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Estado e Cidadania: Organização e Direitos

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Autora: Profa. Angélica Carlini
Colaboradoras: Profa. Josefa Alexandrina da Silva
 Profa. Tânia Sandroni
Estado e Cidadania
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Professora conteudista: Angélica Carlini
Graduada em Direito pela PUC de São Paulo, em 1982, exerce advocacia na área do Direito Civil, 
que trata das relações entre particulares. Mestre em História Contemporânea também pela PUC 
de São Paulo, com pesquisa de dissertação realizada na área de movimentos sociais urbanos nas 
décadas de 1970 e 1980, com ênfase especial para os movimentos feministas da periferia da cidade 
de São Paulo. Mestre em Direito Civil, com pesquisa na área de Direito do Seguro concluída em 2002.
Doutora em Educação pela PUC de São Paulo em 2006, com estudos na área de aprendizagem 
baseada em problemas; em 2012, concluiu o doutorado em Direito Político e Econômico pela 
Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área de estudos sobre judicialização da saúde pública, e, 
finalmente, em 2016, concluiu o pós‑doutoramento pela PUC do Rio Grande do Sul, com pesquisa 
na área de aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana.
Professora de graduação e pós‑graduação na Universidade Paulista (UNIP) e em outras instituições. 
Atua na Comissão de Qualificação e Avaliação da Universidade Paulista.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C282e Carlini, Angélica.
Estado e Cidadania. / Angélica Carlini. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2‑022/17, ISSN 1517‑9230.
1. Estado e cidadania. 2. Organização dos poderes. 3. Constituição 
brasileira. I.Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Fabrícia Carpinelli
 Lucas Ricardi
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Sumário
Estado e Cidadania
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 ESTADO E GOVERNO .........................................................................................................................................9
1.1 Estado – origem do debate e formulação de conceito ......................................................... 12
1.2 Formas de governo .............................................................................................................................. 26
1.3 Sistemas de governo ........................................................................................................................... 43
2 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO .................................. 52
3 ELEIÇÕES E PARTIDOS POLÍTICOS ............................................................................................................. 60
4 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 ................................................................................................. 69
Unidade II
5 DIREITOS CIVIS NO BRASIL .......................................................................................................................... 97
6 DIREITOS POLÍTICOS NO BRASIL .............................................................................................................103
7 DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL ..................................................................................................................110
8 DIREITOS HUMANOS ....................................................................................................................................119
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APRESENTAÇÃO
No livro‑texto de Estado e Cidadania estudaremos a organização política do Estado brasileiro e 
os direitos de cidadania no Brasil.
Inicialmente, vamos estudar o Estado e o governo, os sistemas de governo, a organização dos 
poderes da República, a forma como se organizam os partidos políticos e como ocorrem as eleições, 
tudo isso, tendo como base a Constituição Brasileira. O objetivo é que o futuro professor de Sociologia 
conheça muito bem o funcionamento do Estado brasileiro e, a partir desse conhecimento, possa 
apresentar e debater os problemas nacionais com profundidade, apresentar e discutir propostas com os 
alunos e participar de maneira crítica da vida política nacional.
Na sequência, vamos estudar os direitos de cidadania no Brasil, ou seja, direitos civis, 
políticos, sociais e humanos, com uma perspectiva crítica que permita aos alunos da licenciatura 
em Sociologia analisar os direitos, a extensão com que são tratados na lei fundamental brasileira, 
que é a Constituição Federal, mas, principalmente, de que forma esses direitos têm sido efetivados 
na sociedade brasileira, garantidos para a sociedade, e de que forma deveriam ser efetivados. Ou 
seja, a perspectiva é propiciar aos alunos a construção de um pensamento crítico, reflexivo, que os 
ajude na sala de aula em sua atuação como professores, bem como também fora dela, na vivência 
como cidadão.
INTRODUÇÃO
Estado é a forma de organização política em que vivemos. Ele é composto por órgãos vinculados aos 
poderes republicano, Legislativo, Executivo e Judiciário, e está presente de várias formas diferentes em 
nossa vida profissional, pessoal e social. Todos nós vivemos, ou devemos viver, em conformidade com 
a legislação que o Estado aprova e que determina grande parte de nossos passos. Por isso, entender 
como o Estado funciona, como ele se organiza e como emana as determinações que temos que seguir 
é fundamental.
Para tanto, vamos conhecer mais detalhadamente a Constituição Federal brasileira, lei mais 
importante do país, superior hierarquicamente a todas as demais leis existentes e que, a rigor, deveria 
ser conhecida de todos os brasileiros, e não apenas daqueles que têm a oportunidade de estudar. Ao 
conhecer a Constituição Federal, você terá oportunidade de refletir com maior profundidade sobre os 
grandes temas que estão em discussão no mundo contemporâneo e que mecanismos podemos utilizar 
para solucionar os graves problemas sociais que temos no País, como a violência social, a falta de 
justiça na distribuição da renda, a fragilidadedas estruturas de poder diante da corrupção, entre outras 
situações que são permanente motivo de debate em nosso cotidiano.
Também vamos nos dedicar aos estudos dos direitos de cidadania no Brasil, tanto no âmbito 
civil, político, social, e dos chamados direitos humanos, tão criticados por todos aqueles que não 
compreendem a amplitude desse tema tão importante. Conhecer os direitos é, sem dúvida, a melhor 
forma de exigir que sejam respeitados. Para um professor de Sociologia, o estudo sistematizado dos 
direitos civis, políticos, sociais e humanos é instrumento essencial para o diálogo com os alunos, para 
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posicioná‑los sobre seu papel na sociedade brasileira e, em especial, para ampliar a percepção de 
tudo aquilo que é fundamental para a garantia da dignidade de todos os brasileiros e estrangeiros 
residentes no País.
Os temas deste livro‑texto são importantes e vão permitir que você construa muitas relações com 
seu cotidiano. Notícias de jornal, de revistas, documentários da televisão, livros, filmes e muitas outras 
formas de comunicação contêm informações importantes que você poderá associar com seus estudos 
sobre Estado e Cidadania.
Fique atento ao seu cotidiano e repare o quanto seu aprendizado aqui será imediatamente útil 
para sua análise da vida política e social do País. Participe desta leitura ativamente e, com certeza, sua 
aprendizagem será mais dinâmica e eficaz.
Bom trabalho!
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ESTADO E CIDADANIA
Unidade I
Organização política do Estado brasileiro: primeiras ideias
Esta unidade está dividida em quatro subtemas: Estado e Governo, Organização dos Poderes: 
Executivo, Legislativo e Judiciário, Eleições e Partidos Políticos e A Constituição Brasileira de 1988.
Para darmos início às nossas reflexões, é importante que você tenha em mãos um exemplar da 
Constituição Federal ou, então, que tenha um equipamento eletrônico que permita acessar o portal 
<www.planalto.gov.br>, no qual você encontrará todas as leis brasileiras e, em especial, a Constituição 
Federal. Observe que na coluna da esquerda existe um local denominado acervo, no qual pode ser 
encontrado o texto da Constituição Federal. De todo modo, é recomendável que todo cidadão brasileiro 
tenha um exemplar físico da Constituição Brasileira, principalmente aqueles que vão ministrar aulas, 
porque a leitura do texto é essencial para a compreensão de muitos aspectos do nosso cotidiano.
1 ESTADO E GOVERNO
Os seres humanos sempre viveram em grupos. Todos os estudos que conhecemos sobre a história da 
humanidade dão conta de demonstrar que os homens sempre viveram em grupo por questão essencial 
de sobrevivência, porque juntos somos mais fortes física e intelectualmente para dar conta de solucionar 
os problemas.
O grande temor dos primeiros homens que surgiram na Terra eram os fenômenos naturais, tais como 
as chuvas, terremotos, raios e trovões, frio ou calor intenso, e as formas de garantir a alimentação e 
o abrigo para poderem enfrentar essas dificuldades naturais. Em grupos, os homens se protegeram, se 
defenderam e, por fim, se organizaram para produzir de forma eficiente tudo o que precisavam para 
garantir a sua sobrevivência.
Os estudos de antropologia se incumbem de trazer para o nosso conhecimento as múltiplas 
formas de organização social que os homens construíram em sua experiência no planeta Terra. Temos 
sociedades muito organizadas, outras nem tanto, predominância do poder matriarcal, outras com poder 
patriarcal, grupos nômades, outros fixados em um determinado território, grupos que se relacionam 
com facilidade com outros e alguns que não se relacionam bem, entre outras diversificadas formas de 
organização social.
Para nós, no âmbito dos estudos de Estado e governo, importa pesquisar e refletir sobre as diversas 
formas de organização política que os grupos criaram e como na atualidade solucionamos essa questão 
de organização.
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Unidade I
A ideia de Estado surge exatamente da necessidade de organizar os grupos sociais para que eles respeitem 
uma determinada ordem e, desse modo, vivam em paz e com oportunidades de garantir sua sobrevivência e 
seu bem‑estar. Subjacente a essa ideia de organização está, evidentemente, a ideia de poder.
Quem deve exercer o poder em um determinado grupo social? Seja uma tribo ou uma cidade‑Estado, 
não importa a forma como tenham se organizado, quem é que tem legitimidade para mandar e exigir 
obediência às suas ordens? Esse poder deve ser exercido por aqueles cuja força física prevalece? Ou por 
aqueles que tenham mais capacidade intelectual? Deve o poder ser exercido isoladamente por um único 
membro do grupo? Ou deve ser sempre exercido por alguns membros? O poder deve ser absoluto ou 
deve seguir regras votadas por todo o grupo? O poder deve ser permanente ou deve haver alternância 
entre os governantes? Como podemos perceber, antes de se organizar formas de governo, existem 
muitas questões a serem discutidas e decididas pelo grupo, sob pena de não conseguirem se organizar 
de forma efetiva e adequada.
Todas essas questões que estamos começando a discutir estão na base da ideia de Estado 
politicamente organizado e, até hoje, podemos afirmar que não foi possível encontrar uma forma 
de governo que atenda todas as necessidades dos homens, que satisfaça todos os anseios de uma 
vida em paz e com garantia de sobrevivência adequada. Ao contrário, quanto mais avançamos nas 
questões de produção e de consumo, quanto mais complexas ficaram as relações na sociedade 
contemporânea, mais difícil ficou encontrar uma forma de organização de Estado e de governo 
que agrade a todos os cidadãos.
Na atualidade, em muitos países do mundo, assistimos diariamente a um desfile de problemas 
que estão diretamente relacionados com a organização do Estado e do governo, problemas 
os mais variados e complexos, que nos evidenciam que embora tenhamos avançado bastante 
enquanto sociedades organizadas, ainda não conseguimos encontrar formas de garantia da paz e 
do bem‑estar para todos.
Na Europa, neste exato momento, assistimos a grupos de refugiados políticos que se lançam 
em perigosas travessias marítimas ou terrestres para poderem chegar a outros países e neles, talvez, 
encontrar uma forma melhor para viver. São milhares de pessoas que deixam a Síria, por exemplo, para 
fugir de uma guerra civil que teve início em 2010 e que ainda não terminou, gerando grande número de 
mortos e feridos e de pessoas que não se sentem seguras naquele país e desejam se refugiar em outro 
lugar até que a guerra termine. Parte dos europeus é favorável à chegada dos refugiados e defende que 
eles devem receber ajuda humanitária e que sejam realizados esforços para que eles se integrem à vida 
em outros países; porém, parte dos europeus é contrário a receber os refugiados, seja em decorrência 
de problemas econômicos que já enfrentam e que poderão ser potencializados em razão da chegada de 
mais pessoas, seja porque temem que entre os refugiados venham extremistas capazes de participar ou 
de organizar atos terroristas.
Os refugiados são uma categoria diferente de imigrantes. Eles abandonam seu país porque 
estão em risco, porque podem ser atingidos por guerras internas ou por atos terroristas ou, ainda, 
por estarem sendo perseguidos por governos que se opõem às suas tendências políticas ou até 
mesmo a sua identidade como acontece com os turcos e os curdos, por exemplo. Os refugiados 
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ESTADO E CIDADANIA
abandonam seus países porque estão em risco e buscam em outros países refúgio, ou seja, proteção 
e segurança para suas vidas.
O que fazer com os refugiados? Esse é um problema cuja solução é altamente complexa e ainda não 
foi encontrada de forma satisfatória. De todo modo, é um problema que afeta os Estados europeus e 
suas diferentes formas de governo.
Recentemente, acompanhamos a saída do Reino Unido, formado pela Inglaterra, Escócia, País 
de Gales e Irlanda do Norte, da União Europeia. Vários foram os motivos que levaram os britânicos 
a deixar esse bloco econômico, político e social que chamamos de União Europeia, mas com certeza 
uma das motivações mais evidenciadas nos debates foi a vontade de voltar a ser independente em 
sua organização política e econômica, ter poder para decidir sozinho e sem precisar conquistar a 
maioria de votos. Entre a população mais velha do Reino Unido, conforme foi possível verificar em 
reportagens jornalísticas, o voto pela saída do bloco europeu que ficou denominado como Brexit 
(abreviação das palavras Britain – Grã‑Bretanha e exit – saída) foi determinado principalmente 
pela vontade de voltar a ter independência em suas decisões, sem a necessidade de se alinhar aos 
demais países componentes do bloco.
Essa decisão do Reino Unido vai enfraquecer a União Europeia? Essa pergunta está sendo debatida 
em muitas instâncias políticas e econômicas em todo o mundo, porém uma coisa é certa, voltamos 
ao debate sobre Estado e formas de governo. Esse debate está presente nesse complexo problema e 
enfatiza a necessidade de nos aprofundarmos sobre esses temas.
Por fim, os problemas políticos e econômicos que estamos vivendo no Brasil na atualidade também 
nos reportam aos temas Estado e formas de governo. Já há algum tempo que o debate sobre corrupção, 
impeachment (perda do mandato por crime de responsabilidade), recursos financeiros para campanhas 
políticas, caixa dois (dinheiro não contabilizado para fins tributários) e lavagem de dinheiro tomaram 
conta do cenário político brasileiro, desvendaram práticas de corrupção e de desvio de dinheiro público 
lamentáveis e, principalmente, motivaram a população brasileira a manifestações de rua que poucas 
vezes haviam ocorrido com essa intensidade e quantidade.
Foram muitos momentos na história recente do País em que a população se organizou 
principalmente pelas redes sociais para ir às ruas das principais cidades do país e nelas manifestar 
seu intenso desagrado pelas práticas de políticos e de partidos, pela corrupção na Petrobras 
e, principalmente, pelo mau uso do dinheiro público em muitos setores da administração 
governamental. Essas manifestações amplamente divulgadas pela imprensa mostraram que o País 
vive um período democrático, em que a manifestação do pensamento é livre para todos e não 
pode ser coibida, salvo se praticada com irresponsabilidade.
Em todas essas situações, as questões de Estado e governo estão presentes e são um dos principais 
pontos do debate. Por essa razão, é essencial conhecer o que podemos entender por Estado e por formas 
de governo, de modo a se apropriar desse conhecimento e com ele ampliar nossa percepção do mundo, 
das diferentes situações políticas, históricas e sociais e, nessa condição, poder refletir e ensinar com 
maior competência.
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Unidade I
1.1 Estado – origem do debate e formulação de conceito
A ideia de Estado está entre as mais antigas no pensamento político mundial.
Como vimos anteriormente, a ideia de viver em grupo e de forma organizada é contemporânea 
dos primeiros seres humanos que habitaram o planeta Terra e sempre foi objeto de embates e tensões, 
porque a luta pelo poder é um traço marcante da existência dos diferentes grupos sociais.
Por estar a organização social diretamente relacionada com a trajetória histórica do Homem na 
Terra, podemos dividir essa história em vários períodos para facilitar o estudo. Assim, os historiadores 
adotaram denominações para diferentes períodos da história da humanidade, como, por exemplo, o 
período chamado de Pré‑História, dividido comumente pelos estudiosos em Idade da Pedra e Idade 
dos Metais, o primeiro entre 600.000 e 3500 a.C. e o segundo entre 3500 a 50 a.C. A Idade da Pedra 
pode ser dividida em fases denominadas Paleolítico, Mesolítico e Neolítico, e o segundo, entre Idade do 
Bronze e do Ferro. Em todos esses períodos podem ser encontradas evidências de que houve algum tipo 
de organização e de luta pelo poder. Os estudos apontam que cada um dos períodos teve seus líderes 
que exerciam a função de manutenção da organização social com objetivo de garantir a preservação e 
sobrevivência da espécie humana.
É razoável pensar que nos períodos mais antigos o poder fosse exercido pelos mais fortes, por 
aqueles em melhores condições físicas para impor pela força a liderança das atividades sociais. Mas as 
atribuições dos grupos sociais foram se tornando mais complexas com a incorporação da agricultura 
como tecnologia de subsistência e com a consequente necessidade de construir moradias nos lugares 
em que a produção agrícola fosse mais abundante.
Assim, os diferentes períodos de organização social foram se sucedendo. Dos grupos familiares que 
são apontados como os primórdios da Humanidade para as tribos, depois as nações e, finalmente, o 
Estado da forma semelhante àquela que conhecemos na atualidade.
Nosso maior interesse é no estudo do Estado moderno e do Estado contemporâneo, na medida em 
que nossa intenção é explorar esse conhecimento a partir da perspectiva da Sociologia e não da História, 
embora devamos reconhecer que esses conhecimentos se entrelaçam em muitos pontos e são ambos 
essenciais para a nossa compreensão.
Várias teorias foram construídas para explicar o surgimento do Estado moderno. Uma delas é a 
chamada Teoria do Contrato Social, que tem na obra de Jean‑Jacques Rousseau denominada Contrato 
Social um estudo clássico e até hoje bastante debatido entre os estudiosos.
Embora seja o mais conhecido dos contratualistas, ou seja, dos estudiosos que explicam a formação 
do Estado a partir de um contrato social, Rousseau não foi o primeiro estudioso a propor essa ideia. 
Antes dele dois outros pensadores justificaram a organização política social a partir da formação de um 
contrato entre as pessoas. O primeiro foi Thomas Hobbes, inglês, nascido em 1588 e falecido em 1679. 
Foi filósofo e cientista político. Viveu um período conturbado da Inglaterra.
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ESTADO E CIDADANIA
O século XVII foi marcado pela luta entre a Coroa e o Parlamento na Inglaterra. A Coroa estava 
nas mãos da dinastia dos Stuart e era defensora do absolutismo, ou seja, do poder absoluto para os 
monarcas; já o Parlamento era partidário do liberalismo, que se caracterizava, em rápidas palavras, como 
sistema sociopolítico e econômico que defendia a liberdade do indivíduo em todos os aspectos, em 
especial, na defesa da propriedade privada, do livre mercado, da mínima intervenção do Estado na vida 
dos cidadãos e da igualdade entre eles. Os pensadores liberais acreditavam que todo homem nasce livre 
para trabalhar onde, como e com o que quiser. E também para escolher o governo e a religião que quiser.
Em 1640 teve início uma guerra sangrenta entre Carlos I e o Parlamento, que só terminou em 1649. 
Essa guerra, conhecida como Revolução Puritana, terminou com a execução de Carlos I e a implantação 
da república na Inglaterra. Porém, isso não durou muito: a monarquia foi restaurada, e os Stuart 
retornaram ao poder. A Restauração foi um período conturbado, que fez surgir a divisãodo Parlamento 
inglês entre os Tories e os Whigs representando os conservadores e os liberais, respectivamente. No 
Reinado de James II, a crise política chegou ao auge, a ponto de os dois partidos se unirem para depor 
o rei. Guilherme de Orange, em 1668, retornou à Inglaterra à frente de um exército e tirou James II do 
trono, recebendo do Parlamento a coroa de rei.
Essa revolução foi denominada de Revolução Gloriosa e simbolizou o triunfo do liberalismo sobre 
o absolutismo. Um de seus marcos mais importantes foi a aprovação, em 1689, do Bill of Rights, uma 
declaração de direitos que instituiu na Inglaterra uma monarquia limitada, ou seja, o rei não poderia 
mais fazer o que bem entendesse porque teria que se submeter às leis.
Hobbes escreveu uma obra considerada fundamental para a compreensão do Estado como 
o concebemos na atualidade, o livro se chama Leviatã, que era um monstro bíblico cujo retrato foi 
colocado na capa da edição do livro, em 1642. O Leviatã representa o Estado como um homem artificial 
dotado de escamas que são seus súditos. Hobbes tinha tendência favorável ao absolutismo, e o Leviatã 
representa que a vontade dos súditos deve ser restrita e, por meio de um pacto social, esses mesmos 
súditos outorgam ao Estado o poder soberano.
O autor entendia que a condição natural da humanidade é uma condição de conflito, porque todos 
os homens querem ter direitos ilimitados, o que os conduz à insegurança e à guerra. É dele a frase 
famosa: “O homem é o lobo do homem”. Assim, é a autopreservação e não o ideal de organização 
que faz com que o Homem decida viver em sociedade e sob o comando de um Estado, ao qual caberá 
organizar direitos e deveres de tal forma que todos possam viver melhor, com conforto e segurança.
Para Hobbes, o Homem em estado de natureza é um ser que só busca seus próprios benefícios sem 
se importar com os demais; para obter os benefícios que acredita ter, o Homem é capaz de ferir e matar 
os outros Homens, porque não há limites para a sua ação. Assim, para ele, a condição natural do Homem 
é a condição de guerra, porque os Homens não se respeitam e não obedecem às regras comuns se não 
estiverem submetidos a um poder maior.
Por autopreservação, o Homem concorda em limitar seus direitos e em consequência viver em paz, 
porque se todos os Homens concordarem em firmar um pacto social, eles igualmente concordarão em 
cumprir as leis que os regerão, e caso venham a desobedecê‑las, serão punidos. Assim, o Estado para 
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Unidade I
Hobbes é o poder comum que garante a durabilidade e a estabilidade de todos os Homens e que para 
isso reduz os direitos e age de forma coercitiva para punir aqueles que descumprirem a lei.
Hobbes é absolutista, mas não aceita que o poder do rei seja divino; ao contrário, o poder é fruto 
de um contrato social pelo qual os Homens concordam em se submeter voluntariamente ao poder do 
Estado, como forma de viverem em paz, harmonia e progresso material.
Figura 1
O outro pensador foi John Locke, que nasceu em 1632, em Bristol, Inglaterra, e faleceu em 1704. 
Estudou em Westminster e Oxford, ambas escolas inglesas muito tradicionais onde estudaram os 
representantes da elite econômica e política. Cursou ciências naturais e formou‑se em Medicina; 
tornou‑se médico particular e conselheiro do lorde Shaftesbury, político liberal. Exerceu vários cargos 
políticos e viveu na França de 1674 a 1679. Depois foi obrigado a se exilar na Holanda, em 1683, em 
decorrência de perseguições políticas e só retornou à Inglaterra em 1689.
Locke estudou e escreveu sobre política, religião e economia. Suas principais obras são Carta sobre a 
Tolerância, Ensaio sobre o Entendimento Humano, e os Dois Tratados sobre o Governo Civil. O Segundo 
Tratado é uma justificativa da necessidade da Revolução Gloriosa, e ele utiliza a obra para fundamentar 
a legitimidade da deposição de Jaime II por Guilherme de Orange.
Importante destacar que as reflexões de John Locke ocorreram durante o período de conflitos a que 
esteve submetida à Inglaterra no século XVII.
Locke se opunha aos Stuart e consequentemente ao absolutismo e, por isso, teve de se refugiar na 
Holanda durante um período de tempo. Só retornou à Inglaterra com o triunfo da Revolução Gloriosa.
Para ele, o Homem sai do estado de natureza para a vida em sociedade ancorado em um contrato 
social, ou seja, em um acordo não escrito, mas que deve ser integralmente respeitado, em que todas as 
pessoas terão direitos e obrigações, sem privilégios de nascimento ou de qualquer outra natureza.
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A diferença no pensamento de Hobbes e de Locke é que para este o indivíduo existe antes do 
surgimento da sociedade e do Estado e vive em um estágio pré‑social e pré‑político, caracterizado pela 
mais perfeita liberdade e igualdade. O estado de natureza, para Locke, não era o espaço de conflitos e 
de medo de Hobbes; ao contrário, era uma situação de relativa paz, concórdia e harmonia.
Para Locke, a guerra era apenas uma possibilidade que poderia ocorrer no estado de natureza, ou 
seja, ele não acreditava na teoria de que os Homens poderiam se destruir se vivessem sem a organização 
do Estado. Havia essa possibilidade, Locke a reconhecia, por isso é que por opção, e não por medo, os 
Homens resolveram viver em sociedade para garantir a estabilidade no governo e a tranquilidade social. 
Para eliminar o estado potencial de guerra que vigorava no estado de natureza, os homens passaram 
a viver em sociedade, organizaram um poder central para governá‑los e escolheram juízes para dirimir 
seus eventuais conflitos.
Locke define a propriedade como um direito amplo, que inclui a vida, a liberdade e os bens. Por isso 
é que as sociedades precisam de um governo que proteja o direito de propriedade de seus cidadãos. O 
mais importante direito do estado de natureza é mantido pelo Estado, que é o direito de propriedade; 
e o único direito retirado dos Homens é o de realizar justiça por conta própria. Esse direito é subtraído 
dos indivíduos e fica limitado ao Estado, que tem poder de vida e morte sobre aqueles que a ele se 
submetem.
Para Locke, ao ingressar na vida em sociedade, os indivíduos renunciam a um direito, o direito de 
fazer justiça por si mesmos, e conservam todos os outros. Mas em contrapartida, conservam o direito 
de propriedade que nasce no estado de natureza, na medida em que é um direito que não depende 
do reconhecimento de outros, mas, unicamente, de uma ação pessoal e natural que é o trabalho. 
Evidentemente que Locke se refere à propriedade da terra que pertencia àquele que nela trabalhasse e 
produzisse.
O contrato social para Locke é que permite o surgimento da sociedade civil, que ele denomina 
também de sociedade política. O objetivo principal da união de homens na sociedade civil e de sua 
submissão a governos é utilizar de forma segura a propriedade. Como para Locke a propriedade é 
um direito essencial da pessoa, ela vem antes do Estado e, em consequência, é um direito natural do 
indivíduo. O Estado não tem poder contra a propriedade e deve respeitá‑la e protegê‑la.
Podem imaginar como essas ideias agradaram a burguesia?
Evidentemente, a burguesia tinha como maior desejo que sua propriedade fosse respeitada por 
todos, inclusive pelo Estado. E também que fosse defendida pelo Estado, de forma a garantir a segurança 
e a paz para que pudessem prosperar. Não há política sem economia!
John Locke acredita que a propriedade é um direito que os homens possuem pelo simples fato de 
existirem. Não é o Estado, a sociedade que criam a propriedade privada, é a capacidade de trabalho 
de cada ser humano. Ao Estadocompete apenas respeitar e fazer respeitar o direito de propriedade. O 
Homem torna‑se proprietário da terra pelo trabalho e deve ser sempre dono daquilo em que trabalhou. 
É o esforço pelo trabalho que torna o Homem proprietário da terra, por isso ela é um direito natural. 
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Unidade I
Assim, para Locke, a vida política após o contrato social tem por objetivo principal proteger o direito 
natural, que é, fundamentalmente, o direito de propriedade.
O Estado será tirânico quando desrespeitar a propriedade, e nesse caso específico, o cidadão poderá 
resistir contra o Estado. Quando atenta contra a propriedade, o governo deixa de cumprir seu objetivo 
e se torna ilegal.
Não é à toa que John Locke é considerado o fundador da doutrina política liberal e do 
individualismo liberal.
É possível constatar que as ideias de liberdade e de propriedade sempre estiveram juntas e que, no 
decorrer da trajetória histórica da Humanidade, vão se tornar ideias centrais no debate sobre direito e 
política. Também será importante no debate a ideia que se torna quase unanimidade entre os países 
capitalistas no sentido de que a terra é de quem a compra e não de quem trabalha nela. Até hoje esse é 
um ponto de conflito em nossa sociedade.
Figura 2
O objetivo do Movimento dos Sem‑Terra no Brasil é a realização da reforma agrária e, em 
consequência, que a terra agricultável seja distribuída com mais justiça entre todos. O Movimento 
combate o latifúndio improdutivo e defende a propriedade da terra para quem trabalha nela.
É preciso tentar conhecer com maior profundidade os movimentos que discutem a propriedade 
da terra no Brasil para podermos avaliar como esse tema ainda é importante em nossa sociedade. 
Mesmo após muito tempo transcorrido das ideias John Locke sobre a propriedade, parece que uma parte 
da organização política, econômica e social da Humanidade ainda não resolveu adequadamente esse 
problema. A maior parte dos trabalhadores na agricultura e na pecuária não são donos da terra e nem 
sempre ganham de forma adequada para garantir sua subsistência com dignidade.
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Temos ainda um outro pensador fundamental para compreendermos a formação do Estado a partir 
da ideia de um contrato social.
Ele é Jean‑Jacques Rousseau, nascido em 1712 em Genebra, que era uma república protestante, e 
falecido em 1778, em Paris. Sua mãe morreu no seu parto e seu pai era um relojoeiro sem muitas posses. 
Rousseau teve infância pobre e seu pai teve que se exilar por motivos políticos e, por isso, abandonou os 
filhos. Rousseau então viveu com um tio e depois em abrigos e orfanatos, com uma vida difícil e sofrida.
Figura 3 – Retrato de Jean‑Jacques Rousseau
O século XVIII, no qual Rousseau nasceu e viveu, ficou conhecido como “século das luzes”, por 
ter sido um período caracterizado pelo profundo otimismo sobre a capacidade do ser humano se 
orientar pelo uso da razão e abandonar a ideia de predestinação que era tão própria da Idade Média. 
Na predestinação, o Homem era apenas aquilo que Deus quisesse, sem ter poder sobre sua própria vida. 
Com o uso da razão, no entanto, o Homem seria tudo aquilo que desejasse e, com isso, a Humanidade 
poderia alcançar o progresso.
O avanço do conhecimento das ciências fez com que o iluminismo fosse um movimento marcado 
pela aplicação do raciocínio lógico a todas as áreas do conhecimento e, assim, foi possível construir um 
conhecimento científico sem influência de crendices ou de superstições. A razão era tratada como guia 
da evolução da humanidade e, com ela, o Homem chegaria ao progresso econômico, moral e social, 
bases para um mundo livre e de felicidade.
Rousseau viveu nesse período e, no entanto, acreditava que o Homem selvagem, ou seja, no estado 
de natureza, era mais livre e feliz porque tinha ampla liberdade. Para ele, o Homem natural é o bom 
selvagem, enquanto o Homem natural de Hobbes é o lobo do próprio homem.
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A apropriação de conhecimento (metalurgia e agricultura) por alguns homens e não por todos é, 
para Rousseau, o que leva a sociedade a utilizar a divisão do trabalho e, em consequência, o exercício 
do poder de alguns sobre outros. É nesse ponto que os bens da natureza passaram a ser propriedade de 
alguns. E mais, para ele, é por isso que ocorrem a escravidão e a miséria e, em consequência, se instaura 
o conflito social.
No livro O Contrato Social, Rousseau reflete sobre a possibilidade de construção de outra ordem 
jurídica, política e social. Ele se dedica à ideia de transformação da sociedade existente àquela época. 
Essa sociedade seria radicalmente democrática, ou seja, o elemento fundamental seria a vontade geral, 
que para ele é a única vontade legítima, porque a função da sociedade é a consecução do bem comum.
Para Rousseau, o Estado é resultado de uma associação de membros que conservam sua participação 
ativa e que obedecem somente às leis que a própria sociedade criou. O governo é subordinado ao 
povo e o poder será exercido pelos membros da sociedade. A participação política do povo deve ser 
direta e contínua.
Rousseau ressalta que, para exercer a cidadania ativa, os homens deverão ter boa educação e 
formação moral. Essas são ferramentas para que o povo mantenha sua liberdade e o governo tenha por 
objetivo o bem comum.
Esse é um aspecto que até hoje discutimos na sociedade brasileira contemporânea. Todas as vezes 
que nos queixamos da escolha de políticos que não exercem adequadamente seus cargos, seja no 
âmbito municipal, estadual ou federal, nos reportamos à falta de educação de maior qualidade para 
toda a população brasileira e apontamos a ausência dessa educação de qualidade como um dos fatores 
responsáveis pela escolha inadequada, pela falta de conhecimento sobre política.
As fotografias a seguir são do Panthéon, em Paris, local em que está enterrado o corpo de 
Jean‑Jacques Rousseau. Este lugar presta uma homenagem a grandes pensadores, cientistas e 
políticos que fizeram a glória da França e de seu povo. Justa homenagem a esse grande pensador.
Figura 4 – O Panthéon está localizado em Paris, na França
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Figura 5 – Túmulo de Rousseau no Panthéon, em Paris
Esses três importantes pensadores – Hobbes, Locke e Rousseau – são chamados de contratualistas 
e em comum têm a ideia de explicar a razão pela qual o Homem deixa o estado de natureza para 
concordar em viver em um Estado político organizado, com leis que devem ser rigorosamente cumpridas 
e com penalidades estabelecidas para aqueles que não as cumprirem.
Esses pensadores formularam a ideia de que os Homens, para saírem do estado de natureza, 
firmaram um contrato social por meio do qual concordaram que era preciso restringir parte de 
suas liberdades individuais para que o coletivo prevalecesse, ou seja, para que juntos alcançassem 
maior progresso econômico e preservassem sua sobrevivência com dignidade e segurança.
Abriram mão da liberdade individual total que desfrutavam para viver em um sistema de leis e 
organização, mas que ao mesmo tempo que lhes restringia a liberdade, também lhes garantia melhores 
condições de viver.
Assim surge a ideia principal daquilo que hoje entendemos como Estado. É o espaço político, 
social e jurídico em que vivemos, no qual temos liberdade parametrizada por lei, no qual podemos 
fazer tudo o que desejamos, porém sempre como cuidado de obedecer à legislação em vigor para 
não sermos punidos.
A liberdade é restrita, porém isso acontece com todos, e, dessa forma, há equidade tanto para o 
exercício da liberdade, como para as restrições que são impostas igualmente a todos.
As leis, para serem justas, devem ser feitas por representantes do próprio povo e, para que 
sejam rigorosamente cumpridas, devem ser acompanhadas de sanções para aqueles que as 
desrespeitarem. Essas sanções, no entanto, jamais serão aplicadas sem que seja dado ao acusado 
o direito de ampla defesa perante um tribunal formado por juízes independentes, que possam 
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expressar livremente suas convicções e que essas se formem a partir de provas dos atos imputados 
aos acusados. Sem provas de haver descumprido a lei, ninguém poderá ser punido.
Os estudos de Cicco sobre Estado apontam que
O termo Estado advém do substantivo latino status, relaciona‑se com o 
verbo stare, que significa estar firme. Uma denotação possível, portanto, é 
que Estado está etimologicamente relacionado à ideia de estabilidade. Daí 
que o conceito de Estado chegou a ser utilizado para designar sociedade 
política estabilizada por um senhor soberano que controla e orienta os 
demais senhores.
Historicamente, o termo Estado foi empregado pela primeira vez por Nicolau 
Maquiavel, no início de sua O Príncipe, escrita em 1513 e publicada em 1532.
Uma definição abrangente que apresentamos de Estado seria “uma 
instituição organizada política, social e juridicamente, que ocupa 
um território definido e, na maioria das vezes, sua lei maior é uma 
Constituição escrita. É dirigido por um governo soberano reconhecido 
interna e externamente, sendo responsável pela organização e pelo 
controle social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força e da 
coerção (DE CICCO; GONZAGA, 2015, p. 53)
De Cicco e Gonzaga, em sua lição, mencionam Maquiavel, que teria sido o primeiro a utilizar a 
expressão Estado.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse importante pensador político?
O destino determinou que eu não saiba discutir sobre a seda, nem sobre a lã; 
tampouco sobre questões de lucro ou de perda. Minha missão é falar sobre 
o Estado. Será preciso submeter‑me à promessa de emudecer, ou terei que 
falar dele (MAQUIAVEL, 1513).
A frase anterior dá uma noção de como Nicolau Maquiavel foi, antes de tudo, um homem que 
amava a política. Sua obra mais célebre, O Príncipe, é lida e estudada até hoje, obrigatória em cursos de 
Ciências Sociais, Sociologia, Ciências Políticas, Direito e Economia.
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença, em 1469, e faleceu em 1527. Florença nasceu como uma 
colônia romana em 59 a.C. e na Idade Média tornou‑se uma cidade‑Estado independente. No século 
XIII foi um dos polos comerciais mais importantes do mundo, assim como um notável centro cultural e 
intelectual da Europa. Além da riqueza econômica, Florença também foi detentora de enorme riqueza 
artística e intelectual porque Dante Alighieri, Petrarca, Maquiavel, Botticelli, Michelangelo e Donatello 
foram pensadores e artistas florentinos.
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Maquiavel foi funcionário público do governo de Florença durante vários anos e, além disso, foi 
escritor, historiador e músico. Mas, inegavelmente, Maquiavel foi principalmente um pensador político 
que exerceu enorme influência em razão de suas ideias.
Ele recebeu educação clássica já com vistas a uma futura carreira pública. Mas a vida política em 
Florença, naquela época, era muito conturbada, e a trajetória profissional de Maquiavel foi impactada 
por essa turbulência. Ele trabalhou para o governo que expulsou os Médici de Florença e, mais tarde, 
serviu aos Médici quando estes retornaram ao poder.
Os Médici foram uma poderosa família de Florença que viveu seu apogeu político entre os séculos 
XV e XVII. Sua riqueza era oriunda do comércio de produtos têxteis e da participação na guilda da Arte 
della Lana. Entre os Médici existiram também banqueiros, políticos, nobres, clérigos e até papa, como 
aconteceu com Giovanni Médici (1475‑1521), que foi o papa Leão X.
Maquiavel escreveu o livro O Príncipe em 1513 e dedicou a obra a Lorenzo, filho de Piero de 
Médici, muito provavelmente com a intenção de agradar os governantes da época e, em decorrência 
disso, conseguir se beneficiar para poder ocupar cargos políticos mais importantes. Morreu em 1527 
amargurado por sua má sorte, após haver sido destituído de suas funções quando os Médici perderam 
o poder em Florença.
As imagens a seguir são de Florença, a cidade em que Maquiavel nasceu e viveu. Uma é da Catedral 
de Florença e a outra, de uma parte do Palácio dos Médici.
Figura 6 – A Catedral de Florença, localizada na Itália
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Figura 7 – O Castelo dos Médici, em Florença, na Itália
O pensamento político de Maquiavel teve como marco fundamental a separação entre a virtude 
política e a virtude moral. Ele é o principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política 
orientada pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo exclusivo 
da ação humana. Essa ruptura com o poder oriundo da igreja custou caro para Maquiavel, porque 
foi exatamente da Igreja Católica a criação do termo maquiavélico como sinônimo de tudo que 
é ruim ou perverso.
Até hoje utilizamos a expressão maquiavélico para nos referir a uma pessoa que é ardilosa, que 
articula situações para prejudicar os outros e para se dar bem. Mas a história demonstra que Maquiavel 
nunca propôs isso em suas ideias políticas, embora seja preciso reconhecer que ele tenha recomendado 
práticas de exercício do poder que eram muito peculiares.
Uma das ideias centrais no pensamento de Maquiavel é a virtù. É um termo empregado para 
indicar um conjunto de qualidades – habilidade de cálculo, sentido de realidade, compreensão das 
circunstâncias, capacidade de adotar medidas extraordinárias, coragem de desprender‑se da moralidade 
vigente se for necessário e aptidão para se adaptar às diferentes situações. Esse conjunto de virtudes é 
que fariam de um homem um grande governante, com capacidade de se impor e realizar seus objetivos.
Para Maquiavel, a sorte ou destino são associados ao feminino e ao desígnio divino, e a virtù está 
associada com a capacidade, qualidade e empreendimentos que determinam o encaminhamento da 
sociedade, ou seja, a ação política. Quem possuir sorte ou proteção divina nem sempre estará habilitado 
para o exercício do poder, mas aquele que possuir virtù conseguirá dominar o indeterminado e construir 
um governo ancorado em suas qualidades.
Esse sentido de virtude utilizado por Maquiavel é muito diferente do sentido religioso do termo, que 
sempre foi associado à capacidade do ser humano de ser bom, fraterno e justo. Para Maquiavel, essas 
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virtudes não auxiliariam ninguém a ser um bom governante ou, em outras palavras, ser bom e justo não 
auxiliaria ninguém a governar.
Claro que essa ideia tem que ser associada ao período histórico em que Maquiavel viveu e não quer 
dizer necessariamente que ele defendesse governantes despóticos, injustos e maus. Tanto é verdade que 
ele defendia que a melhor forma de conseguir o poder para um governante era com o consentimento 
do povo, porque nesse caso bastaria ao governante não oprimir o povo para poder manter o poder.
Por outro lado,ele também defendia que se o governante obtivesse o poder por meio da violência, 
então ele deveria praticar toda a violência de uma única vez para não ter que repeti‑la depois. Deveria 
eliminar os inimigos, adotar leis mais duras que as que existiam e, enfim, fazer as coisas negativas de 
uma única vez para não ter que repetir depois durante o governo.
Para Maquiavel, as principais bases que os Estados têm são as boas leis e as boas armas. Por isso 
ele afirma em sua obra que, para o príncipe, exercer a arte da guerra é um dever e, em tempos de paz, 
deve realizar exercícios de guerra e reflexões sobre a história da guerra para não perder o contato nem 
a prática da guerra.
O príncipe deve recorrer não apenas às leis, mas também à força, porque essas seriam as únicas 
formas de se prevenir da manifestação da maldade humana. Para ele, a capacidade fundamental do 
príncipe é manter o poder!
Maquiavel também defende que o governante precisa parecer honesto, mesmo que não seja. E essa 
lição, infelizmente, tem sido muito utilizada entre os políticos brasileiros nos últimos tempos. Basta 
acompanhar nosso noticiário político para perceber que essa prática ainda é muito utilizada. Vários 
políticos que se elegeram com propaganda de honestos e incorruptíveis estão sendo apontados como 
praticantes de atos muito graves, como “caixa dois” de campanha e dinheiro recebido de empreiteiros 
ou roubado dos cofres públicos. Não é uma prática que ocorre somente no Brasil, mas, sem dúvida, aqui 
é muito mais grave, porque ainda temos situação bem precária em relação à igualdade social.
Mas não podemos entender que Maquiavel defendesse a corrupção e as más práticas com o dinheiro 
público. Na verdade, naquele momento histórico ele se referia exclusivamente ao uso da força e da violência 
para se manter no poder. Por ser um momento histórico conturbado, com intrigas e sucessivas tentativas de 
golpe contra o poder, Maquiavel sugeria que, para se livrar dos inimigos, o governante deveria parecer bom 
para o povo e agir com o uso da força, se necessário, para garantir sua manutenção no poder.
Devemos lembrar, ainda, que Maquiavel ficou conhecido como o criador da frase “os fins justificam 
os meios”, porque defendia a ideia de que todos os meios utilizados são válidos, mesmo que violentos 
ou desonestos, desde que sirvam para que se alcance o objetivo final.
Como podemos verificar na realidade política interna e externa, muitos políticos ainda entendem 
que “os fins justificam os meios”, ou seja, utilizam meios imorais e até ilegais para obterem seus 
objetivos, quase sempre o maior deles de se perpetuar no poder ou, ainda, de se reeleger sucessivas 
vezes para o exercício de mandatos políticos.
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Explicam De Cicco e Gonzaga:
Quanto à célebre frase atribuída ao pensador em comento: “O fim justifica 
os meios”, é possível explicá‑la como o fim colimado justificaria então 
qualquer meio e o bem do Estado ou razão de Estado estaria acima de 
qualquer instância moral. Afastando a ideia de bem comum, faz o bem do 
Estado se confundir com o bem do governante. Embora se deva esperar que 
o príncipe utilize boas armas a fim de atingir a paz social.
A partir desses ensinamentos, denota‑se que O Príncipe foi a cartilha de todos 
os reis absolutos da época do autor, e provavelmente, o livro de cabeceira dos 
ditadores contemporâneos (DE CICCO; GONZAGA, 2015, p. 173).
Maquiavel deve ser estudado e analisado no seu contexto histórico, marcado por turbulências 
políticas e, nessa medida, sua defesa de um governo monárquico absolutista era, em grande medida, a 
defesa de uma forma de encontrar a estabilidade política, social e econômica.
Figura 8 – Túmulo de Nicolau Maquiavel na Igreja de Santa Croce, em Florença, Itália
Após analisar o pensamento de Hobbes, Locke e Rousseau, que explicam porque o Homem decide 
viver em sociedade, e de conhecer o pensamento de Maquiavel, que historicamente foi o primeiro a 
utilizar a expressão Estado, podemos estudar as características dos Estados contemporâneos.
 Lembrete
O Iluminismo foi um período marcante para a construção do pensamento 
e das grandes reflexões políticas e sociais. Além dos pensadores citados 
anteriormente, encontraremos em Voltaire (1694‑1778), que defendia 
a liberdade de pensamento e criticava a intolerância religiosa, em Denis 
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Diderot (1713‑1784) e em Jean Le Rond D’Alembert (1717‑1783) filósofos 
importantes que contribuíram para a construção do Estado moderno e de 
sua organização social.
O Estado moderno se caracteriza pela existência de elementos constitutivos que são: o território, o 
povo, a finalidade e a soberania.
Território é a porção do solo, subsolo, mar territorial, espaço aéreo, navios e aviões de uso militar ou 
civil, em que apenas uma ordem jurídica pode agir de forma coercitiva.
Povo é um conjunto de pessoas que podem participar da vida política de um Estado porque possuem 
vínculo jurídico com ele e, por isso, podem, por exemplo, votar e ser votados. O vínculo jurídico da pessoa 
com o Estado é de caráter permanente e, para isso, é preciso que sejam cumpridas as regras fixadas pelo 
Estado e que são o exercício do poder ao qual se encontram submetidos todos os cidadãos. Povo é um 
conjunto de cidadãos de um mesmo Estado, que atendem às regras objetivas, fixadas previamente para 
lhes garantir essa condição jurídica.
Finalidade de um Estado é o bem comum de todos que nele vivem. Definir o que pode ser benéfico 
para todos não é exatamente tarefa fácil, porque individualmente as pessoas almejam circunstâncias 
de vida muito variadas. Mas é correto afirmar que o bem comum consiste em garantir a todos e a cada 
um, individualmente, situação de vida digna, ou seja, em condições adequadas à proteção da dignidade 
humana. Cabe ao Estado desenvolver políticas públicas de educação, saúde, moradia, segurança e 
assistência social que permitam a todos alcançar as condições necessárias para a vida com dignidade.
Soberania é a característica de autodeterminação de um povo situado em um território sob um 
regime jurídico legítimo, ou seja, é a capacidade de decidir no campo político, econômico, social e 
cultural sem interferência de nenhum outro Estado.
Estado é, portanto, um conceito político, sendo diferente do conceito de nação. Nação é a união 
de pessoas que integram o mesmo grupo étnico, falam o mesmo idioma e possuem cultura e costumes 
semelhantes, construídos ao longo de um período histórico. É essa identidade de costumes e tradições, 
além da unidade da língua, que dão àqueles que integram uma nação o sentimento de pertencimento.
Povo é um conceito derivado do vínculo jurídico que as pessoas estabelecem com um Estado; já a 
nação é um conceito mais amplo, porque depende da unidade que se constrói ao longo de períodos de 
tempo em que pessoas vivem juntas e partilham valores, língua, tradição, costumes e vivências.
Não é difícil compreender, portanto, que existem nações sem Estado, ou seja, grupos de pessoas 
unidas por valores, língua e tradição comuns que não possuem um território exclusivo e, dessa maneira, 
ou são obrigadas a viver em território de outros grupos ou se espalham pelo mundo sem conseguirem 
se fixar adequadamente.
Existem muitas nações sem território e os exemplos mais comuns são os curdos, considerada a maior 
nação em território no mundo na atualidade. Eles vivem na Síria, Turquia, Iraque, Irã, entre outros países, 
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Unidade I
estão estimados em maisde 20 milhões de pessoas e não possuem um Estado curdo com território e 
legislação determinados; os palestinos, estimados em cerca de 7 milhões de pessoas que se encontram 
no Oriente Médio e desejam recuperar áreas territoriais hoje ocupadas por Israel; e os tibetanos, que 
vivem em uma região da Ásia ocupada pelos chineses, mas que desejam sua autonomia e a possibilidade 
de praticarem livremente suas tradições, em especial a cultura e religião budista, estimados em cerca de 
6 milhões de pessoas.
 Saiba mais
Pesquise sobre a criação do Estado de Israel após o final da Segunda 
Guerra Mundial e procure compreender os conflitos que até hoje ocorrem 
naquela parte do planeta.
O filme a seguir o ajudará a compreender melhor o conflito entre Israel 
e a Palestina:
UMA GARRAFA no mar de Gaza. Dir. Thierry Binisti. França/Israel: France 
3 Cinéma, 2013. 100 minutos
1.2 Formas de governo
Os Estados podem definir suas formas de governo de modo livre e, normalmente, o fazem 
atendendo a condições históricas, culturais, políticas e sociais, ou seja, optar por uma forma de governo 
não é simples e, quase sempre, é fruto da trajetória histórica de cada Estado.
Não há, em princípio, uma forma de organização de poder que agrade a todos e que não suscite 
críticas. Governar é angariar adeptos e críticos, amigos e inimigos, favoráveis e contrários, conviver com 
elogios e, principalmente, com muitas críticas.
Vários estudiosos de política se dedicaram a tentar sistematizar as formas de governo que o mundo 
já vivenciou e aprofundar o conhecimento sobre como elas se desenvolveram. Neste trabalho vamos nos 
deter na avaliação da classificação de formas de governo construída por Aristóteles.
Aristóteles nasceu em Estagira, na Grécia, em 384 a.C. e faleceu em Cálcis, Eubeia, também na Grécia, 
em 322 a.C. Foi discípulo de Platão e tutor de Alexandre, o Grande, e é considerado o Pai da Ciência 
Política Ocidental. Foi o fundador, em Atenas, de uma escola que desenvolveu pesquisas em várias áreas 
do conhecimento e que tinha o nome de Liceu. Mas o grande destaque de Aristóteles foram os estudos 
de política e de filosofia.
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Figura 9
A reflexão de Aristóteles no livro A Política pode ser utilizada até hoje para nos auxiliar na compreensão 
da sociedade em que vivemos. Parece incrível, mas quando se trata de estudos sobre política, Estado e 
sociedade, as reflexões desse grego ainda são muito atuais e merecem nossos estudos atentos e detalhados.
Afirmava Aristóteles:
Assim, o homem é um animal cívico (político), mais social do que as abelhas 
e os outros animais que vivem juntos. [...] O Estado, ou sociedade política, 
é até mesmo o primeiro objetivo a que se propôs a natureza. O todo existe 
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos 
não são senão as partes integrantes da Cidade, todos subordinados ao 
corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas funções, e todas 
inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez 
separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade, 
como uma mão de pedra. O mesmo ocorre com os membros da Cidade: 
nenhum pode bastar‑se a si mesmo. Aquele que não precisa dos outros 
homens, ou que não pode resolver‑se a ficar com eles, ou é um deus ou é um 
bruto. Assim a inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade 
(ARISTÓTELES, 2000, p. 5).
Para Aristóteles, a sociedade tem seu eixo central no indivíduo e salvo se ele for um deus, ou seja, 
uma figura mítica capaz de solucionar todos os seus problemas e ter total domínio sobre seus destinos, o 
que sabemos é completamente imaginário e irreal, o Homem só desenvolverá plenamente seu potencial 
se inserido em uma sociedade.
Esse pensamento é no mínimo curioso para todos nós que vivemos no mundo contemporâneo, 
marcado por excessivo individualismo e pela busca do prazer e do bem‑estar individual. Exatamente 
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por isso somos o mundo marcado pela prática consumista, que, para além de saciar necessidades, busca 
principalmente a realização do prazer individual, quase sempre capaz de nos isolar ainda mais.
Figura 10 – A Acrópole de Atenas, na Grécia
Figura 11 – Imagem de Ágora, em Atenas, Grécia
Temas como o interesse público, o bem‑estar social e a coletividade estão cada vez mais distantes 
das nossas preocupações contemporâneas, quase sempre voltadas para o individualismo excessivo. Vale 
a pena refletir um pouco sobre essas questões atuais e a afirmação de Aristóteles de que o homem só 
terá desenvolvimento pleno se estiver vivendo em sociedade.
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Anne Perkins afirma que
Como Platão, Aristóteles acreditava que todas as coisas tinham uma finalidade, 
e que a do ser humano era ser bom. Aristóteles pretendia organizar a sociedade 
de maneira que as pessoas fossem capazes de realizar com sucesso seu pleno 
potencial: cultas, racionais e autoconscientes. A pólis, ou mundo político que 
Aristóteles preferia, era o ambiente singular da cidade‑Estado. O homem, em 
sua célebre afirmação, é um animal político, pois vive com outros semelhantes 
e se distingue dos outros animais pelo poder de julgamento moral e pela 
capacidade de comunicar as ideias de certo e errado. O Estado ideal uniria seus 
cidadãos para o bem comum. Porém, assim como a natureza é infinitamente 
variada, e os animais cumprem uma variedade de funções, as pessoas também 
serviriam para diferentes funções, de acordo com sua capacidade, na busca da 
meta geral (PERKINS, 2009, p. 10).
O Prof. Dr. Alysson Leandro Mascaro ressalta a importância da sociedade para o indivíduo no 
pensamento de Aristóteles:
[...] a vida social, para Aristóteles, não tem por razão simplesmente ser um 
agrupamento quantitativo que sirva a socorrer os indivíduos em suas 
necessidades. A vida social tem uma razão mais profunda, que é a própria 
felicidade da comunidade. As sociedades visam a um certo bem, que não é 
só o bem de cada indivíduo particularizado. Ao contrário dos modernos, que 
dizem que a vida social existe para o benefício de cada indivíduo, Aristóteles 
dirá que a comunidade existe para o benefício social (MASCARO, 2010, p. 84).
Para Aristóteles, era possível pensar em seis tipos possíveis de governo, considerada essa divisão 
a partir da finalidade deles.
Para ele:
• Se o exercício do poder é do interesse de todos, teremos a monarquia, a aristocracia ou a república.
• Se o exercício do poder é do interesse próprio, teremos a tirania, a oligarquia ou a democracia.
Ele classifica, ainda, o exercício do poder conforme a quantidade de pessoas que o exercerão: se 
uma só pessoa, se alguns ou se a maioria.
Então, para Aristóteles:
• Exercício do poder por uma só pessoa no interesse de todos = monarquia.
• Exercício do poder por alguns no interesse de todos = aristocracia.
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• Exercício do poder pela maioria no interesse de todos = república.
• Exercício do poder por uma só pessoa no interesse próprio = tirania.
• Exercício do poder por alguns no interesse próprio = oligarquia.
• Exercício do poder pela maioria no interesse próprio = democracia.
A principal preocupação de Aristóteles, como podemos perceber, é com a finalidade do exercício 
do poder, ponto central para a classificação e, na mesma medida, ponto central para a avaliaçãode 
como o povo será tratado nas diferentes formas de governo.
Alysson Leandro Mascaro nos lembra que
O governo é bom, para Aristóteles, quando ele busca a felicidade comum a 
todos os cidadãos. Isso não quer dizer que todos devam, necessariamente, 
mandar ao mesmo tempo. Há aptidões para o governo que não são comuns 
a todos, e há sociedades que se arranjam segundo variados modos e 
propósitos. Por isso, o governo que é bom a todos não necessariamente é 
aquele cuja soberania é partilhada por todos. O bom governo, antes de ser 
necessariamente o que é governado por todos, é o que alcança, como 
resultado, a felicidade de todos (MASCARO, 2010, p. 87, grifo nosso).
Para Aristóteles, se for perdida a finalidade, os governos se degeneram, ou seja, a monarquia 
degenera em tirania; a aristocracia, em oligarquia e a república, em democracia. Para ele, a 
tirania é a monarquia voltada para a utilidade do monarca; a oligarquia, para a utilidade dos ricos e 
a democracia, para a utilidade dos pobres. E nenhuma delas agradou Aristóteles, porque a finalidade 
essencial é o interesse público.
Ao analisar as ideias de Aristóteles sobre as formas de governo, levando em conta exclusivamente o 
caráter político de organização, Paulo Bonavides nos ensina:
A monarquia, a primeira dessas formas, representa, segundo Aristóteles, o 
governo de um só. Atende o sistema monárquico à exigência unitária na 
organização do poder político, exprimindo uma forma de governo na qual 
se faz mister o respeito das leis.
A aristocracia, como segunda forma, na classificação de Aristóteles, significa 
o governo de alguns, o governo dos melhores. Na etimologia da palavra 
“aristocracia” deparamo‑nos já com a ideia de força. Essa raiz evolve 
naturalmente para a acepção de força da cultura, força da inteligência, força 
entendida de modo qualitativo, força, por conseguinte, dos melhores, dos 
que tomam as rédeas do governo. A exigência de todo governo aristocrático 
deve ser, segundo Aristóteles, a de selecionar os mais capazes, os melhores.
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Quanto ao terceiro tipo de governo, contido nessa classificação, Aristóteles 
fá‑lo corresponder à democracia, governo que deve atender na sociedade 
aos reclamos de conservação e observância dos princípios de liberdade e de 
igualdade (BONAVIDES, 2006, p. 208).
 Observação
O dicionário Houaiss define aristocracia e oligarquia da seguinte forma:
Aristocracia – organização sociopolítica baseada em privilégios de uma 
classe social formada por nobres que detêm, por herança, o monopólio 
do poder. Grupo ou classe dos que, por berço ou por concessão, detêm o 
prestígio dos títulos nobiliárquicos que outrora significavam poder político; 
nobreza, classe nobre, fidalguia. Estado governado por nobres ou fidalgos.
Oligarquia – regime político em que o poder é exercido por um 
pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou 
família. Preponderãncia de um pequeno grupo no poder.
E a respeito da degeneração dessas formas de governo, Paulo Bonavides ensina que para Aristóteles 
o governo será considerado soberano quando o objetivo for exclusivamente o interesse comum. O 
contrário disso será considerado governo impuro, no qual prevalece o interesse pessoal contra o interesse 
geral da coletividade.
Esse tipo problema enfrentamos até hoje.
Muitas decisões dos governos nas esferas municipal, estadual e federal são tomadas apenas em razão 
de interesses pessoais dos governantes, sem que os interesses gerais da coletividade sejam respeitados.
É o acontece, por exemplo, quando tomamos conhecimento pela imprensa que um prefeito construiu 
uma ponte e gastou vários milhões de reais para beneficiar o acesso a um lugar ermo do município, 
porém onde ele tem um sítio. Para facilitar o acesso, foram utilizados milhões de reais arrecadados com 
impostos pagos por grande parte da população que, no entanto, não vai se beneficiar da ponte porque 
não reside naquele lugar afastado.
Por que a opção foi pela ponte quando, normalmente, faltam escolas, postos de saúde, merenda 
escolar, áreas públicas de lazer e transporte coletivo barato? Porque o interesse pessoal prevaleceu sobre 
o interesse público.
E por que a Câmara Municipal não se opôs a essa decisão do prefeito? Muito provavelmente porque a 
alguns vereadores foram prometidos favores que o prefeito vai prestar e que, quase sempre, favorecerão 
a reeleição deles.
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Paulo Bonavides ressalta:
Quando esses interesses pessoais se sobrepõem, na gestão dos negócios 
públicos, aos interesses da sociedade, aquelas formas de governo já 
mencionadas se degeneram por completo.
Desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a 
monarquia se converte em tirania, a saber, o governo de um só, que vota o 
desprezo da ordem jurídica.
A aristocracia depravada se transmuda em oligarquia, plutocracia ou 
despotismo, como governo do dinheiro, da riqueza desonesta, dos interesses 
econômicos antissociais.
A democracia decaída se transfaz em demagogia, governo das multidões 
rudes, ignaras e despóticas (BONAVIDES, 2006, p. 209).
A noção de interesse público no pensamento de Aristóteles é infinitamente menor do que aquela 
que temos na atualidade. Mas, de outro lado, é possível reconhecer que muitas das preocupações de 
Aristóteles sobre as práticas políticas nas formas de governo são preocupações que temos até hoje, como, 
por exemplo, os governos demagógicos que parecem querer agradar a todos quando, na verdade, visam 
exclusivamente ao interesse pessoal do próprio governante; ou os governos tirânicos que atuam com 
violência na defesa de seus intereses, ou que por vezes até disfarçam essa violência com a aprovação de 
leis que interessam somente aos próprios governantes, como, por exemplo, para modificar a constituição 
do país e permitir sucessivas reeleições, sem alternância no poder.
Conhecer o pensamento de Aristóteles nos auxilia na formação do conhecimento crítico, que permite 
criar e avaliar ideias para mudanças da sociedade em que vivemos.
Três ideias são fundamentais quando se trata de entender formas de governo: monarquia, aristocracia 
e democracia.
Duas delas estão um pouco mais distantes da realidade brasileira contemporânea: a monarquia 
e a aristocracia. E a democracia, forma de governo que vivemos no Brasil, está no centro de nossas 
reflexões e debates.
Giampaolo Zuchini define aristocracia:
Aristokratía, literalmente, “governo dos melhores”, é uma das três formas 
clássicas de Governo e precisamente aquela em que o poder (krátos 
= domínio, comando) está nas mãos dos áristoi, os melhores, que não 
equivalem, necessariamente, à casta dos nobres, mesmo se, normalmente, 
os segundos são identificados com os primeiros (ZUCCHINI, 2004, p. 57).
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Paolo Colliva nos ensina sobre monarquia
Entende‑se comumente por Monarquia aquele sistema de dirigir a res 
publica que se centraliza estavelmente numa só pessoa investida de poderes 
especialíssimos, exatamente monárquicos, que a colocam claramente acima 
de todo o conjunto dos governados.
[...]
Por Monarquia, portanto, se entende – na complexa formação histórica desse 
instituto – um regime substancial, mas não exclusivamente monopessoal, 
baseado no consenso, geralmente fundado em bases hereditárias e dotado 
daquelas atribuições que a tradição define com o termo de soberania 
(COLLIVA, 2004, p. 776).
Vários países do mundo ainda utilizam a monarquiacomo forma de governo. Provavelmente, a mais 
conhecida é a monarquia inglesa, cujos membros quase sempre são notícia por uma ou outra razão 
(casamento, nascimento de filhos, comportamentos excêntricos, entre outros).
A seguir, uma foto da famosa Catedral de Westminster situada em Londres, na Inglaterra, que é 
utilizada para a coroação de reis e rainhas inglesas e também para as solenidades mais importantes da 
família real.
Figura 12 – A Catedral de Westminster
Na sequência, podemos observar outros dois ícones da monarquia inglesa: o Palácio de Buckingham 
e a troca da Guarda Real, que acontece em frente ao referido palácio. São tradições inglesas muito 
respeitadas pelos súditos da rainha Elizabeth II, que é rainha da Inglaterra desde 1952.
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Figura 13 – O Palácio de Buckingham
Figura 14 – Troca da guarda realizada no Palácio de Buckingham, Inglaterra
O Brasil também viveu sob o regime da monarquia no século XIX, especificamente a partir de 1808, 
com a chegada do Rei Dom João VI e da família real, que veio para cá em razão dos problemas políticos 
enfrentados por Portugal na Europa e para fugir das tropas de Napoleão Bonaparte.
Depois que Dom João VI retornou a Portugal em 1821, seu filho Dom Pedro I assumiu o governo como 
príncipe regente e, após proclamar a independência em 7 de setembro de 1822, tornou‑se imperador.
Mas a monarquia não chegou a ser tradição no Brasil. Deixou de existir com a Proclamação da 
República em 15 de novembro de 1889 e embora ainda existam alguns brasileiros que defendem a volta 
da monarquia, o assunto não é seriamente debatido nos meios acadêmico e político.
A monarquia possui três características fundamentais, conforme nos ensina Dalmo de Abreu Dallari:
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Vitaliciedade – o monarca não governa por um tempo certo e limitado, 
podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para 
continuar governando.
Hereditariedade – a escolha do monarca se faz pela simples verificação 
da linha de sucessão. Quando morre o monarca ou deixa o governo por 
qualquer outra razão, é imediatamente substituído pelo herdeiro da coroa. 
Houve alguns casos de monarquias eletivas, em que o monarca era escolhido 
por meio de eleições, podendo votar apenas os príncipes eleitores. Mas a 
regra sempre foi a hereditariedade.
Irresponsabilidade – O monarca não tem responsabilidade política, isto é, 
não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos 
quais adotou certa posição política (DALLARI, 2010, p. 227).
Existem defensores e críticos das monarquias. Os defensores utilizam basicamente os argumentos de 
que o monarca está acima de interesses políticos e partidários porque é vitalício e hereditário, e isso seria 
suficiente para assegurar estabilidade e segurança para o governo. Também afirmam que o monarca já 
nasce sabendo que será rei e, por esse motivo, é adequadamente preparado para exercer essa função.
Os críticos sustentam como principal argumento que a monarquia é antidemocrática, porque todas 
as decisões ficam na dependência de um único sujeito que não é isento diante da pressão de grupos com 
interesses econômicos e políticos e, dessa forma, o rei poderá favorecer algumas pessoas em prejuízo 
de outras. Além disso, manter o rei e toda a família real é muito caro e não se pode afirmar que haverá 
segurança, pois todos os cidadãos estarão na dependência dos interesses e humores de uma só pessoa 
com grande poder em suas mãos.
As vantagens e desvantagens da monarquia são discutidas até mesmo nos países que a adotam. No 
geral, no entanto, monarquias como a inglesa e a dos Países Baixos (Holanda) são bem aceitas por seus 
súditos, os quais vivem em paz com esse regime porque, na verdade, os reis não exercem o poder político, 
apenas representam o país como chefes de Estado e não como chefes de Governo. Quem o exerce 
efetivamente o poder político e econômico é o primeiro‑ministro e o parlamento. O primeiro‑ministro é 
o chefe de governo e o rei ou rainha o chefe de Estado.
 Saiba mais
O Brasil já viveu um plebiscito para decidir se queria adotar o 
presidencialismo ou parlamentarismo, a república ou a monarquia. Mais de 
6 milhões de brasileiros votaram na monarquia, o que foi considerado uma 
surpresa naquele momento. Pesquise sobre este assunto em:
BRASIL. Justiça Eleitoral. Plebiscito – 1993. Disponível em: <http://www.
justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito‑de‑1993>. Acesso em: 23 mar. 2017.
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A forma de governo mais debatida é a democracia, adotada por muitos países em todo o mundo 
ocidental como acontece com o Brasil, por exemplo.
Quando se trata de debater sobre características e formas de democracia, o debate já tem início 
na definição. Não há consenso entre os estudiosos sobre uma concepção única e definitiva 
para democracia. E nem poderia ser diferente, porque democracia é um conceito dinâmico, que tem 
diferentes conotações conforme as diferentes épocas históricas que a humanidade já viveu.
Streck e Bolzan de Morais afirmam:
Desnecessário dizer que a conceituação de democracia é uma tarefa quase 
impossível, mormente porque o termo “democracia”, com o passar do 
tempo, foi transformado em um esteriótipo, contaminado por uma anemia 
significativa (Warat). Daí que parece acertado dizer que a razão está com 
Claude Lefort, para quem a democracia é uma constante invenção, isto é, 
deve ser inventada cotidianamente. É nessa esteira que Marilena Chauí diz 
que “A democracia é invenção porque, longe de ser mera conservação de 
direitos, é a criação ininterrupta de novos direitos, a subversão contínua dos 
estabelecidos, a reinstituição permanente do social e do político”. Ou como 
assevera Castoriadis, para quem “uma sociedade justa não é uma sociedade 
que adotou, de uma vez para sempre, as leis justas. Uma sociedade justa 
é uma sociedade onde a questão da justiça permanece constantemente 
aberta” (STRECK; MORAIS, 2006, p. 109).
 Observação
Leia mais uma vez e atentamente os conceitos do filósofo francês 
Claude Lefort, da filósofa brasileira Marilena Chauí e do filósofo, economista 
e psicanalista Cornelius Castoriadis sobre democracia expressos no texto de 
Streck e Bolzan de Morais.
O que se destaca como mais importante?
A ideia de que democracia é um conceito em construção, que não está pronto e acabado e 
que deve ser sistematicamente repensado e pesquisado, de forma que possamos ter a melhor 
democracia possível em cada diferente época da história de uma nação.
Ao caracterizar a ideia de democracia pelo movimento de atualização que ela deve vivenciar, 
esses autores nos convidam a pensar de que forma podemos contribuir para que a democracia 
não se torne ultrapassada para os valores e objetivos de uma determinada sociedade, como 
a nossa, por exemplo.
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Streck e Bolzan de Morais ainda nos ensinam que
De pronto, ainda com Chauí, é possível dizer, a par da dificuldade de conceituar 
a democracia, que existem alguns traços que a distinguem de outras formas 
sociais e políticas: em primeiro lugar, a democracia é a única sociedade 
e o único regime político que considera o conflito legítimo, uma vez que 
não só trabalha politicamente os conflitos de necessidades e de interesses, 
como procura institui‑los como direitos e, como tais, exige que sejam 
reconhecidos e respeitados.

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