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ROTINAS ADMINISTRATIVAS EM DEPARTAMENTO mod 3

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ROTINAS ADMINISTRATIVAS EM DEPARTAMENTO 
PESSOAL 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ROTINAS ADMINISTRATIVAS EM DEPARTAMENTO 
PESSOAL 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO .......................................................... 4 
DIREITOS ................................................................................................................... 4 
AVISO-PRÉVIO .......................................................................................................... 8 
ÉTICA ....................................................................................................................... 17 
RESPONSABILIDADE SOCIAL .............................................................................. 42 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
 
Rescisão/Extinção do Contrato de Trabalho 
 
Quando um contrato vigora por tempo indeterminado, decidindo uma das 
partes, por manifestação de vontade própria, colocar um ponto final no vínculo 
empregatício, teremos a rescisão. Porém, a rescisão não ocorre apenas em um 
contrato por tempo indeterminado, pois, nos contratos a prazo determinado que não 
terminam no prazo previsto, por vontade de uma das partes, ocorrerá também a 
rescisão. 
 
Suspensão/Interrupção Contratual 
A suspensão e a interrupção do contrato de trabalho também merecem 
atenção, pois, para que se possa compreender o sentido que será dado quando do 
afastamento do empregado durante o aviso-prévio, tais definições são 
indispensáveis. Assim sendo, teremos: 
Na Suspensão - não há trabalho; não há salário; não é computado como 
tempo de serviço (ex. serviço militar). 
Na Interrupção - não há trabalho; há pagamento de salário; é computado 
como tempo de serviço (ex. 15 primeiros dias de afastamento por doença). 
 
DIREITOS 
 
Recolhimento Rescisório ao FGTS 
 
Toda vez que a empresa tiver casos de dispensa sem justa causa, por culpa 
recíproca, força maior ou término do contrato a termo, ficará obrigada ao 
recolhimento da multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que consiste 
em 40% do valor depositado na conta vinculada do empregado, mais o valor da 
rescisão; porém, a Lei Complementar n° 110/01, com regulamentação pelo Decreto 
5 
 
 
n° 3.914/01, ensejou algumas alterações e instituiu a Contribuição Social, que eleva 
o recolhimento para 50%; porém os 10% ficarão por conta da empresa, e a Caixa 
Econômica Federal irá reter esse valor, ficando para o empregado somente os 40%. 
A caixa disponibilizou um novo documento destinado ao recolhimento do 
FGTS, que é a GRFC Recolhimento Rescisório do FGTS e da Contribuição Social. 
 
Direitos sobre Verbas Rescisórias 
 
No quadro a seguir constam os direitos dos empregados em algumas das 
diversas hipóteses de rescisão contratual. 
 
INCIDÊNCIA DOS ENCARGOS SOCIAIS SOBRE VERBAS RESCISÓRIAS 
 
1 INSS FGTS IR 
 
Aviso-prévio trabalhado x x x 
2 Aviso-prévio indenizado - x - 
3 13º Salário 1ª parcela - x - 
4 13º Salário 2ª parcela x x x 
5 13º Salário proporcional x x x 
6 13º Salário sobre aviso-prévio indenizado - x x 
7 Férias Gozadas x x x 
8 Férias Indenizadas - - x 
9 Férias Proporcionais x x x 
10 Férias em Dobro (Inden. Art. 137 da CLT) - - x 
11 Abono de Férias (pagamento dos 10 dias) - - x 
12 1/3 constitucional (férias gozadas) x x x 
13 1/3 constitucional (férias indenizadas) - - x 
14 Saldo de Salário x x x 
15 Pagamento dos 15 dias (auxílio-doença) x x x 
16 Comissões x x x 
17 Horas-extras x x x 
18 Adicional noturno x x x 
19 Adicional de insalubridade x x x 
20 Adicional de periculosidade x x x 
6 
 
 
21 Salário-maternidade x x x 
22 Licença-paternidade x x x 
23 Gratificações habituais x x x 
24 Quebra de caixa x - x 
25 Diárias para viagens até 50% do salário - - - 
26 Diárias para viagens acima de 50% do salário x x x 
27 Prêmios x x x 
28 Gorjetas espontâneas (estimativa) x x x 
29 Gorjeta obrigatória x x x 
30 Indenização (dispensa 30 dias da data base) - - - 
31 Indenização por tempo de serviço - - - 
32 Estagiários - - x 
33 Autônomos x - x 
34 Prestação de serviço militar obrigatório - x - 
 
INCIDÊNCIA DOS ENCARGOS SOCIAIS SOBRE VERBAS RESCISÓRIAS 
 
DIREITO SOBRE VERBAS RESCISÓRIAS 
 
 
 Contrato a prazo Indeterminado 
Por Iniciativa do empregador 
Sem Justa Causa 
Antes de comp. 
1 ano de serviço 
sim sim não sim sim sim sim sim sim Simcod01 
Após 1 ano de 
serviço 
sim sim sim sim sim sim sim sim sim Simcod01 
151 
Extinção-Motivo Saldo de 
Salário 
Aviso- 
Prévio 
Férias 
Vencidas 
Férias 
Proporcionais 
Adiciona 
l de 1/3 
º 13 
Salário 
FGTS 
Depósito em conta Vinculada Código 
de 
Saque 
de 
Conta 
Vincula 
da 
8 ,5% Mês 
da 
Rescisão 
8 ,5% 
Mês 
Anterior 
50 % dos 
Depósitos 
 Devidos 
7 
 
 
Com Justa Causa 
Antes 1 ano de 
serviço 
sim não não não não não sim sim não - 
Após 1 ano de 
serviço 
sim não sim não sim não sim sim não - 
Por Iniciativa do empregado 
Pedido de demissão 
Antes de comp. 
1 ano de serviço 
sim não não sim sim sim sim sim não Não(5) 
Após 1 ano de 
serviço 
sim não sim sim sim sim sim sim não Não(5) 
Extinção antecipada do contrato a prazo sem previsão de aviso-prévio 
Por Iniciativa do empregador 
Sem Justa Causa 
Contr.Por 
menos de 1 ano 
sim não não sim sim Sim Sim sim sim Simcod01 
Contr.de 1 ano 
até 2 anos 
sim Não sim sim sim sim Sim sim sim Sim-152 
cod01 
Com Justa Causa 
Antes 1 ano de 
serviço 
sim não não não não não Não não não 
 
Não 
Após 1 ano de 
serviço 
sim não sim não sim não Sim não não não 
Por Iniciativa do empregado 
Pedido de demissão 
8 
 
 
Contr.Por 
menos de 1 ano 
sim não não sim sim sim Sim sim não Não(5) 
Contr.de 1 ano 
até 2 anos 
sim Não sim sim sim sim Sim sim não Não(5) 
Extinção automática (término normal) do contrato a prazo determinado, com ou sem aviso-prévio 
Sem Justa Causa 
Contr.Por 
menos de 1 ano 
sim não não sim sim Sim Sim sim não Simcod04 
Contr.de 1 ano 
até 2 anos 
sim Não sim sim sim sim Sim sim sim Simcod04 
 
Obs. Estas duas tabelas alteram de acordo com a lei vigente do período. 
Acompanhar o período vigente. 
 
AVISO-PRÉVIO 
 
É um documento imposto tanto ao empregado como ao empregador quando 
uma das partes decide rescindir com o contrato estabelecido na CTPS. 
 
Aviso-Prévio do Empregado para o Empregador 
 
 O empregado deverá informar com 30 dias de antecedência sua decisão. 
Caso contrário, o empregador poderá descontar o valor de um salário em sua 
rescisão. 
 
 
Aviso-Prévio do Empregador para o Empregado 
9 
 
 
 
 A empresa deverá informar o empregado com 30 dias de antecedência e 
este poderá sair 2 horas antes, ou seja, cumprirá uma carga horária de 6 horas 
diárias. Se não houver o cumprimento, por vontade do empregador, este deverá 
indenizar a quantia de seu salário. 
 
Comunicação 
 
A notificação do aviso-prévio deverá ser feita por escrito, tanto por parte da 
empresa como do empregado. 
 
Pagamento das Verbas Rescisórias 
 
Mensalista, Horista e Quinzenalista: O valor do salário do mês. 
 
Tarefeiro: O cálculo deverá ser feito pela média dos últimos 12 (doze) meses 
de serviço (3° do art.
478 da CLT). 
 
Comissionista: Neste caso, por analogia e decisões dos tribunais, apura-se a 
média dos meses trabalhados. 
 
OBSERVAÇÃO: 
Caso o empregado tenha trabalhado menos de 12 meses, apura-se a média 
dos meses trabalhados. 
 
SEGURO DESEMPREGO 
 Terá o direito de receber o seguro-desemprego, criado pela Lei 4.923, de 
23/12/65 e regulado pela Lei 7.998, de 11/01/90, o trabalhador dispensado sem justa 
causa que comprove: 
 
10 
 
 
 Ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela 
equiparada, nos últimos 6 (seis) meses anteriores à data da dispensa; 
 Ter trabalhado na condição de empregado, para pessoa jurídica ou 
pessoa física a ela equiparada, ou ter exercido atividade autônoma durante pelo 
menos 15 meses ininterruptos nos últimos 24 meses. Nestes termos, o programa 
abrange, entre outros, o empregado rural, empregado de empresas privadas e os 
profissionais liberais, ficando excluído o empregado doméstico (a quem esse 
benefício não foi estendido, como se depreende do disposto no artigo 7º, inciso II, 
parágrafo único da Constituição Federal). 
 Não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário (excetuando o 
auxílio acidente, auxílio suplementar e abono de permanência em serviço). 
 Não estar em gozo do auxílio-desemprego. 
 Não possuir renda própria de qualquer natureza, suficiente à sua 
manutenção e de sua família. 
 
Período de Concessão 
 
O benéfico do Seguro-Desemprego será concedido ao trabalhador 
desempregado, por um período máximo de 5 (cinco) meses, de forma contínua ou 
alternada, a cada período aquisitivo de 16 (dezesseis) meses, contados da data de 
dispensa que deu origem à primeira habilitação. 
 
Período de Trabalho Parcelas 
De 6 a 11 meses 3 
De 12 a 23 meses 4 
Acima de 24 meses 5 
 
Valor do Benefício 
 
11 
 
 
 O valor do benefício será fixado em Bônus do Tesouro Nacional - BNT, 
devendo ser calculado segundo 3 (três) faixas salariais. Para fins de apuração do 
benefício será considerada a média dos salários dos últimos 3 (três) meses 
anteriores à dispensa, devidamente convertidos em BTN pelo valor vigente nos 
respectivos meses trabalhados. 
 
Suspensão do Benefício 
 
O pagamento do benefício do Seguro-Desemprego será suspenso nas 
seguintes situações: 
 Admissão do trabalhador em novo emprego; 
 Início de percepção de benefício de prestação continuada da prestação 
da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente, o auxílio suplementar e o abono de 
permanência em serviço; 
 Início de percepção de auxílio-desemprego. 
 
Cancelamento do Benefício 
 
O pagamento do benefício do Seguro-Desemprego será cancelado: 
 
I - Pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro 
emprego condizente com sua qualificação e remuneração anterior; 
II - Por comprovação de falsidade na prestação das informações 
necessárias à habilitação; 
III - Por comprovação de fraude visando à percepção indevida do 
benefício do Seguro-Desemprego; 
IV - Por morte do beneficiário 
 
GFIP (GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E INFORMAÇÕES À 
PREVIDÊNCIA SOCIAL) 
 
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O recolhimento do FGTS deverá ser feito através da GFIP - Guia de 
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social, guia impressa pelo 
SEFIP- programa disponibilizado pela Caixa Econômica Federal. A guia será paga 
acompanhada de um disquete com o arquivo da RE (Relação de Empregados) para 
individualização das contas. 
 
CAGED (CADASTRO GERAL DE EMPREGADO E DESEMPREGADO) 
 
 Este documento é uma obrigação legal e tem o objetivo de informar à 
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) a movimentação dos empregados por 
transferência, dentro de uma empresa, bem como a quantidade de empregados 
demitidos e admitidos. Sendo a DRT um órgão do Ministério do Trabalho, a exatidão 
dos dados fornecidos através deste documento propiciará àquele órgão a apuração 
dos índices de emprego no país, além de outros estudos estatísticos de interesse 
nacional (Lei 4923/65). 
 
Preenchimento 
 
 O CAGED deve ser preenchido mensalmente (VIA Internet). Neste caso, as 
informações poderão, também, ser informatizadas, desde que se afirme convênio 
com o Ministério do Trabalho. 
 
 
 
Multa 
 
 A multa que decorre do não cumprimento desta lei é a seguinte: um nono do 
salário-mínimo por empregado não informado; decorridos 30 dias após o vencimento 
do prazo, a multa se eleva par um sexto salário-mínimo; decorridos 90 dias, multa se 
eleva para um terço. A multa somente será válida se apurada por fiscalização do 
trabalho, a qual será recolhida pelo documento “DARF", no código 3391. 
13 
 
 
 
 
RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) 
 
 Além da contribuição mensal ao programa, as empresas têm a obrigação de 
informar os dados de seus empregados, anualmente, através da RAIS, artigo 360, 
CLT. A RAIS foi criada pelo Decreto 76.900/75. O programa é administrado pela 
Caixa Econômica Federal, que aplica o dinheiro recolhido e distribui aos 
empregados cadastrados, de acordo com as informações prestadas pela RAIS. O 
procedimento para preencher a RAIS é efetuado apenas pela Internet. 
Para mais informações, acesse: www.mte.gov.br. Este site é do Ministério do 
Trabalhado e Emprego e fornece as informações e programas para o cadastramento 
de empregados. 
 
HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
Do ponto de vista da Administração de Recursos Humanos, a saúde e a 
segurança dos empregados constituem uma das principais bases para a 
preservação da força de trabalho adequada. De modo genérico, Higiene e 
Segurança do Trabalho compõem duas atividades intimamente relacionadas, no 
sentido de garantir condições pessoais e materiais de trabalho capazes de manter 
certo nível de saúde dos empregados. Segundo o conceito emitido pela Organização 
Mundial de Saúde, a saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e 
social e que não consiste somente na ausência de doença ou de enfermidade. 
A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que 
visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos 
riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são 
executadas. Segurança e higiene do trabalho são atividades interligadas que 
repercutem diretamente sobre a continuidade da produção e sobre a moral dos 
empregados. Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, 
educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer 
14 
 
 
eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as 
pessoas da implantação de práticas preventivas. 
A atividade de Higiene do Trabalho no contexto da gestão de RH inclui uma 
série de normas e procedimentos visando, essencialmente, à proteção da saúde 
física e mental do empregado, procurando resguardá-lo dos riscos de saúde 
relacionados com o exercício de suas funções e com o ambiente físico onde o 
trabalho é executado. Hoje a Higiene do Trabalho é vista como uma ciência do 
reconhecimento, avaliação e controle dos riscos à saúde, na empresa, visando à 
prevenção de doenças ocupacionais. 
A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu Capítulo V, Seção I, 
preceitua: 
Artigo 157 - Cabe às empresas: 
I – Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do 
trabalho; 
II – Instruir empregados, através de ordens de serviço, quanto às 
preocupações a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças 
ocupacionais; 
III - Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional 
competente; 
IV – Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. 
 
Sendo uma atividade que visa o bem-estar do empregado e, fatalmente, 
resultando em economia ao empregador, além de uma obrigatoriedade, a Higiene do 
Trabalho tem outras finalidades. De acordo com
o citado por CARVALHO (1998, p. 
296) destacam-se: a eliminação das causas das doenças profissionais; redução dos 
efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas doentes ou portadores de 
defeitos físicos; prevenção do agravamento de doenças e lesões e manutenção da 
saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por meio de controle do 
ambiente de trabalho; sendo que os objetivos podem ser perfeitamente atingidos por 
intermédio da educação dos operários, chefes, gerentes, indicando os perigos e 
ensinando como evitá-los, mantendo constante estado de alerta contra os riscos 
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existentes na fábrica e pelos estudos e observações dos novos processos ou 
materiais a serem utilizados. 
A atividade de higiene do trabalho, no contexto da gestão de Recursos 
Humanos, inclui uma série de normas e procedimentos visando, essencialmente, a 
proteção da saúde física e mental do empregado, procurando resguardá-lo dos 
riscos de saúde relacionados com o exercício de suas funções e com o ambiente 
físico onde o trabalho é executado. 
Entre as finalidades da higiene do trabalho, destacam-se: 
a) Eliminação das causas das doenças; 
b) Redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas 
doentes ou portadoras de defeitos físicos; 
c) Prevenção do agravamento de doenças e de lesões; e, 
d) Manutenção da saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por 
meio de controle do ambiente de trabalho. 
 
A higiene do trabalho refere-se a um conjunto de normas e procedimentos 
que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos 
riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são 
executadas. (CHIAVENATO, 1995, p. 425). O processo de higiene do trabalho 
envolve, paralelamente, a análise e o controle das condições de trabalho da 
organização, as quais influenciam, obrigatoriamente, o comportamento humano. 
Na gestão de Recursos Humanos, a segurança do trabalho é identificada 
como sendo um conjunto de medidas técnicas, educativas, médicas e psicológicas 
empregadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do 
ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas de práticas preventivas. A 
segurança do trabalho, como instrumento de prevenção de acidentes na empresa, 
deve ser considerada, ao mesmo tempo, como um dos fatores decisivos do aumento 
da produção. 
Levando-se em conta que tais acidentes exercem uma condição 
extremamente negativa no processo produtivo, ocasionando perdas totais ou 
parciais da capacidade humana de trabalho e de equipamentos, ferramentas etc., 
16 
 
 
faz-se a relação direta da importância e do alcance da segurança no trabalho. Pode-
se afirmar que o acidente é um acontecimento não planejado e não controlado, em 
que a ação ou reação de um objeto, substância, radiação ou indivíduo, resulta num 
acidente pessoal ou na sua probabilidade. 
Como se torna impraticável identificar e registrar o comportamento que 
poderia ter provocado o acidente ou lesão, os acidentes são encarados como 
ocorrências em que se manifestam lesões físicas, as quais, via de regra, constituem 
acidentes pessoais. Sob o ponto de vista puramente preventivo, pode-se identificar a 
causa do acidente como sendo todo fator que, se não for removido a tempo, 
conduzirá inevitavelmente ao acidente propriamente dito. 
Embora os acidentes não sejam inevitáveis e não se manifestem por acaso, 
eles são provocados e, por isso mesmo, podem e devem ser prevenidos através da 
eliminação de suas causas. Há dois tipos de fatores na manifestação das causas de 
acidentes: 
 
Fatores Pessoais – Dependendo do próprio indivíduo, os fatores pessoais 
podem ser classificados da seguinte maneira: 
 
Características Pessoais – Personalidade, Inteligência, Motivação etc. 
Tendências predispostas do comportamento – Atitudes e hábitos 
indesejáveis, falta de habilidade etc. 
Tipos de comportamentos – Desatenção, esquecimento etc. 
 
Fatores Materiais ou Situacionais – Os fatores materiais decorrem das 
condições dos locais de trabalho: 
 
Características gerais da situação – Presença de agentes potencialmente 
causadores de acidentes, como equipamentos e objetos móveis. 
Características predispostas da situação – Probabilidade de circunstâncias 
provocadoras de acidentes, como falha no equipamento. 
17 
 
 
O acidente não é provocado por uma determinada causa isolada, mas sim, 
por atos e condições inseguras que encadeiam o processo e provocam o acidente. 
Em termos de prevenção de acidentes, as condições inseguras e os atos inseguros 
são igualmente importantes na gênese dos acidentes, devendo-se dar, em 
consequência, igual importância à remoção dos dois tipos de causas. 
 
CIPA (COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES) 
 
 A CIPA tem sido um recurso de extrema valia no sentido de prevenir e 
combater acidentes no trabalho, envolvendo, entre outras, as seguintes atividades: 
Orientação no combate ao fogo, bem como na utilização de protetores, 
equipamentos de segurança e outros instrumentos destinados a prevenir acidentes 
no local de trabalho. 164 Treinamento de equipes no combate a acidentes do 
trabalho. Controle na aplicação de medidas de segurança, seja em virtude de lei, ou 
determinadas pela empresa. Encaminhamento à diretoria da empresa sugestões e 
planos de trabalho que visem diminuir e até eliminar acidentes. 
 
 
 
ÉTICA 
 
O termo Ética é de origem grega, êthos, que significa comportamento. O 
sentido de êthos passou, com o tempo, por modificações, denominando, 
inicialmente, o local da morada, habitação; depois significou a atitude do homem 
perante a sociedade, seus valores espirituais em relação ao mundo. A partir de 
Aristóteles (384-322 a. C.), o termo denomina o caráter de cada pessoa, seu modo 
de ser derivado da vida social. 
Embora, há muito tempo, filósofos e moralistas tenham buscado transplantar 
para a prática os preceitos da ética, apenas recentemente sentiu-se a necessidade 
de estruturar a matéria sob o nome Deontologia (do grego deontos = dever e logos = 
estudo), ou seja, ciência dos deveres do homem em geral, cidadão ou profissional. 
18 
 
 
De início, tais deveres foram apresentados de forma assistemática, dispersos em 
várias constituições e leis. Por exemplo, a Constituição francesa do Ano III, votada 
pela Convenção em agosto de 1795, em Paris, proclamava: 
 
Art. 1º - A conservação da sociedade reclama que os que a compõem 
conheçam e cumpram os seus deveres. 
Art. 2º - Todos os deveres do homem e do cidadão derivam dos 166 seguintes 
dois princípios gravados, pela natureza, em todos os corações: não faças a outrem o 
que não queres que te façam; faze aos outros o que quiseres receber. (...) 
Art. 6º - Aquele que viola abertamente as leis declara-se em estado de guerra 
com a sociedade. 
Art. 7º - Aquele que, sem violar abertamente as leis, procurar iludi-las pela 
astúcia ou pela habilidade, ferirá os interesses de todos e tornarse-á indigno da sua 
benevolência e estima. 
 
Como a dispersão dos preceitos éticos dificultava sua invocação, sua 
codificação em cada profissão não tardou a ser cada vez mais individualizada e 
especializada. Quanto ao conceito de ética propriamente dita, não existe 
unanimidade entre os autores, embora haja alguma semelhança nas definições 
propostas. Transcrevemos, não obstante, duas conceituações clássicas, a título de 
informação: Parte da filosofia que se ocupa em conhecer o homem, com respeito à 
moral e costumes; que trata da natureza como ente livre, espiritual; da parte que o 
temperamento e as paixões podem ter na sua índole, e costumes; da sua 
imortalidade, bem-aventurança, e meios de a conseguir em geral; os antigos 
compreendiam nela a parte que trata dos ofícios ou deveres. (SILVA, Antonio de 
Moraes, Dicionário da Língua Portuguesa, 6. ed., 1. v. Lisboa, 1858).
Outra conceituação é a seguinte: Ciência dos costumes, parte da filosofia 
moral que trata dos deveres sociais do homem, dos ofícios ou obrigações mútuas. 
(ALMEIDA, D. José Maria de; LACERDA, Araújo Corrêa de. Dicionário 
19 
 
 
Enciclopédico... Seguido de Dicionário de Synonymos com Reflexões Críticas, 
, 3. ed., 1. v., Lisboa, 1868). 
A par da dificuldade da sua conceituação, percebe-se que com o termo Ética 
concorrem outros que lhe são análogos e que denominam outras disciplinas, como 
etocracia, etogenia, etologia e etopsicologia, assim definidas: Etocracia = forma ideal 
de governo fundada na moral; Etogenia = ciência que estuda a origem ou causa dos 
costumes dos povos; bem como de seu caráter; Etologia = ciência dedicada ao 
estudo dos caracteres, usos e costumes do homem considerado no plano moral; 
Etopsicologia = psicologia dos costumes, considerados nos aspectos morais. 
Pois bem, nenhuma sociedade pode sobreviver sem normas de conduta; há 
que haver um mínimo ético, sem o qual ela se desagrega. Três requisitos de ordem 
ética se impõem na preservação do grupo social: 
a) disciplina, a exigir poder e autoridade capazes de garantir a ordem; 
b) adaptação à vida social, vale dizer, aceitação do grupo às normas nele 
vigentes; 
c) autonomia da vontade, fundada nos princípios fundamentais da lei moral e 
de uma escala de valores que cada qual deve adotar livremente. 
 
Em síntese: 
a) a ética observa o comportamento humano e aponta seus erros e desvios; 
b) formula os princípios básicos a que deve subordinar-se a conduta do 
homem, onde quer que se encontre; 
c) a par de valores genéricos e estáveis, a ética é ajustável a cada época e a 
cada circunstância; 
d) a ética depende da filosofia, pois, cada sistema moral baseia-se em outro, 
de natureza filosófica e, consequentemente, ela varia com as filosofias. 
Concluindo: a ética não deve ser considerada como fonte de pesadas e 
enfadonhas obrigações, mas como uma filosofia moral dignificante. 
 
Respeito à Ética do Mercado 
 
20 
 
 
Enquanto a ética profissional está voltada para as profissões, os profissionais, 
as associações e entidades de classe do setor correspondente, a ética empresarial 
atinge as empresas e organizações em geral. A empresa necessita desenvolver-se 
de tal forma que a ética, a conduta de seus integrantes, bem como os valores e 
convicções primários da organização se tornem parte de sua cultura. A postura ética 
constrói ou destrói a reputação de uma empresa. A adoção de um comportamento 
ético consagra valor à imagem da empresa. 
O exemplo deve ser dado pelo líder. Os seus colaboradores irão seguir o seu 
exemplo. A atuação baseada em princípios éticos é uma manifestação da 
responsabilidade social da empresa. Uma empresa ou entidade tem que ser, 
obrigatoriamente, percebida como um elemento ativo do contexto social (cultural, 
político, econômico, etc.) e esse fato remete a compromissos e responsabilidades 
que elas (empresa ou entidade) devem ter com a sociedade como um todo. 
O conceito de ética empresarial ou organizacional (ou ainda, de ética nos 
negócios) tem a ver com este processo de inserção. A empresa ou entidade deve 
estar presente de forma transparente e buscando sempre contribuir para o 
desenvolvimento comunitário, praticando a cidadania e a responsabilidade social. A 
ética social se pratica internamente, recrutando e formando profissionais e 
executivos que compartilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o 
pluralismo, relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos, 
adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, cultivando a liberdade 
de expressão e a lisura nas relações comerciais. 
Ainda que se possa, filosófica, doutrinária e ideologicamente, conceber 
conceitos distintos para a ética social, há algo que não se pode ser contrariado 
jamais: a ética social é um atributo indispensável para as organizações que querem 
manter-se vivas no mercado e a sociedade está cada vez mais alerta para os 
desvios de conduta das organizações. 
Valer-se do abuso econômico, constranger adversários que exprimem ideias 
distintas, desrespeitar os funcionários, impondo-lhes condições adversas de 
trabalho, agredir o meio ambiente, não priorizar a qualidade na fabricação de 
produtos ou na prestação de serviços e usar procedimentos escusos para obter 
21 
 
 
vantagens a todo custo (corrupção, manipulação de balanços, formação de cartéis 
etc.) são alguns destes desvios que afastam a empresa de sua verdadeira função 
social. 
O trabalho “A ética nas organizações”, da Coleção Reflexão, do Instituto 
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, de março de 2001, define, através 
do extrato, a seguir, com coerência e adequação, o conceito de ética empresarial 
como: Não sendo a ética empresarial um valor acrescentado, mas intrínseco da 
atividade econômica e empresarial, pois esta atrai para si uma grande quantidade de 
fatores humanos e os seres humanos conferem ao que realizam, inevitavelmente, 
uma dimensão ética. A empresa, enquanto instituição capaz de tomar decisões e 
como conjunto de relações humanas com uma finalidade determinada, já tem, desde 
seu início, uma dimensão ética. 
Uma ética empresarial não consiste somente no conhecimento da ética, mas 
na sua prática. E este praticar concretiza-se no campo comum da atuação diária e 
não apenas em ocasiões principais ou excepcionais geradoras de conflitos de 
consciência. Ser ético não significa conduzir-se eticamente quando for conveniente, 
mas o tempo todo. Assegurar a conduta da organização dentro da visão do conceito 
exposto é a garantia de estarmos perante a empresa com elevada responsabilidade 
social. 
 
Ética Empresarial - Ética e Negócios 
 
Enquanto a ética profissional está voltada para as profissões, os profissionais, 
associações e entidades de classe do setor correspondente, a ética empresarial 
atinge as empresas e organizações em geral. A empresa necessita desenvolver-se 
de tal forma que a ética, a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores e 
convicções primários da organização se tornem parte de sua cultura. Assim, vale à 
pena conhecer como evoluiu o conceito de ética nas empresas e nos negócios. 
 
 Década de 60 
 
22 
 
 
Debates ocorridos nos países, especialmente de origem alemã, envolvendo 
preocupação com a ética. Intuito de elevar o trabalhador à condição de participante 
dos1Conselhos de Administração das organizações. Uma das primeiras 
preocupações éticas no âmbito empresarial de que se tem conhecimento revela-se 
pelos debates ocorridos especialmente nos países de origem alemã, na década de 
60. Pretendeu-se elevar o trabalhador à condição de participante dos conselhos de 
administração das organizações. 
 
Décadas de 60/70 
 
Toma impulso o ensino da ética nas Faculdades de Administração e 
Negócios. Contribuição dos filósofos. O ensino da Ética em faculdades de 
Administração e Negócios tomou impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente 
nos Estados Unidos, quando alguns filósofos vieram trazer sua contribuição. Ao 
complementar sua formação com a vivência empresarial, aplicando os conceitos de 
Ética à realidade dos negócios, surgiu uma nova dimensão: a Ética Empresarial. 
 
 
 
 
 Década de 70 
 
 Primeira pesquisa junto a empresários. Expansão das multinacionais 
oriundas dos EUA e Europa. Conflito entre os padrões éticos de diversas culturas 
incentiva a criação de códigos de ética corporativos. Os primeiros estudos de Ética 
nos Negócios remontam aos anos 70, quando nos Estados Unidos o Prof. Raymond 
Baumhart realizou a primeira pesquisa sobre o tema, junto a empresários. Nessa 
época, o enfoque dado à Ética nos Negócios residia na conduta ética pessoal e 
profissional. 
Nesse mesmo período ocorreu a expansão das multinacionais oriundas, 
principalmente, dos Estados Unidos
e da Europa, com a abertura de subsidiárias em 
23 
 
 
todos os continentes. Nos novos países em que passaram a operar, choques 
culturais e outras formas de fazer negócios conflitavam, por vezes, com os padrões 
de ética das matrizes dessas companhias, fato que incentivou a criação de códigos 
de ética corporativos. 
 
 Década de 80 
 
Esforços isolados de Professores Universitários nos EUA e Europa -– 
Faculdades de Administração e Programas de MBA. Surge a primeira revista 
científica “Journal of Business Ethics”. Durante a década de 80 foram notados, 
ainda, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, esforços isolados, 
principalmente de professores universitários, que se dedicaram ao ensino da Ética 
nos Negócios em faculdades de Administração, e em programas de MBA - Master of 
Business Administration. A primeira revista científica específica na área de 
administração denominou-se: “Journal of Business Ethics”. 
 
Década de 80/90 
 
Formam-se redes acadêmicas de estudo (ISBEE e EBEN) nos EUA e Europa, 
universalizando o conceito. Especialistas sistematizaram os enfoques perseguidos 
nos estudos de ética nos negócios nos cinco continentes. No início da década de 90, 
redes acadêmicas foram formadas: a Society for Business Ethics nos EUA, e a 
EBEN - European Business Ethics 
Network na Europa, originando outras revistas especializadas, a Business 
Ethics Quarterly (1991) e a Business Ethics: a European Review (1992). 
As reuniões anuais destas associações permitiram avançar no estudo da 
Ética, tanto conceitualmente quanto em sua aplicação às empresas. Daí emergiu a 
publicação de duas enciclopédias, uma nos Estados Unidos e outra na Alemanha: 
Encyclopedic Dictionary of Business Ethics e Lexikon der Wirtschaftsethik. Nesta 
mesma ocasião ampliou-se o escopo da Ética Empresarial, universalizando o 
24 
 
 
conceito. Visando à formação de um fórum adequado para essa discussão foi criada 
a ISBEE - International Society for Business, Economics, and Ethics. 
O Prof. Georges Enderle, então na Universidade de St. Gallen, na Suíça, 
iniciou a elaboração da primeira pesquisa em âmbito global, apresentada no 1º 
Congresso Mundial da ISBEE, no Japão, em 1996. A rica contribuição de todos os 
continentes, regiões ou países, deu origem a publicações esclarecedoras, 
informativas e de profundidade científica. Ressaltou-se a existência de três modos 
inter-relacionados de abordagem da ética no âmbito das empresas: 
 
 FONTE: Oliveira, M. A, 1996 
 
Alguns temas específicos se delinearam, como um foco de preocupação 
internacional: corrupção, liderança e as responsabilidades corporativas. 
 
Fim do Milênio 
 
Criaram-se as ONGs (Organizações Não Governamentais) que 
desempenharam importante papel no desenvolvimento econômico, social e cultural 
de muitos países. A abordagem Aristotélica dos negócios vem sendo recuperada. A 
boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a que, também, 
25 
 
 
oferece um ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas boas podem 
desenvolver seus conhecimentos especializados e, também, suas virtudes. 
 
Ética Empresarial na América Latina 
 
Esforços isolados estavam sendo empreendidos por pesquisadores e 
professores universitários, ao lado de subsidiárias de empresas multinacionais em 
toda a América Latina, quando o Brasil foi palco do I Congresso Latino-Americano 
de Ética, Negócios e Economia, em julho de 1998. Nessa ocasião, foi possível 
conhecer as iniciativas no campo da ética nos negócios, semelhanças e diferenças 
entre os vários países, especialmente da América do Sul. 
Da troca de experiências acadêmicas e empresariais, da identificação criada 
entre os vários representantes de países latinos presentes, da perspectiva de se dar 
continuidade aos contatos para aprofundamento de pesquisas e sedimentação dos 
conhecimentos específicos da região em matéria de ética empresarial e econômica, 
emergiu a ideia de formação de uma rede. 
Foi, então, fundada a ALENE - Associação Latino-Americana de Ética, 
Negócios e Economia. 
 
 
Ética Empresarial no Brasil 
 
Em São Paulo, a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), 
primeira faculdade de administração do país, fundada em 1941, privilegiou o ensino 
da ética nos cursos de graduação desde seu início. Em 1992, o Ministério da 
Educação e Cultura (MEC) sugeriu formalmente que todos os cursos de 
administração, em nível de graduação e pós-graduação, incluíssem em seu currículo 
a disciplina de ética. Nessa ocasião, o Conselho Regional de Administração (CRA) e 
a Fundação FIDES reuniram em São Paulo mais de 100 representantes de 
faculdades de administração, que se comprometeram a seguir a instrução do MEC. 
26 
 
 
Em 1992, a Fundação FIDES desenvolveu uma sólida pesquisa sobre a Ética 
nas Empresas Brasileiras. Também, em 1992, a Fundação Getúlio Vargas, em São 
Paulo, criou o Centro de Estudos de Ética nos Negócios (CENE). Depois de vários 
projetos de pesquisa desenvolvidos com empresas, os próprios estudantes da 
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas 
(EAESP-FGV) solicitaram a ampliação do escopo do CENE, para abarcar 
organizações do governo e não governamentais. Assim, a partir de 1997, o CENE 
passou a ser denominado Centro de Estudos de Ética nas Organizações e introduziu 
novos projetos em suas atividades. 
O CENE-EAESP-FGV foi um polo de irradiação da ética empresarial, por suas 
intensas realizações no Brasil e no exterior: ensino, pesquisas, publicações e 
eventos. Atualmente, em São Paulo, há várias Faculdades de Administração de 
Empresas e Economia que incluíram o ensino da ética em seus currículos. Baseado 
no livro “Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica”, de Maria Cecília 
Coutinho de Arruda et al. 
 
Ética Cidadania e Moral 
 
 A má distribuição de renda é um dos aspectos que devem ser lembrados 
quando ética, cidadania e moral forem conceituadas e refletidas. Moral seria a regra 
de conduta, a distinção 175 que se faz entre o que é bom ou ruim para nós e aos 
outros. Normalmente popularizado na assertiva cristã “fazer aos outros somente o 
que queremos que nos façam”. A ética, estudos filosóficos dos valores e da conduta 
moral, busca tratar de questões relevantes, como: o que é a vida boa para os 
homens? E como deveríamos nos comportar? 
Já a ética e a moral é o comportamento que assumimos perante os demais, o 
padrão de comportamento e valores que presidem nossa prática, a ciência que 
tenciona alcançar o puro e simples bem-estar do homem, tendo por objetivo a 
perfeição dele através de sua livre ação. 
 
Proposta para Diálogo: 
27 
 
 
 
 Ética, trabalho e cidadania; 
 Ética, política e outra globalização; 
 Ética e cidadania: a busca de novos valores humanos; 
 Questões específicas no processo de mundialização; 
 Dimensão ética na empresa; 
 Ética profissional; 
 Poder e responsabilidade ética na gestão do conhecimento. 
 
Ética Pessoal 
 
Ethos – ética, em grego – designa a morada humana. O ser humano separa 
uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e 
permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma 
só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. 
Ética significa, segundo Leonardo Boff (2007), “tudo aquilo que ajuda a tornar melhor 
o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, 
psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda”. 
 
Questionamentos Sobre Ética 
 
A) O que é ética? 
 A ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e 
comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, 
uma religião, certa tradição cultural, etc. Há morais específicas, também, em grupos 
sociais mais restritos: uma
instituição, um partido político. Há, portanto, muitas e 
diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno social particular, 
que não tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de 
direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se dizendo-se 
universal, supostamente válida para todos. 
28 
 
 
 Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria 
existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o 
que chamamos de ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela 
não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados 
para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A 
ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal 
que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. 
A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma 
atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos críticos da 
moral vigente. Mas, a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades 
fixas, imutáveis. A ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para 
entendermos como isso acontece na história da humanidade, basta lembrarmos 
que, um dia, a escravidão foi considerada “natural”. Entre a moral e a ética há uma 
tensão permanente: a ação moral busca uma compreensão e uma justificação crítica 
universal, e a ética, por sua vez, exerce uma permanente vigilância crítica 177 sobre a 
moral, para reforçá-la ou transformá-la. 
 
B) Por que a ética é necessária e importante? 
A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da 
humanidade. Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários 
fundamentais comuns a todos os povos, nações, religiões etc., a humanidade já teria 
se despedaçado até à autodestruição. Também é verdade que a ética não garante o 
progresso moral da humanidade. O fato de que os seres humanos são capazes de 
concordar minimamente entre si sobre princípios como justiça, igualdade de direitos, 
dignidade da pessoa humana, cidadania plena, solidariedade etc., cria chances para 
que esses princípios possam vir a ser postos em prática, mas não garante o seu 
cumprimento. 
As nações do mundo já entraram em acordo em torno de muitos desses 
princípios. A “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, pela ONU (1948), é uma 
demonstração de o quanto a ética é necessária e importante. Mas a ética não basta 
como teoria, nem como princípios gerais acordados pelas nações, povos, religiões 
29 
 
 
etc. Nem basta que as Constituições dos países reproduzam esses princípios (como 
a Constituição Brasileira o fez, em 1988). 
É preciso que cada cidadão e cidadã incorporem esses princípios como uma 
atitude prática diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu 
comportamento. Isso traz uma consequência inevitável: frequentemente o exercício 
pleno da cidadania (ética) entra em colisão frontal com a moral vigente... Até porque, 
a moral vigente, sob pressão dos interesses econômicos e de mercado, está sujeita 
a constantes e graves degenerações. 
 
C) Por que se fala tanto em ética hoje no Brasil? 
Não só no Brasil se fala muito em ética, hoje. Mas, temos motivos de sobra 
para nos preocuparmos com a ética no Brasil. O fato é que, em nosso país, 
assistimos a uma degradação moral acelerada, principalmente na política. Ou será 
que essa baixeza moral sempre existiu? 
Será que hoje ela está apenas vindo a público? Uma ou outra razão, ou 
ambas, combinadas, são motivos suficientes para uma reação ética dos cidadãos 
conscientes de sua cidadania. 
O tipo de desenvolvimento econômico vigente no Brasil tem gerado, estrutural 
e sistematicamente, situações práticas contrárias aos princípios éticos: gera 
desigualdades crescentes, injustiças, rompe laços de solidariedade, reduz ou 
extingue direito, lança populações inteiras a condições de vida cada vez mais 
indignas. E, tudo isso, convive com situações escandalosas, como o enriquecimento 
ilícito de alguns, a impunidade de outros, a prosperidade da hipocrisia política de 
muitos etc. Afinal, a hipocrisia será de todos se todos não reagirem eticamente para 
fazer valer plenamente os direitos civis, políticos e sociais proclamados por nossa 
Constituição: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; 
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3º da CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988). 
30 
 
 
Visitando um antigo cemitério, impressionou-me a inscrição, na lápide de uma 
mulher, de um epitáfio colocado por sua família. Dizia: ‘Ela fez o que pôde’. Acho 
que não existe melhor resumo para uma vida bem vivida, uma vida eticamente 
vivida. Ela fez o que pôde. Mais não fez, porque mais não podia fazer. Mas, e 
principalmente, isso: não fez menos do que podia fazer. Com o quê, ganhou o 
respeito, a admiração e afeto de sua família e, certamente, de muitas outras 
pessoas. Somos éticos quando fazemos, pelos outros, tudo o que podemos fazer 
tudo o que está ao nosso alcance. Ética é isso, é a prática do bem até o limite de 
nossas forças. Quando atingimos esse limite, temos a satisfação do dever cumprido. 
Que é a primeira condição para chegarmos à felicidade. 
 
D) Por que e a quem a falta de ética prejudica? 
A falta de ética mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder 
econômico, menos poder cultural, menos poder político). A transgressão aos 
princípios éticos acontece sempre que há desigualdade e injustiças na forma de 
exercer o poder. Isso acentua ainda mais a desigualdade e a injustiça. A falta ou a 
quebra da ética significa a vitória da injustiça, da desigualdade, da indignidade, da 
discriminação. Os mais prejudicados são os mais pobres, os excluídos. 
A falta de ética prejudica o doente que compra remédios caros e falsos; 
prejudica a mulher, o idoso, o negro, o índio, recusados no mercado de trabalho ou 
nas oportunidades culturais; prejudica o trabalhador que tentar a vida política; 
prejudica os analfabetos no acesso aos bens econômicos e culturais; prejudica as 
pessoas com necessidades especiais (físicas ou mentais) a usufruir da vida social; 
prejudica com a discriminação e a humilhação os que não fazem a opção sexual 
esperada e induzida pela moral dominante etc. 
A atitude ética, ao contrário, é includente, tolerante e solidária: não apenas 
aceita, mas também valoriza e reforça a pluralidade e a diversidade, porque plural e 
diversa é a condição humana. A falta de ética instaura um estado de guerra e de 
desagregação, pela exclusão. A falta de ética ameaça a humanidade. 
 
E) Em que e onde, no Brasil, está fazendo mais falta a ética? 
31 
 
 
A falta e a quebra da ética ameaçam todos os setores e aspectos da vida e da 
cultura de um país. Mas, não há como negar que, na vida política, a falta ou quebra 
da ética tem o efeito mais destruidor. Isto se dá porque o político deve ser um 
exemplo para a sociedade. A política é o ponto de equilíbrio de uma nação. Quando 
a política não realiza sua função, de ser a instância que faz valer a vontade e o 
interesse coletivo, rompe-se a confiabilidade e o tecido político e social do país. O 
mesmo acontece quando a classe política apoia-se no poder público para fazer valer 
seus interesses privados. 
A multiplicação de escândalos políticos no Brasil só não é mais grave que 
uma de suas próprias consequências: a de converter-se em coisa banal, coisa 
natural e corriqueira, diante da 180 quais os cidadãos sejam levados a concluir: 
“sempre foi
assim, nada pode fazer isso mudar”, ou coisa ainda pior: “ele rouba, mas 
faz”. Do outro lado, uma vida política saudável, transparente, representativa, 
responsável, verdadeiramente democrática, ou seja, ética, tem o poder de alavancar 
a autoconfiança de um povo e reerguer um país alquebrado e ameaçado pela 
desagregação. 
A ética é um comportamento social, ninguém é ético num vácuo, ou 
teoricamente ético. Quem vive em uma economia sem ética, sob um governo 
antiético e em uma sociedade imoral acaba só podendo exercer a sua ética em 
casa, onde ela fica parecendo uma espécie de esquisitice. A grande questão destes 
tempos degradados é em que medida uma ética pessoal onde não existe ética social 
é um refúgio, uma resistência ou uma hipocrisia. Já que ninguém mais pode ter a 
pretensão de ser um exemplo moral sequer para o seu cachorro, quando tudo à sua 
volta é um exemplo do contrário. (Luis Fernando Veríssimo, 2009). 
A ética deve fundar-se no bem comum, no respeito aos direitos do cidadão e 
na busca de uma vida digna para todos. (Ferreira Gullar, 2009). 
A ética está para a democracia como a poesia está para a vida. (Márcio 
Souza, 2009). 
 
F) Por que a conduta de um agente público tem que se pautar pela ética? 
32 
 
 
Um agente público é um cidadão que assumiu a responsabilidade de realizar 
o interesse público. Não há responsabilidade histórica maior que essa: de fazer valer 
e realizar a vontade e o interesse coletivo. A ideia de “vida pública”, “serviço 
público”, “interesse público”, tem sido uma ideia desgastada por nosso passado 
colonial, populista, autoritário-militar e pelo nosso presente neoliberal privatizante. O 
“público”, em nossa história, tem se realizado frequentemente como sinônimo de 
ineficiência, descaso, desleixo, baixa qualidade, trampolim 181 para a realização de 
interesses privados etc. 
 
A “coisa pública” tem sido considerada aquilo que, por ser “de todos”, é “de 
ninguém” e, por isso, pode ser apropriada, usada e abusada. A atual generalização 
da corrupção política tem levado essa crise do “público” ao limite. Nessas 
circunstâncias, torna-se muito maior a responsabilidade do agente público de agir 
eticamente. E torna-se mais urgente e trabalhosa a necessidade de se resgatar e 
restaurar a dignidade ética da vida pública. 
 
G) Por que a conduta de toda pessoa que exerce alguma 
responsabilidade coletiva ou liderança social tem que se pautar pela ética? 
As lideranças sociais têm um poder e uma responsabilidade decisiva de um 
ponto de vista ético. Nenhuma nação, povo, grupo social, pode realizar seu projeto 
histórico sem lideranças. A liderança social é o elemento de ligação entre os 
interesses do grupo social e as oportunidades históricas disponíveis para realizá-los. 
A responsabilidade ética da liderança, portanto, se pudesse ser medida, teria o 
tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles que ela representa e 
lidera. As lideranças sociais têm uma tripla responsabilidade ética: institucional, 
pessoal e educacional. Institucional, porque devem cumprir fiel e estritamente os 
deveres que lhes foram atribuídos. Pessoal, porque devem ser, cada uma delas, um 
exemplo de cidadania: justas, eticamente íntegras. Educacional, porque, além de 
serem um exemplo, devem dialogar com aqueles que elas lideram, de modo a 
ampliar a sua consciência política e a fazê-los crescer na cidadania. 
 
33 
 
 
H) A incoerência ética do líder desqualifica sua liderança e coloca em 
risco o destino histórico do projeto de seu grupo. 
A vida na cidade é transparente. Tudo deve ser feito às claras porque os 
cidadãos têm o pleno direito de ser informados. Nem sempre foi assim. Governantes 
comportavam-se em relação aos governados como chefes da Casa Grande e faziam 
de conta que eram pais severos de população infantilizada. A transparência permite 
que homens, mulheres, crianças e 182 adolescentes tornem-se cidadãos, cobrando a 
responsabilidade do governo por todos os seus atos. 
Na vida pública não existe acaso. Os governados podem exigir sem cessar, e 
a respeito de tudo, um comportamento das classes dirigentes que seja marcado por 
um sentido ético. Sejamos principistas: o fundamento da vida pública é o estado de 
direito. O poder não faz a lei. Ao contrário, são os princípios de direito que permitem 
o controle das elites pela maioria das não elites. Nenhuma esperança poderá ser 
concretizada se esses requisitos básicos não forem os objetivos fundamentais de 
nossas vidas. Única condição para que o passado de opressão e violência possa dar 
origem a um futuro de paz e justiça. 
 
I) O que é um código de ética? 
Um código de ética é um acordo explícito entre os membros de um grupo 
social: uma categoria profissional, um partido político, uma associação civil etc. Seu 
objetivo é explicitar como aquele grupo social, que o constitui, pensa e define sua 
própria identidade política e social; e como aquele grupo social se compromete a 
realizar seus objetivos particulares de um modo compatível com os princípios 
universais da ética. 
Um código de ética começa pela definição dos princípios que o fundamentam 
e se articula em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres. Ao definir direitos, 
o código de ética cumpre a função de delimitar o perfil do seu grupo. Ao definir 
deveres, abre o grupo à universalidade. Esta é a função principal de um código de 
ética. A definição de deveres deve ser tal que, por seu cumprimento, cada membro 
daquele grupo social realize o ideal de ser humano. 
 
34 
 
 
J) Como deve ser formulado um código de ética? 
O processo de produção de um código de ética deve ser ele mesmo já um 
exercício de ética. Caso contrário, nunca passará de um simples código moral 
defensivo de uma corporação. 
A formulação de um código de ética deve, pois, envolver, intencionalmente, 
todos os membros do grupo social que ele abrangerá e representará. Isso exige um 
sistema ou processo de 183 elaboração “de baixo para cima”, do diverso ao unitário, 
construindo-se consensos progressivos, de tal modo que o resultado final seja 
reconhecido como representativo de todas as disposições morais e éticas do grupo. 
A elaboração de um código de ética, portanto, realiza-se como um processo 
ao mesmo tempo educativo no interior do próprio grupo. E deve resultar em um 
produto tal que cumpra ele também uma função educativa e exemplar de cidadania 
diante dos demais grupos sociais e de todos os cidadãos. 
 
K) Quais os limites de um código de ética? 
Um código de ética não tem força jurídica de lei universal. Mas deveria ter 
força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções para os 
descumprimentos de seus dispositivos, estas sanções dependerão sempre da 
existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitada. 
Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos 
comportamentos de seus membros. 
Essa regulação só será ética se, e quando, o código de ética for uma 
convicção que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do 
processo de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da 
legitimidade. Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as 
chances de identificação dos membros do grupo com seu código de ética e, em 
consequência, maiores as chances de sua eficácia. 
 
L) Ética e exercício da função de prefeito (a). 
O (a) prefeito (a) tem uma responsabilidade ética que é, em princípio, 
absoluta como a de qualquer outro cidadão. Mas, além disso, ela comporta uma 
35 
 
 
responsabilidade adicional que é proporcional à importância econômica, política e 
cultural de seu Município na vida do Estado e do País. O (a) prefeito (a) deve 
comportar-se com absoluto respeito e cuidado pelo patrimônio econômico, político e 
cultural de seus cidadãos-munícipes. 
Deve
preservar e ampliar os valores construídos coletivamente em sua 
municipalidade. 
Deve cumprir o programa político para o qual foi eleito, sem limitar-se a ser 
apenas o (a) prefeito (a) de seus eleitores. Deve respeitar o Legislativo, cumprindo e 
fazendo cumprir as leis por ele produzidas, além de cumprir e fazer cumprir, dentro 
de sua alçada, as leis superiores do Estado e da União, mormente a Constituição. 
Mas a responsabilidade ética do (a) prefeito (a) não se esgota no 
cumprimento de seus deveres formais. É parte de sua responsabilidade ética cultivar 
tal zelo por seu município que lhe permita perceber as suas potencialidades 
econômicas, políticas, sociais e culturais e empreender todos os esforços para 
realizá-las. E deve ser capaz de transmitir esse zelo a todos os seus munícipes. A 
corrupção é uma prática inaceitável, mais ainda, no exercício de um cargo político. O 
(a) prefeito (a) deve ser um referencial ético para os cidadãos. 
 
M) Ética e exercício da função de vereador (a) 
 
Os (as) vereadores (as) têm uma responsabilidade ética específica, por serem 
aqueles que determinam muito do que o (a) prefeito (a) pode ou deve fazer e por 
serem aqueles que fiscalizam a atuação do (a) prefeito (a). Devido a seus vínculos 
político-partidários, os (as) vereadores (as) devem, legitimamente, representar e 
fazer valer os interesses particulares emergentes daqueles que eles representam. 
Sua maior responsabilidade ética, entretanto, reside em não reduzir sua ação 
política legislativa a esses interesses corporativos, muito menos a interesses 
pessoais escusos. A responsabilidade ética dos (as) vereadores (as) permite a 
legítima disputa pela prevalência dos interesses que eles representam. Mas, exige 
que eles sejam capazes de compatibilizar e submeter, em última instância, esses 
interesses aos interesses coletivos de toda a municipalidade. 
36 
 
 
Cada lei deve ser a expressão da vontade majoritária dos munícipes ou o 
resultado de um pacto social entre todos eles. A corrupção é uma prática inaceitável, 
mais ainda, no exercício de um mandato político. Os (as) vereadores (as) devem ser 
um referencial ético para os cidadãos. A corrupção é, sem dúvida, um mal para as 
sociedades. O roubo de recursos públicos é especialmente grave quando esses 
recursos são escassos e as necessidades sociais 185 desatendidas são muitas. Tal é 
o caso do Brasil, como de muitos outros países marcados pela desigualdade social e 
pela concentração da renda, que a corrupção agrava ainda mais. 
Além disso, a corrupção tem um efeito deletério sobre toda a estrutura social. 
Quando praticada por dirigentes políticos, todo o corpo de agentes públicos se 
considera autorizado a fazer o mesmo, assim como o conjunto da sociedade em 
suas relações com o governo. Sinônimo de decomposição e putrefação, a 
corrupção, aceita e praticada por toda a sociedade, a condena à destruição. CHICO 
WHITAKER e GUILHERME DELGADO, da apresentação do livro Pela ética na 
gestão do sistema financeiro nacional. São Paulo: Loyola, 1999. 
 
N) Ética e convivência humana 
 
Falar de ética é falar de convivência humana. São os problemas da 
convivência humana que geram o problema da ética. Há necessidade de ética 
porque os seres humanos não vivem isolados; e os seres humanos convivem não 
por escolha, mas por sua constituição vital. Há necessidade de ética porque há o 
outro ser humano. Mas, o outro, para a ética, não é apenas o outro imediato, 
próximo, com quem convivo, ou com quem casualmente me deparo. O outro está 
presente também no futuro (temporalidade) e está presente em qualquer lugar, 
mesmo que distante (espacialidade). 
O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito de 
direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O fundamento dos 
direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua liberdade (possibilidade) 
de viver plenamente. As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se 
37 
 
 
não apenas por aquilo que já temos, já realizamos, já somos, mas também por tudo 
aquilo que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. 
As nossas possibilidades de ser são parte de nossos direitos e de nossos 
deveres. São parte da ética da convivência. A atitude ética é uma atitude de amor 
pela humanidade. 
 
O) Ética e justiça social 
 
A moral tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a 
pensar que o campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de 
cada indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico-
político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção consciente 
e deliberada dos homens em sociedade. Por isso, acostumamo-nos a julgar que não 
seja parte de minha responsabilidade ética a situação do desempregado, do faminto, 
do que migrou por causa da seca, do que não teve êxito na escola etc., só porque 
esses males não foram produzidos por mim diretamente. 
Um sistema econômico-político-jurídico que produz estruturalmente 
desigualdades, injustiças, discriminações, exclusões de direitos etc., é um sistema 
eticamente mau, por mais que seja legalmente (moralmente) constituído. Em 
consequência, pelo outro lado: o fato de existirem injustiças sociais obriga-me 
eticamente a agir de modo a contribuir para a sua superação. 
 
P) Ética e sistema econômico 
 
O sistema econômico é o fator mais determinante de toda a ordem (e 
desordem) social. É o principal gerador dos problemas, assim como das soluções 
éticas. O fato de o sistema econômico parecer ter vida própria, independente da 
vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade ética dos que estão 
em seu comando. O sistema econômico mundial, do ponto de vista dos que o 
comandam, é uma vasta e complexa rede de hábitos consentidos e de 
38 
 
 
compromissos reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua 
responsabilidade ética individual não exista. 
A globalização (falsa universalidade) do sistema econômico cria a ilusão de 
que ele seja legítimo. As multidões crescentes de desempregados, famintos e 
excluídos, entretanto, são a demonstração dessa ilusão. A moral dominante do 
sistema econômico diz que, pelo trabalho, qualquer indivíduo pode ter acesso à 
riqueza. A crítica econômica diz que a reprodução da miséria econômica é 
estrutural. A ética diz que, sendo assim, exigem-se transformações radicais e globais 
na estrutura do sistema econômico. 
 
Q) Ética e meio ambiente 
 
A voracidade predatória do sistema econômico vigente o faz enxergar a 
natureza tão somente como fonte de matérias-primas para a produção de 
mercadorias. Com isso, a natureza torna-se, ela própria, uma mercadoria. O trabalho 
é a ação humana que transforma a natureza para o homem. Mas, para que o 
trabalho cumpra essa finalidade de sustentar e humanizar o homem deve realizar-se 
de modo autossustentável para a natureza e para o homem. 
A voracidade predatória de nosso sistema econômico está rompendo 
perigosamente o equilíbrio de autossustentabilidade entre a natureza e o homem. 
Este é um dos problemas éticos mais radicais da nossa geração, pois ameaça a 
sobrevivência futura do planeta e da humanidade. Para se falar em dignidade da 
vida é preciso, antes, que haja vida. 
A moral dominante desse sistema econômico separa a natureza da cultura e, 
com isso, desumaniza a natureza e desnaturaliza o homem. Preservar e cuidar da 
natureza é preservar e cuidar da humanidade, das gerações atuais e futuras. 
Preservar e cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade ética diante da 
natureza humana. 
O ser humano não habita apenas uma casa feita de tábuas ou de tijolos. 
Como ser “humano”, vivendo junto com outros seres humanos, sua habitação – seu 
ethos – é feito de hábitos, de costumes e tradições, de sonhos e de trabalhos, 
39 
 
 
formando um verdadeiro hábitat,
um ambiente vital onde a vida humana pode 
nascer, crescer, se multiplicar. 
Como toda casa, há alicerces para a ética: são os princípios, os fundamentos 
da ética, algo absolutamente necessário para que a ética se sustente. Há, também, 
vigas mestras para apoiar os assoalhos e as paredes: são os padrões, os modelos 
que determinam os espaços do que seja ético e do que fica do lado de fora da ética. 
Há, evidentemente, o telhado, ou seja, aquilo que irá proteger a ética para que não 
fique exposta continuamente às crises das intempéries e dos ventos de doutrinas 
estranhas. 
Os detalhes e acabamentos também são importantes. As repartições que 
organizam de modo harmonioso o lugar de dormir, o lugar de comer, o lugar de 
acolher o hóspede, podem ser comparadas com as diversas orientações da ética: a 
intimidade das pessoas, a necessidade 188 da economia, o desejo de relações 
sociais. Enfim, como na casa, a ética ganha vida através de tantos pequenos 
detalhes cotidianos. O lar é feito de um café da manhã, de uma música na sala, de 
um remédio à cabeceira, das fraldas do menino, do chinelo na porta... 
E a ética acaba se dando por meio de tantos pequenos e firmes costumes 
que, afinal, como na casa, esquecemos os alicerces, as vigas mestras internas as 
paredes até o telhado, para nos deixar tomar simplesmente pelo gosto de abrir a 
janela e respirar as folhas orvalhadas ao primeiro raio do sol ou pelo costume de 
tomar um chá antes do repouso, ou de beijar a amada ao sair para o trabalho. 
Esquecemos a ética e nos fixamos na moral, ou seja, nos hábitos e nas leis que 
governam nosso dia a dia. 
A palavra moral é considerada, normalmente, sinônimo de ética. Mas, 
olhando com mais atenção para a casa e para os pequenos detalhes que regulam o 
dia a dia da vida na casa, podemos fazer uma distinção muito útil, sobretudo para 
tempos críticos, quando os ventos e os terremotos se abatem sobre a casa: Ética é 
a casa, a estrutura global, feita de alicerces, vigas, paredes e telhados. Moral 
abrange os costumes estabelecidos, as normas de funcionamento da vida dentro da 
casa, os detalhes variados e, às vezes, tão arraigados nos costumes. (FREI LUIZ 
40 
 
 
CARLOS SUSIN, OFM. Por uma Ética da Liberdade e da Libertação. São Paulo: 
Paulus, 2001). 
O interesse pela ética não é um movimento apenas intelectual, mas um 
impulso quase intuitivo e profundamente orientado por questões de sobrevivência 
em longo prazo. Diante das novas realidades, a espécie humana encontra a ética 
não mais como uma realidade ideal, mas como uma necessidade de um tempo que 
precisa de autogoverno e, principalmente, de um quadro de referência para o 
cotidiano. Assim, nos é entregue o desafio de agir eticamente nas situações 
comuns, por desejar uma vida de melhor qualidade. (LUCIANO ZAJDSZNAJDER. 
Ser Ético, Rio de Janeiro: Gryphus, 1999). 
 
R) Ética e educação 
 
A educação é uma socialização das novas gerações de uma sociedade e, 
enquanto tal, conserva os valores dominantes (a moral) naquela sociedade. A 
educação é, também, uma possibilidade e um impulso à transformação: 
desenvolvimento das potencialidades dos educandos. Toda educação é uma ação 
interativa: se faz mediante informações, comunicação, diálogo entre seres humanos. 
Em toda educação há outro em relação. Em toda educação, por tudo isso, a ética 
está implicada. 
Uma educação pode ser eficiente enquanto processo formativo e, ao mesmo 
tempo, eticamente má, como foi a educação nazista, por exemplo. Pode ser boa do 
ponto de vista da moral vigente e má do ponto de vista ético. A educação ética (ou, a 
ética na educação) acontece quando os valores no conteúdo e no exercício do ato 
de educar são valores humanos e humanizadores: a igualdade cívica, a justiça, a 
dignidade da pessoa, a democracia, a solidariedade, o desenvolvimento integral de 
cada um e de todos. 
 
S) Ética e cidadania 
 
41 
 
 
As instituições sociais e políticas têm uma história. É impossível não se 
reconhecer o seu desenvolvimento e o seu progresso em muitos aspectos, pelo 
menos, do ponto de vista formal. A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. 
As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar apenas há 60 anos e os 
analfabetos apenas há 12 anos. Chamamos isso de ampliação da cidadania. 
Mas, há direitos formais (civis, políticos e sociais) que nem sempre se 
realizam como direitos reais. A cidadania nem sempre é uma realidade efetiva, nem 
para todos. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva dessa condição são 
indicadores do desenvolvimento moral e ético de uma sociedade. Para a ética não 
basta que exista um elenco de princípios fundamentais e direitos definidos nas 
Constituições. O desafio ético para uma nação é o de universalizar os direitos reais, 
permitindo a todos a cidadania plena, cotidiana e ativa. 
 
T) Ética e política 
 
Política é a ação humana que deve ter, por objetivo, a realização plena dos 
direitos e, portanto, da cidadania para todos. O projeto da política, assim, é o de 
realizar a ética, fazendo coincidir com ela a realização da vontade coletiva dos 
cidadãos, o interesse público. A função ética da política é eliminar, numa ponta, os 
privilégios de poucos; na outra ponta, as carências de muitos; e instaurar o direito 
para todos. 
São inegáveis os aprimoramentos das instituições políticas no Brasil, ao longo 
da sua história. Mas, são inegáveis, igualmente, as traições de uma parte da classe 
política contra essas instituições e contra o mandato que lhes foi confiado. Requer-
se, pois, o exercício da cidadania ativa e criativa, tanto pelos políticos quanto pelos 
cidadãos: reforçando-se e aprimorando-se as instituições políticas, fazendo-as valer 
de direito e de fato. A cidadania ativa, como luta pelos próprios direitos e pelos 
direitos de todos, é o exercício cotidiano da ética na política. 
 
U) Ética e corrupção 
 
42 
 
 
A corrupção é a suprema perversidade da vida econômica e da vida política 
de uma sociedade. É a subversão dos valores social e culturalmente proclamados e 
assumidos como legítimos. A corrupção, seja ativa ou passiva, é a força contrária, o 
contra fluxo destruidor da ordem social. É a negação radical da ética, porque destrói 
na raiz as instituições criadas para realizar direitos. A corrupção é antiética. 
A corrupção pode, em situações extremas e absurdas, chegar a tornar-se a 
moral estabelecida, a ponto de gerar nos cidadãos o conformismo com o mal social. 
A história recente de nosso país tem nesse ponto um dos maiores desafios a 
enfrentar. Ou bem os cidadãos reagem ativamente e os responsáveis legais agem 
exemplarmente sem concessões à impunidade, ou bem o país avança rapidamente 
para a desagregação. Indignar-se, resistir e combater a corrupção é um dos 
principais desafios éticos da política no Brasil. 
 
RESPONSABILIDADE SOCIAL 
 
A responsabilidade social credita-se no conceito da evolução dos papéis 
humanos e empresariais. 
Quando não estamos mais no território das leis civis ou penais, mas andamos 
além e entramos na esfera das relações interpessoais, das responsabilidades que 
cada um tem em relação a seu próximo mais além da lei escrita, na esfera da 
gratuidade e da solidariedade. (ECO; MARTINS, 2000, p. 71). 
O que é responsabilidade social? Seria um conceito novo? Ou uma nova 
roupagem do velho papel de negócios? Nesse ponto, acredita-se no conceito da 
evolução dos papéis. Milton Friedman, vencedor do Nobel de economia de 1976, 
escreveu no New York Times em 1970 um artigo intitulado “A Responsabilidade 
Social dos negócios é aumentar seus lucros”. 
Nele Friedman acusou de comunistas os que defendiam que o papel dos 
negócios envolvia algum tipo de compromisso social e disse que “dar dinheiro à 
caridade ou outras causas sociais (à exceção das relações públicas visando 
aumentar os negócios) e se envolver em projetos
comunitários (que não 
43 
 
 
incrementem os negócios das empresas) é semelhante a roubar dos acionistas.” 
(FRIEDMAN, 1970, apud SOLOMON, 1997, p. 360). 
Apesar de estas declarações estarem aparentemente em desacordo com as 
posturas de Responsabilidade Social, não ferem o conceito aqui proposto, afinal, 
ninguém está recomendando que se façam ações e investimentos sociais sem 
anuência dos acionistas, nem afirmando que todos os acionistas sejam desprovidos 
de almas. Ademais, são também corretos os argumentos de que a principal 
Responsabilidade Social da empresa é gerar empregos e renda, assim como é 
correto dizer que é responsabilidade da empresa cumprir a lei, pagar os impostos, 
fornecer produtos e serviços de qualidade etc. Por fim, ainda é responsabilidade da 
empresa agir de forma ética com seus stakeholders, além de atender os interesses 
dos acionistas. 
Mesmo os que concordam cegamente com Friedman não podem discordar 
que “a empresa acarreta, para a sociedade, alguns custos decorrentes de suas 
atividades, por isto mesmo, tem responsabilidade direta e condições de abordar 
muitos problemas que atingem a sociedade”. (DAVIS, S. R., apud ASHLEY; 
CARDOSO, 2003, p. 10). Estes custos são decorrentes do que, em economia, se 
chama de externalidades negativas. Corrigir os problemas e custos gerados pela 
própria atividade também é responsabilidade da empresa. Porém, a 
Responsabilidade Social não se limita a estas colocações anteriores. 
Está se tornando cada vez mais atributo da empresa participar ativamente de 
ações sociais e do financiamento do Terceiro Setor, observar deficiências da 
sociedade e tentar corrigi-las, algo que muitos denominam Filantropia Empresarial e, 
outros, resumem como Responsabilidade Social. Considera-se, entretanto, que nem 
toda empresa que pratica filantropia pode ser considerada Socialmente 
Responsável, nem que empresas que não praticam filantropia não sejam 
Socialmente Responsáveis. Ou seja, Responsabilidade Social não se resume à 
Filantropia Empresarial. Mesmo assim, há a necessidade de um conceito mais 
amplo. 
É importante ressaltar que as empresas e os acionistas, por mais virtuosos, 
não podem e não devem se desviar dos objetivos do lucro e da perpetuação da 
44 
 
 
empresa, nem negligenciar os custos de uma prática responsável. O que se propõe 
aqui é a aplicação do Idealismo Pragmático e de uma postura de empresa virtuosa 
que lidere o processo de responsabilização do mercado, visto que os retornos 
podem ser duvidosos e, muitas vezes, de prazo excessivamente longo. 
O que se propõe é que as empresas atuem com Responsabilidade Social (de 
acordo com a pirâmide de responsabilidades), com fim nos lucros futuros, sem 
comprometer em muito os lucros presentes, de uma forma compromissada, ética e 
humana, de modo a garantir a sustentabilidade da sociedade onde está inserida. Por 
fim, o conceito de Responsabilidade Social pode ser definido como uma estratégia 
de resposta às demandas sociais, evitando que estas afetem a sobrevivência da 
empresa (BORGER, 2001, p. 45; 2003, p. 22). 
 
Pirâmide de Responsabilidade Social Empresarial 
 
Considera-se que o modelo conceitual mais adequado para expressar o 
significado amplo de Responsabilidade Social Empresarial é o da Pirâmide de 
Responsabilidade Social Corporativa, proposto por Caroll (1991 apud BORGER, 
2001, p. 43). 
 
PIRÂMIDE DE RESPONSABILIDADES 
 
45 
 
 
 
 FONTE: CARROLL, Archie B. The Pyramid of Corporate Social 
Responsibility: Toward the Moral Management of Organizational Stakeholders. 
Business Horizons, july-august, 1991. 
 
 A pirâmide engloba todos os aspectos discutidos anteriormente em um único 
modelo, de fácil entendimento. Dividindo a Responsabilidade Social em quatro 
dimensões – econômica, legal, ética e filantrópica –, figurando tais dimensões como 
evoluções dos desejos da sociedade. 
A Responsabilidade Econômica diz respeito ao lucro e seus benefícios 
econômicos. O lucro, além de ser “um incentivo e uma recompensa” pagos pela 
sociedade “para sua eficiência e eficácia”, é o motor do sistema capitalista. Qualquer 
outro papel da empresa não deve ferir este pressuposto fundamental. 
 
Responsabilidade Social Primordial de uma Empresa é Dar Lucro 
 
 A Responsabilidade Legal, as Leis representam as regras do Jogo, o desejo 
de uma sociedade formalizado, por isso, as empresas devem respeitar as leis. O 
não cumprimento da lei por uma parcela das empresas prejudica as demais e a 
sociedade. O não pagamento de impostos, por exemplo, além de desfalcar o 
Responsabilidades 
Filantrópicas: Ser 
um bom cidadão.
Contribuir com recursos 
para a comunidade, 
melhorar
Responsabilidades Éticas: Seja ético.
Obrigação de fazer o que é certo, 
justo. Evitar danos.
Responsabilidade Legal: Obedecer a Lei. A 
legislação é a codificação do certo e errado de 
uma sociedade. Jogar dentro das regras do jogo.
Responsabilidade Econômica: Ser Lucrativo. A base da 
Pirâmide sobre a qual derivam as demais responsabilidades.
46 
 
 
governo e comprometer as políticas públicas, prejudica a competitividade das 
demais pagadoras na medida do volume arrecadado. 
Infelizmente, em um tempo de discussões sobre ética e filantropia 
empresarial, ainda não se pode dizer que no Brasil a Responsabilidade Legal seja 
respeitada. Muito embora se reconheça que algumas leis são complicadas de serem 
cumpridas, o prejuízo no descumprimento delas é, em boa parte, superior a qualquer 
benefício ético ou filantrópico que venha a ser atingido pela empresa. 
 
A Responsabilidade ética 
 
Responsabilidade ética representa o comportamento e as normas éticas que 
a sociedade espera dos negócios, que tem adquirido cada vez mais importância, 
principalmente porque os níveis de tolerância da sociedade em relação a 
comportamentos antiéticos estão cada vez menores. O que implica análise e 
reflexão ética e exige que a tomada de decisões seja feita considerando as 
consequências, honrando o direito dos outros, cumprindo deveres e evitando 
prejudicar os outros. Também significa procurar justiça e equilíbrio nos interesses de 
vários grupos atuantes nas corporações: empregados, consumidores, fornecedores 
e os residentes da comunidade na qual os negócios operam. (BORGER, 2001, p. 
41). 
 
A Filantropia Empresarial 
 
A filantropia empresarial consiste nas ações discricionárias tomadas pela 
gerência em reposta às expectativas sociais e representam os papéis voluntários 
que os negócios assumem, quando a sociedade não provê uma expectativa clara e 
precisa como nos outros componentes. [...] Essas atividades são guiadas pelo 
desejo dos negócios em se engajar em papéis sociais não legalmente obrigatórios e 
que não são expectativas no senso ético, mas estão se tornando cada vez mais 
estratégicas. (BORGER, 2001, p. 42). 
47 
 
 
Em última análise, todas as responsabilidades sociais atendem à 
responsabilidade econômica. Afinal, agir de acordo com a lei contribui com a 
estabilidade social e econômica, facilitando a análise de cenários futuros e de 
movimentos de jogadores (desde, é claro, que haja leis estáveis e bem aplicadas), 
beneficiando, assim, a estratégia. Agir de uma forma ética aumenta o Capital Social 
e fortalece relações com todos os Stakeholders, reduzindo o risco. A filantropia, 
quando bem direcionada e acompanhada, pode contribuir fortemente na 
sustentabilidade. Melhor estratégia, menores riscos e maior sustentabilidade se 
revertem em lucros no médio e longo prazo. 
 
GESTÃO AMBIENTAL (INFLUÊNCIA DA ECOLOGIA E O MEIO AMBIENTE 
NO PROCESSO ADMINISTRATIVO) 
 
 
<http://www2.petrobras.com.br/ResponsabilidadeSocial/portugues/GaleriaFoto
s.asp>. 
 
O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente 
usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, como 
por exemplo: gestão ambiental de

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