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AULA 7 – ARTRALGIA DANIELA FRANCO CASO CLÍNICO 1 • ID: I. S. B., 14 anos, sexo feminino, natural e residente em Cassilândia-GO, estudante. • QD: Febre, dores nas juntas e “ínguas” há 14 dias. • HPMA: Mãe refere que adolescente, há 14 dias, iniciou quadro de “ínguas” dolorosas sem vermelhidão ou calor local em regiões cervical anterior, bilateralmente, região axilar direita e em regiões inguinais associado à picos febris de 38ºc – 39ºC que ocorriam pela manhã e à tarde. Associado ao quadro apresentava dor nas articulações do joelho esquerdo e cotovelo direito, com calor local e pouco edema, além de dorsalgia de moderada intensidade que prejudicavam a movimentação. • Relata ainda aparecimento de manchas eritematosas, com bordas elevadas e região central esbranquiçada, indolores e não pruriginosas difusas pelo corpo, porém, predominando em tronco, face e membros superiores,medindo inicialmente 1x1cm e evoluíam para cerca 2x2cm. • Há 10 dias refere que se associou ao quadro inapetência, disfagia, além de falta de ar e inchaço na face e membros, progressivos. Menina de 14 anos tem que pensar em doença sistêmica, não é algo localizado, tem íngua, tem febre, mancha no corpo, dor articular, artrite de grandes articulações. Então se tem sintomas de muitos sistemas tem que pensar em doenças sistêmicas. Febre mais adenomegalias generalizadas tem que pensar em: Doença neoplásica: linfoma, vai examinar e se precisar faz biópsia, os outros sintomas podem ser paraneoplásicos. Infecção: pensar em HIV (linfonodomegalia, manchas na pele, dor articular). Isso tudo pode ser viral, pode ter artrite reacional Inflamatórias não infeciosas: pode ser autoimune, artrite (autoanticorpos contra elementos do colágeno), Lúpus (se manifesta de diversas formas, acometimento de diversos sistemas), artrite reumatoide (não é a idade). • Procurou PS em sua região há cerca de 5 dias e não foi atendida devido a idade (sic), alegando não ter pediatria naquele serviço. (tem que atender) • Buscou então atendimento em UBS mais próxima e lhe foi prescrito amoxicilina por via oral. Fez uso desta medicação por 5 dias, porém sem apresentar melhora do quadro interrompeu seu uso. • Há 1 dia, resolveu vir para Rio Preto procurar atendimento, uma vez que a mãe considerava a filha “realmente doente”. ISDA • Refere alimentação pouco diminuída devido a desconforto para deglutição. • Hábito intestinal regular. Diurese pouco diminuída. • Refere queda de cabelo mais importante no período. Desconforto para deglutição será que é monelíase esofágica? Pode ter síndrome de imunodeficiência (HIV ou familiar, pode ser congênita, pediatra cuida até adulto). AP E AF • Nascida de parto normal, a termo (não se lembra de peso ou comprimento e não trouxe cartão da criança) • Nega intercorrências na gestação e no parto. • Vacinação em dia segundo relato da mãe (não apresentou cartão de vacina) • Menarca há 3 semanas. (começou menstruar e o quadro junto) • Refere cerca de 5 internações prévias. • Há 2 anos esteve internada em investigação para Síndrome de Evans, na ocasião apresentou púrpura trombocitopênica idiopática associada à anemia hemolítica autoimune e esplenomegalia. Recebeu terapêutica com corticoterapia. • Há 1 ano foi internada por quadro semelhante ao atual (febre, adenite, manchas na pele e artralgia em punhos, cotovelos e quadril à direita) melhorando após uso de antibioticoterapia. (Será que melhorou por causa do antibiótico ou já ia melhorar de qualquer maneira?) • Nega trauma, alergias, cirurgias prévias e uso de medicações. Anemia hemolítica autoimune: tem que fazer exame de coombs direto tem que saber se tem anticorpo colado na hemácia. Além disso, tem plaquetas baixas com púrpuras, é idiopático por que não conseguimos dosar. Será que o baço ta consumindo as plaquetas ou realemnte é plaqueta baixa. Isso tudo da o nome de Síndrome de Evans. Está com cara de autoimune, mas vamos excluir, pede sorologia para HIV, biópsia do linfonodo (mas antes pede exames menos invasivos). AF: • Pai saudável. Família do pai com histórico de câncer (de mama e útero em tias, sem relação com outros cânceres) e também de diabetes mellitus. • Mãe saudável. • Irmãos: quatro irmãs por parte de pai saudáveis (27 anos, 21 anos, 18 anos e 11 anos) e três irmãs por parte de mãe saudáveis (16 anos, duas gêmeas de 11 anos). Hábitos de vida: • Reside em casa de alvenaria, sem mofo e sem forro no teto, com saneamento básico completo (apenas água encanada). • Possui animal doméstico (gato) em casa. Doença da ranhadura do gato (mas não causa artrite) • Alimentação: equilibrada. • Frequenta escola com bom rendimento escolar. Está cursando o 9ºano. EXAME FÍSICO Sinais vitais e antropométricos: PA: 110x70mmHg FC:98bpm FR:24irpm SatO2:92% em ar ambiente Glic. capilar: 89mg/dL Peso:43,3Kg Alt: 1,64m Tax:38,8oC EF: • G: Bom estado geral, nutrida, descorada (++/4+), hidratada, acianótica, anictérica, ativa, reativa, taquipneica, febril. Linfonodos cervicais, axilares e inguinais palpávies, maiores c/ ~ 2 cm, fibroelásticos, não aderidos, dolorosos (Tem característica inflamatória não maligna). • OROFARINGE: sem hiperemia com ausência de placas purulentas ou úlceras orais • AR: Murmúrio vesicular presente bilateralmente, porém reduzido em bases, sem ruídos adventícios. Tinha que percutir e testar pectoriloquia • ACV: ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas hipofonéticas (Em uma menina magra é preocupante), sem sopros. • Abdome: plano, flácido, indolor, sem visceromegalias, sem sinais de irritação peritoneal. • PELE: presença de lesões palpáveis de cerca de 2x2cm, eritematosas, com região central empalidecida, não dolorosas ou pruriginosas, localizadas em tronco, face, MMSS e poucas em MMII. Não desaparecem a digitopressão. • EXTREMIDADES: bem perfundidas e com edema (+/4+), calor local e dor à mobilização de cotovelo direito e joelho esquerdo. Tem artrite (procura sinal da tecla, palpa patela se parecer que flutua significa que tem líquido sinovial passível de punção) • NEUROLÓGICO: GCS:15, vigil, consciente, orientada, sem déficits neurológicos localizatórios, ausência de sinais meníngeos. Não parece fungo, normalmente o fungo não causa tanto eritema ao redor. HIPÓTESE Primeira hipótese é Doença inflamatória autoimune, em segundo linfoma, terceiro infeciosas (HIV, HB e C, sífilis secundária). Pode ter artrite (mas lesões de pele foge um pouco dessa hipótese). Pode ter febre reumática, tem que fazer exame de ASLO (anticorpo anti streptolisina do grupo O, primeiro tem infecção de faringe), pode tentar dosar o anticorpo. QUEIXAS MUSCULOESQUELÉTICAS Maior parte das doenças muscoesquelética tem caráter autoimune. Monoartrite pode ser séptica com infecção surgiu na ponta dos dedos dos pés, deixa muitas sequelas, tem que começar tratar logo. Artrite gonocócica quando sofreu abuso e jovem está com artrite. O mais comum é o mais simples. QUANDO PUNCIONA ARTICULAÇÃO? Não punciona pequenas articulações, e precisa ter dúvida do diagnóstico. Ou se tem dúvida se está infecionado. Quando tem hemartrose a punção alivia muito a dor. Contra indicação: coagulopatias, infecção locais ou sistêmicas (cuidado com celulites). Para aplicação de drogas intra-articulares: suspeita ou articulação séptica, fratura intra-articular, instabilidade da articulação, múltiplas injeções prévias de esteróides. Análise do líquido sinovial: ➢ O normal é transparente, claro e viscoso, quantidade 1ml (> que isso é derrame articular), ácido hialurônico aumenta a viscosidade, e sem elementos de coagulação. ➢ Pede citológico e bioquímico ➢ Se for artrite séptica normalmente tem > 100.000 leucócitos,quando é não infecioso fica em torno a 200. ➢ Bioquímico: pede glicose, se tiver tem bactéria. A glicemia é próxima. Proteína aumentada em processos inflamatórios. DHL Se for gota, artrite infeciosa ou reumatóide também eleva. Pode ser derrame articular traumático pode juntar um pouco de líquido, agora quando começa a ficar quente e doloroso aí pensamos em infeccioso. Existe artrite tuberculosa: pede ADA. Tem derrame tem hemorragia? se não olha contagem de células > 2000 é inflamatório. Em questão de frequência de dores musculoesquelética o mais comum é mais benigno. O trauma é a causa mais comum, lombalgia (associada a esforço). A partir de uma certa idade pode ser fibromialgia. Artrite por gota é mais comum, vê mais em homem, mulher mais difícil. Quando a poliartrite acomete pés e mãos precisamos analisar muito bem, dependendo da localização vamos pensar em doenças mais específcas. EXAMES Podemos pedir ultrassom: vê o tamanho se da para puncionar ou não. No joelho tem o cisto de Beyker, que é uma bolinha da capsula sinovial fica cheio de líquido é benigno, mas provoca incomodo, o USG consegue diagnosticar. Quando atinge o osso pode ter uma osteomielite. Quando se da na coluna pode chamar de espondilodiscite quando. A tomografia não ajuda muito, usa mais ressonância para diagnóstico de osteomielite. Cintilografia: osteomielite e espondilite. Tuberculose óssea na coluna Diagnóstico diferencial: muitas opções. VOLTANDO AO CASO Tem anemia normocítica normocromica. Medula responde. Não tem leucopenia, tem neutrofilia relativa discreta, não tem blastos (menos provável linfoma ou leucemia) K+ um pouco alto. Creatinina alta para o tamanho e idade dela (pode ter insuficiência renal). PCR alto tem inflamação. DHL alto parece que tem algum componente hemolítico da anemia (pode ser autoimune, pede coombs). O coombs direto veio + tem autoanticorpos nas hemácias (indireto seria contra hemácias de outras pessoas). Indireto negativo (ou seja, ela não tem anticorpos contra anticorpos de outras pessoas só dela mesmo) Gama GT aumenta por qualquer causa, pode ser medicamentoso. A fosfatase alcalina não é exclusiva das vias biliares, tem óssea e placentária. Bilirrubina discretamente aumentada, indireta, aquela que ainda está para ser conjugada, o fígado não está dando conta de conjugar. Tem acidose metabólica associada a alcalose respiratória. O pH está muito baixo para bicarbonato não tão baixo. Tem disfunção renal. CPK está alta, pode ser do coração e do musculo (miosite). Colesterol alto e trigliceres altíssimo demais, ela é muito magra para esses valores. Pensar em síndrome nefrótica (pedir proteína total e frações para ver albumina e exame de urina para ver se tem proteinúria). Síndrome nefrônica: precisa proteinúria, hipoalbuminpuria, edema de membro inferior (principalmente criança e adolescente), e hipertrigliceremia (dislipidemia). Tem microalbuminúria (não é tão importante); >300 é macro. Parece que não fecha diagnóstico para síndrome nefrótica. Tem hematúria e dismorfismo eritrocifário: hemácias estão vindo do glomérulo, tem glomérulopatia, pode ser glomerulonefrite autoimune. ECG: complexos QRS muito pequenos, FC 100- 150. Para uma pessoa muito magra o complexo QRS está muito pequeno. Pode ter algo que está entre musculatura cardíaca e eletrodo, como por exemplo derrame pericárdio RAIO X: Tem derrame pleural bilateral. É uma mama muito densa da uma borrada, mas nem tanto, é derrame. Não vemos seio costofrênico. TC: deitou e o líquido escorreu, então tem derrame pleural bilateral mais derrame pericárdico pequeno para moderado. • TC de tórax: presença de linfonodos nas regiões axilares, mais evidente à direita. Derrame pleural bilateral de moderada quantidade. Derrame pericárdico moderado. Sem outras alterações. • TC de abdome: Aspecto tomográfico normal. • TC de crânio: Aspecto tomográfico normal. • Ecocardiograma: derrame pericárdico moderado, sem repercussão hemodinâmica, com função cardíaca normal. EVOLUÇÃO • Na admissão foi firmada a hipótese diagnóstica de adenite e iniciado ampicilina / sulbactam que usou por 12 dias e, posteriormente, foi substituída por amoxicilina + clavulanato por mais 7 dias totalizando 19 dias de antibioticoterapia. • Entretanto, durante internação, adolescente evoluía com persistência do quadro, sem melhora clínica com a terapêutica instituída. Passou a apresentar variação do aspecto das lesões de pele, que se tornaram mais hiperemiadas, algumas adquiriram aspecto violáceo, com piora das lesões na vigência de febre. Apresentava ainda oscilação de tamanho das linfonodomegalias relatadas e presença de fenômeno de Raynaud. FENÔMENO DE RAYNAUD É vasoativo no qual acontece vasoconstrição, principalmente exposto ao frio, paciente fica com a mão branca, depois fica azulada e tem vasodilatação reflexa e fica muito vermelho. Existe fenômeno de Raynaud primário (associado a doença de Raynaud), é comum, não tem FAN + (fator anti lúpico), não é associado a doença reumatoide. O secundário (outras doenças) é raro, tem FAN +, associado a doenças reumatoides. Todas doenças reumatológicas, endocrinopatias que podem causas esse fenômeno. EVOLUÇÃO No 25º dia de internação, a menor apresentou uma crise de ansiedade e evoluiu com alteração notória do seu humor basal, tornando-se introspectiva, pouco comunicativa e passou a se negar a comer e ingerir os medicamentos propostos, sem nenhuma explicação. No 28º dia apresentou um episódio convulsivo. Realizado TC de crânio após o quadro, cujo laudo não mostrou anormalidades. Evoluiu ainda com surgimento de úlceras aftóides orais, eritema malar e perda ponderal progressiva de cerca de 4 kg no período. Além disso teve piora progressiva da função renal, com leucocitúria e hematúria dismórfica. OBS: autoanticporpo pode se lidar a parede de vasos e provocar vasculite, que elva a encefalite que leva a convulsão. Poderiamos ter pedido provas reumatológicas: FAN, e se for positivo pede outros marcadores. SOROLOGIAS: - VDRL (Venereal Disease Research Laboratory): reagente (sífilis). É não treponemico vê autoanticorpos, nem só sífilis que dá positivo, tem que pedir um treponemico agora. Muitas doenças reumatológicas dão VDRL positivo. - FTA-ABS (fluorescent treponemal antibody absorption): negativo - CMV IgG positivo e IgM negativo (já teve) - Toxo IgG positivo e IgM negativo (já teve toxo) - HIV: Não reagente - Anti-HBs: positivo (foi vacinada), Anti-HBc: negativo, Anti- HBe: negativo - Anti-HCV IgM: negativo IMUNOGLOBULINAS: normalmente pede se for congênito - IgA 196 (70 a 400) - IgE 258 (<200) - IgG 2220 (700-1600) um pouco aumentado (contra qualquer doença) - IgM 99,8 (40 a 230) AUTO ANTICORPOS (PROVAS REUMATOLÓGICAS): Todos feitos por testes de ELISA. FAN (Fator Anti-Nuclear): núcleo reagente, nucléolo negativo, citoplasma negativo, aparelho mitótico negativo, placa metafásica negativo, título: 1/640. Se FAN der positivo começa a diluir ½, ¼, 1/8 ... e vai diluindo seriado até que consiga a maior diluição com detecção de anticorpo. É um exame de título. FAN positivo em paciente sem queixa ou inespecífico 1/80 pode ser considerado FAN negativo. Até 1/80 tem que ter quadro clínico muito típico. Pega o soro do paciente e coloca numa cultura de células e vai ver se no soro do paciente tem anticorpos que reconhecem elementos nucleares das células da cultura. Pode formar anticorpos por diferentes partes das células que estão na cultura: podendo ser núcleo, nucléolo.. Quanto menor o título (diluição) mais vezes dilui, ou seja, mais positivo é esse teste. Fator reumatoide: negativo(placas de ELISA) - Anti-DNA nativo: negativo - Anti-Histona: negativo -Anti-cardiolipina - IgG: negativo e IgM: positivo - Anti-coagulante lúpico: positivo - Anti-Beta 2 glicoproteína I – IgG: neg e IgM: positivo OBS: normalmente começamos a fazer triagem com FAN e se esse vier positivo fazemos por outros anticorpos (esses dizem qual doença tem). Se vier FAN + podemos pedir ENA (que vai direcionar mais para doença Painel ENA (Antígenos Nucleares Extraíveis) - Anti RO: não reagente - Anti-LA: não reagente - Anti-SM: reagente - Anti RNP: reagente - Anti-P: reagent Começa pedindo FAN aí se der postivo vai pedindo os outros, pois vai especificando e diz qual doença reumatológica tem. Não é pra decorar isso. Paciente com sintomas + FAN positivo, vê o padrão: • Padrão difuso: tem Anti-DNA nativo e Anti-Histona, e tem correlação clínica com lupus. Se for so com o desoxi.. é doença nenhuma é inespecífico. NÃO DECORA ISSO BIÓPSIA • Exame Macroscópico: 1. Linfonodo axilar recebido 01 fragmento nodular de tecido pardo e elástico medindo 4,0 x 2,4 x 1,7 cm. Aos cortes a superfície é pardo clara com áreas nodulares brancacentas amareladas. 2. Segmento fusiforme recoberto por pele parda elástica medindo 1,5 x 0,5 x 0,5 cm. • Exame Microscópico: 1. Os cortes histológicos revelam fragmentos de linfonodo com arquitetura parcialmente desorganizada às custas de extensas áreas necróticas com debris celulares e associadas a denso infiltrado inflamatório rico em histiócitos e esparsso neutrófilos. Presença de pequenos vasos intersticiais com parede parcialmente necróticas e com frequentes microtrombos de fibrina. Observa-se intenso espessamento da cápsula nodal associado a moderado infiltrado inflamatório misto e depósito de fibrina. A coloração especial Warthin- Starling resultou negativa para pesquisa de microorganismos (espiroquetas) 2. Os cortes histológicos revelam fragmentos de pele exibindo leve a moderado infiltrado inflamatório perivascular superficial e profundo constituído principalmente por pequenos linfócitos que, por vezes infiltram a junção dermo-epidérmica (atividade de interface). A epiderme exibe discreta acantose e vacuolização da camada basal. À coloração pelo PAS observa-se moderado espessamento da membrana basal. • Diagnóstico: 1. Linfadenite necrotizante rica em histiócitos e esparsos neutrófilos. Presença de vasculite de pequenos vasos. 2. Dermatite crônica perivascular superficial e profunda com atividade de interface e espessamento da membrana basal *Nota: As alterações histopatológicas observadas na pele e no linfonodo, aliadas aos achados clínicos e laboratoriais correspondem aos achados morfológicos associados ao lúpus eritematoso sistêmico Quem fecha diagnóstico de lúpus precisa dos critérios diagnósticas. Realizado contato com a reumatologia pediátrica que orientou a instituição de pulsoterapia com metilprednisolona (corticoidde) (30mg/kg – máximo 1g/dia) e ciclofosfamida (anti proliferação celular), iniciado naquele momento. Realizado concomitantemente o albendazol 400mg por 3 dias (profilaxia de estrongiloidíase) e solicitado consulta com a oftalmologia para realização de fundoscopia. Toda vez que imunossuprime alguém tem que fazer estrogiloidíase. *Fundoscopia: sem uveíte anterior. Ceratite em 1/3 inferior de olho E. Pólos posteriores normais. Apresentou melhora do quadro neurológico após terapêutica instituída. Entretanto, paciente seguiu com padrão de piora da artralgia que passou a acometer também as articulações interfalangianas distais e proximais, metacarpo- falangianas, punhos, cotovelos, ombros, quadril, tornozelos e dedos dós pés. Foi transferida para serviço de reumatologia pediátrica do HB para dar seguimento ao tratamento com pulsoterapia. Paciente tem diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico com atividades: • Cutânea (ela tinha lesão de pele) • Hematológica (tem anemia) • Renal (insuficiência renal) • Articular (artrite) • Serosite • Neuro-psiquátrica teve (convulsão) • FAN + Tratamento: • Pulsoterapia - Metilprednisolona D5/5 - Ciclofosfamida • Hidroxicloroquina 400mg 2ª a 6ª feira • Prednisona 60mg/dia • Carbonato de cálcio (corticoide causa descalcificação) • Omeprazol (corticoide ataca estomago, gastrite) • Nistatina oral (o corticoide pode piorar a esfogite) • No D5 de pulsoterapia com metilprednisolona paciente evoluiu com hipotensão e bradicardia que respondeu à administração de fase rápida. • Realizado ECG cujo laudo mostrou ritmo de bradicardia sinusal leve; FC: 53bpm em DII (oscila entre 45 e 60 bpm) Sem alterações morfológicas; PR normal e QT normal. Conclusão: Arritmia sinusal respiratória com bradicardia sinusal leve. • Após 36 dias de internação paciente recebe alta hospitalar com melhora clínica significativa com o tratamento empregado com orientações e programação de acompanhamento pela reumatologia. • ECTOSCOPIA: Paciente em bom estado geral, ativa, comunicativa, caquética, hipocorada (+/4+), hidratada anictérica, acianótica, afebril. • PESO: 39Kg • PELE: melhora importante das lesões em membros e tronco, praticamente ausentes em face. • Microadenopatia cervical e inguinal • Oroscopia: melhora das úlceras orais, permanecendo ainda algumas esparsas em assoalho da língua. • ACV: Ritmo cardíaco regular em 2T, bulhas normofonéticas, sem sopros. FC=72bpm (deitada) • AR: murmúrio vesicular fisiológico presente bilateralmente, sem ruídos. FR=20irpm, SatO2=99% • Abdome: plano, normotenso, sem VMG. Leve dor à palpação profunda em fossa ilíaca esquerda. • Extremidades: perfusão preservada, sem edemas, ausência de fenômeno de Raynaud. OBS: Tem que usar bloqueador solar. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Doença auto-imune inflamatória multissistêmica crônica de causa desconhecida. Se da pela formação de autoanticorpos que vão reconhecer principalmente colágeno e forma deposição de imunocomplexos. PRINCIPAIS ALVOS É uma doença que se dá de forma bimodal, ou aparece muito precoce (adolescente, logo após menarca 15 – 45 anos) ou então é desenvolvimento tardio (>60 anos). Idade média de morte é 26 anos com prevalência em mulheres 9:1, e uma incidência maior em negros 1:200 e afrodescendentes. PATOGÊNESE Desenvolve lúpus por fatores genéticos HLA 1 e 2 (mais associado). Indivíduo começa a produzir IgG contra elementos do próprio corpo. Essa perca da tolerância pode ser por fatores ambientais que desencadeiam ou exposição a raios ultravioleta. Isso leva a deposição de imunocomplexos patogênicos. O fato de ter muito mais mulheres acometidas do que homens faz a gente pensar em associação com o estrógeno. Tem uma hiper-reatividade de linfóticos B e T reconhecendo os antígenos + disfunção de linfócitos T + redução do clearance de imuno complexos. Normalmente temos um processo de limpeza desses IC, mas nesses pacientes essa limpeza não é eficiente. Esses IC (normalmente epítopos de colágeno) se depositam em vasos, articulações e induz a ação dos autoanticorpos, que leva a processo inflamatório, chama macrófago libera citocinas e tem a inflamação do tecido. Se for no glomérulo pode provocar glomerulonefrite lúpica, ascite, sinovite. Depois da apoptose o material genético sobre por ali, ai o sistema imune acaba reconhecendo como estranho fazendo fagocitose e produz anticorpos contra aquela material e vai induzir resposta imune e gera a reação inflamatória. MANIFESTAÇÃO • Muito variada. Apresentações leves a fulminantes • Na maioria dos casos, ocorrem crises (atividade e remissão) • Sintomas constitucionais são comuns (fadiga, febre, perda ponderal...) OBS: O conjuntoparticular de acometimentos de determinado paciente tende a aparecer nas primeiros 5 anos de doença. Se tiver que ter sintomas é nos primeiros cinco anos. MUCOCUTÊNEAS - Eritema malar - Lesões discóides - Lupús cutâneo subagudo - Fotossensibilidade - Lesões mucosas: orais/nasofaríngeas - Outras: lúpus bolhoso, lúpus profundo, paniculites, eritema nodoso, eritema pérnio. Se o eritema não for tratado começa a aparecer Melasma. Acometimento de mucosa oral. Livedo reticuladofixo que é por causa da vasculite do lúpus. ARTICULARES - Poliartrite intermitente – grandes/pequenas - Artropatia de Jaccoud - Osteonecrose asséptica (ossos longos, fêmur) - Miosites: fraqueza muscular, aumento de CPK Os principais autoanticorpos são contra Antígenos nucleares Formação de IC Depósito na pele, sinóvia, glomérulos, serosas, ... Artropatia de Jaccoud: deformidade. Quando faz raio x não tem lesão óssea é mais inflamação articular e encurtamento de tendão, mas sem deformidade óssea. RENAIS: dificilmente vai se manifestar sozinha - Síndromes nefríticas (HAS, hematúria e disfunção renal) ou nefróticas (edema, hipoalbuminemia, proteinúria e dislipidemia) - Edema, hematúria, proteinúria, hipertensão arterial, oligúria, perda de função renal. - Associam-se à presença de anti-ds-DNA - Formas mesangiais: mais brandas - Formas proliferativas: mais agressivas – pior prognóstico em termos de IRC dialítica. HEMATOLÓGICAS - Anemia da doença crônica - Anemia hemolítica (autoimune) - Leucopenia e linfopenia - Plaquetopenia PSÍQUICO - Disfunção cognitiva leve - Alterações da personalidade - Depressão. Demência - Psicose Lúpica OBS: tem associação com a presença do anticorpo anti- fosfolípide (SAAF) NEUROLÓGICO - Cefaléia. Convulsões - AVE isquêmico ou hemorrágico - Neuropatia periférica - Mielite transversa. Meningite asséptica PULMONARES - Serosite pleural (derrame pleural) - Hipertensão pulmonar - Hemorragia alveolar - Pneumonites agudas e crônicas (fibrose) - Bronquiolite obliterante (BOOP) VASCULARES - Aterosclerose acelerada - Risco aumentado p/ doenças cardiovasculares - Eventos trombóticos (antifosfolípides) CARDÍACAS - Pericardites - Miocardites - Endocardite de Libman-Sacks (asséptica), não é deposição de microorganismos e sim imunocomplexos. A manifestação de lúpus é muito abrangente pode ter muitos sintomas. Acometimento multisistemico CLASSIFICAÇÃO DO LÚPUS 1-Idiopático · Discóide (cutâneo crônico) · Cutâneo subagudo · Sistêmico · Sistêmico de início tardio · Neonatal 2- Sistêmico induzido por medicamento NÃO TEM QUE DECORAR ISSO LUPUIS DISCOIDE (CUTÂNEO CRÔNICO) > 90 % dos casos permanece limitado a pele. ANA (Anticorpo Anti-Nuclear): positivo LE: CUTÂNEO SUBAGUDO: 10 % dos pacientes. ANA negativo. Acentuada fotossensibilidade. Lesões podem ser semelhantes às da psoríase/ eritema polimorfo. Raro acometimento renal e SN LES INÍCIO TARDIO: Início após 50 anos. 15 % dos casos. Raro acometimento renal e de sisterma nervoso LE INDUZIDO POR MEDICAMENTO: Raramente duram mais de 6 meses com a suspensão do medicamento. Raro acometimento renal e SN. ANA positivo / Anti-Histona. Drogas implicadas: hidralazina, procainamida, clorpromazina, isoniazida, penicilamina, fenitoína, metildopa, infliximab... SERÁ QUE É LÚPUS MESMO? O LES é uma doença que apresenta inúmeros diagnósticos diferenciais dependendo da extensão e gravidade do acometimento sistêmico. FAN > 1/80, se sim procura critperios aditivos que são os sintomas (febre, trombocitopenia, anemia hemolítico, delírium, psicócia, alopecia, ulcera oral, derrame pelural ou pericárdio, musculo esquelético, proteinúria entre outros). Se a pontuação for maior que 10 é lúpus. A biópsia renal sozinha pode definir o diagnóstico de lúpus (vai ver anticorpos C1Q que é um tipo de imunocomplexo) QUAIS AUTO-ANTICORPOS PEQUISAR? • FAN (Fator Anti-Nuclear) - não é um anticorpo e sim um teste que evidencia um ou mais anticorpos contra componentes celulares. Positivo em 95-100% dos casos. Alta sensibilidade, baixa especificidade. Alto valor preditivo negativo, baixo valor preditivo positivo. Resultados expressos em títulos (diluições) e padrões (pontilhado fino, grosso, distribuição nuclear, citoplasmática, etc...) • Anti-DNA nativo (dupla-hélice) - Frequência: 75%. Especificidade: ++++. Forte associação com nefrite lúpica. • Anti-DNA denaturado (hélice simples) - Frequência: 90%. Especificidade: -. Pouco específico, ocorrendo em outras desordens reumatológicas. • Anti-histonas - Frequência: 60%. Especificidade: +. Característico do LES induzido por drogas. • Anticardiolipina - Frequência: 20%. Especificidade: -. Associado à sindrome do anticorpo antifosfolipídio (SAAF) relacionada a eventos trombóticos. Painel ENA (Antígenos Nucleares Extraíveis): ▪ Anti-SSA (RO) - Frequência: 30%. Especificidade: +. Característico da síndrome de Sjögren. Está relacionado ao lúpus neonatal, ao bloqueio cardíaco congênito, à plaquetopenia, ao rash por fotossensibilidade, ao lúpus cutâneo subagudo e ao lúpus FAN negativo. ▪ Anti-SSB (LA) - Frequência: 10%. Especificidade: +. Característico da síndrome de Sjögren. ▪ Anti-SM - Frequência: 30%. Especificidade: ++++. Considerado o mais específico para LES. ▪ Anti-RNP - Frequência: 30%. Especificidade: +. Característico da doença mista do tecido conjuntivo e relacionado à ocorrência do fenômeno de Raynaud. ▪ Anti-P - Frequência: 10%. Especificidade: ++++. Associado às manifestações neuropsiquiatricas (psicose lúpica, p.ex.) TRATAMENTO MEDIDAS GERAIS: Boa relação Médico-paciente. Educação sobre a doença. Nutrição balanceada. Atividades de lazer. Protetor solar FPS 15 ou superior. Evitar sol das 10 – 16h. Uso de corticóide/ diabetes / hipertensão / descalcificação óssea TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: • Prednisona é utilizada na dose inicial de 0,5 a 2 mg/Kg/dia (em caso de impossibilidade – substituir por Hidrocortisona ou metilprednisolona) • Tópico →Hidrocortisona a 1%, são aplicados 1 a 3 vezes ao dia • Hidroxicloroquina < 7mg/kg (máx. 200mg/dia) → avaliações oftálmicas regulares, incluindo a visão de cor e testes de campo visual. • AINES (crises de artrite – atenção para a função renal) • Nos casos em que não há resposta aos corticóides e antimaláricos as medicações mais utilizadas são: ciclofosfamida, metotrexate, azatioprina, micofenolato mofetil, ciclosporina, talidomida, dapsona, rituximabe (anti-CD20), entre outros.
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