Serviço Social de Comunidades e Intervenção Territorial

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SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADES E INTERVENÇÃO 
TERRITORIAL 
SS VI – sessão 1 
Isabel Vieira 
2012 
SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADES E 
INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
• Na origem do Serviço Social de Comunidades encontram-se as organizações 
que no sec. XIX quiseram enfrentar os problemas derivados da pauperização 
(provocada pelo desenvolvimento económico e pela revolução industrial). 
Com um método científico experimentaram e desenvolveram metodologias 
para melhorar a vida das pessoas atendendo às suas necessidades e 
desenvolvendo as suas capacidades. 
• As Organizações para o Socorro Caritativo e a Repressão da Mendicidade 
(COS), em Londres, são organizações caritativas e filantrópicas que se vêm 
ultrapassadas pelos problemas dos necessitados. Desenvolvem as 
metodologias de estudo dos problemas sociais e ao mesmo tempo de 
intervenção na satisfação das necessidades dos grupos e populações 
carenciadas e ou diminuídas. 
• Trata-se de um duplo processo teórico e prático em que à análise das 
estruturas e processos sociais, se une o desenvolvimento de metodologias 
para intervir na sociedade e gerar dinâmicas positivas de integração social 
(optando por uma estratégia conflitual, ou por uma estratégia conciliadora). 
 (Peláez,2008:23) 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 O Serviço social de comunidades 
 “Tem como principal finalidade enfrentar os desafios da inclusão social 
os quais necessitam de uma resposta colectiva de cidadania”. 
 (Garcia e Peláez, 2008:15) 
 
 “É uma disciplina do Serviço Social que parte dos valores da cidadania 
democrática, baseia-se numa metodologia científica e aborda problemas 
que exigem uma resposta colectiva; aplica um processo de diagnóstico, 
planificação, organização, desenvolvimento e avaliação que conduz a um 
percurso de desenvolvimento (empoderamento) pessoal e comunitário” 
((Garcia e Peláez, 2008:17) 
 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 
 Elementos da intervenção social comunitária : 
 
 1. Objecto: Enfrenta um conjunto complexo de problemas colectivos cuja 
complexidade e origem estrutural exigem uma abordagem baseada no 
método, na planificação sistemática e na avaliação dos resultados obtidos. 
 
 2. Princípios: Defende um conjunto de valores da cidadania democrática, 
baseados na igualdade, dignidade e liberdade de todas as pessoas. 
Pretende materializar os valores democráticos e transformá-los em 
direitos e oportunidades presentes no quotidiano da vida das pessoas e 
das instituições. 
 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
• Elementos da intervenção social comunitária: 
 3. Método: Aplicação do método do trabalho social comunitário. Um 
processo científico de rigor técnico, que propõe a realização do diagnóstico 
profissional, promove o autodiagnóstico da comunidade e a efectuação da 
avaliação contínua e final. Exige a implicação e participação da comunidade 
através do diálogo, negociação e acção, para planificar e gerar processos de 
mudança. 
 
 4. Acção: Realiza-se numa dinâmica comunitária orientada para favorecer o 
empoderamento individual e colectivo. Torna-se um processo de 
desenvolvimento de habilidades, valores e competências para a acção 
colectiva e propõe uma diferente distribuição do conhecimento e do poder. 
 
 (Garcia e Peláez, 2008:15,16) 
 
MÉTODO 
ACÇÃO COLECTIVA 
Participação, 
planificação, 
negociação, 
diálogo 
OBJECTO 
problemas e 
oportunidades 
comuns 
SERVIÇO 
SOCIAL 
COMUNIDADES 
PRINCÍPIOS 
Cidadania 
Democrática 
DINÂMICA 
COMUNITÁRIA 
Valores, 
habilidades, 
competências 
RIGOR TÉCNICO 
Diagnóstico, 
planificação, 
avaliação 
Elementos para uma definição do Serviço Social de Comunidades 
(Tomaz Garcia e Antonio Pelaez, 2008:16) 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 A Dinâmica Comunitária 
 Refere-se às estratégias de conscientização mobilização e organização da 
população num dado território. 
 
 Acção colectiva – acção de um grupo de pessoas organizadas para atingir 
um fim negociado e determinado. “Conjunto de indivíduos que persegue 
um objectivo comum”. 
 Acção Comunitária – acção de um conjunto de pessoas que constitui uma 
comunidade de fins e meios, relativamente estável no tempo, com 
objectivos comuns que vinculam os membros entre si; estes desenvolvem 
entre si laços e vínculos de todo o tipo, estabelecendo padrões de 
comunicação e regras para debater e decidir colectivamente. Mais do que 
perseguir um objectivo, trata-se de criar laços e vínculos comunitários. 
 (Peláez, 2008:17,18) 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 OBJECTIVOS DO TRABALHO SOCIAL COMUNITÁRIO 
 
 “Capacitar e organizar as pessoas para a cooperação e interacção 
numa comunidade de interesses vinculados ao conceito de cidadania”. 
 
 Criar as relações e as estruturas necessárias para a participação 
colectiva e democrática. 
 
ENGLOBA: 
 Factores estruturais – que dizem respeito ao contexto 
 Factores pessoais – que envolvem as características de cada um dos 
actores 
 Dinâmicas relacionais – interacção/acção colectivas (indivíduos, grupos, 
comunidade, organizações e redes) 
 
 (IV, 2009) 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 OBJECTIVOS DO TRABALHO SOCIAL COMUNITÁRIO 
 A TER EM CONTA: 
 1. A dimensão estrutural da vida social comunitária. A vida de cada um só é 
possível dentro de uma estrutura que nos dá oportunidades e limites, onde 
construímos o nosso espaço vital em interacção com outros. 
 2. A Mudança Social que se produz neste meio é uma mudança que exige a 
participação dos actores sociais; o contexto só muda mediante uma transformação 
das próprias pessoas e das estruturas. 
 2.1 – O actor de mudança é a comunidade unida por vínculos e objectivos 
comuns; 
 2.2 – A criação de mecanismos de participação cívica e política; partidos, 
grupos de pressão, grupos de interesse, sindicatos e outros movimentos sociais… 
 2.3 – A nossa própria identidade como seres relacionais, forma-se na 
interacção com outros. A identidade e a diferença são projectos de linguagem e 
comunicação inter-relacional onde nos realizamos como pessoas e como cidadãos. 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 O Trabalho comunitário tem um duplo objectivo: 
 
 1. Capacitar as pessoas para a interacção em comunidade, 
desenvolvendo, na interacção com outros, as habilidades necessárias para 
se realizarem como cidadãos (empoderamento interno e individual). 
 
 2. Organizar a comunidade para abordar problemas comuns, defender 
interesses e alcançar metas e objectivos colectivos. Propõe-se a alterar 
dimensões estruturais da vida social (empoderamento externo e 
comunitário). 
 A Dinâmica Comunitária pretende recriar identidades individuais e 
sociais e reforçar a capacidade de exercer a cidadania: 
 empowerment pessoal 
 Envolve empowerment comunitário 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 Redes sociais e capital social 
 Redes sociais são “Sistemas particulares de laços que unem os actores” 
 ( Jurgen Nowak,2001) 
 
 As interacções entre os cidadãos têm impacto sobre a vida económica, 
social, política e cultura, através das redes sociais 
 
 Capital social – “as redes sociais criam valor e geram valor”; os contactos 
sociais ditam as normas de reciprocidade a eles associadas e determinam a 
produtividade dos indivíduos. 
 
 As redes sociais - estabelecem o ambiente relacional e estrutural que 
determina a trajectória individual e também da própria comunidade. 
 Referem o tipo de vínculos que se estabelecem dentro das comunidades e as 
dinâmicas do seu desenvolvimento (integração ou desintegração social) , 
(Peláez,2008:41) 
 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 Redes sociais e capital social 
 
 1.Análise das consequências das interacções sociais na integração e 
desintegração social 
 
• Os laçossociais densos favorecem a comunicação a coesão e a acção colectiva 
na comunidade. A perda de laços conduz à indiferença e á exclusão social. 
• O desenho da intervenção comunitária tem de trabalhar sobre os modelos 
de interacção social, baseados na definição de objectivos comuns, na 
confiança, na transparência dos processos e na auto-avaliação. 
• As competências do Interventor Social (AS): 
– gerar diálogos e criar relação 
– gerir conflitos e comportamentos desviantes, 
– distribuir responsabilidades na execução das actividades e gerar consensos. 
– analisar as dinâmicas que favorecem/impedem o acesso à condição real de cidadão 
– avaliar continuamente as acções e os resultados. 
 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 Redes sociais e capital social 
• Componentes do capital social 
 
 Atenção - diversas orientações cognitivas relacionadas com a 
vida social e política; 
 Confiança – traduz a ausência de medo e de suspeição na 
relação; é possível extrair vantagens intrínsecas e instrumentais 
na cooperação com outras pessoas; 
 Participação nas actividades associativas – o nível efectivo de 
compromissos quotidiano dos cidadãos com grupos formais ou 
informais (clubes, cooperativas, ONGS, partidos, etc.) 
 (Claus Offe, 2003, in Peláez,2008:42) 
 
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INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 Redes sociais e capital social 
 2.Análise da interacção social a partir da análise das redes 
• Cada rede social compõem-se de um número finito de actores e das 
relações que se estabelecem entre eles 
• Os nós da rede são unidos por compromissos e relações que se 
estabelecem em cada lugar social 
• As comunidades organizam-se como quadros relacionais que geram 
padrões de comportamento e compromisso entre os actores, negociados 
face a objectivos internos e externos 
• Cada pessoa pode estar imersa em diversas redes 
• A emergência da «sociedade em rede» com as novas tecnologias de 
informação e comunicação (NTIC) que permitem uma teia de relações. 
 
 A sociedade é a rede das redes 
 
(Peláez,2008:43,44) 
SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADES E 
INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 A Teoria das Organizações 
 Cada organização necessita de obter os recursos necessários para alcançar os 
seus objectivos. 
 
 Trata-se de analisar as relações entre as organizações o seu meio social, 
descrevendo o processo pelo qual podem alcançar os seus objectivos, obter os 
ditos recursos e assegurar a sua adaptação e sobrevivência no meio social. 
 Focaliza-se na obtenção dos recursos necessários e deixa de se centrar na 
analise dos problemas; passa a analisar as dinâmicas e as estratégias internas 
e externas, como os movimentos sociais e as formas de organização da 
comunidade. 
 Torna-se necessário analisar: o papel dos líderes locais na criação da 
comunidade, as dinâmicas de desenvolvimento, as dinâmicas de participação, 
a relação com as outras instituições e a forma como se vivem as situações de 
crise. 
 
SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADES E 
INTERVENÇÃO TERRITORIAL 
 Grande Objectivo do SS de Comunidades: 
 
 Criar relações e interacções na comunidade: 
 
• “Experimentar a dinâmica do encontro e a interacção colectiva dentro da 
comunidade; ao experimentar a dinâmica da negociação, de participação 
e distribuição do poder e avaliação de resultados experimentamos a nossa 
própria vida como um projecto pessoal e como projecto em interacção 
com outros e articulamos também a nossa própria identidade como 
cidadãos” (Peláez,2008:46) 
Fases da metodologia por ordem lógica 
 
1. Pedido ou problema social 
2. Análise da situação 
3. Avaliação preliminar e operativa 
4. Elaboração do projecto social e contrato 
5. Pôr em prática as estratégias de intervenção 
6. Avaliação dos resultados 
7. Finalização 
1
. 
2
. 
3
. 
4
. 
5
. 
O processo de intervenção por ordem 
cronológica 
Cristina de Robertis, 1992 Metodologia de la Intervencion en Trabajo Social, Madrid, El Ateneo 
INDIVIDUO INDIVIDUAL 
Dimensão 
colectiva 
Dimensão 
individual 
Dimensão 
colectiva 
Colectivo 
actua 
sobre 
sobre 
actua 
Colectivo 
por 
influencia 
do 
por 
influencia 
do 
Cristina de Robertis, 1992 Metodologia de la Intervencion en Trabajo Social, Madrid, El Ateneo 
 
FORÇAS ACTUANTES ENTRE O INDIVIDUAL E O COLECTIVO 
BIBLIOGRAFIA 
• GARCIA, Tomaz Fernandes, e Peláez, Antonio 
López, 2008, Trabajo Social Comunitário: 
afrontando juntos los desafíos del sigloXXI, 
Madrid, Alianza Editorial 
 
• Robertis, Cristina de 1992, Metodologia de la 
Intervencion en Trabajo Social, Madrid, El 
Ateneo