organismo; 
 Obter sucesso terapêutico no tratamento e diagnóstico de doenças; 
 Identificar o fármaco adequado ao efeito desejado; 
 Estabelecer concentrações adequadas. 
 
Responsabilidade ética, legal e moral 
 A administração de medicamentos é uma das atividades do enfermeiro, do técnico e do 
auxiliar de enfermagem. 
 Constitui uma das maiores responsabilidades profissionais da equipe enfermagem. 
 Está prevista na Lei n. 7.498/86 e no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE), 
que expressam: 
ϕάρμακον
fármacon
“droga”
λόγος lógos
"palavra“
"discurso"
“ciência”
“Farmacologia” 
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“[...] a enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e qualidade 
de vida da pessoa, família e coletividade [...]”. 
 
 
 
 
Conceitos 
 
Formas farmacêuticas 
 
1. Líquidas: 
 Soluções; 
 Emulsões; 
 Suspensões. 
2. Semi-sólidas: 
 Cremes; 
 Pomadas; 
 Pastas; 
 Géis. 
3. Sólidas: 
 Capsulas; 
 Comprimidos; 
 Drágeas; 
 Grânulos; 
 Supositórios; 
 Pós. 
 
 
Medicamentos
Substâncias introduzidas no 
organismo com as seguintes 
finalidades:
Preventiva
Para evitar o aparecimento de 
uma doença ou diminuir sua 
gravidade.
Ex: quimioprofilaxia com 
antibiótico (isoniazida) quando 
o paciente tem a prova 
tuberculínica (PPD) positiva mas 
não tem tuberculose.
Diagnóstica
Auxiliar o profissional na 
decisão da causa de uma 
sintomatologia ou localizar a 
área exara que uma doença 
está afetando.
Ex: contraste antes de 
exames de ressonancia ou 
tomografia.
Terapêutica
Usado no tratamento de 
doenças.
Ex: levofloxacino (antibiótico 
[ATB]) para tratar infecção 
do trato urinário (ITU)
“Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de 
administração e potenciais riscos, respeitados os graus de formação do profissional.” 
(COFEN, 2017) RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 
 
 
Imperícia Imprudência Negligência 
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Tipos de medicamentos 
 
 
Remédio
Um remédio é 
qualquer substância 
ou recurso utilizado 
para obter cura ou 
alívio.
Ex: chás, ervas, 
alimentos, rezas, 
orações, terapias, 
banhos, massagens.
Droga
Substância que 
altera o as funções 
fisiológicas 
humanas.
Medicamento
Substância que 
altera o as funções 
fisiológicas 
humanas.
Ex: antibióticos, 
antiinflamatórios, 
analgésicos, 
xaropes, antigripais.
Medicamento sem 
prescrição
Substância que pode ser 
comprada e utilizadas 
livremente por 
consumidores finais sem a 
prescrição ou supervisão 
de um profissional da 
saúde, porém, seguindo 
orientações.
Ex: analgésicos, 
antigripais, estimuladores 
de apetite, vitaminas, soro 
fisiológico.
Medicamento 
prescrito
Aquele 
orientado e 
acompanhado 
por profissional 
de saúde, pode 
ou não ter a 
prescrição 
retida na 
farmácia.
Ex: antibióticos.
Medicamento 
controlado
Controlado por 
leis estaduais e 
federais pelo 
seu uso poder 
levar à 
dependência ou 
ao uso abusivo.
Ex: 
psicotrópicos 
como o 
clonazepam e o 
lorazepam.
Medicamento 
de referência
Produto 
inovador 
registrado no 
órgão federal 
(ANVISA) com 
eficácia e 
qualidade foram 
comprovadas 
cientificamente.
Medicamento 
similar
Aquele que contém 
o mesmo princípio 
ativo, mesma 
concentração, 
forma 
farmacêutica, via 
de administração e 
indicação que o 
medicamento de 
referência 
registrado na 
ANVISA. Pode 
variar somente em 
recipiente, rótulo, 
prazo de validade, e 
embalagem.
Medicamento 
genérico
Similar a um 
produto de 
referência ou 
inovador 
produzido 
geralmente 
após o 
vencimento da 
patente do 
original, passa 
pelos mesmos 
testes. Seguro e 
de qualidade.
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Ramos da Farmacologia 
 
 Farmacodinâmica (do grego dýnamis = força): 
o Estuda os mecanismos de ação dos fármacos, teorias e conceitos relativos ao 
receptor farmacológico, interações e mecanismos moleculares em relação ao 
acoplamento droga-receptor, bem como os efeitos no tecido alvo e os efeitos sobre 
o organismo. 
 
 Farmacocinética (do grego knetós = móvel): 
o Estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo, corresponde às fases 
da absorção, distribuição e eliminação (biotransformação e excreção) das drogas. 
Por meio da farmacocinética é possível regular a relação entre dose e efeito pela 
mudança da concentração nos tecidos. 
 
 Etapas da farmacocinética: 
 
 Absorção 
Processo pelo qual o medicamento atravessa as 
membranas plasmáticas das células até atingir a 
corrente sanguínea. A velocidade e a qualidade da 
absorção está diretamente ligada à capacidade das 
drogas de atravessar as membranas. Fatores que 
influenciam na absorção: 
 Propriedades da droga (solubilidade [se mais 
hidro ou lipossolúvel]; 
 Fluxo sanguíneo no local da absorção; 
 Área de absorção (contato com capilares 
sanguíneos); 
 Barreiras a serem enfrentadas pelas moléculas; 
 Grau de ionização 
 
Tipos de absorção: 
 
 Difusão passiva de hidrossolúveis: 
o Sem gasto de energia; 
o Do meio mais concentrado para o menos 
concentrado (a favor do gradiente de 
concentração); 
o Não é a principal forma de absorção. 
 Difusão passiva de lipossolúveis: 
o Sem gasto de energia; 
o Do meio mais concentrado para o 
menos concentrado (a favor do 
gradiente de concentração); 
o Principal forma de absorção. 
Figura 2. Copyright Sheffield Hallam University 
Farmacologia aplicada à Enfermagem 
Prof.ª Ms. Dda. Drielly Valle 
 
enfdriellyvalle@gmail.com 
 
Figura 3. Copyright Sheffield Hallam University 
 
Figura 4. Curso de Farmacologia - Prof Sérgio Araújo 
 
 Transporte ativo: 
o Ocorre em membranas neuronais, células 
tubulares renais e hepatócitos. 
o As principais características são: seletividade, 
gasto de energia, saturabilidade e movimento 
contra o gradiente eletroquímico. 
o O transporte ativo depende de energia e é 
contra o gradiente de concentração.
 
Figura 5. Curso de Farmacologia - Prof Sérgio Araújo 
 Transporte facilitado: 
o Quando existe um “carreador” 
para transportar o fármaco. 
o Não há gasto energético e o 
movimento ocorre a favor do 
gradiente eletroquímico. 
 
 
Figura 6. Curso de Farmacologia - Prof Sérgio Araújo 
 Pinocitose: 
o Invaginação de parte da membrana celular e produzindo 
uma vesícula contendo componentes extracelulares. 
o Podem ser transferidos para o interior da célula ou 
desprezados no outro lado dela. 
o Tem o objetivo de ligar-se a tecidos específicos e prolongara liberação do fármaco. 
 
 
 
Figura 7. Pinocitose – Wikipédia 
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 Distribuição 
 
Processo de distribuição das drogas pelos tecidos após estas atingirem a corrente sanguínea 
e o plasma. 
 
Fatores que influenciam na distribuição: 
 Capacidade da droga de atravessar a membrana plasmática; 
 Capacidade de aderência com o receptor; 
 pH do meio; 
 Hidro/lipossolubilidade; 
 Vascularização dos tecidos; 
 Proteínas plasmáticas. 
 
 Tecidos com maior irrigação de sangue tendem a receber maiores concentrações de 
fármacos. 
 Quanto maior a lipossolubilidade, maior a distribuição. Porém, quando excessiva pode 
prejudicar a distribuição, podendo a droga ficar acumulada em tecido adiposo. 
 O grau de ionização (processo pelo qual as moléculas ganham ou perdem elétrons) 
influencia na distribuição. Se a droga está muito ionizada ela pode se confinar em locais 
como o plasma ou o líquido intersticial (líquido claro e transparente do interior das células). 
 Presença de barreiras (placentária, hematoencefálica, hemotesticular) entre o sangue e os 
tecidos. 
 
Proteínas plasmáticas 
 
A capacidade das drogas de se agregar às proteínas plasmáticas influencia nas características 
farmacocinéticas: 
 
Administração Absorção Distribuição Tecido-alvo
Alta ligação Baixa eliminação
Maior duração de 
efeito
Baixa ligação Alta eliminação
Menos duração de 
efeito
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Principais proteínas de ligação: ALBUMINA (se liga a 
medicações ácidas) e Glicoproteína (se liga a medicações 
básicas). 
 
Fatores que influenciam na ligação fármaco-proteína: 
 
 Concentração de proteínas séricas; 
 Afinidade pelos locais de ligação nas proteínas; 
 Concentração do fármaco livre no plasma. 
 
 Biotransformação e excreção de 
fármacos 
 
Processo de redução, oxidação e hidrólise dos fármacos para reduzir seu efeito e ser 
eliminado. Pode ocorrer de duas formas: 
 
 
Metabolismo dos fármacos 
 
Ocorre em duas fases, Fase 1 (oxidação, redução 
e hidrólise) resultando em produtos mais reativos e 
tóxicos e Fase 2 (reações de conjugações) formando 
metabólitos menos reativos e tóxicos, por meio de 
processos enzimáticos que ocorrem em sequência. A 
maioria ocorre no fígado, mas pode ocorrer também no 
próprio plasma, nos pulmões (ex: prostaglandinas) e 
intestino (ex: salbutamol). 
 
Eliminação dos fármacos 
 
Principais vias de eliminação de fármacos: 
 Rins (urina); 
 Pulmões (agentes gasosos e voláteis); 
 Bile (quando excretadas para o intestino para reabsorção – mecanismo êntero-hepático); 
Outras: 
Biotransformação
(alteração química)
Metabólitos
(produto da 
metabolização 
hepática)
Eliminação
(pelos poros, urina, 
suor, etc.)
Eliminação simples
(eliminação da forma 
intacta)
Excreção
(pelos poros, urina, 
suor, etc.)
Figura 8. Copyright Sheffield Hallam University 
Figura 9. Copyright Sheffield Hallam University 
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Prof.ª Ms. Dda. Drielly Valle 
 
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 Suor; 
 Leite (recém-nascido); 
 Saliva. 
 
Excreção renal 
Pode ocorrer em três fases: 
1) Filtração glomerular; 
O fármaco é filtrado ou secretado para a 
luz tubular. 
Pode ser eliminado na urina ou 
reabsorvido pelo epitélio tubular. 
Fatores que influenciam na quantidade e 
velocidade da filtração: 
 Fração que está ligada à proteína 
plasmática; 
 Taxa de filtração gromerular; e 
 Fluxo sanguíneo renal. 
2) Secreção tubular; 
 Transporte mediado por carreadores de alta velocidade, que pode ser saturável. 
 É o mecanismo mais eficaz para a eliminação de fármacos e ocorre nos túbulos. 
 A transferência para a luz tubular se dá por transporte ativo, o qual também retorna 
ao plasma substâncias que foram filtradas, como glicose e aminoácidos. 
3) Reabsorção tubular passiva. 
 Ocorre por difusão passiva nos túbulos proximal e distal. 
 Para acelerar sua excreção, pode-se alcalinizar a urina (+pH, basificar), já que isso 
favorece sua conversão em formas ionizadas. 
 Fatores fisiológicos e patológicos que alteram a função renal influenciam 
diretamente a excreção de fármacos. 
 
 
 
Referências 
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. 
Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas: v. 1.– Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 610p. 
2. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Aprova 
o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Brasília, DF 
3. Guareschi, APDF; Carvalho, LVB; Salati, MI. Medicamentos em Enfermagem - Farmacologia e 
Administração. Guanabara Koogan. 2017. 224p. 
4. Trevisani FF, de Freitas GF, Secoli SR. Medicação: aspectos ético-legais no âmbito da enfermagem. 
Revista Brasileira de Enfermagem. 2009;62(1):132-5. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-
71672009000100020 
 
FINAL PARTE 1 
Se há insuficiência renal, pode ocorrer toxicidade por conta do acúmulo dos fármacos no 
organismo, pela redução na sua excreção. Nessa situação, devem ser feitos ajustes posológicos. 
Figura 10. http://fisiologiarenalhumana.blogspot.com/2013/06/funcao-
glomerular_23.html

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