Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1. Discorra sobre o modelo de Hart do direito como sistema de normas primárias e secundárias. Segundo os estudos de Hart, a incorporação das normas secundárias no sistema jurídico é o que irá caracterizar a passagem do mundo pré-jurídico ao mundo jurídico, uma vez que este mundo pré-jurídico era composto apenas por regras de obrigação que, como veremos, são as regras primárias. Nesse contexto são introduzidas as regras secundárias, que não impõem obrigações, mas sim têm seu conteúdo proposto a criar poderes, sejam eles públicos ou privados. Hart irá levantar problemáticas acerca da estrutura composta apenas por regras primárias. Segundo ele, o primeiro defeito desta estrutura é a dúvida ou incerteza, uma vez que a sociedade possui apenas regras de obrigação, quando são levantadas dúvidas sobre qual destas regras deve ser aplicada a um caso concreto ou quais os limites e ramificações de uma regra, não há um processo determinado a sanar essas dúvidas. O segundo problema apresentado por Hart acerca da falta das normas secundárias no sistema pré-jurídico é a falta de evolução das normas primárias, devido ao fato de não existirem, nesta estrutura, autoridades qualificadas para alterar, extinguir ou acrescentar novas regras ao sistema. 2. Discorra sobre vigência validade eficácia e vigor A vigência pode ser definida como a existência da norma, a partir de uma fixação positiva. Com relação à eficácia, dizemos que a norma é eficaz quando ela é, globalmente e em regra, aplicada e observada. Em uma conjectura ideal da vigência, a eficácia diz respeito apenas à observância de norma que associa uma sanção a uma determinada conduta, pois a representação da sanção consegue dispensar satisfatoriamente os indivíduos submetidos à ordem jurídica de praticarem a conduta, que a norma não chega sequer a ter que ser aplicada. Podemos observar assim que a eficácia está relacionada com a vigência. Para que a norma exista, é preciso que ela tenha um mínimo de eficácia, isto é, uma norma que nunca seja aplicada em lugar algum não pode ser considerada vigente. Contudo, é também fundamental que exista a possibilidade de desarmonia com a norma, ou seja, uma norma vigente não pode ser observada e respeitada o tempo todo em toda parte. Além disso, existe também um aspecto cronológico na relação entre vigência e eficácia. Por um lado, a norma apenas pode ter eficácia após a entrada em vigor, ou seja, a vigência surge antes da eficácia; por outro lado, é somente depois de um longo período de ineficácia que a norma deixa de ser considerada vigente, isto é, a eficácia pode extinguir-se antes da vigência. Com relação à validade, esta se refere ao fato de uma norma valer, ou seja, ser vigente. Deste modo, o fundamento de validade da ordem jurídica é a norma fundamental e ela define duas condições de validade: fixação positiva, na qual a norma deve ser efetivamente posta em conformidade com a norma fundamental e eficácia , na qual a norma deve ser globalmente eficaz. 3. Pressupostos, características e constrangimentos do direito moderno dogmaticamente organizado. Discorra e justifique sobre cada um dos itens. R: O direito em questão possui duas características, sendo elas a obrigação do juiz de decidir, ou seja, a proibição da prática do non-liquet pelo juiz, que proíbe que este se abstenha de tomar uma decisão sob um caso concreto; podendo o juiz tomar uma decisão errada, que será levada aos tribunais superiores, mas tendo a obrigação de tomar uma decisão. A segunda característica do direito moderno dogmaticamente organizado, é a inegabilidade dos pontos de partida, ou seja, o ponto de partida para resolver qualquer processo é a lei, tendo o juiz e outras autoridades jurídicas a obrigação de decidir a partir de normas previstas no ordenamento jurídico; dando assim sentido ao nome “dogmático”, que é aquele que se baseia em dogmas. O direito moderno dogmaticamente organizado possui três pressupostos, que são os fundamentos, supostos prévios; pilares que sustentam as características, sendo eles a prioridade das fontes estatais sobre as espontâneas, ou seja, extraestatais, com a hierarquização das fontes do direito; a relativa emancipação do direito com relação às outras instâncias normativas, que seria uma maior autonomia do sistema jurídico sobre outros sistemas sociais como a moral, a religião, a ética e os costumes, por exemplo; o terceiro pressuposto é o de que o Estado tem a pretensão de monopolizar a produção de normas jurídicas, na medida em que o direito é o que o Estado produz, reconhece e autoriza que outras fontes produzam. Os constrangimentos do direito moderno são obrigações ou imposições pertinentes a um operador de direito, decorrentes do direito dogmático, sendo eles: interpretar, argumentar, decidir, fundamentar e produzir textos normativos sempre com base em normas jurídicas. Dessa forma, entendemos que a produção de textos normativos deve ser feita tomando como base outros textos normativos, a constituição federal lista os tipos de textos legislativos que poderão ser feitos (art. 59) e como se dá o processo legislativo para que um projeto de lei se torne lei de fato. Uma vez que os textos normativos são fixados, estes devem ser explicados, pela própria legislação (explicações dentro da própria lei sobre seu conteúdo e significado) ou por terceiros. Sobre o constrangimento da argumentação, o jurista pode argumentar fazendo uso de bases extrajudiciais, porém, tendo a lei ao seu favor, ou seja, usando a lei como base de sua argumentação, facilita que este vença uma causa, então os argumentos com base na lei são favorecidos. O quarto e quinto constrangimento, que diz que os juízes devem decidir e fundamentar suas decisões com base na lei, retifica o anteriormente citado, pois, se o juiz deve decidir com base na lei, o jurista terá uma maior chance de vencer o caso se utilizar da própria lei em sua argumentação.
Compartilhar