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Sabrina Feitosa de Sousa Estágio em Processos Grupais|UDF A depressão caracteriza-se por alterações fisiológicas e psicopatológicas, mas difere em relação à sintomatologia, gravidade, curso e prognóstico (LIMA et a., 2016; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Martins (2016; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020) explica que, conforme a velhice avança, um ciclo vicioso é instalado na vida do sujeito idoso: perde autonomia, pois tem menos oportunidade de emprego, em consequência tem menos dinheiro; passa a consumir menos por falta de recursos financeiros, ao passo que necessita gastar mais com remédios porque fica mais doente e não possui recursos financeiros para investir na saúde. É esse ciclo que tira a graça do viver e instala o sobreviver. A velhice pode ser ainda mais difícil, caso o idoso precise ser institucionalizado, sendo obrigado a conviver com uma nova condição de vida à qual não estava acostumado (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Assim, “o isolamento, a distância dos familiares, a convivência com estranhos e a dependência são fatores que contribuem para o desenvolvimento desse estado emocional” melancólico (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). A perda de qualidade de vida também se constitui um fator para o desenvolvimento de depressão. Isso porque a qualidade de vida do idoso institucionalizado tende a ser menor pois ele perde autonomia e pode ter dificuldades de adaptação à nova dinâmica de vida (MELO, 2018; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). É comum que os idosos se sintam mal ao envelhecer. Consoante Soares (et al., 2015; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020), isso se dá porque o idoso pode está se vendo como jovem em seu interior, mas percebendo as mudanças físicas. Naturalmente, o ser humano vai perdendo suas forças conforme se torna um idoso. Essa fraqueza, na velhice, pode dificultar tarefas simples, como limpar a casa, passar café, fazer comida, entre outras tarefas do dia a dia. Nesse sentido, o idoso perde sua autonomia e pode se sentir triste por isso, e, talvez, chegue ao quadro depressivo (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Entretanto, os sintomas depressivos nem sempre dizem respeito à um quadro clínico de depressão. É comum que se confunda mudanças naturais do envelhecer com sintomas depressivos (NÓBREGA et al., 2015; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Assim, é “normal” a vida do idoso se tornar mais melancólica, dependendo das circunstâncias em que vive. Portanto, é preciso saber diferenciar tristeza da depressão (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Fonte: adaptado de Lima (et al., 2016; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020) e Papini Junior (2018; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Diversos motivos podem desencadear a depressão. Um deles é a aposentadoria que simboliza, na nossa sociedade, o fim da vida útil para o capitalismo, a perca da interação com os colegas profissionais, o fim da realização profissional, dificuldades financeiras, mudanças e limitações físicas, bem como pode desencadear sentimentos de solidão (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Martins (2016; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020) afirma que a depressão tem a maior taxa de mortalidade entre os idosos, bem como tem o diagnóstico mais difícil, visto que alguns sintomas do envelhecimento se assemelham à depressão. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é o distúrbio psiquiátrico mais comum entre os idosos, sendo mais forte na faixa etária de 70 a 74 anos e mais presente me idosos institucionalizados (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Outros fatores de risco para depressão são a solidão, ansiedade crônica, gênero feminino, presença de patologias cerebrovasculares e abandono por longo prazo, situações comuns em instituições de longa permanência (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE/OMS, 2016; como citados em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). A concepção de instituição de longa permanência (ILPIs) não é a mesma em todos os países (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Nos países do hemisfério sul, as ILPIs são vistas como um lugar em que o idoso é deixado lá até a morte em Tristeza sentimentos de perdas; desilusões; autoestima preservada; não é patológica. Depressão Apatia; baixa autoestima; desesperança; indiferença; desequilíbrio; emocional intenso; tristeza permanente; pensamento suicida; patológica. VS Sabrina Feitosa de Sousa Estágio em Processos Grupais|UDF isolamento, sua internação pode se dá por várias razões (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). O aumento da longevidade que aumenta o número de idosos, o distanciamento social promovido pelas tecnologias, os problemas financeiros e o envelhecimento solitário são alguns motivos para o maior interesse em ILPIs nos dias de hoje (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Kanso (2016; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020) define as ILPIs como “residências coletivas que oferecem cuidado e algum tipo de serviço a saúde, podem ser caráter governamental ou não governamental e abrigam pessoas com idade igual ou superior a 60 anos”. A Anvisa, na Resolução n° 283, de 26/06/2005, define três graus de dependência: 1. independente; 2. dependência em até três atividades de autocuidado; ou 3. dependente Essa mesma resolução define também o número de cuidadores para cada idoso: • 1 cuidador para cada 20 residentes no turno para pessoas do grau de dependência 1; • 1 cuidador para cada 10 residentes no turno de grau dependência 2; e • 1 cuidador para cada 6 residentes no turno de grau de dependência 3 (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). “A ILPI deve: assegurar os direitos dos idosos inclusive o respeito à liberdade de credo e de ir e vir (exceto em casos de restrição definida no Plano de Atenção à Saúde); preservar a identidade e a privacidade do idoso; garantir um ambiente de respeito, dignidade e acolhimento; viabilizar a convivência dos residentes, independente de sexo ou grau de dependência; incluir os idosos nas atividades desenvolvidas pela comunidade local; apoiar a realização de atividades que envolvam pessoas de outras gerações; estimular a autonomia do idoso por meio das atividades desenvolvidas; estimular e provocar a participação da família e da comunidade na atenção ao idoso residente; desenvolver atividades de lazer sejam por meio de atividades físicas, recreativas e/ou culturais; desenvolver atividades e rotinas inclusivas e preventivas sobre tipo de violência e discriminação contra pessoas nela residentes. (ANVISA, 2005; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). O art. 49 do Estatuto do Idoso ordena que as ILPIs devem preservar os vínculos familiares, atender aos idosos de forma personalizada e em pequenos grupos, evitar ao máximo transferir o idoso de instituição, manter o idoso inserido nas atividades comunitárias internas e externas, preservar a identidade e dignidade do idoso (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Mesmo atendendo a todas exigências, os trabalhadores de ILPIs ainda enfrentam dificuldades para oferecer qualidade de vida para os idosos, como a perda do convívio com familiares, saída do ambiente em que estava acostumado a viver, isolamento social pois muitos ficam esquecidos pela família e amigos, criar e até mesmo depender de pessoas que lhe são estranhas. Tudo isso pode contribuir para a instalação da depressão que, quando não tratada, pode chegar à demência (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Cabe destacar que envelhecer é resultado de toda uma vida vivida. Para alguns envelhecer fará sentido, enquanto para outros envelhecer só trará mais sofrimento (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Nesse sentido, a institucionalização em si não significa menor qualidade de vida, visto que o envelhecer é um reflexo de um estilo de vida na fase infantil, adolescente e adulta (SIMEÃO, 2018; como citado em OLIVEIRA; GONÇALVES, 2020). Referências Larissa de Oliveira, & Jonas Rodrigo Gonçalves. (2020). DEPRESSÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA.Revista JRG de estudos acadêmicos, 3(6), 110–122. https://doi.org/10.5281/zenodo.3890626. Veja Também: Qualidade de Vida e Desigualdade na Velhice https://doi.org/10.5281/zenodo.3890626
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