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Taquiarritmias DEFINIÇÃO: FC > 150 bpm. As taquicardias acontecem com FC > 100 bpm. Um pa- ciente com uma FC entre 100-150 bpm temos que bus- car a causa, por exemplo, hipovolemia, anemia, sepse, febre, infecções de maneira geral podem fazer taquicar- dia, porém até 150bpm. Mas uma taquicardia com FC > 150 bpm sustentada, sem causa aparente, entendemos que o problema é primário do coração. FC normal: 60 – 100 bpm Existem dois tipos principais: 1. Taquicardias supraventriculares (TSV) – acima do feixe de His. 2. Taquicardias ventriculares (TV) – abaixo do feixe de His (infra-hissiano). FC máx = 220 – idade Frequencia máxima determinada para cada idade. EPIDEMIOLOGIA TSV → mais frequentes em crianças TV → doença cardíaca estrutural – pessoas que tem al- teração estrutural no coração. Exemplo: Miocardiopatia isquêmica. Fibrilação Atrial (FA) → Taquicardia sustentada mais co- mum. Taquicardia por reentrada nodal (TRN) → Mulheres na 3ª/4ª década. Taquicardia por reentrada atrioventricular (TAV) → Ho- mens adolescentes. FISIOPATOLOGIA Quando aumenta muito a FC ocorre enchimento inade- quado dos ventrículos, enviando menos sangue para o coração, então diminui o débito cardíaco ocasionando instabilidade hemodinâmica. Identificamos essa instabilidade hemodinâmica por si- nais e sintomas de má perfusão tecidual, o paciente vai ter diminuição do nível de consciência (desmaio, sin- cope), dispneia, dor torácica (principalmente em paci- entes com comorbidades e idosos) e hipotensão. Paciente com sinais e sintomas de instabilidade hemo- dinâmica é um paciente instável = cardioversão. Então o sangue chega nos átrios, o átrio contrai; o san- gue vem para os ventrículos e então o ventrículo con- trai. Tem que existir essa sincronia: átrio contrai, depois o ventrículo contrai. Isso se dá pela ação elétrica do co- ração. Entendendo o Sistema Elétrico do Coração: Sistema de condução cardíaco → Nó sinusal ou sinoa- trial (considerado o marcapasso do coração) gera o es- tímulo que é passado para o nó atrioventricular (ele se- gura o estimulo até que os átrios terminem de contrair e depois passa para as vias de condução e fazer os ven- trículos contrair); esse estímulo é passado para os feixes de His (vias de condução) que se dividem em ramos di- reito e esquerdo que passam o estimulo ao final para as fibras de purkinje. (átrio contrai de cima para baixo e o ventrículo contrai de baixo para cima). Esse sistema elétrico do coração forma as ondas que ve- mos no ECG. Onde está o problema? TSV o problema é no átrio, e na TV o problema é no ventrículo. QUADRO CLÍNICO - Palpitações / “Batedeira” - Dor torácica (angina) - Dispneia - Tontura / Síncope TAQUICARDIAS SUPRAVENTRICULARES (TSV) - Ritmo é originado acima da junção atrioventricular - QRS geralmente estreito - Tipos: 1. Taquicardia sinusal Onda P positiva em D1 e AVF 2. Taquicardia Atrial Unifocal Onda P negativa em D3, D2 e AVF – estímulo está vindo de baixo para cima 2.1 Taquicardia Atrial Multifocal (TAM) Vários estímulos que vem de vários pontos diferentes, a onda P muda de morfologia. Tem ritmo irregular. 3. Flutter atrial É uma taquicardia que acontece por reentrada no átrio direito. No ECG vemos um serrilhado. FC = 150 bpm Tratamento: Cardioversão 50 J 4. Fibrilação atrial Ritmo irregular com ausência de onda P. 5. Taquicardia por reentrada nodal (TRN) QRS regular e estreito Ausência de onda P 6. Taquicardia por reentrada atrioventricular (TAV) ECG com uma pré-excitação: PR curto, início do com- plexo QRS lento Pré-excitação + Taquicardia = Síndrome Wolff Parkinson White TAQUICARDIAS VENTRICULARES (TV) - Ritmo originado nos ventrículos = QRS largo (>120ms) - Tipos: 1. TV monomórfica: Quando o QRS é regular 2. TV polimórfica: Quando o QRS é irregular 3. TV polimórfica – Torsades de Pointes (torção das pontas): Mudança do eixo do QRS 4. Fibrilação Ventricular (FV): Ritmo totalmente irregular – Ritmo de PCR TRATAMENTO A) Avaliação Hemodinâmica INSTÁVEL x ESTÁVEL ➔ Critérios de Instabilidade – 5D’s Dispneia Dor torácica (dor anginosa) Desmaio Diminuição de PA (PAS 90 x PAD 60 mmHg) Diminuição do nível de consciência - Se o paciente tem um desses critérios, ele é conside- rado instável e o tratamento é choque – CARDIOVER- SÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA (CVES). CARDIOVERSÃO: Choque dado no momento da despo- larização (onda R ou complexo QRS). - Para taquicardia estável é necessário diferenciar QRS ESTREITO X QRS LARGO QRS ESTREITO Regular: Geralmente é supraventricular (TSV). Conduta: a) Manobra vagal modificada: o paci- ente vai soprar uma seringa tentando empurrar o em- bolo por 15seg, após deitar o paciente e levantar os pés. (40% reverte a TSV). b) Adenosina (droga que bloqueia o nodo AV): fazer em bolos 1ªdose de 6mg e logo depois injetar o SF 0,9%. Se não reverter fazer dose dobrada: 12mg, se não reverter pode fazer uma 3ª dose de 12mg. c) Beta bloqueador, usar metoprolol 5mg IV 10/10min lento, pode fazer até 15mg. ***Caso você fez tudo isso e não reverteu pode usar amiodarona, porém é importante seguir essas 3 opções primeiro porque é padrão. ***paciente com Flutter tem que fazer cardioversão imediatamente com carga de 50 J. Irregular: Geralmente é FA. Conduta: controle de frequência QRS LARGO Geralmente é TV Regular: TV monomórfica (forma do QRS são iguais) Conduta: Amiodarona (antiarrítmico) 150mg + SG 5% 100mL IV fazer lento 10-20min (fazer essa dose de ataque de depois dose de manu- tenção); se não reverter: CVES Irregular: TV polimórfica (forma do QRS são diferentes) Conduta: Desfibrilação (carga máxima) ATENÇÃO: Situações que desfibrilamos o paciente: TV polimórfica e PCR apenas! O resto é cardioversão! TORSADES DE POINTES É uma TV polimórfica, nessa situação se o paciente esti- ver instável tem que desfibrilar; se o paciente estiver estável usar sulfato de magnésio. Conduta: Usar Sulfato de Magnésio 10% 2 ampolas (2mg) + SF 0,9% 100mL IV em 15min; se não reverter em 15-30min fazer mais 2g. RECONHECENDO TAQUIARRITMIA 1ª PASSO: QRS estreito ou largo 2º PASSO: Distância entre os QRS é regular ou irregular 3º PASSO: QRS iguais ou diferentes (formato/morfolo- gia do complexo) QRS estreito → Problema no átrio QRS largo → Problema no ventrículo (+ grave) QRS ESTREITO E REGULAR - Taquicardia supraventricular - Flutter atrial QRS ESTREITO E IRREGULAR - Fibrilação atrial QRS LARGO E REGULAR - Taquicardia ventricular monomórfica QRS LARGO E IRREGULAR - Taquicardia ventricular polimórfica Diferença: Taquicardia ventricular polimórfica – paciente com pulso Fibrilação ventricular – paciente sem pulso Tratamento é igual para ambos casos QUAL O PROBLEMA DA ARRITMIA? ↑ FC – Enchimento inadequado do coração ↓ Débito Cardíaco = Instabilidade Hemodinâmica Sintomas: FC > 150 bpm - Hipotensão (PAS < 90 mmHg) - ↓ nível de consciência - Dor torácica de tipo anginoso - Má perfusão - Sintoma de IC aguda – congestão, dispneia, sibilân- cias. → Pacientes com esses sintomas quer dizer que o paciente está muito ruim, então não precisa descobrir se o problema é no átrio ou ventrí- culo – agir imediatamente: CHOQUE. ATENÇÃO: Pacientes com FC < 150 bpm com os sinto- mas presentes, o problema não é o coração, pode ser o coração compensando algo (sepse ou estado de cho- que); tem que buscar outras causas. CHEGADA DO PACIENTE Palpitação + Taquicardia ➔ Paciente Instável = CARDIOVERSÃO SINCRONIZADA (50 J / 100 J / 200 J / 360 J) - Passos: 1. Ligar 2. Modo: Pás 3. Carga: 120-200 J 4. Ativar: SINC 5. Gel nas pás ***depois da cardioversão é importante fazer ECG, porque o paciente pode evoluir para um IAM. ***gestantes:pode sim fazer cardioversão. - Sedar o paciente: Midazolam 3-5mg (1mL) + Água destilada ou SF 0,9% - Fazer 10mL IV lento Morfina 2mg (1mL – 10mg) + 9ml Água destilada ou SF 0,9% - Fazer 2mL IV lento - OBS: Deixar as pás no peito do paciente e ficar de olho no monitor, porque uma das complicações é Fibrilação Ventricular, após a cardioversão o paciente pode fibri- lar, então se você vê um ritmo arrítmico você tem que desfibrilar de imediato (chocar o paciente), e fazer com- pressões torácicas, fazer pelo menos um ciclo de RCP, por mais que o paciente tenha voltado. ➔ Paciente Estável = EMERG + M.O.V (monitorização, oximetria e aceso venoso) + ECG 12 derivações - Conduta para QRS estreito regular: 1. Manobras vagais A) Compressão do seno carotídeo por 15 segundos (antes auscultar o pescoço). B) Assoprar o dorso da mão por 15 segundos ou asso- prar o embolo de uma seringa e segurar por 15 segun- dos e logo em seguida erguer as pernas do paciente – pode reverter. 2. Adenosina – 1 ampola = 6mg IV 1ª dose: 6mg 2ª dose: 12mg 3ª dose: 12mg - Fazer em bolus – avisar o paciente que pode dar uma sensação de morte (grande mal estar); logo depois cor- rer 20mL de soro fisiológico. 3. β-bloqueador – Segunda escolha – Metoprolol 5mg IV ou Propanolol 1mg IV - Conduta para QRS estreito irregular: FA = Usar β-bloqueador de primeira escolha ou um di- gitálico se o paciente tiver insuficiência cardíaca. - Conduta para QRS largo: 1. Amiodarona – 1 ampola = 150mg/3ml IV - Dose de 150mg diluído em SG 5% 100mL IV fazer lento em 10-20 minutos. Essa é a dose de ataque. - Após fazer dose de manutenção: 1mg/min nas primei- ras 6 horas e 0,5mg/min nas 18h seguintes. - Esquema para dose de manutenção: 6 frascos de amiodarona (total de 900mg/18ml) e diluir em SG 5% 432 mL, colocar em BIC: nas primeiras 6h fazer 30ml/h e depois nas 18h seguintes ajustar a bomba para fazer 15ml/h (microgotas: 6h 30 gotas/min e 18h 15 go- tas/min). ***paciente parado, no caso de PCR faz a Amiodarona em bolos, paciente acordado tem que fazer diluído. ***para pacientes que não podem usar amiodarona (alergia, gestantes): Lidocaína 1,5mg/kg dose de ataque IV lento; manutenção: 0,05mg/kg/min e correr em 24h (Lidocaína 25ml + SF 0,9% 225mL). 2. Adenosina – 1 ampola = 6mg IV - 3 dosis: 6mg/ 12mg/ 12mg - Usar somente no caso de não ter revertido o quadro com o uso de amiodarona. CHECKLIST – TAQUIARRITMIAS Taquiarritmia = FC > 150bpm ↓DC = Instabilidade hemodinâmica → Chegada do Paciente Instável = ↓PA, ↓SNC, dor no peito, dispneia Conduta: Cardioversão – usar midazolam 3-5mg + morfina 2mg para sedar o paciente. Estável = seguir os 3 passos 1º Passo: QRS Estreito (TSV) x Largo (TV) 2º Passo: QRS Regular x Irregular Regular: Manobra vagal Adenosina 6/12/12mg Beta-bloqueador Irregular: seguir protocolo de FA 3º Passo: QRS Iguais x Diferentes Iguais = TV mono: fazer amiodarona 150mg + SG 5% 100ml IV 10-20min Diferentes = TV poli: desfibrilar (carga máxima)