➔ Furto (art. 155 do CP) Objetividade jurídica: a lei penal tutela a posse legítima e a propriedade. A detenção isoladamente, não é protegida pelo art. 155 do CP, pois não produz qualquer efeito jurídico. Sujeitos do delito Ativo: qualquer pessoa pode praticar o crime, não exigindo a lei qualquer condição especial do sujeito ativo. Obs: se o agente já estava na posse ou na detenção da coisa, objeto do crime, responde pelo delito de apropriação indébita (art. 168 do CP). - A posse vigiada enseja subtração (Ex: o empregado da fábrica que furta as ferrametas; o comerciário que furta as mercadorias). - A posse desvigiada enseja a apropriação indébita. Passivo: é o possuidor ou proprietário, ou ambos. Quem em regra sofre o dano patrimonial. -Elementos objetivos do crime: O objeto material do crime é uma coisa, toda substância corpórea material, suscetível de apreensão e que tem um valor qualquer. Ainda refere-se o tipo à coisa alheia, isto é, que se acha na posse de outrem, em geral do proprietário. A coisa também tem de ser móvel: tudo que pe suscetível de remoção, ou por ser dotado de movimento próprio, ou por ação do homem: os semoventes e o que pode ser removido por ação humana. - Claro se torna que por coisa material e corpórea devemos entender tudo aquilo que pode ser objeto da ação física do delito, isto é, tudo aquilo que pode ser subtraído, ou melhor, suscetível de remoção, deslocamento ou apreensão. COISA ALHEIA + SER COISA + SER MÓVEL + COISA CORPÓREA Fixados os conceitos de coisa alheia móvel, é necessário nos determos na conceituação do seu valor: alguns autores afirmam que para ser objeto de furto a coisa tem de ter valor econômico, ou seja, valor de troca, sendo de todo excluído o valor de afeição, como requisito da coisa furtada. Outros sustentam opinião diversa: “O conceito de valor patrimonial não corresponde necessariamente ao conceito de valor econômico, e o de dano patrimonial não se identifica com o de dano econômico”. Considerando que o patrimônio é um complexo de bens através dos quais o homem satisfaz suas necessidades, não há porque não incluir as coisas que possuem um valor afetivo, pela sua utilização. O valor é dado principalmente pelo espírito humano e não pela natureza do objeto. A ausência ou pouquidade do valor econômico será circunstância condizente à graduação da pena, como se verá no parágrafo segundo do artigo em estudo. O que poderá ocorrer é utilizar-se do princípio da insignificância quando for ínfimo o valor do bem. Ex.: furtar um alfinete; um palito de fósforo. -Elementos subjetivos do crime Não há que se falar em furto se existe o consentimento da vítima, pois o patrimônio é um bem disponível. Não haverá furto sem DOLO (vontade livre e consciente de subtrair coisa móvel), é necessário ainda que a vontade abranja o elemento normativo alheia, pois poderá agir em erro de tipo, excludente do dolo e portanto atípico. Além desse dolo genérico, exige-se um elemento subjetivo específico que é a finalidade do agente expressa no tipo para si ou para outrem que indica o fim de assenhoramento definitivo. Não se confundir elemento subjetivo do injusto com o motivo determinante do crime (Ex: vingança, lucro, capricho) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Contrectatio: dizia consumado o furto pelo fato do agente haver pousado a mão no objeto. Amotio: a consumação é dada com a deslocação do objeto Ablatio: para a consumação era necessário a apreensão e deslocação do objeto; Ilactio: a consumação exigia que o agente levasse o objeto para o lugar que era destinado O Plenário do Supremo Tribunal Federal, superando a controvérsia em torno do tema, consolidou a adoção da teoria da apprehensio (ou amotio), segundo a qual se considera consumado o delito de furto quando, cessada a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja possível à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata. Desde então, o tema encontra-se pacificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores. 3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. - STJ: “A orientação jurisprudencial é no sentido de que se considera consumado o crime de furto, assim como o de roubo, no momento em que, cessada a clandestinidade ou a violência, o agente se torna possuidor da res furtiva, ainda que por curto espaço de tempo, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima, incluindo-se, portanto, as hipóteses em que é possível a retomada do bem por meio de perseguição imediata” Entretanto, alguns autores defendem a teoria da inversão da posse. Além de inverter a posse se exigiria um certo lapso temporal, isto é, um período de tempo em que o agente tem a coisa para si sem ser molestado por ninguém (posse mansa e pacífica). → É admissível a forma tentada, pois o furto é um crime material no qual a lei exige ação subtrair e um resultado lesão patrimonial para que se diga consumado. A tentativa ocorrerá sempre que o agente não conseguir consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. -Furto privilegiado (art. 155 § 2° do CP) Minorante Exige a lei dois requisitos a) Primariedade do agente: é mister que o réu seja primário, isto é, não reincidente (art. 63 do CP) b) Coisa de pequeno valor: tem entendido a jurisprudência que reconhece-se o furto privilegiado quando a coisa não alcançar o valor correspondente a um salário mínimo vigente à época do fato. SÚMULA 511 do STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. -Furto de energia (Art. 155 §3° do CP) Também será furto se a energia for solar, térmica, sonora, atômica, mecânica, toda que tiver valor econômico. Se equipara a um bem móvel. -Furto qualificado (art. 155 §4° do CP) a) Destruição ou rompimento de obstáculo (art. 155 §4°, I) Destruição: destruir, demolir, desfazer, desmanchar. Rompimento: romper, partir, despedaçar, separar, rasgar, abrir e etc. Para qualificar é necessário que a conduta atinja o objeto que impede a apreensão ou a remoção da res furtiva. É necessário que a violência ocorra antes, durante ou depois do objeto, mas sempre antes de consumado o crime. O obstáculo pode existir naturalmente ou ser posto com a finalidade de impedir o furto (Ex: abrir trincos, portas, janelas, fechadura, fios de alarme e etc). Não é arrombar para furtar o carro e sim as coisas se deu interior. A simples remoção de obstáculos não qualifica o crime (Ex: tirar parafusos). → O obstáculo pode ser: De natureza ativa: armadilhas, alarmes e etc. De natureza passiva: muro, paredes, cofres e etc. É indispensável exame pericial para o reconhecimento da qualificadoras, efetuado por peritos da polícia, é circunstância objetiva e comunicável em, caso de concurso de agentes, desde que passe pela sua esfera de conhecimento. b) Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (Art. 155 §4°, II) Requisitos: Que o sujeito abuse da confiança depositada Que a coisa esteja com o sujeito ativo em face desta confiança. -Trata-se de um indivíduo mais perigoso pois além de furtar, viola a confiança nele depositada, uma vez que aproveitando-se desta confiança, comete o crime. A confiança pode existir ao tempo do fato ou ter sido captada de propósito para o furto. Obs: Algumas atividades já pressupõem uma relação de confiança, portanto inúmeras jurisprudências consideram qualificado o furto do guarda, vigia, ronda, pois incita na atividade a confiança. Estão no mesmo caso os domésticos - A diferença entre a apropriação indébita e o furto qualificado pelo abuso de confiança é que naquela o agente toma por sua a coisa da qual detém a posse; neste, o agente subtrai