Buscar

Nulidade

Prévia do material em texto

1. Nulidade
É a sanção, uma pena ou recompensa com que se tenta garantir a execução da lei, aplicável ao processo, ou ato processual, realizado com o descumprimento da forma devida, ou proibida pela lei processual.
Previstas nos artigos 563 a 573, sua existência provém da necessidade que a movimentação processual possa transcorrer em concordância com as normas exigidas para o ato processual, pois elas garantem às partes de um processo apto ou regular, trazer à tona a verdade substancial. A nulidade pode anular atos ou até processos, de forma parcial ou integral. Segundo as lições de Luís Fernando Moraes Manzano: A nulidade pode atingir a toda relação jurídico-processual ou apenas um ato processual. Decretada a nulidade de um ato processual – seja porque a lei pressupõe o prejuízo, seja em face de prova de haver causado prejuízo à parte -, o vício se estende a todos os atos processuais subsequentes que dele dependam ou, a contrario sensu, não atinge os atos processuais posteriormente relacionados sem qualquer vinculação com o ato viciado. Dessa forma, os atos que foram atingidos pela decretação da nulidade, podem ser, a requerimento do juiz, retificados ou repetidos.
A maioria da doutrina entende que a nulidade é uma sanção que torna ineficaz o ato processual viciado: constituiria “sanção de ineficácia” imposta pela decisão do juiz ao ato processual atípico, como coloca, na doutrina, Fernando da Costa Tourinho Filho.25 A doutrina majoritária conceitua a nulidade como sanção, havendo, contudo, uma parcela que entende que a nulidade não poderia ser qualificada desse modo, sendo apenas uma consequência do ato. Uma parte também entende que a nulidade não seria uma sanção por outro fundamento: a nulidade se equipararia ao próprio vício.
Entende se aqui possível trabalhar com ideia de nulidade como uma sanção, uma consequência desfavorável à violação de algum valor. Mesmo porque, no processo penal, estando em jogo valores de ordem fundamental, com o reconhecimento da nulidade, é de convir que, comumente, também se reconhece algum constrangimento ilegal, plenamente passível de concessão da ordem de habeas corpus.
Não há como separar, a nosso ver, a ilicitude do conceito de nulidade, pois, no processo, por própria injunção constitucional, há direitos e deveres no que se refere à garantia dos direitos fundamentais, cumprindo ao juiz fiscalizar a regularidade do feito, de modo a propiciar o exercício (inclusive de modo compulsório e efetivo) de direitos.
O vocábulo nulidade, em sede de processo penal, pode ser encarado como um gênero que compreende uma série de vícios que contaminam determinados atos processuais, praticados com a inobservância da forma prevista em lei, podendo culminar na sua inutilidade e consequente renovação. No que concerne à sua natureza jurídica, mister faz-se ponderar que para parcela da doutrina, a nulidade é considerada como um vício ou defeito, tratando-se, portanto, de uma imperfeição que pode tornar ineficaz o processo, no todo ou em parte. Outros doutrinadores, de maneira distinta, consideram a nulidade como uma sanção, importando em que o ato irregular declarado nulo é descrito como não realizado. É imperioso, contudo, o reconhecimento da nulidade a partir de uma ótica mista, na qual a nulidade é considerada como vício ou inobservância da forma legal ou requisito estabelecido na legislação, desencadeando, quando do seu reconhecimento, em sanção apta a decretar a ineficácia ou invalidade do do ato processual ou do processo. Tecidos tais comentários, convém mencionar que o presente se debruça em promover uma análise da casuística entalhada no inciso III do artigo 564 do Código de Processo Penal. A metodologia empregada pautou-se na utilização de fontes doutrinárias em conjunto com os entendimentos jurisprudenciais, tanto dos tribunais estaduais, como dos tribunais superiores.  Portanto, nulidade é característica, qualidade, do ato processual ou do processo, enquanto a ineficácia é a sanção aplicada pela inobservância da forma prescrita em lei.
Assim, em que pese a divergência doutrinária existente sobre a natureza jurídica da nulidade, é imperioso o reconhecimento daquela a partir de uma ótica mista, na qual a nulidade é considerada como vício ou inobservância da forma legal ou requisito estabelecido na legislação, desencadeando, quando do seu reconhecimento, em sanção apta a decretar a ineficácia ou invalidade do ato processual ou do processo. Acerca da classificação das nulidades, Guilherme de Souza Nucci pondera que as nulidades poderão ser classificadas como absolutas e relativas. Neste mote, as denominadas nulidades absolutas abarcam os vícios que devem ser, forçosamente, proclamados pelo magistrado de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, porquanto são produtoras de ofuscantes infrações ao interesse público na produção do devido processo legal.
Tais nulidades violam normas que tutelam verdadeiro interesse público ou ainda, como referido, acabam por violar determinado princípio constitucional. Assim, justamente por apresentar relevante interesse público e ser tida como insanável (pois não se convalida, e muito menos é convalidada pela preclusão), tais nulidades podem ser declaradas de ofício pela autoridade judicial e em qualquer grau de jurisdição (ou ainda, é claro, por meio de provocação da parte interessada), não sendo necessário demonstrar-se qualquer prejuízo, pois se trata de prejuízo presumido.
No ordenamento jurídico brasileiro, verifica-se a presença de duas classificações feitas acerca das nulidades, sendo elas nulidade relativa e nulidade absoluta.
2. Irregularidade
O defeito aqui é sem maior importância. A desconformidade com o modelo legal é mínima. Não chega a prejudicar as partes. Produz eficácia. Ex.: sentença prolatada fora do prazo estipulado pela lei. Podemos chamar de irregularidades os vícios em exigências formais que não tem qualquer relevância no curso do processo e sua inobservância é incapaz de gerar efeitos, pois não existe prejuízo a nenhuma das partes. A finalidade da exigência viciada “morre em si”, não tendo qualquer efeito para o processo. Não preserva o interesse de uma ou outra parte, não gera prejuízos se o mesmo não for violado, não anula o processo e não impede que ele flua e atinja os objetivos nele descritos. Trata-se de situação de desavença de alguma exigência formal sem verdadeira relevância para fins processuais. A título de exemplo, temos a prolação da sentença em prazo superior ao previsto em lei e em desobediência ao Princípio da Razoável Duração do Processo. De fato, a regra não foi observada, mas completamente descabido acreditar que a demora na prolação da sentença deva ensejar sua invalidade. Se o objetivo é a celeridade, tal medida andaria em evidente contrassenso.
2.1 Nulidade Relativa
A nulidade relativa ocorrerá diante de hipóteses de desrespeito a exigência estabelecida pela lei (norma infraconstitucional) do interesse das partes, mas não em desrespeito à ordem pública generalizadamente. Assim como acontece em relação à nulidade absoluta, sua invalidação depende de ato judicial que declare sua ocorrência, já que, como mencionado, a invalidade dos atos processuais não é automática. O defeito não chega a resultar em patente prejuízo às partes. Há violação de norma infraconstituicional. O interesse é essencialmente privado da parte. O defeito é sanável. O ato será anulado desde que arguido em momento oportuno pela parte interessada e demonstrado o efetivo prejuízo. Ex. Incompetência territorial. Embora o crime tenha sido consumado em Porto Alegre (art.70,CPP), por um equívoco, está sendo processado em Canoas (incompetência territorial); As nulidades relativas dependem de valoração das partes quanto à existência e a consequência de eventual prejuízo, estando sujeitas a prazo preclusivo quando não alegadas a tempo e a modo. Ocorre quando um vício violar exigências determinadas por normas infraconstitucionais. A formalidade é essencial para o ato, tem uma finalidade para o processo. Sua formalidade não se dáapenas pelo capricho, mas, busca resguardar o interesse das partes. Se houver a violação, haverá algum prejuízo para as partes. O prejuízo é relativo, ou seja, deve ser provado pela parte que sofreu. O ato só será invalidado se comprovado e reconhecido a nulidade pelo Juiz. As nulidades relativas tem momento certo para serem arguidas, havendo a possibilidade de preclusão. É claro que a arguição de nulidade relativa diz respeito a interesse da parte. No entanto, há nulidades relativas que podem ser arguidas pelo juiz, de ofício, como é o caso da incompetência relativa (artigo 109 do Código Penal). Aqui se verá a aplicação do princípio do aproveitamento dos atos processuais que só pode ser aceito na hipótese de incompetência relativa, rationi loci, causa de nulidade relativa. Se a nulidade relativa diz respeito a interesse das partes em determinado e específico processo, os vícios processuais que resultam em nulidade absoluta referem- se ao processo enquanto função jurisdicional. 
Correta a observação de OLIVEIRA2 de que configuram vícios passíveis de nulidades absolutas as violações aos princípios fundamentais do processo penal como, por exemplo:
a) Contraditório;
b) Juiz natural;
c) Ampla defesa;
d) Imparcialidade do juiz;
e) A existência de motivação dos atos judiciais.
As nulidades relativas, em regra, dependem da iniciativa e do interesse da parte que foi prejudicada, como se lê do artigo 565 do Código de Processo Penal, uma vez que ̈nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que não haja dado causa, ou para que tenha concorrido. 
2.2 Nulidade Absoluta
As nulidades absolutas dizem respeito a vícios gravíssimos, que afetam o processo como um todo uma vez que não respeitados princípios constitucionais. A nulidade absoluta será o não reconhecimento de outro que não o Ministério Público como titular de ação penal pública incondicionada.
Trata-se de situação em que a “gravidade do ato viciado é flagrante e, em regra, manifesto o prejuízo que sua permanência acarreta para a efetividade do contraditório ou para a justiça da decisão; o vício atinge o próprio interesse público de correta aplicação do direito” (Ada Pellegrini Grinover. As nulidades no processo penal, 12. ed., p. 21.)
A nulidade absoluta pode, e deve, ser decretada de ofício pelo juiz ou pelo tribunal. Note-se que, embora uma sentença não fundamentada seja absolutamente nula, sua invalidade só poderá ser decretada pela instância superior, por ocasião da apreciação de recurso ou de ação de impugnação, mas, em nenhuma hipótese, pelo juízo prolator. O próprio magistrado, todavia, poderá decretar a invalidade de ato processual absolutamente nulo, desde que o faça antes da prolação da sentença.
São exemplos de casos que incorrem em nulidade absoluta do ato: a realização de audiência sem a presença do defensor do acusado ou a tramitação de um processo em juízo que seja completamente incompetente para julgar a matéria.
Diz-se que nenhum processo será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa, como se lê do artigo 563 do Código de Processo Penal. Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
Ocorre toda vez que for desrespeitada as normas de interesse público ou quando ocorrer desacordo a um determinado princípio constitucional. São vícios que decorrem da violação de uma determinada forma de ato, que visa à proteção de interesse de ordem pública.
Podem ser declaradas em forma de ofício pela autoridade judicial e em qualquer grau de jurisdição, sendo reconhecida a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado e em qualquer grau de jurisdição. O prejuízo sempre existirá para as partes, pois independe da reprovação dos acusados, que poderá ser feita pelo juiz em qualquer fase do processo. Quando houver prejuízo presumido, não precisa de provas pelas partes, o relato sobre o prejuízo é suficiente.
3. Inexistência
Ocorre quando há falta ou ausência de elemento essencial para o ato processual, não há elementos para existir ato jurídico. O ato só pode ser considerado inexistente ou não, se s se o mesmo existe. E se esse existir Como não sabemos se o ato existiu de fato, não há como saber se o prejuízo ocorreu, mas a suposta existência pode levar a prejuízos até que provemos o fato. O vício é gravíssimo (trata-se de um não ato). Deve o ato apenas ser desconsiderado. Ex.: Sentença proferida por quem não é juiz (ato inexistente). Assim, a invalidação de ato inexistente não depende de pronunciamento do Poder Judiciário. Basta desconsiderar o ato que apenas aparenta existir para que se obedeça, então, à lei. Não é possível cogitar a convalidação do ato inexistente, daí por que a falta de arguição oportuna não gera nenhum efeito preclusivo. Não há sequer necessidade de arguição deste tipo de nulidade.
A título de exemplos, possível imaginar os seguintes casos de atos inexistentes: sentença sem qualquer dispositivo legal indicado, uma audiência presidida pelo defensor ao invés de pelo juiz, sentenças e decisões proferidas e assinadas pelo escrivão, não pelo juiz, etc.
4. Nulidades em espécie (art. 564 do CPP)
Este dispositivo não é taxativo. O defeito que ataca o interesse público, mesmo não estando positivado no CPP, é caso de nulidade absoluta. Interpretando o Art. 564, do Código de Processo Penal, compreendemos as hipóteses passiveis de nulidades:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
Neste caso, são colocados três pontos:a incompetência pode ser territorial ou de juízo, e resultam em nulidade relativas. Deve ser arguidas em defesa inicial (resposta à acusação)
Quando tratamos de suspeição ou suborno, existe a nulidade absoluta, que deve ser declarada de ofício, não dependendo de manifestação das partes, e em qualquer tempo do processo.
II- por ilegitimidade das parte;
A ilegitimidade da parte ad causam, ou seja, referente a condição da ação, acarreta em nulidade absoluta. Por exemplo: Nas ações penais de iniciativa pública, em que o Ministério Público é titular do direito, deve haver denúncia. Se houver queixa-crime é caso de nulidade absoluta. Se for o caso de defeito na representação da parte (Ex.: falta de procuração), a nulidade será relativa (sanável, portanto) art. 568, CPP; A ilegitimadade também pode ser ad processum, quando trata-se dos pressupostos processuais, e acarretam nulidade relativa tendo vista que podem ser supridas. Por exemplo: Vítima que oferece queixa-crime sem ter capacidade postulatória.
III- por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a)a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;Não pode existir processo sem denúncia ou queixa-crime. Se não houver de representação para as ações necessárias, há que se falar em nulidade.Normalmente, quando não denuncia ou queixa-crime, a nulidade é absoluta. E se for por falta de representação, a nulidade é relativa.
b)o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; O exame de corpo delito deve ser realizado quando houverem vestígios, se não for: acarrete nulidade absoluta. A ressalva está nos casos em que haja o desaparecimento dos vestígios, quando deve ser suprido pela prova testemunhal.Os crimes que deixam vestígio exigem a realização do exame de corpo de delito (direto). Porém, a falta do exame direto pode ser sanada, por exemplo, por prova testemunhal (exame indireto). A confissão, porém, não pode suprir a falta de exame direto (art.158,CPP); O defeito da inicial ou da representação, a depender da gravidade, também gerará nulidade absoluta. Ex: denuncia que não expõe o fato criminoso com todas as suas circunstância;
c)a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
A parte final do dispositivo esta revogado pelo atual CC, não existe mais curador para réu/indiciado menor. Recorde-se que menor, para o CPP, é o indivíduo quepossui entre 18 e 21 anos. Hoje, completados 18 anos de idade, a pessoa tornasse completamente capaz para os atos da vida civil, dispensando-se, a figura do procurador preconizada pelo CPP.
A ausência de defensor nas demais situações gera nulidade absoluta (vila a ampla defesa). No caso de a defesa ser deficiente, a nulidade é relativa (Súmula 523, STF).Esta hipótese está intimamente ligada ao principio da ampla defesa e acarreta em nulidade absoluta.
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos dá intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; 
Conforme a doutrina, a falta de notificação do MP na ação pública gera nulidade absoluta. Já a falta de notificação do MP na ação privada subsidiária da pública gera nulidade relativa;Associada à indisponibilidade da ação pelo Ministério Público, é causa de nulidade relativa, podendo ser suprida.
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; 
Causa de nulidade absoluta, a não citação do réu só pode ser suprida quando do seu comparecimento espontâneo (aí dá-se a nulidade relativa) Falta ou defeito de citação será, em regra, caso de nulidade absoluta. Porém, tal nulidade poderá, excepcionalmente, ser sanada. Veja o que diz o art. 570, CPP, a esse respeito: “a falta ou nulidade da citação, da intimação ou notificação será sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faço a para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte”. Falta de prazo para às partes: dependendo do caso (da importância do ato) poderá ser absoluta (alegações finais orais) ou relativa (quesitos ou peritos);
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; 
O previsto por este inciso dá causa à nulidade absoluta e dizem respeito ao tribunal do Júri.
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
Esta possibilidade aplica-se a crimes inafiançáveis, em que a presença do réu no júri é obrigatória. Se tratar-se de crime afiançável, só ocorre nulidade se houver intimação do acusado. Intimado o réu solto para a sessão plenária, caso não compareça, o julgamento poderá ser realizado à revelia (independentemente se afiançável ou inafiançável o delito) – art. 457, CPP. Em caso de réu preso, se este não solicitar dispensa, não poderá ser julgado à revelia, §§ 1º e 2º;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; 
A não observância desta pode (ou não) causar prejuízos para uma das partes: tanto por isso, se gerar, deve ser demonstrado. Se provado, será causa de nulidade relativa.
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri; 
A existência desta previsão é para garantir os sete componentes do conselho de sentença no Tribunal do Juri. Causa de nulidade relativa – pode ser suprida. Configura nulidade absoluta. Acrescente-se, porém, que: “Não enseja nulidade a complementação do número regulamentar mínimo de 15 jurados, por suplentes do mesmo tribunal do Júri” (STJ 34357/SP. Dje 19.10.2009 e HC 227.169/SP, 5ª Turma, DJ 11.02.2015);
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; 
Causa de nulidade absoluta pela contaminação dos jurados. Podemos associar ao Principio da Contaminação de Provas.
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
Causam nulidade absolutas no ato.
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
Causa nulidade absoluta.
m) a sentença;
Qualquer vício presente na sentença é capaz de gerar nulidade absoluta.
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
Observamos a previsão do reexame obrigatório. A não observância deste o trânsito em julgado da decisão.
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso; 
Trata-se de nulidade absoluta, mas não é sobre o despacho ou snetenças, a nuilidade recaí sobre as intimações.
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento; 
Sem o número mínimo para o julgamento nos Tribunais Superiores, há nulidade absoluta.
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. 
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948).
Se a formalidade for essencial para o ato, e puder ser suprido acarreta em nulidade relativa. Se não houver como suprir o vício, é causa de nulidade relativa.
O parágrafo único trata de uma nulidade absoluta.
4. A Nulidade e seus princípios
4.1.Princípio do prejuízo (pas de nullité sans grief):“Nenhum ato processual será declarado nulo, se da nulidade não tiver resultado prejuízo para uma das partes” (art. 563 do Código Processual Penal). Este princípio apenas tem valor à nulidade relativa, onde provamos a existência do prejuízo causado por uma das partes.Na nulidade absoluta, onde o prejuízo é presumido, não há necessidade de representação, não aplicamos esse princípio.Para o ato ser declarado nulo, as partes tem que provar que obtiveram prejuízo, deve haver relação da causa entre o ato imperfeito e o prejuízo a outro causado.
4.2. Princípio da Instrumentalidade das formas ou da Economia Processual
No decorrer do processo penal, admite-se que alguns atos, mesmo que tenham sido praticados em desacordo com a referida forma legal, possam ser convalidados, ou seja, não estão sujeitos a decretação de nulidade.
“Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa”. (art. 566 do Código Processual Penal) e “também de ato que, mesmo praticado de forma diversa da qual prevista, atingiu sua finalidade” (art. 572, II). Nesse princípio da instrumentalidade, o instrumento é o processo, que é uma forma de resolvermos pendências de nosso interesse. O processo não pode se tornar nulo, somente por não estar dentro das formalidades jurídicas se este apresentar a verdade ou uma prova. Um ato processual mesmo praticado de maneira diferente do formal será válido se este atingir seu objetivo.
Princípio da conservação dos atos processuais: Preservação dos atos não decisórios nos casos de incompetência do juízo (art. 567, CPP)
Em síntese, o que deve ser preservado é o conteúdo do ato praticado, pouco importando a forma pelo qual se atingiu aquele fim. Por isso, nota-se que esse princípio também está relacionado a economia processual, porquanto o magistrado, ao aproveitar o ato que mesmo defeituoso atingiu a sua finalidade, estará poupando tempo para que o judiciário não refaça o referido ato, tampouco os que derivaram dele.
4.4. Princípio do Interesse
O art. 565 do Código de Processo Penal estabelece o chamado princípio do interesse, aplicável, segundo a doutrina majoritária, tão- somente às nulidades relativas, pois, em se tratando de nulidades absolutas, prevalece o interesse público na sua “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente à formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.” (art. 565 do Código Processual Penal),No princípio do interesse, ninguém pode solicitar a nulidade para benefício próprio. decretação23. Assim, referido dispositivo define que “nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse”. Compreende-se que a parte que deu causa, ou ainda que concorreu para a causa, não poderá vir a alegar a nulidade do ato processual, ante à ausência de interesse para tanto. O projeto de reforma aqui estudado, em redação semelhante,optou por somente acrescentar algo inovador ao estabelecer que, no art. 156, que “nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para a qual tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse, ressalvada a função ‘custus legis´ do Ministério Público”. Assim, mantém-se a lógica de que “trata-se, como se percebe à primeira vista, de disposição relacionada às nulidades relativas, porquanto somente nestas o reconhecimento da invalidade depende de argüição do interessado”, pois na nulidades absolutas “o vício atinge o próprio interesse público, razão pela qual deve ser reconhecido pelo juiz, independentemente de provocação”.
4.3. Princípio da Causalidade ou da Sequencialidade
“A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência”dispõe Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados. § 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência.
No princípio da causalidade, se um ato é dito nulo, caberá ao juiz reconhecer a invalidade dos demais processos ligados a ele ou que dependam, que sejam consequência deste e anulá-los, se esse não tiver atuação na decisão.
Este princípio necessita da declaração judicial e se aplica na nulidade absoluta e relativa.
Subdivide-se de duas formas: as nulidades originárias e as nulidades derivadas.
A nulidade originária trata do vício revelado do magistrado, o que não pode ser considerado causa de anulação dos atos. Já a nulidades derivada, somente será apresentada após o término do processo, quando no desenrolar de outros atos apresentarem uma nulidade ampla que pode ser utilizada nos demais processos.
4.5. Princípio da Convalidação
No que resguarda este princípio, Renato Brasileiro de Lima traduz exatamente o seu significado: A palavra convalidar tem o significado de remover o defeito, remediar a falha, sanear o vício, a fim de que um ato processual inicialmente imperfeito possa ser considerado válido, apto a produzir os efeitos legais inerentes ao ato perfeito.4Permite a convalidação ou ratificação de atos processuais eivados de vícios. Impõe-se a sua expressa previsão legal. Correlato a esta explicação, muitos artigos podem ser citados como exemplo, são eles: art. 572, 573, 568, 569 e 560, todos do Código de Processo Penal. Cumpre transcrevê-los em momento oportuno, de acordo com o desenvolvimento da explicação. No princípio da convalidação um ato não convencional poderá ser útil ou aprimorado, sem aviso prévio. Existem outras formas de convalidação:
· Ratificação: é a forma de sanar um ato nulo em razão da ilegalidade da parte; uma das partes modifica os atos anteriores do processo antes da sentença;
· Suprimento: é a maneira de se convalidar as exclusões frequentes na denúncia,
· Substituição: adota a nulidade de citação e intimação.
Há, ainda, diversas formas de convalidar os atos, a primeira delas está prevista no art. 569 do Código de Processo Penal: Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo tempo, antes da sentença final.46 Constata-se que essa forma de convalidação pode ser chamada de suprimento, visto que as omissões da denúncia e das demais peças acusatórias podem ser supridas a qualquer momento. Isso ocorre pois podem ser feitas até a sentença final, caso contrário, ocorrerá a preclusão, não podendo fazê-las posteriormente.
A segunda forma está disposta no art. 573, caput, in fine: “Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados”. A terceira modalidade está disposta no art. 568 do Código de Processo Penal: “Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais”. É chamada de ratificação e poderá ser a todo tempo sanada, como por exemplo, a queixa-crime oferecida por menor de dezoito anos, que deverá ser sanada com a representação por seu representante legal.
A quarta forma está disposta no art. 573, caput, do Código de Processo Penal, já transcrito acima. É conhecido como renovação ou repetição. Aqui, não há falar em saneamento do ato, ou seja, deve-se repetir o ato, praticá-lo da mesma forma observando as regras legais impostas. A quinta forma está descrita no art. 570 do Código de Processo Penal: Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.49 A sexta forma é a preclusão, já citada acima, porém, faz-se mister realizar mais comentários sobre o assunto. Segundo Renato Brasileiro de Lima a preclusão pode ser subjetiva ou objetiva. 
A primeira é aquela que a parte perde a faculdade processual de arguir a nulidade e a segunda é um ato o qual impede que ocorra a progressão da relação processual para fases anteriores no processo, ou seja, impede que as partes recuem e alcancem o que já foi feito anteriormente50 . A sétima forma é a chamada prolação da sentença, disposta no art. 282, § 2º do Código de Processo Civil. Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados. [...] § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
 Exemplifica-se essa hipótese quando uma testemunha tenha sido ouvida por carta precatória, entretanto, há nulidade em seu depoimento, pois o mesmo não foi realizado de acordo com as bases legais. 
A última hipótese é a coisa julgada, a qual, é entendida como uma causa de saneamento somente para a acusação, haja vista que não há no processo penal revisão criminal pro societate. Dessa forma, mesmo que uma decisão absolutória ou que declare extinta a punibilidade tenha sido prolatada por magistrado incompetente ou suspeito, não há falar em repetição, pois não há no ordenamento jurídico previsão de algum instrumento que possa atacar o referido vício. Para Norberto Avena, o referido princípio atinge somente as nulidades relativas, excluindo dessa forma as absolutas, visto que jamais poderão ser convalidadas, pois são dotadas de vícios insanáveis. Assim, o ato absolutamente nulo jamais poderá ser convalidado. No tocante à impossibilidade de ser reconhecida a mácula após o trânsito em julgado da decisão absolutória, isto não ocorre em face de eventual saneamento da nulidade absoluta. Pelo contrário, esta continua existindo, apenas não sendo viável um pronunciamento judicial declaratório em face da ausência de instrumento jurídico capaz de permitir a desconstituição dessa ordem de decisão.
Entretanto, como citado acima, Norberto Avena defende que não há convalidação para as nulidades absolutas, devido a sua característica fundamental de insanabilidade.
Diz-se, comumente, que os atos nulos, referentes às nulidades absolutas, não se convalidam, pois dizem respeito à matéria de ordem pública, podendo, inclusive, ser declarados nulos a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição e de ofício pela autoridade judicial, sem que haja necessidade de postulação de uma das partes. Então, “a convalidação pela preclusão só se aplica às nulidades relativas. Quanto às absolutas, o juiz pode decretá-las de ofício, a qualquer tempo antes do trânsito em julgado”. Já as nulidades relativas poderão vir a ser convalidadas, caso não sejam argüidas na forma e no prazo do art. 571 do Código de Processo Penal. Todavia, cabe trazer a advertência de Aury Lopes Júnior, haja vista que “o art. 571 ficou seriamente prejudicadopela Lei 11.719, que alterou substancialmente os procedimentos, eliminando a estrutura anterior, das alegações finais escritas dos arts. 406 e 500”.26 No que tange ao projeto de reforma do Código de Processo Penal, estabelece o art. 159 a necessidade de as nulidades relativas serem argüidas: Art. 159. 
As nulidades que dependam de provocação dos interessados deverão ser argüidas até antes do início da audiência de instrução e julgamento, salvo quando posteriores a ela, quando deverão ser objeto de manifestação na primeira oportunidade em que falarem nos autos. Portanto, em se tratando de nulidades relativas, opta, mais uma vez, o Legislador por exigir que sua argüição seja feita em um, ou até um, determinado momento processual, a fim de que não haja sua preclusão, com o conseqüente saneamento do ato processual (conforme art. 572 do Código de Processo Penal)
4.6. Princípio da não Preclusão e do Pronunciamento
O princípio da não preclusão somente é aplicado às nulidades absolutas, pois são reconhecidas através de ofício, dados por magistrados ou pelo tribunal independente de investigação, podendo ainda estar em julgamento. Momentos para arguir as nulidades
Momentos para arguir as nulidades
No que tange às nulidades absolutas, em regra, podem ser arguidas a qualquer tempo. Já as nulidades relativas devem ser arguidas em momento próprio (estabelecido pela lei). Do contrário, não sendo arguidas em ocasião oportuna, serão convalidadas.
Análise do art. 571 do CPP: este dispositivo trata do momento adequado para se arguir uma nulidade. Importante referir que este artigo aplica-se em regra, às nulidades relativas, que são sanáveis, e não as absolutas, que podem ser ventilada a qualquer tempo. Ademais, as nulidades deverão ser arguidas:
I – as da instrução criminal de competência do Júri, dos processos de competência do Juiz singular e dos processos especiais, na fase de alegações finais orais;
II – as do procedimento sumário, no prazo de resposta escrita a acusação, ou se ocorridas após esse prazo, logo depois da abertura da audiência de instrução;
III – as ocorridas após a pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoada as partes;
IV – as ocorrida após a sentença, preliminarmente nas razões de recurso ou logo após anunciado o julgamento do recurso e apregoado as partes;
V – as do julgamento em plenário, em audiência ou sessão do tribunal, ou logo depois de ocorrerem;
VI - Ocorrendo nulidade durante a audiência de julgamento de recurso nos tribunais, deverá ser alegada tão logo ocorra.

Continue navegando