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Livro-Texto Unidade I

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Prévia do material em texto

Autor: Profa. Letícia Cunha de Andrade Oliveira
 Profa. Camila Cristina Ribeiro Luis
 Profa. Ana Elisa Thomazella Gazzola
Colaboradores: Prof. Enzo Fiorelli Vasques 
 Prof. Jefferson Lécio Leal
Processos e Práticas em 
Relações Internacionais
Professores conteudistas: Letícia Cunha de Andrade Oliveira / 
Camila Cristina Ribeiro Luis / Ana Elisa Thomazella Gazzola
Letícia Cunha de Andrade Oliveira
Graduada em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) em 2011. Mestre 
pela Universidade de Brasília (UnB) em 2013. Doutora pela Universidade de São Paulo (USP) em 2019. Graduada em 
História pela Universidade Paulista (UNIP) em 2020. Desde 2017 coordena o curso de Relações Internacionais do 
campus de São José dos Campos da Universidade Paulista (UNIP) e leciona na mesma Instituição.
Camila Cristina Ribeiro Luis
Graduada em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2007. Mestre (2013) e 
doutora (2018) pela mesma universidade. Leciona na Universidade Paulista (UNIP) no curso de Relações Internacionais 
e Ciências Econômicas desde 2017.
Ana Elisa Thomazella Gazzola
Graduada em Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2009. Pós-graduada em 
Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2013. Mestre (2017) e doutoranda pelo Programa 
de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas – UNESP, UNICAMP e PUC-SP. Pesquisadora do 
Observatório de Regionalismo (ODR) e da Rede de Pesquisa em Política Externa e Regionalismo (Repri). Professora 
titular da Universidade Paulista (UNIP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 O48p Oliveira, Letícia Cunha de Andrade.
Processos e Práticas em Relações Internacionais / Letícia Cunha 
de Andrade Oliveira, Camila Cristina Ribeiro Luis, Ana Elisa Thomazella 
Gazzola. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
180 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Organização. 2. Negociações. 3. Integração. I. Oliveira, Letícia 
Cunha de Andrade. II. Luis, Camila Cristina Ribeiro. III. Gazzola, Ana 
Elisa Thomazella. IV. Título.
CDU 341.12
U511.25 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Elaine Pires
 Vitor Andrade
Sumário
Processos e Práticas em Relações Internacionais
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 A PRÁTICA DIPLOMÁTICA............................................................................................................................. 11
1.1 História e funções da diplomacia .................................................................................................. 12
1.2 Agentes diplomáticos consulares e a missão diplomática .................................................. 14
1.3 Principais documentos da prática diplomática ....................................................................... 19
1.4 A carreira diplomática no Brasil ..................................................................................................... 21
2 OS ATOS INTERNACIONAIS .......................................................................................................................... 23
2.1 Termos empregados para caracterização de atos internacionais ..................................... 25
2.2 Processo negociatório dos atos internacionais ........................................................................ 30
3 AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ................................................................................................... 33
3.1 Definição e origem das Organizações Internacionais ........................................................... 34
3.2 História das Organizações Internacionais .................................................................................. 38
3.3 Características e estrutura das Organizações Internacionais Intergovernamentais .............. 40
3.4 O funcionário público internacional ............................................................................................ 42
4 A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS ............................................................................................... 43
4.1 Origem e propósitos ............................................................................................................................ 43
4.2 Estrutura .................................................................................................................................................. 49
4.3 A questão da reforma do Conselho de Segurança ................................................................. 55
4.4 Problemas contemporâneos de competência da ONU: meio ambiente, 
saúde pública e terrorismo ..................................................................................................................... 57
Unidade II
5 REGIMES INTERNACIONAIS ........................................................................................................................ 68
5.1 Conceito ................................................................................................................................................... 68
5.2 O caso dos refugiados ........................................................................................................................ 72
5.3 O Brasil na proteção aos refugiados ............................................................................................. 79
6 NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................................................................. 87
6.1 Atores ........................................................................................................................................................ 88
6.1.1 Renascimento ........................................................................................................................................... 88
6.1.2 Iluminismo e Revolução Industrial .................................................................................................. 89
6.1.3 Globalização .............................................................................................................................................. 92
6.2 Teorias e abordagens .......................................................................................................................... 94
6.2.1 Abordagens utilitárias e subjetivistas ............................................................................................. 95
6.2.2 Natureza do objeto ................................................................................................................................96
6.2.3 Perfis dos negociadores ........................................................................................................................ 97
6.3 Práticas e técnicas das negociações ............................................................................................. 98
6.3.1 Variáveis condicionantes dos processos de negociação ......................................................... 99
6.3.2 Organização Mundial do Comércio (OMC): um exemplo prático .....................................101
6.4 Estudo de caso .....................................................................................................................................104
Unidade III
7 INTEGRAÇÃO REGIONAL ............................................................................................................................113
7.1 Conceito .................................................................................................................................................113
7.2 Categorias..............................................................................................................................................115
7.3 Principais blocos comerciais ..........................................................................................................123
7.3.1 Europa ...................................................................................................................................................... 123
7.3.2 Américas .................................................................................................................................................. 128
7.3.3 Ásia e Pacífico........................................................................................................................................ 134
7.3.4 África ......................................................................................................................................................... 136
8 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ..............................................................................................................138
8.1 História e teorias ................................................................................................................................140
8.2 Tipos de cooperação e o lugar do Brasil ...................................................................................148
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno, o livro-texto que aqui se apresenta tem por objetivo ser um guia para os seus estudos 
da disciplina Processos e Práticas em Relações Internacionais, uma disciplina instigante que integra 
o currículo do nosso curso e traz em si um dos maiores desafios da área: como associar a prática do 
saber-fazer a um curso de formação superior essencialmente teórico?
Derivado da ciência política e de outras ciências sociais, Relações Internacionais, enquanto uma 
área autônoma de estudos acadêmicos, consolidou-se a partir do dilema de paz e guerra entre os 
Estados, logo após a Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido, estudos foram realizados com o objetivo 
de compreender a dinâmica das relações entre a soberania estatal e o mundo anárquico. Nas palavras 
de Mônica Herz (2002, p. 8-9):
As questões que surgem a partir da existência de Estados soberanos e da 
ausência de uma autoridade central são o ponto de partida que gera o 
campo de estudos de Relações Internacionais. A convivência entre o conceito 
de soberania e a imagem de um sistema político anárquico acompanha a 
história da disciplina. O reconhecimento deste fato básico e a multiplicidade 
de questões teóricas e práticas correlatas conferem uma identidade discursiva 
à disciplina.
Os estudos teóricos, portanto, foram predominantes na consolidação do curso, fazendo com que a 
vivência prática estivesse por conta de atividades de extensão ou científicas, ou ainda na busca pela 
inserção no mercado de trabalho. Os processos práticos, contudo, acontecem o tempo todo, desde 
o momento em que tentamos entender o noticiário internacional até quando entramos em um 
supermercado e nos deparamos com produtos de origem externa, nos mais diferentes preços, resultantes 
dos acordos do comércio exterior brasileiro.
Ainda assim, o desafio de compreender e desenvolver a dimensão do exercício prático integrado 
à formação dos alunos continua existindo, e ainda persistirá, uma vez que o profissional da área é 
extremamente dinâmico e está em constante transformação, tal como o mundo que nos dispomos 
a analisar.
É por isso que este livro-texto é tão somente um guia. É um convite para que você, aluno, exerça a 
regência sobre sua formação, construa pontes entre teorias e práticas e alimente sua criatividade para 
observar o mundo ao seu redor, descobrindo as mais diversas maneiras de aproveitamento dos elementos 
base da sua formação superior. Esperamos que você percorra uma jornada de muitas descobertas e de 
sucesso nos desafios apresentados nesta instigante disciplina.
Bons estudos!
8
INTRODUÇÃO
A área acadêmica de relações internacionais é definida, desde a sua formação na primeira metade 
do século XX, como uma área multidisciplinar. Isso significa que suas origens remetem a outros 
campos de estudo, basicamente história, ciência política, sociologia, direito, geografia e economia. Com tantos 
componentes teóricos, cujo foco de análise é o meio internacional, isto é, temas que se processam além das 
fronteiras dos Estados, torna-se complexo definir processos e práticas nas relações internacionais.
Afinal, se Relações Internacionais é um curso predominantemente teórico, fundamentado na 
multidisciplinaridade, qual o significado de estudar processos e práticas? Ou, indo mais além, é possível 
estudar processos e práticas na formação acadêmica dos alunos de Relações Internacionais? Em absoluto, 
não temos resposta definitiva para tais questões, porém entendemos que a prática é um componente 
essencial em qualquer formação superior, e, portanto, o conteúdo do livro-texto Processos e Práticas em 
Relações Internacionais constitui-se em um esforço direcionado para associação entre o aprendizado 
teórico e a prática.
Nesse sentido, o estudo desta disciplina é definido como o conjunto de atividades voltadas para o 
desenvolvimento de habilidades práticas essenciais para o desempenho profissional do futuro formando 
em Relações Internacionais. A importância de estudar processos e práticas, portanto, reside no fato 
de a disciplina, enquanto componente curricular do curso de Relações Internacionais, proporcionar o 
enriquecimento da formação dos futuros profissionais da área, promovendo atividades e conteúdos 
analíticos com o objetivo de desenvolver o pensamento crítico e habilidades constituídas mediante 
experiência prática.
Para tanto, na composição deste material, selecionamos um conjunto de conteúdos considerados 
essenciais para o enriquecimento da formação do aluno. Entretanto, tal seleção é apenas uma parte de 
infinitas possibilidades de aplicações práticas desses estudos, visto que contamos com número limitado 
de páginas. Ainda assim, realizamos uma seleção criteriosa, de forma a abarcar os principais tópicos 
estudados quando considerados os processos e as práticas na área de relações internacionais.
Dessa forma, nas três unidades que compõem o presente livro-texto serão abordados temas como 
os principais elementos que constituem a prática diplomática – tema que deriva das centralidades 
dos Estados no universo das relações internacionais –, documentos, reuniões, carreira diplomática 
e Organizações Internacionais, especialmente a Organização das Nações Unidas (ONU), ao longo 
da Unidade I.
Já a Unidade II aborda os regimes internacionais e a negociação internacional, de forma a possibilitar 
ao estudante o conhecimento das conjunturas de governança global e dos principais processos analíticos 
e negociatórios empregados no dia a dia da vivência no mercado profissional. 
Por fim, na Unidade III, analisaremos os fenômenos da integração regional e da CooperaçãoInternacional, recentes e, ao mesmo tempo, em constante transformação devido às diferentes visões 
dos governantes ao longo dos anos.
9
Além dos conteúdos que serão abordados conforme descrito anteriormente, utilizaremos “Lembretes”, 
“Saiba mais” e “Observações” para reforçarmos o aprendizado e ainda dar dicas de estudos práticos, 
sítios na internet etc., para ampliar seus conhecimentos. Ao final de cada unidade, os “Exemplos de 
Aplicação”, resolvidos e comentados, e os “Resumos” vão ajudá-lo a retomar o conteúdo estudado.
10
11
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Unidade I
1 A PRÁTICA DIPLOMÁTICA
A diplomacia é um instrumento da política exterior dos Estados e, por isso, um importante mecanismo 
de intercâmbio e promoção dos interesses entre as comunidades políticas desde a Antiguidade. 
É também um relevante mecanismo de solução pacífica de controvérsias nas relações internacionais, 
além de promover atividades comerciais e culturais entre os povos. Mas, afinal, o que é diplomacia? 
E mais, o que podemos entender sobre a prática diplomática? Essas são algumas das questões que 
analisaremos, finalizando com uma breve descrição sobre a carreira diplomática no Brasil.
Desde uma perspectiva sociológica das relações internacionais, Raymond Aron, autor do clássico livro 
da área Paz e guerra entre as nações (2002, p. 111), descreve a diplomacia como “a arte de convencer sem 
usar a força”. No mesmo sentido, Accioly, Silva e Casella (2012, p. 533), desde o ponto de vista do direito, 
definem diplomacia como a “arte de representar os Estados, uns perante os outros, ou o conjunto de 
regras práticas referentes às relações pacíficas e as negociações entre os Estados”. 
Em suma, por essas definições, entende-se que a diplomacia enquanto “arte” requer o domínio do 
exercício prático para realizar o intercâmbio entre as nações. Tal intercâmbio, contudo, se processa por 
meios pacíficos, ou seja, por um conjunto de regras pelas quais os diplomatas tentam convencer-se 
mutuamente a fim de que os Estados não venham a recorrer ao emprego da violência. A diplomacia é, 
portanto, um recurso do Estado, enquanto comunidade política moderna e principal ator das relações 
internacionais, e requer o desenvolvimento de habilidades de negociação.
Dessa forma, a prática diplomática consiste em todo o processo negociatório entre os Estados, desde 
a preparação daqueles que exercerão a função de diplomatas – perpassando as reuniões em que se 
desenrolam as negociações de fato – até a composição final de documentos resultantes do processo. 
É sobre o desenrolar desse processo que trataremos, considerando o passo a passo da prática diplomática 
a partir da perspectiva e da abordagem das relações internacionais.
É igualmente necessário destacar a importância da existência de espaços abertos especificamente 
para que as negociações diplomáticas aconteçam, tais como as representações permanentes junto aos 
governos estrangeiros, que gozam de imunidade jurídica especialmente para o exercício dos interesses 
de seu país; as Organizações Internacionais Intergovernamentais regionais, como a Organização dos 
Estados Americanos (OEA) e as Organizações Internacionais Intergovernamentais globais, com destaque 
para a Organização das Nações Unidas (ONU). Sem a abordagem desses múltiplos espaços em que a 
prática diplomática se desenrola, este material não estaria completo.
12
Unidade I
1.1 História e funções da diplomacia
As origens da diplomacia remontam à Antiguidade. Na Grécia Antiga, as pessoas que cumpriam 
a função de diplomatas eram os chamados heraldos, isto é, arautos, os portadores da mensagem do 
soberano. Conforme a mitologia grega, os heraldos gozavam da proteção do deus Hermes, o mensageiro 
dos deuses e, por isso, deveriam ser respeitados, dando início ao reconhecimento de imunidade àqueles 
que cumpriam a função de mensageiros dos soberanos. Entre os requisitos para cumprir a função, era 
necessário que os heraldos tivessem boa memória, rigoroso preparo físico e uma potente voz.
É também da Grécia Antiga que surgiram as instituições até hoje conhecidas do direito diplomático, 
tais como os tratados, a utilização de arbitragem para resolução de conflitos e a inviolabilidade dos 
heraldos. As tradições das relações consulares também tiveram suas origens entre os gregos, chamados 
por eles de proxenia. Para os gregos as instituições consulares eram de suma importância, haja vista o 
respeito de acordos de hospitalidade mútua entre os entes políticos e as imunidades conferidas aos seus 
representantes públicos (BUENO; FREIRE; OLIVEIRA, 2017).
Ainda das origens gregas acredita-se que deriva a palavra diplomacia: do grego diplos, que significa 
duplicidade; ou seja, o diplomata é aquele que cumpre dupla função, em seu Estado de origem ao qual 
representa, e aquele que é designado para levar a mensagem. Outras definições, contudo, apontam que 
diplomacia deriva do latim diploma, que, em Roma, designava documentos ou títulos de circulação 
formados de placa dupla dobrada, relativos a acordos exteriores ou aptos a conferir determinado 
privilégio a seu titular (RANGEL, 1988).
Além dos gregos, outros povos igualmente contribuíram para a consolidação do desenvolvimento 
histórico da diplomacia. Na China, desde a Antiguidade, as práticas diplomáticas eram empregadas 
como uma das formas mais complexas de diálogo para resolução de disputas entre povos vizinhos. 
Por sua vez, os povos islâmicos tiveram um importante papel na construção no direito diplomático, 
especialmente no que concerne à inviolabilidade dos embaixadores e ao respeito do cumprimento das 
obrigações convencionais (BUENO; FREIRE; OLIVEIRA, 2017). Entretanto, inexistia na Antiguidade uma 
organização institucionalizada, tal como os atuais ministérios das relações exteriores dos Estados, com 
a incumbência de centralizar as decisões relativas às práticas diplomáticas. Conforme explica Rangel 
(1988, p. 89), a diplomacia é inerente à formação das comunidades políticas desde os tempos mais 
remotos, porém, naquela época, a prática diplomática era descrita pelas seguintes características:
Nos tempos primevos, a diplomacia se apresentou com três características: 
ser ambulante, ser inorganizada e estar circunscrita no tempo e no espaço. 
Este último traço decorria das limitações dos meios de comunicação. 
Ambulante, ela consistia no envio de negociadores com vistas ao exame 
de questão precisa: acordos comerciais, tratados de paz, de aliança, solução de 
litígios e de conflitos armados. Inorganizada, ela vingava de modo rudimentar 
nas nações mais antigas – egípcios, assírios, judeus, persas –, alcançando 
alguma consistência entre os gregos e, mais ainda, entre os romanos 
(RANGEL, 1988, p. 90).
13
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Entre os povos da Antiguidade, foram os romanos que deram à diplomacia sua característica de arte 
política sustentada, devido à necessidade de administrar conflitos e rivalidades com um grande número 
de adversários do imenso Império Romano. Os embaixadores romanos eram designados pelo Senado 
para missões diplomáticas de curta duração e, ao retornarem, deviam prestar contas da missão recebida. 
Dessa forma, a diplomacia em Roma tomou dimensões institucionais e permanentes, vinculadas aos 
demais órgãos políticos que compunham a dinâmica do império.
A prática diplomática tal como impulsionada pelos romanos tomou impulso no Império Bizantino, 
em cuja corte surgiram os primeiros organismos governamentais encarregados de política exterior 
e foram formados os primeiros negociantes profissionais, além de estabelecidas as principais regras 
de protocolo e de precedências de amplo alcance. Como exemplo, podemos citar o fato de que, no 
decorrer do século XIII, foi criado o departamento governamental para assuntos exteriores, com o 
objetivo de ensinar a arte da negociação e da organização e envio de embaixadas. Da mesma forma, 
outro departamento foi também criado com a incumbência derecepcionar e controlar as embaixadas 
estrangeiras (RANGEL, 1988).
Na virada para a Era Moderna, iniciada pelo Renascimento no século XV, as cidades italianas, 
especialmente Veneza, despontaram como as principais herdeiras das práticas diplomáticas do Império 
Bizantino. Entrepostos por onde passava o maior volume do comércio medieval, as repúblicas italianas 
possuíam inúmeros vínculos que as ligavam aos povos externos à península. Tal fato colaborou para 
o intenso desenvolvimento da diplomacia, dando origem ao moderno conceito de embaixada, isto é, 
representação permanente com posto fixo e com a missão de não apenas representar e negociar, mas 
também informar e avaliar.
Dessa forma, foi a dinâmica das relações entre os Estados renascentistas italianos que moldou 
a diplomacia moderna, e, ademais, o surgimento da figura do embaixador propiciou uma relevante 
modernização das práticas diplomáticas. À medida que a permanente tensão entre os principados 
italianos acelerava a necessidade de acordos, a diplomacia tornou-se um canal de diálogo constante, 
justificando o envio de representantes permanentes com residência no local de representação. Entre os 
mais simbólicos embaixadores desse período, destaca-se a figura de Nicolau Maquiavel, que atuou como 
representante da República de Florença em várias missões diplomáticas (BUENO; FREIRE; OLIVEIRA, 2017). 
Além de escrever inúmeros textos sobre a realidade da política italiana à época, Maquiavel foi um 
exímio observador da arte diplomática, e assim descreveu a postura requerida para um embaixador 
naquele contexto: 
O Embaixador deve buscar acima de tudo o bom conceito pessoal, que 
poderá adquirir comportando-se como homem de bem, reto e liberal, nunca 
como um avaro, hipócrita que pensa uma coisa e diz outra. Este é um ponto 
muito importante: conheço pessoas que, a despeito da sua grande astúcia, 
pela duplicidade perderam a confiança do Príncipe, a ponto de não poderem 
continuar negociando com ele. Se, como às vezes acontece, é forçoso 
dissimular alguma coisa, convém usar muita arte para que isso não apareça; 
e se aparecer, que haja uma desculpa pronta (BATH, 1988, p. 59).
14
Unidade I
A prática diplomática institucionalizada pelos Estados italianos propagou-se por toda a Europa, sendo 
ainda reforçada pelo contexto de consolidação dos Estados nacionais europeus. Nos séculos seguintes, 
tais práticas tornaram-se parâmetro das relações diplomáticas do moderno sistema de Estados que se 
expandia para todo o mundo. 
A princípio, a prática diplomática não era regulamentada por documentos ou tratados internacionais, 
sendo apenas um padrão de conduta internacional amplamente respeitado pelo costume ou tradição. 
Essa situação, no entanto, foi gradualmente alterada a partir do Congresso de Viena, ocorrido em 1815 
após as Guerras Napoleônicas. No Anexo 17 da Ata Final do referido Congresso, foi observada a primeira 
tentativa sistemática de codificar as práticas da diplomacia, estabelecendo um padrão de classificação 
para os agentes diplomáticos a fim de tornar mais transparentes e céleres as negociações diplomáticas 
(BUENO; FREIRE; OLIVEIRA, 2017). 
Ao longo dos séculos XIX e XX, à medida que a sociedade internacional expandia-se e tornava-se mais 
complexa, novos esforços foram empreendidos para codificação das normas das práticas diplomáticas, 
culminando na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, em 1961. Dois anos depois, em 1963, 
também foi promovida a Convenção de Viena sobre Relações Consulares, e, posteriormente, o trabalho 
de codificação universal das práticas diplomáticas foi complementado por mais duas convenções: 
a Convenção sobre as Missões Especiais, adotada pela Assembleia das Nações Unidas, em 1969; e a 
Convenção sobre a Representação de Estados em suas Relações com Organizações Internacionais 
Intergovernamentais, de caráter universal, realizada em Viena, em 1975 (BUENO; FREIRE; OLIVEIRA, 2017). 
 Saiba mais
Para aprofundar os seus estudos sobre a história da diplomacia, 
sugerimos a leitura dos seguintes livros: 
BATH, S. O que é diplomacia. Brasília: Brasiliense, 1989.
MOGIARDIM, M. R. Diplomacia. Lisboa: Almedina, 2007.
1.2 Agentes diplomáticos consulares e a missão diplomática
Na prática das relações internacionais, os Estados precisam construir canais de comunicação 
permanente com seus pares, bem como com os organismos e Organizações Internacionais 
Intergovernamentais das quais fazem parte, de forma a conduzir a concretização de seus objetivos 
externos satisfatoriamente. Um Estado que não domina habilmente os recursos de diálogo e intercâmbio 
com o meio internacional também não poderá participar ou influenciar as decisões em matéria de 
política internacional e, consequentemente, ficará isolado e privado de exercer seus interesses externos. 
Daí a importância de conhecer e compreender os recursos que são empregados pelos Estados para 
condução prática das suas relações exteriores.
15
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Em primeiro lugar, é fundamental destacar que cabe ao chefe de Estado – quer se intitule imperador, 
rei ou presidente da República – o órgão principal encarregado das relações internacionais do Estado. 
Conforme explicam Accioly, Silva e Casella (2012, p. 526), cabe ao Estado em questão comunicar 
oficialmente aos demais o nome do indivíduo ou dos indivíduos que cumprem a função de chefe de 
Estado, isto é, do órgão central de suas relações internacionais, não cabendo a este o direito de opinar 
sobre a sua qualidade e legitimidade, desde que seja aceito como tal pelos habitantes do país.
No entanto, o chefe de Estado é geralmente auxiliado por um ministro ou secretário com funções 
exclusivas na condução das relações internacionais do país. Para tanto, ao observarmos a composição 
da estrutura interna dos Estados, é possível identificar a existência de um órgão específico, com status 
ministerial, isto é, administrado diretamente pelo Poder Executivo para a realização do intercâmbio com 
a sociedade internacional. 
No Brasil, esse órgão é chamado de Ministério das Relações Exteriores, porém não há uma 
padronização para a denominação desse órgão para todos os Estados. Nos Estados Unidos, por exemplo, 
o órgão institucional que cumpre essa função é o Departamento de Estado, já em Portugal é chamado 
de Ministério dos Negócios Estrangeiros. Independentemente da denominação, o essencial é saber 
que a organização institucional interna de um órgão com poder para condução das relações com as 
demais nações é uma prática consolidada nas relações entre os Estados, subordinado diretamente ao 
chefe de Estado. Esse órgão é conduzido por um ministro, também chamado na tradição diplomática 
de chanceler, que chefia o corpo diplomático e consular do país, isto é, do pessoal especializado para 
trabalhar com as questões relativas à política exterior do Estado. 
Além de chefiar o corpo diplomático e consular, as funções exercidas pelo ministro das relações 
exteriores no Brasil são:
1) seguir a política exterior determinada pelo presidente da República; 
2) dar as informações necessárias para a execução da política exterior; 
3) representar o governo brasileiro; 4) negociar e celebrar tratados; 
5) organizar e instruir missões especiais; 6) coordenar as conferências 
internacionais que se realizarem no Brasil; 7) proteger os interesses 
brasileiros no exterior; 8) representar o governo brasileiro nas relações 
oficiais com missões diplomáticas estrangeiras e junto a organismos 
internacionais (HUSEK, 2000, p. 95).
Tais funções mencionadas são semelhantes em outros Estados, com pouca ou nenhuma variação. 
No geral, cabe ao chanceler a função de manter contato constante com os governos estrangeiros, 
seja diretamente, seja por intermédio das missões diplomáticas que lhe são subordinadas ou com as 
embaixadas existentes no país (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 2012, p. 530). É também de sua incumbência a 
negociação e assinatura de tratados e acordos internacionais.Porém, como já mencionado, o chanceler 
é auxiliado por uma equipe especializada que, quando está cumprindo funções no exterior, é chamada 
de agentes diplomáticos.
16
Unidade I
Conforme explica Husek (2000, p. 68), os agentes diplomáticos são pessoas que o governo de um 
determinado Estado acredita a outro, com o objetivo de representar seus interesses. Nas relações entre 
os países, antes de se acreditar chefe de missão diplomática junto a um Estado, é comum e de boa 
prática consultar o Estado acreditado para saber se o indicado é ou não persona grata, isto é, se existe 
alguma objeção quanto à sua pessoa, para então realizar a investidura. Esse processo de consulta é 
chamado de pedido de agreement (HUSEK, 2000, p. 98).
 Observação
Na terminologia empregada na prática diplomática, é importante saber 
que Estado Acreditante é aquele que envia os agentes diplomáticos para 
cumprirem missão junto ao governo de outro Estado, e Estado Acreditado é 
aquele que recebe os agentes diplomáticos. O ato de acreditação representa 
um consentimento mútuo, pois se um Estado recebe os agentes diplomáticos 
de outro, significa que esse Estado acredita que também poderá enviar seus 
próprios agentes diplomáticos junto ao governo acreditante. Por ser um ato 
formal, a acreditação geralmente é feita pelo chefe de Estado.
As funções designadas aos agentes diplomáticos somente chegam ao fim quando há rompimento 
das relações diplomáticas entre os Estados, ato que se configura como um gesto de animosidade e 
geralmente acontece em um contexto de escalada de tensões. Uma vez que a prática diplomática 
corresponde a um canal de diálogo mútuo, o rompimento das relações diplomáticas significa que não 
é mais possível conversar amistosamente, e outras medidas mais árduas podem ser adotadas para valer 
os interesses dos Estados.
Como o agente diplomático representa o poder soberano dos Estados, o exercício de suas funções 
corresponde a uma condição indispensável para a existência do próprio sistema das comunidades políticas. 
Por isso, foi instituído primeiramente pelo costume da prática diplomática e depois convencionado pelo 
direito internacional que o agente diplomático deve gozar de alguns privilégios e imunidades quando 
em missão no estrangeiro. São estes: 
•	 Inviolabilidade para o desempenho das funções diplomáticas, o que abrange a missão diplomática 
e as residências particulares dos agentes diplomáticos.
•	 Imunidade de jurisdição civil e administrativa, criminal e de execução, porque são invioláveis os 
bens da missão diplomática. 
•	 Isenção de impostos. 
•	 Direito ao culto privado.
•	 Direito de arvorar a bandeira nacional.
•	 Liberdade de circulação e trânsito, salvo em zona que interesse à segurança nacional. 
17
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Além dos agentes diplomáticos, existem os agentes consulares, que, diferentemente dos primeiros, 
são funcionários administrativos do Estado que este envia para proteger seus interesses comerciais, 
legalizar documentos e prestar auxílio aos nacionais que estão no estrangeiro, entre outras funções 
determinadas pelo governo. Apesar de não possuir função política, os agentes consulares também 
correspondem a um canal de diálogo com os demais Estados e, por isso, estão vinculados ao Ministério 
das Relações Exteriores. 
Conforme explica Husek (2000, p. 100), o cônsul recebe sua função por meio de uma 
carta-patente assinada pelo chefe de Estado, e o Estado receptor concede sua autorização, isto 
é, seu exequatur. Existem também os cônsules honorários, isto é, escolhidos entre os nacionais 
do Estado em que vão servir, e os cônsules de carreira, ou seja, servidores públicos. No Brasil não 
existe uma carreira específica para agentes consulares, sendo geralmente o cônsul escolhido entre 
os agentes diplomáticos.
 Observação
Atenção para não confundir agentes diplomáticos e agentes consulares, 
pois existe uma grande diferença entre eles: o cônsul trata apenas de 
questões administrativas, não tendo o aspecto representativo no sentido 
político, enquanto o agente diplomático o tem. Os agentes diplomáticos 
têm atuação em todo o território do Estado Acreditado e tratam 
primordialmente de assuntos políticos.
Por fim, é importante compreender que o conjunto de agentes diplomáticos e de funcionários da 
equipe com a função de representar um Estado junto a outro ou em uma organização internacional 
corresponde a uma missão diplomática. Conforme observam Accioly, Silva e Casella (2012, p. 531),
[…] as missões diplomáticas destinam-se a assegurar a manutenção de 
boas relações entre o Estado representado e os Estados em que se acham 
sediadas, bem como a proteger os direitos e interesses do respectivo país e 
de seus nacionais. A missão diplomática é integrada não só pelo chefe de 
missão e pelos demais funcionários diplomáticos, mas também pelo pessoal 
administrativo e técnico e pelo pessoal de serviço.
O conjunto dos agentes diplomáticos acreditados num mesmo Estado é conhecido pela denominação 
de corpo diplomático, ou corpo diplomático estrangeiro, para se distinguir do corpo diplomático nacional, 
composto pelo conjunto de representantes diplomáticos que o Estado acredita nos países estrangeiros. 
O porta-voz do corpo diplomático – aquele que fala em nome do grupo – é conhecido como decano, 
que é o mais antigo agente diplomático entre os de mais alta hierarquia no posto (ACCIOLY; SILVA; 
CASELLA, 2012, p. 533).
18
Unidade I
Accioly, Silva e Casella (2012, p. 534) ainda lembram que as funções da missão diplomática de hoje 
são precisamente as mesmas de outros momentos históricos: 
•	 Representação: o agente diplomático fala em nome de seu governo com o Estado junto ao qual 
se acha acreditado.
•	 Negociação: promover relações amistosas, como o intercâmbio econômico, cultural e científico.
•	 Proteção: o diplomata deve proteger os interesses de seu estado e de seus nacionais perante as 
autoridades do país.
•	 Observação: consiste em inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da 
evolução dos acontecimentos no Estado Acreditado.
•	 Informação: informar o seu governo dos acontecimentos e condições no Estado Acreditado.
Por outro lado, existem também alguns deveres que as missões diplomáticas precisam observar 
junto ao Estado Acreditado, chamados de deveres de lealdade. São estes (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 
2012, p. 534): 
•	 Tratar com respeito e consideração o governo e as autoridades locais.
•	 Não intervir na sua política interna.
•	 Não participar de política partidária. 
•	 Não fornecer auxílio a partidos de oposição.
•	 Respeitar as leis e os regulamentos locais.
A observação dessas práticas é essencial para evitar incidentes e resultar em maior eficiência da 
missão, porém é possível identificar em alguns momentos acusações de ingerência, e até mesmo ações 
de espionagem de agentes diplomáticos em questões internas no Estado Acreditado.
 Saiba mais
Sobre as funções e questões cotidianas que envolvem e perpassam as 
missões diplomáticas, é interessante assistir ao seguinte filme, aclamado 
com três Óscares:
ARGO. Direção: Ben Affleck. EUA: Warner Bros., 2012. 120 min.
19
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
1.3 Principais documentos da prática diplomática
Na prática diplomática existem dois documentos de base que orientam a condução das relações 
diplomáticas e consulares: a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961, e a Convenção 
de Viena sobre as Relações Consulares, de 1963. As negociações que possibilitaram a celebração de ambos 
os tratados foram promovidas pelas Nações Unidas na cidade de Viena, na Áustria, com o objetivo de 
codificar, isto é, redigir e celebrar práticas que já eram adotadas pelo costume nas relações diplomáticas 
e consulares entre os Estados.
Nesse sentido, as convenções de Viena, como ficaram conhecidas, foram bem-sucedidas, pois os 
tratados resultantes foram assinados e ratificados pela quase totalidade dos Estados.Destaca-se que, 
no que se refere à Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, a grande novidade do texto do 
tratado foi consagrar a tendência de deslocamento da principal responsabilidade diplomática da figura 
do embaixador para a missão diplomática entendida em seu conjunto (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 2012). 
Dessa forma, a expressão agente diplomático perdeu o conceito que era utilizado durante 
o século XIX, que se aplicava somente ao chefe da missão. Conforme o texto da convenção: “agente 
diplomático é o chefe da missão ou um membro do pessoal diplomático da missão”. Essa mudança 
conceitual possibilitou maior abrangência de direitos e imunidades ao conjunto do grupo de pessoas 
que compõem a missão, implicando melhor desempenho de suas funções.
 Outro ponto importante convencionado no Tratado de Viena de 1961 foi a divisão do chefe das 
missões diplomáticas em três classes:
•	 Embaixadores ou núncios acreditados perante chefes de Estado e outros chefes de missão de 
categoria equivalente.
•	 Enviados, ministros ou internúncios, acreditados perante chefes de Estado.
•	 Encarregados de negócios, acreditados perante ministros das relações exteriores. 
Entre os agentes das duas primeiras categorias não existem diferenças essenciais quanto às 
suas prerrogativas e funções. Porém, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas estabelece 
que, se um Estado acredita um chefe de missão diplomática em mais de um Estado, poderá nomear 
um encarregado de negócios naqueles Estados em que a missão diplomática não possui sede. Um 
encarregado de negócios também poder ser nomeado em caso de o chefe da missão diplomática estar 
temporariamente impossibilitado de cumprir suas funções. Por isso, os encarregados de negócios se 
diferenciam dos demais chefes de missão diplomática porque sua função é representar a missão ou, 
mais precisamente, os negócios da missão. Disso resulta que suas prerrogativas possibilitam negociar e 
tratar de assuntos e interesses somente junto ao ministro das relações exteriores do Estado Acreditado, 
e não diretamente com o chefe de Estado (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 2012, p. 532). 
Além desses documentos básicos de orientação das relações diplomáticas e consulares e outros 
documentos produzidos pelas negociações entre os Estados, a prática diplomática no desenrolar de suas 
20
Unidade I
ações ao longo dos séculos gerou uma imensa quantidade de documentação dos tipos mais variados, 
sendo que alguns foram consolidados como instrumento oficial de documentação diplomática. Dentre 
esses documentos destacam-se:
•	 Telegramas: na linguagem diplomática, são chamados telegramas os expedientes transmitidos 
dos postos no exterior para a chancelaria, na capital. Embora sejam mensagens eletrônicas, 
mantêm, por tradição, o nome do sistema de envio de mensagens físicas. O telegrama é sempre 
assinado pelo chefe do posto.
•	 Despacho telegráfico e circular telegráfica: são comunicações eletrônicas oficiais enviadas da 
Secretaria de Estado para postos no exterior contendo instruções do governo.
•	 Guia de mensagem e documentação: expediente que tem por finalidade o encaminhamento 
físico, por meio postal, de material e de publicações diversas. O envio de material entre a Secretaria 
de Estado e os postos no exterior (e vice-versa) é feito por meio de mala diplomática.
•	 Nota diplomática: nota escrita em terceira pessoa com assinatura não identificada, porém 
autenticada pelo governo do Estado que emite a nota.
•	 Nota assinada: carta direcionada, empregada como ato solene entre autoridades diplomáticas.
•	 Carta pessoal: não compromete os Estados, pois se refere somente às pessoas em questão, 
geralmente é menos protocolar e mais amigável.
•	 Nota coletiva: esse documento é redigido coletivamente por um grupo de Estados e dirigido a 
um governo pelos representantes de vários Estados.
• Ultimatum: expressa uma exigência sobre um determinado assunto.
•	 Pró-memória (aide-memoire, em francês, ou non-paper, em inglês): é um relato ou rascunho 
de reuniões diplomáticas, podendo conter impressões e posicionamentos daquele que o redige, 
muito embora não seja necessariamente assinado. 
•	 Documento de posição oficial: é um documento que expressa a posição do governo representado 
sobre determinado assunto tema de debates em comitês de organismos internacionais, como a 
ONU. É o documento mais empregado em simulações de negociações internacionais multilaterais.
Ademais dos documentos listados anteriormente, as missões diplomáticas elaboram relatórios com 
relativa frequência, descrevendo a situação política, econômica, social e cultural do Estado Acreditado, 
como também iniciativas e resultados. Tais relatórios podem ser apenas descritivos e narrativos, mas 
também podem ser analíticos, com pareceres e recomendações para ação. 
Ainda sobre a documentação diplomática, é importante salientar que diplomacia é, sobretudo, um 
ato de comunicação. Nessa perspectiva, faz-se necessário o emprego de um determinado idioma tanto 
21
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
para a condução das negociações, como para a redação dos documentos. É claro que, entre o corpo 
diplomático nacional, geralmente se emprega a língua oficial do país. Contudo, na comunicação entre 
missão diplomática e governo acreditado elege-se um idioma de referência universal. 
Nos primórdios da formação dos Estados modernos, o latim era a língua empregada tanto na redação 
de documentos diplomáticos e atos internacionais, como na condução das negociações, pelo seu apelo 
cosmopolita na Europa. Com o desenrolar das atividades diplomáticas na Era Napoleônica, o francês 
alcançou o status de língua oficial da diplomacia. Atualmente, contudo, o inglês é o idioma comumente 
empregado em tais atividades, ainda que os atos internacionais devam ser redigidos tanto em inglês 
como em francês.
1.4 A carreira diplomática no Brasil
A carreira diplomática no Brasil é estabelecida pela admissão dos futuros candidatos a agentes 
diplomáticos ao Instituto Rio Branco por meio de concurso de amplitude nacional, que ocorre 
regularmente desde 1937. Ao ser aprovado no concurso, o candidato já ingressa na carreira diplomática 
como terceiro-secretário. 
Figura 1 – Sede do Instituto Rio Branco, em Brasília
É pré-requisito para ingressar na carreira diplomática do Brasil ser brasileiro nato porque, assim 
como os cargos de presidente da República, presidente da Câmara dos Deputados, presidente do 
Senado, ministro do Supremo Tribunal Federal e oficial das Forças Armadas, é uma função que diz 
respeito ao centro das decisões do Poder Soberano. Além disso, é imprescindível formação acadêmica 
em nível superior, com amplo conteúdo na área de humanidades. No concurso público para ingressar no 
Instituto Rio Branco, as provas a que são submetidos os candidatos exigem apreciável conhecimento em 
português, francês, inglês, história, geografia, ciência política, economia, direito e política internacional.
A formação no curso de preparação à carreira diplomática corresponde a uma especialização para 
o exercício das funções e tem duração média de dois anos. O Instituto Rio Branco (IRBr) foi criado em 
22
Unidade I
18 de abril de 1945 como parte da comemoração do centenário do nascimento de José Maria da Silva 
Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, considerado patrono da diplomacia brasileira. 
Em março de 1946, fixou-se o Curso de Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco, 
cuja primeira turma foi composta de 27 cônsules de terceira classe, como se chamavam então os 
terceiros-secretários de hoje. O Instituto Rio Branco teve suas instalações na antiga sede do Ministério 
das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro, até 1975. A transferência para Brasília, nova capital do país, 
ocorreu na gestão do embaixador Azeredo da Silveira. 
 Saiba mais
O Barão do Rio Branco foi ministro das Relações Exteriores entre 1902 
e 1912 e sua brilhante atuação a frente do ministério, especialmente na 
resoluçãodas pendências de fronteiras herdadas da época do Império, 
estabeleceu um padrão de condução das ações diplomáticas brasileiras, 
cuja habilidade e competência funcional é considerada como exemplo para 
o serviço público diplomático. Daí a homenagem ao instituto responsável 
por formar novos diplomatas. Para conhecer mais sobre a vida e a atuação 
profissional de Rio Branco, leia: 
SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o Carnaval. São Paulo: 
Unesp, 2010.
Após o processo de formação no Instituto Rio Branco, o terceiro-secretário, desde que aprovado, 
ingressa no Itamaraty, nome pelo qual o Ministério das Relações Exteriores passou a ser conhecido como 
sinônimo da diplomacia brasileira. O terceiro-secretário pode vir a ser promovido obedecendo à seguinte 
hierarquia da carreira diplomática: segundo-secretário, primeiro-secretário, conselheiro, ministro de 
segunda classe e, por fim, ministro de primeira classe, ponto final da hierarquia.
Em cada fase de sua carreira o diplomata cumpre diferentes funções. Como terceiro-secretário, o 
ingressante no Instituto Rio Branco exerce essa função enquanto ainda está em processo de capacitação. 
Após a conclusão do curso, ocorre a promoção para o cargo de segundo-secretário, cuja função é realizar 
suas atividades no local ao qual for designado até chegar sua promoção. Já como primeiro-secretário é 
possível trabalhar como assessor do ministro das relações exteriores ou do secretário geral da presidência 
da República. Além disso, faz parte de suas atribuições auxiliar deputados e senadores no processo de 
referendo dos tratados internacionais pelo Congresso Nacional.
Após cerca de nove anos no exercício da função, o primeiro-secretário é promovido a conselheiro. 
Nesse cargo, as atribuições do diplomata é chefiar as divisões internas do Ministério das Relações 
Exteriores. Por fim, no exterior, os ministros de segunda e primeira classe podem exercer função de 
embaixador. A esse respeito, é importante destacar que o cargo de embaixador não é exclusivo de um 
profissional da carreira diplomática. Conforme explica Husek (2000, p. 97),
23
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Profissional é o diplomata de carreira, que utiliza sua técnica, sua formação 
e aprendizado a serviço da Nação. Necessariamente, não é o caso do 
embaixador, que, às vezes, se notabiliza pela sua expressão política. Oswaldo 
Aranha e San Tiago Dantas não eram diplomatas de carreira, mas imprimiram 
no Itamaraty uma nova filosofia, uma nova maneira de agir. Apesar dessas 
considerações, entendemos que uma embaixada deva ser ocupada, na 
grande maioria das vezes, pelos homens de carreira, só se justificando a 
presença de outra pessoa de forma excepcionalíssima.
Como foi possível observar, a carreira diplomática brasileira é muito bem estruturada e demanda 
muito estudo e dedicação para ingresso no Instituto Rio Branco, devido à enorme concorrência. 
Contudo, é uma também uma carreira de grande prestígio, dentro e fora do Brasil, e muito bem 
remunerada. É ainda importante lembrar que existem outras carreiras atinentes ao exercício da 
diplomacia brasileira, tais como o oficial de chancelaria e o assistente de chancelaria. 
Oficiais de chancelaria são servidores com formação superior que prestam atividades de formulação, 
implementação e execução dos atos de análise técnica e gestão administrativa, necessários ao 
desenvolvimento da política externa brasileira. Assistentes de chancelaria são servidores de nível médio 
que prestam apoio técnico e administrativo no Brasil e nas representações brasileiras no exterior. 
Da mesma forma que a carreira diplomática, o ingresso em ambas as carreiras se dá por meio de 
aprovação em concurso público. 
 Lembrete
Diplomata é o servidor público aprovado no concurso do Instituto 
Rio Branco. Embaixador é o título conferido ao chefe de uma missão diplomática 
(embaixadas e representações junto a organismos internacionais), pertencendo 
ele ou não à carreira diplomática. É prerrogativa do presidente da República 
indicar embaixadores, e qualquer cidadão pode ser designado. Cônsul-geral é o 
título que é conferido ao diplomata que chefia um consulado-geral. Chanceler 
é o título que é conferido ao ministro das relações exteriores, sobretudo na 
tradição latino-americana. 
2 OS ATOS INTERNACIONAIS
O desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificação das relações internacionais desde a 
formação do sistema de Estados modernos resultaram em uma complexidade de interações e temas de 
interesse comum que ampliou enormemente a quantidade e a diversidade de documentos elaborados em 
âmbito da condução das relações internacionais. São esses documentos denominados atos ou tratados 
internacionais. Nosso objetivo primordial é conhecer e entender, em termos práticos, as principais 
diferenças entre eles.
24
Unidade I
A denominação dos atos internacionais é bastante variada, uma vez que o tema sofreu consideráveis 
transformações ao longo dos tempos. De qualquer forma, na contemporaneidade, são os tratados que 
regulamentam matérias das mais variadas e possuem fundamental importância no contexto internacional, 
além de contribuírem para a codificação de inúmeros temas que antes eram regulamentados quase que 
exclusivamente pelo chamado direito costumeiro. Mazzuoli (2011, p. 189) afirma que o próprio processo 
de transformação das normas costumeiras em regramento escrito tem colaborado para que os tratados 
se multipliquem na sociedade internacional.
De fato, é possível observar que, nos dias de hoje, a vida internacional funciona quase que 
primordialmente por meio dos tratados internacionais. São esses documentos o recurso pelo qual os 
Estados e as Organizações Internacionais Intergovernamentais conseguem acomodar seus interesses, 
mesmo quando conflitantes, e cooperar entre si para a satisfação de suas necessidades comuns 
(MAZZUOLI, 2011, p. 190).
Apesar da importância nas relações internacionais contemporâneas, os tratados têm origem 
histórica muito remota, mais de 12 séculos antes de Cristo, na Antiguidade Oriental. Conforme 
explica Mazzuoli (2011, p. 191), o primeiro registro de um tratado internacional foi firmado entre 
o rei dos hititas e o faraó egípcio, por volta de 1280-1272 a.C., colocando fim às guerras que 
aconteciam em terras sírias. Porém, foi a partir do século XIX, com a dinamicidade empregada às 
relações internacionais e o rápido desenvolvimento econômico e político da sociedade internacional 
que a prática de celebração de tratados ganhou força. Já no século XX surgiram Organizações 
Internacionais de caráter permanente, as quais também passaram a deter a capacidade de celebrar 
tratados, contribuindo para sua expansão.
A respeito do rápido desenvolvimento dos tratados, Mazzuoli (2011, p. 165) explica que o motivo 
para isso foi:
A crescente solidariedade que se estabeleceu entre os diversos elementos 
da sociedade internacional: a solidariedade mecânica que existe entre 
os Estados é de tal natureza que toda mudança dos elementos altera o 
equilíbrio de poder dentro da totalidade do sistema; por sua vez, a natureza 
da totalidade dos interesses gerais da humanidade requer que os problemas 
sejam atacados de forma comunitária e simultânea; e, por último, também 
se deve levar em conta a solidariedade dos indivíduos no desenvolvimento 
da cultura e da opinião pública.
A confluência desses fatores somada à maior importância que os tratados alcançaram na 
regulamentação da vida internacional resultou na necessidade de regulamentar o próprio ato de celebrar 
tratados, isto é, criar normas e padrões para estabelecimento dos atos internacionais. Para tanto, as 
Nações Unidas realizaram conferências e trabalhos para codificar o direito dos tratados, cujo resultado 
foi a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em maio de 1969. Desde então, esse 
é o documento base tanto para o estudo, como para orientar e dirimir quaisquer atritos na celebração 
dos atos internacionais.
25PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
2.1 Termos empregados para caracterização de atos internacionais
Conforme explica Mazzuoli (2011, p. 205), a expressão tratado é uma expressão-gênero, isto é, 
um termo que congrega dentro de si diferentes nomenclaturas com a finalidade de classificar os mais 
diversos tratados internacionais, conforme sua finalidade, a qualidade das partes, o assunto versado 
ou o número de Estados-parte. A seguir, listamos e descrevemos os termos e acepções usualmente 
empregados na prática das relações internacionais.
Tratado
De acordo com o texto da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, ato ou tratado 
significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo direito 
internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, 
qualquer que seja sua denominação específica. O tratado, desse modo, é uma manifestação de 
vontades efetuada por meio de um acordo escrito entre os Estados. Para tanto, é importante 
saber que “ratificação”, “aceitação”, “aprovação” e “adesão” significam, conforme o caso, o ato 
internacional assim denominado pelo qual um Estado estabelece o seu consentimento a um 
tratado; assim, “Estado-parte é um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em relação 
ao qual este esteja em vigor” (CONVENÇÃO…, 1969). 
Assim, tratado é a expressão utilizada para definir todos os acordos com caráter político; sendo 
internacional, bilateral ou multilateral, o termo é utilizado para apontar ou fazer reparos no que foi 
acordado entre as partes. Isso ficou acertado na Convenção de Viena de 1969, que acabou por igualar 
o significado das palavras tratado e convenção. Tratado, portanto, é o nome dos atos internacionais 
consagrados na literatura jurídica e diplomática. Há, contudo, uma variedade de nomes que não guarda 
relação com o teor substancial do tratado, visto que pode ele referir-se a uma gama imensa de assuntos 
que, na prática, muitas vezes, leva-nos a fixar nomes mais aplicáveis em um ou em outro caso (HUSEK, 
2000, p. 53). 
 Observação
Interessante observar que, comumente na prática das relações 
internacionais, denomina-se tratado o ato bilateral ou multilateral ao qual 
se deseja atribuir especial relevância política. Dessa forma, chamamos, por 
exemplo, os tratados de paz e amizade, como o Tratado de Versalhes, que 
pôs fim à Primeira Guerra Mundial; o Tratado de Assunção, que criou o 
Mercosul; ou o Tratado de não Proliferação Nuclear.
Convenção
O termo convenção passou a ser usado para se referir a congressos e conferências internacionais 
após um aumento desses eventos, nos quais eram debatidos assuntos importantes para a sociedade 
internacional. A expressão refere-se, então, a tratados solenes e multilaterais em que as partes celebram 
26
Unidade I
em conferência internacional e não discordam totalmente. É exemplo desse tipo de denominação a 
própria Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados e a Convenção das Nações Unidas sobre o 
Direito do Mar.
É um tipo de instrumento internacional destinado, em geral, a estabelecer normas para o 
comportamento dos Estados em uma gama cada vez mais ampla de setores. No entanto, existem 
algumas poucas convenções bilaterais, como a Convenção Destinada a Evitar a Dupla Tributação e 
Prevenir a Evasão Fiscal, celebrada com a Argentina (1980), e a Convenção sobre Assistência Judiciária 
Gratuita, celebrada com a Bélgica (1955).
Pacto
Pacto é um termo usado para definir um acordo firmado entre as partes. Foi utilizado para designar o 
acordo constitutivo da Sociedade das Nações, em 1919. Atualmente tem sido empregado para restringir 
o objetivo político de um tratado, como, por exemplo, o Pacto de Aço, celebrado em 1939, ou o Pacto 
de Varsóvia, de 1955. No âmbito das Nações Unidas, o termo pacto é utilizado para designar dois dos 
mais importantes tratados de direitos humanos: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; e o 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos celebrados em Nova York, em 
1966 (MAZZUOLI, 2011, p. 207).
Acordo
Acordo é um termo muito utilizado para referir-se a tratados de natureza econômica, cultural, 
financeira ou comercial. Quando esses tratados são multilaterais ou bilaterais, com poucos participantes 
e referentes a um dos tratados citados, utiliza-se o termo acordo. Acordos podem ser firmados, ainda, 
entre um país e uma organização internacional, a exemplo dos acordos operacionais para a execução de 
programas de cooperação e os acordos de sede.
Mazzuoli (2011, p. 208) explica que a origem do termo é o agrément, do direito norte-americano, 
referindo-se a atos internacionais concluídos pelo presidente sem aval do Senado. Apesar de comumente 
o termo acordo compreender atos internacionais com reduzido número de participantes e sobre temas 
de importância relativa, sua importância não deve ser diminuída, pois seu maior exemplo foi o Acordo 
Geral de Tarifas e Comércio (GATT, sigla em inglês). 
Acordo por troca de notas
Essa modalidade de acordo se refere a trocas de notas entre diplomatas sobre outros acordos já 
acertados. Dessa forma, utilizam-se notas diplomáticas para esclarecer dúvidas ou realizar alguma 
alteração. Versam, geralmente, sobre assuntos de natureza administrativa.
Acordo em forma simplificada ou acordo do Executivo
É o tratado realizado pelo Poder Executivo sem a aprovação do Poder Legislativo. Eles são realizados 
em sua maioria por troca de correspondência, nota ou outro processo diplomático. Por serem acordos 
27
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
simplificados, não necessitam de ratificação do Estado para serem concluídos. Nesse ponto, novamente 
Mazzuoli (2011, p. 208) lembra que existem diversos motivos para o Poder Executivo adotar acordos em 
formas simplificadas. Entre esses motivos, podemos citar a rapidez na sua conclusão, o caráter técnico, a 
necessidade de conservar certo sigilo etc. Entretanto, o principal fator que impulsiona a realização desse 
tipo de tratado é a morosidade decorrente da intervenção do Legislativo na tentativa de frear a atuação 
do Poder Executivo na esfera internacional.
Gentlemen’s agreements
A expressão pode ser traduzida como “acordos de cavalheiros”. Esse acordo tem como base a honra 
e acontece entre chefes de Estados ou Governos. Tal ato não pode ser considerado um tratado porque 
não tem valor jurídico, por isso, é justamente denominado “acordo de cavalheiros”, já que não acarreta 
qualquer sanção ou responsabilidade internacional em caso de descumprimento. 
Esses acordos declaram por escrito procedimentos políticos que os países-membros do acordo irão 
seguir como um compromisso de honra. Como exemplo, pode ser citado o acordo Rook Takahira, de 
1907, pelo qual o Japão se obrigou a prosseguir na sua política de desencorajamento da imigração dos 
seus nacionais para os Estados Unidos (MAZZUOLI, 2011, p. 210).
Carta
A carta é geralmente utilizada para estabelecer os objetivos que compõem uma organização 
internacional, tal como a Carta das Nações Unidas, de 1945, e a Carta da Organização dos Estados 
Americanos, de 1948. Também pode ser utilizada para designar um tratado solene que reúna os direitos 
e deveres para todos os Estados-parte, a exemplo da Carta Social Europeia.
Protocolo
Essa expressão pode ser usada em dois casos: quando se refere aos resultados de uma 
conferência diplomática ou de um acordo menos formal; e quando é usada para nomear um 
tratado que tem ligação direta com um anterior. Nesse sentido, o termo protocolo é empregado 
para designar acordos complementares ou interpretativos de tratados ou convenções anteriores, 
por exemplo, o Protocolo de Ouro Preto, de 1994, que complementa o Tratado de Assunção, de 
1990. Porém, o protocolo também pode ser um acordo sem vínculo com algum outro tratado. 
É utilizado também no fim de conferências internacionais, como protocolos finais ou protocolos 
de encerramento. 
Ato ou ata
Referem-seàs regras que ficam estabelecidas ao fim de um acordo numa conferência internacional. 
Existem também atos que não são tratados, que têm apenas caráter moral, e não jurídico. Podem ser 
utilizados para cobrir eventos diplomáticos e em seus encerramentos, com a expressão ata final.
28
Unidade I
Declaração
A declaração é um termo usado em atos que determinam regras ou princípios jurídicos, ou ainda 
normas de direito internacional de posições políticas de interesse coletivo. Essa expressão pode ser 
sinônimo de tratado, também para entender e interpretar um ato internacional já estabelecido ou 
que ainda entrará em vigor, e para proclamar o modo de ver e de agir de um ou mais Estados sobre 
determinado assunto (MAZZUOLI, 2011, p. 211).
Modus vivendi
Refere-se a acordos temporários ou provisórios, geralmente de caráter econômico ou algo relativo a 
isso. A característica principal desse termo é sua condição de algo passageiro. Por isso, ele é empregado 
quando as partes acordam em manter a situação como está, até que se tenha um tratado ou semelhante 
definitivo. Tais acordos são, geralmente, estabelecidos por meio da troca simples de notas diplomáticas 
(MAZZUOLI, 2011, p. 212).
Arranjo
Termo empregado para acordos temporários que não tenham caráter jurídico geralmente perante 
instituições internacionais, como é o caso de arranjos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Concordata
É utilizada para definir acordos bilaterais de natureza religiosa entre a Santa Sé e Estados que 
possuem cidadãos católicos com o objetivo de definir questões relativas aos cultos religiosos, 
administração eclesiástica etc. As concordatas diferem-se dos tratados quanto à forma, uma vez que 
tratam estritamente de conteúdo religioso.
Reversais ou notas reversais
Essas notas são usadas com a única finalidade de estabelecer benefícios entre Estados – sejam 
eles recíprocos ou não – sem, contudo, desfazer direitos já estabelecidos. Assim, as notas reversais 
são trocadas entre as partes quando um tratado é concluído para assegurar direitos e compromissos 
já adquiridos.
Ajuste ou acordo complementar
Esses termos são empregados para definir compromissos de importância relativa ou secundária, mas 
sem perder a característica de tratados. É um tipo de ato que dá execução a outro, anterior, devidamente 
concluído e em vigor, ou que detalha áreas de entendimento específicas abrangidas por aquele ato. Como 
exemplo, podemos citar o Ajuste Brasil-Itália, de 1980, complementar ao Acordo Básico de Cooperação 
Técnica, de 1972 (MAZUOLLI, 2011, p. 213).
29
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Convênio
Emprega-se esse termo para definir acordos de caráter político, porém, pode ser utilizado também 
para temas de menor importância, como cultura e transporte. Trata-se, geralmente, de um objeto 
específico, como o Convênio Internacional do Café ou o Convênio de Integração Cinematográfica 
Ibero-Americana. Em algumas ocasiões, a expressão pode vir a ser confundida com acordos internos; 
sendo assim, convênios não podem ser definidos como tratados, já que estes são apenas utilizados para 
acordos internacionais. 
Compromisso
O termo é utilizado em acordos nos quais os Estados envolvidos se comprometem a recorrer à 
arbitragem, ou seja, denominam outro Estado ou entidade para resolver os conflitos existentes entre 
eles. Assim, temos a expressão compromisso arbitral, que faz referência a uma cláusula já prevista no 
tratado para resolver conflitos.
Estatuto
Esse termo é empregado para designar tratados que determinam normas para os tribunais de 
jurisdição internacional. Atualmente, a expressão é muito empregada para dar forma regimental e 
limitar a competência desses tribunais.
Regulamento
Essa é uma expressão rara e sem uma definição específica, quase em desuso nos dias de hoje. 
Foi empregada no Congresso de Viena, em 1815, para determinar a ordem de precedência dos 
agentes diplomáticos. Atualmente é empregada para designar as normas que regulamentam 
alguns organismos internacionais, por exemplo, os Regulamentos da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos.
Código
Essa expressão não tem sido atualmente utilizada, só foi empregada no Código Sanitário 
Pan-Americano de Havana, em 1924. O termo código, atualmente, acabou se tornando o título pelo 
qual se conhece no senso comum algumas importantes convenções internacionais. A Convenção de 
Viena sobre o Direito dos Tratados, por exemplo, é comumente conhecida como Código dos Tratados.
Constituição
Esse termo muito raramente refere-se a tratados internacionais, pois pode ser confundido com a 
Constituição dos Estados. Entretanto, em 2004, a expressão foi utilizada na tentativa de realizar uma 
“Constituição Europeia”, porém, esta acabou não entrando em vigor.
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Unidade I
Contrato
Essa expressão tem sido evitada para assuntos internacionais, pois tem um caráter ligado ao direito 
interno. Assim, esse termo define acordos internacionais entre Estados que não estejam ligados às 
regras do direito internacional público, o que é algo raro de acontecer (MAZZUOLI, 2011, p. 214).
Encerrando essa extensa lista de denominação dos tratados, é importante mencionar que, 
independentemente de sua diversidade quanto à forma, todos esses atos internacionais são instrumentos 
úteis e empregados na prática diplomática, e possuem identidade jurídica nas relações entre os Estados.
2.2 Processo negociatório dos atos internacionais
Uma vez estudado o conceito e as denominações dos tratados, é necessário compreender o processo 
pelo qual os atos internacionais são estabelecidos, desde o processo negociatório até sua entrada em 
vigor. É um processo longo, muitas vezes moroso, porém, fundamental para regulamentar as boas 
práticas das relações internacionais, como já vimos. No entanto, antes de tudo, é preciso destacar que 
tal processo é típico das sociedades democráticas, em que ocorrem debates internos a respeito do 
referendo dos tratados internacionais por parte do Congresso ou do Parlamento. 
Mazzuoli (2011, p. 228) identifica quatro fases pelas quais têm de passar os tratados até a sua 
conclusão. São elas:
a) a formação do texto (negociações, adoção, autenticação) e assinatura; 
b) a da aprovação parlamentar por parte de cada Estado interessado em se 
tornar parte do tratado; c) a da ratificação ou adesão do texto convencional, 
concluída com a troca ou depósito dos instrumentos que a substanciam; 
e d) a da promulgação e publicação do texto convencional na imprensa 
oficial do Estado.
Note-se que, no desenrolar desse processo, existe uma fase em que prevalece o elemento internacional, 
ao passo que, uma vez que o tratado adentra a análise parlamentar, inicia-se uma fase em que se 
mesclam elementos internacionais com o processo nacional. Por fim, quando o texto convencional 
é finalmente promulgado e publicado, prevalece o contexto interno, em que o tratado passa a ter a 
mesma validade de uma lei nacional.
A figura a seguir resume o processo pelo qual se formam os tratados, considerando sua internalização 
comum em sociedades democráticas. Observe, ao longo das quatro fases, os momentos em que prevalece 
a fase internacional e interna. Na prática diplomática, as prerrogativas dos agentes diplomáticos 
prevalecem até o segundo momento, em que auxiliam o Poder Legislativo no referendo do tratado. 
Já a ratificação é exercida pelo chefe do Poder Executivo, e, só então, o tratado passará a vigorar para o 
Estado contratante.
31
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Negociações 
e assinatura Ratificação
Referendo 
parlamentar
Promulgação 
e publicação
Fases internas
Fases internacionais
1 2 3 4
Figura 2 – Fases de formação dos tratados
Na fase 1, das negociações e assinatura, ocorre todo o processo negociatório, isto é, a construção 
do consenso em torno do objeto de interesse internacional. De forma geral, o texto convencional é 
formulado por meio de uma negociação que se inicia pela troca de notas diplomáticas, quando bilateral.Por conseguinte, tem-se o desenvolvimento das negociações, que acontecem no território de uma das 
partes, entre as chancelarias de um Estado e a embaixada do outro. Porém, caso se trate de negociações 
propostas ou convocadas por um organismo internacional, elas ocorrerão no interior de sua sede, e, no 
caso de uma negociação coletiva envolvendo muitos Estados, numa conferência diplomática (HUSEK, 
2000, p. 57).
Ainda nessa fase, como já observado, prevalece o contexto internacional. Por isso, no processo de 
negociação impera a capacidade e legitimidade dos negociadores envolvidos, isto é, do consentimento 
dado ao processo negociatório pelos Estados que negociam. Dessa forma, a representação das partes no 
caso dos Estados é feita pelo chefe do Estado ou ministro plenipotenciário, que é o ministro de Estado 
responsável pelas relações exteriores, ou mesmo o chefe de missão diplomática. 
Para além dessas pessoas, outros representantes poderão ser admitidos como agente negociador em 
nome do Estado que representam, porém, para que isso ocorra, é necessário que tal pessoa porte uma 
carta de plenos poderes expedida necessariamente pelo chefe de Estado. Conforme explica Husek (2000, 
p. 58), a carta de plenos poderes é uma formalidade que habilita os agentes que representam o Estado:
O destinatário da carta é o governo que copactua o tratado, devendo a 
entrega de tal carta preceder o início da negociação. Na referida carta 
vem escrito que o presidente da República nomeia determinada pessoa, 
qualificando-a, como seu plenipotenciário para assinar, em determinada 
cidade, em nome do governo, determinada convenção (HUSEK, 2000, p. 58).
Quando as negociações têm como participante uma organização internacional e o representante não 
é um chefe governamental ou um plenipotenciário, em regra, o secretário-geral ou outro funcionário 
sob título diverso pode estar à frente do corpo administrativo da organização. Da mesma forma, quando 
as negociações se desenrolam no interior de uma organização internacional, a carta de plenos poderes, 
quando necessária, é apresentada ao secretário-geral da organização em questão.
32
Unidade I
Após a negociação dos termos do tratado, o texto segue para votação, sendo adotado, no caso de 
uma conferência internacional, quando há maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, ou 
pelo consenso. Caso aconteça de algum Estado não ter participado das negociações, mas apresente 
interesse em tornar-se parte do tratado, deve-se entrar com um pedido de adesão. A adesão ocorre, 
pois, em um segundo momento, quando o Estado resolve, depois de estabelecidos os parâmetros, aderir 
ao tratado. Uma vez que seu pedido de adesão for aceito pelos critérios determinados no texto do 
tratado, o Estado passa a fazer parte daquele ato internacional (HUSEK, 2000, p. 59).
Uma vez que o tratado foi votado e aprovado, o texto segue para assinatura de todos os Estados. 
Assinar um tratado não significa a obrigação de cumpri-lo, dado que ainda se fazem necessários outros 
processos de ratificação. A assinatura, porém, atesta a concordância com as cláusulas e que estas são 
verídicas e autênticas. Esse ato faz parte da solenidade que acompanha o estabelecimento dos tratados. 
O ato da assinatura é realizado ao término dos trabalhos de negociação pressupondo a conclusão 
dos termos e fixando o texto convencional, sendo que, a partir daquele momento, o texto convencional 
não poderá mais ser alterado. O comprometimento definitivo, contudo, ainda depende de futura 
ratificação, que corresponde às demais fases do processo de formação dos tratados, tal como visto 
na figura anterior, agora já perpassando o contexto interno. Em alguns poucos casos, contudo, pode 
ocorrer de o representante do Estado estar autorizado, por meio de simples assinatura, a obrigá-lo 
internacionalmente, situação que depende da legislação interna de cada país (HUSEK, 2000, p. 59).
A fase 2, correspondente ao referendo parlamentar, no caso brasileiro, é de competência exclusiva 
do Congresso Nacional. Concordando o Congresso Nacional com a celebração do ato internacional, 
elabora-se um decreto legislativo para referendar e aprovar a decisão do chefe do Executivo, dando-se a 
este uma carta branca para que possa ratificar o tratado. Ressalta-se que a edição do decreto legislativo 
aprovando o tratado não contém ainda uma ordem de execução do tratado no território nacional, uma 
vez que, ainda em se tratando da legislação brasileira, só ao presidente da República cabe decidir sobre 
sua ratificação (ARRUDA, 2014).
Na fase 3 ocorre o processo de ratificação, que descreve, de acordo com Husek (2000, p. 59), “ato 
unilateral com o que o copartícipe da feitura de um tratado expressa em definitivo sua vontade de se 
responsabilizar, nos termos do tratado, perante a comunidade internacional”. A ratificação perante a 
comunidade internacional é expressa por meio de uma carta de ratificação, pela qual:
O país faz saber que foi concluído um acordo e, no caso do Brasil, tendo 
sido aprovado pelo Congresso, o presidente da República confirma e ratifica, 
para produzir seus devidos efeitos, prometendo o cumprimento do tratado. 
A carta é assinada pelo presidente da República e deve ter o selo das Armas 
da República, sendo, também, referendada pelo ministro das Relações 
Exteriores. Tais formalidades se justificam, porque a partir do momento 
da entrega da Carta de ratificação no órgão internacional designado para 
recebê-la ou no Estado partícipe que foi determinado para tanto, o Estado 
se obriga internacionalmente (HUSEK, 2000, p. 59).
33
PROCESSOS E PRÁTICAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Por fim, ainda considerando o processo no caso brasileiro, a última fase é a da promulgação e 
publicação do texto convencional na imprensa oficial do Estado, isto é, o presidente da República do 
Brasil, mediante decreto, promulga o texto, com o objetivo de que o tratado seja incorporado e com isso 
passe a ter efeitos no ordenamento jurídico interno.
Cabe ainda mencionar que, para entrar em vigor, tratados bilaterais necessitam apenas de trocas de 
cartas de ratificação. Contudo, tratados multilaterais precisam atingir um número mínimo de depósitos 
de instrumentos de ratificação estipulado no texto da própria convenção. Além disso, é possível um 
Estado ratificar o texto do tratado com “reservas”, quando o Estado em questão informa que não 
concorda e que, por isso, não cumprirá determinados termos do documento, sem prejuízo para a 
realização geral do tratado.
 Saiba mais
Sobre o tema dos tratados internacionais, aprofunde seus estudos lendo 
o seguinte livro: 
GUIMARÃES, A. M. C. Tratados internacionais. São Paulo: Aduaneiras, 2009.
3 AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
As Organizações Internacionais são instituições do sistema internacional que foram elaboradas para 
garantir medidas de governança global e facilitar a prática do intercâmbio político entre os Estados. 
Com a intensificação das interações mundiais a partir do século XIX, houve uma grande multiplicação 
do número de Organizações Internacionais no decorrer do século XX, acarretando, por consequência, 
maior intensificação da prática diplomática. 
Atualmente o desenrolar de negociações internacionais entre os Estado ocorre, na maioria das 
vezes, sob os auspícios de uma organização internacional, seja esta de abrangência global, seja de 
regional. Da mesma forma, as atividades da sociedade civil global têm sido facilitadas e articuladas por 
Organizações Internacionais não governamentais, que influenciam a opinião pública internacional e, 
por extensão, a forma como os Estados tomam suas decisões em matéria de política internacional. 
Assim, Accioly, Silva e Casella (2012, p. 638) salientam que as Organizações Internacionais, das mais 
diversificadas ações, multiplicam-se à medida que aumenta a conscientização a respeito dos problemas 
especificamente internacionais, sobre os quais os Estados não conseguem dar conta, mesmo os que se 
pleiteiam à condição

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