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PATOLOGIAS DO FÍGADO VESÍCULA BILIAR E PÂNCREAS UC NUTRIÇÃO CLÍNICA 2021-2 Jeannine e Maria Amelia FÍGADO-ANATOMIA FÍGADO Maior glândula do corpo humano Peso: ≈ 1.500g Capacidade de regeneração Suprimento de sangue: Suprido com sangue: Artéria hepática (1/3 do total) Aorta e veia porta (2/3), que conduz para o fígado o sangue drenado do TGI. Com 10 a 20% de função é possível sobreviver A remoção completa causa óbito em 24h SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA Carboidratos -Transforma em glicose os produtos da digestão dos HCO -Armazena glicose (gligogênese) -Disponibliza glicose quando necessário (glicogênio) -Realiza gliconeogênese Proteínas -Conversão de AA em substratos energéticos -Síntese de AA não essenciais -Síntese de fatores de coagulação (fibrinogênio e protrombina) -Síntese de PTN sérica( albuminas, globulinas, transferrina, ceruloplasmina e lipoproteínas) Lipídeos -Realiza Beta oxidação de AG gerando energia -Sintetisa corpos cetônicos (subs. energético no jejum) -Sintetiza e hidrolisa triglicérides, fosfolipídeos e colesterol FÍGADO NO METABOLISMO Adaptado de: https://nutmed.com.br/storage/resources 5 SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA Vitaminas -Sintetiza as ptn transportadoras de Vit. A -Converte caroteno em Vit. A Ativa o folato ( Vit. B9) e a Vit. D Minerais -Armazena zinco, ferro, cobre e magnésio -Sintetiza as proteínas carreadoras de ferro, zinco e cobre Amônia -Transforma amônia em uréia para excreção pelos rins Hormônios esteróides São inativados e excretados (aldosteronas, glicocorticóides, estrógeno, progesterona e testosterona) Álcool e drogas -Detoxificação destas substâncias pelo sistema enzimático. Bactérias e resíduos no sangue -remoção por ação fagocitária das células de Kupffer presentes no fígado FÍGADO NO METABOLISMO Adaptado de: https://nutmed.com.br/storage/resources 6 FÍGADO NO METABOLISMO • A dupla irrigação confere ao fígado heterogenicidade funcional • Centro de regulação da homeostase metabólica corporal • Recebe os vários nutrientes após absorção, retém alguns para reserva e metabolismo próprios e distribui outros para circulação sistêmica • Papel central na manipulação e metabolização dos nutrientes • Geração de solutos (cérebro, coração, rins e músculos) ASPECTOS GERAIS PRINCIPAL CAUSA DE DOENÇAS HEPÁTICAS • 25 a 30% dos pacientes hospitalizados abuso de álcool • 15% progridem para cirrose • Três formas distintas: – esteatose hepática – hepatite alcoólica – cirrose 8 Doença hepática aguda: -Destruição dos hepatócitos -Redução da função hepática devido ao menor número de células hepáticas -EX: hepatites agudas e fulminantes, hepatotoxicidade por drogas Doença hepática crônica: -Redução do número de hepatócitos e alterações da microcirculação do orgão -Diminuição da permeabilidade e da troca entre os hepatócitos funcionantes EX: cirrose, insuficiencia hepatica, nódulos e hepatocarcinoma DOENÇAS HEPÁTICAS: AGUDAS OU CRÔNICAS Regeneração: a regeneração ocorre em todas as doenças, exceto as mais fulminantes. A proliferação hepatocelular é expressa por mitoses, espessamento dos cordões de hepatócitos e alguma desorganização da estrutura parenquimatosa. Fibrose • É formada em resposta a inflamação ou insulto tóxico direto do fígado. À diferença de todas as outras respostas que são reversíveis, a fibrose geralmente é uma conseqüência irreversível da lesão hepática. • Com a continuação da fibrose, o fígado é subdividido em nódulos de hepatócitos em regeneração circundados por tecido cicatricial, denominado cirrose. PADRÕES MORFOLÓGICOS E FUNCIONAIS DA LESÃO HEPÁTICA 10 PADRÕES MORFOLÓGICOS E FUNCIONAIS DA LESÃO HEPÁTICA Degeneração e acúmulo intracelular • Degeneração espumosa: material biliar retido. • Esteatose: acúmulo de gotículas de gordura. Necrose e apoptose • Qualquer insulto significativo ao fígado pode causar necrose de hepatócitos. Inflamação • A lesão do fígado associada a um influxo de células inflamatórias agudas ou crônicas denomina-se hepatite. Embora a necrose possa preceder o início da inflamação, o inverso também é verdade. 11 PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS DAS DOENÇAS HEPÁTICAS • Icterícia e colestase Formação hepática de bile: absorção de lipídeos, através da ação detergente dos sais biliares. A bile constitui a via primária para eliminação de bilirrubina, colesterol em excesso e xenobióticos que são insuficientemente hidrossolúveis para serem excretados na urina. Icterícia: coloração amarelada da pele e escleras, devido à retenção da bilirrubina pigmentada. Colestase: retenção sistêmica não apenas de bilirrubina, mas também de outros solutos eliminados na bile. 12 Bilirrubina: produto final da degradação do heme, a maior parte provém da degradação de eritrócitos senis pelo sistema de fagócitos mononucleares, especialmente no baço, fígado e medula óssea. . FISIOPATOLOGIA DA ICTERÍCIA 13 14 PATOLOGIAS DO FÍGADO HEPATITE • Inflamação resultante de substâncias tóxicas (tetracloreto de carbono) ou infecção viral. Hepatite viral aguda-fases • Qualquer um dos vírus hepatotrópicos podem causá-la • Seja qual for o agente , a doença é aproximadamente a mesma e dividir-se em quatro fases: 1. Período de incubação 2. Fase pré-ictérica sintomática (com sintomas tipo gripe) 3. Fase ictérica sintomática (com icterícia, urina escura e fezes claras) 4. Fase pós-ictérica: convalescença 16 Agentes etiológicos Hepatopatia aguda Hepatopatia crônica Virais Hepatite A X ----- Hepatite B,C X X Virus Delta X X Virus da hepatite E X ----- Drogas X Metabólicos e genéticos Hepatite autoimune X Doença de Wilson X Hemocromatose X X Químico Álcool X X Doença secundária Cirrose biliar ----- X Colangite esclerosante ----- X Fibrose cística ----- X AGENTES ETIOLÓGICOS HEPATITES VIRAIS AGUDAS -Problema de saúde pública no Brasil e no mundo -Infecção que atinge o fígado -Alterações leves, moderadas ou graves -Infecções silenciosas, assintomáticas às vezes -Manifestações: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. -No Brasil as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C -Hepatite D tem < frequência (região Norte do país) -Hepatite E- > incidência na África e na Ásia -Infecções B ou C- frequentemente se tornam crônicas Hepatite B ou C Fibrose Cirrose Câncer http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites-virais https://labtest.com.br/hepatites-virais-entenda-mais-sobre-essas-doencas/ https://labtest.com.br/hepatites-virais-entenda-mais-sobre-essas-doencas/ HEPATITE A (AHV) http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites-virais Curso benigno cura espontânea (90%) Transmissão fecal/oral Água/alimentos contaminados Sintomas: anorexia grave, náuseas, vômitos, dor hipocôndrio direito, urina escura e icterícia. HEPATITE A (AHV) Vírus da hepatite A: picornavírus de RNA Manifestações desaparecem depois de cerca de 2 a 6 meses HAV presente no sangue na infecção aguda Teste: anticorpo IgM (1 a 2 semanas) IgG anti-HAV: persiste Vacina: a partir de 1 ano de idade, com uma 2ª dose aos 6 a 18 meses HEPATITE B (HBV) Vírus de DNA Transmissão: sangue, líquidos corporais) Diagnóstico: sorológico Considerada DST Vacinação: recomendada Pode se transformar em infecção crônica Sintomas: anorexia, mal estar febre, náuseas, vômitos, icterícia. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/hepatite/hepatite-b-agudaHEPATITE C (HCV) Vírus de RNA Transmissão: principal sangue Transmissão sexual rara Muitas vezes é assintomática Diagnóstico: anticorpos contra o HCV e o RNA do HCV Tratamento: fármacos antivirais, (não há vacina) 75% podem desenvolver hepatite C crônica, podendo evoluir para cirrose (20 a 30%) e carcinoma Sintomas: anorexia, mal estar febre, náuseas, vômitos, icterícia. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/hepatite/hepatite-c-aguda HEPATITE D (HDV) Vírus de RNA (agente Delta) Dependente do vírus a HBV Pode ocorrer ao mesmo tempo que a HBV Transmissão: relações sexuais, seringas Diagnóstico: sorológico Pode se tornar crônica Sintomas: anorexia, mal estar febre, náuseas, vômitos, icterícia. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/hepatite/hepatite-d HEPATITE E (HEV) Vírus de RNA Transmissão: entérica Diagnóstico: sorológico Pode se tornar crônica A hepatite E pode ser grave (gestantes-hepatite fulminante) Sintomas: anorexia, mal estar febre, náuseas, vômitos, icterícia https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/hepatite/hepatite-e PERÍODO DE INCUBAÇÃO / FORMAS CLÍNICAS-HEPATITES Professoras: Daniela Amaral, Eunice Barros e Juliana Lauar, Atualizado pela profa Ludmilla Thomaz HEPATITES-EVOLUÇÃO É imprescindível acompanhar a evolução clínica da hepatite viral Os pacientes podem apresentar remissão espontânea ou ter uma doença indolente sem progressão por muitos anos. Alguns pacientes podem ter a doença com progressão rápida, desenvolvendo cirrose em alguns anos Causas de mortes são decorrentes da evolução da doença (cirrose, encefalopatia, hematêmese maciça, carcinoma, etc) HEPATITE FULMINANTE • Ocorre quando a disfunção hepática evolui do início dos sintomas para encefalopatia hepática dentro de 2 a 3 semanas • É causa de 50 a 60% dos casos de insuficiência hepática fulminante • Pode ser induzida pelos vírus das várias hepatites. 30 Esteatose hepática + Inflamação difusa do fígado + Necrose hepática -Graus diferentes de gravidade -Hepatócitos lesionados: edemaciados -Hepatócitos danificados: necróticos -Cirrose pode estar presente HEPATITE ALCÓOLICA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL • Presença de ascite ou edema: antropometria perde a eficácia • Usar dobras cutâneas do braço • Deve ser utilizado a ASG (Avaliação Subjetiva Global) • Recordatório 24h (para avaliar a capacidade de ingestão) • Força física e CB (circunferência do braço) • Sinais e sintomas clínicos síntese proteica Depleção das reservas de glicogênio síntese de uréia Metabolismo de AA aromáticos > risco de hemorragia gastrointestinal * níveis anormais de AA aromáticos na corrente sanguínea encefalopatia COMPROMETIMENTO NUTRICIONAL • Promover a regeneração do fígado • Prevenir lesões futuras • Promover repouso. • Prevenir ou corrigir a perda de peso (anorexia, náusea e vômitos) • Reposição dos depósitos de glicogênio • Correção da glicemia. • Prevenir ou aliviar o coma hepático • Poupar proteína e fornecer uma dieta rica em carboidratos. • Prevenir a desidratação CUIDADO NUTRICIONAL-OBJETIVOS -PTN: 1,2 a 1,8g/kg de peso por dia com preferência a proteína vegetal para garantir o balanço nitrogenado positivo -LIP: hipolipídica -HCO: normocalórica No caso de pacientes que apresentam intolerância à proteínas com alteração do ritmo de sono deve-se passar para 1g/kg /dia • Sódio – restrição em torno de 2000 mg/dia (monitorar níveis sanguíneos). • Monitorar níveis de potássio. • Líquidos – 1 a 1,5 litros/dia (restrição dependente da gravidade do edema e ascite). RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL Evitar alimentos com AACA (aromáticos) e amoniogênicos Fórmulas suplementadas com BCAA podem ser utilizadas como fonte energética para prevenir o catabolismo sem sobrecarga hepática Os BCAA em maior quantidade na dieta reduzem a ação dos AACA no rompimento da barreira hematoencefálica e agravo da EH Suplementação com BCAA facilita a detoxificação da amônia, com aumento da sínteses de glutamina pelo músculo. TERAPIA NUTRICIONAL Utilização de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) BCAA -isoleucina, leucina, valina, lisina Fontes de BCAA: Proteínas de origem vegetal (soja), peixe, clara de ovo e leite e lacticínios de cabra AA Aromáticos-fenillalanina, triptofano, tirosina Fontes de AA aromáticos: Proteínas de origem animal: carne bovina, suína, aves, gema de ovo e queijo AA amoniogênicos-glicina, serina, treonina, glutamina, histidina, lisina, asparagina, metionina Fontes: Queijo, frango, gelatina, embutidos, batatas, cebolas, leite acidificado TERAPIA NUTRICIONAL PATOLOGIAS DO FÍGADO RELACIONADAS AO ÁLCOOL • Distúrbios do fígado que ocorrem em pessoas com uso de álcool: • Esteatose hepática (>90%) • Hepatite alcóolica (10 a 35%) • Cirrose (10 a 20%) https://lcsaudeebemestar.com.br/esteatose-hepatica-nao-alcoolica/ PATOLOGIAS DO FÍGADO RELACIONADAS AO ÁLCOOL Principais fatores de risco: • Quantidade (> 80g / dia) e duração do uso de álcool (geralmente > 8 anos) EX: de 2 a 8 latas de cerveja, 3 a 6 doses de bebidas destiladas ou 3 a 6 copos de vinho) • Sexo (mulheres são mais suscetíveis-20 a 40 g / dia • Traços genéticos e metabólicos • Estado nutricional: dieta rica em gordura • Obesidade • Outros fatores: acúmulo de ferro no fígado e hepatite C PROGRESSÃO DA DOENÇA ALCÓOLICA FÍGADO NORMAL ESTEATOSE Etilismo acentuado 90-100% Hepatite alcoólica Cirrose 8-20% 10-35% 40% ? https://pt.slideshare.net/thalitamaciel353/metabolismo-do-lcool-no-organismo-humano ALDH (acetaldeído desidrogenase ) Oxida o acetaldeído em acetato ADH (alcóol desidrogenase) Oxida o álcool em acetaldeído ABSORÇÃO E METABOLISMO DO ÁLCOOL NO FÍGADO Reações oxidativas geram H converte (NAD) em (NADH) > potencial redox inibe a oxidação dos ácidos graxos e a gliconeogênese, causando acúmulo de gordura no fígado ÁLCOOL X METABOLISMO DE MACRONUTRIENTES Carboidratos: Hipoglicemia Intolerância à glicose - inibição da secreção de insulina estimulada pela glicose e aumento da periférica à insulina Proteínas: Perda de proteína corporal devido a inibição protéica intestinal e aumento da excreção N urinário; Diminuição da síntese protéica esquelética, pele, osso e intestino delgado - persistem durante a 1º semana de abstinência. Lipídios: Inibe a lipólise Aumento do nível sérico de triglicérides Aumento do LDL colesterol Hiperlipidemia (aumento do colesterol e triglicérides) ÁLCOOL X METABOLISMO DE MICRONUTRIENTES Deficiência de B1 e ácido fólico (mais clássico) Deficiência de riboflavina e vitamina C Diminui o estoque e transporte de vitamina A e ácido fólico. Excreção aumentada: Mg, Zn, Fe, Se, K e Ca Retenção de Na Deficiência de B2 - queilose, língua dolorosa Pelagra - Descamativa, hiperpigmentada Deficiência de vitamina A - seca, descamativa Deficiência de Zn - crostas perioral, perianal, modificação das papilas gustativas -Dano oxidativo: hipermetabolismo hepático, redução de antioxidantes protetores, inflamação, -Motilidade intestinal aumentada: diarréia e esteatorréia; -Desidratação -Desnutrição (substituição de alimentos por etanol) CONSEQUÊNCIAS DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL -Potencialmente reversível -Acúmulo de lipídios no citoplasma dos hepatócitos -Triglicerídeos excedendo 5% do peso do fígado. -Maioria dos pacientes são assintomáticos. -20% com desconforto epigástrico ou hipocôndrio direito. -Insuficiência hepática grave - esteatoseaguda da gravidez. ESTEATOSE HEPÁTICA - DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Segundo Dan (2017), pode ser considerada uma manifestação hepática da Síndrome Metabólica, associada à ingestão excessiva de açúcar simples e gordura saturada • 45–100% assintomáticos ESTEATOSE HEPÁTICA - DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Avaliação Nutricional -Parâmetros bioquímicos, antropométricos (circunferência da cintura, IMC, % gordura), dados do consumo alimentar (recordatório de 24h e registro de 3 dias) Necessidades de energia e nutrientes Energia: dieta hipocalórica com 25-30 kcal/kg/dia (Dan ,2017) Objetivo : reduzir em 10% do peso inicial em 6 meses DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Carboidratos: normoglicídica com 55 – 60% VET -Substituir grãos refinados por cereais integrais, frutas e vegetais -Reduzir consumo de CHO com alto índice glicemico ( > 85) Lipídios : normolipídica. Redução das gorduras saturadas e aumento das insaturadas poderá elevar a sensibilidade à insulina Proteínas : Ptn vegetal e Ptn de AVB Antioxidantes: estudos mostram que o baixo consumo de vit antioxidantes (A, C e principalmente E) contribui para gênese da DHGNA (Chemin) TERAPIA NUTRICIONAL-DHGNA • (Dan 2017) Estudo mostrou que o tratamento oral com 400 a 1200UI de alfatocoferol por 4 a 10 meses melhorou significativamente as provas de função hepática. • W-3 é um componente dietético importante nos pacientes com DHGNA e EHNA, pois tanto EPA quanto o DHA induzem o catabolismo dos ácidos graxos (via PPAR) quanto inibem genes com ação lipogênica no fígado (via SREBP) (Dan 2017) • Soja: Indicada devido ao alto teor de ptn de AVB, fibras e isoflavonóides. Confere mobilização da gordura localizada nos hepatócitos. • Café, chá verde e vitamina D parecem promissores no tratamento (Chemin) • Atividade física: (Chemin 16) 20 a 60 min de ativ moderada a intensa, usando 5 grupos musculares, 5x/sem • (Dan 2017): 6h semanais de ativ física aeróbia TERAPIA NUTRICIONAL-DHGNA CONDUTA DIETOTERÁPICA PARA DHGNA Nutriente Recomendação Nutricional Calorias redução de 500-1000 kcal.dia, de acordo com a ingestão atual Gordura total < 30% do VCT AG saturados 8-10% do VCT AG monoinsaturados >15% do VCT AG poliinsaturados >10% do VCT Coleterol <300 mg/dia Proteína 15% do VCT Carboidrato > 55% do VCT (cuidado com o índice glicêmico) Cloreto de sódio 6 g Cálcio 100-1500 mg/dia Fibras 20-30 g/dia Fibras Fontes SOLÚVEIS Pectina Maça, casca de frutas, morango Gomas Aveia, leguminosas secas hemiceluloses (Algumas) Psylium Frutooligossacarídeos Alho, cebola, banana, tomate, alcachofra, massas INSOLÚVEIS Celulose Farinho de trigo integral, feijões, ervilha, maça, farelo, repolho, raízes vegetais hemicelulose tipo B Farelo, cereais, soja, grãos integrais Ligina Vegetais maduros, trigo CONDUTA DIETOTERÁPICA PARA DHGNA Baixo Índice Glicêmico (<60) Médio Índice Glicêmico (60-85) Alto Índice Glicêmico (>85) Ameixas Arroz Batatas Amedoim Aveia Bebidas esportivas Cerejas Banana Polímeros de glicose Feijão Cereais Biscoitos Frutose Ervilhas Cenouras Grão de bico Feijões ao forno Doces Iogurte Inhame Flocos de milho Leite Massas Glicose Lentilhas Milho Mel - Melaços Maçã Pão integral de centeio Pão branco de trigo Pêssegos Suco de laranja Pãozinho Tâmaras Uva Passas Regrigerante Sacarose Xarope de milho CONDUTA DIETOTERÁPICA PARA DHGNA ESTEATOSE HEPÁTICA CIRROSE HEPÁTICA -Estágio avançado da fibrose hepática -Destruição dos hepatócitos -Substituição do tecido hepático funcional por tecido cicatricial (fibrose) -Perda funcional, alteração estrutural do fígado -Patologia irreversível -Cura somente com transplante hepático. CIRROSE HEPÁTICA -Estágio avançado da fibrose hepática -Destruição dos hepatócitos -Substituição do tecido hepático funcional por tecido cicatricial (fibrose) -Perda funcional, alteração estrutural do fígado -Patologia irreversível -Cura somente com transplante hepático. CIRROSE HEPÁTICA-ETIOLOGIA Causas Metabólicas: decorrentes de erros congênitos Causas Alcoólicas: ocorre após ingestão de alcóol crônica Hepatite B e C crônica Induzida por fármacos: Amiodarona, Clorpromazina, Isoniazida, Metotrexato, Metildopa, Oxifenisatina, Tolbutamida metrotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfa-metildopa Auto imune Criptogenica: de etiologia indeterminada (10 a 15% dos casos) Obstrução do ducto biliar: causas mecânicas ou colangite CIRROSE HEPÁTICA -Caracterizada por nódulos com tecido fibrótico denso -Sintomas: podem não se desenvolver por anos e geralmente são inespecíficos (por exemplo, anorexia, fadiga, perda de peso) -Manifestações tardias: hipertensão portal, ascite, insuficiência hepática -Diagnóstico: biópsia hepática -Tratamento de suporte CIRROSE CIRROSE–ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS Hepatoesplenomegalia Icterícia Doenças digestivas Ascite Infecções bacterianas Perda de peso CIRROSE DESCOMPENSADA Lesões hemorrágicas Anorexia e astenia Cirróticos alcoólicos - desnutrição Hipertensão Portal: congestão das veias e desenvolvimento de circulação colateral ao redor do fígado – sangue vai para a circulação venosa sistêmica via esôfago e parte superior do estômago. Ascite: desenvolvimento de circulação colateral com acumulo de líquidos, proteína sérica e eletrólitos na cavidade peritoneal Varizes esofagogástricas: rompem em altas pressões, podendo levar a óbito (hemorragia) CIRROSE HEPÁTICA-PATOGÊNESE Insuficiência Hepática: redução de até 25% nas funções hepáticas Encefalopatia Hepática: alterações encefálicas por insuficiência hepática. Sinais de encefalopatia grave e coma hepático iminente (confusão mental, apatia, mudanças de comportamento, asterixe-contrações musculares ou tremores na mãos, espasmos) CIRROSE HEPÁTICA-PATOGÊNESE *Fígado lesado não faz a detoxificação de substâncias tóxicas na circulação sanguínea ( pp amônia), que ultrapassam a barreira hemato-encefálica CIRROSE HEPÁTICA-CLASSIFICAÇÃO -Micronodular : nódulos pequenos ( <3 mm), sem organização lobular -Macronodular: nódulos variam em tamanho (3 mm a 5 cm) com alguma organização lobular AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO HEPATOPATA -Desnutrição é frequente -Utilizar métodos antropométricos, bioquímicos e clínicos: -História clínica: considerar o início, duração, e etiologia da doença hepática, bem como a presença de comorbidades (nefropatia, DM, cardiopatia) -Exame físico: observar edema, ascite e sinais de deficiências nutricionais (dermatites por carência de zinco ou de ácidos graxos essenciais; pelagra por deficiência de niacina e queilose ou queilite por deficiência de complexo B) -Avaliação subjetiva global (ASG): método associado ao exame clínico, com concordância de 77% com a antropometria. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS-CIRROSE Tendência à hipoglicemia Desnutrição moderada a grave devido: • Ingestão oral inadequada • Anorexia, disgeusia (alterações do paladar) • Saciedade precoce • Náusea, vômito • Uso de medicamentos. Metabolismo alterado Má digestão ou má absorção CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE - Os pacientes cirróticos “parecem” ter depleção de glicogênio hepático e muscular por apresentarem alteração na sua síntese - a oxidação de glicose está diminuída, aumentando a dependência da gordura como substrato energético - No jejum de curta duração, as necessidades energéticas provenientes da gordura são de 70%, ou seja, 30% superiores às dos indivíduos normais. -Isso sugere a pouca adaptabilidade do cirrótico ao jejum, passando rapidamente à oxidação lipídica em função da brevidade da fase glicogenolítica. - É fundamental que o indivíduo receba uma ceia para que reduzaa chance de encefalopatia hepática. - O grau de intolerância à glicose é variável de 57% a 80%, e a incidência de Diabetes mellitus 10 a 40% - Agravamento é caracterizado pela menor metabolização dos aminoácidos aromáticos e sulfurados aumenta produtos neurotransmissores e mercaptanas - encefalopatia hepática. - Mercaptanas são produtos da metabolização da metionina pelas bactérias intestinais Deve-se utilizar probióticos para metabolização da metionina, em especial Bifidobactérias. - Acúmulo no cérebro de neurotransmissores verdadeiros (serotonina) ou falsos (tiramina e octopamina), é conseqüência da maior passagem de seus precursores (triptofano e fenilalanina) pela barreira hematoencefálica. CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE Condição Clínica Energia (kcal/kg/dia) Proteínas (g/kg/dia) Cirrose compensada 25-35 1,0-1,2 Ingestão inadequada, desnutrição 35-40 1,2-1,5 Encefalopatia hepática 35-40 1,2-1,5 (ptn vegetal +BCAA) (Consenso da Sociedade Européia de Nutrição e Metabolismo, 2006) CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE CUPPARI, 2005. HEPATOPATIA Proteína g/Kg/dia Energia kcal/Kg/ dia %CHO %LIP Objetivos Cirrose compensada ou descompensada 1,0 a 1,5 30 a 40 67 a 80 20 a 33 Prevenir desnutrição Favorecer regeneração Distribuição de Macronutrientes na Cirrose: CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE LIPÍDIOS Até 30% CARBOIDRATOS 50-60% Preferir de absorção lenta Restringir CHO simples se houver intolerância / resistência à insulina Fibras – cuidado com restrição hídrica CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE Micronutrientes - Suplementar zinco e vitamina A - Suplementar complexo B – alcoolista - Restringir ferro se houver hemocromatose - Restrição de Na - se edema e ascite - Hospitalizado - restrição severa - 250 a 500 mg/d de sal de adição -Não hospitalizado - restrição leve - 2,5g/d de Na Água Se houver ascite deve-se restringir líquidos de 1 – 1,5l/dia dependendo do ascite e da hipertensão portal CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE Vitamina B1 A recomendação varia com a idade. -Deficiência: cardiopatia, encefalopatia - A tiamina difosfato atua como complexo co-enzimático (tiamina pirofosfato) que é parte do metabolismo de carboidratos lipídeos e proteínas - Age na descaboxilação do piruvato formando acetato e acetil- CoA - Na deficiência de tiamina ocorre aumento da concentração de lactato e piruvato – acidose metabólica CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE Vitamina B2 - riboflavina - Faz parte da coenzima Flavina adenina dinucleotídeo (FAD) - A deficiência leva a lesões na boca, língua vermelha e atrófica, dermatite seborréica, principalmente na parte oronasal e do anus e genitália CUIDADOS NUTRICIONAIS-CIRROSE CONSIDERAÇÕES Suplementos líquidos orais ou alimentação enteral (considerar as fórmulas com BCAA) ~28G/DIA. Oferecer maior quantidade de proteínas ricas em AA de cadeia ramificada: proteínas de origem vegetal e caseína. CIRROSE Cirrose Alcoólica Cirrose Hepática TIPOS DE CIRROSE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA (HE) Etiologia é multifatorial Complicação frequente nos cirróticos (50 a 70%) Classificação do estágio 1 ao 4 ENCEFALOPATIA HEPÁTICA (HE) Distúrbio metabólico multifatorial associado a falha de detoxificação dos metabólitos. Causa: incapacidade do fígado metabolizar substâncias que atingirão o cérebro e causarão lesão ao parênquima. A amônia continua sendo o principal fator responsável pela patogênese da doença. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL NO CIRRÓTICO A via oral deve ser sempre a via preferencial para estes pacientes, entretanto no caso de impossibilidade ou ingestão insuficiente, deve-se indicar nutrição enteral (2ª escolha) ou parenteral dependendo do caso. Nutrição Enteral Não infundir grandes volumes, devem ter densidade calórica > 1 cal/ml, para favorecer o ganho de peso sem infundir grandes volumes, teor de sódio deve ser < 40mEqdia, conter todos os AA essenciais. Pode-se usar AACR estão indicadas quando houver intolerância à proteína animal. Nutrição Parenteral: indicada quando não for possível usar o TGI, como ocorre, por exemplo, em sangramentos não controlados. • Oferecer pequenas refeições ou suplementos nutricionais líquidos distribuídos uniformemente ao longo do dia e um lanche noturno (GRAU I, A, 1) • A suplementação oral de BCAA pode permitir que a ingestão recomendada de nitrogênio seja alcançada e mantida em pacientes intolerantes à proteína dietética (GRAU II-2, B, 2) • Necessidade de evitar períodos de jejum (evitar o jejum por mais de 3–4 horas, utilizar lanches contendo proteínas e carboidratos no final da noite e de manhã cedo). • Em pacientes com ascite, restrição de sódio a 2 g/d com reconhecimento que isso pode ser liberado se comprometer significativamente a palatabilidade dos alimentos TRATAMENTO NUTRICIONAL NA ENCEFALOPATIA TRATAMENTO NUTRICIONAL NA ENCEFALOPATIA Energia: 25 – 40 kcal/kg/dia Carboidratos: 60 – 70% VET Lipídios: 25 – 30% VET Proteínas (Chemin) -Encefalopatia grau 1 e 2: ofertar 1 – 1,5g/kg peso IDEAL/dia (10 a 30g/dia de ptn animal + vegetal para completar quantidade) -Encefalopatia grau 3 e 4: usar nutrição enteral exclusiva rica em AACR*na proporção 3:1 (AACR: **AACA) até atingir 1 – 1,5 g/kg peso IDEAL/ dia *AACR (AA de cadeia ramificada) **AACA *AA de cadeia aromática) AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DA FUNÇÃO HEPÁTICA Níveis séricos de bilirrubina: quando aumentados, podem indicar produção excessiva ou captação hepática prejudicada Fosfatase alcalina: níveis aumentados sugerem colestase, mas também podem aumentar com distúrbios ósseos, gravidez e alguns tipos de câncer, já que não é uma enzima produzida apenas pelo fígado. Enzimas hepáticas: elevação dos níveis séricos de aspartato aminotransferase (AST)-enzima mitocondrial e alanina aminotransferase (ALT)-citoplasmática, denota dano ao hepatócito. Albumina sérica: produzida apenas pelo fígado, pode ser um marcador de função do fígado, denotando dano hepático frente a uma síntese reduzida.
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