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K LS ELEM EN TO S D A M ATEM ÁTIC A II Elementos de matemática II Eduardo Aparecido da Rosa Neto Elementos de matemática II 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Neto, Eduardo Aparecido da Rosa ISBN 978-85-522-0171-7 1. Matemática – Compêndios. 2. Formação profissional. I. Título. CDD 510 Neto. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 232 p. N469e Elementos de matemática II / Eduardo Aparecido da Rosa © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Emanuel Santana Grasiele Aparecida Lourenço Lidiane Cristina Vivaldini Olo Paulo Heraldo Costa do Valle Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Junior Francisco Dias Vagner Luis Zanin Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Cristiane Lisandra Danna Diogo Ribeiro Garcia Emanuel Santana Erick Silva Griep Lidiane Cristina Vivaldini Olo Sumário Unidade 1 | Trigonometria no triângulo Seção 1.1 - Triângulo retângulo Seção 1.2 - Trigonometria no triângulo retângulo Seção 1.3 - Trigonometria em um triângulo qualquer 7 9 29 47 Unidade 2 | Funções e identidades trigonométricas Seção 2.1 - Trigonometria na circunferência Seção 2.2 - Funções trigonométricas Seção 2.3 - Outras identidades trigonométricas Unidade 3 | Funções exponenciais, funções logarítmicas e progressões Seção 3.1 - Função exponencial Seção 3.2 - Função logarítmica Seção 3.3 - Progressões aritmética e geométrica 67 125 69 127 89 145 107 163 Unidade 4 | Números complexos Seção 4.1 - A ideia de número complexo Seção 4.2 - Operações com números complexos Seção 4.3 - Forma trigonométrica ou forma polar de um número complexo 183 185 201 215 Palavras do autor Esta disciplina é imprescindível para a formação do futuro profissional da área de Matemática, pois fornece os elementos indispensáveis para a compreensão e desenvolvimento de várias outras disciplinas. Para tratar dos conteúdos desta disciplina, este livro está subdividido em quatro unidades, descritas a seguir. No início da primeira unidade será realizada uma revisão envolvendo o triângulo retângulo. Ela é importante, uma vez que esses conceitos serão constantemente retomados ao longo dos demais tópicos. Em seguida, abordaremos a trigonometria, primeiro no triângulo retângulo, depois em um triângulo qualquer. Na segunda unidade, os conceitos de seno, cosseno e tangente, antes discutidos apenas no triângulo retângulo, agora serão estendidos e formalizados na circunferência. Com essas duas abordagens, você irá reconhecer que o cosseno e o seno representam as medidas dos catetos de um triângulo retângulo com medida 1, pois são as projeções de um ponto nos eixos de uma circunferência. A Unidade 3 visa desenvolver diversos conceitos relacionados a funções exponenciais, funções logarítmicas e progressões, sendo utilizados para isso, tanto quanto possível, exemplos e situações contextualizadas. Você perceberá padrões e regularidade em fenômenos da natureza e em situações reais do seu dia a dia. Na Unidade 4, inicialmente por meio de uma breve abordagem histórica, você conhecerá um pouco a respeito da necessidade de construção de um novo conjunto numérico: os números complexos. Apresentada a definição formal desse conjunto, vamos explorar diversas operações algébricas, bem como suas respectivas representações geométricas no plano de Argand-Gauss. Cabe ressaltar que você será desafiado na demonstração de teoremas. Portanto, é necessário empenho no estudo, bem como na visualização das imagens indicadas, que enriquecerão sua aprendizagem. É de extrema importância manter uma rotina de estudos que possibilite dedicar-se à realização das atividades, abrindo caminho para a autonomia intelectual. Bons estudos! Unidade 1 Trigonometria no triângulo Convite ao estudo Como você faria se alguém o desafiasse a calcular a altura de um prédio de maneira indireta, ou seja, sem subir ao seu topo ou utilizar equipamentos específicos? O matemático grego, Tales de Mileto (640-564 a.C.), considerado um dos sete sábios da Antiguidade, deparou-se com um desafio semelhante: calcular a altura de uma das pirâmides dos faraós do Egito, utilizando somente seus conhecimentos e os recursos daquela época. As informações a seu respeito e de seus feitos são cercadas por incertezas e existem várias versões sobre o método empregado por Tales para realizar a medição. A mais antiga delas diz que Tales desenhou uma circunferência de raio igual à sua própria altura e postou-se no centro dela. Numa segunda versão, Tales, em vez do próprio corpo, usou uma vareta fincada perpendicularmente ao solo. Nessas duas versões o raciocínio era o mesmo. Quando sua sombra (ou a sombra da vareta) atingisse a circunferência, isto é, no momento em que o comprimento de sua sombra fosse igual ao da sua altura (ou da altura da vareta), o comprimento da sombra e o da altura da pirâmide também seriam iguais. Assim, bastava que, nesse momento, a extremidade da sombra da pirâmide fosse marcada com uma estaca e seu comprimento medido por meio de uma corda bem esticada. A realização de medições indiretas, situações nas quais não temos acesso ao que pretendemos medir, ainda é muito utilizada, por exemplo, na astronomia e na engenharia. Na topografia, por exemplo, para determinar com precisão a medida de ângulos horizontais e verticais, que possibilitem o cálculo de distâncias, geralmente inacessíveis, é utilizado um instrumento óptico chamado teodolito e algumas relações trigonométricas que estudaremos nesta unidade. E, para deixar o estudo ainda mais interessante, suponha que você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira. Para estimular o aprendizado dos alunos, a coordenadora pedagógica sugeriu abordar os principais conceitos de trigonometria no triângulo por meio de três atividades práticas, em sala de aula ou no ambiente escolar. Com essas oportunidades de estudos diferenciados, o interesse dos alunos em aprender será mantido. Essas atividades devem ser elaboradas com o objetivo de explorar os conceitos estudados na respectiva seção do livro, de tal maneira que o aluno seja o foco da aprendizagem, com um papel extremamente ativo. Na primeira atividade prática, relacionada ao conteúdo da seção “Triângulo retângulo”, você terá de discutir e aplicar juntamente com os alunos uma das técnicas mais utilizadas na construção: aferir se as paredes da sala de aula estão no esquadro, ou seja, se formam um ângulo reto, sem utilizar a ferramenta esquadro. Na segunda atividade prática, relacionada ao conteúdo da seção “Trigonometria no triângulo retângulo”, o desafio será calcular a altura de alguns pontos inacessíveis na escola ou próxima a ela, utilizando um teodolito construído pelos próprios alunos. Nesse caso, os três pontos tomados como referência para o cálculo formam um triângulo retângulo. Já a terceira atividade prática, relacionada ao conteúdo da seção “Trigonometria em um triângulo qualquer”, é semelhante à atividade anterior, no entanto os três pontos tomados como referência não formam necessariamenteum triângulo retângulo. Vamos lá? U1 - Trigonometria no triângulo 9 Seção 1.1 Triângulo retângulo Olá! Seja bem-vindo! Você deve se lembrar que, ainda na apresentação da unidade, vimos duas versões do possível método empregado por Tales de Mileto para realizar a medição da altura de uma das pirâmides dos faraós do Egito. O raciocínio de Tales culminou, com no que hoje conhecemos como teorema de Tales, assunto pelo qual iniciaremos o estudo da trigonometria no triângulo. Ainda por meio de uma abordagem histórica, estudaremos também o teorema de Pitágoras, desde a medição de terras no Egito até a sua demonstração formal. Também estudaremos outras relações métricas no triângulo retângulo, assim como a distância entre dois pontos no plano cartesiano. Esses conteúdos servem como base para o trabalho que será desenvolvido posteriormente na unidade, em que serão abordadas as relações trigonométricas em um triângulo e suas propriedades geométricas. Esse assunto é normalmente trabalhado nos anos iniciais do ensino médio na disciplina de Matemática. Você se recorda? Diálogo aberto Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto>. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pit%C3%A1goras>. Acesso em: 23 fev. 2017. Figura 1.1 | (a) ilustração de Tales de Mileto; (b) estátua de Pitágoras de Samos (a) (b) U1 - Trigonometria no triângulo10 Vamos voltar também à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Suponhamos que você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira, com a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de discutir e aferir se as paredes da sala de aula estão no esquadro, ou seja, se formam um ângulo reto, sem utilizar a ferramenta esquadro. Você conseguiria propor uma abordagem interessante para essa aula prática, com base nos conteúdos desta seção? Uma maneira de descrevê-la é por meio de um plano de aula, constando, em detalhes, as justificativas teóricas, o tempo disponível para a aula, os conteúdos matemáticos envolvidos, os materiais necessários, os resultados esperados, dentre outros aspectos. A palavra trigonometria vem das palavras gregas trigonón, que significa “triângulo”, e metria, que significa “medição”. Assim como em sua origem, trigonometria consiste no cálculo de medidas nos triângulos. Vimos que a utilização de triângulos retângulos semelhantes para a determinação de distâncias é bastante antiga. Vamos, então, reconstruir um processo que poderia ser utilizado por Tales para medir a altura da pirâmide? Para deixar um pouco mais interessante, vamos considerar um terceiro método: o da vareta que foi fincada, perpendicularmente, ao solo em um momento qualquer do dia. Fonte: Ribeiro (2013, p. 45). Figura 1.2 | Parede em esquadro Não pode faltar U1 - Trigonometria no triângulo 11 Observe a representação artística desse processo e sua secção vertical. Na Figura 1.3, temos: • H: altura da pirâmide. • D: distância do eixo da pirâmide à sua borda. • S: extensão da sombra projetada no solo pela pirâmide (sombra visível). • h: altura da vareta. • s: extensão da sombra projetada no solo pela vareta. Comparando os triângulos retângulos destacados: • Como o solo é horizontal, suas bases são paralelas. • Suas alturas são paralelas. • Considerando que os raios solares são paralelos, seus lados também são. Em outras palavras, os dois triângulos apresentam os três lados correspondentemente paralelos, ou seja, eles são semelhantes e seus lados são proporcionais. Pesquise mais Para mais detalhes sobre Trigonometria, acesse o link disponível em: <http://www.uel.br/projetos/matessencial/trigonom/trigo00.htm>. Acesso em: 3 mar. 2017. Elaborado pelo professor Ulysses Sodré, da Universidade Estadual de Londrina, esse site traz, além de vários outros assuntos, alguns dos conceitos relacionados com a Trigonometria: notações utilizadas, exemplos numéricos e aplicações práticas, com linguagem bastante acessível. Vale a pena conferir! Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.3 | (a) representação artística do processo de medição da altura da pirâmide (os elementos ilustrados não estão em proporção); (b) secção vertical do processo de medição da altura da pirâmide (a) (b) raios solares raios solares U1 - Trigonometria no triângulo12 Lembre-se Dois triângulos são semelhantes quando satisfazem ao menos um dos critérios a seguir: • Possuem dois ângulos iguais. • Possuem um ângulo igual compreendido entre lados proporcionais. • Possuem três lados proporcionais. Desse modo, para obter a medida H, basta utilizar a seguinte proporção: H h D S s = + Isolando H: H h D S s = ⋅ + Como as medidas h, D, S e s podem ser facilmente obtidas por Tales e substituídas na expressão, obtém-se H, que é a altura da pirâmide. Na resolução desse problema, Tales utilizou conhecimentos acerca de semelhança de triângulos. Esse método resultou no que atualmente denominamos teorema de Tales. U1 - Trigonometria no triângulo 13 Vamos demonstrar o teorema de Tales? Para isso, devemos considerar o feixe de retas paralelas da Figura 1.4 e dois casos. 1º caso: AB e BC são congruentes, isto é, possuem a mesma medida, logo AB BC = 1 . Devemos mostrar que DE e EF também são congruentes, ou seja, DE EF = 1 , consequentemente AB BC DE EF = = 1. Assimile Teorema de Tales Um feixe de retas paralelas determina, sobre retas transversais, segmentos correspondentes proporcionais. AB BC DE EF = Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.4 | Feixe de retas paralelas sobre retas transversais Atenção Um conjunto de três ou mais retas paralelas em um plano é chamado de feixe de retas paralelas. Na Figura 1.4, as retas r, s e t formam um feixe de retas paralelas ( r s t// // ). Já as retas u e v, que cortam o feixe de retas paralelas, são chamadas de retas transversais. Nesse feixe de retas: • A e D, B e E, C e F são chamados pontos correspondentes. • AB e DE , BC e EF , AC e DF são chamados segmentos correspondentes. U1 - Trigonometria no triângulo14 Vamos traçar os segmentos DM e EN , paralelos a u, obtendo os paralelogramos ABMD e BCNE, tais que AB DM≡ e BC EN≡ , como mostra a figura a seguir. Como AB BC≡ , então DM EN≡ . Note que os triângulos DEM e EFN são congruentes pelo caso de congruência de triângulos LAAO (lado, ângulo e ângulo oposto). Logo, DE EF≡ , como queríamos. Portanto, AB BC DE EF = = 1 . 2º caso: AB e BC não são congruentes, isto é, não possuem a mesma medida. Devemos mostrar que AB e BC são proporcionais aos segmentos DE e EF , ou seja, AB BC DE EF = . Sem perda de generalidade, escolhemos uma medida m conveniente de modo que AB e BC possam ser divididos por essa medida uma quantidade inteira de vezes, digamos que med AB m( ) = 2 e med BC m( ) = 3 . Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.5 | Feixe de retas paralelas sobre retas transversais e construção dos paralelogramos ABMD e BCNE (1º caso) U1 - Trigonometria no triângulo 15 Vamos traçar pontos que dividem AB , traçando as retas paralelas a r, s e t, como mostra a figura a seguir. Basta observar que, como os segmentos obtidos em u são congruentes, pelo primeiro caso, segue que os segmentos obtidos em v também são. Logo: AB BC m m = = 2 3 2 3 e DE EF n n = = 2 3 2 3 Portanto, AB BC DE EF = . Reflita A expressão “sem perda de generalidade” é muito comum em demonstrações que usam uma suposição, nesse caso a medida m. Os demais casos podem ser demonstrados de maneira semelhante. Como seria, por exemplo, a demonstração para uma medida m escolhida de tal maneira que med AB m( ) = 5 e med BC m( ) = 4 ? Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.6 | Feixe de retas paralelas sobre retas transversais, divididos em uma quantidade inteira de vezes (2º caso) U1 - Trigonometria no triângulo16 Atenção No 2º caso, demonstramos o teorema de Tales considerando que é possível obter uma medida m que divide os segmentos AB e BC uma quantidade inteirade partes. Quando isso acontece, dizemos que esses segmentos são comensuráveis. Por escapar do conteúdo deste livro, admitiremos sem prova o caso no qual AB e BC são incomensuráveis, ou seja, quando não é possível obter uma unidade de medida na qual seja possível dividir os segmentos em uma quantidade inteira de partes. Exemplificando Suponha que você foi desafiado a calcular a largura de um rio utilizando apenas uma trena e seus conhecimentos acerca do assunto. Além disso, você não pode atravessá-lo para realizar medições na outra margem. Tomando alguns pontos como referência, você realizou algumas medições e construiu o esquema a seguir. Qual a largura do rio nesse ponto? Resolução: segundo o teorema de Tales, temos que AB BC AD DE = . Resolvendo essa proporção, temos: AB BC AD DE BC BC BC BC= ⇒ = ⇒ ⋅ = ⋅ ⇒ = ⇒ =12 9 21 9 12 21 252 9 28 Portanto, a largura do rio nesse ponto é 28 m. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.7 | Esquema para calcular a largura de um rio U1 - Trigonometria no triângulo 17 Os triângulos semelhantes, em especial os triângulos retângulos, são de grande importância para a resolução de situações-problema, principalmente aqueles que envolvem a determinação de distâncias inacessíveis. Vamos relembrar seus elementos? Elementos do triângulo retângulo Um triângulo é retângulo quando um de seus ângulos internos é reto, ou seja, mede. Nele, podemos destacar os seguintes elementos. • Lados: AB , BC e AC . • Ângulos internos: BAC ^ , ABC ^ e ACB ^ . • Medidas dos lados: a BC b AC c AB : : : medida de medida de medida de • Medidas dos ângulos: A BAC B ABC C ACB : : : medida de medida de medida de ^ ^ ^ ^ ^ ^ O lado BC , oposto ao ângulo reto, é chamado hipotenusa, e os lados AB e BC , adjacentes ao ângulo reto, são chamados catetos. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.8 | Elementos do triângulo retângulo U1 - Trigonometria no triângulo18 Atenção Para simplificar, às vezes usaremos letras gregas minúsculas α e β para indicar os ângulos internos do triângulo. Além disso, indicaremos um ângulo (ou um segmento) e sua medida por um mesmo símbolo. Teorema de Pitágoras Você provavelmente deve se recordar da afirmação: “o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. “Há registros de que agrimensores no Antigo Egito demarcavam ângulos retos (90°) utilizando triângulos de medidas proporcionais à 3, 4 e 5, construídos com base em cordas divididas em 12 partes iguais, por 11 nós.” (ROSA NETO; BALESTRI, 2013, p. 280) Porém, não sabemos se os antigos egípcios conheciam o teorema. “O teorema de Pitágoras, por exemplo, não aparece em forma nenhuma nos documentos egípcios encontrados, mas tabletas até do período babilônio antigo mostram que na Mesopotâmia o teorema era, largamente usado.” (BOYER, 1974, p. 29) Fonte: elaborada pelo autor. Assimile Teorema de Pitágoras Em um triângulo retângulo, a soma dos quadrados das medidas dos catetos é igual ao quadrado da medida da hipotenusa. a b c2 2 2= + Figura 1.9 | Catetos e hipotenusa no triângulo retângulo U1 - Trigonometria no triângulo 19 Atualmente, alguns operários da construção civil utilizam um método semelhante para aferirem se as paredes estão no esquadro, mesmo sem utilizar a ferramenta esquadro. Mas vamos deixar esse assunto para o tópico Sem medo de errar. Ambos os métodos decorrem da recíproca do teorema de Pitágoras, ou seja, se em um triângulo o quadrado da medida do maior lado for igual à soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados, então esse triângulo é retângulo. O teorema de Pitágoras possui diversas demonstrações. Vamos estudar uma delas. Considere o quadrado ABCD com lado de medida a e um triângulo retângulo, com hipotenusa também de medida a. Vamos construir, sobre cada lado desse quadrado, um triângulo congruente ao inicial. Note que obtemos um quadrado EFGH, cujo lado mede b c+ , como mostra a figura a seguir. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.10 | Procedimento utilizado pelos egípcios para demarcar ângulo reto Figura 1.11 | Procedimento geométrico para a demonstração do teorema de Pitágoras Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo20 Agora, vamos calcular a área do quadrado EFGH. Como há pelo menos duas maneiras distintas de calcular essa área, podemos escrever uma igualdade entre elas: Com isso, demonstramos a relação dada pelo teorema de Pitágoras a b c2 2 2= + . Relações métricas no triângulo retângulo Além do teorema de Pitágoras, os triângulos retângulos possuem outras relações métricas envolvendo as medidas de seus lados. Vamos estudar algumas delas? Em um triângulo retângulo ABC, a altura AD em relação à hipotenusa BC divide-o em dois triângulos retângulos semelhantes ao maior e, consequentemente, semelhantes entre si. 1ª maneira: adicionando a área do quadrado ABCD e a dos quatro triângulos retângulos. 2ª maneira: elevando ao quadrado a medida de seu lado. a b2 2+ = a b c2 4 2 + ⋅ ⋅ : adicionando1ª maneira 2ª maneiraa área do quadrado e a ABCD dos quatro triângulos retângulos. = +( )b c 2 :: elevando ao quadrado a medida de seu lado. c b2 +22 2 2 2 2 bc c a b c + = + Figura 1.12 | Triângulos retângulos DBA e DCA semelhantes ao triângulo retângulo ABC Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 21 Em que: • a: medida da hipotenusa. • b e c: medidas dos catetos. • h: medida da altura relativa à hipotenusa. • m e n: medidas das projeções dos catetos sobre a hipotenusa. Vamos obter as relações métricas entre o triângulo maior e um dos triângulos menores, digamos o triângulo DBA. De fato, dados dois triângulos semelhantes, seus lados correspondentes são proporcionais. Vamos comparar os triângulos e escrever as relações. Portanto, outras três relações métricas em um triângulo retângulo são c h b n⋅ = ⋅ , a h b c⋅ = ⋅ e c a n2 = ⋅ . Figura 1.13 | Triângulos retângulos ABC e DBA Fonte: elaborada pelo autor. c n b h c h b n = ⋅ = ⋅ a c b h a h b c = ⋅ = ⋅ a c c n a n c c c a n = ⋅ = ⋅ = ⋅2 Faça você mesmo Verifique as relações métricas b a m2 = ⋅ e a h b c⋅ = ⋅ comparando o triângulo maior e o triângulo DCA. Verifique também a relação métrica h m n2 = ⋅ comparando os triângulos DBA e DCA. U1 - Trigonometria no triângulo22 Distância entre dois pontos no plano cartesiano Podemos ainda utilizar o teorema de Pitágoras para calcular a distância entre dois pontos do plano cartesiano. Observe como podemos determinar a distância entre os pontos B 3 8,( ) e C 10 2,( ), por exemplo. Para isso, determinamos o ponto A de modo que o triângulo ABC seja retângulo. Note que AB = − =8 2 6 e AC = − =2 10 8 . Aplicando o teorema de Pitágoras: AB AC BC BC BC BC( ) + ( ) = ( ) ⇒ + = ( ) ⇒ = ( ) ⇒ =2 2 2 2 2 2 26 8 100 10 Portanto, a distância entre os pontos B 3 8,( ) e C 10 2,( ) é de 10 unidades. Após o estudo do triângulo retângulo, vamos retomar a primeira situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Vamos relembrar! Você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira e tem a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de discutir e aferir se as paredes da sala de aula estão no esquadro, ou seja, se formam um ângulo reto, sem utilizar a ferramenta esquadro. Como já mencionado, no Antigo Egito já se demarcavam ângulos retos utilizando triângulos formados por uma corda dividida em 12 partes iguais, por 11 nós, conforme ilustrado na Figura 1.15. Figura 1.14 | Triângulos retângulos ABC no plano cartesiano Fonte: elaborada pelo autor. Sem medo de errar U1 - Trigonometria no triângulo 23 Atualmente, na construção civil, é do conhecimento do profissional pedreiro aferir o esquadro de uma parede utilizando triângulos retângulos cujas medidas também são proporcionais a 3, 4 e 5, numa mesma unidade. Digamos que as medidas escolhidas são 30 cm, 40 cm e 50 cm. Em uma das paredes,rente ao chão, o pedreiro marca um ponto a 30 cm do canto. Em seguida, na outra parede, ele marca um ponto a 40 cm do canto. Então, ele mede a distância entre os dois pontos e concluiu que: • se a distância for 50 cm, o canto tem 90°. • se a distância for maior que 50 cm, o canto tem mais de 90°. • se a distância for menor que 50 cm, o canto tem menos de 90°. Em ambos os métodos, é utilizado o conceito do teorema de Pitágoras. Que tal descrever em um plano de aula os passos a serem realizados a fim de que os alunos experimentem na prática esse método? Uma sugestão de abordagem é organizá-los em grupos e solicitar que discutam e apresentem uma justificativa matemática para mostrar a validade desse método. Figura 1.15 | Triângulo retângulo obtido no procedimento utilizado pelos egípcios para demarcar ângulo reto Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo24 Avançando na prática Representação geométrica de um número irracional Descrição da situação-problema Suponha ainda que você é docente de certa turma do ensino médio e estão estudando os conjuntos numéricos, especificamente os números irracionais. Considere que, em uma das aulas, é necessário representar um número irracional geometricamente na reta numérica, utilizando régua, compasso e um par de esquadros. Qual seria um passo a passo interessante para realizar essa tarefa? Resolução da situação-problema Com base no que estudamos nesta seção, podemos utilizar novamente o conceito do teorema de Pitágoras. Por exemplo, veja como representar o número irracional 13 na reta numérica. 1. Inicialmente, construímos um triângulo retângulo com catetos medindo 2 cm e 3 cm com o auxílio do par de esquadros. 2. Determinamos a medida da hipotenusa por meio do teorema de Pitágoras. a b c a a a 2 2 2 2 2 2 22 3 13 13= + ⇒ = + ⇒ = ⇒ = Figura 1.16 | Construção do triângulo retângulo com catetos medindo 2 cm e 3 cm Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 25 Figura 1.17 | Transportando a medida da hipotenusa para a reta numérica Fonte: elaborada pelo autor. 3. Por fim, transportamos para a reta numérica a medida da hipotenusa do triângulo utilizando o compasso. Esse procedimento pode ser aplicado para representar na reta numérica os números irracionais construtíveis, isto é, números irracionais cuja medida pode ser representada por um segmento de reta construído com um número finito de passos, usando apenas um compasso e uma régua. A raiz quadrada de um número inteiro positivo é construtível, então, números irracionais do tipo 2 , 3 , 5 , 7 ,..., também são construtíveis. Que tal agora elaborar um plano de aula para arquivar esse procedimento? Nele, você pode solicitar aos alunos que representem na reta numérica outros números irracionais, por exemplo, 17 , 41 e 53 . U1 - Trigonometria no triângulo26 Faça valer a pena 1. A Figura 1.18 representa parte do mapa de um bairro em que a linha de divisão entre os terrenos A e B e as ruas Minas Gerais e Alagoas são paralelas. Além disso, a rua Bahia é perpendicular às ruas Minas Gerais e Alagoas. Assinale a alternativa que contém a medida do lado do terreno B que faz divisa com a Rua Goiás. a) 25 m b) 50 m c) 100 m d) 40 m e) 20 m 2. O sítio de Joaquim fica a 4,5 km, contados perpendicularmente em direção a uma estrada reta. Na beira da estrada, a uma distância de 7,5 km do sítio, está localizado um posto de combustível. Também na beira dessa estrada, há um supermercado que fica igualmente distanciado do posto de combustível e do sítio de Joaquim, em linha reta, conforme representado na Figura 1.19. Figura 1.18 | Parte do mapa de certo baixo Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 27 Figura 1.19 | Estrada reta e pontos de referência Fonte: elaborada pelo autor. Assinale a alternativa que contém essa distância comum, em quilômetros. a) Entre 4,5 km e 5 km. b) Menos que 4,5 km e mais que 4 km. c) Mais que 6 km e menos que 6,5 km. d) Mais que 5,5 km e menos que 6 km. e) Entre 5 km e 5,5 km. 3. O problema a seguir, citado em um livro de história da Matemática, aparece no livro Lilavati, do século Xll, de autoria de Bhaskara, o último matemático medieval importante na Índia. “Também usando o Teorema de Pitágoras temos o problema seguinte: um pavão está sobre o topo de uma coluna em cuja base há um buraco de cobra. Vendo a cobra a uma distância da coluna igual a três vezes a altura da coluna, o pavão avançou para a cobra em linha reta alcançando-a antes que chegasse a sua cova. Se o pavão e a cobra percorreram distâncias iguais, a quantos cúbitos da cova eles se encontraram?” (BOYER, 1974, p. 162) Considerando uma unidade para a altura da coluna, assinale a alternativa que contém a solução do problema, em cúbitos. a) b) 3 c) 8 3 3 4 U1 - Trigonometria no triângulo28 d) e) 4 3 5 3 U1 - Trigonometria no triângulo 29 Seção 1.2 Trigonometria no triângulo retângulo Na seção anterior, estudamos o teorema de Pitágoras, que estabelece uma relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Agora, vamos estudar relações que envolvem também os ângulos internos do triângulo retângulo, chamadas relações trigonométricas. Você deve se lembrar da situação hipotética apresentada no Convite ao estudo. Suponhamos que você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira, com a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de calcular a altura de alguns pontos inacessíveis na escola ou próxima a ela, utilizando um teodolito construído pelos próprios alunos. Nesse caso, os três pontos tomados como referência para o cálculo formam um triângulo retângulo. Mas, afinal, o que é um teodolito? Você já viu ou utilizou um? É um instrumento que mede com precisão ângulos horizontais e verticais. No tópico Sem medo de errar, você verá que é possível construir uma versão simples desse instrumento utilizando poucos materiais. Uma maneira de descrever essa atividade prática, incluindo a construção do teodolito, é por meio de um plano de aula, constando, em detalhes, os materiais necessários, as justificativas teóricas, o tempo disponível para a aula, os conteúdos matemáticos envolvidos e os resultados esperados, dentre outros aspectos. Nesta seção, vamos focar nosso estudo nas relações trigonométricas em um triângulo retângulo. Elas servem como base para o trabalho desenvolvido posteriormente na Seção 1.3, em que são abordadas as relações trigonométricas em um triângulo qualquer e apresentadas a lei dos senos, a lei dos cossenos e o cálculo da área de um triângulo qualquer. Diálogo aberto Não pode faltar U1 - Trigonometria no triângulo30 Razões trigonométricas Considere duas semirretas de mesma origem em O, formando um ângulo agudo, digamos, de medida 30°. Veja a Figura 1.20. Na semirreta inferior, vamos marcar os pontos A1 e A2 , distantes 4 cm e 6 cm da origem, respectivamente, e conduzir por cada um deles uma perpendicular, obtendo os triângulos retângulos semelhantes ABO1 1 e A B O2 2 , conforme ilustra a Figura 1.21. Utilizando uma régua, vamos medir os lados desses triângulos: Figura 1.20 | Semirretas de origem em O e abertura 30° (as medidas consideradas não estão necessariamente em verdadeira grandeza) Figura 1.21 | Construção dos triângulos retângulos ABO1 1 e A B O2 2 (as medidas consideradas não estão necessariamente em verdadeira grandeza) Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. AB1 1 2 3, cm_~ A B2 2 3 5, cm_~ OB1 4 6, cm_~ OB2 6 9, cm_~ OA1 4= cm OA2 6= cm U1 - Trigonometria no triângulo 31 Calculando a razão entre esses lados, temos: No triângulo ABO1 1 : No triânguloA B O2 2 : Podemos repetir esse processo indefinidamente, obtendo outros triângulos retângulos semelhantes A B O3 3 , A B O4 4 , ..., A B On n . Figura 1.22 | Construção dos triângulos retângulos A B O3 3 , A B O4 4 , ... A B On n , (as medidas consideradasnão estão necessariamente em verdadeira grandeza) Fonte: elaborada pelo autor. AB OB 1 1 1 2 3 4 6 0 5, , ,_~ _~ OA OB 1 1 4 4 6 0 9 , ,_~ _~ AB OA 1 1 1 2 3 4 0 6= , ,_~_~ A B OB 2 2 2 3 5 6 9 0 5, , ,_~ _~ OA OB 2 2 6 6 9 0 9 , ,_~ _~ A B OA 2 2 2 3 5 6 0 6, ,_~ _~ U1 - Trigonometria no triângulo32 Nesses triângulos semelhantes, temos uma igualdade entre as seguintes razões envolvendo as medidas desses triângulos: De fato, as relações acima não dependem do tamanho dos triângulos retângulos, mas apenas do valor da medida do ângulo O ^. Isso se deve ao fato de que, assim como na situação da medida da altura da pirâmide apresentada no Convite ao estudo, os triângulos apresentam os três lados correspondentemente paralelos, ou seja, eles são semelhantes e seus lados são proporcionais. Isso levou à ideia de nomear essas razões. AB OB A B OB A B OB A B OB A B OB n n n 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 0 5= = = = =... ,_~ OA OB OA OB OA OB OA OB OA OB n n 1 1 2 2 3 3 4 4 0 9= = = = =... ,_~ AB OA A B OA A B OA A B OA A B OA n n n 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 0 6= = = = =... ,_~ Pesquise mais No objeto interativo, disponível no link: <https://www.geogebra.org/m/ M3vta5Uv#material/GPnb5U5Z>. Acesso em: 10 mar. 2017, é possível simular as razões trigonométricas. Ao alterar o tamanho, o formato ou a medida dos ângulos agudos nos triângulos retângulos, a simulação mostra que a igualdade entre as razões é mantida. Vale a pena conferir! U1 - Trigonometria no triângulo 33 Vocabulário Adjacente: que está posto ao lado, situado em local próximo. Assimile Considerando um triângulo retângulo e fixando um de seus ângulos agudos α , temos: • Seno de um ângulo agudo é a razão entre o cateto oposto ao ângulo e a hipotenusa. senα = b a • Cosseno de um ângulo agudo é a razão entre o cateto adjacente ao ângulo e a hipotenusa. cosα = c a • Tangente de um ângulo agudo é a razão entre o cateto oposto ao ângulo e o cateto adjacente ao ângulo. tgα = b c Figura 1.23 | Triângulo retângulo ABC e ângulo agudo grandeza Fonte: elaborada pelo autor. (cateto oposto) (cateto adjacente) U1 - Trigonometria no triângulo34 Com essas razões trigonométricas, podemos determinar a medida de um lado do triângulo retângulo, conhecendo a medida de um ângulo e de outro lado. Também é possível determinar a medida de um ângulo conhecendo a medida de dois lados. Faça você mesmo Existem algumas relações envolvendo seno, cosseno e tangente dos ângulos agudos α e β de um triângulo retângulo, por exemplo, sen cosα β= , que nos informa que o seno de um ângulo é igual ao cosseno do complementar desse ângulo e vice-versa. Demonstre as seguintes relações: • • . Essa última igualdade é chamada relação fundamental da trigonometria. Para demonstrá-la, utilize o teorema de Pitágoras. Figura 1.24 | Triângulo retângulo ABC e ângulos agudos α e β Fonte: elaborada pelo autor. tg sen cos α α α = sen cos2 2 1α α+ = Atenção Não podemos confundir sen2 α , que é igual a senα( )2 , com sen α 2 , que é igual a sen α α⋅( ) . U1 - Trigonometria no triângulo 35 Valores para o seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo Anteriormente, no tópico de “Razões trigonométricas”, ao construir os triângulos semelhantes ABO1 1 e A B O2 2 , obtemos valores aproximados nas razões. A precisão desses valores depende da exatidão com que o triângulo foi construído e medido. No entanto, em alguns ângulos as razões trigonométricas podem ser determinadas algebricamente, sem se recorrer à medição direta, eliminando o inconveniente da imprecisão da régua, por exemplo. Desse modo, seus senos, cossenos e tangentes podem ser expressos com exatidão, sem necessidade de arredondamentos ou aproximações. São os ângulos de 30°, 45° e 60°, conhecidos como ângulos notáveis. AB OB A B OB 1 1 1 2 2 2 0 5= ,_~ OA OB OA OB 1 1 2 2 0 9= ,_~ AB OA A B OA 1 1 1 2 2 2 0 6= ,_~ Figura 1.25 | Construção dos triângulos retângulos ABO1 1 e A B O2 2 Fonte: elaborada pelo autor. Reflita Por que os ângulos de medidas 30°, 45° e 60° são conhecidos como ângulos notáveis? U1 - Trigonometria no triângulo36 Considere um triângulo equilátero de lado a. Sabemos que cada um de seus ângulos internos mede 60°. Traçando a altura h e pelo teorema de Pitágoras, temos: a h a a h a a a h h a h a2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 4 4 3 4 3 2 = + ⇒ = + ⇒ − = ⇒ = ⇒ = Então, podemos calcular as razões trigonométricas de 30° e 60°. • sen30 2 1 2 ° = = a a • cos30 3 2 3 2 ° = = a a • tg30 2 3 2 1 3 3 3 3 3 ° = = ⋅ = a a • sen60 3 2 3 2 ° = = a a • cos60 2 1 2 ° = = a a Figura 1.26 | Triângulo equilátero de lado a e altura h Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 37 Figura 1.27 | Triângulo retângulo isósceles de lado a e hipotenusa x Fonte: elaborada pelo autor. • tg60 3 2 2 3° = = a a Agora, considere um triângulo retângulo isósceles de catetos a. Sabemos que seus ângulos agudos são congruentes e medem 45°. Pelo teorema de Pitágoras, temos: x a a x a x a2 2 2 2 22 2= + ⇒ = ⇒ = Assim, podemos calcular as razões trigonométricas de 45°. • sen45 2 1 2 2 2 2 2 ° = = ⋅ = a a • cos 45 2 2 2 ° = = a a • tg45 1° = =a a Resumidamente, podemos organizar esses valores em uma tabela de dupla entrada. U1 - Trigonometria no triângulo38 Tabela 1.1 | Valores do seno, cosseno e tangente para os ângulos notáveis Fonte: elaborada pelo autor. Para os demais ângulos, podemos utilizar uma calculadora científica ou construir uma tabela com os valores do seno, do cosseno e da tangente por meio de aproximações de números irracionais. De acordo com a necessidade, podemos obter aproximações com uma quantidade maior de casas decimais, por exemplo, sen 1° com aproximação de sete casas decimais: sen ,1 0 0174524° = . Pesquise mais Veja uma tabela trigonométrica com aproximação de cinco casas decimais disponível em: <http://www.ufrgs.br/biomec/materiais/ Tabela%20Trigonometrica.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017. Dica Além de consultar a tabela, você pode usar uma calculadora científica para obter os valores do seno, cosseno e tangente de um ângulo. Para obter o seno do ângulo de, por exemplo, efetuamos: Figura 1.28 | Sequência de teclas para obter o valor de sen 47° Fonte: adaptada de Rosa Neto e Balestri (2013, p. 289). U1 - Trigonometria no triângulo 39 Também é possível determinar a medida do ângulo α dado senα , cosα ou tgα usando a função sen-1 , cos-1ou tg-1 , respectivamente. Para determinar a medida do ângulo ao qual cos ,α = 0 974 , por exemplo, efetuamos: Nesse caso, a medida do ângulo α é aproximadamente 13°. Vale ressaltar que algumas calculadoras científicas oferecem três opções para a unidade de medida de ângulo: graus (Deg), radianos (Rad) ou grados (Gra). Nos exemplos acima, estamos considerando a medida do ângulo em graus, conforme a indicação D no canto superior direito do visor. Figura 1.29 | Sequência de teclas para obter a medida do ângulo ao qual cos ,α = 0 974 Fonte: adaptada de Rosa Neto e Balestri (2013, p. 289). Exemplificando Ao decolar, um avião percorre um trajeto retilíneo que forma com o solo um ângulo de 25°. Seu deslocamento horizontal é de 2500 m. Determine a altura aproximada H atingida pelo avião e a distância aproximada percorrida d, conforme a figura a seguir. Figura 1.30 | Representação do trajeto de um avião ao decolar pirâmide (os elementos ilustrados não estão em proporção) Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo40 Resolução: como a altura é perpendicular ao solo, o triângulo formado é retângulo. A razão entre as medidas do cateto oposto e do cateto adjacente é dada por: tg25 2 500 ° = H A razão entre as medidas do cateto adjacente e a hipotenusa é dada por: cos25 2 500° = d Considerando os valores da tabela trigonométrica, temos quetg ,25 0 466° = e cos ,25 0 906° = . Substituindo os valores: tg , ,25 2 500 0 466 2 500 2 500 0 466 1165° = ⇒ = ⇒ = ⋅ ⇒ =H H H H cos , , 25 2 500 0 906 2 500 2 500 0 906 2 759ϒ = ⇒ = ⇒ = ⇒ d d d d _~ Portanto, a altura atingida pelo avião é de aproximadamente 1165 m e a distância percorrida pelo avião é de 2759 m. Sem medo de errar Após o estudo do triângulo retângulo, vamos retomar a segunda situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Vamos relembrar! Você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira e tem a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de calcular a altura de alguns pontos inacessíveis na escola ou próxima a ela. Para isso, os alunos construirão um teodolito. Será preciso providenciar: • Fotocópias de um transferidor de 180°. • Bases firmes para colar o transferidor (papel-cartão, papelão, etc.). • Canudos resistentes. • Barbante. U1 - Trigonometria no triângulo 41 • Porcas, parafusos ou outro tipo de material para contrapeso. • Tesouras e fita adesiva. A montagem é simples e o teodolito ficaria como na figura a seguir. O uso desse teodolito também é simples. Um aluno deve olhar pelo furo do canudo, mirando-o na direção da base do que se deseja medir, digamos a altura de uma árvore, até que o barbante sobreponha a marca de 90° do transferidor. Um segundo aluno pode ajudar na leitura desse ângulo. Um terceiro aluno fica próximo ao tronco da árvore para marcar a altura h1 orientada pelo aluno observador, como sugere o item (a) da Figura 1.32. Do mesmo local, o aluno observador aponta o canudo para a extremidade mais alta da árvore e o colega anota o ângulo indicado pelo barbante no transferidor. Esse ângulo, digamos 120°, é o complementar do ângulo desejado, no caso, 180° - 120° = 60°, como indicado no item (b) da Figura 1.32. A medida do cateto d é facilmente obtida utilizando uma trena. Figura 1.31 | Teodolito construído com canudos, barbante e transferidor de papel Figura 1.32 | (a) uso do teodolito para medir a altura h1 no tronco da árvore; (b) uso do teodolito para medir o ângulo interno do triângulo retângulo formado (os elementos ilustrados não estão em proporção) (a) (b) Fonte: Chavante (2015, p. 311). Fonte: Chavante (2015, pg. 311). U1 - Trigonometria no triângulo42 Conhecendo a medida do ângulo BAC� , do cateto d, e com base nos conteúdos desta seção, é possível obter a medida h2 e, consequentemente, a altura da árvore (h h1 2+ ). Cabe agora a você documentar tudo por meio de um plano de aula. Explique, detalhadamente, os materiais necessários e o passo a passo da construção do teodolito, assim como o processo de medição dos ângulos, as justificativas teóricas, o tempo disponível para a prática, os conteúdos matemáticos envolvidos e os resultados esperados, dentre outros aspectos. Escada: cada centímetro conta Descrição da situação-problema Jorge é engenheiro fiscal de obras públicas. Nosso personagem irá inspecionar se a construção de uma escada na entrada de um prédio público atende as exigências da NBR 9050 (ABNT, 2004). Ergonomicamente e por razões de segurança, as normas exigem que o espelho de degraus de escadas deve ser superior a 16 cm e inferior a 18 cm e que o piso deve ser superior a 28 cm e inferior a 32 cm. A escada tem quatro degraus iguais e foi construída com 1,2 m de comprimento e inclinação de 30° em relação ao solo, conforme ilustra a figura a seguir. Avançando na prática Figura 1.33 | (a) escada construída em um prédio público; (b) secção vertical da escada Fonte: elaborada pelo autor. (a) (b) largura do degrau (piso) altura do degrau (espelho) U1 - Trigonometria no triângulo 43 Jorge tem a responsabilidade de verificar se o piso e o espelho dessa escada estão de acordo com a norma NBR 9050 (ABNT, 2004). Que tal ajudar nosso personagem na resolução dessa situação-problema? Resolução da situação-problema Observando o item (b) da figura, notamos que o comprimento total dos quatro degraus é de 1,20 m. Para calcular a largura de cada degrau, basta dividir esse comprimento pela quantidade de degraus, ou seja, 1 20 4 0 3, ,= . Como cada piso tem 30 cm, eles estão de acordo com a NBR 9050 (ABNT, 2004). Agora, vamos verificar os espelhos. Com base no que estudamos nesta seção, podemos utilizar a relação tg , , , , ,30 1 20 3 3 1 20 3 1 20 3 1 20 3 3 0 4 3° = ⇒ = ⇒ = ⇒ = ⇒ =x x x x xpara determinar a altura total dos quatro degraus. Vamos indicar essa medida por x. tg , , , , ,30 1 20 3 3 1 20 3 1 20 3 1 20 3 3 0 4 3° = ⇒ = ⇒ = ⇒ = ⇒ =x x x x x Para calcular a altura de cada degrau, basta dividir esse comprimento pela quantidade de degraus, ou seja, 0 4 3 4 0 1 3 0 17, , ,= _~ . Como cada espelho tem aproximadamente 17 cm, eles também estão de acordo com as normas da ABNT. Portanto, o piso e o espelho dessa escada estão de acordo com a NBR 9050 (ABNT, 2004). Que tal verificar isso na prática? Coloque-se na situação do nosso personagem, observe ao seu redor e escolha uma escada. Elabore um relatório contendo as medidas da escada escolhida, apresentando os cálculos e a conclusão em relação à conformidade com a NBR 9050 (ABNT, 2004). U1 - Trigonometria no triângulo44 Reflita Por que é importante estabelecer normas tão rigorosas a respeito do dimensionamento de escadas fixas? Na escada de certo metrô de Nova York, um degrau é pouco mais de 2 cm mais alto que os demais, o que é suficiente para que muitas pessoas que passem por ali acabem tropeçando. Não acredita? Veja o vídeo demonstrando esse fato curioso em: <https://youtu.be/ap-22FjgoE4>. Acesso em: 9 mar. 2017. Faça valer a pena 1. Para demonstrar a potência da nova picape, certa concessionária montou uma ladeira em frente ao pátio de estacionamento, na qual os clientes podem realizar um test drive com o veículo. Essa ladeira possui inclinação de 30° em relação ao plano horizontal e 25 m de comprimento total. Assinale a alternativa que indica quantos metros a picape se eleva verticalmente, após percorrer toda a ladeira. a) 25 m b) 25 3 3 c) 25 3 2 d) 12,5 m e) 20 m 2. Um topógrafo está usando o teodolito para medir a altura de certa torre. Primeiro ele posicionou o teodolito em um ponto A, indicando 45° em relação ao topo da torre. Depois, ele caminhou 40 metros em direção à torre, até um ponto B, indicando 30° em relação ao topo. Assinale a alternativa que indica a altura aproximada dessa torre. Considere 3 1 7= , . U1 - Trigonometria no triângulo 45 Figura 1.34 | Processo de medição da altura da torre Fonte: elaborada pelo autor. a) 80 m b) 57,14 m c) 137,14 m d) 40 m e) 97,14 m 3. O tamanho das telas de televisores, smarthphones, tablets, monitores e diversos outros equipamentos é informado em polegadas ( 1" = 2,54 cm ). Esse valor refere-se à medida da diagonal da tela. No padrão de tela widescreen (do inglês wide: largo e screen: tela), a razão entre o comprimento e a largura da tela é de 16:9, ou seja, 16 9 1 78,_~ . Isso quer dizer que o comprimento é aproximadamente 1,78 vezes a altura da tela. Considere uma tela widdescreen de 50”. Assinale a alternativa que indica os valores aproximados do ângulo entre a diagonal e o lado maior, da largura e do comprimento da tela, nessa ordem. a) 29°; 62 cm; 110 cm b) 26°; 62 cm; 110 cm c) 29°; 102 cm; 61 cm d) 31°; 64 cm; 102 cm e) 29°; 62 cm; 102 cm U1 - Trigonometria no triângulo46 U1 - Trigonometria no triângulo 47 Seção 1.3 Trigonometria em um triângulo qualquer Na seção anterior, estudamos as razões trigonométricas seno, cosseno e tangente de ângulos agudos associados a triângulos retângulos. Agora, estudaremos relações trigonométricas associadas à triângulos que não são retângulos, envolvendo seno e cosseno de ângulos cuja medida está entre 90° e 180°. Desse modo, é possível realizar outras medições indiretas, tomando pontos como referência que não formam necessariamente um triângulo retângulo. E, falando em medições indiretas,vamos retomar à terceira situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Assim como na segunda situação hipotética, suponhamos que você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira, com a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de calcular a altura de alguns pontos inacessíveis na escola ou próxima a ela, utilizando um teodolito construído pelos próprios alunos. Dessa vez, os três pontos tomados como referência para o cálculo não formam necessariamente um triângulo retângulo. A confecção do teodolito e o plano de aula solicitado no tópico Sem medo de errar da seção anterior nos fornecem “dicas” de como realizar essa aula prática. Resta agora elaborar um plano de aula para arquivar os detalhes dessa nova aula prática, constando os materiais necessários, as justificativas teóricas, o tempo disponível para a aula, os conteúdos matemáticos envolvidos e os resultados esperados, dentre outros aspectos. Na próxima unidade, vamos estender as razões trigonométricas aos elementos de uma circunferência. Isso nos permitirá compreender a ideia de seno, cosseno e tangente para além dos ângulos internos de um triângulo retângulo, ou seja, para qualquer medida de ângulo maior do que 90°. No entanto, nesta seção, vamos estudar apenas as relações trigonométricas envolvendo seno e cosseno de ângulos cuja medida está entre 90° e 180°. Diálogo aberto Não pode faltar U1 - Trigonometria no triângulo48 Por ora, precisaremos admitir duas relações que podem ser demonstradas e serão estudadas com mais detalhes na próxima unidade. Em outras palavras, podemos “reduzir” os valores do seno ou cosseno de ângulos obtusos para valores correspondentes nos ângulos agudos, estudados anteriormente. Além disso, vamos definir o seno e o cosseno para o caso particular de um ângulo de medida 90°, nesse caso, sen90 1° = e cos90 0° = . Assimile Considere um ângulo obtuso AOB� = α , com 90 180° < < °α , e seu suplemento BOC� = ° −180 α , conforme ilustra a Figura 1.35 1. O seno de um ângulo obtuso é igual ao seno de seu suplementar. sen senα α= ° −( )180 2. O cosseno de um ângulo obtuso é igual ao oposto do cosseno de seu suplementar. cos cosα α= − ° −( )180 Figura 1.35 | Ângulo obtuso α e seu suplemento Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 49 Lei dos senos Um importante teorema da trigonometria é conhecido por lei dos senos. Ele relaciona os lados de um triângulo aos ângulos respectivamente opostos a ele. Assimile Segundo a lei dos senos, em um triângulo ABC qualquer, a medida de um lado é proporcional ao seno do ângulo oposto (vide Figura 1.36). Figura 1.36 | Triângulo ABC qualquer e medidas dos lados Fonte: elaborada pelo autor. a A b B c Csen sen sen = =^ ^ ^ Exemplificando Veja como podemos calcular sen sen sen150 180 150 30 1 2 ° = ° − °( ) = ° =, cos cos cos135 180 135 45 2 2 ° = − ° − °( ) = − ° = −, sen sen sen ,132 180 132 48 0 743° = ° − °( ) = ° �e cos cos cos ,170 180 170 10 0 985° = − ° − °( ) = − ° = −. • sen sen sen150 180 150 30 1 2 ° = ° − °( ) = ° = • cos cos cos135 180 135 45 2 2 ° = − ° − °( ) = − ° = − • sen sen sen ,132 180 132 48 0 743° = ° − °( ) = ° � • cos cos cos ,170 180 170 10 0 985° = − ° − °( ) = − ° = − Os valores de sen sen sen ,132 180 132 48 0 743° = ° − °( ) = ° �e cos cos cos ,170 180 170 10 0 985° = − ° − °( ) = − ° = − foram consultados em uma tabela trigonométrica. Utilize uma calculadora científica para verificar essas igualdades. _~ U1 - Trigonometria no triângulo50 Sem perda de generalidade, vamos fazer a demonstração para um triângulo acutângulo, ou seja, que possui os ângulos internos agudos. Considere um triângulo ABC e duas de suas alturas, conforme Figura 1.37. Utilizando a razão senB� no triângulo retângulo BCE, temos: sen senB EC a EC a B= ⇒ = ⋅^ ^ Utilizando a razão senA^ no triângulo retângulo ACE, temos: sen senA EC b EC b A= ⇒ = ⋅^ ^ Comparando essas duas igualdades, tem-se: a B b A a A b B ⋅ = ⋅ ⇒ =sen sen sen sen ^ ^ ^ ^(I) Utilizando a razão senB^ no triângulo retângulo ABD, temos: sen senB AD c AD c B= ⇒ = ⋅ ^ ^ Utilizando a razão senĈ no triângulo retângulo ACD, temos: sen senC AD b AD b C= ⇒ = ⋅^ ^ Comparando essas duas igualdades, tem-se: Figura 1.37 | Triângulo ABC acutângulo e duas de suas alturas Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 51 c B b C b B c C ⋅ = ⋅ ⇒ =sen sen sen sen ^ ^ ^ ^ (II) Das relações I e II, temos a A b B c Csen sen sen = =^ ^ ^ , como queríamos demonstrar. Esse resultado também é válido para triângulos obtusângulos e para triângulos retângulos, mas não vamos demonstrá-los. Lei dos cossenos Outro importante teorema da trigonometria é conhecido por lei dos cossenos. Ele relaciona um lado do triângulo aos outros dois e ao ângulo por eles formado. a b c bc A2 2 2 2= + − ⋅cos ^ b a c ac B2 2 2 2= + − ⋅cos ^ c a b ab c2 2 2 2= + − ⋅cos Assimile Segundo a lei dos cossenos, em um triângulo ABC qualquer, o quadrado da medida de um dos lados é igual à soma dos quadrados das medidas dos outros lados, subtraído o dobro do produto das medidas desses lados pelo cosseno do ângulo formado por eles (vide Figura 1.38). Figura 1.38 | Triângulo ABC qualquer e medidas dos lados Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo52 Novamente, sem perda de generalidade, vamos fazer a demonstração para um triângulo acutângulo. Considere um triângulo ABC e uma de suas alturas, conforme Figura 1.39. Utilizando a razão cosA^ e o teorema de Pitágoras no triângulo retângulo ACD, temos: cos cosA AD b AD b A= ⇒ = ⋅^ ^ b AD h h b AD h b b A h b b A2 2 2 2 2 2 2 2 2 2= ( ) + ⇒ = − ( ) ⇒ = − ⋅( ) ⇒ = − ⋅cos cos^ ^ (I) Fazendo algumas substituições e utilizando o teorema de Pitágoras no triângulo retângulo BCD, temos: a h BD a h c AD h a c b A2 2 2 2 2 2 2 2 2= + ( ) ⇒ = + −( ) ⇒ = − − ⋅( ) ⇒cos ^ ⇒ = − − ⋅ + ⋅( ) ⇒h a c bc A b A2 2 2 2 22 cos cos^ ^ ⇒ = − + ⋅ − ⋅ − ⋅h a c bc A b A b A2 2 2 2 2 22 cos cos cos ^^^ (II) Das relações I e II, temos: b b A a c bc A b A a b c bc A2 2 2 2 2 2 2 2 2 22 2− ⋅ = − + ⋅ − ⋅ ⇒ = + − ⋅cos cos cos cos^ ^ ^ ^ Como queríamos demonstrar. Também é possível demonstrar esse resultado para triângulos obtusângulos e para triângulos retângulos, de maneira semelhante à apresentada. Figura 1.39 | Triângulo ABC acutângulo e uma de suas alturas Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 53 Área de um triângulo qualquer Você deve conhecer a fórmula A b h = ⋅ 2 para calcular a área de um triângulo, em que b representa a medida de um dos lados e h a medida correspondente à altura relativa a esse lado. No entanto, pode ser que não tenhamos à disposição a medida de sua altura, mas de seus lados e ângulos. Pesquise mais A demonstração da lei dos senos e da lei dos cossenos para um triângulo qualquer (acutângulo, retângulo ou obtusângulo) pode ser encontrada em: <http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/ trigonom/trigo05.htm>. Acesso em: 15 mar. 2017. Nas demonstrações da lei dos senos, são utilizadas propriedades dos triângulos inscritos em uma circunferência. Vale a pena conferir! A ab C= ⋅ 2 sen ^ A ac B= ⋅ 2 sen ^ Assimile A área de um triângulo ABC qualquer é igual ao semiproduto das medidas de dois lados do triângulo pelo seno do ângulo formado por eles (vide Figura 1.40). Figura 1.40 | Triângulo ABC qualquer e medidas dos lados Fonte: elaborada pelo autor. A bc A= ⋅ 2 sen ^ U1 - Trigonometria no triângulo54 Mais uma vez, sem perda de generalidade, vamos demonstrar a validade dessas expressões para triângulos acutângulos. Considere um triângulo ABC e uma de suas alturas, conforme Figura 1.41. Utilizando a razão senA^ no triângulo retângulo ABD, temos: sen senA h c h c A= ⇒ = ⋅ ^ ^ Agora, vamos utilizar a expressão A b h = ⋅ 2 citada anteriormente para calcular a área desse triângulo. A b h A b c A A bc A= ⋅ ⇒ = ⋅ ⋅( ) ⇒ = ⋅ 22 2 sen sen ^ ^ De maneira semelhante, é possível obter as demais expressões. Também é possível demonstrar esse resultado para triângulos obtusângulos e para triângulos retângulos. Figura 1.41 | Triângulo ABC acutângulo e uma de suas alturas Fonte: elaborada pelo autor. Faça você mesmo Demonstre as demais relações A ab C= ⋅ 2 sen^ e A ac B= ⋅ 2 sen^. U1 - Trigonometria no triângulo 55 Outras propriedades geométricas: alturas, medianas, bissetrizes internas e circunferências inscritas ou circunscritas Conhecendo as medidas dos lados e dos ângulos internos de um triângulo qualquer, podemos deduzir fórmulas que permitem o cálculo de segmentos notáveis desse triângulo: alturas, medianas, bissetrizes internas, raio da circunferência inscrita ou circunscrita. A dedução dessas fórmulas utiliza os resultados estudados nessa e nas seções anteriores: teorema de Pitágoras, relações métricas e trigonométricas no triângulo retângulo, lei dos senos, lei dos cossenos e área de um triângulo qualquer. No entanto, devido à extensão dos cálculos vamos deduzir apenas a primeira delas. A dedução das demais ocorre de maneira semelhante e pode ser encontrada no livro do professor Gelson Iezzi (1993, p. 263). Num triângulo ABC, conhecendo-se as medidas dos lados a, b e c, podemos calcular as três alturas. Sem perda de generalidade, considere um triângulo ABC, cuja altura h é traçada sobre o lado BC , dividindo-o em dois segmentos de medidas m e n, como mostra a Figura 1.42. Reflita Dependendo das medidas conhecidas, podemos utilizar uma fórmula diferente para calcula a área do triângulo. Conhecendo as medidas da base (b) e da altura (h), utilizamos a fórmula A b h= ⋅ 2 . Já conhecendo as medidas de dois lados (b e c) e do ângulo formado por eles (A^), utilizamos a fórmula A bc A= ⋅ 2 sen ^. Mas e se conhecermos apenas as medidas dos três lados? Será que existe uma fórmula para calcular a área desse triângulo? Se você ficou curioso, pesquise pela fórmula de Herão, cujo nome é em homenagem ao matemático Herão de Alexandria, que viveu por volta da segunda metade do século I d.C. E porque não existe uma fórmula para calcular a área de um triângulo conhecendo apenas as medidas dos três ângulos? U1 - Trigonometria no triângulo56 Figura 1.42 | Triângulo ABC e altura relativa ao lado BC Fonte: elaborada pelo autor. O teorema de Pitágoras, aplicado ao triângulo retângulo DBA, deriva a expressão seguinte: c n h2 2 2= + (1) E, aplicado ao triângulo retângulo DCA, resulta em: b m h h b m2 2 2 2 2 2= + ⇒ = − (2) Como n a m= − , elevando ao quadrado ambos os membros, temos: n a m n a am m2 2 2 2 22= −( ) ⇒ = − + (3) Substituindo (3) e (2) em (1), segue que: c a am m b m am a b c m a a b c2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 22 2 1 2 = − + + − ⇒ = + − ⇒ = + −( ) (4) Substituindo (4) em (2), tem-se: h b a a b c b a b c a a b a b c 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 4 4 = − + −( ) = − + −( ) = − + − 22 2 24 ( ) = a = ( ) − + −( ) = ( ) + + −( ) ⋅ ( ) − + −2 4 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2ab a b c a ab a b c ab a b c(( ) = 4 2a a ab b c c a ab b a a b c c2 2 2 2 2 2 2 2 2 22 2 4 a b a 2 24 = +( ) + ⋅ +( ) − { } ⋅ + −( ) − +( ) { } =a b c a b c c a b c a b a . 4 2 = + +[ ] ⋅ + −[ ] ⋅ + −[ ] − +[ ]a b c a b c c a b c a b a . 4 2 U1 - Trigonometria no triângulo 57 Chamando o perímetro do triângulo ABC por 2p , temos: a b c p a b c a b c c p c p c c a b a b c b p b p + + = + − = + + − = − = −( ) + − = + + − = − = 2 2 2 2 2 2 2 2 2 −−( ) − + = + + − = − = −( ) b c a b a b c a p a p a2 2 2 2 Substituindo essas expressões em (5), temos: h p p c p b p a a h a p p a p b p c2 2 2 2 2 2 4 2 = ⋅ −( ) ⋅ −( ) ⋅ −( ) ⇒ = −( ) −( ) −( ) x y x xy y+( ) = + +2 2 22 x y x xy y−( ) = − +2 2 22 x y x y x y2 2− = +( ) −( ) Atenção Nos cálculos anteriores são utilizados, por mais de uma vez, os seguintes produtos notáveis: Assimile Dado um triângulo ABC qualquer de lados a, b e c, temos: • A altura h relativa ao lado BC é dada por: h a p p c p b p a= −( ) −( ) −( )2 • A mediana m relativa ao lado BC é dada por: m b c a= +( ) −12 2 2 2 • A bissetriz interna s relativa ao lado BC é dada por: s b c bcp p a= + −( )2 U1 - Trigonometria no triângulo58 • O raio r da circunferência inscrita é dado por: r p a p b p c p = −( ) −( ) −( ) • O raio R da circunferência circunscrita é dado por: r abc p p a p b p c = −( ) −( ) −( )4 Em que p é o semiperímetro do triângulo, isto é, p a b c = + + 2 . Sem medo de errar Após o estudo da trigonometria em um triângulo qualquer, vamos retomar a terceira situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Vamos relembrar! Você é docente de certa turma do ensino médio em início de carreira, com a tarefa de elaborar uma atividade prática com o objetivo de calcular a altura de alguns pontos inacessíveis na escola ou próxima a ela, utilizando um teodolito construído pelos próprios alunos. Dessa vez os três pontos tomados como referência para o cálculo não formam necessariamente um triângulo retângulo. A confecção e o uso do teodolito são semelhantes ao solicitado na seção anterior. Nessa nova aula prática, você poderá propor situações mais diversas. Comparando com a situação exemplificada na Seção 1.2, não será necessário marcar o ponto correspondente ao ângulo de 90° no teodolito. Isso facilita o cálculo indireto de outras distâncias, horizontais ou verticais (vide Figura 1.43). U1 - Trigonometria no triângulo 59 Com base nos conteúdos desta seção, conhecendo três informações sobre o triângulo, sendo uma delas, pelo menos, o comprimento de um dos segmentos do triângulo, é possível obter as demais informações. Veja na seção Avançando na prática a seguir, os casos possíveis. Cabe agora a você documentar tudo por meio de um plano de aula. Explique, detalhadamente, os materiais necessários e o passo a passo da construção do teodolito, assim como o processo de medição dos ângulos, as justificativas teóricas, o tempo disponível para a prática, os conteúdos matemáticos envolvidos, os resultados esperados, dentre outros aspectos. Resolver um triângulo qualquer: os quatro problemas clássicos Descrição da situação-problema Suponha ainda que você é docente de certa turma do ensino médio e estão estudando trigonometria, especificamente os assuntos trabalhados nesta seção. Você separou um momento pós-aula para a resolução de exercícios e constatou que alguns alunos apresentam dificuldades na escolha da fórmula correta para resolver o triângulo. Que tal elaborar uma proposta de atividade para discutir com os alunos os quatro problemas clássicos de resolução de triângulos quaisquer? Figura 1.43 | Uso do teodolito para medir a altura de uma árvore, formando um triângulo que não é retângulo Fonte: adaptada de Chavante (2015, p. 311). Avançando na prática U1 - Trigonometria no triângulo60 Resolução da situação-problema Mas você já ouviu a expressão “resolva o triângulo”? Resolver um triângulo qualquer significa calcular seus elementos principais: A^, B^, C ^ , a, b e c. Para isso, é necessário que sejam fornecidos, no mínimo, três informações sobre o triângulo, sendo uma delas, pelo menos, o comprimento de um dos segmentos do triângulo (lado, altura, mediana, bissetriz, etc.). Como já mencionado, os problemas desse tipo recaem num dos quatro problemas clássicos de resolução de triângulos quaisquer, listados a seguir. 1. Resolver um triângulo, conhecendo um lado (a) e dois ângulos adjacentes a ele (B ^ e C ^). 2. Resolver um triângulo, conhecendo dois lados (b e c) e o ângulo que eles formam (A^). 3. Resolver um triângulo, conhecendo os três lados (a, b e c). 4. Resolver um triângulo, conhecendo dois lados (a e b) e o ângulo oposto a um deles. Vamos discutir o último caso. Considere um triângulo ABC, no qual são conhecidos a, b e A^.Precisamos calcular c, B^ e C ^ . Há mais de um método para isso, dependendo da ordem em que eles são calculados. Por exemplo, a medida do ângulo B ^ pode ser obtida com o auxílio de uma tabela trigonométrica ou calculadora científica ao aplicar diretamente a lei dos senos. a A b B B b a A sen sen sen sen= ⇒ = ⋅^ ^^^ Em seguida, com a medida do ângulo B ^ obtida, podemos calcular a medida do ângulo C^. C A B= − +( )180^ ^ ^ Por fim, obtemos a medida do lado c aplicando novamente a lei dos senos. a A c C c a C Asen sen sen sen = ⇒ = ⋅ ^ ^ ^ ^ Ou então, aplicando a lei dos cossenos. c a b ab c c a b ab c2 2 2 2 22 2= + − ⋅ ⇒ = + − ⋅cos cos U1 - Trigonometria no triângulo 61 Que tal agora elaborar um plano de aula contendo uma maneira de resolver os triângulos dos demais casos? A resolução do último caso nos “dá dicas” sobre os demais. Você poderá prever um momento de discussão com os alunos, possibilitando que eles apresentem outras maneiras de resolver cada caso, buscando sempre a simplificações de cálculo. Esse estudo pode ser útil para o desenvolvimento da atividade proposta no tópico Sem medo de errar, apresentado anteriormente. Faça valer a pena 1. Do ponto A, uma pessoa avista um balão sob o ângulo de 65° e a 250 metros dali, no mesmo instante, do ponto C, outra pessoa avista o mesmo balão sob o ângulo de 77°, conforme indicado na Figura 1.44. Assinale a alternativa que contém a distância aproximada do balão à primeira pessoa, nesse instante (considere sen ,38 0 616° = e sen ,77 0 974° = ). a) 395,3 m b) 149,0 m c) 243,5 m d) 410,3 m e) 380,2 m Figura 1.44 | Representação do momento em que duas pessoas avistam um balão, no mesmo instante (os elementos ilustrados não estão em proporção) Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo62 2. Considere uma circunferência construída por um compasso com abertura de 60°. Sabe-se que o comprimento das hastes desse compasso, da ponta até o parafuso de fixação, é de 8 cm, conforme Figura 1.45. Assinale a alternativa que contém a medida do comprimento dessa circunferência. a) 16 cm b) 2π cm c) 16π cm d) 3 2 cm e) 8 cm 3. O Triângulo Mineiro é uma das regiões mais ricas do estado, com a economia voltada principalmente para o agronegócio. A região recebeu este nome justamente porque tem a forma de um triângulo, fazendo divisas com os estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, e tendo como limites os rios Grande e Paraíba e as três cidades mais populosas dessa região. Observe na Figura 1.46 o triângulo formado pelas linhas retas que ligam cada uma delas e duas distâncias. Figura 1.45 | Construção de uma circunferência por um compasso Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo 63 Assinale a alternativa que contém a distância aproximada em linha reta de Uberaba a Patos de Minas, e a área aproximada da região delimitada por esse triângulo, nessa ordem. a) 9312,68; 199 km2 b) 95 km; 9312,68 km2 c) 199 km; 1644,01 km2 d) 210 km; 10213,86 km2 e) 199 km; 9312,68 km2 Figura 1.46 | Triângulo formado pelas cidades Uberlândia, Uberaba e Patos de Minas Fonte: elaborada pelo autor. U1 - Trigonometria no triângulo64 U1 - Trigonometria no triângulo 65 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR. 9050: 2004. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_ generico_imagens-filefield-description%5D_24.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2017. BOYER, Carl Benjamin. História da matemática. Tradução de Elza F. Gomide. São Paulo: Edgard Blucher, 1974. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2014. (Obra completa e didática, com jurisprudência e caso práticos, sobre o Direito do Trabalho e os tópicos estudados nesta unidade) CHAVANTE, Eduardo Rodrigues. Convergências: Matemática. São Paulo: Edições SM, 2015. v. 4. IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de matemática elementar: trigonometria. São Paulo: Atual, 1993. v. 3. ROSA NETO, Eduardo Aparecido da; BALESTRI, Rodrigo Dias. Matemática: interação e tecnologia. São Paulo: Leya, 2013. v.1. RIBEIRO, Jackson da Silva. Matemática: Ciência, linguagem e tecnologia. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2013. v. 3. Unidade 2 Funções e identidades trigonométricas Convite ao estudo Você já participou ou teve oportunidade de assistir a uma prova de atletismo? Já percebeu que na posição de largada de algumas provas, os atletas estão em posições diferentes, ou seja, estão “desalinhados”? Além disso, eles não podem sair de suas raias até a linha de chegada. Por quê? Esse “desalinhamento” ocorre justamente para compensar a diferença da distância percorrida no trajeto das curvas, uma vez que os atletas das raias mais externas percorrem uma trajetória com raio maior. Na parte das curvas, que são arcos de circunferência, as raias possuem raios diferentes e, consequentemente, aumentam de comprimento à medida que o raio da circunferência correspondente aumenta. Se pudéssemos “esticar” as raias a partir da largada de cada atleta, notaríamos que todos possuem o mesmo comprimento, no caso da Figura 2.1, de 200 m. Fonte: adaptada de Rosa Neto e Balestri (2013, p. 8). Figura 2.1 | Trajetos das raias de uma prova de 200 m (os elementos ilustrados não estão em proporção) Mas como é possível calcular o comprimento de um arco de uma circunferência, que não é linear? Essa e outras perguntas podem ser respondidas a partir das relações que estudaremos nesta unidade. E, para deixar o estudo ainda mais interessante, suponha que você foi contratado por uma empresa do ramo educacional para produzir três objetos virtuais interativos, abordando os principais conceitos de funções e identidades trigonométricas. Para isso, você deve utilizar um software matemático que permite construções geométricas de pontos, retas, planos, etc., e que permita também inserir funções e alterar seus parâmetros. Para criar os objetos virtuais, a empresa sugeriu o GeoGebra, que é um programa de computador gratuito com recursos dinâmicos voltados para aprendizagem de Matemática. Disponível em: <www.geogebra.org>. Acesso em: 22 abr. 2017. Esses objetos interativos devem ser elaborados com o objetivo de explorar os conceitos estudados na respectiva seção do livro, de tal maneira que o aluno seja o foco da aprendizagem, com um papel extremamente ativo. No primeiro objeto, relacionado ao conteúdo da seção “Trigonometria na circunferência”, o objetivo é explorar e manipular o “comportamento” das razões trigonométricas na circunferência trigonométrica. No segundo objeto, relacionado ao conteúdo da seção “Funções trigonométricas”, o desafio será construir uma representação animada para os gráficos das funções trigonométricas seno e cosseno. Já o terceiro objeto, relacionado ao conteúdo da seção “Outras identidades trigonométricas”, o objetivo é a verificação das fórmulas de transformação. É possível construir os eixos das razões trigonométricas e as respectivas projeções de um ângulo central no círculo trigonométrico de modo que seja possível manipulá-lo, por meio de controle deslizante ou animação. Em todo caso, é importante explicar as opções de arredondamento, controle deslizante, rastro habilitado, variáveis, grid, entre outras, assim como utilizar imagens obtidas por capturas de tela do software. Vamos lá? U2 - Funções e identidades trigonométricas 69 Seção 2.1 Trigonometria na circunferência Na unidade anterior, utilizamos a trigonometria para calcular medidas de lados ou ângulos internos de triângulos. Estudamos que, para cada ângulo agudo de um triangulo retângulo, temos um valor para seno, um valor para cosseno e um valor para tangente. Nesta seção, os conceitos de seno, cosseno e tangente serão estendidos e formalizados na circunferência. Nesse caso, você irá reconhecer que o cosseno e o seno representam as medidas dos catetos de um triângulo retângulo de hipotenusa 1, poissão as projeções de um ponto nos eixos de uma circunferência. Esses conteúdos servem como base para o trabalho que será desenvolvido posteriormente na unidade, em que serão abordadas as funções trigonométricas e suas propriedades algébricas e gráficas. Vamos voltar também à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Suponhamos que você foi contratado por uma empresa do ramo educacional para produzir um objeto virtual interativo para explorar e manipular o “comportamento” das razões trigonométricas na circunferência trigonométrica. Você conseguiria descrever todas as etapas de elaboração desse objeto com base nos conteúdos desta seção? Uma maneira de fazer isso é por meio de um relatório detalhado, contendo o passo a passo da construção da circunferência trigonométrica e das projeções nos eixos do seno, cosseno e tangente, utilizando, sempre que possível, imagens obtidas por captura de tela do software GeoGebra. Medida linear e medida angular de um arco Como podemos medir um arco AB� ? Imagine um ponto na circunferência deslocando-se de A para B. Ele percorre uma distância sobre a circunferência, digamos , ao mesmo tempo que ele gira um ângulo em torno do centro da circunferência, digamos α . Nesse Diálogo aberto Não pode faltar U2 - Funções e identidades trigonométricas70 caso, é uma medida linear, ou simplesmente comprimento do arco AB� , e a unidade de medida utilizada é a mesma do raio (metro, centímetro etc.), como se fosse “esticado” e medido com uma régua. Já a medida α refere-se à medida angular, ou simplesmente medida do arco AB� , e é igual à medida do ângulo central correspondente. Note que a medida depende apenas da medida do ângulo central, enquanto o comprimento depende também do raio da circunferência que o contém. Na figura a seguir, AB� e CD� têm a mesma medida (med medAB CD� �( ) = ( ) = °60 ), mas comprimentos diferentes ( 1 2< ). Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.1 | Arcos de mesma medida e comprimentos diferentes em circunferências concêntricas Exemplificando Considerando ainda o exemplo da Figura 2.2, para calcular 1 e 2 utilizando uma regra de três simples, pois você deve se lembrar que a circunferência inteira mede 360° e tem comprimento 2≠ r2≠ rπ = 3 14,. Quando necessário, vamos considerar π = 3 14, . U2 - Funções e identidades trigonométricas 71 Mas o grau não é a única unidade de medida para o ângulo. Outra unidade é o radiano. Um arco de medida um radiano (1 rad) tem o mesmo comprimento do raio da circunferência que o contém. 360 60 18 84 18 84 60 360 1130 4 360 3 14 1 1 1 1 = ⇒ ⋅ = ⋅ ⇒ ⇒ = ⇒ , , , , l l l l ≅ Portanto, med medAB CD( ) = ( ) = ϒ60°, mas 1 23 14 5 23= < =, , , como citado anteriormente. 1 Medida (°) Comprimento (cm) 360 60 Medida (°) Comprimento (cm) 360 60 2 18 84 3 14 3 ⋅ =⋅≠ , , } {r cm π 2 31 4 3 14 5 ⋅ =⋅≠ , , } {r cm π 2 360 60 31 4 31 4 60 360 1884 360 5 23 2 2 2 2 = ⇒ ⋅ = ⋅ ⇒ ⇒ = ⇒ , , , l l l l ≅ U2 - Funções e identidades trigonométricas72 Reflita Qual a vantagem em utilizar a medida de um arco em radianos ao invés de em graus? A resposta é que podemos fazer uma associação entre a medida e o comprimento do arco. Por exemplo, quando temos um arco que mede α radianos, podemos deduzir que seu comprimento corresponde ao de α vezes o comprimento do raio dessa circunferência. Com base na relação entre as unidades angulares, podemos converter uma medida de arco de graus para radianos e vice-versa. Por exemplo, 1 4 de volta mede 90° ou ≠ 2 π rad; 1 2 de volta mede 180° ou ≠π rad; 3 4 de volta mede 270° ou 3 2 ≠π rad; e 1 volta mede 360° ou 2≠π rad. Circunferência trigonométrica Considere novamente um ponto na circunferência, deslocando- se de A para B. Em algumas situações, poderíamos questionar: em qual sentido esse ponto se desloca: horário ou anti-horário? E se esse ponto Pesquise mais No objeto interativo, disponível em: <https://www.geogebra.org/m/ M3vta5Uv#material/zEpUdwCJ>. Acesso em: 26 abr. É possível manipular e comparar as medidas em graus e em radianos de um arco de até uma volta completa. Dica Algumas calculadoras científicas oferecem três opções para a unidade de medida de ângulo: graus (Deg), radianos (Rad) ou grados (Gra). Essas opções são úteis para realizar uma conversão de medida angular ou calcular o valor do seno, cosseno ou tangente de um ângulo em radianos. Consulte essas e outras funções no manual de certo modelo de calculadora científica. Disponível em: <http://support.casio.com/storage/ pt/manual/pdf/PT/004/GY300_Dtype_PT.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2017. Dica U2 - Funções e identidades trigonométricas 73 girou mais do que uma volta completa? Para responder a perguntas desse tipo, vamos construir uma circunferência trigonométrica ou ciclo trigonométrico. Para isso, tome uma circunferência de centro O e raio unitário, e, em seguida, posicione o centro dessa circunferência sob a origem de um sistema de coordenadas cartesianas, que irá dividi-la em quatro partes, denominadas quadrantes. Vamos convencionar que todo arco tem origem no ponto A 0 1,( ) e com medida positiva no sentido anti-horário e negativa no sentido horário. Desse modo, a cada ponto P da circunferência trigonométrica, está associado o arco AP de medida α (em graus ou radianos). Observe algumas medidas de arcos na circunferência trigonométrica nos dois sentidos. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.3 | Quadrantes e arco AP de medida α em uma circunferência trigonométrica Atenção É importante destacar que, como o raio da circunferência trigonométrica é 1 unidade, a medida do arco em radianos é numericamente igual ao seu comprimento. Portanto, daqui em diante, deixaremos de utilizar a notação rad para indicar um arco na circunferência trigonométrica. U2 - Funções e identidades trigonométricas74 Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.4 | Alguns arcos no sentido anti-horário (a) e no sentido horário (b), em graus e radianos Figura 2.5 | (a) arco AP de extremidade em 60° ou ≠ 3 π ; (b) arco AP de extremidade em -300° ou − 5 3 ≠π ; (c) arco AP de extremidade em 420° ou 7 3 ≠π a) a) b) b) c) Como o ponto P também pode dar mais de uma volta completa, ele está associado a infinitos arcos. Por exemplo, o ponto P pode estar associado à extremidade final de um arco AP de medidas 60° ou ≠ 3 π, -300° ou − 5 3 π (se ele estivesse se deslocado no sentido horário), ou mesmo 420° ou 7 3 ≠π , conforme ilustra a figura a seguir. Note que 60 360 420° + ° = ° uma volta completa ou π π π 3 2 7 3 + = uma volta completa . Além disso, o ponto P poderia dar k voltas completas, em ambos os sentidos. Em todo caso, eles se diferenciam apenas no sentido de deslocamento ou na quantidade de voltas e podemos representar a medida do arco AP por U2 - Funções e identidades trigonométricas 75 Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.6 | Arco AP de medida α em uma circunferência trigonométrica e as projeções do ponto P nos eixos x e y 60 360° + ⋅ °k ou π π 3 2+ ⋅k , com k ∈ . Dizemos então que eles são arcos côngruos. Seno, cosseno e tangente na circunferência trigonométrica Considere o arco AP na circunferência trigonométrica a seguir. Como a medida da hipotenusa no triângulo retângulo OPP ' é 1 unidade, das razões trigonométricas seno e cosseno, temos: sen ' ' 'α = = =PP OP PP PP 1 cos ' ' 'α = = =OP OP OP OP 1 Isso nos leva a perceber que, dado um arco de medida α e extremidade P, as projeções do ponto P nos eixo x e y representam o Assimile A expressão geral dos arcos côngruos a um arco AP de medida α , com 0 360≤ < °α ou 0 2≤ <α π pode ser escrita como: α + ⋅ °k 360 ou α π+ ⋅k 2 , com k ∈ O arco AP de medida α é chamado 1ª determinação positiva dos côngruos a ele. • AP : arco cujo ângulo central tem medida • P ' : projeção do ponto P no eixo x • OP : raio da circunferência
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