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Engenharia Elétrica ETAPA VI Edição Uniube Uberaba 2010 Anderson dos Santos Morais Fernando de Melo Lopes Kety Rosa de Barros Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo Thiago Bruno Caparelli UNIVERSIDADE DE UBERABA Volume 1 © 2010 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor: Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Educação a Distância: Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: • Comissão Central de Produção • Subcomissão de Produção Editoração Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Universidade de Uberaba U3e Engenharia Elétrica / Universidade de Uberaba; organização [de] Adriana Rodrigues, Raul Sérgio Reis Rezende. -- Uberaba: Universidade de Uberaba, 2010 XX p. – (Série Tecnologias; etapa VI, v.1) Produção e supervisão: Programa Educação a Distância – Universidade de Uberaba ISBN 1. Engenharia Elétrica 2. Educação a distância 3. Semicondutores 4. Circuitos. 5. Fenômeno dos transportes I. Rodrigues, Adriana; Rezende, Raul Sérgio Reis. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. IV. Série. CDD= 621.3 Anderson dos Santos Morais Mestre em Engenharia Química. Graduado em Engenharia de Alimentos. Professor de Fenômenos de Transporte e Física 1 dos cursos de Engenharias da UNIUBE. Experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em Processos de Separação e Cristalização, atuando, principalmente, nos seguintes temas: qualidade, processos químicos, ácido cítrico, cana e resíduo. Fernando de Melo Lopes Graduado pela UNIUBE em Engenharia Elétrica com especialidade em telecomunicações, professor da UNIUBE, engenheiro eletricista do Shopping Uberaba responsável pela área de manutenção, ar condicionado e obras, cursos de eletrônica. Kety Rosa de Barros Mestre (2006) em Engenharia Biomédica pela Universidade Federal de Uberlândia, com experiência em desenvolvimento de hardware e software para aquisição e processamentos de sinais biomédicos. Graduada em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professora na Universidade de Uberaba atuando nas áreas de eletricidade, eletrônica, telecomunicações e inteligência artifi cial. Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo Doutor em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (2008). Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Graduado em Engenharia Civil pela Universidade de Uberaba (2000). É professor da Universidade de Uberaba UNIUBE e das Faculdades Associadas de Uberaba FAZU. Thiago Bruno Caparelli Mestre (2007) em Engenharia Biomédica pela Universidade Federal de Uberlândia, com experiência em desenvolvimento de sistemas de telemetria para aquisição e processamento de sinais biológicos. Graduado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor na Universidade de Uberaba nas áreas de eletrônica, microprocessadores, redes de comunicação e automação industrial. Sobre os autores 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a) Você está recebendo este livro, da UNIUBE – Universidade de Uberaba, ofertado na modalidade a distância. Nos capítulos que compõem este livro, veremos os conteúdos de semicondutores, materiais magnéticos e ópticos, entendendo como é a estrutura física de cada um destes materiais, assim como suas principais características e suas aplicações. Em seguida, aprenderemos como são construídos os transistores de efeito de campo, conhecidos mais comumente como, FET’s, e suas formas de utilização. Aprenderemos também sobre os circuitos de segunda ordem, um pouco mais complexos que os de primeira ordem, já vistos anteriormente, e que são de fundamental importância para nos dar uma base técnica e matemática para disciplinas futuras. Os capítulos seguintes, estática e dinâmica dos fl uidos e sistemas elevatórios, contemplarão a parte de fenômenos de transporte de fl uidos, nos quais poderemos ver os fatores que infl uenciam no escoamento e no comportamento de um fl uido, e o que é necessário fazer para movê-lo através da gravidade. Por último, veremos os processos conhecidos como transferência de calor e massa, nos quais poderemos aprender como o calor e a massa são transferidos de um corpo para o outro e o que é necessário para que isso ocorra. O conjunto dessas teorias fornecerá uma estrutura concreta de conhecimento que será aplicada em sua vida acadêmica e profi ssional. A seguir, vamos enumerar os capítulos que compõem este material. 1 – Semicondutores, materiais magnéticos e ópticos 2 – Transistores de Efeito de Campo (FET) 3 – Circuitos de Segunda Ordem 4 – Estática e Dinâmica dos Fluidos 5 – Sistemas Elevatórios 6 – Transferência de Calor e Massa Contamos com o seu esforço e dedicação, para que a interação entre você, aluno, professores, preceptores e gestores do curso seja de forma síncrona em relação ao conteúdo ministrado e ao aprendido. Será um prazer poder ajudá-lo(a). Pode contar conosco! Sucesso aos seus estudos! Luiz Pessoa Vicente Neto Gestor do curso de Engenharia Elétrica, modalidades presencial e a distância. UNIUBE – Universidade de Uberaba 7 Sumário Capítulo 1 Semicondutores, materiais magnéticos e ópticos 09 Capítulo 2 Circuitos de segunda ordem 55 Capítulo 3 Transistores de efeito de campo (FETs) 135 Capítulo 4 Estática e dinâmica dos fl uidos 175 Capítulo 5 Sistemas elevatórios 231 Capítulo 6 Transferência de calor e massa 255 Referencial de Respostas 281 9 SEMICONDUTORES, MATERIAIS MAGNÉTICOS E ÓPTICOS Organizamos esse capítulo em três partes, considerando três eixos que são: Materiais semicondutores, Magnéticos e Ópticos. Em relação aos materiais semicondutores vocês estudarão desde a estrutura atômica do material semicondutor, o silício (Si) e o Germânio (Ge) importantes semicondutores usados na fabricação de dispositivos eletrônicos, como por exemplo: o diodo de junção, o transistor de junção bipolar, o transistor de efeito de campo e circuitos integrados em geral. Em relação aos materiais magnéticos, serão abordados os princípios físicos que geram a ação eletromagnética, e as principais utilizações deste fenômeno nos equipamentos elétricos. Em relação aos materiais ópticos, será estudado o princípio da transmissão da luz, e as vantagens que este tipo de condução traz para os sistemas de comunicação. 1 Kety Rosa de Barros Thiago Bruno Caparelli Introdução Objetivos Ao fi nal do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de: identifi car as características dos condutores e dos semicondutores a nível atômico; compreender a estrutura do cristal de Silício, principal semicondutor, usado na construção dos modernos dispositivos eletrônicos; descrever os cristais P, N e a junção PN; descrever o funcionamento do Diodo de junção: os modelos para análise e a reta de carga; reconhecer e analisar os circuitos retifi cadores a diodo; descrever a origem do comportamento magnético dos materiais, e explicar como os diferentes materiais reagem ao campo magnético; calcular o valor do fl uxo magnético em um determinado material; • • • • • • • 10 Esquema defi nir materiais adequados para uma determinada aplicação, a partir de seu comportamento magnético; aplicar os conceitos de magnetismo nos diversos instrumentos elétricos; explicaro conceito de onda eletromagnética, e suas características; defi nir o ângulo crítico de condução de feixes luminosos; reconhecer os diversos tipos de materiais ópticos; identifi car aplicações para os diversos tipos de materiais ópticos. • • • • • • I - Materiais semicondutores 1. Estrutura atômica e conceitos gerais 2. Semicondutores 2.1. Dopagem de um semicondutor 2.1.1. Semicondutor tipo N e tipo P 2.2. Junção PN - o diodo 2.3. Polarização do diodo 3. O diodo 3.1. Curva característica e análise por reta de carga 3.1.1. Reta de carga 4. Retifi cadores a diodo 4.1. Retifi cador em meia onda 4.2. Retifi cador em onda completa com derivação central 4.3. Retifi cador em onda completa – ponte de diodos II- Materiais magnéticos 1. Introdução 2. Comportamento magnético 3. Curvas de magnetização e histerese 4. Aplicações em engenharia 4.1 Bobinas 4.2 Relés 4.3 Contatores 4.4 Disjuntores II - Materiais ópticos 1. Histórico 2. Princípios básicos 2.1 A onda eletromagnética 2.2 Índice de refração 2.3 Polarização da onda eletromagnética 2.4 Ângulo crítico 3. Tipos de materiais ópticos 4. Aplicações de materiais ópticos em engenharia 11 4.1 Fototransmissores 4.2 Fotorreceptores 4.3 Acopladores ópticos 4.4 Fibras ópticas I- Materiais semicondutores 1 Estrutura atômica e conceitos gerais A análise dos modernos dispositivos eletrônicos se inicia a partir do estudo dos materiais dos quais esses elementos são formados. É de extrema importância que se conheça a origem da composição do material e sua estrutura fundamental, o átomo. Basicamente, o átomo é composto de um núcleo central contendo uma ou mais partículas carregadas positivamente denominadas prótons e esse núcleo é rodeado por partículas carregadas negativamente denominadas elétrons (Figura 1). Figura 1: Estrutura do átomo Fonte: http://www.grupoescolar. com/materia/o_que_e_um_atomo.html O átomo “completo” é eletricamente neutro, pois o número de prótons é igual ao número de elétrons e a carga positiva de cada próton é igual, em módulo, à carga negativa do elétron (tabela 1). Tabela 1: Mostra o valor relativo dos componentes atômicos Natureza Carga Relativa Massa Relativa Próton Positiva +1 1 Nêutron - 0 1 Elétron Negativa -1 1/1836 Fonte: Acervo dos autores. Os elétrons giram ao redor do núcleo em até 7 camadas, ou níveis de energia denominados K,L,M,N,O,P e Q. Tais camadas ou níveis de energia são formados de subcamadas (subníveis de energia) designadas pelas letras s, p, d, f (tabela 2). 12 Tabela 2: Mostra os níveis e subníveis atômicos e o número máximo de elétrons em cada camada. Nível K (n=1) L (n=2) M (n=3) N (n=4) O (n=5) P (n=6) Q (n=7) Subnível 1s 2s 2p 3s 3p 3d 4s 4p 4d 4f 5s 5p 5d 5f 6s 6p 6d 7s Ne (max) 2 6 18 32 32 18 2 Fonte: Acervo dos autores. A ordem crescente de energia dos subníveis é defi nida segundo o diagrama de Linus Pauling (fi gura 2) e pode ser a assim escrita: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d10, 4p6, 5s2,4d10, 5p6, 6s2, 4f14, 5d10, 6p6, 7s2, 5f14, 6d10. O sentido das fl echas indica a ordem crescente de energia. Figura 2: Diagrama de Linus Pauling Fonte: http://www.vestibulandoweb.com.br/ quimica/teoria/distribuicao-eletronica.asp Camada de valência: é a última camada da distribuição eletrônica e contem o subnível mais energético. Segundo a denominada “Teoria do Octeto”, a camada de valência necessita, na grande maioria dos átomos, de 8 elétrons para que o mesmo atinja a estabilidade. Quando esta não acontece os átomos realizam as chamadas ligações químicas se tornando estáveis. Embora os elétrons tenham a tendência de permanecer em suas camadas, devido à atração exercida pelo núcleo (carregado positivamente), alguns desses elétrons adquirem energia necessária para se desprender do núcleo e se tornam elétrons livres. 13 Mas o que esses fatos implicam na condutividade de um elemento? Bem, os elementos condutores possuem uma grande quantidade de elétrons livres enquanto que os isolantes possuem poucos. Logo, podemos defi nir: Material condutor: Possui, em geral 1 (um) elétron de valência que é levemente atraído pelo seu núcleo. Uma força externa pode facilmente arrancar tal elétron livre do átomo. A menor tensão aplicada pode fazer com que o elétron livre de um condutor circule de um átomo para outro o que equivale a dizer que esses materiais possuem alta condutividade. Exemplos: Cobre, Ouro, Prata. Material isolante: apresentam os elétrons de valência rigidamente ligados aos seus átomos, ou seja, possuem baixa condutividade. Exemplos: borracha, mica e tefl on. Material semicondutor: possui 4 (quatro) elétrons e um nível de condutividade entre os extremos de um isolante e um condutor. Exemplos: Silício e Germânio 2 Semicondutores A fi gura 3 nos mostra um diagrama do átomo de silício (Si), principal componente semicondutor utilizado na construção de dispositivos eletrônicos, como por exemplo, os diodos e os transistores, mostrando seu núcleo contendo 14 prótons, 14 nêutrons e a eletrosfera (camadas onde se localizam os elétrons). • • • Figura 3: Estrutura atômica do átomo de silício. Fonte: Adaptado de Bogart (2004, p.6). 14 Como podemos observar a seguir, a distribuição eletrônica para o Si, principal semicondutor usado na indústria de dispositivos eletrônicos acontece da seguinte forma: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2. Ou seja, como todo semicondutor o Si possui uma camada de valência com 4 elétrons. Por meio das chamadas ligações covalentes esses átomos se unem formando a chamada estrutura cristalina. Com o aumento da temperatura essas ligações recebem energia sufi ciente para se romperem, fazendo com que os elétrons dessas ligações rompidas passem a se movimentar livremente no interior do cristal, tornando-se elétrons livres (fi gura 4). Aos espaços vazios provocados por elétrons que abandonam as ligações covalentes rompidas denominam-se LACUNAS. Figura 4: Estrutura cristalina de Si formada por meio de ligações covalentes. Fonte: Adaptado de Malvino (1995, p.34) Notas: O número de lacunas sempre é igual ao número de elétrons livres. Quando o cristal de Si ou de Ge é submetido a uma diferença de potencial, os elétrons movem-se no sentido do maior potencial elétrico e as lacunas por conseqüência se movem no sentido contrário. Exemplo 1 O átomo de Germânio assim como o Silício é um semicondutor bastante usado na construção de dispositivos eletrônicos e o mesmo possui 32 prótons em seu núcleo. Determine o número de elétrons em cada órbita e em cada subcamada de energia. • • 15 Resolução: Existem 32 elétrons que devem ser distribuídos conforme o diagrama de Pauling (fi gura 2): Tabela3: distribuição dos elétrons para o átomo de Ge Camada K L M N Subcamada s s p s p d s p d f Quantidade de elétrons 2 2 6 2 6 10 2 2 0 0 Atenção! Observe a presença de 4 elétrons na camada de valência para o Ge. 2.1 Dopagem de um semicondutor A condutibilidade de um semicondutor pode ser aumentada pelo processo conhecido como Dopagem que nada mais é que a adição de elementos com excesso ou falta de elétron aos cristais tetravalentes. Para compreender melhor esse processo é necessário que você conheça algumas defi nições importantes: Materiais intrínsecos: Materiais refi nados para reduzir as impurezas a um nível muito baixo. Portadores intrínsecos: elétrons livres presentes no material devido à fatores naturais. Materiais extrínsecos: materiais que tem suas características alteradas signifi cativamente pela adição de impurezas. Impureza doadora: átomos pentavalentes que são adicionados ao cristal como, por exemplo, Fósforo e Antimônio (fi gura 5). Impureza aceitadora: átomos trivalentes que são adicionados ao cristal como, por exemplo, Boro, Alumínio e Gálio (fi gura 6). • • • • • Figura 5: Mostra o cristal de Si com impureza Doadora (átomo de fósforo) Fonte: Bertoli (2000, p. 6) 16 Figura 6: Mostra o cristal de Si com impureza Aceitadora (átomo de Boro) Fonte: Bertoli(2000, p. 6) Como então acontece a dopagem de um semicondutor? A dopagem de um dado semicondutor pode acontecer: i. ao adicionarmos aos cristais tetravalentes alguns elementos trivalentes, obteremos átomos com falta de elétrons (7 elétrons na camada de valência) formando o chamado cristal P. ii. ao adicionarmos elementos pentavalentes, teremos átomos com excesso de elétrons formando o chamado cristal N. Parada obrigatória Quanto maior a intensidade da dopagem, maior a condutibilidade dos cristais, pois teremos em sua estrutura uma quantidade maior de portadores livres. Quanto maior a temperatura do cristal, maior será sua condutibilidade, pois a energia térmica atua na quebra das ligações covalentes, o que faz surgir mais elétrons livres. • • 2.1.1 Semicondutor tipo N e tipo P Sabemos então que: “o semicondutor extrínseco pode ser dopado para ter excesso de elétrons livres ou de lacunas”, gerando o que denominamos 17 semicondutor tipo n ou semicondutor tipo p respectivamente. A tabela 4 nos mostra as principais características desses dois tipos de materiais: Tabela 4: Ilustra as características dos Cristais tipo P e tipo N Cristal Tipo N (Negativo): - Cristal é dopado com impureza doadora; - Elétrons livres excedem ao número de lacunas; - Portadores Majoritários: elétrons - Portadores Minoritários: lacunas Cristal Tipo P (positivo): - Cristal é dopado com impureza Aceitadora; - Lacunas excedem ao número de elétrons livres; - Portadores Majoritários: lacunas - Portadores Minoritários: elétrons Fonte: Boylestad (2004, p. 6) 2.2 Junção PN - o diodo A junção PN é formada por meio da união de um cristal P com um cristal N formando um dispositivo de estado sólido denominado diodo de junção (fi gura 7). (a) (b) Figura 7: (a) Junção PN ; (b) símbolo esquemático do diodo Fonte: Acervo dos autores Ao formar a junção PN existe uma repulsão dos elétrons livres do lado N, alguns desses elétrons atravessam a junção e se recombinam com as lacunas formando a camada de depleção (Figura 8). 18 Figura 8: Junção PN e a Camada de depleção Fonte: Acervo dos autores Notas: A camada de depleção age como uma barreira impedindo a difusão de elétrons livres. A intensidade da Camada de depleção aumenta com cada elétron que atravessa até atingir um equilíbrio. No equilíbrio a camada de depleção gera uma barreira de potencial igual a 0,7V para o Silício e 0,3V para o átomo de Germânio. • • • 2.3 Polarização do diodo Polarizar um diodo signifi ca aplicar uma diferença de potencial às suas extremidades. A aplicação de tensão nos terminais do diodo conduz a três possibilidades: a) Diodo não polarizado (VD = 0V) Na ausência de tensão de polarização aplicada, o fl uxo de carga em qualquer direção para um diodo semicondutor é zero conforme fi gura 9. Figura 9: Junção PN – Diodo não polarizado (VD=0V). Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p. 8). 19 b) Polarização direta (VD > 0V) No material Tipo N os elétrons são repelidos pelo terminal da bateria e empurrados para a junção, no material Tipo P as lacunas são repelidas e tendem a penetrar na junção o que gera uma diminuição da camada de depleção (Figura 10). Para haver fl uxo livre de elétrons a tensão na bateria tem de sobrepor o efeito da camada de depleção, ou seja, de 0,7V para o Si e 0,3V para o Ge. Figura 10: Polarização Direta da junção PN (VD > 0V) Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p. 9) c) Polarização reversa: (VD < 0V) Ao inverter a polaridade da bateria (fi gura 11), no material Tipo N os elétrons são atraídos para o terminal positivo, afastando-se da junção, o mesmo acontece para as lacunas. Há um aumento na camada de depleção impedindo o deslocamento de cargas de uma camada para outra. Neste caso existe apenas uma pequena corrente reversa denominada Is (corrente de fuga reversa). Figura 11: Polarização reversa da junção PN (VD < 0V) Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p.9) 20 3 O diodo De posse dos conceitos gerais dos materiais semicondutores e de como a junção PN responde aos diversos potenciais aplicados, podemos agora compreender e analisar o funcionamento do diodo de junção (fi gura 12). Figura 12: Fotos mostrando alguns tipos de diodos Fonte: Acervo dos autores 3.1. Curva característica e análise por reta de carga O gráfi co da fi gura 13 mostra a curva característica para o diodo, tal curva relaciona a tensão aplicada pela corrente circundante no mesmo. Figura 13: Curva característica do Diodo (Silício e Germânio) Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p.12) Observe que na curva característica, o diodo só conduz intensamente quando a tensão aplicada no mesmo é maior que sua barreira de potencial. À medida que a tensão aumenta, elétrons livres e lacunas começam a atravessar a junção; a tensão na qual a corrente aumenta rapidamente recebe o nome de “tensão de joelho” (VT). 21 Quando o diodo se encontra polarizado reversamente, circula por ele apenas a corrente de saturação reversa (Is), ao aumentar a tensão reversa aplicada será atingida a tensão de ruptura ou também chamado potencial de zenner, a partir do qual a corrente aumenta sensivelmente. Figura 14: Polarização direta e reversa dos diodos Fonte: Acervo dos autores Segundo Boylestad (2004, p.20) “Um circuito equivalente é uma combinação de elementos corretamente selecionados para melhor representar as características reais de um dispositivo, um sistema ou uma região específi ca de operação”. Para o complexo comportamento não linear do diodo visto na fi gura 13, pode-se em algumas aplicações usar uma das seguintes equivalências: Figura 15: Circuitos equivalentes de diodos Fonte: Adaptado de Boylestad(2004, p. 20) Vamos compreender essas equivalências! • Na curva descrita na fi gura 15 (a) temos o modelo ideal, onde o diodo trabalha como uma chave ideal que está fechada (diodo em condução) quando polarizada diretamente, aberta (ID=0A) quando polarizada reversamente. • Em 15(b) visualizamos o modelo mais usado onde o diodo conduz quando polarizado diretamente com VD>VT. 22 • E fi nalmente como o “Modelo linear por partes”, no qual se leva em consideração além da tensão de limiar (VT) a resistência de corpo do diodo. Exemplo 2: Para o circuito a seguir, determine a tensão e a corrente no diodo D e a tensão na carga RL, considerando: a) Vs = 8V, diodo ideal b) Vs = 0,5V, diodo ideal c) Repita os itens (a) e (b) considerando o diodo de Si Figura 16: Exemplo 2 Fonte: Acervo dos autores Resolução: a) Diodo polarizado diretamente. 3. 0 8 0 2,2.10 . 0 3,63 0 8 D D D D D RL Vs V RL I I I mA V V V Vs V − − = ⇒ − − = ⇒ = = = = b) 3. 0 0,5 0 2, 2.10 . 0 227,27 0 0,5 D D D D D RL Vs V RL I I I A V V V Vs V µ− − = ⇒ − − = ⇒ = = = = c) Para Vs = 8V 3. 0 8 0,7 2, 2.10 . 0 3,318 0,7 8 0,7 7,3 D D D D D RL D RL RL Vs V RL I I I mA V V V Vs V V V V − − = ⇒ − − = ⇒ = = = − ⇒ = − ⇒ = Para Vs = 0,5V Como Vs < 0,7V o diodo não conduz. I D = I RL =0A 23 Observe que considerando as aproximações: diodo ideal (VD = 0V) ou o modelo simplifi cado (VT=0,7V) os valores calculados são extremamente próximos. 3.1.1 Reta de carga A análise por reta de carga é uma forma de determinar o ponto de operação de um circuito não linear. O processo consiste em traçar uma reta determinada pela carga aplicada ao circuito sobre a curva característica do elemento não linear. A interseção dessas duas fornece o denominado ponto de operação, ou ponto Quiescente para o sistema (Figura 18). Mas como esboçar a reta de carga? Figura 17: Circuito série com diodo Fonte: Acervo dos Autores Aplicar a Lei de Kirchhoof para tensões ao circuito da fi gura 16, temos : V s - V D - R .ID = 0 V s = V D - R .ID Para determinar o extremo superior da reta de carga (VD=0V): 0 V s = V D - R .ID V s ID R VD V= = Para determinar o extremo inferior da reta de carga (ID = 0A): 0 V s = V D - R .ID V D V s ID A= = Figura 18: Pontode Operação do diodo e seus limites de tensão e corrente. Fonte: Acervo dos Autores 24 Exemplo 3: a) Usando a curva característica (fi gura 20) e o circuito dado na fi gura 19, determine o ponto quiescente: b) Repita o item anterior considerando o modelo aproximado do diodo Figura 19 : Exemplo 3 Fonte: “Acervo dos autores” Figura 20: Curva característica – Exemplo 3 Fonte: Acervo dos autores Resolução: a) 4 . 0 0 20 200 . 0 0 4 D D D D Vs Vs V RL I paraVD V ID ID mA R Vs V RL I paraID A VD Vs V − − = ⇒ = ⇒ = = ⇒ = − − = ⇒ = ⇒ = = Pela fi gura 18, temos: I DQ1 ~=15,9mA e V DQ1 ~= 0,85V b) Pela fi gura 18, temos: I DQ2 ~= 16,3mA e V DQ2 =0,7V 25 4 Retifi cadores a diodo O sinal da rede elétrica, que chega em nossas casas, apresenta-se sob a forma de Corrente Alternada Senoidal, com freqüência igual a 60Hz e amplitude de 220V ou 127V efi cazes. O sinal Alternado pode ser utilizado diretamente no acionamento de motores, no aquecimento (chuveiro elétrico) dentre outros. No entanto, existem aplicações que requerem corrente contínua, como por exemplo, o carregador da bateria de um celular e na alimentação de outros diversos circuitos eletrônicos. Para efetuar a conversão de um sinal AC (Alternating Current) para um DC(Direct Current) podemos utilizar os denominados circuitos retifi cadores a diodo. O processo de retifi cação de um sinal pode ser realizado de 3 formas: usando um circuito retifi cador em meia onda, em onda completa com tap central, ou em ponte de diodos. A seguir, faremos uma breve discussão sobre cada um desses circuitos retifi cadores. 4.1 Retifi cador em meia onda Veja na fi gura 21 um exemplo de retifi cador em meia Onda, onde a tensão aplicada é Vs=Vp.sen(120.π.t) Figura 21: Retifi cador em meia onda Fonte: Acervo dos autores O diodo conduz no semiciclo positivo e “corta” no negativo. O resultado pode ser visualizado nos gráfi cos da fi gura 21, a seguir: 26 Figura 21: Sinais disponíveis em um circuito retifi cador em meia onda Fonte: Acervo dos autores A tensão média na saída de um retifi cador em meia onda é de: Vo= 0,318(Vp-VT) Exemplo 4: Um retifi cador em meia onda possui uma tensão na entrada de 127Vrms e freqüência igual a 60Hz. Esboce o sinal na saída do retifi cador (RL=1kΩ). Figura 22: Exemplo 4 Fonte: Acervo dos autores Resolução: Cálculo da tensão de pico para o sinal na entrada (Vs): 2 127 179,6Vs Vp= × = No semiciclo positivo o diodo conduzirá quando Vs ≥ 0,7V (diodo de Si). E a tensão de saída será: 179,6 0,7 178,9Vo Vo V= − ⇒ = 27 Figura 23: Exemplo 4. Fonte: Acervo dos autores. 4.2 Retifi cador em onda completa com derivação central O circuito a seguir (fi gura 24a) mostra um circuito retifi cador com derivação central no transformador (T). Neste caso o diodo D1 conduz apenas no semiciclo positivo e o D2 no semiciclo negativo (Figura 24b). Ao medir a tensão na carga visualizamos os sinais em 24(c). Figura: 24(a): Retifi cador em onda completa com tap central Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p. 57) Figura 24(b): Funcionamento do retifi cador em onda completa (tap central). Fonte: Adaptado de Boylestad (2004, p 57) 28 Figura 24(c): a fi gura mostra o sinal aplicado na entrada do retifi cador, os sinais nos diodos D1 e D2 e o sinal na saída do circuito retifi cador (considerando diodo ideal). Fonte:Acervo dos autores. Pode-se observar que a freqüência do sinal de saída é o dobro da freqüência do sinal de entrada. A tensão média na saída do retifi cador é dada por: 0,636( ) 2 Vp Vdc VT= − 4.3 Retifi cador em onda completa – ponte de diodos Figura 25: Retifi cador em Ponte. Fonte: Acervo dos autores. A fi gura 25 mostra o retifi cador em onda completo em ponte, cujo funcionamento pode ser resumido da seguinte forma (fi gura 26): Durante o semiciclo positivo apenas D3 e D2 conduzem, gerando na carga um sinal de amplitude Vp-2VT Durante o semiciclo Negativo apenas D1 e D4 conduzem, gerando na carga um sinal de amplitude Vp-2VT • • 29 Figura 26: Comportamento dos diodos no retifi cador em ponte. Fonte: Adaptado de Bertolli (2000, p. 20). A fi gura 27, mostra o sinal na entrada do retifi cador, a saída considerando o diodo ideal e a saída considerando a aproximação do diodo (VT=0,3 Ge e VT=0,7 Si) Figura 27: Sinais de entrada e saída para o retifi cador em ponte. Fonte: Acervo dos autores. Importante! Assim como o retifi cador com tap central a frequência dobrou em relação ao sinal de entrada. Existe há cada semiciclo uma queda na tensão de saída de duas vezes a tensão de limiar dos diodos. O calculo da tensão média é determinado por: 0,636( 2 )Vdc Vp VT= − . • • • Exemplo 5: Dado um retifi cador em ponte cuja a tensão na entrada seja de 220Vrms e frequência 50Hz. Determine para uma carga de 2kΩ (Considere os diodos de silício): a) A tensão média na carga 30 b) A potência exigida para cada diodo c) Qual a máxima tensão reversa que está sendo aplicada aos diodos (PIV – Peak inverse voltage) Resolução: a) Tensão de pico na carga: 2.220 2.0,7 311,126 1,4 309,72 vo vo vo V = − = − = Tensão média: 0,636 309,72 169,98 Vdc Vdc V = × = a) A corrente que circula pela carga é a mesma que passa pelos diodos, logo: arg 309,72 154,86 2 .. 0,7 154,86 108,4 D D D D D D Vc a I I mA R k P V I m P mW = = ⇒ = = = × ⇒ = b) A máxima tensão reversa que circula pelo diodo é: ( ) 0,7 311,12 0,7 310,42 Vr Vin pico V Vr Vr V = − = − = 5 Introdução Na área da engenharia é importante que o profi ssional conheça a capacidade que certos materiais apresentam de adquirir momento magnético permanente (como, cobalto, níquel, ferro, e vários de seus compostos), pois as aplicações para este tipo de material são extensas, e fazem uso de praticamente todos os aspectos do comportamento magnético. Vejamos alguns aspectos históricos desses materiais. II- Materiais magnéticos 31 A Magnetita foi descoberta na China por volta de 2600 A.C, depois conhecida pelos antigos Gregos, com o nome de “Pedra guia” e no século III a.C. foi utilizada por adivinhadores chineses que operavam com duas placas, uma sobre a outra. A placa superior representava o céu (que apresentava a constelação da Ursa Maior, facilmente reconhecível no céu oriental, e, portanto representada na placa) e girava num pivô colocado sobre a placa inferior, que simbolizava a Terra. O adivinho lançava pedras de magnetita que simbolizavam os diversos aspectos da vida contra as placas, e descrevia o futuro a partir de suas posições. Com o tempo, as placas foram sendo substituídas, até fi car a colher que representava a Ursa Maior. Como elas sempre se orientavam na mesma direção, os advinhos as consideravam objetos realmente mágicos. Essa é, na verdade, a essência da bússola magnética, que se tornou um objeto familiar já no século I d. C. Magnetita Seu nome é devido à existência de forma abundante na região da Magnésia, na Ásia Menor – hoje Turquia. Figura 29: A “colher mágica” chinesa Fonte: www.scite.pro.br Existe uma grande variedade de diferentes tipos de materiais magnéticos e é importante sabermos, inicialmente, porque estes e somente estes materiais possuem propriedades magnéticas. Em seguida devemos compreender o que leva a comportamentos diferentes nestes materiais, por exemplo, porque um material carrega um momento permanente enquanto outros não. As pesquisas por materiais magnéticos com melhores características são motivadas pela possibilidade de redução nas dimensões dos equipamentos e diminuição de limitações no desempenho devido à saturação e perdas. 6 Comportamento magnético O magnetismo é resultado da estrutura eletrônica dos átomos. Lembre-se que no máximo dois elétrons podem ocupar cada um dos subníveis de energia de um átomo isolado, e que isso também é válido para os átomos de uma estrutura cristalina. 32 Estes elétrons possuem spins opostos entre si, e como cada um é equivalente a uma carga emmovimento (afi nal, estão girando em torno de si mesmos) eles atuam como um pequeno ímã, com os correspondentes pólos norte e sul. De uma maneira geral, em um elemento o número de elétrons que tem um certo spin é igual ao número de elétrons que tem o spin oposto e o efeito global é uma estrutura magneticamente insensível (fi gura 29a). Entretanto, em um elemento com subníveis internos não totalmente preenchidos, o número de elétrons com spin num sentido é diferente do número de elétrons com spin contrário (fi gura 29b). Desta forma esses elementos têm um momento magnético global não-nulo. Figura 29 – Magnetismo atômico Fonte: Adaptado de Vlack, (1970, p. 119) Como os átomos magnéticos adjacentes se alinham, de forma a terem suas orientações numa mesma direção, um cristal ou grão forma domínios magnéticos, que geralmente tem dimensões não superiores a 0.05 mm. Em um material magnético desmagnetizado (fi gura 30a) os domínios estão orientados aleatoriamente, e assim seus efeitos se cancelam. Porém, se os domínios são alinhados por um campo magnético, o material se torna magnético (fi gura 30b e 30c). O alinhamento de todos os domínios em uma direção origina um efeito aditivo, que pode ou não permanecer após a retirada do campo externo. Figura 30 – Alinhamento de domínios Fonte: Adaptado de Vlack, (1970, p. 120) 33 Para designar quando o alinhamento magnético é permanentemente retido ou não, são usados respectivamente os termos: Material magnético duro: São aqueles materiais que, ao se retirar o campo magnético externo, o alinhamento dos domínios permanece. Material magnético mole: São aqueles materiais que, ao se retirar o campo magnético externo, o alinhamento dos domínios desaparece. Estes termos vêm do fato que materiais mecanicamente duros tendem a ser magneticamente duros. As tensões residuais de um material endurecido evitam a redistribuição ao acaso dos domínios. Para poder representar a ação do efeito de campo, o cientista inglês M. Faraday criou o conceito de “linhas de campo”. Em seus experimentos foram defi nidas linhas cuja tangente indicam a direção do campo (no caso, campo magnético), e que sua densidade indica a intensidade do campo naquele ponto do espaço. No caso específi co do campo magnético, foi determinado que as linhas de campo “saem” do pólo Norte, e “entram” no pólo Sul. • • Figura 31 – Representação das linhas de campo magnético. Fonte: Acervo dos autores. A existência do campo e sua orientação (linhas de campo) podem ser facilmente verifi cadas por meio de um experimento simples: Espalha-se ferro em pó sobre uma folha de papel, e sob ela coloca-se um ímã permanente. Ao agitar levemente a folha, os grãos de ferro irão se orientar conforme o campo, e as linhas de campo fi carão visíveis. 7 Curvas de magnetização e histerese Se aplicarmos um campo externo a um material magnético, seus domínios irão alinhar-se rapidamente. Quanto mais se aumenta o campo, maior é o alinhamento dos domínios, e mais difícil fi ca obter novos alinhamentos. Quando não é mais possível alinhar os domínios, dizemos que houve saturação do material magnético. S 34 Se traçarmos uma curva representando a densidade de fl uxo resultante em função da intensidade de campo magnético aplicado, teremos uma curva denominada curva de magnetização (Fig. 32). Figura 32 – Curvas de magnetização de diversos materiais Fonte: www.mspc.eng.br/elemag/eletrm0260.shtml A partir da curva de magnetização é possível determinarmos diversos valores importantes, como a permissividade magnética do material, ou seja, a capacidade de concentrar linhas de campo. O valor de permissividade pode ser apresentado em forma absoluta (valor absoluto) ou relativa (valor relativo à permissividade do vácuo - µ 0 ). A partir da permissividade elétrica, é possível classifi car os materiais magnéticos em três grupos: 1. Paramagnéticos: materiais onde a permissividade (µ) é pouco maior que a do vácuo (µ 0 ). Nestes materiais, os dipolos elementares são permanentes e, na presença de um campo magnético, tendem a se alinhar com ele, mas o alinhamento perfeito é impedido pelo movimento térmico. Como os dipolos magnéticos tendem a se alinhar, a suscetibilidade magnética é positiva, mas de valor bastante baixo. 2. Diamagnéticos: materiais onde a permissividade (µ) é pouco menor que a do vácuo (µ 0 ). Nos materiais diamagnéticos, os dipolos elementares não são permanentes. Se um campo magnético é aplicado, os elétrons formam dipolos de acordo com a lei de Lenz, isto é, eles se opõem ao campo atuante. Assim, o material sofre uma repulsão, mas o efeito é muito fraco. Por sofrerem repulsão, a suscetibilidade magnética desses materiais 35 é negativa e apresenta valores bastante baixos. Na realidade, todas as substâncias apresentam algum diamagnetismo, mas o fenômeno é tão fraco que é mascarado pela ação dos dipolos permanentes naqueles que os têm (paramagnéticos e ferromagnéticos). 3. Ferromagnéticos: materiais onde a permissividade (µ) é muito maior que a do vácuo (µ 0 ). Nos materiais ferromagnéticos, os dipolos elementares são permanentes e se alinham na direção do campo magnético aplicado, resultando em forte magnetização. Entretanto, essa característica é dependente da temperatura. Acima de determinado valor, conhecido como temperatura de Curie, o material deixa de ser ferromagnético e se torna paramagnético. A explicação deste fenômeno envolve conceitos quânticos que não serão abordados neste curso. De maneira resumida, é possível dizer que a movimentação dos domínios causada pela agitação térmica impede que eles se orientem. Desta forma, eles acabam tendo alinhamentos distribuídos aleatoriamente, resultando em magnetização quase nula. Parada para refl exão Ao aplicar campo a um material ferromagnético, e posteriormente reduzir a intensidade de campo magnético aplicada até zero, o que poderíamos esperar? Provavelmente, você pode pensar que a densidade de fl uxo magnético também voltasse ao seu valor original (zero). Entretanto, isso não ocorre. Vejamos: Quando não mais houver campo magnético, ainda haverá um magnetismo residual na amostra de material. Quando o campo magnético externo é retirado, os momentos magnéticos dos domínios voltam a se desalinhar, porém parte deles mantém o novo alinhamento obtido durante a aplicação do campo externo. Na verdade, quando o campo externo foi aplicado, energia foi introduzida no material, e o mesmo sofreu uma nova reestruturação. Para mudar isto é necessário mais energia. Uma parte dessa energia provém do próprio material quando alguns de seus domínios voltam ao seu alinhamento original. Porém, para voltar à situação de magnetismo resultante zero, um campo magnético reverso deve ser aplicado sobre o material. Se a intensidade de campo magnético H for variada de zero até um valor positivo, desse valor positivo até um valor negativo, passando por zero, e do valor negativo até zero, obteremos uma curva característica denominada ciclo de histerese. Observe, a seguir, a representação dessa curva (fi gura 33). 36 Figura 33 – Ciclo de Histerese de um material Ferromagnético Fonte: Adaptado de www.mspc.eng. br/elemag/eletrm0260.shtml 1 – Saturação: Ponto onde todos os domínios estão alinhados. A partir deste ponto, um aumento no campo aplicado (H) não causará aumento de fl uxo magnético (B) 2 – Magnetização residual: Ao reduzir o campo a zero, a intensidade de fl uxo no material não é nula, indicando uma magnetização permanente (o material está magnetizado, funcionando como um ímã permanente). 3 – Campo coercitivo: Para anular a magnetização residual, é necessário aplicar um campo reverso ao material. A este campo dá-se o nome de Campo Coercitivo. A partir deste ponto, o ciclo se repete, porém em sentido contrário. Temos então os pontos 4, 5 e 6, que são respectivamente o ponto de Saturação Negativa, Magnetização residual Negativa e Campo Coercitivo Negativo. A curva de histerese émuito importante para a análise de materiais, pois sua área indica a quantidade de energia necessária para realizar o ciclo completo, ou seja, é proporcional à energia dissipada na forma de calor. As proporções da curva de histerese dependem da composição do material magnético e têm infl uência na aplicação. Uma curva estreita (fi gura 34a) é adequada para núcleos de transformadores, por exemplo, onde se requer a menor perda possível de energia devido à histerese do material. Uma curva mais larga (fi gura 34b) é apropriada para ímãs permanentes, devido à elevada magnetização residual e ao também elevado campo coercitivo, signifi cando que ele não pode ser facilmente desmagnetizado. 37 Figura 34 – Curvas de histerese Fonte: www.mspc.eng.br/elemag/eletrm0260.shtml Exemplos de materiais magnéticos Os principais elementos magnéticos são o ferro, o níquel e o cobalto. Um aspecto importante que devemos atentar é que, na maioria das vezes, estes materiais não são utilizados em estado puro, mas sob a forma de ligas. Temos vários tipos de ligas com propriedades muito diferentes, e que determinam o seu emprego na indústria. Destacamos que essas propriedades não dependem apenas da constituição das ligas, mas também do tratamento térmico a que são submetidas. De modo geral as ligas ferromagnéticas podem ser classifi cadas em: ligas de ferro-silício (baixas perdas, alta permeabilidade); ligas para ímãs permanentes (força coerciva elevada); ligas para aplicações especiais. • • • Figura 35 – Curvas de Magnetização para ligas ferromagnéticas. Fonte : Resende (1977, p. 151). 38 Na fi gura 35 são apresentadas curvas típicas de magnetização dos elementos ferromagnéticos e de algumas de suas ligas. É possível observar que a liga 50% Co - 50% Fe apresenta permeabilidade magnética mais elevada que qualquer dos dois metais puros que a constituem (houve melhora no seu comportamento).O metal monel (aproximadamente 67% Ni, 28% Cu, 5% de outros metais inclusive Fe, Mn, Si) permite obter uma densidade de fl uxo B praticamente constante para valores de campo superiores a 20 oersteds, assim como a liga 50% Ni - 50% Fe. De todos os elementos ferromagnéticos, o mais importante e mais utilizado é o ferro. Ele está presente em todos os circuitos magnéticos das máquinas elétricas (sob a forma de ligas de ferro-silício) e de todas as peças estrutu rais (aço fundido ou laminado, ferro fundido). O níquel e o cobalto têm seu maior emprego como constituintes auxiliares de ligas à base de ferro. Vários elementos não ferromagnéticos são utilizados para melhorar as quali dades das ligas de ferro (alumínio, arsênico, cério, cromo, molibdênio, silício, tório, titânio, tungstênio). O ferro é sujeito ao envelhecimento, do qual são praticamente isentas as ligas que contém 1,5% de silício ou mais. 8 Aplicações em engenharia 8.1 Bobinas Bobinas constituem o principal elemento de diversos tipos de circuitos, devido à sua capacidade de conversão de corrente em campo magnético, e vice versa. Quando percorrido por uma corrente, um campo magnético é gerado ao redor do mesmo. A bobina é composta por enrolamentos de fi os, de forma que o campo de cada espira se some ao anterior, aumentando sua concentração. Com este campo intenso, a bobina pode funcionar como um eletroímã. Figura 36 – Campo magnético em uma bobina Fonte: www.ndt-ed.org/EducationResources Como descoberto por Faraday, o efeito contrário também é possível; a variação do campo magnético ao redor das espiras é capaz de gerar corrente elétrica no interior do fi o. Este princípio de conversão é a base de funcionamento de motores e geradores. 39 É possível exemplifi car na prática este comportamento, por meio de dois simples experimentos: 1) Conectar uma bobina a um circuito gerador de corrente (fonte de corrente), e espalhar limalha de ferro ao seu redor. Assim que a corrente for ligada, o campo magnético deverá orientar a limalha de ferro, demonstrando as linhas de campo ao redor da bobina. Figura 37 – Experimento 1 Fonte: Acervo dos autores 2) Conectar a bobina a um miliamperímetro. Depois de conectados, movimentar um ímã permanente no interior da bobina. O ponteiro do miliamperímetro deve se movimentar, indicando a presença de corrente elétrica gerada pela bobina. Figura 38 – Experimento 2. Fonte: Acervo dos autores. 8.2 Relés Um relé é um interruptor acionado eletricamente, utilizando um eletroímã para controlar quando a corrente elétrica deve ou não fl uir de um elemento até outro. Eles têm sido usados há mais de 100 anos, e são um dos componentes mais comuns em dispositivos eletrônicos. Apesar de pequenos e simples, possuem uma grande aplicação na engenharia, pois são capazes de controlar uma grande 40 quantidade de potência (altas tensões e/ou altas correntes) a partir de circuitos que utilizam dispositivos sensíveis, de baixa potência. Atenção! Em sistemas onde é necessário o acionamento de potências muito altas, relés são geralmente ligados em cascata: um pequeno relé fornece energia para acionar um relé muito maior, e este então fornece energia para a carga. Relés são geralmente constituídos de quatro partes: Eletroímã, Armadura, mola, e um conjunto de contatos elétricos (Normalmente Fechados – NF – e normalmente abertos – NA). Figura 39 – Interior de um Relé Fonte: Adaptado de www.subaruforester. org/vbulletin/f85/relay-tutorial-49528/ O funcionamento do relé é baseado no princípio da atração eletromagnética. Com o circuito desenergizado (Figura 40), a mola mantém a armadura em uma posição determinada. Figura 40 – Relé Desenergizado Fonte: Adaptado de www.explainthatstuff.com/howrelayswork.html 41 Quando o circuito de acionamento é energizado (Fig. 41), a corrente que circula pela bobina gera um campo magnético. Este, por sua vez, atrai a armadura metálica, causando um chaveamento dos contatos elétricos. Figura 41 – Relé energizado Fonte: Adaptado de www.explainthatstuff.com/howrelayswork.html A forma mais simples de entender o funcionamento do relé é testá-lo na prática. Esta é uma forma simples de visualizar a energização do relé, e como a armadura chaveia entre os contatos normalmente fechados e normalmente abertos. Conecte o pólo negativo de uma bateria em um dos contatos da bobina do relé, e conecte o positivo da bateria no contato oposto. Imediatamente deve-se ouvir o “click” da armadura mudando de posição entre os contatos normalmente aberto e normalmente fechado. Caso a capa plástica do relé seja transparente, será possível ver a armadura mudando de posição. Figura 42 – Energização do relé por bateria Fonte: Acervo dos autores Agora, usaremos um multímetro para demonstrar o relé chaveando e completando o circuito elétrico quando ativado. Selecione no multímetro a opção “teste de diodo”. Conecte o fi o comum (preto) no contato normalmente aberto do relé, e o outro fi o (vermelho) no contato comum. Energize o relé com a bateria, conforme exemplo anterior. O multímetro deverá emitir um “beep”, indicando que o circuito elétrico foi fechado, e que há condução de corrente. 42 Figura 43 – Teste do relé com um multímetro Fonte: Acervo dos autores 8.3 Contatores Um contator é uma chave eletromecânica, assim como um relé. Sua grande diferença é que o contator é construído de forma que possa chavear um sistema com potência muito superior ao circuito de controle. Eles geralmente possuem uma única posição de repouso (normalmente aberto) de forma que qualquer falha no circuito de controle cause a abertura de seus contatos, e consequente desenergização do circuito de potência. O sistema de ação consiste basicamente de um núcleo magnético excitado por uma bobina. Uma parte do núcleo magnético é móvel; este é atraído quando a bobina é percorrida por corrente, e repelida por molas quando a bobina é desenergizada. Contatos elétricos são distribuídos pela parte móvel do núcleo, formando um conjunto de contatos móveis. Na carcaça do contator existeum conjunto de contatos fi xos, constituindo o sistema de chaveamento. Figura 44 – Contator Fonte: www.cefetsp.br/edu/jaan/com_ele.html 43 O principal uso de contatores é no circuito de acionamento de motores, iluminação de grandes ambientes, sistemas de aquecimento, chaveamento de bancos de capacitores, e outras cargas elétricas de elevada potência. 8.4 Disjuntores O disjuntor é uma chave elétrica automática, desenvolvida para proteger uma instalação elétrica de danos causados por sobrecargas e curtos-circuitos. Sua função básica é determinar uma condição de falha e imediatamente abrir o circuito, interrompendo o fl uxo de corrente. Sua construção segue o seguinte modelo: Figura 45 – Construção de um disjuntor Fonte: Adaptado de www.electrical-res.com/EX/10-16-14/ Miniature-Circuit-Breaker-DZ47-type-inside-parts-.jpg 1) Atuador: Utilizado para ligar e desligar manualmente o disjuntor. A maioria dos atuadores é projetada de forma que o disjuntor desarme mesmo que o atuador seja segurado ou travado na posição ligada. 2) Mecanismo atuador: Une os contatos interiores do disjuntor, permitindo ou não a passagem de corrente elétrica. Pode ser comandado pelo atuador, pela bobina ou pela chave bimetálica. 3) Terminais: Ponto de contato entre o circuito interno do disjuntor e a instalação a ser protegida. 4) Chave bimetálica: É um dispositivo de proteção contra sobrecargas. Ela é projetada de forma que uma pequena sobrecarga (quantidade de corrente acima da projetada para o disjuntor) faça a lâmina esquentar. Por ser composta por 44 metais diferentes (conseqüentemente com dilatações diferentes) ela defl ete, acionando o mecanismo atuador e desligando o disjuntor. 5) Bobina: É um dispositivo de proteção contra curto-circuitos. Quando ocorre uma falha na instalação e um curto é criado, o valor da corrente circulante se eleva bruscamente. Esta variação gera um pulso magnético na bobina (que passa a funcionar como um eletroímã) atraindo o mecanismo atuador e desligando o disjuntor de forma muito rápida. 6) Câmara de extinção de arco: Quando um circuito com alta corrente é aberto bruscamente, a rigidez dielétrica do ar é rompida e um arco elétrico é formado; a função da câmara de extinção é impedir a formação do arco elétrico, evitando que os componentes do disjuntor sejam danifi cados. Para a interrupção de altas correntes (geradas principalmente por circuitos indutivos), são necessários mecanismos especiais para a interrupção do arco elétrico resultante na abertura dos pólos (para aplicações de grande potência, esta corrente de curto-circuito pode alcançar valores de 100 kA). Disjuntores de alta corrente geralmente são preenchidos com elementos isolantes (óleo, hexafl uoreto de enxofre – SF6, ou vácuo) para que possam eliminar o arco e resistir às tensões do sistema. II- Materiais ópticos 5 Histórico O uso de fenômenos ópticos para transmissão de informações data de épocas muito distantes, provavelmente iniciado na idade das cavernas. Sinais de fumaça, sobre os quais era possível obter algum controle, foram utilizados pelos primeiros homens para transmissão de mensagens a curtas distâncias. Por milhares de anos, homens têm utilizado técnicas ópticas para comunicações em visada direta (linha de vista), seguindo códigos pré-estabelecidos. Desde a implementação dos primeiros sistemas de comunicação simultânea, na primeira década do século XX, cientistas procuram formas de aumentar a capacidade de transmissão de informações, devido ao aumento incessante da demanda de uso destes meios de comunicação. O desempenho do sistema de comunicação geralmente é avaliado a partir de dois parâmetros principais: Fator de atenuação: Estabelece a taxa de decaimento do sinal no meio de comunicação, conseqüentemente defi nindo a distância máxima de transmissão sem a necessidade de repetidores ou sistemas regeneradores. Largura de Banda: Defi ne a máxima freqüência de modulação permitida (no caso de sistemas analógicos) ou a taxa máxima de transmissão (no caso de sistemas digitais), sem a necessidade de regeneração de forma dos pulsos. • • 45 As comunicações óticas despertaram interesse por ultrapassar os sistemas de comunicação tradicionais nos dois pontos. 6 Princípios básicos 6.1 A onda eletromagnética Sempre que houver um campo magnético variando no tempo, surgirá um campo elétrico induzido. Simetricamente, quando existir em uma região um campo elétrico variante no tempo, surgirá um campo magnético induzido, indicando que num sistema dinâmico, o campo magnético e elétrico são indissociáveis. Portanto, a partir do momento que uma destas grandezas sofre alteração, existe uma variação na outra por indução. O resultado é uma sucessão de campos elétrico e magnético que se induzem mutuamente, afastando-se da origem, constituindo a chamada onda eletromagnética. Em um meio livre, os campos elétrico e magnético são ortogonais, e a direção de deslocamento é normal ao plano formado por eles. Figura 46 – Onda Eletromagnética Fonte: Adaptado de ww.fgel.uerj.br/labgis/gis_atualizada/ sensoriamento/radiacao.html A partir do conceito de onda, é possível defi nir outras características importantes para o estudo dos fenômenos ópticos: Comprimento de onda (λ): É defi nido como a distância necessária para introduzir um ciclo completo de variação de fase (360o) em uma onda senoidal propagando-se no meio especifi cado Espectro eletromagnético: Intervalo de faixas de comprimento de onda, que defi ne o tipo de sinal. Compreende desde as ondas de rádio, passando pela radiação visível, até os raios gama. • • 46 Figura 47 – Espectro Eletromagnético Fonte: Adaptado de ww.fgel.uerj.br/labgis/gis_atualizada/sensoriamento/radiacao. html 6.2 Índice de refração A velocidade de propagação da onda eletromagnética varia conforme o meio onde ela se insere, sendo que a maior velocidade ocorre no vácuo. O valor que relaciona a velocidade de propagação do vácuo com a de outro meio qualquer, é defi nido como Índice de Refração (N): A maior parte dos materiais tem características magnéticas semelhantes à do vácuo, e assim a velocidade de propagação passa a depender das propriedades dielétricas do meio. Como o comprimento de onda está relacionado com a velocidade de propagação, a combinação de suas equações leva a outra proposição: Conclui-se, como era de se esperar, que o comprimento de onda varia proporcionalmente à mudança na velocidade de propagação. 6.3 Polarização da onda eletromagnética Sabe-se que o campo elétrico e o campo magnético variam no espaço e no 47 tempo, à medida que viajam pelo meio. Imaginando-se um plano normal à direção de propagação, sobre o qual são projetados os vetores instantâneos do campo elétrico. Unindo-se os pontos de projeção destes vetores, é formada uma fi gura geométrica, que defi ne o tipo de polarização da onda eletromagnética: Segmento de reta: Quando a resultante é uma reta, diz-se que a onda possui polarização linear. Circunferência: Quando a resultante é um círculo, tem-se a polarização circular. Elipse: Quando a resultante é uma elipse, tem-se a polarização elíptica. • • • Figura 48 – Tipos de Polarização Fonte: Adaptado de www.lucalm.hpg.ig.com.br/fi guras/fi bras_opticas/pg16.jpg 6.4 Ângulo crítico As equações de Maxwell mostram que um campo eletromagnético, ao incidir na fronteira entre dois meios, faz surgir duas ondas. Parte da energia é transmitida, formando a onda refratada, e parte da energia retorna ao primeiro meio, formando a onda refl etida. A lei de Snell mostra que o ângulo da direção transmitida, em relação à normal com a superfície de separação, é relacionado com o ângulo de incidência, da seguinte forma: F ig u ra 4 9 – R e fl e xã o e R e fr a çã o d a L u z F o n te : fi s ic a m o d e rn a .b lo g .u o l. co m .b r/ im a g e s/ fi b _ o p t_ 1 .jp g 48 Quando N 1 é maior que N 2 , o crescimento do ângulo de refração émaior que o do ângulo de incidência. Assim, é possível determinar um valor que resulta em ângulo de refração de 90o em relação a normal das superfícies. A onda magnética neste caso irá propagar paralelamente à superfície, e não haverá transferência de energia para o outro meio (a onda será totalmente refl etida, e não haverá refração). O ângulo de incidência que satisfaz esta condição é determinado ângulo crítico. 7 Tipos de materiais ópticos O comportamento óptico de um material está intimamente ligado com a sua estrutura eletrônica. Podemos classifi car os materiais em três tipos, de acordo com o nível de interação do material com a onda eletromagnética: Materiais opacos: esses materiais não permitem a passagem da luz, ou seja, possuem um alto índice de absorção da radiação eletromagnética. Em geral, materiais opacos são materiais com grande quantidade de elétrons livres, pois a sua movimentação aumenta a chance de colisão com os fótons. Quando isto acontece, os elétrons absorvem a energia luminosa, e se excitam. Ao perder excitação, liberam energia na forma de outro fóton (ou sejam, apresentam alto índice de refl exão). Não é necessário que exista a condução metálica, pois os fótons podem ser absorvidos, excitando um elétron até um nível de energia mais alto, embora continue ligado ao átomo a que pertence. Materiais transparentes: possuem interação com o campo eletromagnético sem absorção de energia. A luz é absorvida quando a energia do fóton é igual à energia de transição do estado fundamental da substância para um dos estados excitados. Para não haver absorção, o próximo nível de excitação eletrônica deve ser alto o sufi ciente para que a energia fornecida pelo fóton não permita que o elétron salte; esta é a principal característica de materiais dielétricos. Materiais translúcidos: permitem passagem difusa da energia luminosa. Os fótons, ao interagir com este tipo de material, sofrem diversas refl exões e refrações internas, de forma que um feixe coerente que incida no material emerge do outro lado como uma série de feixes com direções aleatórias. Em casos extremos, as refl exões e refrações internas são tão intensas que o material se torna opaco. 8 Aplicações de materiais ópticos em engenharia 8.1 Fototransmissores Fototransmissores são elementos geradores de pulsos luminosos, formando um dispositivo de conversão eletro-óptico. Dentre os diversos tipos de dispositivos existentes, dois se sobressaem: LED: Diodos Emissores de Luz (LED – Light Emitting Diode) • • • • 49 São dispositivos semicondutores, formados por junção PN. Sua operação é como a operação básica de um diodo comum. Uma pequena tensão é aplicada entre seus terminais, fazendo uma pequena corrente fl uir por meio da junção (elétrons são excitados, atravessam a barreira e caem nas lacunas). Como os elétrons passam de um estado de energia mais alto para um estado mais baixo, eles irradiam energia. Em diodos comuns, esta energia é irradiada na forma de calor. Devido à adição de elementos como gálio, arsênico e fósforo, o comprimento de onda da irradiação dos LEDs é alterada, fazendo com que liberem energia na forma de luz visível. A potência de luz de um LED é, aproximadamente, proporcional à injeção de corrente. Devido a algumas recombinações, nem todos os elétrons que saltam a barreira produzem fótons, ou seja, o LED não é 100% efi ciente. LASER São dispositivos amplifi cadores de luz, transformando excitação eletrônica em um feixe coerente de fótons (LASER – Light Amplifi cation by Stimulated Emission of Radiation). Partem do princípio de que a reemissão de fótons em um material luminescente é função estatística do tempo (diretamente proporcional ao número de elétrons excitados), e que a emissão pode ser estimulada de forma que ocorra mais cedo, caso o elétron excitado seja atingido por um fóton com mesma energia daquele que vai ser irradiado (estimulação de irradiação). Em resumo, uma lâmpada fornece fótons que estimulam os elétrons de uma barra fotoluminescente, facilitando a irradiação de mais fótons. Uma idéia mais clara pode ser fornecida pela fi gura 5. • Figura 50 – Esquema de LASER pulsante a Rubi Fonte: Adaptado de image.tutorvista.com/content/basic-ruby- pulsed-laser.gif 50 8.2 Fotorreceptores São elementos geradores de pulsos elétricos, formando um sistema de conversão opto-elétrico. São baseados no princípio da geração de pares elétron-lacuna por meio da absorção de fótons irradiados para dentro do material. Nestes detectores, um potencial aplicado sobre a região de absorção gera um fl uxo de corrente proporcional à irradiação recebida. Isto acontece, pois o choque com fótons excita os elétrons do material. Quando a energia absorvida excede o ‘gap’ entre a camada de valência e a banda de condução, o elétron salta e se torna livre, participando do processo de condução. Figura 51 – Detector Fotocondutor Fonte: Adaptado de www. g l o b a l s p e c . c o m / R e f A r t i c l e I m a g e s / 9FFA076C5D8F886C319E944239368CA0_14_ 01_Photonics_and_Lasers-2.jpg 8.3 Acopladores ópticos Estes dispositivos nada mais são do que com conjunto composto por fototransmissor e fotorreceptor, lacrados em um mesmo encapsulamento. Possui grande aplicação em engenharia, pois permite isolar eletricamente os sistemas, permitindo a passagem dos sinais sem contato elétrico. Saiba mais O acoplador óptico é o principal dispositivo usado nos sistemas de proteção dos controles de máquinas de grande potência evitando que falhas no sistema de potência sejam transmitidas para o circuito de controle, e que seus componentes delicados sejam afetados e equipamentos hospitalares evitando que um curto no equipamento seja propagado para o paciente, eletrocutando-o. 51 Figura 52 – Optoacoplador Fonte: Adaptado de school.mech.uwa.edu.au/~nscott/How_to_do_stuff/ micro_crash_course/optocoupler/opto_circuit.jpg 8.4 Fibras ópticas As fi bras são os principais elementos de transmissão dos sistemas de comunicação ópticos. É baseada em um sistema casca-núcleo com índices de refração diferentes, de forma que a transmissão da luz ocorra quase sem refração (daí advêm as baixíssimas perdas das fi bras óticas). Figura 53 – Fibra óptica Fonte: Adaptado dewww.electrical-res.com/EX/10- 19-00/silica-silica-clad-optical-fi ber-355071.jpg As fi bras ópticas podem ser classifi cadas de acordo com duas categorias: Indíce de refração ü Degrau: Há uma mudança brusca de valor entre o índice de refração do núcleo e o índice de refração da casca. O problema desta construção é que raios de luz tomam caminhos diferentes aumentando interferências. Observe a representação dessa característica na fi gura 54, a seguir: • 52 Figura 54 – Fibra com índice em degrau Fonte: Acervo dos autores ü Parabólica: A variação do índice de refração segue uma distribuição parabólica: Ondas que viajam na parte mais externa da fi bra encontram um meio com índice de refração menor, ou seja, viajam mais rápido. Como resultado, atravessam a fi bra praticamente no mesmo tempo que as ondas que se propagaram pelo centro, onde a trajetória é menor (fi gura 55). Figura 55 – Fibra com índice parabólico Fonte: Acervo dos autores Porém, a classifi cação de acordo com os índices de refração não defi ne completamente as propriedades das fi bras ópticas. Características de propagação dependem também da quantidade de modos guiados. Desta forma, defi ne-se outro critério de classifi cação: Fibras multimodo: Núcleo possui um diâmetro razoavelmente grande (em torno de 50µm) em relação ao comprimento de onda, permitindo que vários modos (feixes luminosos) trafeguem em seu interior. Apresenta perda por multicaminhos. Fibras monomodo: Núcleo possui um diâmetro pequeno, e por isso praticamente um único feixe luminoso percorre a fi bra. Esta característica dá a fi bra alta capacidade de transmissão. • • Figura 56 – Transmissão em Fibras Monomodo e Multimodo Fonte: Acervo dos autores53 Neste capítulo enfocamos vários aspectos e características dos materiais semicondutores, materiais magnéticos e, também, os materiais ópticos. Vimos um breve histórico da magnetita e suas funcionalidades. Destacamos a importância do conhecimento da estrutura atômica para o entendimento dos fl uxos nos materiais condutores, isolantes ou semicondutores. Verifi camos a estrutura do cristal de Silício, os cristais P, N e a junção PN, assim como, o funcionamento do Diodo de junção por meio dos modelos para a análise e a reta de carga. Trabalhamos como reconhecer e analisar os circuitos retifi cadores a diodo , a calcular o valor do fl uxo magnético em um determinado material. Estudamos, o conceito de onda eletromagnética, e suas características a defi nição do ângulo crítico de condução de feixes luminosos e o reconhecimento de diversos tipos de materiais ópticos. 1) a) Com base na distribuição eletrônica dos átomos de Cu e Si, escreva como se classifi cam. b) Responda em que tipo de semicondutor as lacunas são portadores minoritários. 2) Esboce as linhas de indução do campo magnético criado pelos ímãs em cada uma das situações mostradas. 3) Escreva o que é histerese. Defi na os pontos característicos de um ciclo de histerese. 4) Explique o princípio básico de funcionamento de um laser. 5) Determinada irradiação eletromagnética apresenta λ = 1µm no vácuo. Determinel o comprimento dessa onda ao atravessar o núcleo de uma fi bra, composto de sílica cujo índice de refração seja 1,52. Resumo Atividades 54 Apostila de Ciência dos Materiais – Escola Politécnica / USP – disponível em http://www.ebah.com.br/aula07-propriedades-opticas-pdf-a581.html Apostila de Materiais Elétricos da Escola Politécnica / DCTM – UFBA, 2002, disponível em www.materiaiseletricos.ufba.br BERTOLI, R. A., Apostila de Eletrônica, UNICAMP, 2000. Disponível em: http://www.uergsai.hpg.ig.com.br/material/semicondutores.pdf. BOGART Jr, Theodore F, Dispositivos e Circuitos Eletrônicos, Volume I, 3º edição, São Paulo: Prentice Hall, 2001 BOYLESTAD, R.L., Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos, 8º. Ed São Paulo, Prentice Hall, 2004. GUERRINI, D. P., “Eletricidade Para a Engenharia”, Manole, 2003 KENYON, Ian. R, “Light Fantastic: A Modern Introduction to Classic and Quantum Optics”, Oxford University Press, 2008 MALVINO, A.P., Eletrônica: Volume I, 4º Ed São Paulo, Prentice Hall, 1995. REZENDE, E. M., “Materiais Usados em Eletrotécnica”, Interciência, 1977 RIBEIRO, J. A., “Comunicações Ópticas”, Ed. Érica, 2006 SCHMIDT, A., “Materiais Elétricos”, Volume II, Edgard Blücher, 1979 VLACK, V. LAWRENCE, H. , “Princípios de Ciência dos Materiais”, Edgard Blücher, 1970 Referências 55 CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM No capítulo referente a circuitos de primeira ordem, você pôde estudar a resposta de um circuito RC ou RL devida a vários tipos diferentes de entradas. Estes circuitos eram compostos por um elemento resistivo e outro armazenador de energia (capacitor ou indutor) que interagiam entre si resultando em respostas específi cas, dependendo do tipo de sinal de entrada. Mas, existem circuitos que envolvem, além do elemento resistivo, dois elementos armazenadores de energia. Estes circuitos são chamados de RLC (Resistor/Indutor/Capacitor). Posto isso, vamos agora estudar a resposta deste tipo de circuito. Veremos que esta resposta dependerá de como os elementos estão associados, de seus valores e do tipo de sinal de entrada aplicado ao circuito. 2 Fernando de Melo Lopes Introdução Objetivos Identifi car e classifi car os tipos de circuitos de segunda ordem. Demonstrar o equacionamento utilizado para encontrar as equações de resposta. Calcular a resposta do circuito a cada tipo diferente de sinal de entra- da. esboçar o sinal de resposta de cada circuito. Examinar e interpretar as respostas dos circuitos de segunda ordem. • • • • • 56 Introdução Equação típica Condições iniciais e fi nais Resposta de um circuito RLC paralelo a) Circuito superamortecido b) Circuito superamortecido c) Circuito subamortecido Resposta para circuitos RLC série a) Circuito superamortecido b) Circuito criticamente amortecido c) Circuito subamortecido d) Circuito sem perdas Fator de qualidade Esquema 1. Circuitos de segunda ordem Quando você estudou circuitos de primeira ordem viu que estes circuitos eram compostos por um elemento resistivo e um armazenador de energia (capacitor ou indutor). Agora, você irá estudar circuitos que envolvem dois elementos armazenadores ao mesmo tempo, ou seja, um elemento resistivo e dois elementos armazenadores de energia, que pode ser um resistor, um indutor e um capacitor (RLC), um resistor e dois indutores que não podem ser associados (RL) ou um resistor e dois capacitores que não podem ser associados (RC). Figura 1: Tipos de circuitos de segunda ordem. Fonte: Acervo do autor. 57 Você verá como será a resposta deste circuito a cada tipo diferente de entrada e poderá analisar e comparar com os circuitos de primeira ordem. 2. Equação típica Circuitos de segunda ordem são assim chamados, pois a equação é composta por equações diferenciais de segunda ordem, como pode ser visto, a seguir: 2 2 ( ) ( ) ( ) ( ) dy t dy t a b cy t f t dt dt + + = Sendo que: − a, b e c são constantes; − ( )y t é a resposta do circuito, ou seja, a saída. Pode representar qualquer grandeza do circuito como corrente, tensão, a carga ou fl uxo; − ( )f t é a excitação, ou a entrada do circuito. Corresponde às fontes contidas no circuito e pode assumir várias formas dependendo do tipo de fonte existente no circuito (fonte CC, senoidal, impulso, degrau, dentre outros). Assim como para circuitos de primeira ordem, existem dois tipos de regimes para os circuitos de segunda ordem: o regime transitório, que ocorre após uma mudança de estado e o regime permanente ou estacionário. 3. Condições iniciais e fi nais Você verá que para resolver circuitos de segunda ordem precisamos apenas encontrar as condições iniciais e fi nais, além, é claro, da equação. Por isso, vamos dedicar uma parte deste roteiro para relembrar e praticar o equacionamento e o cálculo das condições iniciais e fi nais. Antes de iniciar, vamos fazer algumas considerações importantes: vamos considerar v como sendo a tensão no capacitor e i a corrente no indutor; é muito importante a polaridade da tensão ( )v t no capacitor e a direção da corrente ( )i t no indutor. Devemos considerar esta polaridade ou direção considerando o elemento passivo, ou seja, consumindo energia; vamos lembrar que o capacitor tem inércia de tensão. Ele não permite que a tensão varie bruscamente. Desta forma, teremos (0 ) (0 )v v− += , o que quer dizer que a tensão no capacitor antes do chaveamento 0t = será a mesma imediatamente após 0t = ; • • • o indutor tem inércia de corrente. Ele não permite que a corrente varie brus- camente. Assim, teremos (0 ) (0 )i i− += , signifi cando que a corrente no indu- tor antes de 0t = será a mesma no momento imediatamente após 0t = . • Exemplifi cando! De posse destas informações, vamos fazer alguns exemplos: 2) A chave da fi gura, a seguir, esteve fechada por um longo tempo, sendo aberta em 0t = . a) Determine (0 )v + e (0 )i + ; b) Determine (0) /dv dt e (0) /di dt ; c) Determine ( )v ∞ e ( )i ∞ . F ig u ra 2 : C ir cu ito R L C , d o e xe m p lo 1 F o n te : A ce rv o d o a u to r. Solução: a) Se a chave esteve aberta por um longo tempo, signifi ca que em 0t = o circuito está em regime permanente. Para um regime permanente cc, o indutor é um curto circuito e o capacitor é um circuito aberto. Assim, podemos desenhar o circuito equivalente como: 59 Desta forma, podemos encontrar a corrente (0 )i − e a tensão (0 )v − : 10 10 (0 ) 1,67 4 2 6 V i A R − = = = = + Como o circuito está em série, a mesma corrente i passa pelos dois resistores, sendo assim, v e a tensão no resistor de 2Ω, ou seja:(0 ) ( )( ) (2)(1,67) 3,33v R I V− = = = A corrente no indutor e a tensão no capacitor não sofrem variações abruptas, portanto, no momento imediatamente após a abertura da chave a corrente i no indutor e a tensão v no capacitor serão as mesmas: (0 ) (0 ) 1,67i i A− += = (0 ) (0 ) 3,33v v V− += = Para 0t += , a chave é aberta e o circuito equivalente pode ser redesenhado como: Figura 3: Circuito da fi gura 2, redesenhado para 0t < Fonte: Acervo do autor. Figura 4: Circuito da fi gura 2, redesenhado para 0t > Fonte: Acervo do autor. 60 Rodando a malha no circuito equivalente, teremos: F ig u ra 5 : L e i d a s m a lh a s F o n te : A ce rv o d o a u to r. 1 1 11 0R L CV V V V− − − = 110 (1,67)(4) 3,33 0LV− − − = 110 6,67 3,33 0LV− − − = 1 0LV = (0 ) 0Lv + = Da mesma forma que foi feito com o capacitor, temos que ( ) ( ) LL di t v t L dt = . ( ) ( )L Ldi t v t dt L = (0) (0)L Ldi v dt L = (0) 0 0 / 0,3 Ldi A s dt = = A mesma corrente que fl ui pelo indutor deve fl uir pelo capacitor. Assim, teremos: (0 ) (0 ) 1,67Ci i A + += = Como ( ) ( ) CC dv t i t C dt = , podemos fazer: ( ) ( )C Cdv t i t dt C = (0) (0) 1,67 167 / 0,01 C Cdv i V s dt C = = = 61 Depois de muito tempo, o circuito estará em estado permanente. Assim, podemos redesenhar o circuito como: Figura 6: Circuito da fi gura 2, redesenhado para t = ∞ Fonte: Acervo do autor. Com isso, teremos: 3) Para o circuito da fi gura, a seguir, calcule (0 )Li + , (0 )Cv + , (0 )Rv + , (0 ) /Ldi dt + , (0 ) /Cdv dt + , ( )Li ∞ , ( )Cv ∞ e ( )Rv ∞ . Figura 7: Circuito RLC, do exemplo 2 Fonte: Acervo do autor. ( ) 0i A∞ = ( ) 10v V∞ = Solução: Para 0t −= a corrente da 1I é 0A e o circuito se encontra em estado permanente. 62 Figura 8: Circuito da fi gura 7, redesenhado para 0t −= Fonte: Acervo do autor. Observe que, neste momento, não temos fonte alimentando o circuito: desta forma, podemos determinar: (0 ) 0Li A − = (0 ) 20Cv V − = − Para 0t += , a fonte de corrente passa a alimentar o circuito: sendo assim, o circuito equivalente pode ser visto na fi gura, a seguir. Sabendo-se que a tensão no capacitor e a corrente no indutor não sofrem variações abruptas, podemos concluir: (0 ) (0 ) 0L Li i A − += = (0 ) (0 ) 20C Cv v V − += = − A tensão no resistor de 4Ω não foi pedida, mas vamos usá-la para aplicar a LKT e a LKC neste circuito. Vamos chamá-la de 2Rv . Aplicando LKC ao nó, teremos: 1 21 0R RI I I− − = 1 2(0 ) (0 )3 0 6 4 R Rv v + + − − = 1 2(0 ) (0 )3 6 4 R Rv v + + = + Aplicando LKT na malha do meio, teremos: 63 1 21 (0 ) (0 ) (0 ) 0R R CV v v v + + +− + − − = 1 220 (0 ) (0 ) ( 20) 0R Rv v + +− + − − − = 1 220 (0 ) (0 ) 20 0R Rv v + +− + − + = 1 2(0 ) (0 ) 0R Rv v + +− = 1 2(0 ) (0 )R Rv v + += Como 1 2 (0 ) (0 ) 3 6 4 R Rv v + + + = , podemos fazer: 1 1(0 ) (0 ) 3 6 4 R Rv v + + + = 1 14 (0 ) 6 (0 ) 3 24 R Rv v + ++ = 110 (0 ) 3 24 Rv + = 110 (0 ) 3(24)Rv + = 1 72 (0 ) 7,2 10 Rv V + = = Sabendo-se que ( ) ( ) /L Lv t Ldi t dt= , teremos: ( ) ( )L Ldi t v t dt L = Mas, aplicando a LKT na malha da direita, teremos: 1 (0 ) (0 ) 0C LV v v + ++ − = 20 ( 20) (0 ) 0Lv ++ − − = 0 (0 ) 0Lv +− = (0 ) 0Lv + = 64 Assim: (0 ) (0 ) 0 0 / 0,6 L Ldi v A s dt L + + = = = Da mesma forma, ( ) ( ) /C Ci t Cdv t dt= , assim: ( ) ( )C Cdv t i t dt C = Aplicando a LKC no nó da direita, teremos: Assim: Para obter (0 ) /Rdv dt + , faremos: Derivando dos dois lados da equação, teremos: 2 (0 ) (0 ) (0 ) 0R C Li i i + + +− − = 2 (0 ) (0 ) 0 0 4 R C v i + +− − = 7,2 (0 ) 1,8 4 Ci A + = = (0 ) (0 ) 1,8 3,6 / 0,5 C Cdv i V s dt C + + = = = 1 2(0 ) (0 ) 3 6 4 R Rv v + + + = 1 24 (0 ) 6 (0 ) 3 24 R Rv v + ++ = 1 24 (0 ) 6 (0 ) 72R Rv v + ++ = 1 2(0 ) (0 )4 6 0R R dv dv dt dt + + + = 65 Aplicando a LKT na malha do meio e derivando ambos os lados, temos: Como (0 ) 3,6 /C dv V s dt + = , teremos: Sendo assim, a partir das equações: 1 21 (0 ) (0 ) (0 ) 0R R CV v v v + + +− + − − = 1 2(0 ) (0 ) (0 ) 20R R Cv v v + + +− − = 1 2 (0 )(0 ) (0 ) 0CR R dvdv dv dt dt dt ++ + − − = 1 2(0 ) (0 ) 3,6 0R R dv dv dt dt + + − − = 1 2(0 ) (0 ) 3,6R R dv dv dt dt + + − = 1 2(0 ) (0 )4 6 0R R dv dv dt dt + + + = 1 2(0 ) (0 ) 3,6R R dv dv dt dt + + − = Resolvendo o sistema, teremos: 1 2 1 2 (0 ) (0 ) 4 6 0 (0 ) (0 ) 3,6 R R R R dv dv dt dt dv dv dt dt + + + + + = − = ( ) 1 2 1 2 (0 ) (0 ) 4 6 0 (0 ) (0 ) 3,6 6 R R R R dv dv dt dt dv dv dt dt + + + + + = − = 66 1 2 1 2 (0 ) (0 ) 4 6 0 (0 ) (0 ) 6 6 21,6 R R R R dv dv dt dt dv dv dt dt + + + + + = − = 1 1(0 ) (0 )4 6 0 21,6R R dv dv dt dt + + + = + 1(0 )10 21,6R dv dt + = 1(0 ) 21,6 10 Rdv dt + = 1(0 ) 2,16 /R dv V s dt + = Finalmente, para calcular ( )Li ∞ , ( )Cv ∞ e ( )Rv ∞ , o circuito estará em estado permanente. Teremos o circuito equivalente, a seguir: Figura 9: Circuito da fi gura 7 em estado permanente Fonte: Acervo do autor. Agora, a corrente que passa pelo indutor é a mesma que passa pelo resistor R2. Para calcular a corrente em R2, usaremos o divisor de corrente: 2 6 ( ) ( ) 2 1,2 4 6 L Ri i A∞ = ∞ = =+ ( ) 20Cv V∞ = − ( ) (2 1, 2)(6) (0,8)(6) 4,8Rv V∞ = − = = 67 Resposta de um circuito RLC paralelo A resposta completa de um circuito RLC paralelo é composta por uma resposta, transitória ou natural, que corresponde ao período de transição em que o capacitor e o indutor armazenam ou consomem suas energias, e por uma resposta permanente ou forçada que é o resultado após o período de transição e corresponde às condições fi nais do circuito. ( ) ( ) ( )n fv t v t v t= + Vamos estudar primeiro a resposta à excitação zero de um circuito RLC com seus elementos ligados em paralelo. Este tipo de resposta corresponde à resposta natural ( )nv t . A partir deste equacionamento, para obtermos resposta completa basta somar o termo ( ) ( )fv t v= ∞ , ou seja, a condição fi nal do circuito. Considere o circuito, a seguir: Figura 10: Circuito RLC em paralelo Fonte: Acervo do autor. Vamos considerar também as seguintes relações: ( ) ( )( ) e ( ) RR R R v t v t Ri t i t R = = ( )0 0 ( ) 1 ( ) e ( ) t L L L L di t v t L i t I v t dt dt L = = + ∫ ( ) ( )0 0 1 ( ) e ( ) t C C C C dv t v t V i t dt i t C C dt = + =∫ Pelas leis LKC e LKT, teremos: ( ) ( ) ( ) ( )C R Lv t v t v t v t= = = ( ) ( ) ( ) 0C L Ri t i t i t+ + = 68 Vamos montar a equação diferencial a partir destas relações, como segue: Utilizando a LKC, teremos: ( ) ( ) ( ) 0C L Ri t i t i t+ + = ( ) ( ) ( )0 0 1 0 t C R L dv t v t C I v t dt dt L R + + + =∫ Derivando toda a equação e fazendo ( ) ( ) ( ) ( )C R Lv t v t v t v t= = = , teremos: ( ) ( ) ( ) 2 2 1 1 0 C R L d v t dv t C v t dt L R dt + + = ( ) ( ) ( ) 2 2 1 1 0 d v t dv t C v t dt R dt L + + = Agora, dividindo todos os termos por C, teremos: ( ) ( ) ( ) 2 2 1 1 0 d v t dv t v t dt RC dt LC + + = Tomando as condições iniciais em relação ao capacitor, teremos: ( ) 00Cv V= ( )0 (0) C C dv i C dt = ( )0 (0)C Cdv i dt C = Por defi nição, para circuitos RLC paralelo, teremos: 1 2RC α = 0 1 LC ω = 69 Sendo que: α é chamada de constante de amortecimento do circuito 0ω é chamado de frequência de ressonância angular. • • Assim, podemos escrever a equação diferencial: ( ) ( ) ( ) 2 2 1 1 0 d v t dv t v t dt RC dt LC + + = Como: ( ) ( ) ( ) 2 2 02 2 0 d v t dv t v t dt dt α ω+ + = ( ) 00Cv V= ( )0 (0)C Cdv i dt C = Fazendo a transformada de Laplace da equação diferencial, teremos: ( )2 2 0 0 0 0 ( ) 2 ( ) 2 ( ) 0 Cdv s V s sV V s V V s dt α α ω− − + − + = Como ( )0 (0)C Cdv i dt C = , temos: 2 2 0 0 0 (0) ( ) 2 ( ) 2 ( ) 0C i s V s sV V s V V s C α α ω− − + − + = 2 2 0 0 0 (0) ( ) 2 2C i V s s s sV V C α ω α + + = + + 0 0 2 2 0 (0) 2 ( ) 2 CisV V CV s s s α α ω + + = + + [ ]0