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CONTRATILIDADE UTERINA – Saúde Materno II INTRODUÇÃO · Entender a fisiologia da contração uterina durante a gravidez é de fundamental importância compreender o mecanismo do parto, bem como praticar assistência clínica adequada. · MÚSCULO UTERINO · Miométrio é composto por células musculares lisas; · A unidade geradora de contração uterina é formada por um complexo proteico (actina-miosina) disposto em fuso dentro do citoplasma; · Essas fibras estão dispostas em feixes e envoltas por uma matriz de tecido conjuntivo composta por colágeno tem a função: facilitar a transmissão das forças contráteis geradas pelos feixes musculares. · O desencadeamento da contração muscular baseia-se no deslizamento do filamento; · Ciclo contrátil acontece com cabeça globular da miosina firmemente ligada ao filamento da actina; · Esse estado é rapidamente terminado quando uma molécula de ATP se liga à cabeça da miosina. · Fase 0 – repouso · Fase 1 - O ATP se liga à cabeça da miosina promovendo a sua liberação da actina. · Fase 2 - O ATP é hidrolisado, determinando mudança conformacional da cabeça da miosina, que assume posição energizada. ADP e Pi permanecem ligados à cabeça da miosina. · Fase 3 - A cabeça da miosina se liga ao filamento de actina (ponte cruzada) e o P é dissociado. · Fase 4 - A dissociação do P aciona o power stroke - mudança conformacional na cabeça da miosina que ocasiona o movimento do filamento de actina, fazendo-o deslizar sobre o da miosina, encurtando a fibra muscular contração. O ADP é liberado no processo. Esse é o principal passo. DEFINIÇÕES · Tônus uterino: menor valor registrado entre as contrações uterinas observadas em trabalho de parto; · Intensidade: elevação da pressão intrauterina basal acima do nível definido como o tônus; · Frequência: número de ocorrências de contrações em 10 minutos; ** · Atividade uterina: produto da intensidade das contrações por sua frequência, sob a unidade de mmHg/10 minutos ou Unidades Montevidéu (UM); · Trabalho uterino: somatório de todas as contrações uterinas para uma dada função, como o trabalho de parto. COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS · Até 28 semanas Gabriela de Godoy Medicina · · Atividade uterina muito baixa; · Diminutas contrações em pequenas áreas uterinas; · Indolores; · Variam de 2 a 8 mmHg. · · Após 30 semanas · · Mais frequentes e perceptíveis; · Intensidade maior e em área maior no globo uterino; · Contrações de Braxton-Hicks; · 8 mmHg; · Frequência: três contrações por hora. PERÍODO PRÉ-PARTO – COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS · São vários fatores que fazem ter essa contratilidade uterina, hormônios. · Função de encurtar o corpo uterino e tracionar longitudinalmente o segmento e o colo uterino progressivamente se apaga e gradativamente se dilata; · Adaptação e insinuação da apresentação fetal na bacia; · Ao termo da gravidez: · Orifício externo cervical atinge 2 cm de dilatação com apagamento de 70% nas nulíparas; · 2,5 cm de dilatação e apagamento de 50% nas multíparas. Na multípara primeiro dilata e depois afina. · Contrações passam a ser percebidas à palpação abdominal intensidade > 10 mmHg; *** · Contrações são indolores até que a sua intensidade ultrapasse 15 mmHg. *** PARTO - COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS · Contrações atingem 30 mmHg, com frequência de 2 a 3 contrações em 10 minutos e duração média de 30 segundos período inicial da dilatação (2 a 3 cm); · Atinge 40 mmHg de intensidade com frequência de 4 a 5 contrações em 10 minutos no período final da dilatação; · Período expulsivo: contrações chegam a 5 em 10 minutos, com duração média de 50 segundos e intensidade de 50 mmHg. Nós pedimos para a paciente fechar a glote e fazer pressão na região perineal (puxos) e por isso a pressão aumenta no período expulsivo. SECUNDAMENTO - COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS · Após a expulsão do feto, as contrações uterinas se mantêm promover o desprendimento da placenta da sua área de inserção dequitação; · Contrações indolores; · Após duas ou três contrações a placenta vai para canal de parto; · Tempo corpóreo e dura entre 6 e 10 minutos. · Mais rápido. PUERPÉRIO - COMPORTAMENTO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS · Após 12 horas do parto: contrações uterinas na frequência de 1 a cada 10 minutos; · Contrações acontecem para inibir hemorragias; · Inibição da hemorragia pós-parto contrações uterinas selam os vasos sangrantes da zona de inserção placentária; · Expulsão dos coágulos e dos lóquios durante o puerpério; · Responsáveis pelo retorno uterino gradativo para pelve feminina. TRIPLO GRADIENTE DESCENDENTE · No útero da mulher, próximos de cada inserção tubária, existem marca-passos (à direita e à esquerda) que dão o start em contração, essa contração tem uma regra a ser seguida de onde começa e onde termina, isso é o triplo gradiente descendente. · Marca-passo direito seria soberano? · Estudos demonstraram que poderiam funcionar independente e/ou conjuntamente. · Estímulo elétrico que deflagraria a atividade muscular uterina velocidade de 2 cm/s e percorreria todo o útero em torno de 15 segundos; · Ondas contráteis uterinas têm início, são mais intensas e mais duradouras nas partes superiores do útero e vão decrescendo até as partes mais baixas “triplo gradiente descendente”; ** · Capacidade contrátil termina no orifício interno do colo; · O triplo gradiente descendente auxilia inquestionavelmente à medida que o colo dilata para que as contrações sejam de fato expulsivas e não constritivas. ** · O toque é bi digital, tocar o colo uterino e ver a dilatação. Um colo grosso, é o colo que nós tocamos na prática clínica, colo duro, enrijecido. Um colo fino, tem a consistência da pele que fica entre a palma da mão aberta, a borda do colo vai estar fina assim, nesse caso vai estar mais que 50% ou 70%. INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO – Saúde Materno II INTRODUÇÃO · Definição: Promover contrações uterinas com o objetivo de que o parto ocorra antes do trabalho de parto espontâneo. · INDICAÇÕES *** · Pós datismo: paciente 41 semanas e não entrou em trabalho de parto espontânea. · Amniorrexe prematura · Pré eclâmpsia, eclâmpsia e Síndrome HELLP · Óbito fetal · Diabetes Mellitus · RCIU · Gestação gemelar **** se o 1º for cefálico e o peso for > que o 2º gemelar indução parto normal. · Corioamnionite = parto normal · Oligoâmnio · Colestase intra-hepática da gravidez · Isoimunização fetal · · Contraindicações:** · Incisão uterina prévia de alto risco · Rotura uterina anterior · Miomectomia atingindo a cavidade uterina · Infecção genital ATIVA por Herpes · Placenta prévia · Prolapso de cordão umbilical · Feto com apresentação anômala · Câncer cervical invasivo · Comprometimento da vitalidade fetal · Ao se optar pela indução do parto, sempre lembrar: Quais as condições clínicas em que se encontra o colo uterino? ** · Índice de Bishop > 6 : colo favorável · Índice de Bishop < ou = 6 : escolher método para preparo do colo / indução · Índice de Bishop = tocar a paciente para avaliar · Primeiro devemos preparar o colo depois vem as contrações. MÉTODOS PARA PREAPRO DO COLO/INDUÇÃO PGE2 (prostaglandina E2) = dinoprostona – não usamos no brasil PGE1 = misoprostol · MISOPROSTOL **** · Usar para preparar o colo e induzir ao trabalho de parto. · Metil-análogo sintético da prostaglandina E1; · Atua provocando mudanças no colo uterino e, com frequência, contrações uterinas; · Administração = VO, sublingual, via vaginal, retal – a depender da situação clínica; · 1 CP de 25 mcg via vaginal de 6 em 6 horas; · Para indução do parto o medicamento é feito via vaginal · Efeitos colaterais = náuseas, vômitos, calafrios, hipertermia, hipercontratilidade uterina. · Tomar cuidado ao manejar esse medicamento pois a meia vida é longa, pode ter hipercontratilidade uterina. · Ocitocina **** · É a melhor indicação quando o colo está preparado. · Receptores específicos no miométrio; · Meia vida curta ( 5 minutos); · Mesmo com o colo não totalmente amadurecido < 6 eu posso utilizar ocitocinapara indução do trabalho de parto, muitas vezes utilizamos uma dose menor para correr menos riscos.** · Melhor opção para INDUÇÃO quando o colo já está amadurecido (índice de Bishop > 6);** · USO: endovenoso, 2 ou 5 UI em 500 ml de SF0,9% ou SRL – iniciar com 4 a 8 gotas/min (1 a 2 mUI/min), aumentando 4 gotas a cada 30 minutos. Dose máxima = 40 mUI/min; · Cuidados!! PODE PRODUZIR TAQUISSISTOLIA, HIPERTONIA, HIPERESTIMULAÇÃO UTERINA. · Só aumenta ocitocina se a paciente não tiver contração eficiente. · Método do Balão ou método Krause (Sonda Foley)*** · Liberação de prostaglandinas local; · Introduzir sonda com extremidade do balão no espaço entre decídua e membranas ovulares Injetar 20 a 30 ml de soro fisiológico ou água destilada para insuflar Fixar a outra extremidade na face interna da coxa da paciente; · Tempo de permanência: máximo 24 horas; · Pode ser associada com ocitocina; · Opção para pacientes com cesárea anterior ou que não podem fazer uso do misoprostol. · Colocar a sonda de Foley, vai para dentro do colo uterino e insuflo. A sonda será expulsa quando o colo estiver preparado e logo depois posso associar com ocitocina. · Laminárias*** · Algas desidratadas: dilatação do canal cervical por meio de expansão radial suave, sem lesões das fibras; · Associada à liberação de prostaglandinas local; · Tempo de uso: 12 a 24 horas. FASES CLÍNICAS DO PARTO – SAÚDE MATERNO II TRABALHO DE PARTO · Trabalho de parto é caracterizado pela presença de contrações uterinas sequenciais capazes de gerar mudanças plásticas do colo uterino e a descida da apresentação fetal; · Contrações efetivas e dilatação cervical de 3 a 4 cm. DIAGNÓSTICO DE TRABALHO DE PARTO · Avaliação da dinâmica uterina; · Exame de toque vaginal. · Somente o exame físico vai confirmar se a paciente está em trabalho de parto · Fases clínicas do parto são processos fisiológicos que culminarão com o parto propriamente dito: · Primeiro período ou fase de dilatação; · Segundo período ou fase de expulsão; · Terceiro período ou secundamento; · Quarto período, ou primeira hora pós-parto. PRIMEIRO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – FASE DE DILATAÇÃO · Período de esvaecimento e dilatação do colo uterino e formação do segmento inferior do útero e da “bolsa das águas”; · Contrações uterinas intensas, dolorosas e regulares; · Trabalho de parto efetivo: contrações com frequência regular (2 a 3 em 10 minutos), intensidade em média de 40 mmHg e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60 segundos). · Friedman, em 1954, descreveu uma abordagem científica que caracterizou um padrão sigmoide para o trabalho de parto; · Gráfico de dilatação cervical em relação ao tempo. · Divisão preparatória ou de aceleração dilatação mínima, mas com alterações plásticas do colo; · Divisão de aceleração máxima ou de dilatação período de dilatação rápida (3 a 9 cm); · Divisão pélvica ou de desaceleração precede a dilatação completa. · O padrão de dilatação cervical durante as divisões de aceleração (preparatória) e de dilatação apresenta duas fases: · Fase latente: divisão de preparação; · Fase ativa: dilatação fase de aceleração, fase de aceleração máxima e fase de desaceleração. · Fase latente · Contrações uterinas regulares, pouco dolorosas; · Período até a dilatação de 3 a 5 cm; · Dilatação de 0,35 cm por hora; · 20 horas nas nulíparas e 14 horas nas multíparas, aproximadamente. · Fase ativa · · Contrações dolorosas, com aumento gradual de frequência e intensidade, levando à rápida dilatação do colo; · Dilatação de 1,2 a 6,8 cm por hora; · Início entre 3 e 4 cm; · Nova classificação > 5cm! · Multíparas evoluem, em média, 1,5 cm por hora; · Nulíparas 1,2 cm por hora. SEGUNDO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – FASE DE EXPULSÃO · · Início: dilatação cervical total até o nascimento do feto; · Duração média de 50 minutos para nulíparas e 20 minutos para multíparas; · Se vitalidade fetal normal, o período expulsivo pode se prolongar por um tempo maior; · Período expulsivo prolongado: · Nulíparas = 3 horas sem analgesia; · Multíparas = 2 horas sem analgesia. TERCEIRO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – DEQUITAÇÃO · Também denominado de secundamento, delivramento ou decedura; · Período do nascimento do feto até a expulsão da placenta e membranas. · Tipos de mecanismo de dequitação, conforme o local do útero em que a placenta está inserida: · Baudelocque-Schultze (BS): · Mecanismo central de dequitação – placenta inserida posteriormente no fundo do útero; · Primeiro exteriorização pela face fetal da placenta eliminação do coágulo (hematoma retroplacentário); · 85% dos casos; · Baudelocque-Duncan: · Mecanismo periférico, menos comum de secundamento; · Placenta inserida na parede lateral do útero; · No momento do descolamento ocorre primeiro o sangramento e em seguida a exteriorização da placenta face materna. · No processo de dequitação ocorre perda de sangue de aproximadamente 300 a 500 mL; · Processo de dequitação dura em média de 5 a 10 minutos em 80% dos casos prolongado se acima de 30 minutos complicações hemorrágicas se tornam mais frequentes. QUARTO PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO – PRIMEIRA HORA PÓS-PARTO · Denominado de quarto período de Greenberg - primeira hora após a dequitação; · Ocorre a retração uterina com a formação de coágulos fisiológicos; · Período crítico risco de hemorragias significativas, tendo como principal causa a atonia uterina. · Mecanismos que atuarão na prevenção fisiológica do sangramento do leito uteroplacentário: · Miotamponamento; · Trombotamponamento; · Indiferença miouterina; · Contração uterina fixa. · Miotamponamento: · Contração do útero, pós-dequitação obliteração dos vasos miometriais pela contração muscular; · Descrito por Pinard e denominado de ligaduras vivas de Pinard. · Trombotamponamento: · Formação de trombos intravasculares que obliteram os grandes vasos uteroplacentários; · Coágulos que preenchem a cavidade uterina; · Segunda fase de proteção contra a hemorragia. · Indiferença miouterina: · Útero intercala períodos de contração e relaxamento miometrial; · Pode haver períodos de sangramento por enchimento de sangue intrauterino; · Indiferença miouterina: · Fatores que podem prolongar essa fase e comprometer a hemostasia: · Trabalho de parto prolongado ou excessivamente rápido; · Gestações múltiplas; · Fetos macrossômicos; · Polidrâmnio. · Contração uterina fixa: · Após 1 hora do parto, o útero adquire maior tônus, mantendo a hemostasia.
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