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Humanização em saúde, programas e atividades APRESENTAÇÃO A humanização em saúde é um aspecto fundamental para oferecer serviços que atendam às necessidades de pessoas, famílias e comunidades. A humanização traz consigo o resgate do valor dos indivíduos e da vida humana. Nesse sentido, a política nacional de humanização (HumanizaSUS) estabelece diretrizes básicas que devem orientar e direcionar todas as ações de saúde que envolvem o planejamento, a execução e a implementação de projetos de assistência, infraestrutura e ambiência de pessoas (usuários) e trabalhadores. As diretrizes da política nacional de humanização são o acolhimento, a gestão participativa e cogestão, a ambiência, a clínica ampliada e compartilhada, a valorização do trabalhador e a defesa dos direitos dos usuários. No entanto, além dos planos e ações orientados pelas diretrizes, existem também os princípios da HumanizaSUS, ou seja, valores que vão fortalecer os aspectos éticos e o sentido de valorização e manutenção da vida nas instituições de saúde. Os princípios do HumanizaSUS são a transversalidade, a indissociabilidade entre atenção e gestão e o protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os princípios e diretrizes da HumanizaSUS e como eles são aplicados nos estabelecimentos de saúde. Além disso, você também poderá compreender e reconhecer a política nacional de humanização, tendo acesso a discussões com foco na ambiência e sua aplicação na hotelaria hospitalar. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os princípios da política nacional de humanização.• Aplicar a política nacional de humanização em estabelecimentos de saúde.• Discutir aspectos da humanização relacionados à hotelaria hospitalar.• DESAFIO Uma das diretrizes da política nacional de humanização é a ambiência. Seguindo essa diretriz, os ambientes que recebem usuários e trabalhadores devem possibilitar o atendimento e o processo de trabalho em saúde, não cabendo improvisações. Devem ser locais adequados para as atividades em saúde, tornando-se saudáveis, acolhedores e agradáveis, respeitando as normas de segurança, capazes de propiciar o processo de trabalho ergonômico, o conforto e privacidade necessários para os usuários. A ambiência, como um princípio da humanização, tem três eixos principais: 1) O conforto e a privacidade de usuários e trabalhadores, garantindo a proteção e adequação relacionada a luz, cor, ruídos, odores e temperatura. 2) A possibilidade do encontro entre os sujeitos, de forma que consigam estabelecer troca de experiências, reflexão sobre o processo de trabalho e relações solidárias. 3) um espaço que facilite o processo de trabalho, favorecendo a otimização dos recursos e a ergonomia. Considere a situação a seguir. Refletindo sobre todo esse cenário desafiador, responda: a) Como resolver as dificuldades das mães e acompanhantes? b) Quais as sugestões para tornar a unidade acolhedora e humanizada para as crianças? c) Quais ações poderiam tornar a unidade mais eficiente e confortável para os trabalhadores? INFOGRÁFICO Os princípios da política nacional de humanização (PNH) são a base de todas as ações em saúde e direcionam profissionais, usuários e gestores na construção do sistema único de saúde mais próximo da necessidade da população Nesse sentido, é possível perceber que não é apenas uma questão de reconhecer o conceito de humanização, mas de compreender o significado da tranversalidade e como ela deve ocorrer no sistema, da indissociabilidade entre a atenção e a gestão e como é importante que caminhem paralelamente e o protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos como expressão maior da humanização das instituições de saúde. Baseado nos princípios como orientadores dos objetivos que se pretende alcançar em uma política nacional de humanização, é possível desenvolver ações que privilegiem e valorizem a vida em todas as suas fases e o processo de trabalho. No Infográfico, você verá o significado dos princípios da PNH e quais são os objetivos a serem alcançados ao adotar os princípios e implantar a PNH no sistema único de saúde. CONTEÚDO DO LIVRO Ao refletir sobre o SUS, é possível perceber a imensa dificuldade de manter um sistema em que os princípios e diretrizes se baseiam no acesso universal, no respeito à vida, na gestão compartilhada e hierarquizada e no acesso e organização dos recursos em saúde para todo o sistema. Assim, o processo de manutenção de um sistema tão complexo e amplo, em um país com tanta diversidade como o Brasil, é um desafio diário. Políticas e programas são criados para compor uma construção que necessita ser democrática e acessível a todos, em que o foco de todas as ações se mantenha nos principais atores de todo o processo e não no sistema em si. No capítulo Humanização em saúde, programas e atividades, da obra Hotelaria, hospitalidade e humanização, você vai conhecer a política nacional de humanização e seus princípios, bem como as diretrizes que determinam as ações nos estabelecimentos de saúde. Ao conhecer as bases e caracteristicas da PNH, você conseguirá estabelecer a conexão da humanização com a hotelaria hospitalar em diferentes contextos. Boa leitura. HOTELARIA, HOSPITALIDADE E HUMANIZAÇÃO Karen Cardoso Caetano Humanização em saúde, programas e atividades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os princípios da Política Nacional de Humanização. Aplicar a Política Nacional de Humanização em estabelecimentos de saúde. Discutir aspectos da humanização relacionados à hotelaria hospitalar. Introdução Neste capítulo, você vai reconhecer os principais aspectos da Política Nacional de Humanização (PNH) e compreender seus princípios e suas diretrizes, bem como a aplicação em diversos aspectos nas instituições de saúde e na hotelaria hospitalar. A compreensão dessa política está intimamente ligada à percepção do que é o cuidado em saúde e ao significado ético para todo o processo das ações em saúde. Você estudará os conceitos que dão sustentação a princípios, diretrizes e objetivos, além de sua relação com as mais diversas ações que ocorrem nas instituições de saúde. A discussão sobre como a PNH pode influenciar na organização e nas ações de hotelaria em uma instituição de saúde mostra a necessidade de aplicar em novos contextos todo o conhecimento presente nela. 1 Princípios da Política Nacional de Humanização Na saúde, a humanização, geralmente, é associada ao respeito dos direitos dos usuários e ao tratamento cordial em todos os setores de uma instituição. No entanto, a humanização nas ações e serviços de saúde é algo muito mais amplo do que isso e se dá a partir da percepção e visão dos seus diferentes signifi cados e aplicações, como os que serão apresentados a seguir. Cuidado como base da humanização Segundo Waldow e Borges (2011), o cuidado pode ser entendido como um modo de ser, pelo qual somos humanos. Ao deslocar o olhar para além de si mesmo, é assumida a condição humana, reconhecendo o outro e, desse modo, estabelecendo conexão com outras pessoas. Fazendo isso, desenvolve-se, além da dimensão existencial que defi ne o ser humano, a dimensão relacional do cuidado, percebido, assim, como o movimento extremamente humano de se interessar pelo outro e atender suas necessidades. Isto é, “o cuidado é o que confere a condição de humanidade às pessoas” (WALDOW; BORGES, 2011, documento on-line). Nas instituições de saúde, o cuidado tem como foco principal os profissio- nais de enfermagem, que estão mais próximos e por mais tempo com pacientes e usuários. No entanto, o cuidado é uma atividade que abrange não apenas todos os profissionais de saúde, mas todas as pessoas envolvidas emuma instituição, inclusive das áreas de suporte, administração e infraestrutura. Ou seja, a relação de cuidado se dá no reconhecimento do outro e da sua condição humana. Os comportamentos básicos de cuidado envolvem compaixão, competência, confiança, consciência e compromisso, que são elementos básicos para que se estabeleçam as ações de saúde nas instituições (WALDOW; BORGES, 2011). Dessa forma, desenvolver essas ações em saúde tende a facilitar as relações entre usuários, profissionais de saúde e gestores. É necessário desenvolver os comportamentos básicos em todo o processo de trabalho, como na organização, no planejamento institucional, na forma de organizar e oferecer os serviços diretos e de apoio aos usuários, bem como na forma de planejar e construir a estrutura de hospitais e unidades de saúde. Assim, é possível compreender que o cuidado, que define a essência hu- mana, estabelece a relação com o outro de forma humanizada e também determina a prática profissional humanizada, independentemente da área de atuação. Qualquer instituição de saúde que lide com pessoas deve desenvolver esse tipo de comportamento em seus colaboradores para que ele esteja presente na cultura organizacional. O cuidado, portanto, engloba atos, comportamentos e atitudes. Os atos realizados no cuidado variam de acordo com as condições em que ocorrem as situações e com o tipo de relacionamento estabelecido. Existem tipos dife- rentes ou maneiras distintas de cuidar, que variam de intensidade. A maneira de cuidar vai depender da situação, da forma como o profissional se envolve Humanização em saúde, programas e atividades2 com ela e com o sujeito que é motivo de atenção do cuidado (WALDOW; BORGES, 2011). Portanto, a humanização é aquilo que torna e faz as pessoas se perceberem como humanos em condição de existência. Cabe, no entanto, contextualizar o significado da humanização, tendo em vista o foco voltado aos processos do cuidado em si e da sua gestão. A humanização é concebida também em diferentes contextualizações: Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho (BRASIL, 2015, documento on-line). É possível perceber que o ato de humanizar compreende as diferenças dos indivíduos, suas peculiaridades, necessidades e, principalmente, suas vulnerabilidades. Desse modo, pode-se, então, refletir sobre a relação entre o cuidado e a humanização, estabelecendo, assim, uma conexão entre os dois conceitos, que se entrelaçam sem hierarquização de importância, pois quando se percebe humano, reconhece-se a vida como um valor único, compreendendo o cuidado como parte de um cenário ampliado, vinculado à compaixão, à bondade, ao respeito, às singularidades e ao suporte a todo tipo de vulnerabilidade. Nesse sentido, os termos “humanizar” e “humanização” surgem com cada vez mais frequência e força nas discussões, textos e mídias. A valorização crescente do conceito de humanização traz a reflexão e o contraste do que é percebido como “desumanizante”, isto é, a desvalorização da vida e a violência. Dentro do contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), a aplicação cotidiana desse conceito e dos seus princípios e diretrizes se torna uma necessidade. Assim, em saúde, humanizar significa compreender que cada pessoa é única e singular em sua forma de existir, o que indica a necessidade de personalizar cada vez mais a assistência. Também significa o conceito de ações de não violência, tolerância às diferenças e construção coletiva. Dentro desse contexto, surgiu, em 2003, a PNH, visando, principalmente, diminuir a distância entre o discurso e a prática, isto é, entre os princípios e diretrizes do SUS e o cotidiano dos serviços de saúde. A construção e a mudança não partem de um ator do processo, mas do encontro coletivo entre usuários, trabalhadores e gestores e se refletem em novas formas de organização e de cuidado (BRASIL, 2015). 3Humanização em saúde, programas e atividades A PNH é constituída de princípios e diretrizes que têm como objetivo esta- belecer as condições dialógicas entre os atores envolvidos. São esses princípios que irão servir como base para definir as ações estratégicas para um SUS humanizado. Dessa forma, para compreender a conexão entre o cuidado, a humanização da assistência e a PNH é necessário conhecer as ideias centrais de humanização do atendimento na saúde, como as formas de reconhecimento das pessoas como seres humanos e com necessidades diferenciadas, evitando a sua negação e invisibilidade, que são o oposto à violência do não reconhecimento dos indivíduos e populações. Sendo assim, humanizar é oferecer atendimento digno e de qualidade, no qual as peculiaridades são levadas em consideração e as tecnologias concorrem para oferecer o acolhimento e a ambientação necessários, além de condições de trabalho, produtividade e comunicação efetiva entre todos os atores envolvidos. O Quadro 1 apresenta os princípios da PNH. Fonte: Adaptado de Brasil (2015). Princípios da PNH Explicação Transversalidade Transversalizar é desenvolver “concepções e práticas que atravessam as diferentes ações e instâncias, aumentam o grau de abertura da comunicação intra e intergrupos e ampliam as grupalidades, o que se reflete em mudanças nas práticas de saúde” (BRASIL, 2015, documento on-line). Indissociabilidade entre atenção e gestão Significa que as práticas devem ocorrer de forma inde- pendente, mas que, apesar disso, são complementares, devendo envolver todas as especialidades do cuidado (BRASIL, 2015). Além disso, a responsabilidade do cui- dado não fica restringida apenas à equipe de saúde, mas é compartilhada com a família e a rede de apoio. Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos A delimitação da responsabilidade dos papéis dos atores é flexível, no sentido de que as decisões das ações em saúde podem ser compartilhadas e têm como objetivo a autonomia dos atores e do coletivo em prol de um SUS cada vez mais acessível e huma- nizado em sua estrutura e ações. Dessa forma, o SUS humanizado reconhece e fomenta “o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva nos processos de gestão” (BRASIL, 2015, documento on- -line), tendo como base o ideal de cidadania. Quadro 1. Princípios da Política Nacional de Humanização Humanização em saúde, programas e atividades4 A ação inclusiva dos princípios da PNH é importante e acontece a partir dos atores sociais, como trabalhadores, usuários e gestores, assim como dos analistas sociais, que realizam a mediação de conflitos de diferentes indivíduos que possuem distintas culturas, estilos e visões de vida. Além disso, a inclusão dos movimentos sociais promove a oportunidade de estabelecer diálogos e protagonismo de pessoas e coletivos que provavelmente não teriam acesso a diversos serviços (BRASIL, 2014). A transversalidade é um princípio que indica que a PNH não é uma política específica de nenhum programa, mas deve acontecer transversal- mente, atravessando todos os programas do SUS, compreendendo que suas ações devem ocorrer em todo o sistema. Dessa forma, a PNH permite compor qualquer tipo de serviço, especialidade profissional ou nível gerencial do SUS, não gerando contraposição, mas criando o caminho dialógico em diferentes espaços (BRASIL, 2014). Um aspecto importante do princípio da transversalidade é desfazer a verticalização, isto é, a hierarquização do poder de forma vertical, na qual o nível mais alto desconhece o contexto e os problemas dos outros níveis e não estabelece comunicação real e adequada. Os diferentes níveis verticais de hierarquia tendem a não se enxergar. Na horizontalização, ao contrário, as relações acontecem em um nível igualitário e com mais facilidadede comunicação e desburocratização. A verticalização do sistema impede a interação dos diversos grupos, as trocas afetivo-comunicacionais que le- vam ao sentimento de coletividade e a construção de grupos protagonistas (BRASIL, 2014). O princípio da indissociabilidade entre atenção e gestão significa a necessária mudança nas práticas de saúde relacionadas à gestão, levando em consideração que as pessoas participem do processo de como essa prática será gerenciada, possuindo autonomia para participar de decisões. A indissociabilidade entre clínica e gestão é constantemente verificada na interferência da prática médica com a gestão e vice-versa, o que se torna ainda mais evidente pela assunção de posturas políticas, participativas e cidadãs. Sempre reconhecendo o saber do outro e buscando produzir a autonomia de todos os envolvidos (BRASIL, 2014, documento on-line). Dessa forma, os sujeitos acabam por se perceberem também responsáveis por suas vidas, por buscar ações responsáveis na manutenção da saúde individual e do coletivo ao qual pertencem. O princípio do protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos serve para 5Humanização em saúde, programas e atividades completar todo esse processo, mostrando aspectos importantes de auto- nomia dos indivíduos em relação às ações de humanização nos serviços de saúde e às estratégias da manutenção da saúde no SUS. Além disso, levando em conta os outros atores, os trabalhadores em saúde não seriam apenas coadjuvantes nos processos de atenção em saúde e gestão, não sendo apenas meros executores de tarefas, mas estabelecendo o processo de trabalho como um espaço criativo, gerando novas formas e regras de divisão de trabalho e relacionamento, evitando os ambientes de trabalho mecânicos e doentios (BRASIL, 2014). O princípio do protagonismo diz respeito à inclusão ampliada envolvendo as características dos grupos sociais e os aspectos puramente subjetivos: Nesse processo há uma versão social e uma versão subjetiva: a primeira refere-se à inclusão de coletivos a partir dos movimentos sociais, como por exemplo, o Movimento da Reforma Psiquiátrica, enquanto a segunda relaciona- -se aos movimentos que alteram a sensibilidade, a percepção e os afetos, o que significa a compreensão e a incorporação nas práticas profissionais da saúde, das diferenças culturais, religiosas, étnicas, de gênero, idade e classe social dos usuários em uma determinada comunidade (BRASIL, 2014, do- cumento on-line). Além dos princípios da PNH que são a base ideológica e ética da huma- nização, existem as diretrizes. As diretrizes direcionam as ações necessárias para o processo de humanização das instituições. Dessa forma, é possível compreender melhor o que isso significa e como as diretrizes envolvem a gestão, o trabalho e o seu planejamento. É possível perceber que a PNH, embora seja uma política instituída, possui a flexibi- lidade própria de um processo humanizador, isto é, não traz regras e normas fixas e rígidas, mas princípios e diretrizes para que as instituições criem e desenvolvam suas ações e programas de implantação. Desse modo, a velocidade e a forma como essa implantação é feita seguem a peculiaridade de cada estabelecimento de saúde, o contexto e a comunidade onde está inserida. Humanização em saúde, programas e atividades6 2 Política Nacional de Humanização em estabelecimentos de saúde A aplicação da PNH é direcionada pelas diretrizes que norteiam quais são as ações que devem ser desenvolvidas nos estabelecimentos de saúde. As diretrizes têm como base aspectos clínicos, éticos e políticos para orientar as ações da aplicação da PNH. Diretrizes e objetivos O acolhimento é uma ação importante, observando o aspecto comunicacional, afetivo e relacional. “Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações” (BRASIL, 2015, documento on-line). Nesse sentido, o acolhimento visa prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. O acolhimento ocorre a partir da escuta qualificada, isto é, na compreensão dos profissionais de saúde para que haja o direcionamento dos recursos e tecnologias adequadas ao usuário. A escuta qualificada envolve o conhecimento técnico, a compreensão do contexto do outro e o não julgar. Além disso, na escuta qualificada, as atitudes de empatia, respeito e não interrupção fazem parte do processo (BRASIL, 2015). Uma das formas mais comuns para o exercício da escuta qualificada são os grupos e rodas de conversa, onde os indivíduos trocam experiências, olhando para o outro, ouvindo o que todos têm a dizer, transpondo histórias e adquirindo outro olhar sobre determinados cenários. A gestão participativa e a cogestão incluem os diversos atores envolvidos no processo de humanização e de saúde das instituições, desenvolvendo a ampliação de sua ação, compreensão de processos, análise da realidade de forma multidimensional e compartilhamento de tarefas e responsabilidades da gestão (BRASIL, 2015). Dessa forma, é possível descentralizar o poder concentrado apenas em uma ou poucas pessoas. Nesse sentido, é possível perceber como é importante a abertura para algo que vai além das comissões e grupos de trabalho instituídos oficialmente. Abre-se espaço, novamente, para as rodas de discussão. Assim, pode-se dizer que há dois tipos de grupos: 7Humanização em saúde, programas e atividades A PNH destaca dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respeito à organização de um espaço coletivo de gestão, que permita o acor- do entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde (BRASIL, 2015, documento on-line). Há também grupos de gestão participativa, como, por exemplo: os cole- giados gestores, mesas de negociação, contratos internos de gestão, Câmara Técnica de Humanização, Grupo de Trabalho de Humanização e Gerência de Porta Aberta, em que diferentes representantes dos usuários, dos trabalhadores e dos grupos sociais devem fazer parte. A ambiência é uma forma de criar projetos arquitetônicos que propiciem espaços saudáveis nos estabelecimentos de saúde, tanto ao exercício profis- sional seguro quanto ao encontro e à convergência de pessoas. Esses espaços devem possuir conforto e privacidade adequados. Dessa forma, a discussão da utilização dos espaços e os projetos de construção e reformas devem ser amplamente discutidos pelos grupos de trabalho e usuários, visando observar suas necessidades. Assim, a ambiência envolve aspectos a serem contemplados em projetos humanizados, como: a ergonomia nos equipamentos e mobiliários; iluminação; proteção contra o ruído excessivo tanto para usuários como trabalhadores; existência de áreas de descanso e alimentação para trabalhadores e acompa- nhantes; número de banheiros adequados e com acessibilidade; uso das cores no ambiente; espaços de compartilhamento e encontro, espaços de aprendizagem. A clínica ampliada e compartilhada é a forma de enfrentamento da doença evitando a visão compartimentalizada, ao contrário do que ocorre corriqueiramente. Desse modo, a clínica compartilhada tem como objetivo compreender a “singularidade do sujeito e a complexidade do processo saúde/ doença. Permite o enfrentamento da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos danos e ineficácia” (BRASIL, 2015, docu- mento on-line). Outra questão importante que essa diretriz traz é a necessidade de reorganiza- ção do processo de trabalho das equipes, isto é, o estabelecimento de comunicação entre diferentes especialidades e equipes, para trabalharem em conjunto as peculiaridades e subjetividades dos usuários. Dessa forma, a discussão dos casos ocorre e é enriquecida pelos diversos olhares de cadaum dos profissionais, suas vivências, suas dúvidas, sentimentos e afetos. A partir desse compartilhamento de casos e de suas resoluções de forma coletiva entre as equipes, não é possível Humanização em saúde, programas e atividades8 o distanciamento do usuário, ao contrário, o processo facilita o envolvimento e compreensão das subjetividades de cada pessoa (BRASIL, 2014). A valorização do trabalhador consiste na “visibilidade à experiência dos trabalhadores e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capa- cidade de analisar, definir e qualificar os processos de trabalho” (BRASIL, 2015, documento on-line). É possível destacar os processos de qualificação do trabalhador, como a criação de programas de formação continuada e a participação em comunidades ampliadas de pesquisa, visando à formação e atualização contínua dos trabalhadores (BRASIL, 2015). A valorização do trabalhador é uma diretriz que envolve uma série de situações, como, por exemplo (BRASIL, 2014): excesso de demandas diminui a produtividade, assim como múltiplos vínculos do trabalhador; insegurança no vínculo de trabalho e risco de desemprego ou atraso de salários; precarização do vínculo de trabalho sem regras claras entre os deveres e direitos dos trabalhadores e empregadores; não cumprimento das normas trabalhistas e direitos dos trabalhadores; ausência de programas de carreira e estímulo à produtividade; ambiente amigável e de confiabilidade com horizontalização hierárquica; participação nas decisões da gestão; redução de situações estressantes. A defesa dos direitos dos usuários é um dos aspectos que reconhece o usuário como cidadão, respeitando e cumprindo toda a regulamentação do SUS e a legislação da Carta Magna, que estabelece o direito e o acesso à saúde para cada cidadão brasileiro. Ela é fundamental para que os usuários sejam mantidos informados sobre sua condição de saúde, sabendo como acessar todos os equipamentos do sistema e seus programas, bem como os mecanismos de autocuidado, entre outras informações pertinentes ao seu bem-estar e de sua família. Talvez a primeira e mais importante informação que o usuário deve obter é o nome dos componentes da equipe que cuida dele. Assim, no processo de humanização, rostos desconhecidos se tornam familiares, adquirindo nome e significado. No que concerne às informações referentes ao funcionamento dos serviços, equipamentos, especialidades e formas de acesso, cabe ao estabelecimento de saúde oferecer canais de acesso, desde os mais simples, como informati- vos, folhetos impressos, placas e cartazes, até os de maior tecnologia, como 9Humanização em saúde, programas e atividades aplicativos para celulares e páginas na internet. Canais de comunicação que contemplem pessoas com deficiência auditiva ou visual também devem fazer parte dessa diretriz. É preciso salientar que as equipes também devem conhecer os direitos dos pacientes e ser engajadas em defendê-los, compreendendo que fazem parte de um comportamento humanizado. Além dos aspectos das diretrizes da PNH que indicam o caminho das ações práticas nos estabelecimentos de saúde, é possível reconhecer outras ações que contribuem para melhorar consideravelmente as condições das instituições em relação à segurança e qualidade do cuidado. Nesse sentido, ganham destaque as ações citadas nos Quadros 2, 3 e 4. Programas e projetos Objetivos Agente envolvido Parto Humanizado/ Projeto Cegonha Garantir nascimento natural, saudável e prevenir mortali- dade de recém-nascidos. Parteiras credencia- das e qualificadas e equipes treinadas. Atenção Inte- gral à Mulher Ampliar, qualificar e huma- nizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS. Trabalhadores das ins- tituições de saúde. Rede Bancos de Leite Fornecer leite humano pas- teurizado para crianças pre- maturas, de baixo peso ou hospitalizadas, através da coleta de leite de mulheres voluntá- rias, cadastradas e avaliadas. Hospitais credencia- dos por todo o país. Método Canguru (assistência à criança recém-nas- cida de baixo peso) Melhorar substancialmente as chances de vida de recém- -nascidos de baixo peso em hospitais de risco do SUS, atra- vés da interação com a família e do aleitamento materno. Hospitais públicos ou privados que aderi- ram ao método. Quadro 2. Principais programas e projetos de humanização criados ou estimulados pelo Ministério da Saúde (Continua) Humanização em saúde, programas e atividades10 Fonte: Adaptado de Mello (2008). Programas e projetos Objetivos Agente envolvido Hospital Amigo da Criança Atenção humanizada à mãe e ao filho através do incen- tivo ao aleitamento materno. O programa é credenciado pelo Ministério da Saúde, do qual recebe suporte finan- ceiro, além da capacitação de seus profissionais, apoiado pelo UNICEF e pela Organi- zação Mundial da Saúde. Profissionais capaci- tados que pertencem ao quadro dos hospi- tais credenciados. Registro Civil Fornecer o registro gratuito de nascimentos e óbitos (docu- mentos de cidadania) e des- burocratização do processo: dispensa a necessidade de duas testemunhas quando o parto ocorre em estabeleci- mento de saúde; dispensa multa dos pais quando o registro da criança é feito fora do prazo estipulado em lei; disponibiliza postos avan- çados em maternidades do SUS. Maternidades credencia- das do SUS, em parcerias com alguns ministérios, que mantêm, através de fundos específicos para esses programas, recursos financeiros para pagamento de taxas dos cartórios que registram. Atenção Integrada às Doenças Preva- lentes na Infância Integrar promoção, preven- ção e assistência às doenças mais comuns da infância para reduzir prevalência e mortes em crianças até 5 anos. Equipes da Estratégia Saúde da Família (pro- tocolos) e equipes dos agentes comunitários (cartilha de orientação). Quadro 2. Principais programas e projetos de humanização criados ou estimulados pelo Ministério da Saúde (Continuação) 11Humanização em saúde, programas e atividades Fonte: Adaptado de Mello (2008). Programas e projetos Objetivos Agente envolvido Jovens Acolhedores (Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo) Atuar na recepção de usuários e desenvolver outras atividades nas organizações de saúde. Os jovens são selecionados, preparados e coordenados por profissionais da referida Secretaria e da organização selecionada pela SES para desenvolver as atividades. Jovens universitários Doutores da Alegria (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público [OSCIP]) Levar alegria às crianças hospitalizadas promovendo experiências enriquecedoras através da arte do palhaço. Voluntários preparados pela OSCIP Associação de Assistência à Criança Cardíaca e Transplantada do Coração ou ACTC (OSCIP) Proporcionar hospedagem, alimentação, apoio social, psicológico e pedagógico à criança cardíaca em situação de vulnerabilidade socioeconômica e seu acompanhante, vindos de todo Brasil ou países vizinhos para tratamento no Instituto do Coração de São Paulo (INCOR). Funcionários da Associação Quadro 3. Principais projetos e programas das organizações de saúde direcionados aos usuários e familiares com apoio de entidades parceiras — OSCIP Humanização em saúde, programas e atividades12 Programas e projetos Objetivos Agente envolvido Voluntariado organizacional (diversas organizações possuem o seu próprio grupo de voluntários) Proporcionar ampla gama de ações para conforto dos pacientes e familiares, desde fornecimento de objetos de uso pessoal ao oferecimento de diversas modalidades de ocupação e lazer. Elementos que compõem o grupo oficial de voluntários das organizações. Oficina de beleza Proporcionar cuidados de beleza aos pacientes, tais como manicure, pedicure, cuidados com cabelos e maquiagem. Essa modalidade de trabalho tem sido desenvolvida por algumas unidades de saúde, abertas ou fechadas, comoatividade programada ou pontual. Os próprios profissionais das organizações, em parceria com a indústria de cosméticos, ou usando produtos obtidos por doação. Brinquedoteca Proporcionar espaços lúdicos para crianças, em várias entidades, incluindo os hospitais. Os profissionais das organizações costumam ser capacitados para essa atividade. Comemoração de datas significativas (Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia das mães, e outras) Fazer com que os usuários em regime de internação e semi- internação tenham momentos de recreação, socialização, além de manter-se no contexto dos dias significativos do ano. Profissionais das organizações e voluntários. Quadro 4. Ações, projetos e programas desenvolvidos pela força de trabalho ou por vo- luntários, pertencentes ou não, ao grupo de voluntários da organização (Continua) 13Humanização em saúde, programas e atividades Cabe ressaltar que o engajamento tanto da equipe quanto de usuários pode iniciar programas exitosos nos estabelecimentos de saúde, criando um ambiente institucional rico de estímulos positivos, afeto e união de forças coletivas. Para saber mais, leia o livro Hotelaria hospitalar e humanização no atendimento em hospitais: pensando e fazendo, de Adalto Félix de Godoi (2004). Fonte: Adaptado de Mello (2008). Programas e projetos Objetivos Agente envolvido Atenção às necessidades espirituais Atender às necessidades espirituais dos usuários, familiares e trabalhadores da organização através de manutenção de capelas (ecumênicas ou não) e pessoas capacitadas para atendimento. Religiosos da organização de saúde ou voluntários que trabalham sob orientação da organização. Comemoração de aniversários Comemorar os aniversários dos usuários de uma determinada unidade, criando um ambiente de interação e convivência. Esse programa é particularmente importante para pacientes de longa internação ou semi-internação. Profissionais da organização e voluntários. Quadro 4. Ações, projetos e programas desenvolvidos pela força de trabalho ou por vo- luntários, pertencentes ou não, ao grupo de voluntários da organização (Continuação) Humanização em saúde, programas e atividades14 3 Humanização e sua relação com a hotelaria hospitalar Atualmente, a humanização na assistência em saúde vem abrangendo cada vez mais áreas dos estabelecimentos de saúde. Nesse sentido, a hotelaria hospitalar é infl uenciada pelos princípios de humanização tendo em vista que o ambiente que recebe o usuário depende das condições e processos para o seu conforto e restabelecimento. Assim, cada vez mais exigentes, os usuários buscam um local que não apenas ofereça os recursos para o tratamento em saúde, mas que possua con- dições de hotelaria e conforto. A busca por um local que não se pareça tanto com um hospital na sua decoração, estrutura, comodidades, cores e odores é uma realidade. Sendo assim, a humanização na hotelaria hospitalar ganha cada vez mais destaque e se justifica em uma das diretrizes da PNH: a ambiência. Hospitalidade significa receber alguém que está fora da sua residência habitual, por um período curto ou longo, que requer o atendimento de suas necessidades no local em que irá se hospedar, de forma que consiga se sentir o mais confortável possível. Os conceitos a seguir ajudam a compreender como funciona a hospitalidade hospitalar e sua conexão com a humanização. Um serviço intangível, capaz de tornar momentos de fragilidade do paciente em situações de tranquilidade e segurança devido ao envolvimento que o colaborador possuirá após ajudar o cliente naquela circunstância. Uma vez que o cliente ao possuir uma atenção devida pelos colaboradores possuirá além de uma imagem positiva do lugar, considerando-o como “hospitaleiro”, sentir-se-á confortável em um ambiente ainda não conhecido (CAVALCANTE; FERREIRA, 2018, documento on-line). “A hospitalidade hospitalar também pode ser compreendida como a humanização do atendimento do cliente de saúde (pacientes, acompanhantes e familiares)” (BOEGER, 2003, p. 31). “A hotelaria hospitalar é a introdução de técnicas, procedimentos e serviços de hotelaria em hospitais como consequente benefício social, físico, psicológico e emocional para pacientes, familiares e funcionários de um hospital” (CAVALCANTE; FERREIRA, 2018, documento on-line). 15Humanização em saúde, programas e atividades Dessa forma, pode-se perceber que a complexidade da hotelaria hospitalar é maior do que a hospedagem habitual em um hotel comum. No entanto, a relação que se estabelece entre a humanização e a hotelaria hospitalar é evi- dente, levando em consideração atender às necessidades de pessoas diferentes. Algumas das semelhanças dos serviços de um hotel e de um hospital são citadas por Garcia et al. (2016). Hotel: recepção com check-in e check-out, portaria social, alimentos e bebidas, lavanderia e reservas. Hospital: recepção com a gestão de internação e altas, balcão de infor- mação, nutrição, lavanderia, agendamentos e programação. Segundo Cavalcante e Ferreira (2018, documento on-line), sobre o foco específico da hotelaria hospitalar: As instituições da rede privada preocupam-se com a estadia do cliente de saúde, oferecendo através da hotelaria hospitalar serviços, tais como: caixa eletrônico, serviços de camareira, governança, ou como eventos que ocasione a relação do cliente com os funcionários do hospital. Assim sendo, oferecer a condição mais confortável, com aparato tecnológico e relacionamento atencioso de toda a equipe torna a experiência mais amena para pacientes e seus acompanhantes, principalmente, em longas permanências e nos casos mais complexos. Além dos serviços de recepção, alimentação, hospedagem e entretenimento, que são básicos em um processo de hospitalidade de um hotel, na hospitalidade hospitalar, ocorre a migração de outros serviços que são cada vez mais comuns nos hotéis, como, por exemplo, mensageiros, governantas e camareiras, serviço de quarto, área de alimentação com res- taurantes, área de lazer e lojas de conveniência e presentes, salas de leitura, lazer, biblioteca, brinquedoteca e salão de cabeleireiro (GARCIA et al., 2016). Há, no entanto, uma distância que separa os processos de implantação da PNH em estabelecimentos privados e naqueles que fazem parte da rede do SUS. O investimento e manutenção é, muitas vezes, o impedimento para oferecer uma estrutura que atenda a todas as necessidades dos usuários de subjetividades diversas, oriundos de classes socioeconômicas diferentes. Nas instituições ligadas ao SUS, os serviços que envolvem a similaridade com a hotelaria dos hotéis, muitas vezes, são tratados com resistência e interpretados como luxo desnecessário (GARCIA et al., 2016). Humanização em saúde, programas e atividades16 Para saber mais sobre o caso da implantação da humanização em um hospital de São Paulo, leia o artigo Gestão da humanização das práticas de saúde: o caso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de Izabel Cristina Rios e Linamara Rizzo Battistella (RIOS; BATTISTELLA, 2013). As evidências mostram que, apesar de todas as dificuldades de implantação de humanização em processos de gestão da ambiência, como a hotelaria hospitalar, ainda é importante que as instituições se empenhem em obtê-la. Os estudos de Freitas et al. (2013) demonstram a íntima relação entre ambiência humanizada e qualidade da assistência, o que resulta em melhoria da qualidade do cuidado. Exemplos exitosos tanto nos estabelecimentos públicos quanto privados devem ser reconhecidos e, dentro do possível, replicados em outros contextos. A hotelaria hospitalar é, sem dúvida, um componente importante para o processo de implantação de uma política de humanização em um estabele- cimento de saúde. É importante ressaltar, no entanto, os desafios que podem ocorrer nos diferentes cenários e culturas institucionais devido a diferenças nos recursos e no tipode rede, que pode ser pública ou privada. Assim, é possível estabelecer a conexão entre a PNH, seus princípios e diretrizes e o planejamento e gestão de um serviço de hotelaria hospitalar humanizado. BOEGER, M. A. Gestão em hotelaria hospitalar. São Paulo: Atlas, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos HumanizaSUS: atenção básica. Brasília, DF: Minis- tério da Saúde, 2014. v. 2. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ caderno_humanizasus_atencao_basica_v2_1ed.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização: PNH. Brasília, DF: Minis- tério da Saúde, 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/politica_na- cional_humanizacao_pnh_1ed.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020. CAVALCANTE, I. C. O. da S.; FERREIRA, L. V. F. A importância da hospitalidade e qualidade dos serviços na hotelaria hospitalar. Revista de Turismo Contemporâneo, Natal, v. 6, n. 1, p. 41–65, jan./jun. 2018. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/turismocontemporaneo/ article/download/8564/9475. Acesso em: 28 jan. 2020. 17Humanização em saúde, programas e atividades Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. FREITAS, F. D. de S. et al. Ambiente e humanização: retomada do discurso de Nightingale na política nacional de humanização. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 654–660, out./dez. 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20130008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v17n4/1414-8145-ean-17-04-0654.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020. GARCIA, I. de F. et al. Humanização na hotelaria hospitalar: um diferencial no cuidado com o paciente. Revista Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 10, n. 5, p. 196–207, jul./ dez., 2016. Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saude- Desenvolvimento/article/download/603/354. Acesso em: 28 jan. 2020. GODOI, A. F. de. Hotelaria hospitalar e humanização no atendimento em hospitais: pen- sando e fazendo. São Paulo: Ícone, 2004. MELLO, I. M. Humanização da assistência hospitalar no Brasil: conhecimentos básicos para estudantes e profissionais. 2008. Disponível em: http://hc.fm.usp.br/humaniza/pdf/livro/ livro_dra_inaia_Humanizacao_nos_Hospitais_do_Brasil.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019. RIOS, I. C.; BATTISTELLA, L. R. Gestão da humanização das práticas de saúde: o caso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 853–865, jul./set. 2013. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902013000300018&lng=en&nr m=iso. Acesso em: 28 jan. 2020. WALDOW, V. R.; BORGES, R. F. Cuidar e humanizar: relações e significados. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 3, n. 24, p. 414–418, 2011. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/ape/v24n3/17.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020. Humanização em saúde, programas e atividades18 DICA DO PROFESSOR A roda de conversa é uma estratégia metodológica que vem sendo utilizada nos processos de implantação das políticas de humanização nas instituições de saúde. Ao desenvolver a discussão dos assuntos e dos processos de educação em saúde por meio de uma roda de conversa, é possível estabelecer marcos de confiança e afeto entre as pessoas, além de troca de experiências e saberes. Há também a oportunidade de estimular o respeito pelo outro e a cidadania. A roda de conversa pode oferecer oportunidade de voz e progagonismo a vários atores que provavelmente não teriam oportunidade ou espaço para tal. Na Dica do Professor, você verá uma reflexão sobre como desenvolver a metodologia de roda de conversa, promovendo o aprendizado dialógico. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O cuidado é entendido como uma forma de ser, como o movimento que confere a capacidade de ser humano e de perceber o outro. Nesse sentido, sobre o cuidado como uma expressão da humanização e suas características, é correto afirmar que: A) O cuidado seria uma atividade que envolve apenas a enfermagem, que está por mais tempo e mais próxima ao paciente e tradicionalmente ligada a percepções de acolhimento do paciente. B) Os comportamentos básicos de cuidado envolvem a compaixão, competência, confiança, consciência e compromisso, que são elementos básicos para que se estabeleçam as ações de saúde nas instituições. C) O cuidado é uma atividade exclusivamente individual, construído apenas por um indivíduo, não envolvendo diferentes cuidados ou intensidade. Sendo assim, os coletivos não fazem parte deste processo. D) O cuidado é apenas uma atividade individual, principalmente nas instituições de saúde, que não necessitam desenvolver políticas de trabalho que envolvam o pensamento e objetivos coletivos, mas programas de treinamento individual. E) Cuidado e humanização são conceitos distintos e divergentes, entendendo o cuidado como uma ação mecânica e resultado de treinamento e a humanização como a percepção do valor da vida humana. 2) A política nacional de humanização (PNH) tem nos seus princípios o direcionamento ético de como deve ser concebido e desenvolvido o processo de implantação da PNH. Desta forma, em relação à transversalidade, é correto afirmar: A) Significa que a humanização não pode ficar estanque em uma especialidade ou setor, mas perpassar todas as áreas institucionais. B) A transversalidade serve como base do protagonismo do coletivo, devendo ficar restrito ao indivíduo apenas. C) Significa a delimitação da responsabilidade dos papéis dos atores, flexível no sentido de que as decisões das ações em saúde possam ser compartilhadas. D) Significa que a gestão e a atenção não podem estar dissociadas, mas transversalmente utilizadas. E) Este princípio significa a flexibilidade dos papéis e o desenvolvimento da consciência cidadã. 3) O protagonismo é um dos princípios da política nacional de humanização, que envolve vários aspectos de cunho social. Pensando em um significado ampliado do protagonismo, seria correto afirmar: A) O protagonismo envolve apenas o coletivo relacionado aos usuários. B) O protagonismo envolve questões políticas e sociais de empoderamento e de ações relacionadas ao coletivo e que passa por um processo de inclusão. C) O protagonismo está relacionado apenas aos profissionais de saúde, no sentido de torná-los capazes de tomar as decisões com autonomia. D) A interferência na prática médica é um dos aspectos que ocorre no princípio do protagonismo e autonomia dos sujeitos. E) Relacionando as diretrizes com os princípios da PNH, é possível afirmar que a ambiência é a forte expressão do protagonismo enquanto princípio. 4) As diretrizes da PNH indicam o caminho para as ações de implantação e manutenção de programas de humanização nas instituições. Dessa forma, em relação a ambiência, é correto afirmar: A) A ambiência envolve os processos de trabalho e gestão da assistência. B) As questões ergonômicas estão vinculadas à ambiência, influenciando o bem-estar e o ambiente de trabalho seguro e humanizado. C) Os processos gerenciais fazem parte da diretriz ambiência, envolvendo as decisões administrativas. D) É a forma de enfrentamento da doença evitando a visão compartimentalizada. E) Significa a reorganização do processo de trabalho e a comunicação entre as diferentes especialidades. 5) Hospitalidade é receber as pessoas observando as suas necessidades, de forma que haja conforto e adequação, gerando sentimentos de bem-estar. Sobre o conceito de hospitalidade hospitalar, assinale a alternativa correta. A) A hospitalidade hospitalar ainda serestringe a organização da recepção e gerenciamento de internações e altas. Nesse sentido, a hospitalidade assume importância para gerenciar e organizar o tempo de permanência e a limpeza das unidades dos pacientes. B) É a introdução de técnicas, procedimentos e serviços de hotelaria em hospitais com consequente benefício social, físico, psicológico e emocional para pacientes, familiares e funcionários de um hospital, sendo, desta forma, um modo para desenvolver uma cultura de humanização. C) A hotelaria hospitalar não necessita de recursos humanos ou financeiros especificamente, mas apenas do planejamento e gestão de tarefas. Nesse sentido, o processo em si de organização informatizado é o protagonista do processo. D) Os projetos ergonômicos são gerenciados pela hotelaria hospitalar. Assim, equipamentos adequados e em pleno funcionamento, sua manutenção e até a sua compra, são de sua responsabilidade, visando especificamente o conforto de trabalhadores. E) Dentre os serviços que acabaram sendo incluídos na hotelaria hospitalar, é possível mencionar que a segurança patrimonial é uma delas. A identificação, relação de materiais e equipamentos, bem como a manutenção são de sua responsabilidade. NA PRÁTICA Uma das grandes dificuldades ao desenvolver ações com foco na humanização dos serviços de saúde e na implantação da PNH é a organização dos fluxos de atendimento de usuários, de forma que todos obtenham acesso aos serviços e o fluxo se mantenha contínuo, organizado e sem sobrecarregar nenhuma área do sistema, gerando conforto e satisfação para usuários e trabalhadores. Na Prática, confira um estudo de caso onde, semelhante a muitas instituições do Brasil, há problemas de gestão e organização do acesso às especialidades do ambulatório, tornando o processo de acesso extremamente difícil e em péssimas condições. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Brincar e tratamento Neste vídeo, você vai conhecer a conexão entre a humanização, o brincar no contexto hospitalar e a importância dassa atividade em todas as fases da vida e a sua influência positiva no tratamento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Comunicação como ferramenta de humanização hospitalar Neste artigo, a comunicação surge como uma importante ferramenta para o processo de humanização, avaliando por meio de oficinas com os profissionais de saúde como ocorria a comunicação e a valorização profissional em uma instituição de saúde. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Impacto da política nacional de humanização na estratégia saúde da família e na rede de saúde Neste artigo, você vai conhecer o impacto da PNH na estratégia saúde da família. O artigo se propõe a fazer uma revisão dos principais estudos que indicam esse impacto e nos desafios que ainda estão presentes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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