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Introdução As análises genéticas são as mais fidedignas para a classificação dos seres vivos. Ela baseia-se na análise dos RNAs ribossômicos e divide os seres vivos em três grandes grupos: Bacteria; Archaea: Arqueobactérias - Bactérias que sobrevivem em condições extremas; Eukarya. As células eucarióticas possuem organelas membranosas, enquanto as células procarióticas possuem seu DNA disperso no citoplasma; não delimitado por uma membrana nuclear. As bactérias que coram-se em roxo são denominadas gram-positivas e as bactérias que coram-se em rosa são conhecidas como gram- negativas. O gram, além de ser uma técnica de coloração, também revela diferenças estruturais entre as bactérias. As bactérias gram-positivas são aquelas que possuem uma parede celular (peptideoglicano) espessa. Já as bactérias gram-negativas possuem não só uma fina camada de peptideoglicano, mas também uma membrana externa. As bactérias também podem ser classificadas, de acordo com o seu formato, em cocos, diplococos, estreptococos, tétrades, sarcinas, estafilococos, bacilos ou bastonetes, espirilos, espiroquetas, apendiculadas, filamentosas e vibriões. O tamanho das células procarióticas pode variar entre 0.2m e 700m, porém a maioria delas possui tamanho entre 0.5m e 4m. Membrana plasmática A membrana plasmática dos procariontes é uma bicamada fosfolipídica em que seus fosfolipídios possuem uma região hidrofílica e outra hidrofóbica. Os fosfolipídios são formados por ácidos graxos, glicerol, um grupamento fosfato e uma grupamento orgânico (variável). Além dos fosfolipídios, também encontram-se esteróis nas membranas biológicas dos seres vivos. Os esteróis são substâncias que conferem rigidez à membrana plasmática, estabilizando a sua fluidez. Morfologia Bacteriana As bactérias não possuem colesterol em suas membranas plasmáticas, como os eucariontes, porém possuem hopanoides. Os hopanoides são um grupo de esteróis que as bactérias podem ter inseridos em suas membranas com a mesma função dos colesteróis. Nas bactérias e nos eucariontes, o glicerol dos fosfolipídios liga-se ao fosfato e, por meio de ligações do tipo éster, aos ácidos graxos. Já as arqueobactérias não realizam ligações do tipo éster, apenas do tipo éter. Além disso, as arqueobactérias podem possuir tanto uma bicamada fosfolipídica, quanto uma monocamada. A monocamada fosfolipídica confere maior estabilidade para àquelas que encontram- se em altas temperaturas. A membrana plasmática é fundamental para o controle de substâncias que entram e saem das células, além de ser um ponto de ancoragem para diversas proteínas. Ela também é responsável por manter o gradiente de cargas dentro e fora das bactérias. Transporte através da membrana A bicamada fosfolipídica é permeável a moléculas hidrofóbicas e pequenas moléculas polares não carregadas, e impermeável a íons e grandes moléculas polares não carregadas. Em resumo, quanto maiores e mais polares forem as moléculas, mais difícil será para elas atravessarem a membrana, quanto menores e mais hidrofóbicas forem as moléculas, mais fácil será para elas atravessarem essa estrutura. Nos casos em que a bicamada fosfolipídica é impermeável a algumas moléculas, torna-se necessário a utilização das proteínas para a realização desse transporte. Algumas proteínas são integrais de membrana, ou seja, atravessam completamente a bicamada fosfolipídica, e outras são periféricas, em que não atravessam a dupla camada lipídica. Para abastecer o metabolismo e suportar o crescimento, as células precisam importar nutrientes e exportar seus resíduos em uma base contínua. Para preencher essas condições, existem diversos mecanismos de transporte em procariotos, cada um com suas próprias características peculiares. Pelo menos três sistemas de transporte são bem caracterizados em procariotos. O transporte simples consiste somente em uma proteína transportadora transmembrana, a translocação de grupo envolve uma série de proteínas no evento de transporte, e o sistema de transporte ABC consiste em três componentes: uma proteína de ligação ao substrato, um transportador integrado à membrana e uma proteína que hidrolisa ATP. Independente do mecanismo de transporte, os eventos reais de transporte são de três tipos – uniporte, simporte e antiporte – e cada evento é catalisado por uma proteína chamada de transportadora. Uniportadoras são proteínas que transportam uma molécula de maneira unidirecional através da membrana, para dentro ou para fora da célula. Simportadoras são proteínas que atuam como cotransportadores; elas transportam uma molécula em conjunto com outra substância, normalmente um próton. Antiportadoras são proteínas que transportam uma substância para dentro da célula, enquanto, simultaneamente, transportam uma segunda substância para fora da célula. COLORAÇÃO DE GRAM A maioria das bactérias é dividida em gram-positivas e gram- negativas. Após a realização da técnica de coloração de GRAM, observam-se bactérias coradas em roxo e outras coradas em rosa. Aquelas coradas em roxo são gram-positivas e as coradas em rosa são gram-negativas. A coloração de GRAM em conjunto com a classificação do formato das bactérias auxiliam na sua identificação. SÍNTESE DO MÉTODO DE GRAM A coloração de GRAM revela diferenças estruturais entre as paredes celulares das bactérias. As bactérias gram-positivas, por exemplo, possuem, em sua parede celular, uma camada espessa de peptideoglicano, o que torna impossível a remoção do cristal violeta pelo álcool durante a descoloração. Já as bactérias gram-negativas, por exemplo, possuem em sua parede celular não só uma fina camada de peptideoglicano, mas também uma membrana externa formada por fosfolipídios que é removida pelo álcool, descolorando-as. A técnica de GRAM também possui aplicações na clínica como, por exemplo, a escolha de utilização dos antibióticos. PAREDE CELULAR BACTERIANA As principais funções da parede celular bacteriana é fornecer rigidez, forma e proteção contra lise (choque osmótico). O principal componente da parede celular bacteriana é o peptideoglicano, um heteropolissacarídeo formado por dois tipos de açúcares e alguns aminoácidos. Em bactérias gram-positivas, cerca de 90% da parede celular é composta por peptideoglicano. Em bactérias gram-negativas, apenas uma pequena quantidade da parede celular total consiste em peptideoglicano, enquanto a maior parte é composta pela membrana externa. Os açúcares que compõem o peptideoglicano são o N-acetilmurâmico (M) e N-acetilglicosamina (G). Portanto, para formar-se uma única camada de peptideoglicano, associa-se um N-acetilmurâmico com uma N-acetilglicosamina. Cada camada se deposita em cima de outra e, para que não haja deslizamento, há ligações entre elas que formam pontes. O açúcar N-acetilmurâmico possui uma calda composta por quatro aminoácidos, denominada tetrapeptídeo. Em bactérias gram- negativas, tetrapeptídeo de uma camada superior liga-se ao tetrapeptídeo de outra camada inferior; a ligação ocorre, especificamente, entre a Alanina com o DAP. Já em bactérias gram- positivas, uma ponte interpeptídica de Glicina une esses tetrapeptídeos. Em bactérias gram-positivas, há também a presença de ácido teicoico em sua parede celular. Esse ácido é um álcool que tem como base o Ribitol e a sua principal função nessas bactérias é atuar como um transportador de cátions bivalentes, principalmente, o Ca2+ e o Mg2+. Em bactérias gram-negativas existem espaços, denominados periplasma, entre o peptideoglicano e as membranas interna e externa. Além disso, a membrana externa dessas bactérias é rica em lipopolissacarídeos (LPS), um composto formado por lipídeo A, polissacarídeo cerne e polissacarídeo O-específico. A regiãodo polissacarídeo O-específico é a principal responsável pelas variações da estrutura do LPS, pois nela é possível a repetição dos seus carboidratos. A principal função do LPS é fornecer rigidez as bactérias, porém ele também é considerado uma endotoxina, podendo causar choque endotóxico ou séptico, lesão tecidual e até morte. Ele atua como um pirógeno e um potente indutor de citocinas inflamatórias, causando a coagulação intravascular disseminada (CID). O tipo mais comum de parede celular em arqueias corresponde a uma camada superficial paracristalina, ou camada S, como é chamada. As camadas S consistem em moléculas entrelaçadas de proteínas ou glicoproteínas. FLAGELO Os flagelos bacterianos são apêndices longos e finos, apresentando uma extremidade livre e outra extremidade ligada à célula. Os flagelos podem ligar-se às células em diferentes padrões. Na flagelação peritríquia, os flagelos encontram-se inseridos em vários pontos ao redor da superfície celular. Na flagelação polar, os flagelos encontram- se ligados a uma ou ambas as extremidades da célula. Ocasionalmente, um conjunto (tufo) de flagelos pode ser encontrado em uma das extremidades celulares, um tipo de flagelação polar denominada lofotríquia. Quando um tufo de flagelos emerge a partir de ambos os polos da célula, a flagelação é denominada anfitríquia. Os flagelos não são retos, exibindo morfologia helicoidal. O filamento dos flagelos bacterianos é composto por várias cópias de uma proteína denominada flagelina. Um flagelo consiste em vários componentes e movimenta-se por rotação, muito similar à hélice de um barco a motor. A base do flagelo é estruturalmente distinta do filamento. A base do flagelo apresenta uma região mais larga, denominada gancho. O gancho é composto por um único tipo de proteína e conecta o filamento à porção motora do flagelo na base. A porção motora do flagelo é ancorada na membrana citoplasmática e na parede celular. O corpo basal é formado por um bastão central que passa por meio de uma série de anéis. Em bactérias gram-positivas, que não possuem membrana externa, apenas o par interior de anéis se mostra presente. Outras estruturas Nucleoide: É a região das células procariontes onde se encontra o material genético desses organismos; DNA fracamente enovelado. Ribossomo 70S: Ribossomos presentes em células procariotas. Consistem em uma subunidade menor 30S e uma subunidade maior 50S; alvo dos antibióticos. Cápsula: É uma camada rígida com bordas bem definidas, formada por uma série de polímeros orgânicos. Ela se deposita no exterior da parede celular bacteriana e inibe a capacidade dos macrófagos e neutrófilos de fagocitose encapsular bactérias, permitindo assim a sua evasão da resposta imune do hospedeiro. Fímbrias: Apêndices que se estendem da membrana plasmática passando pela parede celular e cápsula emergindo para o meio externo. São responsáveis por fixar as bactérias ao substrato e em outras células. Inclusões citoplasmáticas Inclusões estão frequentemente presentes em células procarióticas. As inclusões funcionam como reservas de energia e/ou como reservatórios de carbono, ou desempenham funções especiais. O termo mais genérico, poli--hidroxialcanoato (PHA), é geralmente empregado para descrever os polímeros de armazenamento de carbono e energia. PHAs são sintetizados pelas células quando há um excesso de carbono, e são clivados para uso como fontes de carbono ou energia quando as condições o permitem. Outro produto de armazenamento é o glicogênio, que corresponde a um polímero de glicose e, assim como os PHAs, é um reservatório de carbono e energia, produzido quando há excesso de carbono no ambiente. As bactérias sulfurosas necessitam armazenar o enxofre, muitas vezes, produzido por elas mesmas. Para isso, elas realizam o processo de redução do sulfeto de hidrogênio (H2S) em enxofre elementar, que é visualizado no interior dessas bactérias como inclusões citoplasmáticas. Quando as fontes de enxofre se tornam escassas, elas reduzem o enxofre elementar em sulfato para as suas reações químicas. Algumas bactérias são capazes de orientar-se especificamente em um campo magnético pelo fato de conterem magnetossomos. Essas estruturas são partículas intracelulares compostas pelo mineral óxido de ferro magnetita – Fe3O4. Bactérias que produzem magnetossomos exibem magnetotaxia, um processo de orientação ao longo das linhas do campo magnético da Terra. Os magnetossomos foram encontrados em vários organismos aquáticos, os quais, em culturas laboratoriais, apresentam melhor crescimento em baixas concentrações de O2. Assim, surgiu a hipótese de que uma das funções dos magnetossomos seja guiar essas células aquáticas para baixo (a direção do campo magnético da Terra) em direção aos sedimentos onde as concentrações de O2 são menores. endósporos Determinadas espécies de Bacteria produzem estruturas denominadas endósporos, durante um processo denominado esporulação. Os endósporos são células altamente diferenciadas que exibem extrema resistência ao calor, produtos químicos fortes, radiação e desidratação. Caso essas estruturas encontrem as condições ambientais ideais, elas podem dar origem a um novo organismo. ESPORULAÇÃO
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