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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP FELIPE CARDOSO FERREIRA QUÍMICA FORENSE: REVISÃO DE LITERATURA São Paulo 2021 FELIPE CARDOSO FERREIRA RA: 1825553 QUÍMICA FORENSE: REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista – Unip, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Química. Orientadora: Prof. Margarida Szurkalo. São Paulo 2021 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha esposa Letícia, que me incentivou e continua me incentivando para dar o meu melhor em tudo. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, a mim mesmo e a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. (José de Alencar) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ ..09 2. História da ciência forense.....................................................................................................11 2.1.Introdução à química forense...............................................................................................12 2.1.1. História da química forense..............................................................................................14 2.1.2. Teoria da ciência forense..................................................................................................15 2.2. Toxicologia forense............................................................................................................15 2.2.1. Processo da toxicologia forense.......................................................................................16 2.3. Análise de fibras..................................................................................................................17 2.3.1. Fibras de tinta...................................................................................................................18 2.4. Drogas ilícitas.....................................................................................................................19 2.4.1. Análise forense de drogas................................................................................................21 2.5. O luminol............................................................................................................................23 2.6. Problemas e considerações especiais..................................................................................24 2.7. Qualificação para a profissão..............................................................................................25 3. METODOLOGIA......................................................................................................................... ..27 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................................28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 RESUMO A ciência forense é o campo emergente da ciência para resolver os diferentes crimes de maneira fácil. A proeminência da ciência forense resultou de avanços científicos e tecnológicos, aumentou a dependência de agências de fiscalização e sistemas judiciais e sua popularização através da mídia de massa. O termo forense foi vinculado a vários campos totalmente diferentes: ciências econômicas, ciências sociais, odontologia, patologia, toxicologia, entomologia, psicologia, contabilidade, engenharia e ciber forense. Provas forenses são reunidas, examinadas, avaliadas, compreendidas e conferidas para criar a sensação de um acontecimento criminoso e fornecer pistas investigativas sobre aquele crime. Graças ao aumento das várias técnicas para tentar e cometer o crime, deve haver algumas estratégias distintas e numerosas para pesquisá-lo. Alguns dos crimes são tão bem sucedidos, que na investigação não há pistas e seriam preciso encontrar novas provas para mais investigação. Assim, a química forense facilitará perceber e sentir a prova na cena do crime, principalmente quando ela não é visível a olho nu. A química forense pode ser um campo importante e amplo da ciência retórica. Nesta revisão, explanar-se-á como a química forense é útil no campo da ciência forense. O trabalho buscou o escopo da química forense, incluindo a toxicologia forense, para estimular a curiosidade e a vocação do futuro licenciado em química. Também descreve a informação sobre drogas como prova e como investigá-la de forma forense para a detecção do crime. Portanto, este artigo de revisão também explica a análise e os princípios da química forense para os tipos de crimes mais comuns. Palavras-chaves: ciência; química; forense; investigação. ABSTRACT Forensic science is the emerging field of science to solve different crimes easily. The prominence of forensic science has resulted from scientific and technological advances, increased reliance on enforcement agencies and judicial systems, and its popularization through the mass media. The term forensics has been linked to several entirely different fields: economics, social sciences, dentistry, pathology, toxicology, entomology, psychology, accounting, engineering, and cyber forensics. Forensic evidence is gathered, examined, evaluated, understood, and checked to create a sense of a criminal event and provide investigative clues about that crime. Thanks to the increase in the various techniques for trying and committing crime, there must be some distinct and numerous strategies for researching it. Some of the crimes are so successful that in the investigation there are no clues and new evidence would have to be found for further investigation. Thus, forensic chemistry will make it easier to perceive and feel evidence at the crime scene, especially when it is not visible to the naked eye. Forensic chemistry can be an important and broad field of rhetorical science. In this review, we will explain how forensic chemistry is useful in the field of forensic science. The work sought the scope of forensic chemistry, including forensic toxicology, to stimulate the curiosity and vocation of the future licensee in chemistry. It also describes drug information as evidence and how to forensically investigate it for crime detection. Therefore, this review article also explains the analysis and principles of forensic chemistry for the most common types of crimes. Keywords: science; chemistry; forensic; investigation. 11 1. INTRODUÇÃO “A solução de um crime, com a condenação dos culpados, é a meta primordial da Justiça. Ao desvendar as circunstâncias de um crime, os investigadores fazem um trabalho de grande importância: de um lado, protegem a população da ação de criminosos e de outro, impedem que inocentes sejam condenados injustamente. A Química Forense engloba análises orgânicas e inorgânicas, toxicologia, investigações sobre incêndios criminosos e sorologia. Suas conclusões servem para embasar decisões judiciais. O químico forense trabalha analisando amostras colhidas das vítimas ou dos locais de crimes e ocorrências. Uma de suas tarefas principais é fazer análises especializadas para identificar materiais e conhecer a naturezade cada prova relacionada a um possível crime” (Conselho Regional de Química – IV Região, 2011). A disciplina de Perícia/Química Forense insere-se no conjunto de conhecimentos e competências necessárias para o aluno do curso de Perícia Criminal, constituindo-se em uma matéria que dará base para entender as diversas análises a serem feitas em um local de crime. Os vestígios de um crime necessitam ser analisados, e a química forense é uma ferramenta fundamental nesta análise. Tanto dos fluidos corporais, drogas, venenos, restos de combustão, tudo isso necessita de uma análise química para conferir informações de como ocorreu aquele crime (RAMOS, 2019). No Brasil, o Ministério da Educação homologou “O Curso de Graduação em Química Forense”, que objetiva preparar o profissional para atuar como Químico, no trabalho exploratório, técnico e científico em métodos e técnicas de análise aplicadas às Ciências Forenses. Conhecimentos da Química Fundamental, como, Química Analítica, Química Orgânica, Química Inorgânica, e Físico-Química, estão diretamente vinculados a Química Forense. O profissional formado em Química Forense atenderá a carência de profissionais preparados para atuar nessa área, sendo que sua demanda se faz crescente e necessária no Brasil, um país que teve mais de 70 mil mortes violentas em 2016” (JORNAL DO COMÉRCIO, 2021). A ciência forense é responsável por analisar detalhadamente os vestígios, tanto microscópicos quando macroscópicos, como cabelo, sangue, pegada, tecido entre outros. Essas informações ou provas são coletadas e encaminhadas à um laboratório especializado/forense, via de regra, subordinado ao Departamento de Polícia Técnico-Científica existente em cada Estado, ou, o seu correlato na Polícia Federal. Na grande maioria dos casos, as amostras se encontram em estado caótico e o profissional forense é responsável pela análise do material até que se chegue a uma conclusão e esta, por sua vez, é de fundamental importância, pois interfere 12 de forma ímpar na decisão do juiz e/ou julgador em um caso criminal (CHAMELLO, 2006, apud LIMA, 2016). Portanto, o presente trabalho de conclusão de curso de graduação em química, basicamente uma criteriosa revisão de literatura, tem por objetivo discutir e analisar uma proposta de sequência didática para o ensino contextualizado utilizando a química forense. Essa é uma das inúmeras possibilidades de ensino através da química forense, podendo proporcionar uma relação entre a ciência e o cotidiano por meio do uso de determinadas técnicas forenses, como também promover aos discentes um momento reflexivo no que diz respeito aos subsídios que a Química Forense favorece para as investigações criminais, culminado na promoção da justiça. 13 2. HISTÓRIA DA CIÊNCIA FORENSE A palavra "Forense" origina-se da palavra latina "forensis", que significa “público, para o fórum e discussão”. Ciência retórica forense, significa uma base de conhecimento, que lida com as diversas aplicações para resolver as questões jurídicas. A ciência forense inclui diversos assuntos como química, biologia, ciência social, medicina, ciências materiais, engenharia e, nesse sentido, contribui para fazer cumprir com justiça as leis criminais e as leis governamentais e para proteger a saúde pública (FARIAS, 2008). A ciência forense, refere-se à aplicação das ciências naturais, físicas e sociais às questões jurídicas. A maioria dos cientistas forenses, afirma que a investigação começa na cena do crime. A Autoridade Policial da área de investigações de cena de crime, providencia a compilação das primeiras documentações acerca do crime investigado, garantindo a preservação do local dos fatos (de responsabilidade dos primeiros policiais a chegarem no local do fato), e análise de um local dentro do qual possa ter ocorrido um ato criminoso, buscando associar as provas colhidas para fins de reconstrução de eventos ocorridos antes, durante e após o cometimento do crime a ser investigado. No Brasil, a Autoridade Policial de plantão, o Delegado de Polícia, é responsável por requisitar a atuação da equipe de polícia técnico-científica, que abrange o Instituto de Criminalística e o Instituto Médico Legal – IML (médico legista e seus auxiliares, quando há crime contra a vida) (BRASIL, Código de Processo Penal, art. 4º). A manutenção da cadeia de custódia da prova, desde o local do fato até o laboratório ou uma instalação de armazenamento, é vital. Uma vez que a "ciência forense" se refere à unidade de área de ciências verdadeiramente retóricas, pode-se concluir que a porcentagem de áreas completamente diferentes da ciência, podem sem dúvida, ser descartadas na descoberta de crimes, ou seja, a prova pericial é direta e incontestável no tribunal (ainda que garantidos os direitos constitucionais à ampla defesa e o contraditório) (BRASIL, CRFB, artigo 5º, inciso LV). Várias ciências médicas, físicas e biológicas têm aplicações forenses retóricas (a retórica é uma ciência, no sentido de um estudo estruturado, e uma arte, no sentido de uma prática assente numa experiência, com uma técnica), assim como matemática, práticas de negócios, ciências sociais e ciências psicológicas. A ciência forense pode ser um campo bastante amplo, já que qualquer ciência ou dados usados para auxiliar no particionamento de uma questão legal, ou caso legal, irão receber o adjetivo "forense". A ciência forense emprega ciências físicas, biológicas, médicas, para olhar, analisar e medir provas físicas, mortais e rastrear provas para questões relacionadas com a justiça. A definição operacional da ciência forense é restrita à 14 criminalística. Assim, excluirá várias áreas alternativas associadas ao campo das ciências como especialidade médica, ciências sociais, odontologia, entomologia, psiquiatria, computação, contabilidade, etc. No entanto, não se pode ignorar a qualidade epistêmica (conhecimento ou saber como um tipo de experiência) ou a ciência retórica que pode ser um desafio para qualquer curso universitário de ciências forenses (BARROS, 2021). As raízes da ciência forense são encontradas na língua indo-europeia e nas civilizações romanas que trouxeram avanços nas variadas disciplinas da ciência. Por exemplo, o envenenamento é uma das formas mais antigas de matar alguém, e o conhecimento difundido foi reunido a respeito de sua produção e uso. A primeira autópsia registrada foi conduzida coletivamente por um jurista romano, Marcus Antistius Labeo, em quarenta e quatro a.C., que analisou o corpo do imperador Calígula, assassinado, para chegar à conclusão de que, embora o imperador tenha sido apunhalado por várias tentativas de esfaqueamento, apenas um ferimento em seu peito causou sua morte (ENTRALGO, 2021). A técnica de pó fino era usada para produzir marcas muito visíveis, como até hoje é utilizada para se descobrir impressões digitais em diversos tipos de superfícies. A técnica de identificação de impressão digital data de 1880, uma vez que um jornal científico britânico, Nature, escreveu uma carta do inglês Henry Faulds (1843-1930), revelando as características da singularidade e da duração das impressões digitais. Suas observações foram verificadas por Francis Galton (1822-1911). A ONU introduziu o primeiro sistema elementar de classificação de impressões digitais, com suporte para agrupar os padrões em arcos, laços e espirais. O sistema de Galton foi aprimorado pela polícia de Londres. É o sistema de classificação mais amplamente usado até hoje. Surpreendentemente, enquanto o uso de técnicas científicas na investigação criminal, de uma maneira ou de outra existe desde antes do Império britânico, a ideia da ciência forense como disciplina e carreira veio surgindo no século XIX (APPESP, 2021). Foi exclusivamente no século passado que essas agênciasde controle social e, além disso, os sistemas judiciais, voltaram a considerar sobre o uso de práticas científicas nas investigações de cena de crime. Ao longo da história, existiram pesquisas de coisas variadas, de provas, que levaram a condenações ou absolvições, que parecem estar de acordo com o que tendemos a reconhecer como Ciência Forense. 2.1. Introdução à Química Forense 15 "Química forense" pode ser um termo comum, que abrange a maioria das funções em serviço em um laboratório científico-jurídico. Técnicas utilizadas por peritos criminais da área de química forense, são também utilizadas pelas seções de medicina e análise de traços. Operar nesta área, oferece ao perito criminal, a chance de desenvolver as ferramentas necessárias para realizar exames muito complicados e subjetivos. O perito criminal químico tem a chance de descobrir e dominar os fundamentos do manuseio de provas, anotações e redação de relatórios por processo, frente ao grande volume de casos que tramitam nesta área, mormente aqueles que versam sobre crimes contra a vida e contra a saúde pública. Da mesma forma, o químico perito criminal, também tem a chance de descobrir e aprimorar as habilidades de testemunho. O desenvolvimento de um método de pensamento treinado, também é aprimorado ao longo dos primeiros anos do perito criminal na seção de química forense. Sua habilidade de raciocínio técnico-lógico-jurídico é cultivada no decorrer de sua carreira (FARIAS, 2008). O perito criminal químico emprega seus conhecimentos acadêmicos e práticos, para detectar e defender a identificação de substâncias controladas por meio de uma série de testes não específicos. O examinador então apoia suas descobertas com uma verificação particular, confirmando ou excluindo, um fato, que pode, ou não, ser classificado como criminoso. A análise das exibições de drogas é muito simples. O examinador usa uma série de testes específicos, aliados ao raciocínio de grau de associação às ciências, para criar uma opinião a respeito do conteúdo da prova sob exame. Ele apoia sua opinião sobre instrumentação e técnica laboratorial forense, que tem confirmação documentável através de relatórios e depoimentos juramentados (IDEM). Por exemplo, quando se trata de análise de drogas, cada uma com provas físicas e biológicas diferentes, está fora da estrutura normal de identificação-classificação- individualização. A instrumentação analítica, devidamente aplicada, permite com absoluta precisão a identificação inequívoca de um composto, seja um fármaco ou substância entorpecente. A classificação envolve testes presuntivos e testes de triagem, porém a identificação segue a classificação em vez de precedê-la. O manuseio inadequado de produtos químicos pode levar a acidentes pessoais e doenças. Os acidentes pessoais podem ocorrer devido a incêndios com produtos inflamáveis; emanações de gases e vapores tóxicos; explosões; projeções nos olhos; armazenamento e descarte de produtos químicos de forma incorreta; derramamento acidentais e transporte inapropriado. Esses acidentes podem causar irritações; reações alérgicas; lesões; queimaduras; incapacidade física ou até mesmo levar a morte. As doenças causadas pelo manuseio incorreto de substâncias químicas podem ser intoxicações 16 agudas, altas concentrações em curto período de tempo, e intoxicações crônicas, baixas concentrações em longo período de tempo (RAMOS, 2019). Química forense é química analítica aplicada. Se essa fosse a extensão, entretanto, não haveria necessidade de um curso ou livro separado sobre o assunto. O que então torna a química forense única? Indiscutivelmente, é o pensamento idêntico que define a ciência forense como uma disciplina definida: o talento, a arte e a ciência da comparação. A química analítica abrange análises qualitativas e quantitativas; no entanto, a química forense adiciona uma análise comparativa à lista de tarefas do perito-químico forense. 2.1.1. História da Química Forense Em meados do século XIX, avanços nas ciências começaram a surgir na Europa da Revolução Industrial britânica. Esta era viu o evento de testes de sangue, a invenção do teste para a presença de arsênico, em 1832, (James Marsh, um químico escocês, em 1836, foi o primeiro a utilizar a toxicologia em um julgamento criminal, detectando o arsênico), e estudos sobre "impressão digital" de projéteis de arma-de-fogo (balística forense). Henry Goddard realizou a primeira comparação de projéteis para pegar um assassino. Sua comparação foi baseada na fenda visível ao microscópio, presente nos projéteis disparados de uma determinada arma de fogo, em 1835. Em 1851, Jean Serviais Stas, um professor de química belgo, foi o primeiro a identificar com sucesso venenos de vegetais no corpo humano. Em 1863, o químico suíço-alemão Christian Friedrich Schönbein (1799-1868) descobriu a principal técnica confiável para determinação de sangue humano. Schönbein descobriu que o peróxido de hidrogênio (comercialmente conhecido como água oxigenada) é reativo com espumas de descoloração de vestígios de sangue (FARIAS, 2008). Esta análise foi vital devido ao sangue depositado em superfícies de desgaste, madeira, vidro ou alternativas, que em pouco tempo seca para deixar um resíduo cromático que é simplesmente confundido com diferentes tipos de manchas. A determinação de presença de sangue, foi desenvolvida em um período semelhante, por um químico holandês chamado J. Izaak van Deen, em 1862. Uma vez van Deen colocou em contato uma erva americana conhecida como guaco, com sangue, a erva cromática comum modificou a cor. Guaiacol ou gaiacol é um composto orgânico de ocorrência natural com a fórmula C₆H₄. Esta substância oleosa, incolor e aromática, é derivada do guaco ou do creosoto da madeira, especialmente da faia. Amostras escurecem quando expostas ao ar e a luz. O teste continua a ser amplamente utilizado nos dias de hoje, para pesquisa de sangue oculto (IDEM). 17 Por mais de doze séculos, desde sua descoberta, o arsênico vinha sendo um veneno comum. Sua descoberta data do oitavo século, uma vez que o intelectual árabe Abu Musa Jabir Ibn Hayyan (815-ac. - 721-ac.), também chamado de Geber, descobriu a maneira de mudar o arsênico elementar (uma substância cinza, de aparência metálica) no elemento composto químico ( pó branco insípido e sem cheiro). Dentro do tipo de seu composto químico, o arsênico pode simplesmente ser adicionado à comida ou bebida de uma pessoa, sem infligir suspeitas (FARIAS, 2008). 2.1.2. Teoria da Ciência Forense A ciência forense é a ciência base de conhecimento, para a aplicação de questões ou procedimentos legais, mormente na área criminal. Na prática, a ciência forense está basicamente envolvida com testes físicos e provas biológicas, para elaborar fatos objetivos, relativos ao que aconteceu, quando aconteceu e quem estava envolvido no evento, sob investigação das autoridades. Como resultado, a capacidade de ciência forense é vital para se produzir dados mais precisos e confiáveis do que a prova testemunhal ou talvez confissões de suspeitos ou indiciados. Tais dados, por sua vez, irão aumentar o sucesso de cada investigação e julgamentos no tribunal penal. Muitos laboratórios criminais têm acúmulos substanciais de prova não testada ou processada de outra forma. Limpar esses acúmulos é uma grande preocupação e objetivo dos administradores de laboratório (EDUCA MAIS BRASIL, 2021). 2.2. Toxicologia Forense Toxicologia é o estudo dos efeitos nocivos da medicamentos e venenos em seres vivos. Inclui o estudo dos sintomas, mecanismos, tratamento e detecção dessas drogas e venenos, no organismo humano. Se o emprego de medicamentos e venenos termina em morte sob circunstâncias suspeitas, torna-se imperativo a análise forense do caso como um todo. Grande parte do que os toxicologistas forenses fazemé determinar as concentrações de drogas e venenos em numerosos fluidos corporais e substâncias, como sangue, urina e respiração. Isso muitas vezes se esgota em alguns casos em humanos vivos, como em casos de dirigir embriagado, ou em pessoas que morreram sob circunstâncias não determinadas, uma vez que o médico legista ou médico examinador, deve verificar a causa e a forma da morte, com a ajuda da química forense. O bacharel em química é o acadêmico mais indicado para as tratativas com vistas à química forense. Além disso, algumas universidades oferecem diplomas de bacharelado 18 em química clínica ou em medicina farmacológica, embora essas sejam unidades de área adicionais normalmente oferecidas na pós-graduação (OLSON, 2014). Com um diploma de bacharel em química, o acadêmico é qualificado para formar medições dos níveis de drogas, veneno e álcool em excesso num corpo, porém não estará qualificado para interpretar estes níveis em termos de sua contribuição para a morte a ser investigada. Para formar essas determinações, um acadêmico deve ser educado em medicina e medicina farmacológica. Isso geralmente precisa de uma pós-graduação em um em cada um desses campos. Um pós-graduado em química geralmente não é específico o suficiente, a menos que seja em química clínica. Os toxicologistas forenses trabalham com amostras biológicas. Em sua maioria, os materiais mais frequentemente analisados são sangue (plasma) e urina, mas outros podem ser analisados dependendo do caso e das perguntas forenses requisitas. A toxicologia pós-morte normalmente usa a maior variedade de amostras. Algumas matrizes atípicas usadas em investigações de crimes contra a vida, incluem unhas, saliva, cabelo e suor (OLSON, 2014). 2.2.1. Processo da Toxicologia Forense O processo seguido pelos toxicologistas pode ser dividido em três fases. A primeira envolve análise qualitativa e identificação provisória das drogas, metabólitos e outros analitos de interesse. Tal como acontece com a análise de drogas apreendidas, estes são determinado por testes de triagem. Mas com menos opções, estão disponíveis para o químico de drogas apreendidas. Esta limitação surge de dois fatores. Em primeiro lugar e mais importantes, são as matrizes de amostra. Não é viável nem apropriado aplicar uma cor ou teste de microcristal para sangue líquido ou urina, por exemplo. Em segundo lugar, as drogas e analitos estão normalmente presentes em baixos níveis (mg / L ou menos) na maioria das amostras e, portanto, não são passíveis de testes de triagem típicos, mesmo se a matriz permitir isso. Para completar os trabalhos, os toxicologistas utilizam uma bateria de técnicas de imunoensaio (SÓSTENES, 2020). A segunda fase da toxicologia é a quantificação. Possivelmente em nenhuma outra área da ciência forense, a quantificação é necessária tão frequentemente e rotineiramente como na toxicologia forense. Analistas de drogas apreendidas, ocasionalmente quantificam exibições de substâncias entorpecentes, como metanfetamina, cocaína e heroína, para determinar a pureza da amostra em percentagem por peso. Em toxicologia, se um medicamento ou metabólito de interesse forense é identificado, é geralmente quantificado. Porque muitos casos envolvem mais 19 do que uma droga e vários metabólitos, isso pode ser uma tarefa extenuante para o cientista forense. Nesse sentido, os princípios de validação de método, garantia de qualidade (QA) / controle de qualidade (QC), são essenciais para a prática da toxicologia forense (IDEM). A terceira fase é a fase de interpretação, em que todos os dados analíticos são interpretados à luz de todos fatores pertinentes. O conhecimento é a chave para a interpretação da farmacocinética e farmacodinâmica das drogas presentes. Outras informações vitais para o toxicologista, incluem o histórico do caso, quaisquer achados clínicos, se a pessoa fazia tratamento medicamentoso, quaisquer informações sobre doenças e semelhantes, como o uso abusivo de substâncias tóxicas lícitas e ilícitas. Esta fase é o que torna a toxicologia forense única, bem como desafiadora. Bons toxicologistas forenses são mestres não só das ciências analíticas, mas também das ciências médicas, farmacológicas e biológicas mais relevantes (SÓSTENES, 2020). 2.3. Análise de Fibras Em 28 de julho de 1979, uma garota tentando encontrar latas vazias e garrafas numa área livre em Atlanta, Geórgia, nos Estados Unidos, encontrou dois cadáveres de indivíduos jovens do sexo masculinos, afro-americanos. Um havia sido baleado os investigadores mais tarde determinaram que o outro foi estrangulado até a morte. Cada um havia sido dado como desaparecido, por algumas semanas. Então começou a investigação de uma série de homicídios de jovens negros nos arredores de Atlanta. No final das contas, Wayne Bertram Williams foi processado e preso por vinte três crimes, de trinta homicídios investigados. Ele foi condenado pelas mortes de dois deles, ambos ex-presidiários adultos. Williams se tornou um suspeito uma vez que os oficiais começaram a vigiar as pontes sobre o rio, porque muitas das vítimas foram jogadas no riacho (RUCH, 2021). Em 22 de maio de 1981, um investigador detectou um cadáver dentro do agua, num riacho em Atlanta. Ao mesmo tempo, um automóvel atravessou a ponte perto de onde o investigador estava estacionado. Ele comunicou pelo rádio ao FBI e a polícia local, resultando na interceptação de Williams, que foi interrogado por mais de duas horas, em seguida, o soltou. Em 21 de junho, Williams foi detido e acusado dos assassinatos de Nathaniel Carter e Jimmy Payne. Uma vez que não houve testemunhas dos assassinatos, sem impressões digitais nos corpos e traços de fibras; não havia sido desenvolvida, a prova de traço de fibras, a qual tornou- se tremendamente importante durante este caso. Pelos de cachorro que combinam as fibras do cão do suspeito, e das fibras do tapete da residência de Wayne Williams, que combinavam com 20 as fibras do estofamento de seu carro e local de trabalho, foram encontradas em variedade nos cadáveres das vítimas. O FBI se esforçou para analisar as fibras do local de trabalho de Williams. Os investigadores determinaram que o tipo de fibra de carpete encontrado nas vítimas, era do mesmo tipo daquelas fibras dos carpetes do local de trabalho de Williams, sendo também encontrados resquícios idênticos em sua residência. Williams foi posteriormente condenado dos assassinatos e está atualmente cumprindo pena de prisão perpétua na Geórgia (RUCH, 2021). Conforme mencionado anteriormente, os estudos de fibra alvo mostram que quase todas as fibras ocorrem com pouca frequência dentro do ambiente. A maior exceção seria o algodão tingido com índigo. Esse implica que, se fibras bem conhecidas e desconhecidas confirmarem a medição de todos os aspectos físicos e químicos semelhantes, o grau de associação provavelmente será alto. Além do mais que, fibras (e, adicionalmente, os cabelos) compartilham o atributo comum de serem facilmente transferidas de um material para outro ou de um material para uma superfície diferente, como um assento de cadeira. Uma vez transferidas, as fibras podem persistir no objeto receptor ou simplesmente serem transferidas mais uma vez. Analisando a jornada de fibras de um lugar para outro facilitará a confirmação se o usuário do fornecimento das fibras estava ou não na cena do crime. Existem vários estudos recentes em relação às transferências primárias e consequentes de cabelos e fibras, da mesma forma porque há uma facilidade de transferência e persistência de fibras (PORTAL EDUCAÇÃO, 2021). 2.3.1. Fibras de tintas A prova de pintura vem em 2 tipos: lascas e manchas. Lascas de tinta contêm a maior parte ou todas as camadas da pintura (tinta de fundo e tinta de acabamento, ou ainda, verniz). Durante uma batida, fragmentos de tinta podem cairdo automóvel e ser transferidos para um indivíduo, no caso de atropelamento, ou outro objeto e até mesmo outro automóvel. É preciso ter uma ampla variedade de amostras das principais tintas automotivas utilizadas por todas as montadoras de automóveis, de modo a poder se comparar com uma amostra testemunha, que é aquela coletada em local de crime. Quanto maior o banco de dados, mais probabilidade de sucesso terá o químico forense em identificar um veículo envolvido em acidente ou crime contra a vida (LARA, 2016). Numa colisão, atropelamento ou abalroamento, a tinta original do veículo ainda não identificado, deixará fibras de sua própria tinta misturadas à tinta do veículo vítima, ou se misturará às fibras das vestimentas da vítima de atropelamento, ou até mesmo na superfície da 21 pele humana. Nesse sentido, a importância de o químico forense conseguir isolar fibras de tinta encontradas no local de crime, com a finalidade de compará-las com seu banco de dados e, assim, poder apontar para o tipo de veículo ainda não identificado, quanto à sua cor, modelo, ano, etc. Tais levantamentos serão confrontados com outras provas testemunhais levantadas pela equipe de investigadores (LARA, 2016). 2.4. Drogas ilícitas Tanto na análise de drogas apreendidas quanto na toxicologia, que é a análise de presença de drogas no organismo humano, há dois objetivos principais: identificar as substâncias que estão presentes e que são de interesse forense; e em segundo lugar: se aplicável, quantificar a quantidade presente, pois a classificação é importante para identificar a substância entorpecente. Cientistas forenses são classificadores. Aqueles que trabalham com fluidos corporais classificam um material vermelho primeiro como um fluido biológico, depois como sangue, depois como humano e, finalmente, por tipo de DNA. Analistas de impressão digital começam seu trabalho classificando as principais características de uma impressão digital como um loop, um arco ou um verticilo. A partir daí, recursos finos são usados para localizar uma impressão digital em um grupo cada vez menor. Assim, a classificação é o processo de colocar uma exposição de evidências em categorias sucessivamente menores. Idealmente, a classificação resulta em uma categoria que contém apenas um membro (MOTA, 2021). As drogas podem ser classificadas como ácidos, básicos ou neutros, mas essa é apenas uma das muitas maneiras pelas quais as drogas são categorizadas. Uma droga é uma substância que, quando ingerida, é capaz de induzir uma mudança fisiológica. Existem muitos modos de ingestão, incluindo engolir, injeção, inalação e absorção através da pele. Todas as drogas são tóxicas; é a dose que diferencia uma droga terapêutica de um veneno. Drogas são usadas para tratar ou prevenir doenças, para aliviar a dor, para promover o sono ou induzir outras respostas fisiológicas. Remédios são combinações de drogas e ingredientes inertes, mas o os termos “droga” e “medicamento” são freqüentemente usados alternadamente. A aspirina é um medicamento, mas se fizer parte de uma preparação usada para tratar um resfriado ou gripe, essa preparação é chamada de remédio. Drogas também pode ser de abuso, mas a definição do que constitui o abuso de drogas muda com o tempo e difere entre as sociedades. A cocaína era um ingrediente da Coca Cola, LSD (dietilamida do ácido lisérgico) (Figura 04) e um composto relacionadas à metanfetamina (Ecstasy ou MDMA) (Figura 05) foram usadas em psicoterapia, 22 e a metanfetamina foi usada por Soldados americanos da Segunda Guerra Mundial até a Guerra do Golfo em 1991 (MOTA, 2021). Maconha e preparações relacionadas foram usadas medicinalmente nos tempos antigos, e o ingrediente ativo na droga foi considerada útil no tratamento de glaucoma, anorexia e náuseas associadas à quimioterapia. O ingrediente ativo da maconha agora é preparado sinteticamente e comercializado como o medicamento Marinol. Embora estes sejam sociais e as considerações históricas podem não afetar como o forense químico realiza uma análise, eles ditam qual é o analito alvo (analito é uma substância ou componente químico, em uma amostra, que é alvo de análise em um ensaio. Tecnicamente, os experimentos sempre procuram para medir as propriedades de analitos, já que em si não podem ser medidos). A análise de materiais suspeitos de serem ou conter substâncias controladas, representam a maior parte de o trabalho na maioria dos laboratórios químicos forenses. O perito criminal químico, deve analisar a substância de modo a quantifica-la e classifica-la, de modo a que a Autoridade Policial que preside o inquérito policial, possa, ou não, indiciar alguém por tráfico ou posse de substância entorpecente, conforme a lei de drogas brasileira (LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006) (BRASIL, 2006). A maioria dos estilos comuns de prova de drogas vistos, são resumidos em: pós, matéria vegetal, pílulas e precursores. Os pós abrangem os pós coloridos de branco cristalino a marrom resinoso, e muitos, como opiáceos e drogas pesadas, são derivados direta ou indiretamente de plantas. Haxixe, um tipo específico de maconha, fica entre a planta e o pó. Matéria típica de planta são: maconha, cogumelos, suculentas e botões. A cocaína é obtida através do refino da folha de coca, portanto, nesse sentido, entra como pó e não como planta. Como prova biológica, a matéria vegetal deve ser mantida para prevenir a decomposição e degradação antes análise. Comprimidos, como medicamentos prescritos ou clandestinamente adquiridos, comprimidos sintetizados, são estilos comuns de prova física. Pílulas e comprimidos de drogas sintéticas ilícitas, como ecstasy, por exemplo, têm em seu formato algum tipo de marcação que os diferencia de medicamentos licitamente prescritos. Precursores são unidades compostos ou materiais utilizados na síntese secreta de medicação, como princípios ativos. Exemplos de precursores de drogas alucinógenas: 1-fenilciclohexilamina (PC), 1- piperidinociclohexanocarbonitrila (PCC) e fenil propanona (fenil-2-propanona, ou P2P). A pseudoefedrina, substância presente em medicamentos para tratamento de sintomas de gripe e resfriado, é utilizada em laboratórios clandestinos para a fabricação de metanfetamina. Tal fato ficou bastante conhecido na mídia, com o advento da série televisiva Breaking Bad (MOTA, 2021). 23 2.4.1. Análise Forense de Drogas A análise de drogas forenses trata da identificação e quantificação de drogas ilegais. Os testes forenses de drogas são geralmente realizados em duas etapas: triagem e confirmação. Uma vez que as drogas são detectadas por meio de triagem, por exemplo, kits de teste local (por exemplo, imunoensaios, teste Marquis, etc.), as amostras são coletadas e enviadas aos laboratórios para testes de confirmação. São exemplos de droga ilícitas: maconha (THC) (Figura 01), cocaína (Figura 02), opiáceos (heroína e morfina) (Figura 03), anfetaminas, fenciclidina (PCP) e seus metabólitos. A confirmação requer alta sensibilidade e seletividade em relação aos medicamentos, bem como aos seus metabólitos, e é freqüentemente realizada por cromatografia gasosa. A cromatografia gasosa (CG) é baseada na separação de amostras voláteis por sua afinidade única pela coluna. Os compostos da droga alvo na amostra são identificados por seus tempos de retenção quando as amostras são passadas por colunas cromatográficas. A CG acoplado à espectrometria de massa (MS) é uma técnica poderosa porque estruturas de compostos desconhecidos podem ser identificados depois de serem separados por CC. Outros instrumentos analíticos, como HPLC, FTIR e UV / Vis são encontrados em laboratórios forenses como técnicas complementares. Apesar de sua utilidade comprovada, há uma demanda contínua para o aprimoramento e otimização das técnicas analíticas atuais para detectar e identificar substânciasilegais existentes e emergentes com sensibilidade e seletividade aprimoradas (CORRÊA, 2016). Figura 01: Estrutura química da maconha. (Fonte: MUNDO EDUCACÃO, 2018). 24 Figura 02: Estrutura química da cocaína. (Fonte: MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). Figura 03: Estruturas químicas da morfina e heroína. (Fonte: MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). Figura 04: Estrutura química do LSD (dietilamida do ácido lisérgico). (Fonte: MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). 25 Figura 05: Estrutura química do MDMA e seus análogos estruturais. (Fonte: MUNDO EDUCAÇÃO, 2018). 2.5. O luminol Luminol e isoluminol (Figura 06) foram as primeiras moléculas quimioluminescentes a serem testadas em um imunoensaio. Trata-se de uma substância química criada em 1928 por H. O. Albrecht, durante seu trabalho de doutoramento. Posteriormente, Fritz Feigl e seus colaboradores reconheceram o potencial desse reagente, na área da técnica de análise de toque, para a identificação de diminutas quantidades de peróxidos e íons ferricianeto. Luminol é frequentemente usado como método de busca ou aprimoramento na cena do crime. O teste é baseado na capacidade da molécula de luminol de ser oxidada pela reação do perborato de sódio com um agente oxidante como a hemoglobina (ou outros oxidantes fortes como ferro, alvejante, agentes de limpeza e alguns alimentos). Existem outros reagentes de intensificação comercialmente disponíveis que também podem ser usados para fins de comparação, como Starlite Bloodhound ou Blue Star (SILVA, 2012). 26 Figura 06: Exemplo de aplicação do Luminol em local de crime. (Fonte: IPOG, 2021). 2.6. Problemas e considerações especiais Atributos que tornam a química forense um desafio e às vezes frustrantes, são ilustrados por alguns dos especiais problemas enfrentados no laboratório. Considere o problema de diversidade da amostra. Isso é tão importante quanto qualquer outro para fazer química forense fascinante para o leigo e o praticante, mas ao mesmo tempo produz muitos problemas. Qualquer coisa no ambiente é potencialmente uma amostra forense e pode ser objeto de um exame. Amostras, frequentemente sem história, são levadas ao laboratório possivelmente após terem sido manuseados por uma ou mais pessoas. As amostras podem ser alteradas inadvertidamente ou intencionalmente. Amostras podem estar contaminadas. O meio ambiente, pode interferir com a amostra durante o processamento de provas físicas (FARIAS, 2008). Raramente se tem qualquer controle sobre o tamanho da amostra. Por exemplo, em um resíduo de pólvora na vítima, as roupas contêm uma quantidade limitada de material. O perito deverá fazer testes químicos para nitrato de celulose e sódio e nitrato ou nitrito de potássio. Testes químicos para tais componentes são relativamente simples. Alguém pode querer examinar o padrão de depósito de partículas em torno do orifício da ferida. Este é um exame físico típico. Então, pode ser necessário formar uma opinião sobre a distância da qual a arma foi disparada. Tudo isso deve ser feito com uma pequena quantidade de amostra. Este exemplo mostra a abordagem multidisciplinar exigida por pequenas amostras (IDEM). Se o perito examina vários fragmentos de metal, pode deduzir conclusões sobre alguns fragmentos perdidos? Para concluir que todas as partículas ausentes são idênticas, torna-se 27 bastante difícil, já que, muitas vezes, não se tem nenhuma informação além da partícula material que foi encontrada na cena do crime, e a questão é, “É relevante para a especificação dos eventos que ocorreram em algum momento, antes, durante ou depois do evento? " Esta é provavelmente a área mais desafiadora para o químico forense (FARIAS, 2008). Existem algumas questões importantes em que o químico deve estar sempre atento. Uma é a natureza do exame. Um resultado deve ser avaliado e interpretado à luz de todos informações disponíveis para o investigador e o perito químico forense. Esta avaliação e interpretação é o cerne de todo o processo e exige que o químico seja imaginativo, criativo e disposto a perseguir o problema até a sua conclusão, trabalhando à exaustão. Surgem situações em que os resultados analíticos são muito semelhantes, mas as conclusões variam. Por exemplo, as amostras de tinta podem exibir quase o mesmo espectro infravermelho, mas têm diferentes cores. Aqueles que contam apenas com semelhanças, conforme demonstrado pelos dados instrumentais, podem ter dificuldades neste sentido. Pode haver diferenças sutis também. Às vezes aquelas pequenas diferenças podem parecer não ser significativas. A questão é: “Elas são relevantes para a situação? ” Um perito-químico forense, deve ser cuidadoso para explicar as características aparentemente incomuns de um evento criminoso. A singularidade significa literalmente "único de um tipo". É fácil dizer que algo é único, mas extremamente difícil de provar. Se alguém não tiver recursos para justificar tal afirmação, a reivindicação não deve ser feita, pois a prova pericial torna-se fraca e facilmente contestável pela defesa. Assim, pode ser necessário abordar o problema de demonstrar a singularidade de uma perspectiva diferente (GAVILÁN, 2020). Depois de fazer todo o seu trabalho, deve-se relatar os resultados. É preciso trabalhar dentro das regras da lei para garantir que os resultados são aceitáveis para o tribunal. Por exemplo, se laudo pericial atesta que a maconha estava presente em uma amostra, não é o suficiente para dizer: “O material verde é‘ grama ’ou‘ maconha ’. ” Tal declaração não atende aos requisitos legais. Enquanto alguns magistrados sejam são mais rígidos do que outros a este respeito, um bom laudo pericial deve mencionar os constituintes químicos ou talvez o nome oficial da planta que foi examinada. Pode haver outro problema com o texto de uma determinada resposta ou de um relatório escrito. Às vezes o ponto científico está correto, mas do ponto de vista jurídico, pode não ser próprio e admissível, mas também é perigoso (nos sentido jurídico) para a pessoa para quem o relatório foi escrito, porque é vulnerável a ataques legais da defesa (IDEM). 2.7. Qualificações para a profissão 28 O candidato deve ter uma formação científica sólida e de alta qualidade e uma formação que exiba a abordagem multidisciplinar observada anteriormente. Deve haver conhecimento substancial em química; impreterivelmente um diploma de químico em nível de graduação. O candidato deve ter a capacidade de pensar de forma criativa. Muitas vezes conta-se com instrumentos, sem avaliar suas limitações técnicas. O computador humano, o cérebro, continua sendo a ferramenta mais valiosa para as ciências forenses. Os empregadores procuram pessoas que continuamente pesquise métodos novos e diferentes, aplicações diferentes ou perspectivas diferentes. As ciências forenses exigem pessoas que procuram oportunidades de aplicar técnicas conhecidas de novas maneiras, para quaisquer instâncias jurídicas. O candidato deve exibir bom senso. Existe uma tentação de produzem grandes quantidades de dados, pressupondo-se que quanto mais dados se produz, melhor é o resultado. Mas é a qualidade dos dados que define a qualidade do o resultado. É a qualidade dos dados que produz confiança na resposta ou conclusão (SOSA, 2019). Finalmente, deve-se sugerir que o químico forense deve ser capaz de trabalhar de forma independente. O químico frequentemente trabalha com outras pessoas, muitas vezes no mesmo caso, e é verdade que os químicos iniciantes costumam trabalhar com um supervisor sênior do laboratório. No entanto, a pessoa que é suficientemente madura, motivada, perspicaz e eficiente para trabalhar sozinha, tem um talento que será reconhecido. 29 3. METODOLOGIA O presente trabalho de conclusão de curso, basicamente um artigode revisão de literatura, buscou explanar sobre o tema através de artigos científicos publicados em sítios eletrônicos, bem como em livros eletrônicos baixados da internet, dentre os quais destacam-se “Introdução à Química Forense”, “Manual de Toxicologia Clínica” e “Perícia forense: química forense”. Na internet, os descritores de busca foram: ciência; química; forense; investigação. 30 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ciência forense refere-se à aplicação de métodos científicos métodos, procedimentos e técnicas "direcionados ao reconhecimento, identificação, individualização e avaliação de evidências físicas pela aplicação das ciências naturais para a ciência que importa ao direito ”. Nesse sentido há diversos subcampos, como física, química, geologia, biologia, medicina, psicologia e assim por diante. No entanto, uma ampla posição também foi adotada na medida em que, independentemente da área de subespecialização, a ciência forense envolve a aplicação de princípios e métodos científicos na avaliação de evidências. Uma vez que envolve a análise científica de evidências, a ciência forense desempenha um papel vital no sistema de justiça de várias nações do mundo. A lei reconhece a importância das evidências forenses no processo casos criminais. Quando métodos científicos são usados com rigor, sem preconceito, eles podem fornecer evidências convincentes, descobrindo e provando o crime cometido e apontando o seu autor. Em casos de grande destaque, a mídia noticiosa destaca a importância das evidências da ciência forense, mas também se concentra em erros na localização, identificação, segurança, manuseio e apresentação de evidências forenses. A química forense é a aplicação da química e de seu subcampo, a toxicologia forense, em um ambiente jurídico. Um químico forense pode ajudar na identificação de materiais desconhecidos encontrados na cena do crime. Os especialistas neste campo possuem uma ampla gama de métodos e instrumentos para ajudar a identificar substâncias desconhecidas. Isso inclui cromatografia líquida de alto desempenho, cromatografia gasosa-espectrometria de massa, espectroscopia de absorção atômica, espectroscopia de infravermelho com transformação de Fourier e cromatografia de camada fina. A variedade de métodos diferentes é importante devido à natureza destrutiva de alguns instrumentos e ao número de possíveis substâncias desconhecidas que podem ser encontradas em uma cena. Os químicos forenses preferem usar métodos não destrutivos num primeiro momento, para preservar as evidências e determinar quais métodos destrutivos produzirão os melhores resultados. No Brasil, a química forense está diretamente subordinada aos inúmeros Institutos de Criminalística espalhados por todos os entes da Federação, tanto estaduais, quanto federais. Estão inseridos nos chamados Departamentos de Polícia Técnico-Científica. Mais recentemente, algumas universidades tiveram seus cursos regulares de química forense homologados pelo Ministério da Educação. O aprimoramento do profissional técnico-científico químico, juntamente com os demais experts das ciências forenses, é, sobremaneira, o melhor caminho para se chegar à efetivação da justiça criminal no país. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO DOS PAPILOSCOPISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. História da Papiloscopia. 2021. Disponível em: https://appesp.com.br/historia/ Acesso em: 01 de setembro de 2021. BARROS, Franciéllen de; KUHNEN, Barbara; SERRA, Mônica da Costa; FERNANDES, Clemente Maia da Silva. Ciências forenses: princípios éticos e vieses. Atualização • Rev. 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