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Sistema Nervoso Central

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DESCRIÇÃO
Conceitos neuroanatomofisiológicos e funcionais das estruturas que compõem o Sistema Nervoso Central.
PROPÓSITO
Compreender as bases neurofisiológicas do Sistema Nervoso Central e suas funcionalidades no corpo humano, o que contribuirá para o diagnóstico e prescrição terapêutica em futuras intervenções de profissionais da saúde.
OBJETIVOS
Módulo 1
Identificar as estruturas e funções da medula espinhal
Módulo 2
Reconhecer as estruturas e funções encefálicas
Módulo 3
Localizar os envoltórios e a vascularização do Sistema Nervoso Central
INTRODUÇÃO
Entre as funções do sistema nervoso estão integrar e coordenar juntamente com o sistema endócrino todas as funções corporais. Além disso, esse sistema recebe estímulos provenientes de dentro e de fora do corpo, ou seja, do meio interno e externo, e responde a esses estímulos adaptando o indivíduo ao meio para preservação da espécie.
Sendo assim, o sistema nervoso está relacionado com os fenômenos de:
Sensibilidade
Motricidade
Linguagem
Consciência
Ra
Estrategicamente, a natureza colocou o sistema nervoso em região privilegiada para exercer seu “comando geral”, encontrando-se, portanto, bem protegido no interior da nossa caixa craniana e da coluna vertebral, que são estruturas bastante resistentes. Essa porção é conhecida como Sistema Nervoso Central (SNC), que envolve a medula espinhal e as estruturas encefálicas. Essas emitem ramificações para toda a periferia e, assim, impulsos mais elaborados são capazes de alcançá-la. Tais informações provenientes da periferia conseguem alcançar o SNC, sendo essas ramificações responsáveis por constituir o chamado Sistema Nervoso Periférico (SNP), que envolve os nervos, gânglios e terminações nervosas.
Sistema Nervoso Central (SNC)
Envolve a medula espinhal e as estruturas encefálicas
Sistema Nervoso Periférico (SNP)
Envolve os nervos, gânglios e terminações nervosas
Sabemos que o sistema nervoso é um todo indivisível, ao passo que sua divisão seria puramente didática, podendo ser feita de acordo com critérios anatômicos, embriológicos, funcionais e segmentares.
Estudaremos a seguir sua divisão de acordo com os critérios anatômicos e funcionais.
MÓDULO 1
Identificar as estruturas e funções da medula espinhal
O termo medula quer dizer miolo, ou seja, o que está dentro. Trata-se de uma massa cilíndrica, composta por tecido nervoso e que se localiza dentro do canal vertebral. Em sua porção superior, há a continuação do bulbo, que está localizado a nível do forame magno do osso occipital. Sua porção inferior no indivíduo adulto se localiza entre a primeira e a segunda vértebras lombares.
Exemplo
Vale ressaltar a grande importância clínica para esse fato, como nos casos de hérnias de disco que ocorrem entre as vértebras L4 e L5 ou L5 e S1, as quais não comprimem a medula espinhal, ou nos casos de traumatismos em que ocorre fratura das últimas vértebras lombares ou dos ossos do sacro. Essas também não impactam em lesões medulares, podendo levar a lesões do tipo periférica.
Em sua porção final, a medula afunila-se formando o cone medular, que continua com um filamento meníngeo delgado, chamado de filamento terminal. Trata-se de um prolongamento da pia-máter, um dos envoltórios do Sistema Nervoso Central, que será discutido ao final do módulo.
Medula espinhal.
FORMA E ESTRUTURA GERAL
Apresenta forma aproximadamente cilíndrica, sendo ligeiramente achatada no sentido anteroposterior e seu calibre não é uniforme. Isso porque apresenta duas dilatações denominadas intumescência cervical e lombar, situadas respectivamente em nível cervical e lombar, como os nomes sugerem. Estas correspondem às áreas que fazem conexões com a medula, as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombo-sacro destinados à inervação dos membros superiores e inferiores, respectivamente.
É possível observar na superfície da medula alguns sulcos longitudinais que a percorrem em toda sua extensão:
Sulco mediano posterior
Fissura mediana anterior
Sulco lateral anterior
Sulco lateral posterior
Sulco intermédio posterior
Em um corte transversal de qualquer porção da medula, é possível observar a substância cinzenta disposta centralmente, assumindo a forma aproximada da letra H e a substância branca localizada perifericamente.
Vale lembrar que a substância cinzenta é formada, principalmente, por corpos celulares e a branca é constituída por fibras mielinizadas, que sobem e descem a medula, as quais constituem os vários tratos de fibras - veremos mais adiante.
Podemos distinguir três porções conhecidas como colunas e localizadas na substância cinzenta: anterior, posterior e lateral (localizada apenas na coluna torácica, cuja importância será vista quando aprendermos sobre o Sistema Nervoso Autônomo).
Já na substância branca, a divisão será em funículos: anterior (entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior), lateral (entre os sulcos lateral anterior e posterior) e posterior (entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior).
Corte transversal da medula espinhal.
De modo funcional, podemos dizer de maneira simplista que, na coluna cinzenta posterior, estão presentes os corpos celulares que “recebem” informações da periferia por meio do Sistema Nervoso Periférico. Os axônios desses corpos celulares assumem um “caminho” ascendente, dirigindo-se pelos funículos para as “estações terminais”, localizadas em estruturas superiores, como o encéfalo. Sendo assim, a coluna cinzenta posterior pode ser considerada como a “porção sensitiva” dessa região. Já na coluna cinzenta anterior, estão situados os corpos celulares que emitem impulsos para “fora” da medula, em um “caminho” descendente destinado aos músculos estriados, podendo ser considerada, portanto, a porção “motora” da substância cinzenta medular.
Podemos fazer uma analogia até aqui sobre a medula espinhal e um fio condutor capaz de “transportar” energia elétrica nos dois sentidos:
Clique nas etapas a seguir.
Ascendente
Descendente
Um indivíduo que sofre algum tipo de lesão nessa estrutura condutora de informações poderá desenvolver alterações que envolvam os sistemas sensorial e motor.
CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINHAIS
Pequenos filamentos nervosos, conhecidos como filamentos radiculares, fazem conexão com a medula espinhal a nível dos sulcos lateral anterior e posterior. Esses filamentos se unem para formar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais, que se unem e dão origem aos nervos espinhais. Sendo assim, essas porções correspondentes da medula onde há a entrada e a saída do nervo são chamadas de segmentos medulares.
Filamentos radiculares e formação dos nervos espinhais.
Existem 31 pares de nervos espinhais, que correspondem a: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e, geralmente, 1 coccígeo.
Um fato importante para o qual devemos chamar atenção é que existem 8 pares de nervos cervicais, mas somente 7 vértebras. Isso ocorre porque o primeiro par cervical emerge acima da primeira vértebra cervical (entre ela e o osso occipital), já o oitavo par emerge abaixo da sétima vértebra, ocorrendo o mesmo processo com todos os nervos espinhais abaixo, emergindo sempre abaixo da vértebra correspondente.
A medula não ocupa todo o canal vertebral no indivíduo adulto, pois, conforme já mencionado, seu limite inferior é a nível da segunda vértebra lombar. Portanto, abaixo desse nível, estão presentes apenas meninges e raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que, em conjunto, são chamadas de cauda equina.
A diferença de ritmo entre o crescimento da coluna vertebral e a medula espinhal faz com que haja afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes. Por esse motivo, existe uma regra prática (Regra de Peele) para tentarmos identificar o segmento medular subjacente à vértebra.
Saiba mais
Entre os níveis das vértebras C2 a T10, soma-se 2 ao número do processo espinhoso da vértebra e, assim, temos o número do segmento medular subjacente. A vértebra T10 corresponde ao segmento medular T12. Já as vértebras T11 e T12 correspondem aos 5 segmentoslombares e, por fim, a vértebra L1 corresponde aos 5 segmentos sacrais. Essas relações podem ser importantes clinicamente, norteando o profissional para o possível nível de uma lesão medular em um indivíduo que sofreu uma fratura em determinada vértebra, por exemplo.
ESTRUTURAS MICROSCÓPICAS
Neste momento, discutiremos uma das partes mais importantes e interessantes do estudo da neuroanatomofisiologia, pois ficará claro que a estrutura e a função estão intimamente ligadas. Esse entendimento é fundamental para a compreensão dos diversos quadros clínicos que resultam das lesões e processos patológicos que podem acometer esse sistema.
Vamos iniciar estudando as estruturas presentes na substância cinzenta da nossa medula espinhal, classificando os principais tipos de neurônios que a habitam.
Estão presentes os neurônios de axônio longo, também conhecidos como do tipo I de Golgi - inclui os neurônios radiculares e cordonais - e os neurônios de axônio curto, ou tipo II de Golgi. Os neurônios radiculares possuem axônio longo e saem da medula para constituir a raiz ventral. Podem ser divididos em:
Clique nas etapas a seguir.
Radiculares viscerais
Radiculares somáticos
Os neurônios radiculares somáticos são também chamados de neurônios motores primários ou neurônios motores inferiores, ou ainda, via motora final comum de Sherrington. São classificados em dois tipos: motoneurônios ALFA e GAMA.
Os neurônios ALFA são grandes, de axônio de grosso calibre e inervam fibras musculares que contribuem efetivamente para a contração muscular - conhecidas como extrafusais -, constituindo uma unidade motora.
Já os neurônios GAMA são menores, de axônio fino e são destinados à inervação das fibras localizadas mais internamente ao músculo - fibras intrafusais.
Unidade motora.
Essas informações são importantes para compreendermos que, ao contrair voluntariamente um músculo, ocorre a ativação de ambos os motoneurônios (ALFA e GAMA), fenômeno chamado de coativação alfa-gama. Este representa o fato de que existe uma neurorregulação periférica da contração muscular, porém não podemos esquecer que ambos estão continuamente sob a influência de várias formações superiores.
Ainda sobre os neurônios de axônio longo, temos os cordonais, que são aqueles cujos axônios ganham a substância branca da medula, onde tomam direção ascendente ou descendente, passando a constituir as fibras que formam os fascículos da medula.
Saiba mais
Esses neurônios podem ser considerados de projeção, quando possuem um axônio longo que termina fora da medula (por exemplo, no tálamo ou cerebelo), ou podem ser neurônios de associação, que se bifurcam em ascendente e descendente, terminando na substância cinzenta da própria medula. Tudo isso com o objetivo de constituir um mecanismo de integração de segmentos medulares situados em níveis diferentes.
Ainda sobre a substância cinzenta da medula espinhal, faltou discutirmos sobre os neurônios de axônio curto, também conhecidos como internunciais. São pequenos e estabelecem conexões entre as fibras que entram na medula pelas raízes dorsais e os neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos reflexos medulares. Ou seja, eles modificam a “conversa” entre o neurônio motor e o sensitivo, dependendo da resposta desejada.
Um tipo especial de neurônio de axônio curto encontrado na medula é a célula de Renshaw (LENT, 2004).
Para finalizarmos o módulo, não podemos deixar de aprender sobre as estruturas que compõem a substância branca, que, como vimos, é formado por axônios, em sua grande maioria, mielinizados (o que confere a coloração branca), agrupados em tratos e fascículos. Estes formam verdadeiros “caminhos” ou “vias”, por onde passam os impulsos nervosos que sobem e descem em toda extensão da medula espinhal.
As vias que apresentam trajeto descendente se originam no córtex cerebral ou no tronco encefálico e terminam na medula espinhal, realizando sinapse com os neurônios ali localizados. Essas vias podem ser do tipo:
Viscerais
Terminando nos neurônios pré-ganglionares do Sistema Nervoso Autônomo
Somáticas
Que podem ser piramidais ou extrapiramidais
As vias piramidais recebem esse nome apenas porque, antes de entrar na medula, passam pelas pirâmides bulbares, estrutura anatômica localizada no tronco encefálico. Essas vias compreendem os tratos córtico-espinhal anterior e córtico-espinhal lateral, que se originam no córtex cerebral e levam impulsos nervosos aos neurônios da coluna anterior da medula.
Saiba mais
Durante esse trajeto, ambos os tratos constituem um só feixe, o trato córtico-espinhal e, a nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras (75% a 90%) se cruza e constitui o trato córtico-espinhal lateral. O restante continua e constitui o trato córtico-espinhal anterior, porém, pouco antes de terminar, cruza o plano mediano e termina nos neurônios motores situados do lado oposto ao qual entraram na medula (MACHADO, 1993).
	CARACTERÍSTICAS
	TRATO CÓRTICO-ESPINHAL ANTERIOR
	TRATO CÓRTICO-ESPINHAL LATERAL
	SINÔNIMO
	Piramidal direto
	Piramidal cruzado
	LOCALIZAÇÃO
	Funículo anterior da medula
	Funículo lateral da medula
	EXTENSÃO
	Até medula torácica média
	Toda extensão da medula
	CRUZAMENTO
	Ao término na medula
	Decussação das pirâmides
	NÚMERO DE FIBRAS EM RELAÇÃO AO TRATO CÓRTICO-ESPINHAL
	10 a 20% das fibras
	75 a 90% das fibras
O trajeto da via córtico-espinhal descrito acima significa, para fins práticos, que a motricidade voluntária é cruzada, ou seja, o córtex de um hemisfério cerebral comanda os neurônios motores localizados na medula do lado oposto. Portanto, uma lesão dessa via acima da decussação das pirâmides pode gerar déficits de movimento na metade oposta do corpo.
Via córtico-espinhal.
Os nomes das vias extrapiramidais referem-se aos locais onde eles se originam:
swap_horiz Arraste para os lados.
Tecto-espinhal
Teto do mesencéfalo
Vestíbulo-espinhal
Núcleos vestibulares
Rubro-espinhal
Núcleo rubro do mesencéfalo
Retículo-espinhal
Formação reticular no tronco encefálico
Todos terminam na medula e se ligam aos neurônios motores da coluna anterior. Assim, exercem função motora, atuando em sua maioria nos músculos que controlam a musculatura axial (tronco) e proximal dos membros, importantes para a manutenção do equilíbrio e da postura básica.
Por fim, vamos conhecer as vias ascendentes da medula, que se relacionam direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela raiz dorsal, levando impulsos aferentes de várias partes do corpo, ou seja, informações sensitivas.
Essas fibras também podem ser viscerais, que se originam nos interoceptores, ou somáticas, que se originam nos proprioceptores, podendo ser conscientes ou inconscientes e que se originam nos exteroceptores, relacionados com temperatura, dor, tato e pressão. As fibras ascendentes reúnem-se em tratos e fascículos com características e funções próprias. Vamos analisá-las separadamente a seguir, de acordo com os funículos posterior, anterior e lateral.
Escolha uma das Etapas a seguir.
Funículo posterior
Funículo anterior
Funículo lateral
	NOME
	FUNÇÃO
	FASCÍCULO GRÁCIL E CUNEIFORME
	Propriocepção consciente, tato discriminativo, sensibilidade vibratória e estereognosia.
	TRATO ESPINOTALÂMICO ANTERIOR
	Tato e pressão.
	TRATO ESPINOTALÂMICO LATERAL
	Dor e temperatura.
	TRATO ESPINOCEREBELAR ANTERIOR
	Intensidade que os impulsos motores chegam à medula.
	TRATO ESPINOCEREBELAR POSTERIOR
	Propriocepção inconsciente.
LESÃO NA MEDULA ESPINHAL
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão geral do módulo, associando os conhecimentos dispostos no texto sobre as funções dessa estrutura com quadros de lesões, chamando atenção para os sinais clínicos:
Parte superior do formulário
1. Analisando secções da medula espinal, é possível observar regiões de coloração mais clara (substância branca) e locais mais escuros (substância cinzenta). A respeito dessas regiões, marque a alternativa incorreta:
A substância cinzenta é onde se localizam os corpos celulares dos neurônios.
Na substância branca, encontram-seos axônios dos neurônios.
A denominação em relação aos cornos ou às colunas se refere às porções da substância cinzenta.
Na porção posterior da medula, as informações relacionadas à motricidade saem e se destinam ao sistema musculoesquelético.
A substância branca é dividida em funículos anterior, lateral e posterior.
Responder
Parte inferior do formulário
Comentário
Parte superior do formulário
2. As fibras da substância branca formam os tratos ou fascículos e se dividem em vias ascendentes (aferentes) ou descendentes (eferentes). Em relação a essas vias, assinale a alternativa correta.
O trato córtico-espinhal lateral é responsável por transmitir informações motoras, realizando seu cruzamento na decussação das pirâmides bulbares.
O trato espinotalâmico anterior é responsável por transmitir informações relacionadas à sensibilidade profunda, como, por exemplo, propriocepção consciente e estereognosia.
O fascículo grácil e cuneiforme é responsável por transmitir informações relacionadas ao tato e pressão.
O trato espinotalâmico lateral é responsável por transmitir informações relacionadas à motricidade.
O trato espinocerebelar posterior é responsável por transmitir informações de dor e temperatura.
Responder
Parte inferior do formulário
Comentário
MÓDULO 2
Reconhecer as estruturas e funções encefálicas
TRONCO ENCEFÁLICO
Esta importante estrutura interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, sendo constituído por corpos de neurônios, agrupados em fibras nervosas e núcleos. Esses núcleos, em sua maioria, recebem ou enviam fibras que compõem os nervos encefálicos, os quais são compostos por doze pares, sendo que dez deles fazem conexão no tronco encefálico.
Além desses núcleos, o tronco encefálico contém uma matriz complexa e heterogênea de neurônios, chamada de formação reticular. Essa matriz apresenta como principal função a ativação do córtex cerebral, ou seja, atua controlando o nível de consciência, além de apresentar como função a percepção da dor e a regulação dos sistemas cardiovascular e respiratório.
O tronco encefálico divide-se em
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Vamos discutir a seguir essas três divisões, iniciando pelo bulbo, que apresenta o seu limite caudal correspondendo a nível do forame magno do osso occipital, e o limite cranial é o sulco bulbo-pontino, que corresponde à margem inferior da ponte. Em sua parte caudal, fibras do trato córtico-espinhal cruzam o plano mediano na decussação das pirâmides bulbares, conforme mencionado no módulo anterior. Os centros respiratórios, vasomotor e do vômito estão localizados também no bulbo.
O tronco encefálico.
A ponte está interposta entre o bulbo e o mesencéfalo, e apresenta numerosos feixes de fibras que convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, conhecido como pedúnculo cerebelar médio. Este representa bastante importância por se tratar da maior “porta de entrada” para o cerebelo, responsável pela condução de importantes informações vindas da medula espinhal, apresentando íntima relação com o movimento humano.
O mesencéfalo está localizado entre a ponte e o cérebro. Por ele, passa um estreito canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ventrículo. A parte situada dorsalmente ao aqueduto é o teto do mesencéfalo e, ventralmente, há dois pedúnculos cerebrais, que se dividem em:
Tegmento
Base do pedúnculo
Em uma secção transversal do mesencéfalo, é possível observar o tegmento separado da base por uma região escura, a substância negra, que apresenta essa coloração por ser formada por neurônios que contêm melanina. Essa região apresenta importante relevância, pois habitam neurônios produtores de um importante neurotransmissor, a dopamina. Em indivíduos com doença de Parkinson, esses neurônios se degeneram, levando a uma série de alterações nesses indivíduos, principalmente, relacionados a distúrbios de movimento.
Corte transversal do mesencéfalo.
CEREBELO
Essa estrutura muito importante para o movimento humano se assemelha ao hemisfério cerebral e, não à toa, é conhecido como pequeno cérebro.
Também possui uma “capa” de substância cinzenta, o córtex cerebelar, e formações nucleares mergulhadas na substância branca, assim como o nosso cérebro. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital do cérebro por um septo da dura-máter (meninge), conhecida como tenda do cerebelo.
Localização do cerebelo.
Vale chamar a atenção para esse aspecto anatômico relacionado ao local onde se situa, por ser praticamente inextensível, o que significa dizer que, se um indivíduo apresentar um processo expansivo nessa região, mesmo que seja pequeno, poderá provocar rapidamente um aumento da pressão intracraniana devido à sua relação próxima com o IV ventrículo.
Entre suas funções, estão a manutenção do equilíbrio e da postura, o controle do tônus muscular e dos movimentos voluntários, além de muita relação com a coordenação e aprendizagem motora, exercendo, portanto, função essencialmente motora. Esse órgão nos prepara para condições antecipatórias e reativas do nosso dia a dia e para uma situação de instabilidade. A principal diferença do cérebro, a nível fisiológico, é que ele funciona sempre em nível inconsciente e involuntário, ou seja, nossa vontade não perpassa pela ação cerebelar.
Vérmis e lobos cerebelares.
No cerebelo, distingue-se uma porção ímpar e mediana, o vérmis, ligado a duas grandes massas laterais: os hemisférios cerebelares direito e esquerdo.
Ao observar o órgão em uma vista inferior, facilmente, visualiza-se uma pequena porção cerebelar separada da restante, chamada de flóculo, unido na porção mediana pertencente ao vérmis, o lóbulo chamado de nódulo.
Ainda de maneira anatômica, podemos dividir o cerebelo em três lobos: lobo flóculo-nodular (constituído pelo nódulo e flóculos direito e esquerdo) e lobos anterior e posterior, divididos pela fissura primária.
Essas informações são importantes para compreendermos os estudos filogenéticos, que relacionam a evolução do órgão em diferentes espécies, demonstrando que algumas formações são mais antigas e outras mais recentes. Desses estudos, resultou a divisão do cerebelo em arquicerebelo, paleocerebelo e neocerebelo, que discutiremos agora, correlacionando com os aspectos funcionais.
A formação mais antiga do cerebelo corresponde ao lobo flóculo-nodular, que é conhecido como arquicerebelo e apresenta conexões vestibulares. Por isso, também pode ser conhecido como cerebelo vestibular. Essa porção é responsável pela manutenção do equilíbrio, sendo assim, para que ocorra essa manutenção, o sistema vestibular informa ao cerebelo a posição dos nossos olhos em relação à cabeça, a posição da cabeça em relação aos nossos olhos e a posição da nossa cabeça em relação ao nosso tronco.
Na sequência, seguindo a evolução filogenética, surgiu o paleocerebelo, que corresponde ao lobo anterior e apresenta conexões com a medula espinhal, que leva ao cerebelo informações sobre os impulsos proprioceptivos, como o grau de contração muscular. Essas informações são importantes para a regulação do tônus muscular e da postura, uma das funções desse órgão.
Por fim, na última fase de evolução do órgão, surgiu o neocerebelo, que corresponde ao lobo posterior e apresenta amplas conexões com o córtex cerebral (podendo ser chamado de cerebelo cortical), que leva informações ao órgão relacionado ao planejamento e à coordenação motora.
Resumindo
Como podemos perceber, milhões de fibras chegam ao cerebelo trazendo informações das mais diversas áreas do sistema nervoso (sistema vestibular, medula espinhal e córtex cerebral). Então, ocorre o processamento dessas informações por meio de uma “maquinaria celular” que envolve o córtex cerebelar e seus núcleos, para que então ocorra as correções e ajustes de ordem motora.
Em última análise, podemos dizer que o cerebelo é capaz de prever deturpações motoras por meio de informações que recebe, analisando-as, processando-as e as convertendo em impulsos capazes de “corrigir” todas as nossas atividades motoras.
DIENCÉFALO
O diencéfalo e o telencéfaloformam juntos o cérebro, ocupando cerca de 80% da cavidade craniana. O telencéfalo constitui os hemisférios cerebrais, encobrindo quase que totalmente o diencéfalo, o qual permanece em posição ímpar e mediana, compreendendo:
Epitálamo
Tálamo
Subtálamo
Hipotálamo
Diencéfalo.
Iniciaremos nosso estudo do diencéfalo pelo tálamo, importante estrutura composta por duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovoide e fundamentalmente constituído por vários núcleos bastante numerosos. Esses podem ser divididos em cinco grupos de acordo com sua localização:
Anterior
Posterior
Lateral
Mediano
Medial
Tálamo, em azul.
Esse agregado de núcleo possui conexões muito diferentes, o que indica funções também diversas, sendo que as mais conhecidas se relacionam com a sensibilidade, a motricidade, o comportamento emocional e a ativação do córtex.
Logo abaixo do tálamo, temos o hipotálamo, uma área relativamente pequena, mas com importantes funções relacionadas, principalmente, com o controle da atividade visceral. É considerado o mais importante centro de controle central do Sistema Nervoso Autônomo, atuando na regulação da temperatura corporal, do comportamento emocional, do sono e da vigília, da ingestão de alimentos e de água, do controle da diurese, do sistema endócrino e da regulação dos ritmos circadianos.
Hipotálamo.
O epitálamo contém formações endócrinas e não endócrinas.
Em relação às formações endócrinas, seu componente mais importante e mais evidente é a glândula pineal, capaz de produzir um hormônio chamado melatonina, com importante regulação dos ritmos circadianos e que apresenta ação antigonadotrópica. Ou seja, exerce ação inibidora sobre as gônadas, e alterações nesta estrutura podem causar puberdade precoce.
Glândula pineal no epitálamo.
O componente não endócrino do epitálamo pertence ao sistema límbico, relacionado com a regulação do comportamento emocional, que será discutido em outro momento.
Sobre o subtálamo, este compreende a zona de transição entre o diencéfalo e o mesencéfalo, localizado logo abaixo do tálamo, por isso, recebe este nome.
Seu elemento mais importante é o núcleo subtalâmico, considerado um núcleo motor, que apresenta íntima relação com os circuitos que controlam o controle motor, particularmente, com os núcleos da base que discutiremos no próximo tópico. Lesões nessa estrutura cursam com distúrbios de movimento involuntários, como as hipercinesias, caracterizadas por movimentos anormais nas extremidades.
Vista de perto da gravação de microeletrodos em um modelo de cérebro. Conceito de registro cerebral no núcleo subtalâmico para cirurgia da doença de Parkinson.
Subtálamo.
NÚCLEOS DA BASE
Trata-se de uma coleção de núcleos compostos por substância cinzenta, localizados profundamente à substância branca dos hemisférios cerebrais, conhecidos como:
swap_horiz Arraste para os lados.
Claustrum
Com função ainda pouco conhecida.
Núcleo caudado, putâmen e globo pálido
Relacionados a funções de planejamento motor.
Núcleo accumbens
Ligado ao sistema límbico.
Corpo amigdaloide
Importante componente do sistema límbico.
Núcleo basal de Meynert
Constituído de neurônios colinérgicos responsáveis pela ativação de áreas relacionadas à cognição e à memória.
Núcleos da base dispostos na substância branca.
Vale chamar a atenção sobre a famosa tríade motora composta pelos núcleos caudado, putâmen e globo pálido, que é conhecida como corpo estriado. Essa estrutura tem bastante importância quando falamos de movimento humano, pois estabelece amplas conexões com o córtex cerebral e o cerebelo. Além disso, fazem parte de um circuito básico que tem função importante no planejamento motor, sendo modulado e modificado por circuitos subsidiários que a ele se liga, tais como a substância negra no mesencéfalo e o núcleo subtalâmico.
Exemplo
Para fins práticos, podemos exemplificar a doença de Parkinson, caracterizada pela degeneração dos neurônios que habitam a substância negra no mesencéfalo. Esses neurônios produzem a substância química chamada dopamina (neurotransmissor fundamental para a modulação do circuito básico que envolve o corpo estriado). Sem a dopamina, o indivíduo apresenta uma coordenação motora prejudicada, iniciando o quadro de tremores e dificuldades para se movimentar, sinais e sintomas motores evidentes da doença.
	Por fim, podemos citar como principais funções dos núcleos da base:
	Controle motor
	Seleção e automatização de rotinas
	Controle de funções executivas
	Motricidade automática
	Preparo e regulação do tônus
	Controle da motivação
	Atenção e afeto
TELENCÉFALO
Essa estrutura compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, separados (não completamente) pela fissura longitudinal, cujo assoalho é formado por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso, principal meio de união entre os hemisférios.
Vista lateral do cérebro humano.
Em cada hemisfério, existem sulcos na superfície que delimitam os giros cerebrais. Os sulcos mais importantes são:
O sulco lateral
Separa o lobo temporal dos lobos frontal e parietal.
O central
Separa os lobos frontal e parietal.
Os sulcos cerebrais ajudam a delimitar os lobos cerebrais que recebem sua denominação de acordo com os ossos do crânio, com os quais se relacionam, sendo eles: frontal, parietal, temporal, occipital e ínsula.
Lobos cerebrais.
A seguir, vamos discutir as principais características e funções de cada lobo.
Iniciaremos nosso estudo pelo lobo frontal, onde são identificados três sulcos principais: pré-central, frontal superior e frontal inferior. Entre o sulco central e o sulco pré-central está o giro pré-central, que representa a principal área motora do cérebro, conhecida como área motora primária. Esta realiza conexões com outras estruturas, como tálamo, cerebelo e núcleos da base, e é de onde se origina grande parte das fibras do trato córtico-espinhal, as quais levam os impulsos nervosos necessários para a contração muscular
Lobo frontal.
Atenção
Em caso de lesões nessa área, o indivíduo pode apresentar quadros denominados plegias ou paresias, isto é, alterações no movimento.
No giro frontal médio, e não à toa situado ao lado do giro pré-central, localiza-se a área motora secundária, que se divide em duas áreas: motora suplementar e pré-motora, que também realiza conexões com os núcleos da base, cerebelo e área motora primária, responsável pelo planejamento, programação e sequência dos movimentos, preparando nosso corpo, especialmente os membros para a realização de movimentos mais delicados.
Saiba mais
Lesões nessa área geram comprometimentos na praxia, que é quando o indivíduo apresenta dificuldade em realizar o ato motor de maneira planejada e organizada.
A porção mais inferior do lobo frontal é subdividida nas partes orbital, triangular e opercular, sendo localizada nessa última porção a área de Broca. Na maioria dos indivíduos, a localização se dá no hemisfério esquerdo, responsável pelo centro cortical da expressão da linguagem, tanto de maneira falada, quanto de maneira escrita.
Alterações nessa área levam às conhecidas afasias motoras, isto é, quando o indivíduo compreende as informações faladas e as leituras, porém não consegue se expressar.
Já em sua porção mais superior, localiza-se a área relacionada à atenção e ao comportamento, que envolve, principalmente, condutas sociais e aspectos relacionados à personalidade.
Partindo para o lobo parietal, este apresenta dois sulcos principais, o pós-central e o intraparietal. Entre os sulcos central e pós-central está o giro pós-central, onde se localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex cerebral, a área somestésica. Esta é considerada a área sensitiva primária, responsável pela captação da informação sensitiva relacionada à temperatura, à dor, à pressão, ao tato e à propriocepção consciente.
Lobo parietal.
Se houver lesão nessa região, o indivíduo pode apresentar quadro de anestesia, que é a ausência total da sensação, ou apenas diminuição, chamada de hipoestesia. Em sua região mais superior, logo atrás da área sensitivaprimária, está presente a área sensitiva secundária, que é responsável pela interpretação da informação sensorial. Quando há déficit, chamamos de agnosia, do tipo tátil.
Uma informação importante sobre esses lobos refere-se a um achado que ocorreu na década de 40, por um médico neurocirurgião canadense, Wield Penfield. Ao investigar fatores envolvidos na epilepsia, o médico descobriu uma região nas superfícies pré e pós-central, localizada nos lobos frontal e parietal, responsável pelo controle motor e sensorial do corpo humano, conforme já mencionado acima. Com isso, observou-se a presença de uma representação humana das partes do corpo nessas regiões, chamadas de áreas somatotópicas, que ficou conhecida como homúnculo de Penfield.
Homúnculo de Penfield.
O lobo temporal apresenta dois sulcos principais, o sulco temporal superior e inferior. Entre os sulcos lateral e temporal superior está o giro temporal superior, onde se localiza a área de Wernicke, que, assim como a área de Broca, localizada no lobo frontal, também se relaciona com a fala e escrita, porém é responsável pela compreensão dessas informações.
Lobo temporal.
Atenção
Quando há lesão, chama-se afasia do tipo sensitiva, ou seja, o indivíduo consegue expressar a fala, por exemplo, no entanto, por não conseguir compreender, ele apresenta falas confusas e desconexas.
Ainda no giro temporal superior do lobo temporal, destacamos as áreas responsáveis por captar os impulsos auditivos (área auditiva primária) e interpretá-los (área auditiva secundária). No caso de lesões nessas áreas, podem ser encontrados quadros de:
Clique nas etapas a seguir.
Hipoacusia ou anacusia
Agnosia auditiva
Já os giros temporal médio e inferior estão relacionados à aprendizagem e à memória.
O lobo localizado em posição mais posterior e que ocupa uma porção relativamente pequena é o lobo occipital, o qual apresenta pequenos giros e sulcos. Apresenta dois sulcos importantes: sulco calcarino e sulco parieto-occipital.
Lobo occipital.
Nos lábios do sulco calcarino, localiza-se o centro cortical da visão, aonde chegam os impulsos visuais (área primária da visão), que, em caso de lesão, podem gerar amaurose (cegueira) ou ambliopia (diminuição da acuidade visual). Nessa região, também chegam impulsos visuais para serem interpretados (área secundária da visão) e, caso haja lesão, geram as agnosias visuais (DORETTO, 2001).
Por fim, o lobo da ínsula está localizado mais profundamente, podendo ser observado após o afastamento dos lábios do sulco lateral, apresentando alguns sulcos e giros. Esse lobo está envolvido com funções emocionais, fortemente relacionadas ao sistema límbico, e está envolvido na modulação das funções viscerais, hormonais e autonômicas.
Lobo da ínsula.
OS LOBOS CEREBRAIS
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão do tópico telencéfalo, com o foco nas funções de cada lobo, destacando os sinais clínicos que podem ser encontrados decorrentes de alterações nessas áreas devido a fatores patológicos, com exemplos práticos:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. O cerebelo é uma estrutura do sistema superior responsável por funções relacionadas ao controle motor e à aprendizagem motora, sendo também conhecido como pequeno cérebro. Considere as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.
Seguindo a divisão filogenética, o cerebelo divide-se em arquicerebelo, paleocerebelo e neocerebelo, representados respectivamente pelo lobo flóculo-nodular, lobo anterior e lobo posterior.
O órgão não possui substância cinzenta, ou seja, córtex, sua principal diferença com o cérebro.
As principais funções do cerebelo são manutenção do equilíbrio e da postura, controle do tônus muscular e da coordenação. A regulação dessas funções ocorre no nível consciente e voluntário.
O paleocerebelo, que corresponde ao lobo posterior, apresenta conexões com o córtex e é importante para o controle da coordenação e aprendizagem motora.
Repousa sobre a fossa cerebelar do osso parietal e está separado do lobo occipital do cérebro por um septo da pia-máter (meninge), conhecida como tenda do cerebelo.
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2. Um paciente que sofreu uma lesão encefálica apresenta os seguintes sinais clínicos: não movimenta voluntariamente o braço, alteração de sensibilidade no mesmo membro, além de fala difícil, lenta e com alguns sons produzidos de forma incorreta. Sua capacidade de compreensão da linguagem oral e escrita está normal. Diante do exposto, é correto afirmar que a lesão ocorreu:
No lobo occipital e temporal
No hipotálamo e ponte
Na área de Wernicke
No córtex motor primário e na área de Broca
No lobo parietal e insular
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MÓDULO 3
Localizar os envoltórios e a vascularização do Sistema Nervoso Central
MENINGES E LÍQUOR
Algumas membranas conjuntivas envolvem o Sistema Nervoso Central, denominadas meninges, que são divididas em três: dura-máter, a membrana localizada mais externamente e mais espessa, aracnoide e pia-máter, localizadas mais internamente.
Atenção
É importante o conhecimento da estrutura e da disposição das meninges, por serem, frequentemente, acometidas por processos patológicos, como infecções, meningites e alguns tipos de tumores, além da compreensão do importante papel de proteção dos centros nervosos.
Meninges a nível do crânio.
Também é importante ressaltar que há três espaços ou cavidades entre as meninges, que são: espaço epidural (entre a dura-máter e a calota craniana e entre a dura-máter e o periósteo do canal vertebral a nível da medula), espaço subdural (entre a dura-máter e a aracnoide) e espaço subaracnóideo; os três espaços são interpostos por líquor e evitam o colabamento dessas membranas.
Devemos chamar a atenção para a meninge mais superficial, espessa e resistente, que é a dura-máter, formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. Seu folheto mais externo a nível do crânio se adere intimamente à tábua óssea, comportando-se como periósteo desses ossos. Sua principal vascularização se dá pela artéria meníngea média, fato esse que faz com que, após lesões traumáticas nessa região, possa ocorrer o acúmulo de sangue, com consequente formação de hematomas que se expandem rapidamente, podendo ser fatais.
Ainda sobre a dura-máter, em algumas áreas mais internamente, alguns folhetos se destacam para formar as pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos.
	São esses compartimentos:
	A foice do cérebro, um septo em forma de foice que separa os hemisférios.
	A tenda do cerebelo, um septo transversal localizado entre os lobos occipitais e o cerebelo.
	A foice do cerebelo, que assim como a foice do cérebro, situa-se entre os hemisférios cerebelares.
	O diafragma da sela, uma pequena lâmina horizontal que fecha a sela túrcica, uma pequena fosseta localizada na face superior do osso esfenoide, onde está alojada a hipófise.
Já a aracnoide é uma membrana com característica serosa, delgada e transparente, justaposta à dura-máter. Esta apresenta delicadas trabéculas que se ligam à membrana mais interna, a pia-máter, e são conhecidas como trabéculas aracnoides, as quais lembram teias de aranha, por isso o nome aracnoide.
Saiba mais
No espaço subaracnóideo há algumas dilatações, chamadas de cisternas, compostas por grande quantidade de líquor, sendo a maior e mais importante a cisterna Magna, que ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do teto do III ventrículo, ligando-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A cisterna Magna é muitas vezes usada para a obtenção de líquor por meio de punções, além das cisternas pontina, interpeduncular, superior e da fossa lateral do cérebro.
Aracnoide e suas trabéculas.
Atenção
Não podemos deixar de chamar a atenção para as granulações aracnoides. Estas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo, nos quais o líquor está separado do sangue apenas por um endotélio euma fina camada de aracnoide. É, portanto, uma importante estrutura adaptada à absorção do líquor, que, ao chegar a esse ponto, é absorvido para o sangue.
A membrana mais interna das meninges é a pia-máter, aderida à superfície encefálica e medular, na qual seus relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos cerebrais. Ela é responsável por oferecer resistência aos tecidos nervosos, pois apresentam uma consistência muito “mole”. Além disso, a pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares.
Como mencionado acima, o líquor, também conhecido como líquido cefalorraquidiano, é um fluido aquoso que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares (ventrículos lateral direito e esquerdo ou I e II ventrículo, III e IV ventrículo), apresentando como principal função a proteção mecânica do Sistema Nervoso Central, formando um coxim líquido entre essas estruturas nervosas e as estruturas ósseas.
Líquor.
Além dessa função de proteção mecânica, o líquor contribui para proteção biológica desse sistema contra agentes infecciosos, atuando como defesa dessas estruturas.
O líquor é produzido nos plexos coroides a partir das células ependimárias localizadas nas paredes ventriculares, principalmente, dos ventrículos laterais, que passa ao III ventrículo por meio dos forames interventriculares e através do aqueduto central chega até o IV ventrículo.
Este, por sua vez, passa para o espaço subaracnóideo, sendo então reabsorvido pelas granulações aracnoides que se projetam para o interior da dura-máter.
Tais conhecimentos são de grande importância para a compreensão de vários tipos de condições clínicas, como por exemplo:
Clique nas etapas a seguir.
Os casos de hidrocefalia
A hipertensão intracraniana
VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
A atividade funcional das células nervosas exige para seu metabolismo um suprimento contínuo e elevado de glicose e oxigênio, principalmente, no encéfalo, que depende de um processo de oxidação de carboidratos e não pode, nem temporariamente, ser sustentado por metabolismo anaeróbio.
Você sabia
A ausência da circulação cerebral por mais de 7 segundos leva o indivíduo à perda da consciência e, após cerca de 5 minutos, começam a aparecer lesões irreversíveis. Isso pode acontecer, por exemplo, como consequência de paradas cardíacas.
Alguns processos patológicos podem influenciar na vascularização do Sistema Nervoso Central, acometendo os vasos sanguíneos, como tromboses, embolias e hemorragias, que vêm ocorrendo com frequência cada vez maior. Dessa forma, interrompem a circulação de determinadas áreas encefálicas, causando lesões nos tecidos nervosos, que podem gerar alterações motoras, sensoriais ou psíquicas, que serão de acordo com a área e com a artéria lesada.
Iniciando nosso estudo pela vascularização do encéfalo, conforme já mencionado, o fluxo sanguíneo é muito elevado, sendo superado apenas pelo rim e coração. O estudo dos fatores que regulam o fluxo sanguíneo é de grande importância clínica. Conforme demonstrado por Kety (1950), o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é diretamente proporcional à diferença entre a pressão arterial (PA) e a pressão venosa (PV) e inversamente proporcional à resistência cerebrovascular (RCV), conforme a fórmula abaixo:
FSC = PA – PV / RCV
Essa resistência cerebrovascular depende, principalmente, de alguns fatores, como:
A pressão intracraniana
Que pode elevar essa resistência quando aumentada.
As condições da parede dos vasos
Por exemplo, quando há placas de aterosclerose que também aumentam a resistência.
A viscosidade do sangue
Indivíduos que apresentam diabetes mellitus podem, em alguns momentos, ter mais glicose na corrente sanguínea, o que deixa o sangue mais viscoso e aumenta a resistência, além do calibre dos vasos cerebrais.
Sobre a vascularização arterial encefálica, essa estrutura é irrigada pelas artérias carótidas internas e vertebrais, originárias no pescoço. Na base do crânio, essas artérias formam um polígono anastomótico, conhecido como Polígono de Willis, de onde emergem as principais artérias para a vascularização cerebral.
Polígono de Willis.
Comentário
 É formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anteriores, médias e posteriores, direita e esquerda.
 A artéria comunicante anterior é pequena e une as duas artérias cerebrais anteriores, assim como as artérias comunicantes posteriores unem de cada lado as artérias carótidas internas com as artérias cerebrais posteriores correspondentes.
É importante conhecermos os territórios de irrigação das artérias cerebrais para compreendermos um quadro sintomatológico característico das síndromes das artérias cerebrais. Esses são comuns nos casos de obstrução dessas artérias ou de seus ramos mais calibrosos, como o que ocorre nos acidentes vasculares encefálicos.
A seguir, vamos conhecer esses territórios das artérias cerebral: anterior, média e posterior.
Clique nas barras para ver as informações.
CEREBRAL ANTERIOR
A artéria cerebral anterior irriga a face interna dos lobos frontais e parietais, parte do corpo caloso e comissura anterior, parte dos núcleos da base, hipotálamo e parte da cápsula interna e a obstrução de uma das artérias cerebrais anteriores causa, entre outros sintomas, alterações motoras e diminuição da sensibilidade com predomínio no membro inferior oposto, decorrente da lesão de partes das áreas corticais motora e sensitiva que correspondem à representação dos membros inferiores que se localizam nos giros pré e pós-central, além de transtornos psíquicos.
CEREBRAL MÉDIA
Ramo principal da carótida interna, a artéria cerebral média irriga a face externa dos lobos frontais, parietais e parte do temporal, lobo da ínsula, parte do núcleo estriado e parte da cápsula interna e externa. Esse território envolve áreas corticais importantes, como áreas motoras, somestésicas, além do centro da palavra falada e escrita. Obstruções nessa artéria tendem a ser as mais comuns, devido, principalmente, à sua própria conformação anatômica, o que favorece a instalação de trombos, podendo gerar alterações motoras e diminuição da sensibilidade no hemicorpo oposto, com predomínio bráquio-facial. Isto é, comprometimento no membro superior e na face, decorrente novamente de lesão em áreas que correspondem à representação dessas estruturas no córtex, além de afasia motora, déficits na praxia e agnosia sensitiva.
CEREBRAL POSTERIOR
Já a artéria cerebral posterior origina-se a partir da bifurcação da artéria basilar, irriga o mesencéfalo, tálamo, lobo occipital e a parte interna do lobo temporal. Sua obstrução pode gerar alterações motoras e sensitivas de caráter transitório, devido a uma compressão dos outros lobos por edema, e alterações visuais, tais como: amaurose, ambliopia e/ou agnosia visual. E ainda, alterações auditivas, como: anacusia, hipoacusia e/ou agnosia auditiva.
Sobre a vascularização venosa do encéfalo, de uma maneira geral, as veias não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas, ao passo que sua parede é muito fina e praticamente desprovida de musculatura. Sua ação se faz, principalmente, sob a ação de três forças: aspiração da cavidade torácica (determinada pelas pressões subatmosféricas, evidentes no início da inspiração), força da gravidade e pulsação das artérias.
 As veias do cérebro drenam o sangue para os seios da dura-máter, de onde o sangue converge para as veias jugulares internas.
 O leito venoso é muito maior que o arterial, sendo a circulação venosa muito mais lenta, o que confere baixa pressão e pouca variação.
As veias do cérebro dispõem-se em dois sistemas:
Escolha uma das Etapas a seguir.
Sistema venoso superficial
Sistema venoso profundo
Para finalizarmos o módulo, vamos aprender brevemente sobre a vascularização da medula espinhal, que é irrigada por ramos de três artérias importantes: subclávia, aorta e ilíaca interna, e, essencialmente, por meio de dois sistemas, um vertical e um horizontal.
O sistema vertical é formadopor ramos das artérias vertebrais:
Pelas artérias espinhais anteriores, que percorrem o sulco mediano e irrigam os dois terços anteriores da medula.
Pelas artérias espinhais posteriores, que percorrem os sulcos laterais posteriores e irrigam a porção posterior da medula.
Já o sistema horizontal é formado pelas artérias radiculares, também ramos das artérias vertebrais, e se dividem em um ramo anterior e posterior, os quais penetram na medula com as raízes dos nervos espinhais. Contudo, apenas algumas artérias contribuem de fato para a vascularização da medula, sendo sua distribuição anterior: medula cervical e dorsal entre 1 e 2, e medula lombo-sacral entre 1 e 3 artérias. Em sua distribuição posterior, podem existir entre 10 e 20 artérias.
Saiba mais
Além do sistema arterial, também há a vascularização venosa, com a presença de plexos venosos localizados dentro e fora do canal vertebral.
POLÍGONO DE WILLIS
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki faz uma revisão sobre a vascularização arterial do encéfalo, discutindo as divisões do polígono, destacando as principais artérias e seus territórios de irrigação, associando com os sinais clínicos que podem ocorrer devido a obstruções ou rupturas desses vasos com exemplos práticos:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. A vascularização do encéfalo é realizada em sua maior extensão pelo Polígono de Willis. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas:
A irrigação do encéfalo é proveniente das artérias __________ e das artérias __________. As artérias __________ são originárias das artérias __________.
Coronárias, comunicantes posteriores, cerebrais médias, carótidas internas
Carótidas internas, comunicantes posteriores, cerebrais posteriores, basilar
Carótidas internas, vertebrais, cerebrais médias, carótidas internas
Carótidas internas, vertebrais, cerebrais anteriores, basilar
Carótidas internas, vertebrais, cerebrais médias, basilar
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2. Uma membrana serosa, delgada e transparente, que envolve o cérebro e a medula espinhal, situada entre duas outras membranas, apresentando como principal característica trabéculas delicadas, nas quais se ligam a uma membrana mais interna. Assinale a alternativa a seguir que corresponde a essa descrição.
Pia-máter
Dura-máter
Aracnoide
Foice do cérebro
Tenda do cerebelo
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CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim do estudo das estruturas do Sistema Nervoso Central, e você compreendeu a necessidade deste assunto como base para o entendimento dos diversos sinais e sintomas que o indivíduo acometido por doenças nessas estruturas pode apresentar.
Consequentemente, quando você aprender sobre as principais estratégias de tratamento para essas afecções, ficará ainda mais clara a necessidade deste aprendizado.
Iniciamos o tema estudando as estruturas e funções da medula espinhal, e vimos seu papel importante na transmissão das informações a partir da “central de comando” para a periferia e, a partir das informações do mundo externo, para estruturas superiores e centrais.
Também aprendemos quais as principais estruturas encefálicas que integram e coordenam todas as nossas funções corporais, e a maneira que essas regiões recebem e respondem aos estímulos do meio externo e interno, bem como suas relações com os fenômenos de sensibilidade, motricidade, linguagem, comportamentos e emoções.
Por fim, estudamos quais as estruturas que recobrem e protegem todo esse sistema tão vital, que faz com que nós, seres humanos, consigamos nos relacionar com o meio em que vivemos.
PODCAST
Agora, a especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki encerra o tema falando sobre a importância do estudo das estruturas do SNC e o conhecimento de suas funções para a prática clínica. Além de abordar as estruturas trabalhadas no módulo 2 (tronco encefálico, cerebelo, núcleos da base, diencéfalo e telencéfalo) com o foco em suas principais funções e relevância para a clínica.
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REFERÊNCIAS
DORETTO, D. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos semiologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1993.
LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos fundamentais de neurociência. Rio de Janeiro: Atheneu, 2004.
KETY, S. S. Circulation and metabolismo of the human brain in health and disease. American Journal of Medicine, 8:205-217, 1950.
EXPLORE+
Você já parou para pensar que nossas condutas frente a outros indivíduos são controladas por várias estruturas cerebrais? Isso envolve desde áreas relacionadas ao comportamento até áreas sensoriais e perceptuais que discutimos nesse conteúdo. Portanto, para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura do artigo A Cognição Social e o Córtex Cerebral, de Judith Butman.

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