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Exame Físico Cardíaco Por Jamilly Andrade (UFPE/7º Período) A semiologia cardíaca consiste na inspeção geral, aferição da pressão arterial, verificação dos pulsos venoso e arterial, inspeção e palpação do precórdio, além da ausculta cardíaca. 1. Inspeção geral: Deve ser avaliada a presença de cianose, baqueteamento de dedos (toxemia crônica leva a anastomoses), unhas em vidro de relógio, ictus cordis, abaulamento e depressão torácica. 2. Pulso arterial: É caracterizado pela onda mecânica gerada nos na Aorta, pela ejeção do ventrículo esquerdo. Sendo os principais o carotídeo, radial e femoral. Além disso, avaliamos ao encontrar um pulso: Frequência cardíaca (60-100 bpm), Ritmo (regular, irregular), Amplitude (ampla, mediana, pequena/ alta ou baixa), Contorno (é o desenho formado pelo pico sistólico + incisura dicrótica, o que corresponde ao fechamento da aorta) e Aspecto palpatório da artéria (lisa, endurecida, tortuosa). No contorno da arteriosclerose o pico sistólico é maior devido a redução da resistência vascular periférica, ocasionada pelo enrijecimento vascular. Já na estenose aórtica, há ascensão lenta da curva do contorno com pico de baixa amplitude. É mais bem avaliado na carótida devido a proximidade com a aorta ascendente. Em crianças ou pacientes com coração hiperdinâmico pode haver um sopro sistólico carotídeo fisiológico. É fundamental verificar se existe diferença de pulso na artéria radial, principalmente na suspeita de arteriopatias que obstruem a subclávia (tumores, arterite de takayasu, dissecção de aorta aguda → dor torácica, pico hipertensivo importante e diferença de pulsos). Caso os pulsos de femurais estejam bastante diminuídos em relação aos pulsos radiais também pensar em coartação da aorta. Tipos de Pulso: ● Com baixa amplitude (pacientes hipovolêmicos), ● Em martelo d’água (pulso de Corrigan - da insuficiência aórtica, com pico sistólico precoce e diástole - descenso - precoce também, sangue volta da aorta pro ventrículo esquerdo, com pressão diastólica quase 0), ● Pulso bisferiens: dois picos sistólicos, presente na Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (CMHO), o primeiro pico é devido a obstrução na saída do ventrículo e o segundo é da passagem do sangue pela aorta, Insuficiência aórtica crônica (IAO) associada ou não com Estenose Aórtica (EAO) leve, primeiro pico ocorre pela volta do sangue, o que serve como barreira, o segundo pico é da passagem pela aorta. ● Pulso dicrótico: pico sistólico e um pico menor na diástole. Estados de baixo débito cardíaco (tem Resistência vascular aumentada para compensar, sangue entra mais lentamente nos átrios). ● Pulso alternans: comum na ICC em fase avançada, alternam a amplitude pela falha da bomba cardíaca. ● Pulso paradoxal: Paciente na iminência do tamponamento cardíaco. Você solicita ao mesmo, que está em decúbito no leito, que inspire profundamente, isso vai aumentar a caixa torácica, o que aumenta o retorno venoso. Pelo enchimento das câmaras direitas, haverá deslocamento do septo interventricular, dificultando a ejeção ventricular → isso leva ao pulso paradoxal. 3. Pulso Venoso À nível de graduação é importante conhecer a turgência à 45º, que é observada na veia jugular externa, representando o aumento das pressões de enchimento das câmaras direitas (IM crônica, IA crônica, estenose mitral crônica, ICC, cardiomiopatia dilatada). 4. Precórdio Observação do ictus (pulsação do ápice do coração) do VE no 4 ou 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular esquerda, medindo 2 polpas digitais. Tem ascensão durante a sístole e um descenso na diástole. O ictus do ventrículo direito normalmente não é visível ou palpável (avaliação colocando a região tenar e hipotenar da mão no esterno ou uma folha de ofício → MESO positivo). ● Tipos de Ictus de VE Patológicos ● Propulsivo Sustentado: ascensão lenta e mantida (típico da cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva). ● Hipercinético: amplitude aumentada, ascensão e descenso rápido (hipertireoidismo, insuficiência cardíaca de alto débito). ● Hipercinético difuso: sobrecarga de volume crônica (Insuficiência mitral crônica e aórtica). Outras alterações: ● Hipocinético difuso ● Ictus desviado (doenças que aumentam o VE: HAS, doença isquêmica e cardiomiopatia dilatada) ● Movimento duplo do VE: B3 (enchimento rápido do VE); B4 (contração vigorosa atrial, levando as paredes do ventrículo a vibrarem). ● Retração sistólica do precórdio: pela inflamação na pericardite pode haver uma junção do pericárdio visceral e parietal. Pode haver presença de frêmitos (sopros intensos que se podem sentir com as mãos) e Choque (bulhas hiperfonéticas que podem ser palpáveis) 5. Ausculta Foco pulmonar: 2º espaço intercostal à esquerda, Foco aórtico: 2º espaço intercostal à direita, ● Acessório: 1 º espaço intercostal à esquerda. Foco Tricúspide: Paraesternal no 5º espaço intercostal à esquerda, Foco Mitral: 5º espaço intercostal à esquerda abaixo do mamilo. BULHAS B1: fechamento das valvas átrio-ventriculares, correspondendo ao início da sístole (primeiro a mitral, depois a tricúspide). ● Desdobramento de B1: ocorre em pessoas normais, mas pode ser bastante amplo no Bloqueio do Ramo Direito (BRD). As câmaras cardíacas direitas contraem milissegundos após as esquerdas, um bloqueio do ramo direito leva a um maior tempo no intervalo dessas contrações. ● Hiperfonese de B1: síndromes hiperdinâmicas, PR curto, e classicamente na estenose mitral (valva fecha mais veementemente devido ao gradiente de pressão), BAVT total. B2: fechamento das valvas ventrículo-arteriais, correspondendo ao início da diástole (pulmonares e aórtica). ● Desdobramento fixo de B2: BRD, disfunção ventricular direita ← comunicação interatrial (CIA) e estenose pulmonar. ● Desdobramento paradoxal de B2: ocorre na EXPIRAÇÃO. Ocorre quando há um atraso na sístole do VE atrasando A2 (componente aórtico da segunda bulha). Bloqueio de Ramo Esquerdo, Estenose Aórtica, disfunção do VE. Fisiologicamente, na expiração (ex: Manobra de vasalva) ocorre a diminuição da caixa torácica, com menor retorno venoso e menor fluxo de sangue nas cavidades cardíacas. Isso leva à aproximação do componente aórtico do pulmonar, propiciando um menor tempo de fechamento das valvas. O contrário ocorre na inspiração. Desdobramento fixo: não há aproximação dos componentes valvares na expiração. Desdobramento paradoxal: fechamento da valva aórtica depois da pulmonar. ● Hiperfonese de B2: magros, síndromes hiperdinâmicas, HAS, HAP (valva fecha mais rápido). ● Hipofonese de B2: obesos, EAO, EP (valva demora a fechar). B3: Brusca transição da fase de enchimento rápido para fase de enchimento lento ventricular, levando à vibração da parede ventricular. Geralmente significa sobrecarga volumétrica, redução da complacência ventricular ou descompensação da IC sistólica. B4: vibração da parede ventricular produzida por uma vigorosa contração atrial. Ocorre na HAS, estenose da aorta. Podem haver ainda: ● Ruídos de ejeção ● Clicks sistólicos: Valsalva aproxima o click de B1 (Prolapso de valva mitral). ● Estalido de abertura: alta frequência (estenose mitral). ● Atrito pericárdico (couro ralando sobre o outro) ● Knock pericárdico: ocorre depois de B2, mas diferentemente de B3 é de alta frequência. SOPROS Podem acontecer devido a fluxo anterógrado e fluxo retrógrado. Podem ser sistólicos (estenose aórtica), diastólicos (ruflar na estenose mitral, insuficiência aórtica), sisto-diastólicos ou contínuos (persistência do canal arterial) MANOBRAS ● 🔼 Manobras que aumentam o retorno venoso: agachamento, decúbito dorsal, Rivero-Carvalho (apenas no coração direito). ● 🔽 Manobras que diminuem o retorno venoso: Valsalva, posição ortostática (diminuem o volume cavitário). ● 🔼 Manobras que aumentam a RVP: Handgrip ● 🔽 Manobras que diminuem a RVP: Vasodilatador SOPROS SISTÓLICOS ● Mesossistólicos ou de ejeção - estenose aórtica ● Holossistólicos ou de regurgitação - insuficência mitral ● Protossistólicos - ocorrem no início da sístole● Telessistólicos - ocorrem no final da sístole Mesossistólicos: anel aórtico, valvar aórtico, fenômeno de Gallavardin (vibração da Aorta + Mitral - tem mesma origem embrionária). ● Cardiomiopatia Hipertrófica: sopro aumenta com as manobras que diminuem o volume cavitário (Valsalva, ortostática e vasodilatador) → aumentando o gradiente de saída de sangue do VE (diâmetro da câmera diminuído pela hipertrofia). ISSO É UMA EXCEÇÃO, EM GERAL QUANDO O VOLUME DE SANGUE DIMINUI, O SOPRO DIMINUI Holossistólicos ou de regurgitação: ● IM CRÔNICA: folheto posterior pode irradiar para região interescapular ou bordas esternais. ● Insuficiência Tricúspide: onda V gigante (no pulso venoso da região cervical - isso não vai ser cobrado). ● Comunicação intraventricular: Protossistólicos: Insuficiência Mitral e Insuficiência Tricúspide agudas e Comunicação Interventricular com Hipertensão Arterial importante. Telessistólico: Prolapso da Valva Mitral, disfunção do músculo papilar. SOPROS DIASTÓLICOS Protodiastólicos Aspirativos: ● Insuficiência Aórtica: Tronco para frente, posição sentada, handgrip (na estenose é o inverso, diminui o sopro). ● Insuficiência Pulmonar: Graham-Steell (não varia com inspiração + P2 hiperfonética). ● Ruflar diastólico: causado pelo hiperfluxo das valvas AV ou pela estenose das mesmas. Baixa frequência/grave e descontínuo (melhor auscultado com a campânula do diafragma). ● Sopro de Austin-Flint = mimetiza uma estenose Mitral (caráter dinâmico e momentâneo) devido a fluxo de retorno da insuficiência aórtica, porém, sem hiperfonese de B1. ● Carey-Coombs: hiperfluxo em valva mitral não estenótica. Ocorre classicamente na cardite reumática aguda. SOPROS SISTO-DIASTÓLICOS ● Ocorrem na sístole, têm uma pequena pausa e voltam a aparecer na diástole: IAO CRÔNICA (hiperfluxo), Dupla Lesão Aórtica, IM (hiperfluxo Carey-Coombs), DLM. SOPROS CONTÍNUOS ● Persistência do Canal Arterial, Fístula Arterio-Venosa sistêmica ou pulmonar. SOPROS INOCENTES ● Inocente de criança: mesossitólico (metade da sístole), de baixa intensidade, desaparecem com as manobras que reduzem o retorno venoso. ● Sistólico hiperdinâmico (tireotoxicose, taquicardia sinusal): mesossistólico. ● Sopros arteriais inocentes: mesossistólico, bifurcação da artéria inominada ou braquicefálica. ● Mamário: sistólico ou contínuo. ● Zumbido Venoso: contínuo em região cervical direita por hiperfluxo.
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