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GISELE NUNES A SAÚDE E HIGIENE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO Gisele Nunes Alves* RESUMO No presente artigo será apresentado a falta de humanização no sistema penitenciário, e que os direitos dos detentos têm sido violados, muitos indivíduos vivem em situações precárias, desumanas o que vai contra a dignidade da pessoa humana, a moral e os Direitos Humanos. Mas o que seria uma “prisão”? Será apresentada a obra de Michel Foucault Vigiar e Punir para responder a seguinte questão. Ademais as obras de Doença mental e psicológica, Curso de Execução Penal, Constituição da República Federativa Brasileira que apresentam a questão da saúde e suas diversas formas, a dignidade da pessoa humana, os direitos e deveres dos presos. Logo após apresentar a teoria, explanar como é a prática na atualidade, apresentando depoimentos, relatos fazendo com relação com as obras. Palavras-chaves: Direitos Humanos; Prisão; Violação dos Direitos dos detentos. INTRODUÇÃO No Brasil existe vários problemas desde a criação de uma criança, por muitas vezes serem criadas em situações inadequadas, acabam indo contra o cidadão do bem tomando atitudes futuramente que pode levar a prisão ou a morte. E quando esse individuo chega a ser condenado, ele sofrerá com alguns conflitos na prisão. No Brasil as penitenciárias violam os direitos dos detentos. Veremos grandes obras ao longo deste artigo. Em 1757 a forma de condenar um indivíduo era totalmente diferente, pois o método usado para punir indivíduos que cometia GISELE NUNES infrações era atrás da tortura realizadas em praça pública. Ao longo das décadas esse sistema passa a ser mais humanizado, perante a revolta das populações, os indivíduos passa a lutar pelos seus direitos. Após muitas revogações na lei, esses direitos passam a serem alcançados. Porém desde um determinado tempo, o governo não investe mais na melhoria do sistema penitenciário. A demanda passa a ser enorme, devido a criminalidade que cresce a cada dia. 1 A problemática consiste em alguns direitos fundamentais e adquiridos que acabam sendo violados, será adentrado nesses direitos na teoria, e como ocorre na realidade das penitenciárias brasileiras. Serão abordados três objetivos específicos: Primeiro, apresentar juntamente com as obras de Michel Foucault, Guilherme Souza e a Constituição da República Federativa Brasileira, outros problemas atuais, solucionados através dos direitos humanos. Segundo discutir sobre a condição de vida que esses indivíduos tem em determinados ambientes, a falta de humanização, de direitos, etc. Terceiro e último, retomar a obra de Guilherme Souza e da Constituição da República Federativa Brasileira, para mostrar as melhores forme de solucionar os devidos problemas apresentados. A ORIGEM DA PRISÃO E OS DIREITOS HUMANOS Inicialmente será explanado os principais pontos das obras citadas e suas relações com o tema. Como surgiu a prisão? O livro Vigiar e Punir de Foucault: nascimento da prisão, publicado originalmente em1975, só foi publicado no Brasil traduzido em 1987. A obra fala sobre o exame de mecanismo na era moderna, a maneira de vigiar e punir os indivíduos, o livro é dividido em quatro partes, sendo estas os suplícios, a punição, a disciplina e pôr fim a prisão. Foucault começa falando da primeira parte, ou seja, do poder de punir na era clássica, que é a técnica dos suplícios. O suplicio era a punição usada como meio de fazer a sociedade ficar temerosa ao Estado e assim tornar-se submissa. Os suplícios eram as torturas em praça pública, que variavam de acordo com o crime, todo o processo do crime na justiça era secreto, ou seja, os indivíduos não tinham conhecimento do “motivo” pela qual estava sendo culpado. Os interrogatórios eram utilizados para que o condenado confessasse o crime que havia cometido, mas o mesmo muitas vezes confessava o crime para ser morto logo, mesmo que não houvesse cometido. 1 Gisele Nunes Alves, Discente em Direito na Faculdade de Integração do Sertão (FIS). 3º período, noturno. Serra Talhada 2019. E-mail: gisellenunes000@gmail.com GISELE NUNES O livro descreve bem como era iniciadas as torturas: “Acendeu-se o enxofre, mas o fogo era tão fraco que a pele das costas da mão mal e mal sofreu. Depois, um executor, de mangas arregaçadas acima dos cotovelos, tomou umas tenazes de aço preparadas ad hoc, medindo cerca de um pé e meio de comprimento, atenazou-lhe primeiro a barriga da perna direita, depois a coxa, daí passando às duas partes da barriga do braço direito; em seguida os mamilos (p.8) Em suma, o individuo era capturado e levado para ser torturado em praça pública, era jogada água fervente nas feridas dos detentos, seus braços e pernas eram amarados em quatro cavalos, que puxava até decepar essas partes do troco. O troco era queimado em uma fogueira muitas vezes com o indivíduo ainda vivo. Isso causou revolta na população, e os suplícios foram desaparecendo. De forma direta as torturas finalizavam-se da seguinte forma: “Uma vez retiradas essas quatro partes, desceram os confessores para lhe falar, mas o carrasco informou-lhes que ele estava morto, embora, na verdade, eu visse que o homem se agitava, mexendo o maxilar inferior como se falasse. Um dos carrascos chegou mesmo a dizer pouco depois que, assim que eles levantaram o tronco para o lançar na fogueira, ele ainda estava vivo. Os quatro membros, uma vez soltos das cordas dos cavalos, foram lançados numa fogueira preparada no local sito em linha reta do patíbulo, depois o tronco e o resto foram cobertos de achas e gravetos de lenha, e se pôs fogo à palha ajuntada a essa lenha. ...Em cumprimento da sentença, tudo foi reduzido a cinzas. (p.10)” A segunda parte era a punição, que com o desaparecimento dos suplícios, o Estado que militarizar a sociedade, impondo disciplina nas crianças desde as escolas, podemos dizer como uma forma de alienação a sociedade para não questionar as atitudes tomada pelo Estado, evitando assim quais quer tipo de conscientização ou revoltas na sociedade. As leis continuam punindo só que mais na alma do que no corpo do indivíduo. Os crimes do século XVII eram mais sobre o patrimônio do que sobre a vida. Usar a punição como universalidade a todos os indivíduos. O crime só é cometido porque traz vantagens, a pena é a desvantagem, e a solidão a arma para ele refletir sobre seus atos. As leis devem ser públicas e facilmente compreendidas, a verdade do crime só poderá ser admitida uma vez que totalmente comprovada, e a penas devem ser individuais. A solidão repara o crime, já a dor não, a pena deve ser visível a toda a população. A prisão era cercada de abusos de poder, daí cria-se o trabalho, e a disciplina para a correção do condenado. O corpo torna-se o local de investimento, tornando o indivíduo útil e GISELE NUNES obediente, não como escravidão, mas como uma política de controle sobre o corpo, o controle de seus comportamentos. Vê-se a “necessidade” de criar uma vigilância ininterrupta para os detentos. Na terceira parte fala sobre a disciplina e o conceito de panoptismo, a disciplina fabrica indivíduos uteis ao estado e destrói qualquer ideia de revolta. Para que dê certo a arte da disciplina é preciso: separar por grupos os indivíduos (a fim de evitar brigas). De forma direta, o autor conceitua para que serve a disciplina: “A disciplina “fabrica” indivíduos; ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício. Não é um poder triunfante que, a partir de seu próprio excesso, pode-se fiar em seu superpoderio; é um poder modesto, desconfiado, que funciona a modo de uma economia calculada, mas permanente. (p.195)” Romper a comunicaçãoexcessiva, criar quadros para destruir os melhores dos piores. Todo o tempo é rigorosamente divido e o mesmo deve ser usado somente para o trabalho. O corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente. A obediência era pronta e cega. A disciplina precisa de uma observação constante e monitorada, a vigilância é dividida para não haver falhas. Cada falha, atraso representava um tipo de castigo, usado para não perde a disciplina. Porem as recompensas pelos trabalhos feitos devem ser maiores que a punição. Ademias, sobre o panoptismo Bentham é a reprodução do esquema de poder, o panopitismos funciona da seguinte maneira, uma construção em anel no centro, rodeada de uma construção circular dividida em celas, e na torre central fica uma vigia que cuida de todas as celas. Os vigilantes observam todos os indivíduos, cada comportamento, cada atitude, a aqueles que descumprissem as regras, eram punidos. Os indivíduos que estavam ali, sabiam que estavam sendo vigiados, por isso se esforçavam para cumprir todas as regras. Os indivíduos mantinham o autocontrole sobre os seus corpos, pois não sabiam quando havia ou não um vigilante. O panoptismo tratava de um modelo de disciplina diferente daquele que se baseia na instituição fechada, sendo assim o princípio geral de uma anatomia política. A quarta e última parte, a prisão. A prisão continua como uma aparelhagem geral para torna os indivíduos dóceis, por meio do isolamento e vigilância, a prisão marca um momento importante na história da justiça penal, e traz o que a sociedade tanto queria, que é uma maneira punitiva mais humanizada. Ao passar pelas passagens anteriores dada pelo livro, pode-se notar a evolução na maneira de punir os indivíduos. GISELE NUNES A obviedade da prisão, primeiramente se fundamenta na privatização da liberdade, pois a liberdade é um bem que pertence a todos os indivíduos, e a perda da liberdade é um castigo igualitário. Isso leva cada indivíduo a seguir a lei, pois caso contrário, se um indivíduo cometer algum ato que fosse contra a lei, ele teria a perda da sua liberdade, e isso até nos tempos atuais faz com o que o indivíduo pense duas vezes antes de cometer certo ato. Mas a prisão se fundamenta também de transforma o indivíduo, um fundamento duplo, ou seja, por um lado jurídico-econômico e por outro técnico-disciplinar. Segundo alguns críticos, pode se dizer que a prisão não diminuía a criminalidade, acabando provocando a reincidência dos presos, tornando mais fácil a organização de grupos de delinquente, ou seja, a prisão fabrica indiretamente os delinquentes. Após o esclarecimento de qual a origem da prisão, vimos que os detentos sofrem desde o princípio como o pagamento de um determinado ato, considerado inadequado perante a lei. Na obra de doença mental e psicológica, Michael Foucault fala sobre a medicina mental e a medicina orgânica, trazendo suas origens, e as suas evoluções, o mesmo constituiu uma nosógrafa onde são analisadas as formas da doença. Tendo assim, as doenças agudas e as crônicas. Pode-se citar então: “a histeria (a sua origem é psicológica, sendo perturbações como a anorexia, paralisia dentre outros.); a psicastênica (na medicina orgânica é o esgotamento, como perturbações gastrointestinais, cefaleias. E uma astenia mental é o desespero em face do obstáculo; inserção difícil no real); as obsessões (é quando o individuou está na dúvida sobre algo, indeciso ou inquieto. É as defesas que o doente cria contra sua angústia.); mania e depressão (são duas síndromes opostas. A primeira compreende a agitação motora, um humor eufórico, uma exaltação psíquica caracterizada pela rapidez das associações e a fuga das ideias. A depressão é como uma inércia motora tendo com o fundo humor triste, é onde o indivíduo se isola, e aos poucos perde o prazer pela vida, existem vários graus de depressão, e várias causas.); a paranoia (é um delírio sistematizado, não é como uma alucinação. Pôde-se citar como exemplo o ciúme ou orgulho.); a psicose alucinatória crônica (é um delírio sem coerência.); a hebefrenia (é uma psicose da adolescência, que causa impulso, tagarelice, trocadilhos dentre outros.)’’. “A personalidade torna-se, assim, o elemento no qual se desenvolve a doença, e o critério que permite julgá-la; é ao mesmo tempo a realidade e a medida da doença. P10. Ora, a psicologia nunca pôde oferecer a psiquiatria o que a fisiologia deu a medicina: o instrumento de análise que, delimitando o distúrbio, permitisse encarar a relação funcional deste dano ao conjunto da personalidade.” P12. GISELE NUNES Até o século XVII o ocidente não compreendia a loucura como doença mental, e sim como pessoas que vivem de forma diferentes dos demais, fazendo loucuras, coisas inapropriadas. E só ao passar do tempo a loucura foi considerada como doença. Sendo assim, tendo a loucura compreendida como doença, seria necessário identificar qual das doenças mentais o detento teria. Pois um indivíduo que comete algum crime tem um certo distúrbio, e se identifica-se qual é seria melhor para tratá-lo, porém eles não têm esses tratamentos, na realidade eles não tem nem assistência médica. E em casos extremos quando um detento é considerado louco ele é interditado (internado). Quando falamos que o indivíduo tem direito a saúde, não se refere apenas a saúde física, mas sim a saúde física (“que engloba a condição geral do corpo em relação a doenças e ao vigor físico”), mental (“é um termo usado para descrever um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausência de uma doença mental”) e social (“é relacionada com a capacidade de o indivíduo interagir com outros e conseguir prosperar em ambientes sociais”). O livro de Curso de Execução Penal trata inicialmente sobre o Hospital de custodia e tratamento psiquiátrico. Que é o lugar adequado para receber e tratar os indivíduos sujeitos ao cumprimento de medida de segurança de internação. Onde a segurança é maior para evitar a fuga dos detentos, há os equipamentos necessários para segurar e prender o preso durante o seu tratamento. Não se admite o recolhimento de enfermo mental em estabelecimento prisional, pois um indivíduo assim não tem condições para ficar com os demais presos, mesmo que haja falta de vagas em hospitais apropriados. “O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados” (art. 100, LEP). O psiquiátrico é o exame realizado para controle da doença do indivíduo, visando alternativas para a cura. E só é recomendando de acordo com o diagnóstico médico. Mas infelizmente não é em todas as cidades que existe essa assistência de tratamento, para aqueles que precisão serem internados ou que possua uma doença psiquiátrica. Normalmente em caso de doença com os detentos, eles são encaminhados ao hospital geral da região. Na Constituição da República Federativa Brasileira, o direito a saúde não é apenas a ausência de doenças, mas o bem-estar social, mental e físico. Usufruir da saúde é um dos direitos fundamentais a todo ser humano. Mas para pessoas que estão restritas a liberdade em algum sistema penitenciário, acaba sendo meio difícil ela usufruir desse direito, pois embora GISELE NUNES exista vários tratados que definem esses direitos. Muitas vezes eles acabam sendo violados por falta de assistência medica no sistema penitenciário, como citado a cima sobre os hospitais apropriados, que nem isso temos em todas as cidades. O artigo 196 da CF diz que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Porém existe inúmeros preconceito por parte das autoridades para os detentos adquirirem esse direito. Instituia Lei de Execução Penal, Art. 12 que diz: “A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.” Na assistência material, os detentos tem direito a alimentação e vestuário, mas a higiene não. A maioria dos sistemas penitenciários são superlotados, os presos tem que reveza para dormi, com apenas um banheiro para centenas de pessoas, não há higiene na cela, nos banheiros e até para tomar banho os presos encontram dificuldades. A FALTA DE HUMANIZAÇÃO E DIREITOS NA PENITENCIÁRIA A condição de vida que muitos detentos tem é desumana, para comprovar isso pode-se citar alguns ocorridos que aconteceram no departamento de polícia de Vila Velha no Espirito Santo em uma reportagem em 2012, onde os presídios são dominados por criminosos. Atrás das celas, existem algumas leis, criadas pelos próprios presos, onde eles estabelecem regras para serem seguidas pelos demais detentos. Indivíduos que cometeram grandes crimes, estão no mesmo lugar daqueles que cometeram pequenos delitos. Os presos relatam na entrevista que são humilhados e que maltratados, o que gera revolta e saem piores do que entraram. Uma cela para menos de 36 pessoas, abriga aproximadamente 300. São seis banheiros, mas apenas um funciona. Então onde está o direito a higiene básica nos presidiarias? Todos precisam se organizarem para revezar as horas de dormi. Os policiais não tem controle sobre os detentos, e a maior dificuldade é para abrir as celas, pela quantidade de indivíduos que há nela, os policiais precisam atirar para abrir a cela, pois só assim os presos se afastam e eles conseguem abri a cela. No meio de toda turbulência e revolta, acontece diversos conflitos ou GISELE NUNES até mesmo casos fatais entre os detentos, mas as autoridades não conseguem tomar conta da situação. Então devido a superlotação não há a devida higiene nem dos detentos, nem da cadeia. Devido a violência dentro das celas, alguns detentos acabam sendo gravemente agredidos, precisando ficar separado dos demais. Então, ele passa a ficar com presos que não estão na cela por causa de espaço, assim eles ficam em uma sala. Em todos os locais existem presos, nos corredores, sala, banheiros. São muitas a doenças que existem em locais sem higiene, alguns deles ainda medicados, operados, dormem pelo chão e locais sujos correndo risco de pegar uma infecção. Esses indivíduos não tem direito a saúde, pois deveria ter médicos, farmacêuticos, dentistas para fazer avaliações na saúde do detento, conforme diz no presente artigo: Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. ( Institui a Lei de Execução Penal.) Mas nada disso acontece, apenas nos casos de extrema emergência onde um dos detentos sofre um grande atentado e precisa de um medico para evitar que ele chegue a óbito. Atendido no local, ou se necessário encaminhado a uma unidade de saúde. As mulheres também tem o mesmo direito, principalmente a assistência medica em caso de ser gestante, como diz no artigo 14 : § 3 “o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré- natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido”. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) Portanto, a mulher deve ser acompanhada por médicos, e após o parto a mãe fica com a criança durante o período da amamentação (seis meses), pois o leite materno protege a criança de diversas doenças. Após esse período a criança é retirada desse ambiente. SOLUÇÃO DOS DEVIDOS PROBLEMAS. Visando as melhores soluções a serem tomadas, para que lei seja cumprida e os detentos tenham os seus direitos efetivados, iniciaríamos pela conscientização do estado em investir mais verbas para melhorar o sistema penitenciário Brasileiro. E com isso viria o amplia mento dos presídios, e a construção de novos. Pois evitando a superlotação, consequentemente haveria mais higiene no presidio, um local com capacidade para abrigar a quantidade certa de pessoas, GISELE NUNES havendo higiene, alimento, em quantidades proporcionais. Não haveria mais tanta violência e conflitos e assim, uns não machucariam os outros, evitando assistência medica desnecessária. Com isso, consequentemente melhoraria a saúde dos detentos. Parte dessa verba poderia ser destinada a médicos, psicólogos, dentistas e remédios, pois havendo a saúde por completa (bem-estar, física, mental) poderia haver a reintegração dos detentos para com a sociedade. Pois pela forma precária e desumana que eles atualmente vivem em presídios, ao cumprir a sua pena, eles saem indignados, revoltados pela forma desumana de como eram tratados, e consequentemente saem piores do que quando eram. Querendo refletir a sua raiva contra os cidadãos do bem, e as autoridades. A Pastoral Carcerária2 (é uma ação pastoral da Igreja Católica Romana no Brasil, vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que levam o evangelho aos detentos), essa ação visita as penitenciárias do país, colhendo depoimentos de indivíduos prsos no sistema carcerário, mostrando o que os detentos sofrem dentro do cárcere. Os nomes dos detentos, e dos estados onde eles estão, foram omitidos, para evitar a identificação dos indivíduos e possíveis represálias. Dentro os depoimentos, podemos citar o seguinte: “Não tem assistência médica aqui. Me cortei e fiquei dois meses com a ferida aberta, sem dar ponto, sem remédio. O atendimento médico aqui é uma vez por semana, e duas presas são atendidas. Quando eu fui atendida, disseram que não tinha mais o que fazer, tive que esperar a ferida cicatrizar sozinha. O único remédio que nos dão são para dormir e para a ansiedade, todo dia recebemos um copo de plástico com Amytril, Neozine e Rivotril.” – (Presa do sistema carcerário) Pode-se observar nesse relado, que com as medidas sugeridas para resolução desses conflitos, a assistência medica teria mias matérias para executar a sua função que é cuidar dos cidadãos. Assim não seria dado apenas calmantes, mas haveria assistência para suturar o corte do detento, tratando da maneira mais adequado possível. Não haveria mais esse tipo de relato, pois o problema seria solucionado com o investimento do estado melhoraria a saúde dos detentos. Como dito a cima, as gestantes deveria ter uma certa prioridade devido ao gestação, em suma a criança não deveria nascer em uma cadeia, pois a mesma já nasceria com os seus direitos 2 Pesquisa por Pastoral Carcerária Postado em 5 de junho de 2018. Em Combate e Prevenção à Tortura. https://carceraria.org.br/combate-e-prevencao-a-tortura/vozes-marcadas-pelo-carcere-depoimentos-de-presos- sobre-o-sistema-carcerario GISELE NUNES violados, e sem direito a liberdade, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois a criança ao nascer já adquiri personalidade jurídica, tendo assim desde já todos os seus direitos e deveres. De acordo com lei, essas crianças deveriam ficar em lugares apropriados, higienizado, com seu berço e todos os matérias de higiene e essenciais, mas isso não ocorre na pratica. A gestante também tem os seus direitos violados, pois durante a gravidez a assistência medica é precária. Podendo assim comprovar que deveria haver mais investimento na área da saúde nas penitenciárias, pois os médicos não atendendo as necessidades das gestantes. As crianças ao nascer dormem na mesma cama que a mãe, em situações consequentemente precárias. Pode-se citar, o depoimento de uma gestante: “Aqui não é um lugar onde deveria ficar gestantes. Médicos e enfermeiros daqui não tem conhecimento com gestante. Quando temos algumaemergência médica, temos que ser escoltadas pela PM, e a PM alega que não tem ninguém para fazer a escolta. Minha prisão domiciliar foi negada. Fiquei oito meses esperando minha audiência, e no dia não pude ir porque não teve escolta. Na maioria das vezes que somos escoltadas, vamos algemadas”. (Presa do sistema carcerário) Nota-se que essa mulher teve seus direitos violados, a falta de assistência medica competente, não tem escolta e quando tem as mesmas precisam ir algemadas, algumas em pleno seus nove meses de gestação. A falta de respeito é nítida. Mas infelizmente tudo isso passa por despercebido, pois o estado não quer perde tempo e dinheiro com a melhoria da sociedade. O presente artigo explana de forma direta o que deveria ser feito, e o que realmente é feito. Alguns cidadãos do bem também não valorizam essa melhoria para os detentos, pois eles estão ali por consequência dos seus atos. Porém, onde se inicia esse problema? Desde a sua criação, nota-se que o perfil dos detentos são3 67% negros, 32% brancos e 1% amarelo. Em relação aos estudos 7% tem ensino superior completo, 11% superior incompleto, 12% médio completo, 53% fundamental incompleto, 9% sem cursos regulares e 6% analfabetos. A prevalência da HIV entre presos é 60 vezes maior do que na população, contendo assim a população carcerária 1.216 pessoas infectadas a cada 100 mil pessoas. A prevalência de 3 Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias de 2014. Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/01/18/Qual-o-perfil-da- popula%C3%A7%C3%A3o-carcer%C3%A1ria-brasileira © 2019 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida. GISELE NUNES tuberculose entre os presos é 38 vezes maior do que na população, contendo 941 pessoas infectadas a cada 100 mil pessoas. Com disso pode-se afirma que a maioria são negros e que não possui nem o ensino fundamental completo, sendo assim indivíduos de classe média baixa. Que supostamente não teve uma família bem estruturada para lhe auxiliar ao longo da vida, precisando desde pequeno se sustentar ou “arrumar um meio” de conseguir as próprias coisas. Por esse motivo prefere o caminho mais fácil que é roubando ou cometendo homicídios para conseguir dinheiro. Até mesmo pelo fato do mercado de trabalho está a cada dia mais seletivo. Em outra hipótese, são crianças que convive com essas situações inadequadas, os pais usam drogas, roubam dentre outros, essas crianças crescem achando que isso é norma. Futuramente comento os mesmos atos que os seus pais. Por esses e muitos outros motivos há esse grande número de indivíduos presos. São inúmeras as possibilidades de um indivíduo cometer alguma infração, por isso há a superlotação, pois o Governo não da conta da alta demanda. Para solucionar todos esses problemas várias atitudes deveriam serem tomadas, inicialmente melhorando as questões já mencionada, e segundamente investindo na origem do problema, que seria o investimento na educação, no concelho do telar para tirar esses menores de situações irregulares, no aumento do policiamento para evitar que mais crimes sejam cometidos, dentre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por fim, a problemática consiste em defender a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos, uma vez que o mesmo acaba sendo violado no sistema penitenciário, é dado ênfase na saúde e higiene do indivíduo. A sociedade ao longo das décadas vem lutando para alcançar cada vez mais os seus direitos. Sendo assim, o presente artigo mostrou desde a origem da prisão, a evolução ao passar das décadas, até atualmente. Como dito, o cidadão luta constantemente pelos seus direitos. Em relação ao sistema penitenciário, muitos direitos foram alcançados. A lei de execução penal diz respeitos aos direitos e deveres dos detentos, mas onde estão esses direitos? Apenas nas teorias. Foram apresentadas grandes obras como base para a construção do artigo. Adentrando em exemplos, relatos e depoimentos de qual é a reais situações desses detentos. Se tornando necessário conscientizar as autoridades, e os cidadãos do bem. Pois os de classe média alta nunca sofre com essas consequências, por este motivo, se torna mais um GISELE NUNES assunto irrelevante. Mas devemos lembrar que perante a lei somos todos iguais, todos temos os mesmos direitos, mas muitas vezes o mesmo não é adquirido. Atualmente a grande maioria dos detentos são negros e pobres. Como dito acima, o problema em si começa desde a origem do indivíduo. Porém de qualquer forma, os mesmos não devem serem tratados de forma desumana e diferentes dos demais. Pois o mesmo até o momento do seu óbito, o mesmo adquiriu a personalidade jurídica e com isso todos os seus direitos. “A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos.” Hannah Arendt REFERÊNCIAS ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2014. FOUCAULT, Michel. Doença mental e psicologia. Tradução de Lilian Rose Shalders. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro LTDA, 1975. SOUZA, Guilherme. Curso de Execução Penal, editora Forense, uma editora integrante do GEN. 1. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018.