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Anfetaminas, anabolizantes e inalantes

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PSIQUIATRIA II
ANFET, ANAB E INALANTES
	1
Anfetaminas, anabolizantes e inalantes
ANFETAMINAS 
· As indicações aprovadas pela FDA para anfetamina limitam-se ao uso para TDAH e narcolepsia; contudo, elas também são usadas no tratamento de obesidade, depressão, distimia, síndrome de fadiga crônica, aids, demência, esclerose múltipla, fibromialgia e neurastenia 
· As principais anfetaminas atualmente disponíveis e em uso são dextroanfetamina, metanfetamina, um sal misto de dextroanfetamina e anfetamina e o composto similiar a anfetamina, metilfenidato 
· Esses fármacos ganharam apelidos nas ruas, como, por exemplo, gelo, cristal, rebite ou bola 
· Como classe geral, anfetaminas são conhecidas como analépticos, simpatomiméticos estimulantes e psicoestimulantes.
· As anfetaminas típicas são usadas para melhorar o desempenho e para induzir uma sensação de euforia, por exemplo, por estudantes que se preparam para provas, por motoristas de caminhão em viagens de longa distância, por pessoas de negócios que precisam cumprir prazos importantes, por atletas em competições e por soldados durante guerras. Embora não sejam tão aditivas quanto a cocaína, ainda assim são drogas e fármacos aditivos. 
· A metanfetamina é uma forma potente de anfetamina, usada por inalação, fumo ou injeção intravenosa 
· Seus efeitos psicológicos duram horas e são descritos como particularmente fortes 
· A metanfetamina é uma droga sintética que pode ser manufaturada nacionalmente em laboratórios ilegais 
· Em âmbito global, o uso de estimulantes similares a anfetamina, incluindo a metanfetamina, gera grande preocupação, figurando como a segunda substancia de uso mais disseminado, depois da maconha, conforme relatório do escritório das nações unidas para drogas e crime 
Neurofarmacologia das anfetaminas 
· Todas as anfetaminas são rapidamente absorvidas por via oral e tem um rápido inicio de ação, em geral em 1h após o consumo oral.
· As anfetaminas clássicas também são administradas por via intravenosa e têm efeito quase imediato por essa rota.
· As anfetaminas clássicas (i.e., dextroanfetamina, metanfetamina e metilfenidato) produzem seus efeitos primários ao causar a liberação de catecolaminas, especialmente dopamina, a partir dos terminais pré-sinápticos. 
· Os efeitos são particularmente potentes para os neurônios dopaminérgicos que se projetam da área tegmentar ventral para o córtex cerebral e áreas límbicas 
· Esse caminho foi chamado de via do circuito de recompensa, e sua ativação provavelmente seja o principal mecanismo de adição no caso de anfetaminas. 
· As anfetaminas desenhadas causam a liberação de catecolaminas (dopamina e norepinefrina) e de serotonina, o neurotransmissor envolvido na principal via neuroquímica para alucinógenos 
· Portanto, os efeitos clínicos de anfetaminas desenhadas (ex: MDMA) são um misto dos efeitos de anfetaminas clássicas e alucinógenos 
Diagnóstico dos transtornos relacionados às anfetaminas 
· Critérios diagnósticos semelhantes aos outros transtornos da classe 
· A dependência de anfetamina pode resultar em uma queda vertiginosa das capacidades do individuo de lidar com obrigações e estresses relacionados ao trabalho e a família 
· Alguém que abusa de anfetaminas requer doses cada vez mais elevadas dessas substancias para obter os mesmos efeitos, e sinais físicos de abuso de anfetaminas (p. ex., redução de peso e ideias paranoides) quase sempre se desenvolvem com abuso continuo.
Intoxicação
· Midríase, agitação ou retardo psicomotor, taquicardia ou bradicardia 
· Transpiração ou calafrios 
· Arritmias cardíacas ou dor torácica 
· Pressão arterial alta ou baixa 
· Discinesias 
· Distonias 
· Perda de peso 
· Náusea ou vomito 
· Fraqueza muscular 
· Depressão respiratória 
· Confusão, convulsões ou coma 
Abstinência 
· Depois da intoxicação por estimulantes, ocorre um colapso (“caída”, “repé” ou crash), com sintomas de ansiedade, tremor, humor disfórico, letargia, fadiga, pesadelos (acompanhados por sono REM de rebote), cefaleia, suor excessivo, caibras musculares, cólicas e fome insaciável. 
· Os sintomas de abstinência geralmente atingem o ápice em 2 a 4 dias e se resolvem em uma semana 
· O sintoma mais grave é a depressão, que pode ser particularmente grave após o uso prolongado de doses elevadas de estimulantes, podendo estar associada a ideação ou comportamento suicidas. 
Delirium 
· O delirium associado ao uso de estimulantes geralmente resulta de doses elevadas de um estimulante ou de seu uso prolongado, sendo que a privação de sono decorrente afeta a apresentação clínica. 
· A combinação de estimulantes com outras substancias e seu uso por individuo com dano cerebral preexistente também podem causar o desenvolvimento de delirium. 
· Não raro, universitários que fazem uso de anfetaminas a fim de estudar para provas exibem esse tipo de delirium. 
Psicose induzida 
· A característica fundamental do transtorno psicótico induzido por estimulantes é a presença de delírios paranoides e alucinações, que podem ocorrer em até 50% dos usuários. 
· Alucinações auditivas também são comuns, mas as visuais e táteis são menos comuns do que delírios paranoides. 
· O tratamento recomendado para transtorno psicótico induzido por anfetaminas é o uso de curto prazo de um medicamento antipsicótico, como haloperidol. 
Psicose induzida x esquizofrênica – a esquizofrênica precisa persistir até o término do efeito da droga, sendo que o paciente precisa ficar sem droga por 30 dias, se ele continuar psicótico então da o diagnostico de esquizofrenia. 
Outros transtornos induzidos
· Anfetaminas podem induzir sintomas similares aos de transtorno do pânico e fobias 
· Depois de doses elevadas, alguns indivíduos desenvolvem comportamentos ou rituais estereotipados de duração restrita (i.e., beliscar roupas, ordenar e reordenar itens despropositadamente) que compartilham algumas características com o tipo de compulsões observadas no transtorno obsessivo-compulsivo. 
· Costumam ser utilizados de forma indevida para intensificar experiencias sexuais. Doses elevadas e uso prolongado estão associados a transtorno erétil e outras disfunções sexuais.
· A intoxicação pode levar a insônia e a privação do sono, enquanto indivíduos em abstinência desses substancias podem experimentar hipersonolência e pesadelos 
Efeitos adversos físicos 
· Entre as condições especificas potencialmente letais, estão infarto do miocárdio, hipertensão grave, doença cerebrovascular e colite isquêmica. 
· Um continuo de sintomas neurológicos, desde pequenas contrações musculares até tétano, passando por convulsões até coma e morte, está associado a doses cada vez mais elevadas de anfetaminas. 
· O uso intravenoso pode transmitir HIV e hepatite e promover o desenvolvimento de abcessos pulmonares, endocardite e vasculite necrosante. 
· Vários estudos demonstraram que indivíduos que abusam de anfetaminas pouco sabiam – ou não pensavam – sobre praticas de sexo seguro e uso de preservativos 
· Os efeitos adversos sem risco de vida do abuso de anfetaminas incluem rubor, palidez, cianose, febre, cefaleia, taquicardia, palpitações, náusea, vomito, bruxismo (ranger de dentes), falta de ar, tremor e ataxia.
· Gestantes que usam anfetaminas costumam dar à luz a bebês com baixo peso ao nascer, perímetro cefálico reduzido, prematuros e com retardo de crescimento.
Efeitos adversos psicológicos
· Os efeitos adversos psicológicos associados ao uso de anfetaminas incluem inquietação, disforia, insônia, irritabilidade, hostilidade e confusão. 
· O uso de anfetaminas também induz sintomas de transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de pânico, além de ideias de referência, delírios paranoides e alucinações.
Anfetaminas substituídas
· MDMA é um exemplo de uma série de anfetaminas substituídas que também inclui MDEA, MDA (3,4-metilenodioxianfetamina), DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina), PMA (parametoxianfetamina), entre outras. 
· Essas drogas produzem efeitos subjetivos semelhantes aos de anfetamina e LSD
· Depois de tomara dose mais comum (100 a 150mg), usuários de MDMA sentem humor elevado, e segundo vários relatos, aumento da autoconfiança e da sensibilidade sensorial; sensação de paz juntamente com insight, empatia e intimidade com os outros; e redução do apetite. 
· Tanto dificuldade em concentrar-se quanto aumento da capacidade de concentração foram relatados 
· Há relatos também de reações disfóricas, efeitos psicotomiméticos e psicose. 
· Doses mais elevadas aparentemente tem maior probabilidade de produzir efeitos psicotomiméticos 
· Efeitos simpatomiméticos de taquicardia, palpitação, aumento da PA, sudorese e bruxismo são comuns. 
· Relata-se que os efeitos subjetivos se destacam durante cerca de 4 a 8h, mas podem não durar tanto tempo ou então durar ainda mais, dependendo da dose e da via de administração. 
· A droga normalmente é consumida VO, mas também pode ser cheirada e injetada. 
· Usuários relatam tanto taquifilaxia (perda rápida de resposta) como um pouco de tolerância. 
Tratamento e reabilitação 
· O tratamento para transtornos relacionados a anfetaminas (ou similares) compartilha com os transtornos relacionados à cocaína a dificuldade de ajudar os pacientes a permanecerem abstêmios devido a seu grande poder de reforço e fissura. 
· Uma combinação de internação e uso de vários métodos terapêuticos (psicoterapia individual, familiar e em grupo) normalmente é necessária para se obter abstinência de longa duração. 
· O tratamento de transtornos induzidos por anfetaminas específicos (p. ex., transtorno psicótico induzido por anfetamina e transtorno de ansiedade induzido por anfetamina) com fármacos específicos (p. ex., antipsicóticos e ansiolíticos) pode ser necessário no curto prazo. Pode-se receitar antipsicóticos nos primeiros dias.
· Os médicos devem estabelecer uma aliança terapêutica com os pacientes para lidar com a depressão e o transtorno de personalidade subjacentes. 
· Como muitos pacientes são intensamente dependentes da droga, a psicoterapia pode ser muito difícil.
· Condições comórbidas, como depressão, podem responder a medicamentos antidepressivos 
· Bupropiona talvez possa ser usada após ser alcançada a abstenção de anfetamina. Ela produz sensações de bem-estar enquanto esses pacientes lidam com a disforia que pode acompanhar a abstinência. 
ANABOLIZANTES 
Aspectos gerais 
· Os esteroides anabólicos androgênicos (EAAs), conhecidos simplesmente como anabolizantes, são uma família de hormônios que inclui a testosterona, o hormônio masculino natural.
· Esses esteroides, em conjunto com vários análogos sintéticos de testosterona, foram desenvolvidos ao longo dos últimos 70 anos. 
· Esses fármacos exibem diversos graus de efeitos anabolizantes (crescimento muscular) e androgênicos (masculinizantes); nenhuma dessas substancias apresenta efeitos puramente anabólicos na ausência de efeitos androgênicos 
· Apresentam poucos usos médicos legítimos, como no tratamento de homens com hipogonadismo, como na síndrome de definhamento associada a infecção por HIV e em algumas doenças especificas, como angioedema hereditário e anemia de Fanconi. 
· No entanto, esses hormônios são amplamente usados de forma ilícita, sobretudo por meninos e homens jovens que buscam ganhar massa muscular e força, seja com finalidade atlética, seja simplesmente para melhorar a aparência 
Epidemiologia 
· Uso 6x maior em homens.
· Na década de 1970, seu uso era bastante confinado a fisiculturistas de competição, outros atletas de elite de levantamento de peso e à elite de atletas de outros esportes. 
· Desde então, contudo, aparentemente uma quantidade cada vez maior de homens jovens e até mulheres jovens pode ter passado a usar essas substâncias unicamente para melhorar a aparência pessoal, sem quaisquer objetivos atléticos.
Farmacologia 
· As concentrações plasmáticas normais de testosterona para homens encontram-se na faixa entre 300 e 1000mg/dl 
· De modo geral, 200 mg de cipionato de testosterona administrados a cada duas semanas restauram as concentrações de testosterona fisiológica em um homem com hipogonadismo. 
· Um homem sadio que inicia dosagens fisiológicas de testosterona não apresenta ganho em concentrações do hormônio porque EAAs administrados exogenamente cancelam a produção de testosterona endógena por meio de inibição de retorno do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. 
· Em consequência, usuários ilícitos tomam doses superiores à dosagem terapêutica a fim de obter efeitos suprafisiológicos. 
· A curva de dose-resposta para os efeitos anabolizantes pode ser logarítmica, o que poderia explicar o motivo pelo qual usuários ilícitos normalmente consomem doses de 10 a 100 vezes superiores à dosagem terapêutica. 
· Doses dessa amplitude são mais facilmente atingidas ao combinar EAAs orais e injetáveis, uma prática comum entre usuários ilícitos de EAAs. 
· A testosterona transdérmica, disponível sob prescrição médica para terapia de reposição de testosterona, também pode ser usada.
Indicações terapêuticas 
· Deficiência de testosterona (hipogonadismo masculino), angioedema hereditário (uma
· condição cutânea congênita) e algumas formas raras de anemia causadas por falência renal e da medula óssea. 
· Em mulheres, EAAs são administrados, embora não como primeira opção, para câncer de mama com metástase, osteoporose, endometriose e como tratamento adjunto de sintomas da menopausa.
· Em homens, foram usados de forma experimental como contraceptivo masculino e para o tratamento de transtorno depressivo maior e transtornos sexuais em pacientes sem hipogonadismo. 
· Recentemente, foram usados para tratar síndromes de definhamento associadas à aids. 
· Estudos controlados também sugeriram que a testosterona tem efeitos antidepressivos em alguns homens soropositivos com transtorno depressivo maior e também como tratamento suplementar (potencialização) em alguns homens deprimidos com baixos níveis de testosterona endógena que são refratários a antidepressivos convencionais.
Reações adversas cardiovasculares 
· Os EAAs produzem um perfil de colesterol adverso ao aumentarem os níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade e reduzirem os níveis de colesterol de lipoproteína de alta densidade.
· O uso de doses altas de EAAs também pode ativar hemostasia e aumentar a pressão arterial. 
· Há relatos de caso isolados de infarto do miocárdio, miocardiopatia, hipertrofia ventricular esquerda e acidente vascular cerebral entre usuários de EAAs, inclusive mortes.
Reações adversas endócrinas 
· Em homens: atrofia testicular e esterilidade, ambos normalmente reversíveis
· após a descontinuação dos EAAs, e ginecomastia, que pode persistir até a remoção cirúrgica. 
· Em mulheres: encolhimento do tecido mamário, irregularidade do ciclo menstrual (diminuição ou cessação) e masculinização (hipertrofia clitoriana, hirsutismo e voz grave) podem ocorrer. 
· Os efeitos masculinizantes sobre mulheres podem ser irreversíveis. 
· Andrógenos consumidos durante a gravidez podem causar masculinização de um feto do sexo feminino.
Outras reações adversas 
· Efeitos dermatológicos incluem acne e padrão de calvície masculina. 
· O abuso de EAAs por crianças levou à preocupação de que o fechamento prematuro de epífise óssea induzido por EAAs possa causar baixa estatura. 
· Outros efeitos adversos incomuns incluem edema das extremidades causado por retenção de líquidos, exacerbação de transtornos de tique, apneia do sono e policitemia.
Aspectos psíquicos 
· O consumo de EAAs é reforçado porque pode produzir os efeitos atléticos e físicos que o usuário deseja, especialmente quando combinados com a dieta e o treinamento adequados. 
· O reforço continua graças à vitória em competições e à admiração social pela aparência física. 
· Usuários de EAAs também percebem que podem treinar de modo mais intensivo e durante períodos maiores com menos fadiga e com redução do tempo de recuperação entre as sessões de atividade física.
· Informalmente, alguns usuários relatam sensações de poder, agressividade e euforia, que podem estar associadas ao hábitode consumir EAAs e reforçá-lo.
· Alguns levantadores de peso, tanto do sexo masculino como do feminino, podem apresentar dismorfia muscular, forma de transtorno dismórfico corporal em que o indivíduo acredita não ser suficientemente magro e musculoso.
· Os esteroides podem, inicialmente, induzir euforia e hiperatividade.
· Após períodos de tempo relativamente curtos, no entanto, seu uso pode associar-se a aumento de raiva, excitação, irritabilidade, hostilidade, ansiedade, somatização e depressão (sobretudo durante épocas em que os esteroides não são usados). 
· Vários estudos demonstraram que 2 a 15% dos indivíduos que abusam de esteroides
· anabolizantes experimentam episódios hipomaníacos ou maníacos, e um percentual menor pode ter sintomas claramente psicóticos.
· Também causa perturbação a correlação entre abuso de esteroides e violência: Indivíduos que fazem abuso de esteroides sem registro de comportamento antissocial nem violência cometeram assassinatos e outros crimes violentos.
Tratamento da adição 
· Objetivo é abstenção definitiva.
· Terapia de apoio e monitoramento são essenciais para o tratamento de abstinência de EAAs porque podem ocorrer depressões suicidas. A hospitalização pode ser necessária quando a ideação suicida for grave. 
· Os pacientes devem receber esclarecimentos sobre o possível curso de abstinência e ser tranquilizados de que os sintomas desaparecerão com o tempo e são manejáveis. 
· O melhor é reservar agentes antidepressivos para pacientes cuja sintomatologia depressiva persista várias semanas depois da descontinuação de EAAs e que satisfaçam os critérios para transtorno depressivo maior. Os ISRSs são os agentes preferidos, devido a seu perfil favorável de efeitos adversos e sua eficácia na única série de relatos de caso de usuários de EAAs com transtorno depressivo maior tratados. 
· Sintomas de abstinência de natureza física não oferecem letalidade e normalmente não requerem farmacoterapia.
INALANTES 
Aspectos gerais 
· As apresentações mais comuns dos inalantes são os fluidos de gás, thinner, colas, verniz, tintas, removedores de esmalte, adesivos, propulsores de aerossol, alguns agentes de limpeza seco, spray de pintura, fluidos de correção de máquina de escrever.
· São inalados propositalmente ou por exposição no ambiente de trabalho, e quando ocorre a intoxicação, os relatos são de sensações prazerosas como euforia e desinibição.
· Os inalantes são divididos em três grupos:
· Grupo I - Solventes voláteis: butano, propano, tolueno, cloreto de metila, acetato de etila, tetracloroetileno (encontrados em sprays diversos, tintas, removedores de manchas, liquido para correção de texto, desengraxantes, colas, cimento de borracha); Combustíveis: butano e propano (encontrados nos isqueiros, gasolina, propulsores de carros de corrida); Anestésicos: éter, cloreto de etila, halotano.
· Grupo II - Oxido nitroso (encontrado no gás hilariante, anestésicos, aerossóis).
· Grupo III - Voláteis nitritos de Áquila, ciclohexil, nitrito de butila, álcool isopropilico, nitrito isobutil (encontrados em poppers, limpadores de cabeçote, purificadores de ar e odorizadores de ambiente).
Mecanismo de ação 
· A inalação de substâncias voláteis produz efeitos similiar ao álcool (etanol like) por meio do Ácido Gama-Aminobutírico (GABA) e efeitos anestésicos dissociativos no sistema de receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). 
· Outras evidências sugerem que os inalantes aumentam a liberação de dopamina no núcleo Acumbens, responsável pelo abuso destas substâncias.
Epidemiologia 
· O uso de inalantes tem sido largamente reconhecido como uma droga de abuso muito comum entre os adolescentes. 
· A idade média de experimentação é entre os 14 e 15 anos, mas parece haver uma diminuição da idade de experimentação em populações mais vulneráveis, tais como “meninos de rua”, adolescentes com transtornos do humor ou de ansiedade, em conflito com a lei, onde a experimentação tende a ser ainda mais precoce, aos 7-9 anos. 
· Os meninos usuários são mais prevalentes que as meninas, variando de 74,2% a 84,6%. 
· Ocorre mais em indivíduos com baixo desempenho escolar, com baixo nível socioeconômico e socialmente marginalizados, com famílias desestruturadas sem supervisão parental, envolvidos com álcool e outras drogas, com histórico de abuso sexual.
· 1 em cada 5 pessoas que experimentam inalantes desenvolveram abuso e/ou dependência. Este índice pode ser considerado baixo se comparado a outras drogas de abuso como heroína, cocaína e crack, mas tão importante quanto às demais substâncias, pelos danos associados. 
· A transição do uso experimental para um típico padrão de abuso e /ou dependência em geral ocorre de forma bastante rápida e progressiva, em média um ano após o início do uso.
· Os achados do último levantamento feito em 27 capitais brasileiras mostraram que os solventes foram as drogas com maior uso na vida (exceto tabaco e álcool). Teresina (PI) apresentou a maior porcentagem com 19,2% e a menor foi em Aracajú com 6,4% dos estudantes fazendo uso na vida de solventes. 
· O Brasil teve o maior uso na vida de solventes com 15,4% não sendo ultrapassado por nenhum outro país, tanto das Américas quanto da Europa.
· Em relação às crianças em situação de rua: 44,4% já experimentaram algum solvente (cola, loló, thinner, entre outros)
Contexto do uso 
· Entre as principais razões para o uso destas substâncias pelos adolescentes citam-se: a curiosidade, o acesso fácil, por diversão ou a busca de relaxamento, a ideia de que esta droga não é perigosa, para esquecer os problemas, por tristeza, aborrecimento ou ansiedade, por pressão dos seus pares, para impressionar terceiros, por estar com raiva de alguém ou de si mesmo, por problemas familiares, e porque gosta desta droga mais do que outras. 
· Acontece também para se juntar as pessoas que estão usando no mesmo ambiente, assim como por ter ouvido alguém falar sobre os efeitos prazerosos dos inalantes. 
· As substâncias pertencentes a este grupo em sua maioria não são consideradas como drogas ilegais apesar de produzirem efeitos psicoativos. 
· Não sendo consideradas substâncias ilegais, acabam sendo de fácil acesso, de baixo custo e fácil armazenamento pelo usuário em casa, como é o caso da acetona ou lata de cola, pois não produzem grandes conflitos quando encontradas pelos familiares. 
· Além disso, não existe fiscalização formal por parte de autoridades, nem mesmo políticas restritivas de venda na maioria dos países. São disponíveis e acessíveis.
LANÇA-PERFUME 
· Mistura de éter, clorofórmio, cloreto de etila e essências perfumadas) que começou a ser comercializada em 1897
· Foi amplamente usado nas décadas de 30 e 40 quando essas brincadeiras foram dando lugar ao uso do lança perfume como droga de abuso os quais os indivíduos utilizam lenços molhados embebidos pelo líquido seguido de aspiração para obtenção de uma sensação de euforia e entorpecimento. 
· Após vários casos de morte, principalmente por parada cardíaca, o uso do lança perfume acabou sendo proibido no Brasil pelo Presidente Jânio Quadros em 1961. 
· Como a sua produção e comercialização são livres em países vizinhos como Argentina e Paraguai o produto acaba sendo contrabandeado para o Brasil, principalmente em épocas de carnaval
NITRATO (ÓXIDO NITROSO)
· Popularmente conhecido como “Popper, ou ‘Incenso líquido’. 
· Trata-se de uma substância que emergiu em ambientes de sex-shops, e que muito embora seja ilícita pode ser facilmente comprada nestes locais. 
· A busca pela droga tem sido a suposta capacidade de aumentar o desejo e desempenho sexual, facilitar a masturbação, levar a um ‘orgasmo bombástico’ como tem sido descrito em mídias informais.
· O uso do Popper tem se popularizado no público gay talvez por facilitar as relações sexuais, principalmente anais, uma vez que há relatos em potencializar o prazer e suprimir a dor e assim facilitar a penetração, aumentando o risco de relações sem preservativos.
Funcionamento 
· Após a inalação pela boca ou pelo nariz em segundos surgem os sintomas,e perduram por cerca de 5 a 15 minutos. 
· Alcançam os alvéolos e capilares pulmonares e são distribuídos pelas membranas lipídicas do organismo com pico plasmático entre 15 a 30 minutos. 
· Seus efeitos intensos e efêmeros estão entre os fatores que estimulam o uso continuado (rush). 
· Depressores do sistema nervoso central (SNC) tem efeito bifásico iniciando com euforia, excitação, desinibição, risos imotivados e alterações sensoriais semelhantes à intoxicação alcoólica. 
· Algumas das sensações agudas relatadas por jovens usuários de inalantes: euforia, relaxamento, vertigem, cefaleia, batimentos cardíacos acelerados, confusão mental, verborreia, diminuição do apetite e amnésia; esses autorrelatos ocorrem durante intoxicações agudas e dependem da frequência do uso.
Efeitos colaterais
· Os sintomas físicos podem ser expressos como voz pastosa, cefaleia, tontura, tinidos nos ouvidos, náuseas, vômitos, diminuição de reflexos e da força muscular além de incoordenação motora.
· Causam anestesia com perda de consciência, sendo que doses mais altas podem causar quadros confusionais e delirantes. 
· Após a “cheirada” pode levar a situações de pronto socorro por arritmias cardíacas, parada cardiorespiratória, traumas associados à incoordenação motora e distratibilidade na vigência da intoxicação aguda e morte, uma vez que a grande maioria dos solventes são depressores cardíacos (por ação miocárdica direta) e respiratórios.
Manejo das intoxicações 
· O manejo da intoxicação aguda por inalantes dependerá da sintomatologia, mas geralmente não é grave. 
· Em casos de intoxicações graves que produzem emergências médicas como depressão respiratória, arritmias cardíacas, convulsões e coma devem receber atendimento imediato e em local apropriado segundo procedimentos de rotina de manejo destas situações clínicas agudas. 
· Portanto, a chance de utilização de serviços de emergências é alta e pode são altas e maiores do que a busca por tratamento em outros ambientes. Daí a necessidade do adequado treinamento de profissionais de prontos socorros (PS) para que a intervenção não somente clínica, mas também de motivação e encaminhamento para o tratamento formal em diversos serviços destinados a usuários de substâncias. 
· Isto auxilia a melhorar o trabalho em rede dos sistemas de saúde diminuindo as recidivas de vistas ao PS que são settings de efetividade sabidamente reconhecida para intervenções com estes usuários, porém com custo elevado.
Abstinência 
· Estudo de base populacional apontou que 47,8% das pessoas que preencheram critérios para dependência de inalantes relataram experimentar três ou mais sintomas de abstinência relacionados aos inalantes clinicamente significativos. 
· Ao comparar a abstinência de inalantes com cocaína observa-se prevalência significativamente maior de sintomas com inalantes, do tipo hiperssonia (63,6%), cansaço (55,4%), náusea (46%),
Alternativas terapêuticas teóricas 
· Antipsicóticos atípicos: Clozapina- 200 a 500 mg/dia, olanzapina (5 a 20 mg/dia), risperidona (4 a 8 mg/dia) e quetiapina (300 a 900 mg/dia) estariam relacionadas a possibilidade de redução do uso de inalantes pelo bloqueio do circuito de recompensa dopaminérgico mesocortical estimulado pelos inalantes.
· Anticonvulsivantes: medicações como o valproato (750 a 1800 mg/dia), topiramato (200 a 600 mg/dia), gabapentina (900 a 1800 mg/dia), vigabatrim (2 g/dia), e tiagabina (12 a 24 mg/dia) estariam indicados para tratar a síndrome de abstinência por antagonizar os efeitos reforçadores dos inalantes pela inibição da liberação de dopamina mesocorticolímbica por meio da facilitação da atividade GABA.
· Acamprosato (999 mg a 1988 mg/dia): a indicação estaria relacionada à capacidade de prevenir a neurotoxicidade associada ao uso dos inalantes
· Antagonistas 5-HT3: devido ao fato dos receptores 5HT3A poderem estar envolvidos nos efeitos reforçadores dos inalantes, é possível que estas medicações antagonizem este complexo receptor. Dois são os medicamentos com este perfil: o ondasetron (4 mg/dia) e a mirtazapina (30 a 45 mg/dia).
Morbidades psiquiátricas 
· A maioria dos estudos sobre as morbidades psiquiátricas do uso agudo de inalantes foi feita em amostras de adolescentes e adultos jovens e mostrou uma correlação com uso agudo de inalantes e diversos comportamentos de risco durante a intoxicação aguda, tais como: manter relação sexual sem proteção, envolvimento em brigas, comportamentos antissociais, maior probabilidade de experimentação e uso de outras drogas de abuso assim como ideação e tentativa de suicídio.
· A administração contínua de forma crônica de solventes e inalantes tem estreita relação de associação com sintomas psicóticos, transtornos do humor e de ansiedade. Entre os grupos mais vulneráveis de usuários de inalantes, observam-se maior risco para uso de drogas injetáveis, HIV, suicídio, desenvolvimentos de outros transtornos psiquiátricos, principalmente delinquência e transtornos de personalidade.
Consequências do uso crônico 
· O uso crônico de inalantes está associado a dano cerebral, tais como: prejuízo de memória, comprometimento cognitivo, perda auditiva e da sensação olfativa, comprometimento da coordenação motora, com ataxia da marcha e demência.
· Na exposição ocupacional, indivíduos são tipicamente expostos aos solventes nos processos de trabalho que utilizam essas substâncias. Essa exposição pode ser continuada ao longo da jornada de trabalho e/ou acidental. A categoria profissional de pintores tem sido sistematicamente associada a sintomas neuropsiquiátricos atribuídos à exposição ocupacional a solventes.
· Pessoas que foram expostas a concentrações extremamente altas terão efeitos não específicos como os apresentados em encefalopatias: quadro com déficit cognitivo, ataxia cerebelar, espasticidade, miopatias. Duas síndromes neurotóxicas mais especificas podem ser observadas nestes casos: ototoxicidade e neuropatia periférica
· Os transtornos neurotóxicos produzidos podem se assemelhar a alterações metabólicas, doenças desmielinizantes, alterações nutricionais e doenças degenerativas e são os mais grave.
Repercussões materno-fetais 
· Distúrbios do crescimento e malformações fetais podem ocorrer, assim como microcefalia e retardo no crescimento nos recém nascidos
· Como os solventes são lipofílicos, passam facilmente a barreira placentária ocasionando aumento do risco de aborto espontâneo
· Alguns relatos em amostras clínicas mostram a ocorrência de uma síndrome neonatal semelhante àquela encontrada em gestantes usuárias de álcool, com crianças com anormalidades principalmente com baixo peso ao nascer
· Os recém-nascidos de mães expostas ao tolueno apresentam alterações dismórficas como microcefalia e retardo no crescimento. Estudos que fizeram seguimento de crianças cujas mães usaram tolueno na gravidez, mostraram que estas tinham atraso no desenvolvimento intelectual e físico, comprometimento da linguagem, sintomas de hiperatividade e disfunção cerebelar, tendo várias semelhanças com a síndrome fetal alcoólica.
· Já o oxido nitroso tem sido associado a capacidade de produzir diminuição do crescimento do esqueleto e aumento do crescimento de vísceras dos fetos expostos a esta substância durante a gestação.

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