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Governança Corporativa Aula 02 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 02: conceitos básicos de governança corporativa Objetivo: O aluno deverá ser capaz de identificar: conceitos básicos; principais benefícios para as empresas; modelos de Governança Corporativa; conceito, evolução e tendências da atuação do conselho de administração. Os benefícios da Governança Corporativa, segundo Oliveira (2006), são vários, e estão descritos a seguir: 1. Maior facilidade na identificação e operacionalização das questões estratégicas, quando existem de maneira conjunta: 1.1. Estruturação ajustada dos diversos órgãos da alta administração da empresa. 1.2. Equilíbrio no tratamento das questões externas e internas da organização. 1.3. Capacitação e interesse para trabalhar com questões amplas e estratégicas. 1.4. Interligação estruturada entre as questões estratégicas, táticas, intermediárias e operacionais formando um único objetivo. 1.5. Métodos e técnicas administrativas modernas e adequadamente operacionalizadas. Essas sanções bem ajustadas e organizadas fazem da Governança Corporativa uma ferramenta que ajusta e consolida a empresa de maneira natural, principalmente com o público externo que não pode ser controlado pela organização. 2. Consolidação de amplo e otimizado modelo de gestão na empresa. A Governança Corporativa, para ser implementada, necessita de vários novos instrumentos de gestão administrativos, que talvez não fossem pensados, estruturados e implementados. Existe também uma transparência entre a propriedade e a gestão, na qual a amplitude de atuação de cada um deve ser formalizada no estatuto social e demais documentos internos da empresa. 3. Melhor integração com a comunidade, o mercado e os governos, bem como com outros públicos da empresa. É sempre lógica uma boa relação da empresa com a comunidade quando a alta administração da organização é otimizada e possui uma estrutura e atua para seus diversos públicos. O que faz com que, ao mesmo tempo, o público passe a interagir de maneira espontânea com seus produtos e serviços, gerando forte empatia com a organização. 4. Equidade de tratamento junto ao público diverso. Essa necessidade existe apesar de a Governança facilitar o direcionamento da administração para as expectativas de vários públicos da organização. Essa equidade passa a ter maior valor no tratamento aos acionistas majoritários e aos minoritários, pois se recomenda que para a Governança Corporativa bem aplicada não existam votos maiores ou menores, e sim apenas um voto. 5. Consolidação do maior nível de atratividade no mercado. Sempre relembrando que a Governança Corporativa é sustentada pela inerência ao processo de transparência de informações. 6. Maior segurança nas informações. Resultante de avaliações anteriores. 7. Consolidação de novas atuações junto ao mercado, inclusive as questões éticas e de responsabilidade social. As questões éticas passam a ter relevância, pois obrigam as organizações a consolidar os seus valores junto aos públicos internos e externos. Quanto à gestão: a) Senso de propósito. b) Transparência absoluta em todas as suas propostas. c) Trabalhos extremamente produtivos. d) Sistema de trabalho participativo. e) Flexibilidade e objetividade. f) Sócios e parceiros como sustentação da organização. g) Igualdade nas oportunidades de expressão. Quanto às pessoas: a) Demonstrar confiança e respeito. b) Possuir liderança compartilhada. c) Ter criatividade a partir das diferenças. d) Apresentar aprendizagem continuada. e) Possuir ambiente de participação, integração. f) Permitir a liberdade de expressão com responsabilidade de resultados. g) Reconhecer as contribuições individuais e das equipes. Modelos de Governança Corporativa Em relação aos modelos de Governança Corporativa, e as formas e níveis de atuação de cada um, os estudos têm descrito as diferentes estruturas existentes deles nas empresas e entre os países. Segundo Alcantara de Melo (2009), esses originários dos mercados anglo- saxões são explicados pela conformação das empresas naqueles mercados, nos quais a ativa participação da sociedade nos investimentos mobiliários produziu uma estrutura de propriedade bastante pulverizada, que permitiu aos gestores acumular grande poder diante dos acionistas. Modelo anglo-saxão: o objetivo é criar valor para o acionista, baseando-se no atendimento dos interesses desse (shareholder); a pulverização do capital é elevada (os cinco maiores acionistas geralmente detêm menos de 10% do capital da empresa); a transparência das informações exigida é elevada, pois a meta é o disclosure total, e restringe a atuação de insider information; nesse ambiente o mercado de capitais privilegia a liquidez e sinaliza mudanças. Modelo nipo-germânico: baseia-se no equilíbrio de interesses entre os diversos grupos envolvidos (shareholder); o capital é relativamente concentrado, (os cinco maiores acionistas detêm, em média, 40% do capital total na Alemanha e 25% no Japão); o nível de transparência pública é menor, com muitas informações privadas balizando as relações entre os maiores acionistas, os quais visam obter benefícios mútuos a longo prazo; o papel do mercado de capitais não é tão relevante na medida em que a maior concentração fortalece os relacionamentos entre os acionistas majoritários, tornando a liquidez não prioritária. Ainda as especificidades: no caso germânico, os bancos possuem papel de destaque e os empregados têm participação no conselho de administração; no japonês, existe a figura do Keiretsu, que consiste em um sistema de participações acionárias cruzadas que une os membros e, exceto nos casos de desempenho ruim, o papel dos bancos e de outros investidores institucionais é passivo. O sistema de controle do poder nas empresas brasileiras é diferente das empresas norte-americanas. O poder difuso dos proprietários das grandes corporações norte-americanas, que detêm um capital pulverizado em bolsa de valores, quer que os conflitos se deem entre esses acionistas distantes (shareholder) e uma diretoria executiva com forte poder de decisão, acarretando problemas decorrentes da chamada “governança horizontal”. No Brasil, esse problema inexiste, pois o mais comum ocorre no âmbito da “governança vertical”, desencadeado por conflitos de interesse entre os acionistas, controladores e acionistas minoritários. Nota-se que, qualquer que seja o esquema de governança, “horizontal” ou “vertical”, o alinhamento entre os interesses dos proprietários e as ações tomadas pelo gestor irá depender da qualidade do processo de comunicação do desempenho, das informações que devem ficar disponíveis aos interessados, de sua forma de apresentação e dos prazos que elas serão apresentadas (Bergamini Júnior, 2008). A estrutura empresarial brasileira é diferente da norte-americana, e as teorias que relacionam estruturas de propriedades às estratégias adotadas justificam uma avaliação adicional quanto à sua adequação (FONTES FILHO, 2003). O ambiente brasileiro diverge do norte-americano, europeu e japonês em diversos aspectos como tamanho, legislação societária e consolidação da estrutura empresarial. No Brasil, desde a década passada, percebeu-se uma transformação na estrutura patrimonialdas empresas, com a redução da participação do Estado e do controle familiar (Rabelo e Silveira, 2005). O financiamento, portanto, tornou-se muito dependente de capitais privados, tanto nacionais quanto estrangeiros, e a adoção de práticas de Governança Corporativa assumiu um caráter essencial para a atração de recursos. REFERÊNCIAS ANDRADE, A; ROSSETTI, J. P. Governança Corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. São Paulo: Atlas, 2004. BERGAMINI JÚNIOR, Sebastião. Governança Corporativa. São Paulo: Atlas, 2008. CAMARGO, Marculino. Fundamentos de Ética Geral e Profissional. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. CLAESSENS, S. Corporate Governance and Development. Global Corporate Governance Forum Donors meeting – Focus I, Hague, Netherlands, March 13, 2003. FERREL; FERREL. Ética Empresarial. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores, 2001. FONTES FILHO. “Marketing Pessoal nas Carreiras em Instituições de Ensino Superior Privadas: do Docente Tradicional ao Proteano”. Rio de Janeiro: Seget, 2003. JENSEN, Michael; MECKLING, William. “Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure”. Journal of Financial Economics, 1976. LAMEIRA, Valdir de Jesus. Governança Corporativa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. LODI, João Bosco. Governança Corporativa: o governo da empresa e o conselho de administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MELO, Maria Cecilia Alcantara de. A lei sarbanes oxley dentro do conceito de governança corporativa. Congresso Nacional em Gestão do Conhecimento para a Sustentabilidade. Niterói, 2, 3 e 4 jul 2009. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Governança Corporativa na prática: integrando acionistas, conselho de administração e diretoria executiva na geração de resultados. São Paulo: Atlas, 2006. RABELO, F. M. “Estruturas de governança e Governança Corporativa: avançando na direção da integração entre as dimensões competitivas e financeiras”. Campinas: Unicamp, 2005. STEINBERG, Herbwert. A dimensão humana da Governança Corporativa: pessoas criam as melhores e piores práticas. São Paulo: Gente, 2003.
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