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Teoria Geral do Processo

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Teoria Geral do Processo – Bruno Garcia Redondo
Aula 1 – Rio, 01.03.12
-Conceitos e divergências dos autores ao longo do tempo.
Conceitos de ação, jurisdição e processo.
-CPC vigora há 40 anos, e ao longo desse tempo, sofreu 65 mudanças. É um sistema que muda muito. A cada lei nova que surge, os autores ao lança-las em seus livros, divergem sobre a interpretação delas.
-Bibliografia: Alexandre Câmara
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-Processualistas: estudam o direito processual.
Existe uma teoria comum a todos os processos (trabalho, civil, administrativo, tributário)? Há muitas divergências, não há uma teoria geral, em cada processo há uma diferença. Temos alguns princípios conflitantes e convergentes.
Vamos falar dos autores de direito processual civil.
O processo civil brasileiro foi muito influenciado pelo processo civil italiano. O processo civil brasileiro atual é de 1973. A mudança do de 1939 para o de 1973 foi muito grande, o antigo só falava de procedimentos. O de 1973 surgiu, vieram alguns processualistas italianos para cá, que fugiram da 2ª Guerra e vieram lecionar aqui no Brasil – trouxeram suas obras famosas, que influenciaram muito o direito processual civil brasileiro. Os três processualistas mais famosos da Itália são:
1)Enrico Tullio Liebman (influenciou muitos processualistas brasileiros) – o aluno dele fez o rascunho do novo CPC.
2)Francesco Carnelutti 
3)Giuseppe Chiovenda – ele junto com o Liebman foram os que mais influenciaram o direito processual brasileiro.
Rio de Janeiro:
1)Alexandre Freitas Câmara – desembargador. Indicado pela OAB.
2)Luiz Fux – ministro do STF.
3)Sergio Bermudes – advogado e professor da PUC.
4)José Carlos Barbosa Moreira – principal processualista vivo. Professor da UERJ, advogado, virou desembargador. 
5)Leonardo Greco – professor da UERJ.
São Paulo: congrega o maior número de professores famosos, conhecidos nacionalmente. 
1)Ada Peregrinni Grinover
2)Cândido Rangel Dinamarco
3)Cassio Scarpinella Bueno
BA: Freddie Didier Jr.
Rio Grande do Sul: Araken de Assis
Minas Gerais: Humberto Theodoro Jr. 
Processualistas falecidos: F. C. Pontes de Miranda, Alfredo Buzaid, J. J. Calmon de Passos. 
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Aula 2 – Rio, 06.03.12
*PR: Teresa Wambier 
1)Evolução do Direito Processual Civil
No Brasil, na época do descobrimento, tivemos 3 ordenações (compilações): 1)Compilações Afonsinas – durante o reinado de Afonso V -> lá tinham as normas de processo civil e comercial; 2)Manuezinas; 3)Filipinas. -> era a legislação aplicada pela coroa na colônia. 
-Brasil, em 1822, torna-se independente, mas não tínhamos muito legislação nacional – não sabia qual legislação aplicar – em relação ao processo civil, com a independência, teve o Decreto Imperial de 20.10.1823 -> permanece aplicando-se no que couber as ordenações Filipinas, até que se faça uma ordenação nacional.
-Veio a Lei Imperial de 11.08.1827 e essa lei é famosa por vários motivos -> D. Pedro I cria os dois cursos de ciências jurídicas em SP e em Olinda, conferindo o título de doutor em que se formar em bacharel em ciências jurídicas. Com isso, o dia 11 de agosto virou o Dia do Advogado – prática do “pendura”. 
-Em 1850, surge o primeiro decreto de caráter nacional: dec. 737/1850 -> problemas resultantes de práticas comerciais. -> 1ª regulamentação nacional de processo civil sobre litígios de práticas comerciais. 
-Consolidação das leis processuais civis -> essa consolidação recebeu o nome de “consolidação Ribas”, em 1876 – reprodução das ordenações com as alterações do dec. 737, mas não era uma lei que revogava tudo que vigorava antes -> mistura de consolidação com decretos e ordenações.
-Com a República (1889), continuou-se aplicando o dec. 737/1850, em 1890,e, ainda em 190 surge o dec. 848/1890 
-Const. de 1891: União e estados legislavam sobre processo civil
1ª lei federal: dec. 3084/1898 – 
CPCs Estaduais: 22 estados criaram CPCs. CPC do RJ se chamava CPC do DF, pois o RJ era capital. Problema: uma legislação federal e paralela estados legislarem sobre processo civil, gerou uma insegurança nos advogados – quem fosse advogar em outra região que não era a sua, não sabia como legislar, pois cada estado tinha a sua própria legislação de processo civil.
-Constituição de 1934 vendo o problema da constituição anterior: competência privativa da União de legislar sobre processo civil, tendo a necessidade de promulgação de um código federal, acabando com as legislações estaduais. Surgem comissões juristas para elaborar o CPC federal aprovado em 39 (CPC/39: DL 1608/39) e o CPP aprovado em 41.
-1963: Buzaid – anteprojeto NCPC
-1969: apresentação à comissão de juristas o anteprojeto do NCPC
-1972: é aprovado o novo texto de Buzaid -> esse texto é apresentado ao congresso, e em 73, vem o novo CPC em forma de lei (CPC/73 L.5869/73).
-A constituição de 88 diferencia processo de procedimento. Art. 22-> competência privativa da união para legislar sobre processo; art. 24, XI-> competência dos estados para legislar sobre procedimento dos processos. Não existem consenso em relação à diferença dos dois.
- CPC/73: revoga-se uma parte do CPC de 39. Primeira reforma do CPC/73 foi antes mesmo dele entrar em vigor (entra em vigor em 1º de janeiro de 1974), elaboraram a lei e aprovaram a lei ainda na vacacio -> L. 5925/73.
-Comissão Revisora -> em 1985, foi formada uma comissão revisora do CPC e a tentativa era criar um anteprojeto para outro CPC, mas não foi aprovado. 
-A partir daí foram feitas várias reformas: (65 reformas) -> 1ªfase da reforma: 94/95; 2º fase da reforma: 2001-2003; 3ª fase da reforma: 2005-2007. A última reforma foi feita em 2011.
Para harmonizar as reformas existentes, chegou-se à conclusão de que precisa-se formular um novo CPC.
-Projeto NCPC: Comissão de Juristas para elaborar proposta do novo CPC (10/2009).
Comissão BDP
Senado – PL 166/20120 (8.6.10); aprovado -> 15.12.10
Câmara: 22.12.10; Comissão juristas.
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Aula 3 – Rio,08.03.12
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
-Conceito: consiste no estudo da função jurisdicional, que é o dever do Estado de prestar a tutela jurisdicional (proteção) através do processo de um direito material violado ou ameaçado. Como se dá o exercício desse dever do Estado de fazer esse proteção ao longo do processo.
└> Conceito de Alexandre Câmara: “Ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional”. 
-Denominação: é denominado de diversas maneiras pela doutrina. O mais comum seria chamar de processo civil, o problema é que o processo é um só um dos elementos do direito processual. Alguns chamaram de direito judiciário, vendo sobre a ótica da aplicação dele pelo poder judiciário. Como os processualistas preferem denominar é direito processual civil para que sejam analisados outros aspectos que não apenas o processo.
-Posição enciclopédica: saber onde que entra o direito dentro daqueles ramos de direito existente. Nosso direito processual civil era considerado ramo do direito privado, era um mero apêndice do direito civil. Começou a ser estudado como um ramo autônomo, passando a fazer parte do ramo de direito público. Não é apêndice do direito civil porque um dos sujeitos é o Estado, que ali se põe em posição de supremacia, exercendo seu poder soberano, tornando inquestionável a natureza pública deste ramo. É ramo do direito público porque se reconhece o interesse estatal no exercício da função jurisdicional. Processo deixa de ser visto como mero instrumento do conflito entre as partes, e passa a ser visto como algo maior, interesse do Estado na aplicação correta da lei. Uma das partes do processo é o Estado, e temos também o autor e o réu – Estado participa da relação processual e em uma posição hierarquicamente superior à das outras partes e tem uma posição de imparcialidade.
-Evolução científica: direito processual passou por três grandes fases
1ª fase) Fase Imanentista-> visão do direito processual como algo inseparável do direito civil.Imanente = inseparável.
2ª fase) Fase Científica-> proliferação de estudos e obras sobre direito processual como ramo autônomo do direito civil (1868). Princípios próprios, requisitos do direito processual – desenvolvimento de vários trabalhos, exacerbação do direito processual civil, começando a se distanciar muito do direito material da parte.
3ª fase) Fase instrumentalista-> fase em que estamos hoje. Não nega a distinção entre o direito civil e o direito processual civil, mas ela interpreta o direito processual civil não como um fim em si mesmo, mas como mero instrumento de realização do direito material (direito civil). O processo seria um instrumento de realização do direito material.
-Fontes do direito processual:
.Formal: de observância obrigatória/vinculante pelo operador do direito.
1)Constituição Federal-> temos uma supremacia hierárquica da constituição. Temos a partir dela regras constitucionais processuais e regras processuais constitucionais. A constituição fala sobre processo.
2)Leis ordinárias federais-> art.22,I CRFB – cabe a União através de lei complementar federal legislar sobre direito processual. Temos várias leis ordinárias que falam sobre direito processual: CPC, L.5869/73; MS (mandado de segurança); Juizados Especiais (Juizado Especial Estadual – L. 9099/95, Juizado Especial Civil-Federal, Juizado Especial); Lei de locações 
3)Leis ordinárias estaduais-> Art. 24, XI CRFB-> os estados só podem legislar sobre procedimento e não sobre processo – Código de procedimento do estado de São Paulo e no Rio de Janeiro temos o CODJERJ (código de organização judiciária do estado do Rio de Janeiro) – traz normas procedimentais para cada localidade.
4)Tratados internacionais-> também pode versar sobre direito processual. 
5)Regimentos internos de tribunais-> são atos administrativos. Só podem versar sobre adm. interna do tribunal. 
*É divergente na doutrina se a súmula vinculante é fonte formal ou material. Alexandre Câmara fala que é material porque é interpretação de uma norma. 
.Material: de observância persuasiva para formação do entendimento sobre determinada questão.
1)Princípios gerais de direito (PGD)
Aquelas regras que, embora não se encontrem escritas, encontram-se presentes em todos o sistema, informando-o. “O Direito não socorre os que dormem” – prescrição e decadência; ninguém que alegue sua própria torpeza pode ser ouvido; alegado e não provado e como não alegado.
2)Costumes-> costume que contraria a lei não pode ter.
Costume que se pode definir como conduta socialmente aceita e que é realizada para criar uma “sensação de obrigatoriedade”, ou seja, realiza-se o costume por haver a sensação de que, em agindo de outra forma, poderá incidir alguma sanção ou ocorrer algum prejuízo. 
Costume contra legem, isto é, contrário a lei, não pode ser admitido como fonte do Direito. Porém, costumes secundum legem (em conformidade com a lei) e praeter legem (prévios à lei, ou seja, que operam diante de uma lacuna da lei) podem ser tidos como fontes de expressão do Direito Processual Civil.
3)Súmulas-> são enunciados, consolidados pelo tribunal que refletem seu posicionamento predominante e atual. A maior parte é não vinculante, ela é persuasiva, porque o tribunal pode julgar em sentido contrário à súmula.
4)Doutrina-> conjunto de autores de estudo sobre direito processual. Conjunto de lições dos jurisconsultos acerca do Direito Processual Civil. 
Há quem negue a sua inclusão entre as fontes do Direito. Porém, todos os que estudam Direito conhecem a força de argumentos de autoridade e a importância que se dá à fundamentação doutrinária das opiniões manifestadas por todos aqueles que de alguma forma operam o Direito. Todos fazem questão de mostrar que a opinião que defendem encontram respaldo doutrinário e, muitas vezes, buscam muito mais na doutrina do que na própria lei a fundamentação para as suas afirmações. Isso mostra a necessidade de se incluir a doutrina entre as fontes do Direito.
-Interpretação da lei processual -> interpretar a lei é fixar seu significado e delimitar seu alcance. A atividade de interpretação da lei tem por finalidade não só descobrir o que a lei quer dizer, mas ainda precisar em que casos a lei se aplica, e em quais não. Nenhum dos cincos métodos de interpretação da lei processual é suficiente para determinar a verdadeira vontade da lei, sendo essencial a utilização de todos.
Métodos:
1)Literal ou gramatical-> consiste em buscar o significado das palavras e do período empregados na norma – busca sentido denotativo.
2)Lógico/sistemático-> consiste em inserir a norma em um conjunto/sistema a fim de que seja evitada uma conclusão específica, contraditória com o sistema como um todo.
É o método pelo qual se interpreta a norma inserindo-a em um sistema lógico, o qual não admite contradições ou paradoxos, o ordenamento jurídico. O intérprete jamais pode se esquecer de que a norma objeto da atividade interpretativa não é algo isolado do restante do ordenamento, devendo ser interpretada em consonância com o restante das normas jurídicas que compõem o sistema. 
3)Histórico-> consiste em analisar o direito anterior, o direito atual e os objetivos sociais e políticos que levaram à redação atual.
A importância de tal método de interpretação é comprovada pela relevância dada pelos juristas ao estudo da evolução histórica dos institutos, sendo frequente que se busque no Direito romano, ou no velho Direito lusitano, a fundamentação para algumas teses defendidas pelos juristas modernos.
4)Comparativo-> consiste em analisar o “direito comparado” (direito estrangeiro). É importante para ver as tendências da legislação mais moderna.
Utilização dos subsídios de Direito Comparado, buscando-se nas lições da doutrina estrangeira e nas normas contidas nos ordenamentos jurídicos positivos de outros países fundamentos para se descobrir o verdadeiro significado da lei nacional. 
Importante observar, porém, que mais relevante do que tratar do direito comparado é buscar estabelecer uma comparação de direitos. A ênfase deve estar na comparação, e não no direito. É que mais importante do que buscar saber como é o outro ordenamento é verificar, através da comparação entre diversos ordenamentos, quais são as tendências mais modernas, buscando-se determinar se um dado ordenamento está em consonância com tais tendências.
5)Teleológico-> consiste em extrair a vontade/finalidade da norma. Ao interpretar a norma jurídica, o intérprete devem ter sempre em vista os fins sociais a que a lei se destina, assim como o bem comum. Toda lei é elaborada tendo em vista uma finalidade social. O intérprete diante e duas interpretações razoáveis de uma mesma norma, deverá optar por aquele que, no seu entender, melhor atenda aos anseios da sociedade.
Os métodos não são alternativos entre si e nem contraditórios, os 5 métodos devem ser utilizados na interpretação de qualquer norma, todos são complementares.
Resultados possíveis da aplicação desses métodos: - após a utilização de todos os métodos de interpretação, chega-se a um resultado, o qual pode se revelar como: resultado declarativo, resultado restritivo, resultado extensivo e resultado ab-rogante.
1)Resultado declarativo-> chega-se a conclusão que a norma diz exatamente o que o texto aparentava dizer. Exemplo: CPC, art. 513 -> tal norma só pode ser interpretada de uma maneira: proferida uma sentença pelo juiz, o recurso cabível será o da apelação – fala exatamente o que aparenta dizer, não quer dizer nada mais do que isso. A lei significa exatamente o que está escrito.
2)Resultado restritivo-> chega-se a conclusão de que o texto diz mais do que deveria, devendo ser restringido o alcance da norma. A lei disse mais do que o seu real significado, tendo um alcance inferior ao que aparenta ter. Exemplo: CPC, art. 522 – apenas decisões interlocutórias gravosas seriam recorríveis por agravo de instrumento.
3)Resultado extensivo-> chega-se a conclusão de que o texto diz menos do que deveria, devendo ser ampliado o alcance da norma. Exemplo: CPC, art. 10 -> determinao consentimento do cônjuge do autor para a propositura de determinadas demandas. Faz referência a lei apenas ao demandante casado, exigindo-se assim apenas o consentimento do cônjuge, mas tal norma é aplicável também ao demandante que viva em regime de união estável, uma vez que também aqui há formação de um patrimônio familiar que merece proteção especial do Estado. O alcance da norma jurídica interpretada é maior do que aparenta sua redação. A lei interpretada tem uma redação restritiva, embora seu real sentido seja mais amplo do que a sua literalidade permite antever, sendo certo que nesses casos, a lei possui um alcance maior do aparentemente se poderia lhe atribuir. 
4)Resultado ab-rogante-> consiste na conclusão de que determinada norma não pode ser aplicada por ser inconstitucional ou incompatível com outra norma. Conflito de lei no tempo. Exemplo: CPC, art. 666, §3º - súmula vinculante 25 -> resultado ab-rogante do CPC, art. 666,§3º.
-Integração da lei processual: CPC, art. 126-> regra da vedação ao non liquet (não decido) – o juiz não pode deixar de proferir um julgamento, nem em um caso de ausência de provas e nem num caso de aparente inexistência de norma regulando a situação.
Chama-se integração a atividade de suprir lacunas, sendo que a lacuna da lei não pode ser usada como desculpa para que o juiz deixe de decidir, cabendo-lhe supri-la através de meios de integração da lei, como o costume, a analogia e princípios gerais de direito.
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Aula 4 – Rio, 13.03.12
-Eficácia da lei processual:
.No espaço-> art. 1º e art. 1211, CPC – CPC brasileiro é aplicado em todo território nacional. Não temos aplicação do CPC brasileiro fora do Brasil, e não temos aplicação de lei processual estrangeira no Brasil . Dependendo do caso de direito material podemos ter aplicação de lei de direito material estrangeira no Brasil.
.No tempo-> estudo sobre a solução para o seguinte problema: uma lei processual nova se aplica a partir de quando? Temos o problema dos processos já extintos, os processos ainda em curso e os processos futuros. Temos que saber se a lei nova alcança esses processos mencionados. Os processos já encerrados a partir de uma lei anterior são inalterados, porque foram perfeitos e acabados na vigência da lei antiga, então não são alcançados pela lei nova – processos já encerrados são inalteráveis. O conflito é sobre os processos ainda em cursos e os processos novos -> duas teorias para resolver essas indagações: 
1ª)Teoria da eficácia prospectiva-> prega que a lei nova processual só alcança os processos iniciados após a vigência da lei processual nova – a lei nova não incidiria sobre os processos em curso. Acontece que essa teoria não é a majoritária. 
2ª)Teoria da eficácia imediata-> é a majoritariamente adotada pelo processo civil brasileiro. Foi a teoria adotada no art. 1211, CPC – a lei nova tem aplicação imediata em processos em curso. Não basta falar que é a teoria aplicada aos processos em curso, essa teoria é subdivida em outras duas teorias – NOVA DIVERGÊNCIA (duas teorias):
a)Teoria das fases processuais: por essa teoria, o processo é dividido em fases e a lei nova só se aplica às fases seguintes. Fases: Fase de conhecimento em 1ª instância -> Fase de conhecimento em instância recursal -> Fase de liquidação -> Fase de execução -> Fase cautelar. A LEI NOVA SÓ SE APLICA ÀS FASES SEGUINTES À APLICAÇÃO DA LEI. Não é majoritária!
b)Teoria dos isolamentos dos atos processuais-> é majoritária. Não divide o processo em fases, mas sim em atos (petição, decisões, etc.). APLICAÇÃO DA LEI AOS ATOS SEGUINTES AO ATO NO QUAL A LEI FOI CRIADA. Por que é melhor? Porque dividir em fases é ruim pelo fato de cada fase ter a possibilidade de demorar anos. Majoritária.
ESTUDO DE GARANTIAS E PRINCÍPIOS
-Tem autores que diferenciam garantias e princípios. O que mais predomina: garantia seria algo de observância obrigatória, gerando nulidade pelo seu descumprimento, se for uma garantia constitucional e uma lei não prevê ou não respeita aquele garantia, essa lei seria inconstitucional (não pode ser eliminada em caso concreto); princípios seriam de observância preferencial (ou seja, não obrigatória), podendo ser ponderado no caso concreto, ou seja, eventualmente afastado no caso concreto. Rol do art. 5º,CRFB -> consagra garantias e princípios. Se afastar garantia constitucional, a lei é considerada inconstitucional.
Princípios-> algo de observância preferencial podendo ser ponderada no caso concreto.
-Princípios/garantias na constituição:
1)Princípio do devido processo legal-> Carta Magna inglesa garantia o direito do sujeito ser julgado pelas leis da própria terra – “due process of law”: “of law” = de direito, mas traduzimos como “lei”. Processo Legal -> seria observância ao que está na lei, e lei não se pode usar como sentindo amplo – se interpretar no sentido estrito é seguir apenas o que está na lei, deixaria a constituição de lado. E estando na lei poderia ser inconstitucional. Se fosse, devido processo legal de direito, englobaria tudo e não só a lei. A doutrina diz que deve ser entendido como “devido processo de direito” – assim não é só seguir o que está na lei, mas no ordenamento jurídico. E falar assim serve para não termos problemas decorrentes da interpretação literal. CRFB, art. 5º, LIV.
A doutrina divide o direito processual legal em dois ramos: Devido processo de direito substancial e processual. 
a)Devido direito processual legal substancial -> relaciona-se ao direito material, significando exigência de razoabilidade das leis materiais e verificação da observância de boa-fé nas relações privadas. 
b)Devido direito processual legal processual -> respeita o contraditório, boa-fé e imparcialidade – não se restringe só a esses três aspectos, na verdade seria um postulado, e seria composto de diversos outros princípios/outras garantias. Alguns autores dizem que bastava estar na constituição que é preciso seguir o devido processo legal direito, então todas as garantias que estão na constituição, no CPC ou na doutrina estariam garantidas. Art. 5º, LIV.
└> Os princípios constitucionais devem ser aplicados em primeiro lugar, o que decorre da supremacia das normas constitucionais sobre as demais normas jurídicas – princípios constitucionais do Direito Processual, que estabelecem as premissas do funcionamento do sistema processual brasileiro.
Devido processo legal -> art. 5º, LIV, CRFB. Teve origem na Magna Carta (considerada primeira Constituição escrita). Porém, a Magna Carta não continha em seu art. 39 (referido como a origem da cláusula due process of law) referência explícita a esse princípio. Uma pessoa só poderia ser submetida a uma lei que se originasse da sua sociedade. Due process of law foi traduzido como “devido processo legal”. Surgiu como sendo de índole processual, mas depois passou a ser também um aspecto de direito material, o que levou a doutrina a considerar um devido processo legal substancial (ou material), entendido como uma garantia do trinômio “vida-liberdade-propriedade”, através da qual se assegura que a sociedade só seja submetida a leis razoáveis, que atendem os anseios da sociedade, demonstrando sua finalidade social. O aspecto processual da garantia deve ser entendido como a garantia de pleno acesso à justiça – art. 5º, LIV, CRFB. Deve-se entender a garantia do acesso à justiça como uma garantia de “acesso à ordem jurídica justa” – deve ser entendida como a garantia de que todos os titulares de posições jurídicas de vantagem possam ver prestada a tutela jurisdicional, devendo esta ser prestada de modo eficaz, a fim de garantir que a referida tutela seja capaz de efetivamente proteger as posições de vantagem.
2)Garantia da isonomia ou igualdade: Art. 30, caput, CRFB-> se divide em duas espécies: 1ª)Isonomia formal-> impõe um tratamento igual às partes iguais, às partes nas mesmas condições – CPC, art. 125, I, art. 508, art. 836. Só que há muito tempo chegou-se a conclusão que nem todo mundo está na mesma situação, então vema isonomia material para complementar essa ideia. 
2ª)Material-> não apenas um tratamento igual, mas também um tratamento desigual entre os desiguais, na medida da sua desigualdade – CPC -> isonomia material: sempre tem quem diga que é inconstitucional, pois garante tratamento privilegiado – art. 188: quando a parte for MP ou fazendo pública (união, estado, municípios, autarquias) o prazo da contestação se conta vezes 4 e o preço para recurso se conta em dobro; art.475: remessa necessária – significa que condenações contra fazenda púbica, se a condenação for acima de 60 salários mínimos, tem que rejulgar. 
└> A isonomia (igualdade) está intimamente ligada à ideia de processo justo, exige necessariamente um tratamento equilibrado entre os seus sujeitos. Art. 125, I, CPC – juiz deve assegurar às partes um tratamento isonômico. Porém, não se pode ver aqui uma garantia meramente formal. A falsa ideia de que todos são iguais e por isso merecem o mesmo tratamento é contrária à adequada aplicação desse princípio. As diversidades existentes entre todas as pessoas devem ser respeitadas para que a garantia da igualdade, mais do que meramente formal, seja uma garantia substancial. Deve-se obedecer à regra que determina tratamento igual para pessoas iguais, e tratamento desigual para as pessoas desiguais. O princípio da isonomia só estará sendo adequadamente respeitado no momento em que se garantir aos sujeitos do processo que estes ingressarão em condições equilibradas. Exemplos de tratamento igual a pessoas iguais: Art. 508, CPC; art. 454, CPC – cada parte disporá de vinte minutos para apresentar suas alegações orais na audiência de instrução e julgamento. Exemplos de pessoas diversas que recebem tratamento diferente: art. 188, CPC – “benefício de prazo” para a Fazenda Pública e para o MP, que têm prazo quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (tais entidades representam interesses de grande relevância social – interesses públicos – e eventuais obstáculos que fossem criados à sua adequada participação no processo seriam prejudiciais a toda a coletividade. Quanto à questão dos limites do benefício, se deve este quadruplicar ou apenas duplicar o prazo de que dispõem estas entidades para praticar atos processuais, cabendo ao legislador a fixação do benefício, em limites que nunca extrapolem o razoável); art. 82, I, CPC – MP deve intervir obrigatoriamente nos processos em que haja interesse de incapaz envolvido (assegurar aos incapazes as condições de equilíbrio que se pretende assegurar com a garantia de igualdade substancial, já que não se pode pretender afirmar que exista igualdade material entre capazes e incapazes).
3)Princípio do juiz natural-> art.5º, XXXVII e LIII, CRFB: se desdobra em dois -> garantia de julgamento por órgão previamente competente – vedação ou proibição à existência de tribunal de exceção ( tribunal criado para julgamento de um fato em específico); pessoa do magistrado (juiz) – garantia de imparcialidade-> não confundir imparcialidade com neutralidade – o que existe no direito processual civil é a imparcialidade: juiz não pode dar tratamento diferenciado com o objetivo de dar vantagem a alguma parte em detrimento da outra – CPC, art. 134 (impedimento do juiz) e 135 (causas de suspeição do juiz): defesa das partes contra a parcialidade do juiz.
4)Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional também conhecido como princípio do acesso à justiça ou princípio do acesso a ordem jurídica justa-> vem na constituição no art. 5º, XXXV: beneficiado dessa garantia é o chamado jurisdicionado – qualquer um que esteja submetido a jurisdição daquele Estado. Temos também os destinatários: poderes legislativo e judiciário. CRFB, art. 114, §1º - arbitragem. CRFB, art. 217,§1º - just. desportiva.
Súmulas vinculantes (STF): nº 28 e nº 21 – aparentes violações ao princípio do acesso à justiça. Afirmações de inconstitucionalidade de institutos que restringem o acesso a justiça.
A única exceção é o caso do artigo 217,paragrafo primeiro da CF, se for justiça desportiva vai para o STJD ou para a justiça desportiva do estado, onde existir não pode o judiciário rever decisões da justiça desportiva. -> Sumula vinculante do STF 21 E 28 Afirmações de inconstitucionalidade de institutos que restringem o acesso a justiça.
A única exceção é o caso do artigo 217,paragrafo primeiro da CF, se for justiça desportiva vai para o STJD ou para a justiça desportiva do estado, onde existir não pode o judiciário rever decisões da justiça desportiva.
Temos leis que vedam tutelas de urgência (liminar, por exemplo): Lei 8437/92, art. 1º e Lei 9494/97, art. 1º. Até agora não tinha declaração de inconstitucionalidade em nenhuma das leis, por exemplo. (Alexandre Câmara julga que é inconstitucionalidade).
Mauro Cappeletti: livro sobre acesso à justiça e apresenta três dificuldades: 
1)onerosidade-> ter que pagar advogado, etc. para ter acesso à justiça; tem que superar a onerosidade. Para superar a onerosidade criou-se a assistência jurídica gratuita, que é a lei da gratuidade, lei 1060/50. Quem provar que não tem dinheiro, não paga nada.
2) tutela de direitos supraindividuais ->direitos coletivos – direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Chamados de direitos coletivos, tem 3 espécies de direito coletivo. Tinha que ter uma tutela mais rápida, cria-se o processo coletivo, busca a tutela do interesse supra individual, o MP entra com uma ação civil publica e aquilo vale para todos os consumidores, por exemplo. 3 exemplos ação civil publica, ação popular, mandado de segurança coletivo. 3 ações publicas para proteger o interesse coletivo.
3)necessidade de desenvolvimento de meios alternativos de conflitos – negociação, mediação e arbitragem, tem gente que diz que existe um quarto que é a consideração. A preocupação com o novo enfoque para a resolução de conflitos -> Seria tanto o melhor aparelhamento do judiciário, colocar mais juiz, processo informatizado, e criação dos chamados métodos alternativos de solução de conflitos que são 3 -> Negociação, mediação e arbitragem.
└> Fica assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos o acesso aos órgãos judiciais, não podendo a lei vedar esse acesso. O destinatário da norma contida no art. 5º, XXXV, CRFB é o legislador, o qual fica impedido de elaborar normas jurídicas que impeçam ou restrinjam em demasia o acesso aos órgãos do judiciário. Exemplo: concessão de liminares – Lei nº 8.437/92, art. 1º -> é considerada inconstitucional a vedação de concessão de liminar – a proibição de liminares deverá ser tida por inconstitucional por ter como consequência uma restrição à proteção das posições jurídicas de vantagem contra ameaças que eventualmente sofram. -> Suponha que o Governo Federal resolva editar mais um plano econômico, avisando com antecedência de uma semana que os depósitos em caderneta de poupança serão bloqueados (como se fez no “Plano Collor”). Um cidadão, vendo seus bens ameaçados de confisco, vai a juízo e requer a concessão de liminar que impeça o bloqueio de seu dinheiro. O julgador, impedido de conceder a liminar, deveria então permitir que o bloqueio se efetivasse para só após a lesão estar configurada, e depois de um longo e exauriente procedimento determinar a liberação da quantia bloqueada. Tal modo de proceder não terá permitido a devida proteção a um direito subjetivo que estava sendo ameaçado, sendo, portanto contrário à norma do art. 5º, XXXV, CRFB. 
Também o juiz deve ser entendido como destinatário daquele princípio – ao direito que todos têm de ir a juízo pedir proteção para posições jurídicas de vantagem lesadas ou ameaçadas corresponde o dever do Estado de prestar uma tutela jurisdicional adequada. “A todo direito corresponde uma ação, que o assegura”. O princípios da inafastabilidade do controle judicial, em como corolário o direito, por ele assegurado, à tutela jurisdicional adequada, devendo ser considerada inconstitucional qualquer norma que impeça o judiciário de tutelar de forma efetiva os direitos lesadosou ameaçados que a ele são levados em busca de proteção. Ao vedar a tutela liminar de direitos, a lei impedirá a prestação de uma tutela jurisdicional adequada.
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Aula 5 – Rio, 20.03.12 continuação (Garantias/Princípios)
5)Garantia do Contraditório e Ampla defesa – Art. 5º, LV, CRFB
Dois aspectos do contraditório-> 1)ciência bilateral: como informação a todas as partes – partes tomam ciência de tudo que acontece no processo. 2)possibilidade de manifestação – oportunização para a parte peticionar. 
Teria que se garantir mais do que isso, então a doutrina moderna divide o contraditório em 7 aspectos. Não basta intimar e oportunizar uma petição no processo.
1ºaspecto) bilateralidade de audiência: ciência de todos os atos processuais para todas as partes. 
2ºaspecto) paridade de armas: condições equilibradas ao longo de todo o desenvolvimento processual. Isso também está ligado à garantia de isonomia/igualdade.
3ºaspecto) possibilidade de reação
4ºaspecto) informação
Somando os 1º, 3º e o 4º aspectos, significa que o juiz tem que dar ciência de tudo que aconteceu, e todos os atos públicos o juiz tem que avisar que vai pratica-los, para que as partes possam se manifestar.
5ºaspecto) possibilidade de influência no resultado: é um dos principais, porque o contraditório e ampla defesa não podem ser completamente formais. As partes podem participar de cada ato para formação futura da convicção judicial – para a formação futura do convencimento do juiz. 
6ºaspecto) direito de ver os argumentos considerados: o juiz deve nas suas decisões se manifestar precisamente sobre todas as questões de fato e de direito alegadas pelas partes. Isso está muito ligado a uma outra garantia, mas também integra contraditório e ampla defesa. 
 7ºaspecto) proibição às decisões surpresa: decisões surpresa são chamadas decisões de terceira via. São decisões que se manifestam sobre pontos não debatidos no processo, pegando as partes de surpresa.
Existem matérias de ordem pública: questões que permitem seu conhecimento de ofício pelo juiz. Matéria cognoscível ex officio-> tema que pode ser conhecido pelo juiz de ofício, ou seja, sem provocação das partes. Não precisa de uma parte peticionando e trazendo aquela matéria. Existem várias matérias assim no direito processual. Questão que ainda que a parte não levante, o juiz pode. Exemplo: decadência, prescrição, matérias relacionadas a pressupostos processuais e condições da ação. São matérias que ultrapassam o interesse privado e são matérias públicas, porque são do interesse público. Normalmente, relacionadas à regularização processual. No CPC atual não há qualquer artigo que impeça expressamente a decisão de ofício sobre matéria de ordem pública, porém a doutrina majoritária atual (Alexandre Câmara, Freddie Didier Jr.) sustenta que apesar de não existir uma norma que proíba que o juiz decida a questão de ofício, todas as matérias de ordem pública devem ser submetidas ao crivo do contraditório. Matéria de ordem pública não pode ser decidida de ofício, deve ser submetido ao crivo do contraditório.
Como conjugamos as matérias de ordem pública conhecidas de ofício com a garantia do contraditório? Doutrina diz que matéria de ordem publica deve passar pelo crivo do contraditório e segundo o projeto do novo CPC o magistrado tem que submeter ao breve contraditório. Seria uma forma de conjugar – o juiz só decide após ouvir todo mundo. Juiz levanta a questão sem iniciativa das partes, ouve cada uma das partes, as partes têm direito a se manifestar, e só depois o juiz decide.
.Decisões inaudita altera parte -> decisões sem a oitiva da parte contrária. Decisão sem que seja ouvida a outra parte, que na maioria dos casos é o réu ou sem ouvir o recorrido. É possível o juiz proferir sentença altera parte? Sim, é possível. A questão saber é quando que cabe a decisão inaudita altera parte -> apenas quando não for possível ouvir a outra parte antes da concretização de um dano irreversível. Não é considerado inconstitucional. Lesão irreparável – a doutrina diz que não haveria inconstitucionalidade -> contraditório x efetividade da tutela jurisdicional. Contraditório não é totalmente eliminado, diz que ele foi postergado, é adiado para logo depois do proferimento da decisão. Não viola o contraditório se você for tutelar um bem maior.
.O contraditório e ampla defesa entendem que teria três funções: teria uma função legislativa e veria o processo eleitoral, por exemplo – como as eleições são feitas, plebiscitos. Outra dimensão/aspecto é o aspecto administrativo – dentro dele, trazem o exemplo processual da possibilidade de ação popular por qualquer cidadão contra um ato indevido da administração pública. É uma espécie de contraditório pelo cidadão. E tem um aspecto jurisdicional, que seria os setes aspectos mencionados dentro do processos.
└> A mais moderna doutrina afirma que o processo não existe sem contraditório. O princípio do contraditório – art. 5º, LV, CRFB -> “aos litigiantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, como meios e recursos a ela inerentes. Deve ser entendido sobre dois enfoques: um jurídico e outro político. 
Do ponto de vista jurídico, pode-se definir contraditório como garantia de ciência bilateral dos atos e termos do processo com a consequente possibilidade de manifestação sobre os mesmos. Significa dizer que o processo exige que seus sujeitos tomem conhecimento de todos os fatos que venham a ocorrer durante seu curso, podendo ainda se manifestar sobre tais acontecimentos. Pode ser entendido como um binômio: informação + possibilidade de manifestação. O processo jutos exige não apenas o contraditório, mas também isonomia, o que nos leva a concluir que a garantia constitucional do devido processo legal só estará verdadeiramente assegurada onde os dois conceitos – contraditório e isonomia – conviverem em harmonia, tendo as partes do processo não só oportunidade de participação, mas identidade de oportunidades. Há que se assegurar não só o contraditório, mas um contraditório que além de efetivo, seja também equilibrado, o que se assegura com a igualdade substancial de tratamento deferida às partes. 
O contraditório é uma garantia política conferida às partes do processo. Através do contraditório se assegura a legitimidade do exercício do poder, o que se consegue pela participação dos interessados na formação do provimento jurisdicional. Qualquer que seja a função exercida pelo Estado, só se terá exercício legítimos de poder quando houver participação no procedimento de todos aqueles que podem vir a ser alcançados pelos efeitos do ato estatal produzido.
Há que se afirmar, porém, que em algumas situações o juiz é levado a proferir decisões sem que se ouça antes uma das partes (decisões proferidas inaudita altera parte). Tais decisões se legitimam em razão de terem como pressuposto uma situação de urgência, com risco de dano irreparável. Nesses casos, o contraditório se efetivará depois da prolação da decisão. Essa limitação do contraditório é inerente ao próprio princípio constitucional, o qual não pode ser cultuado de tal modo que se permita a imolação de direitos. 
Ressalvados essas casos excepcionais, uma decisão judicial só será legítima e válida se proferida após a observância do contraditório. Isto se aplica, inclusive, nas matérias de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício pelo juízo. A autorização para conhecer de ofício não pode ser entendida como autorização para que se decida sem observância do contraditório, pois de outro modo se teria a prolação de uma decisão proferida sem que se garantisse aos interessados a participação com influência na sua produção. A finalidade dessa norma é evitar sentenças “de surpresa” ou de “terceira via”. Consequência direta disso é a invalidade das chamadas “decisões de terceira via”. Assim, se denominam as decisões baseadas em teses de direito que não tenham sido discutidas pelas partes.
Assim, só é válida a decisãocujo fundamento tenha sido objeto do contraditório, devendo o juízo, quando se tratar de matéria que se conheça de ofício, suscitar a discussão a respeito da mesma pelas partes, permitindo que estas apresentem suas considerações acerca da questão a ser resolvida, sob pena de ter por inválida a decisão de terceira via.
6)Princípio da motivação ou da fundamentação das decisões judiciais-> a necessidade do julgador de manifestar-se sobre todas as questões de fato e de direito alegadas pelas partes. Artigos que consagram esse dever: art. 93, IX, CRFB -> são públicos todos os julgamentos e motivadas todas as decisões – não deve ser restrita ao âmbito do poder judiciário, se aplica ao 3 poderes – poder executivo: fundamentação de administração pública; poder legislativo: justificar porque um projeto de lei foi arquivado. Artigos reiterando a necessidade de fundamentação: art. 131 e art. 458, II ambos do CPC. O art. 131- juiz deve indicar na sentença os motivos que formaram convencimento. Art. 458, II – fundamentação/motivação (integra a sentença).
Objetivos: são de duas ordens-> 1º)busca tutelar o interesse das partes por alguns aspectos através de uma ótica psicológica para a parte ficar tranquila de que tudo que ela alegou foi levado em conta; para que as partes tenham elementos para fundamentar seus recursos; 2º)para que a parte possa ter a verificação de respeito e observância ao contraditório e ampla defesa. Existe interesse publico também na fundamentação-> possibilidade de verificação pelo Estado sobre a correta aplicação da lei.
.Possibilidade de mitigação (redução) da fundamentação-> fundamentação não precisa ser tão ampla assim -> art. 165, CPC – toda decisão judicial deve ser fundamentada, ainda que de forma concisa. Esse artigo não se refere à sentenças e acórdãos. Sentença é a decisão final sobre o mérito – não está ai no art. 165. Acórdão é a decisão final do tribunal que julga a sentença – também não está incluído no art. 165. Art. 459, CPC-> nas sentenças que não julgam mérito, que não fala se o autor tem ou não razão, reconhecem um vício processual e por isso o processo não se desenvolveu, elas podem ser proferidas de forma concisa. Se a concisão não for tão elevada assim, entende-se que não seria inconstitucional. O problema seriam os excessos. 
.Dispensa de fundamentação-> art. 46 da lei 9099/95 – lei do juizado especial cível estadual -> isso para o professor é inconstitucional e para José Miguel Garcia Medina também. Porque julgar só por súmula ou ementa é demais.
.Decisões aparentemente fundamentadas-> são aquelas que empregam termos genéricos que poderiam se encaixar em qualquer caso, não demonstrando a razão pela qual se encaixa ao caso concreto. Exemplo: “Indefiro porque ausentes os requisitos é para a tutela antecipada”. Juiz indefere porque não a tutela antecipada não está justificada.
.Qual é a consequência pela violação à fundamentação? Dois artigos falam que ela pode ser concisa e outra fala que ela pode ate ser dispensada. Uma decisão proferida sem fundamentação é uma decisão que pode padecer de nulidade – atacaria a sentença no plano da validade. Seria ineficaz e inválida, apesar de existir.
.Para evitar essas decisões de termos vagos, o novo CPC vai dizer que não se considera decisão que apenas reproduz o texto da lei.
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Aula 6 – Rio, 22.03.12 continuação...
6)Princípio da fundamentação ou motivação das decisões-> dizer que uma decisão tem que ser fundamentada não é sinônimo de fundamentação longa. A fundamentação adequada, que é detalhada, não é sinônimo de fundamentação longa. A fundamentação adequada é uma fundamentação precisa. Existem fundamentações que apesar de longas continuam imprecisas. 
└> Art. 93, IX, CRFB – toda decisão judicial será motivada, sob pena de nulidade – comina-se de nulidade (absoluta) decisão judicial que padeça do vício de falta de fundamentação. A fundamentação das decisões judiciais é exigida pelo ordenamento jurídico brasileiro por dois motivos: 1º) protege-se com tal exigência um interesse das partes-> não só precisam saber o motivo que levou o juiz a decidir a questões da maneira como decidiu, o que é psicologicamente importante (até mesmo para que a parte prejudicada pela decisão se convença de que a mesma era correta), como têm a necessidade de conhecer os motivos da decisão para que possam adequadamente fundamentar seus recursos. Também será impossível aos tribunais examinar adequadamente se as decisões recorridas foram ou não corretas, e se as mesmas deveriam ou não ser reformadas; 2º)protege-se um interesse público -> razão de ordem pública – a motivação da decisão é essencial para que se possa verificar se o juiz prolator da decisão era ou não imparcial. A fundamentação das decisões é essencial para que se possa realizar controle difuso da legitimidade da atuação dos magistrados. A motivação das decisões judiciais é essencial para que se possa assegurar a participação da sociedade no controle da atividade jurisdicional, o que lhe confere legitimidade. 
Decisões judiciais desprovidas de fundamentação são nulas, sendo tal nulidade cominada pelo art. 93, IX, CRFB. Ocorre que há decisões mal fundamentadas, além de decisões apenas aparentemente fundamentadas, que também padecem do mesmo vício. “Ausentes os pressupostos, indefiro”; “presentes os requisitos, defiro”; “indefiro por falta de amparo legal” – tais decisões não podem ser consideradas como adequadamente fundamentadas. O que se tem aí é mero arremedo de fundamentação. O juiz que se limita a repetir fórmulas e textos legais, achando que assim fundamenta a sua decisão, é um mau juiz, que proferiu tal decisão com parcialidade, sendo tal decisão inconstitucional. A decisão mal fundamentada é equiparável à não-fundamentada no que se refere à sua legitimidade constitucional, sendo assim possui nulidade igualmente. 
A exigência de uma fundamentação adequada não deve ser confundida com uma exigência de fundamentação longa. Art. 458, II, CPC -> as sentenças devem ser fundamentadas; arts. 469 e 165, CPC – as sentenças terminativas ( que não contêm resolução de mérito e da causa) e as decisões interlocutórias devem ser fundamentadas de forma concisa.
7)Princípio da tempestividade da tutela jurisdicional ou princípio da efetividade ou princípio da duração razoável do processo-> esse princípio hoje tem previsão constitucional – art. 5º, LXXVIII. E também a emenda constitucional inseriu no art. 93, II a alínea “e”. A emenda fala de duração, utiliza a expressão duração razoável, mas o professor não gosta muito dessa expressão – o que se busca é uma efetividade, uma proteção.
Pacto de São José da Costa Rica -> art. 8º, 1 – já consagrava essa garantia
Convenção para salvaguarda dos direitos dos homens fundamentais -> art. 6º 
Essa garantia significa que o processo deve durar um tempo minimamente necessário para produção de um resultado justo. A efetividade que se busca não é sinônimo de celeridade. A duração razoável que se busca não é sinônimo de celeridade, rapidez. O que se busca é o tempo minimamente necessário. Se quer a tempestividade, efetividade.
Tem uma frase de um autor italiano chamado Chiovenda: o processo deve dar, quando for possível praticamente, a quem tenha um direito tudo aquilo e exatamente aquilo que ele tenha direito de conseguir. -> praticamente ai quer dizer de modo prático. Você conseguir garantir o direito no plano prático, dando tudo que ele pode conseguir. -> efetividade com tempo minimamente razoável para o direito ser garantido. 
Qual a sanção pelo descumprimento dessa garantia? Tem que dar um processo tempestivo, efetivo é o Estado, não depende das partes. Se o processo não tiver uma duração razoável a dúvida é saber se existe responsabilidade do Estado. Na Itália, tem a lei 89/2011: consagra expressamente a responsabilidade do Estado italiano pela violação dessa garantia. No Brasil, não temos uma lei equivalente que diga a consequência, não está positivado expressamente – não fala que o Estado vai ser condenado pelademora do processo. Para o professor, é necessário que o Estado se responsabilize, não tem problema nenhuma - Não deve ser uma norma sem sanção. O problema é que na prática é o próprio Estado que vai julgar. Falar que está garantido e não ter uma sanção não adianta nada.
8)Princípio da boa-fé processual-> processualistas dizem que a boa-fé ai se equivale a boa-fé objetiva. Boa-fé objetiva processual -> art. 14, II, CPC: você não analisa caso a caso, você pode fazer uma norma mais geral. Os destinatários desse princípio são as partes e o Estado.
Gera alguns desdobramentos – a doutrina aponta 4:
a)proibição de criação dolosa de posições processuais-> proibição genérica de atos de má-fé. Exemplo art. 17, I a IV, CPC; art. 233, CPC.
b)proibição do venire contra factum proprium-> proibição geral de comportamentos contraditórios. Exemplo: art. 503, CPC – a parte que aceita a sentença ou decisão não poderá recorrer.
c)proibição de abuso de poderes processuais-> Exemplo: art. 273, II, CPC – juiz pode dar uma antecipação de tutela antes da decisão final.
d)supréssio-> perda de um direito por seu não exercício. Se o juiz no inicio do processo não extingue o processo por irregularidade processual não pode no final extinguir por esse mesmo motivo. Arts. 267 e 269.
.Fundamento constitucional da boa-fé. Correntes: 
1ª)Nelson Rosenvald: teria como fundamento o dever de solidariedade previsto no artigo 3º, I, CRFB
2ª)Menezes Cordeiro -> decorre da garantia da isonomia. Art. 5º, caput.
3ª)Antonio Cabral -> o fundamento da boa-fé processual é o contraditório. Art. 5º, LV.
4ª)Boa-fé decorre do devido processo legal. Art. 5º, LIV.
9)Princípio da cooperação-> não vem expressamente na CRFB nem no CPC de forma expressa. Destinatário é o juiz – ótica do juiz em relação às partes. Consequência do dever do juiz em relação às partes – 3 deveres para o juiz:
1º)dever de esclarecimento-> juiz deve consultar as partes sobre dúvidas que ele tenha relativamente às alegações e defesas; 
2º)dever de consulta-> juiz deve consultar as partes sobre questões não levantadas por elas;
3º)dever de prevenção de nulidades -> juiz deve ter uma postura ativa controlando o curso do processo para evitar que se concretizassem nulidades que viriam a anular todo o procedimento até aquele momento.
10)Princípio da instrumentalidade do processo-> reconhecer apenas que o processo não é um fim em si mesmo. Ou seja, lembrar aos operadores de direito que o processo é um instrumento de proteção de tutela do direito material. As regras e os formalismos não tem que ser supervalorizadas, tem que dar o direito a quem merece o direito.
11)Princípio da flexibilização procedimental ou princípio da adequação ou princípio da adaptabilidade-> autores que falam sobre isso dividem em dois aspectos: falam que existe o princípio da adequação e princípio da adaptabilidade:
a)Princípio da adequação-> vem numa ótica pré-processual voltada ao poder legislativo – legislativo tem que observar esse princípio e tem que levar esse principio em conta no momento de elaborar as leis processuais. Os elementos são: legislativo quando for analisar uma lei processual tem que analisar 3 aspectos: 1) analisar aspectos subjetivos dos mitigantes (da pessoa do mitigante) e objetivos (tanto ao direito material quanto a eventuais fatos possíveis); 2)aspecto teleológico, aspecto da finalidade da lei processual. 
b)Princípio da adaptabilidade-> possibilidade de modificação do rito padrão originalmente previsto para aquele caso. Flexibilização procedimental, dando uma norma, um rito diferente do original. Exemplos: Flexibilização judicial com autorização legal -> art. 277, §4º e §5º; Flexibilização judicial sem prévia autorização legal -> a dúvida é saber se isso viola a legalidade ou não, mas temos exemplos práticos: ocorre em juizado especial federal – regulado pela lei 10259/01-> a lei do juizado não permite, mas o juiz faz; Flexibilização pelas partes -> flexibilização negocial -> com autorização prévia: art. 333, parágrafo único – as partes podem convencionar sobre o ônus da prova, e sem prévia autorização legal: partes fazendo contrato sem procedimento. Flexibilização judicial e negocial com autorização prévia é constitucional e legal. Doutrina minoritária sustenta que essas flexibilizações sem autorização legal também seria possível -> Barbosa, Leonardo Greco, Freddie Didier Jr., Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, Fernando Gajardoni.
*Como isso não feriria o devido processo legal e a legalidade? 
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Aula 7 – Rio, 27.03.12 continuação
Princípio da flexibilização (continuação)-> * O juiz só pode alterar prazos e ordem de produção de provas. O novo código ia falar que o juiz poderia modificar todo o procedimento desde que observada a fundamentação e o contraditório e o novo CPC vai ter permissão expressa da flexibilização negocial. 
12)Princípio da publicidade dos atos processuais e dos julgamentos -> Atos processuais-> CRFB, art. 5º, LX – regra geral é o ato processual ser público. Mas a constituição permite que a lei cerceie interesse público. Atos não públicos: art. 155, parágrafo único, CPC – apenas as partes e os advogados podem compulsar os atos. 
A Constituição reforça que os julgamentos devem ser públicos -> art. 93, IX e X – julgamentos serão públicos e fundamentadas todas as decisões.
TRILOGIA ESTRUTURAL DO DIREITO PROCESSUAL
Direito processual tem três grandes fundamentos. Três institutos fundamentais -> jurisdição, ação e processo - entendimento majoritário. Porém há autores que defendem que há um quarto elemento: instituto da defesa – quem defende isso são poucos autores, mas autores de peso. Não tem certo e errado, é uma questão de opção, o que você acha mais coerente. Alguns acham que defesa está dentro de jurisdição, ação e processo e outros acham que é importante destacar como um instituto a parte.
└> Para Alexandre Câmara os três conceitos básicos da jurisdição são jurisdição, ação e processo. Pois para ele, defesa é inerente ao conceito de processo – não há processo sem contraditório, o que significa afirmar que não há processo sem que haja possibilidade de defesa. Assim, ao incluir o processo entre os institutos fundamentais do Direito Processual, já se considera aí também a defesa.
1)Jurisdição:
-Conceito: 
.Carnelutti-> jurisdição é a função estatal que tem como objetivo proporcionar a justa composição da lide. Pretensão para Carnelutti significa intenção de submissão do interesse alheio ao interesse próprio. Lide para Carnelutti é quando a pretensão sofre uma resistência da outra parte – sujeito tem que ir para o judiciário quando surge a lide.
.Conceito de Chiovenda-> jurisdição é a função estatal que tem por objetivo fazer atuar a vontade concreta da lei.
.Teoria Mista – Conceito de Humberto Theodoro Jr-> função estatal que estatal que tem como objetivo proporcionar a justa composição da lide, fazendo atuar a vontade concreta da lei.
Teoria unitária do ordenamento jurídico-> identificava apenas o plano do direito material mais o direito processual, e, com isso, entendia-se que o direito material era criado através do direito processual. 
Depois de um tempo surge a Teoria dualista do ordenamento jurídico -> dois planos: plano do direito material e plano do direito processual, e, com isso, o direito processual não criaria direitos materiais, apenas declararia direitos materiais pré-existentes.
Carnelutti adotava a teoria unitária e Chiovenda adotava a teoria dualista. A teoria que permanece hoje é a teoria dualista. Então majoritária é a teoria do Chiovenda, e cada autor tem um conceito.
.Então jurisdição seria a função estatal que tem por objetivo a tutela (proteção) de um direito material violado ou ameaçado de violação.
└> Vários autores apresentam conceitos distintos entre si de jurisdição. É mais um tema sobre o qual não há consenso na doutrina. Posições doutrinárias mais conhecidas e relevantes: Chiovenda -> jurisdição “função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei” – parte da premissa de que a lei,norma abstrata e genérica, regula todas as situações que eventualmente ocorram em concreto, devendo o Estado, no exercício da jurisdição, limitar-se à atuação da vontade concreta do direito objetivo; Carnelutti -> função de busca da “justa composição da lide” – Carnelutti construiu todo o seu sistema jurídico em torno do conceito de lide, que o mesmo definia como conflito de interesses degenerado pela pretensão de uma das partes e pela resistência da outra. Para ele, pretensão é a “intenção de submissão do interesse alheio ao interesse próprio”. Há, na doutrina brasileira, uma tendência de considera-las teorias complementares, encontrando a definição de jurisdição como “função do Estado de atuar a vontade concreta da lei com o fim de obter a justa composição da lide”. Porém, prefere-se optar pela posição que as têm por antagônicas. Tal antagonismo decorre do fato de tais teorias retratarem concepções diversas do ordenamento jurídico. Vamos analisar as teorias unitária (ou constitutiva) e dualista (ou declaratória) do ordenamento jurídico. Segundo os defensores da teoria unitária do ordenamento jurídico, as leis materiais (exemplo: CC) não são capazes de, por si sós, gerar direitos subjetivos. As normas jurídicas materiais somente conseguem criar expectativas de direito. Cabe ao Estado-Juiz, através do exercício da função jurisdicional, criar o direito subjetivo antes inexistente. A sentença, assim, teria a função de criar direitos substanciais. A lide decorre da incerteza existente em razoa da inexistência de direito subjetivo antes da sentença. Essa teria, então, a função de criar o direito substancial, o que teria como consequência a composição do litígio. Para a teoria dualista do ordenamento jurídico, o Estado não cria direitos subjetivos quando exerce a função jurisdicional. Esta se limitaria ao reconhecimento de direitos preexistentes, razão pela qual essa teoria também é conhecida pelo nome de teoria declaratória. Para os defensores desta concepção, a norma jurídica cria o direito substancial, limitando-se o Estado, no exercício da jurisdição, a atuar a vontade da norma, aplicando-a no caso concreto. Por esta razão, parece correto o entendimento segundo o qual as concepções de Chiovenda e de Carnelutti acerca de jurisdição são antagônicas e, por tal motivo, entende-se que deve o jurista optar por uma delas.
-Características essenciais da jurisdição: características do Estado-Juiz
1)Inércia (princípio da inércia, princípio da demanda, princípio dispositivo) inércia da jurisdição: Estado-juiz só pode atuar quando provocado (provocação = pedir que atue – é necessário uma petição inicial de um autor). CPC: art. 2º, art. 128 e art. 262 – falam que é necessária a provocação da parte e o juiz não atua de ofício. Exceção: art. 989, CPC – em determinadas situações, se ninguém iniciar um processo de inventário, é possível que se inicie de ofício.
É conjugado com outro princípio: Princípio do impulso oficial ou da oficialidade -> art. 262 – o processo só inicia por desenvolvimento da parte, mas só desenvolve por processo do juiz e vai se desenvolver por processo do juiz ainda que não tenha atuação das partes. Exceção: algumas situações que o processo não consegue prosseguir se uma das partes não pratica determinado ato (exemplo: autor tem que pagar as custas judiciais) – se a parte não praticar o ato, o juiz extingue o processo por abandono.
2)Substitutividade-> o Estado, como regra geral, veda a autotutela – partes não podem se valer da autotutela. O Estado obriga o sujeito a entrar no poder judiciário. No momento em que o sujeito vai ao poder judiciário, a jurisdição passa a substituir a vontade das partes –é através do processo que o judiciário vai ver quem tem a razão, qual é a extensão do direito.
Pontes de Miranda -> Teoria da Ação de Direito Material: todos tem uma ação (quando surge um direito material), só que a ação de direito material é reprimida pelo Estado-Juiz, então você é obrigado a ir ao judiciário e Pontes indica que o processo deve ter efetividade. Para Pontes a substitutividade é dever do Estado de dar efetividade.
3)Natureza declaratória-> o Estado-Juiz não cria direitos através dos processos; ele apenas declara direitos pré-existentes (obs.: fruto da teoria dualista), ainda que como reconhecimento de um direito pré-existente ele venha a criar/modificar/extinguir relações jurídicas e não direitos. Aqueles que aderem que é constitutivo: Freddie Didier Jr. e Scarpinella.
└>A terceira característica essencial da jurisdição é a sua natureza declaratória. Ao afirmar a existência dessa característica, está afirmando a opção pela teoria dualista do ordenamento jurídico, segundo a qual o Estado, ao exercer a função jurisdicional, não cria direitos subjetivos, mas tão somente reconhece direitos preexistentes, Exemplos: usucapião e inventário e a partilha. Usucapião -> decorrido certo prazo, a posse se converte em propriedade. O juiz que profira uma sentença de procedência da pretensão, reconhecendo ter o demandante que pretende ver afirmada a ocorrência do usucapião, não estará o juiz criando para tal demandante o direito de propriedade, mas apenas reconhecendo que esse direito existia desde o momento em que se fizeram presentes todos os requisitos previstos na lei material para a aquisição do domínio.
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Aula 8 – Rio, 29.03.12
Anotações Gabriel
1)A corrente majoritária diz que é declaratória, porque, hoje, entende-se que o nosso sistema é dualista (processual/material). Pode ir ao judiciário quem tem ou não direito. O judiciário não cria direitos, ele apenas confirma direitos preexistentes. -> JURISDIÇÃO = DIZER O DIREITO E NÃO CRIAR O DIREITO. O QUE MUDA É A RELAÇÃO JURÍDICA. 
2)A corrente minoritária diz que não estamos mudando relação jurídica, mas criamos novos direitos, isto é, a corrente indica que a natureza é CONSTITUTIVA.
-Classificação da jurisdição:
1)Critério da pretensão submetida ao Estado-Juiz:
1.1) Jurisdição penal: destinada à aplicação do direito material penas e das sanções penais.
1.2)Jurisdição não-penal: aplicação de qualquer ramos do direito que não o direito penal (jurisdição civil/trabalhista/eleitoral/militar). *Há também outros ramos: constitucional/tributário/etc.
└> Tipo de pretensão submetida ao Estado-Juiz – duas espécies de jurisdição: penal e civil. Jurisdição penal -> Estado exerce tal função diante de pretensões de natureza penal. Estas têm natureza punitiva. O estudo dessa espécie de jurisdição é feito pelo Direito Processual Penal. Jurisdição civil -> definida como “extrapenal”, uma vez que o Estado exerce esse tipo de jurisdição diante de todas as outras espécies de pretensão, tenham elas natureza civil, comercial, administrativa, trabalhista, constitucional, tributária, etc. 
2)Jurisdição quanto ao grau em que é exercido:
2.1)Jurisdição inferior: seria a jurisdição de 1º grau (é exercida pelo órgão que conhece pela primeira vez daquela causa).
2.2)Jurisdição superior: exercida pelo órgão que conhece da causa em grau de recurso.
*Grau -> órgão que conhece pela 1ª vez daquela causa. Órgão que processa assim que recebe da petição inicial. ≠ Instância -> hierarquia administrativa de tribunal. Leva em conta a organização judiciária – 1ª instância: Juiz; 2ª instância: desembargador; instância especial lato sensu ou instância excepcional: ministro (órgão s?). Exemplo: Ato abusivo do governador -> se inicia com desembargadores, juiz não julga governador, ou seja -> Mandado de segurança -> Desembargador – 1º grau e 2ª instância -> Recurso -> STJ – 2º grau e 3ª instância. 
└> Outra forma de se classificar a jurisdição se faz quanto ao grau em que a mesma é exercida, falando-se em jurisdição inferior e superior. Jurisdição inferior -> exercida pelo primeiro órgão a conhecer da causa submetida ao Estado-Juiz, tal órgão exerce primeiro grau de jurisdição. Jurisdição superior -> exercida pelo órgão jurisdicional que conhece da causa em grau de recurso, exerce segundo grau de jurisdição. Exemplo: A propositura de uma demanda de despejoperante o juízo de uma vara cível fará com que este exerça jurisdição inferior (primeiro grau de jurisdição). Interposta apelação contra a sentença alo proferida, e submetido tal recurso a uma das câmaras do Tribunal, exercerá esse órgão jurisdição superior (segundo grau de jurisdição). Distinção entre instância e grau de jurisdição: instância -> termo ligado à organização judiciária, na estrutura do judiciário existem órgãos hierarquicamente inferiores, chamados de primeira instância, e órgão superiores, os de segunda instância, como os Tribunais de Justiça e Federal de Recursos.
3)Quanto ao órgão:
3.1)Especial: aplica um ramos especializado do direito (exemplo: Justiça do Trabalho/Eleitoral e Militar).
3.2)Comum: aquela que aplica direitos sem especialização (exemplo: Constitucional/Adm./Tributária/Civil/Penal/etc.). -> Justiça Federal e Justiça Estadual.
└> Uma terceira forma de classificação da jurisdição leva em consideração o órgão que a exerce, sendo possível falar aqui em duas espécies: jurisdição especial e comum. Jurisdição especial -> exercida por órgãos jurisdicionais que julgam apenas pretensões de natureza determinada: Justiça do Trabalho, Justiça Militar e Justiça Eleitoral. Jurisdição comum -> é exercida pelos órgãos que julgam pretensões de quaisquer naturezas (salvo as submetidas às “Justiças Especiais”): Justiça Estadual e Justiça Federal.
4)Quanto à submissão ao direito positivo:
4.1)Jurisdição de direito: aplicação do órgão dentro dos limites estabelecidos pela lei/ato sensu (ordenamento).
4.2)Jurisdição por equidade: aquela que permitiria a atuação de normas de conduta não previstas em lei (princípios e costumes). Julgamento só quando previamente previsto em lei – exemplo: CDC, art. 7º. 
└> Outra forma de classificação da jurisdição leva em conta sua submissão ao direito positivado, havendo aqui duas espécies: jurisdição de direito e jurisdição de equidade. Jurisdição de direito -> Estado-juiz fica preso aos limites da lei, não podendo deixar de aplica-la. Jurisdição de equidade -> libera-se o juiz dos critérios de legalidade estrita, permitindo-se que seja dado ao caso a solução que o magistrado reputar a mais justa para a hipótese concreta, ainda que se deixe de aplicar o direito objetivo. A regra, no sistema jurídico brasileiro, é a jurisdição de direito, só sendo lícito ao juiz julgar por equidade quando expressamente autorizado (art. 127, CPC “o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”). Exemplo do caso em que o juiz é autorizado a julgar por equidade se encontra no art. 7º, CDC. 
5)Quanto à natureza da jurisdição: 
5.1)Contenciosa: busca a aplicação do direito contra a vontade da outra parte. -> Aqui há briga.
5.2)Voluntária: o pedido das partes é de mera integração do negócio, ato ou fato jurídico, uma vez que ele não pode produzir efeitos sem a intervenção estatal (exemplo: alienação de bem do incapaz -> não há briga -> um quer vender e o outro comprar, mas deve haver chancela do poder judiciário para o representante vender). 
 Jurisdição voluntária é ou não jurisdição:
1)Teoria clássica ou administrativa (Frederico Marques e outros da doutrina falecida): não seria jurisdição porque faltaria alguns elementos: lide (para ter jurisdição tem que ter lide), substitutividade e natureza declaratória (na voluntária, para eles, era constitutivo).
2)Teoria revisionista – predominante – (Alexandre Câmara e Freddie Didier Jr.): a jurisdição voluntária é jurisdição, pois é uma atividade estatal que tem por objeto titular um direito. Não há lide, mas não é elemento fundamental da jurisdição (pode haver jurisdição sem lide). Existe substitutividade porque é vedada a autotutela, as partes, por si só, não conseguem concretizar o negócio jurídico. É declaratória porque haveria um direito preexistente e se reconhece tal direito apenas. 
└> Uma última forma de classificação da jurisdição a divide em jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária. Jurisdição voluntária -> entre as várias teorias que tentam explicar a natureza da jurisdição voluntária, destaca-se como majoritária na doutrina a que se poderia denominar Teoria Clássica, segundo a qual a jurisdição voluntária não teria natureza de jurisdição, mas sim de função administrativa. Para os defensores dessa teoria, a jurisdição voluntária não poderia ser tida como verdadeira jurisdição por não ser destinada a compor lides, ou por não ser substitutiva, ou ainda por não ter natureza declaratória, mas constitutiva, isto é, por não ser a jurisdição voluntária voltada para a atuação de direitos preexistentes, mas sim à criação de novas situações jurídicas. A esta teoria se opõe uma outra, conhecida por Teoria Revisionista, que vê na jurisdição voluntária uma forma de exercício da função jurisdicional. Tal teoria conta com a adesão de grandes processualistas, os quais apresentam as razões pelas quais a jurisdição voluntária deve ser considerada atividade jurisdicional propriamente dita. A afirmação de que inexiste lide, responde-se que a lide não é essencial ao exercício da jurisdição. Quanto à ausência de substitutividade, não parece estar correta a teoria clássica, pois a jurisdição voluntária é substitutiva da atividade das partes, uma vez que a lei impede que os titulares dos interesses ali referidos possam livremente negociá-los, devendo o juiz exercer uma atividade que originariamente não lhe cabia, substituindo, assim, a atividade dos titulares dos interesses em jogo. Quanto à natureza constitutiva da jurisdição voluntária, aqui o Judiciário atua um direito preexistente à modificação operada (exemplo: exige a lei alguns requisitos para que um casal possa se divorciar. Assim, cabe ao juiz verificar se estão presentes estes requisitos para, atuando o direito ao divórcio, operar a modificação jurídica pretendida pelos titulares dos interesses. Jurisdição contenciosa (jurisdição não-voluntária) -> o elemento que a distingue da jurisdição voluntária é a pretensão. Pode haver processo sem lide, o que não pode haver é processo sem pretensão. Tal assertiva decorre da inércia característica da função jurisdicional – o Estado-juiz só exerce a função jurisdicional se provocado, e tal provocação se faz através da manifestação em juízo de uma pretensão. Sendo tal pretensão de integração de um negócio jurídico de direito privado vamos estar diante da jurisdição voluntária. Caso contrário, a hipótese será de jurisdição contenciosa (ou não voluntária) – quando for de ordem pública. Assim, aquele que vai a juízo pleiteando o divórcio consensual ou a alienação de bens de incapaz pretende que o ato judicial confira validade ao negócio jurídico que quer realizar – a hipótese será de jurisdição voluntária.
-Escopos da jurisdição: 
1)Social -> aspecto de pacificação (das lides) da sociedade e aspecto de educação da sociedade.
2)Jurídico -> permitir a aplicação concreta e correta da lei.
3)Político -> através da jurisdição, temos a afirmação do poder estatal (não pode ter autotutela, deve ir no judiciário). 
└> Vê-se o processo como instrumento de que se vale o Estado para alcançar os escopos da jurisdição. Estes são escopos do próprio Estado, já que a jurisdição é uma das manifestações do poder estatal soberano. Sob esta ótica, a instrumentalidade do processo ganha força, podendo-se entender esse instituto fundamental do Direito Processual como uma garantia de tutela adequada e efetiva das posições jurídicas de vantagem. Os escopos da jurisdição são de três ordens: sociais, jurídicos e políticos (processo não é um fenômeno exclusivamente jurídico, devendo ser estudado em suas implicações sociopolíticas também, uma vez que se trata de instrumento estatal, e o Estado é um ente político voltado para uma finalidade social de busca do bem comum. Os escopos sociais da jurisdição são dois: pacificar com justiça e educar a sociedade – o escopo de pacificação social com justiça decorrer do fato de que o processo é um relevante meio de solução dos conflitos que surgem na sociedade, nos casos em que há lide não se pode negar o exercício da jurisdição.Não se pode achar que o atingimento desse escopo da jurisdição se dá com a prolação, pelo juiz, de um provimento jurisdicional que dê ao caso a ele submetido solução que ele, juiz, considere a mais justa – a justiça das decisões está ligada à sua adequação ao direito objetivo. Juiz justo é aquele que aplica o caso concreto a vontade do direito objetivo, de acordo com os fins sociais a que a lei se destina e o bem comum. Resolução justa de litígios, e não mera resolução de conflito, este é o escopo da jurisdição. O segundo escopo social da jurisdição é o educacional – através do exercício da função jurisdicional, o Estado dá duas lições: ensina o que as pessoas não podem fazer, sob pena de violarem o ordenamento jurídico e serem, em consequência, sancionadas; e, ao mesmo tempo, ensina aos titulares de direitos lesados ou ameaçados como fazer para obter a tutela dos seus interesses. Escopo jurídico da função jurisdicional é a própria atuação da vontade concreta do direito objetivo - o Estado, ao exercer a função jurisdicional, tem por finalidade manter íntegro o ordenamento jurídico, atuando a vontade das normas nos casos concretos que lhe sejam levados por aqueles que se consideram titulares de direitos lesados ou ameaçados de lesão. Os escopos políticos da jurisdição são três: afirmação do poder estatal, culto às liberdades públicas e garantia de participação do jurisdicionado nos destinos da sociedade. Afirmação do poder estatal: o Estado precisa afirmar seu poder para se sustentar – sem o poder que está por trás de todos os atos e provimentos do Estado este não teria condições de impor condutas aos jurisdicionados. Ao afirmar o seu poder, o Estado garante os meios necessários para alcançar todos os seus escopos. Culto às liberdades públicas: ao exercer a função jurisdicional o Estado tem como um de seus objetivos assegurar a observância dos direitos fundamentais dos jurisdicionados. O termo “liberdade” significa garantia fundamental – liberdades públicas: estas é que devem ser asseguradas pelo Estado-juiz no exercício da função jurisdicional. Trata-se de uma limitação do poder estatal, que não pode ser absoluto, sob pena de contrariarem os cânones do Estado Democrático de Direito. Permitir a participação do jurisdicionado nos destinos da sua sociedade: instrumentos como a ação popular (participação deferida diretamente aos cidadãos) e a ação civil pública (participação através de associações e instituições de defesa dos interesses da sociedade, como o MP). A participação da sociedade na fixação de seus destinos é essencial para a caracterização de um Estado Democrático de Direito. A democracia sem participação direta da sociedade civil, em que o poder é exercido exclusivamente pelos detentores dos cargos e funções públicos, é uma forma ultrapassada de regime político, que não se coaduna com as determinações constitucionais.
-Competência: consiste na limitação da parcela de atuação legítima do órgão jurisdicional (reclamação trabalhista em 1º grau, pode o STF julgar? Ele tem jurisdição, mas não tem competência!). A competência não é do juiz, mas sim do juízo (órgão -> vara -> turma – etc.).
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Aula 9 – Rio, 10.04.12 continuação...
-Competência
Consiste na limitação da parcela de atuação legítima do órgão jurisdicional (reclamação trabalhista em 1º grau, pode o STF julgar? Ele tem jurisdição, mas não tem competência!). A competência não é do juiz, mas sim do juízo (órgão -> vara -> turma – etc.).
Todos os órgãos tem sua jurisdição, todos são integrantes do órgão judiciário, mas competência só alguns órgãos vão ter. Só há um único juízo competente para cada causa. O autor, a princípio, tenta escolher qual é, mas é o juiz que verifica se este é competente ou não. Se escolher um juízo que não é competente, veremos quais são as consequências.
└> Todos os órgãos do Poder Judiciário exercem função jurisdicional, porém há entre eles uma divisão de trabalho, o que se faz através da regra da distribuição da competência. Pode-se definir competência como o conjunto de limites dentro dos quais cada órgão do Judiciário pode exercer legitimamente a função jurisdicional. Embora todos os órgãos do Judiciário exerçam função jurisdicional, cada um desses órgãos só pode exercer tal função dentro de certos limites estabelecidos por lei. O exercício da função jurisdicional por um órgão do Judiciário em desacordo com os limites traçados por lei será ilegítimo, considerando-se então aquele juízo incompetente.
.Competência internacional -> significa avaliar se o Brasil pode processar aquela causa ou se aquela causa tem que ser processada em outro país. 
Dividimos em duas instâncias: competência concorrente e uma competência exclusiva do Brasil
a)Competência internacional concorrente -> Brasil pode processar uma determinada causa ainda que outro país fosse igualmente competente. Processo poderia tramitar aqui ou lá fora. Art. 88, CPC -> é competente à autoridade judicial brasileira: I- réu domiciliado no Brasil; II- se no Brasil tiver que ser cumprida a obrigação – pode haver um processo no Brasil se aquela obrigação for descumprida; III- fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Se não conseguir colocar o caso em nenhuma dessas situações, não poderá tramitar no Brasil. Exemplo: Luma de Oliveira que desfilou e teve sua imagem publicada num jornal internacional – ela queria processar o jornalista, mas não pôde processar aqui, só poderia ser lá fora.
Conflito de processos no judiciário estrangeiro e no judiciário brasileiro -> majoritário: o curso de um processos no exterior não impede o curso de um processo no Brasil – pode haver processo lá e processo aqui. Litispendência. Quando e como se pode nacionalizar uma sentença estrangeira – procedimento chamado de homologação de sentença estrangeira-> hoje, é do STJ, antes era do STF (EC 45) – para ela valer internamente tem que homologar, e a homologação ocorre no STJ, acontecendo isso, a sentença se torna nacional, e quando isso ocorre não pode haver uma outra sentença sobre esse mesmo caso, não pode mais ter uma sentença brasileira diferente daquela. STJ só homologa para nacionalizar a sentença, a execução se dá na 1ª Instância da Justiça Federal – art. 109, X, CRFB.
b)competência internacional exclusiva do Brasil -> art. 89, CPC – trata de casos em que a justiça brasileira, para o Estado brasileiro, seria a única competente – só o Brasil pode processar aquela causa. Significa que não cabe homologação de sentença estrangeira. O Brasil é exclusivamente competente com casos do art. 89. S2
└> Antes de se verificar qual o juízo competente para determinado processo, há que se examinar se a hipótese pode ser submetida ao Estado brasileiro, para que este exerça, diante do caso concreto, a função jurisdicional. Saber quais os limites do exercício, pelo Brasil, da sua função jurisdicional -> a questão é solucionada pelos arts. 88 e 89 do CPC – art. 88: casos em que o Brasil tem “competência internacional concorrente” -> é possível que a demanda seja ajuizada no Brasil ou perante autoridade judiciária de outro país que também tenha competência internacional (exemplo: demandas ajuizadas em face do réu domiciliado no Brasil; quando se exige o cumprimento de obrigação quando o lugar do pagamento é o Brasil); art. 89: “competência internacional exclusiva” -> casos em que a demanda só pode ser ajuizada perante autoridade judiciária brasileira, que tem competência “com exclusão de qualquer outra” exemplo: o Judiciário brasileiro tem “competência internacional exclusiva nas causas envolvendo imóveis situados no Brasil). 
.Competência Interna Brasileira ->art. 87, CPC . Proposta uma ação em um determinado juízo (competente), a causa deverá ali tramitar até o fim, salvo se ocorrer uma das hipóteses do art. 87 -> perpetuatio jurisdicionis. Exceções do art. 87: supressão do órgão – acabou o órgão, muda a vara. A princípio, o processo fica na mesma vara, no mesmo órgão, que é o único competente, e isso dura até a supressão desse órgão. Ocorrendo a supressão do órgão,

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