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TÓRAX E VIAS AÉREAS ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE IRRESPONSIVO Imagine você saindo de mais um dia intenso de aula do CPMED e, ao virar a esquina, uma pessoa o aborda pedindo ajuda e aponta para um homem caído a poucos metros... E agora, como deve ser sua abordagem? Bom, saiba que uma história muito parecida já aconteceu no nosso curso. E para sorte do socorrido, todos os pontos fundamentais do atendimento foram respeitados. Uma estação prática semelhante também já caiu na Unifesp. Repare: na vida real ou na prova prática, este é um cenário que aparece com grande frequência e para o qual devemos estar muito bem preparados! 1º PASSO – TESTAR RESPONSIVIDADE E RESPIRAÇÃO Atenção: se você for realizar um atendimento fora do hospital, é fundamental, antes da abordagem direta ao paciente, checar a segurança da cena e sinalizar a via. O objetivo dessas atitudes é garantir a segurança do(s) socorrista(s). Inicialmente, testamos a responsividade da vítima, chamandoa com comando verbal (“Senhor(a)! Senhor(a)! Pode me ouvir?”) concomitante a um contato físico (aplicando uma mão em cada ombro da vítima, realizamos movimentação do seu tronco): Na vítima irresponsiva, o próximo passo é checar – AO MESMO TEMPO – pulso e respiração, por no máximo 10 segundos. O pulso a ser checado é o carotídeo. A maneira correta de verificar a respiração é olhando diretamente para o tórax da vítima, verificando a presença de movimentos respiratórios eficazes (não é mais preconizado o antigo “ver, ouvir, sentir”). Na ausência de pulso, está feito o diagnóstico de parada cardiorrespiratória. Neste momento, devemos pedir ajuda: - No hospital, solicitar carrinho de parada; - Fora do hospital, solicitar a alguém que ligue para o serviço de atendimento móvel de emergência – SAMU (192) – ou para os bombeiros (193). Logo em seguida, iniciaremos a Reanimação Cardiopulmonar (RCP) – veremos a seguir! Caso a vítima responda ou respire bem, verificaremos a necessidade de (1) fonte com enriquecimento de oxigênio de acordo com a oximetria de pulso, (2) monitorização assim que possível (ECG, PA, FC, glicemia capilar) e (3) prosseguiremos conforme o caso (síndrome coronariana aguda, trauma, etc.). 2º PASSO – MANOBRAS DO BLS C (CIRCULATION – COMPRESSÕES TORÁCICAS) A primeira etapa é realizar 30 compressões torácicas! Com o paciente em decúbito dorsal, idealmente sobre uma superfície rígida, o socorrista deve colocar o “calcanhar” de uma das mãos no centro do peito da vítima (metade inferior do esterno) e o “calcanhar” da outra mão no topo da primeira, de modo que as mãos fiquem sobrepostas e paralelas. Com os braços totalmente esticados, movimentando-se o tronco, devemos aplicar as compressões em uma frequência entre 100 e 120 por minuto, procurando comprimir o esterno entre 5 e 6 cm em cada compressão, permitindo após, o seu retorno passivo. Após as 30 compressões iniciais, o socorrista que atuar sozinho deverá abrir a via aérea da vítima e aplicar duas ventilações de resgate (detalhes adiante). Se houver outro socorrista, este se encarregará desta etapa enquanto o outro realiza as compressões. Conceito importante: a combinação de 30 compressões e duas ventilações é o que chamamos de um ciclo de RCP A (AIRWAY – ABRIR A VIA AÉREA) Em pacientes que não sejam vítimas de trauma devemos estender a cabeça e levantar o queixo, com o paciente em decúbito dorsal (manobra de head tilt, chin lift). Em caso de politrauma, devemos utilizar apenas a manobra de elevação da mandíbula (jaw thrust). Cânulas orofaríngeas (ex.: Guedel) ou nasofaríngeas podem ser usadas caso estejam disponíveis. Agora que a via aérea está pérvia, seguiremos com o próximo passo, a ventilação! B (BREATHE – VENTILAÇÃO) A ventilação pode ser realizada através da respiração boca a boca, bocamáscara ou ambu-máscara. A respiração boca-nariz também é eficaz e está indicada quando a respiração boca a boca for impraticável, como em alguns casos de trauma de face. As compressões torácicas devem ser alternadas com as ventilações em uma proporção de 30:2 (ciclo de RCP, conforme o definimos acima). Lembre-se de que, na ausência de dispositivos seguros e adequados para realizar a ventilação sem exposição do profissional de saúde aos fluidos provenientes das vias aéreas da paciente, podemos realizar apenas compressões torácicas (hands only). Evitar a interrupção das compressões é FUNDAMENTAL e, normalmente, cinco ciclos devem ser tentados antes de qualquer outra avaliação. Posição neutra comparada ao posicionamento para abertura de vias aéreas. Observe o alinhamento entre o eixo da traqueia, laringe e faringe. Manobra de elevação da mandíbula (Jaw Trust). Posição das pás na desfibrilação. D (DEFIBRILLATION – MONITORIZAÇÃO DE DESFIBRILAÇÃO) Mesmo estando na letra D, não quer dizer que este deve ser apenas o quarto passo. O desfibrilador deve ser utilizado assim que disponível, afinal, o choque desfibrilatório é a única medida confiável capaz de reverter uma fibrilação ventricular e uma taquicardia ventricular sem pulso. Temos os cardiodesfibriladores tradicionais (monofásicos), em que o choque deve ser de 360 J, sempre dessincronizado. Para os mais modernos (bifásicos) a carga gira em torno de 120 a 200 J. Tradicionalmente, a posição dos eletrodos é: um na região apical (“foco mitral”) e o outro na região infraclavicular direita (“foco aórtico”). 3º PASSO – MANOBRAS DO ACLS Não havendo resposta satisfatória para as manobras do BLS, partimos para o ACLS em que, dependendo do tipo de PCR registrada, escolheremos um protocolo mais adequado. Nesse momento, deve- se escolher também uma via aérea segura, abordada a seguir com mais detalhes.
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