Buscar

Ebook Maternidade_ Lis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.iapcg.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico essas palavras a todas as mulheres e homens do meu sistema familiar e 
do sistema familiar do meu esposo Eduardo, foi através do Sim de vocês que a 
vida chegou até nós! 
Ao meu esposo Eduardo por embarcar junto comigo nessa aventura chamada 
Paternidade e Maternidade! 
Ao Antônio (nosso anjinho), Miguel e Olívia, vocês são nosso maior êxito! 
Ao Instituto de Apoio Psicológico, na pessoa de Dilson Vicente Lima e Olga 
Simone Almeida de Paulo Lima, local onde eu conheci as Constelações 
Familiares e que me permite conciliar trabalho e maternidade de forma plena! 
Ao meu grande amigo William Carrapateira que me acompanha nessa jornada 
e me estimulou a contar a minha história! 
A minha amiga Elisamar Brambila Salbego Ortiz, mãe da Helena, que me 
convidou para palestrar sobre o tema que deu origem a esse livro! 
 
 
www.iapcg.com.br 
Sobre a Autora 
Eu sou Lis Damasceno de Oliveira Fernandes, nasci no dia 05 de 
dezembro de 1982, em Porto Velho, Rondônia. Sou a primeira filha do 
Severino e da Pascoalina e irmã mais velha do Pedro Luís e da Taís! 
Minha mãe conta que sempre fui uma criança esperta e desde cedo 
gostava de ajudar! No nascimento do meu irmão eu tinha 1 ano e 3 meses 
e mamãe fala que em meio aos cuidados com o bebê eu sempre estava 
presente! Talvez ali, entre um banho, as trocas de fralda, um mamazinho, 
tenha brotado em mim esse desejo de ser mãe! 
Na infância, perguntavam-me o que eu seria ao crescer e eu 
respondia: bailarina, professora, lixeira, astronauta (risos), mas no fundo, 
bem lá no cantinho do coração, meu sonho era ser mãe e ter uma família! 
Então, cá estou eu com 36 anos, casada, mãe, com uma linda 
família! Longe de ser a família Doriana, somos uma família comum e real, 
com suas alegrias e suas dores, suas perdas e suas conquistas! 
 
Fonte: Acervo pessoal (foto Paula Cayres Fotografia) 
 
www.iapcg.com.br 
Sumário 
 
Introdução ...............................................................................................................................5 
Filhos são retrovisores ........................................................................................................6 
As três leis que regem o amor .......................................................................................10 
1ª fase: O luto ......................................................................................................................12 
2ª fase: Bonecão do Posto ...............................................................................................15 
Mamãe, você parecia um monstro! .......................................................................................20 
Sim, você é o meu papai! .......................................................................................................21 
Filho, ele é o pai certo para você! ..........................................................................................22 
3ª fase: Pé no Chão ............................................................................................................26 
Sim, você é a minha mamãe! .................................................................................................28 
O Grande Livro das Mães! ......................................................................................................31 
Carta de Bert Hellinger à sua mãe ..........................................................................................33 
Livros de Consulta ..............................................................................................................35 
 
 
 
 
www.iapcg.com.br 5 
 
Introdução 
Maternar é sem dúvida uma das experiências mais transformadoras 
e enigmáticas na vida da mulher! 
Somos tomadas por uma explosão de emoções, muitas vezes 
ambíguas, que nos tiram do centro. 
Na maratona da maternagem eu precisei muitas vezes me 
reinventar, redescobrir e reencontrar o meu lugar no mundo. As 
constelações familiares propagadas por Bert Hellinger foram de grande 
auxílio para esse processo. 
Olhar para mim, cuidar das minhas dores, acolher minha história e a 
de meu sistema, me possibilitou ver e me conectar com nossos filhos, 
aceitando-os como são, e proporcionando-lhes experiências profundas de 
vínculo e liberação para o novo. 
Para isso, foi preciso dizer Sim para a realidade como ela é e abrir 
mão das expectativas e ideais ligados à maternidade. 
É sobre isso a minha partilha com vocês! 
Desejo que seja uma leitura agradável! O que escrevi aqui saiu do 
meu coração e de muitas mães que fazem parte do meu sistema! 
Um grande abraço, 
Lis Damasceno de Oliveira Fernandes 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 6 
 
Filhos são retrovisores 
Nossos filhos são retrovisores! Por meio deles, nós mães, entramos em 
contato com o mais profundo em nosso ser: a imagem e as memórias da 
criança que fomos um dia, da nossa mãe e do nosso pai! 
 
Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 
 
Basta ver aqueles dois risquinhos no teste de gravidez que imediatamente 
somos tomadas por uma série de emoções! Independentemente se essa 
criança, que já está em seu ventre foi desejada ou não, somos 
teletransportadas para outro planeta ou dimensão, confesso que não sei 
bem ao certo! 
Acredito ser esse primeiro choque gerado por entrarmos em contato com 
a grandeza da vida! Ao mesmo tempo é um misto de alegria, tristeza, 
insegurança, gratidão, angústia, e muitas outras sensações! É um milk-
shake de emoções! 
https://pixabay.com/pt/users/geralt-9301/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2480510
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2480510
 
 
 www.iapcg.com.br 7 
A partir de agora você é mãe, será você quem cuidará para que outro ser 
sobreviva, assim como você sobreviveu! Às vezes esse é um peso tão 
grande, que algumas não dão conta e acabam optando por interromper a 
gestação ou gestar a criança e dá-la em adoção! 
Aborto e abandono são temas polêmicos, então, escrevo essas palavras 
sem julgamento algum, apenas como reflexão! Pode ser que essa mãe 
tenha dores tão profundas que ela não dê conta de passar a vida à diante, 
que para ela não seja possível acolher a vida que chega até ela ou ainda, 
que maternar seja algo doloroso demais! A vocês meu profundo respeito! 
No fundo, são mulheres tão comuns como todas as outras! Assim como 
ser mãe, receber a vida e educar um filho é desafiador, entregar um filho 
ou interromper a gestação também é um desafio e isso também tem um 
preço e uma consequência. 
 
Fonte: Imagem de H. Hach por Pixabay 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 8 
Bert Hellinger, no livro A fonte não precisa perguntar pelo caminho relata 
que os abortos têm efeitos sobre a vida dos pais e que frequentemente a 
dinâmica que se estabelece é a de seguir o filho não nascido na morte ou 
permanecer na expiação (culpa) não ficando plenos na vida. A boa solução 
seria então que os pais dessas crianças lhes dessem um lugar em seus 
corações, reconhecendo a sua existência, sentindo a dor pela sua perda e 
transformando toda a culpa em algo bom, como por exemplo, cuidar de 
outras crianças, idosos, honrando assim aquelas crianças que não 
puderam nascer. Aqui ocorre então a reconciliação, “quando então a dor 
pela criança aflora nos pais, isso a honra e então flui o amor entre os pais 
e as crianças” (HELLINGER, 2012, p.132). 
Àquelas que deram conta de receber a vida e leva-la à diante, minha 
reverência! Cada gestação é um renascer! Se gato tem sete vidas, mãe 
tem muito mais! A cada gestação, parto, fase dos filhos vamos nos 
transmutando! Ser mãe é movimento, é transformação, é viver o ciclo da 
borboleta infinitas vezes! 
 
Fonte: Imagem de Vlad Indrei por Pixabay 
 
E quem faz com que nós mães sejamos essa metamorfose ambulante? 
Elesos filhos! 
https://pixabay.com/pt/users/viralspeed-2939519/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=3264176
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=3264176
 
 
 www.iapcg.com.br 9 
São os filhos que gentilmente vêm ao mundo para dizer: 
 - Querida mamãe, há algo lá atrás que a senhora ainda não olhou! 
- Querida mamãe, há pessoas da família que estão esquecidas! 
- Querida mamãe, como a minha vovó é bonita! Olhe para ela com amor! 
- Querida mamãe, quem ainda precisa ser enterrado? 
- Querida mamãe, o vovô também faz parte da família! 
- Querida mamãe, cadê o meu papai? 
- Querida mamãe, onde está o meu irmão? 
- Querida mamãe, quais dores sua criança interior ainda carrega? 
Há uma infinidade de questões, essas foram apenas algumas trazidas 
pelos nossos filhos até a mim e que eu precisei olhar pausadamente! 
A cada pergunta, uma nova conexão, um novo olhar para minha família, 
para meus pais, meus avós, bisavós, trisavós.... Na medida em que 
caminhava na estrada da maternidade fui entendendo que era parte de 
um sistema maior, eu não estava sozinha no mundo, havia um lugar de 
força e esse lugar era o colo do meu pai e da minha mãe! 
Eu precisei olhar para trás, para então poder ficar no presente e rumar 
para o futuro! 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 10 
 
As três leis que regem o amor 
Bert Hellinger, ao observar as dinâmicas de relacionamento, identificou a 
existência de três leis que afetam a maneira como o indivíduo se 
comporta no meio social. 
A primeira lei é a do Pertencimento, TODOS tem o direito de pertencer ao 
sistema familiar, sejam eles vivos ou mortos, bons ou ruins, feios ou 
bonitos. O vínculo de pertencimento se dá pela existência da vida e não 
dos atributos (qualidades ou defeitos) dados uns aos outros. 
Nosso sistema familiar é muito maior do que o indivíduo, se olhar para 40 
gerações antes da nossa vou encontrar mais de 2 trilhões de pessoas que 
viveram para que hoje eu estivesse aqui! 
Os abortos e os natimortos também tem lugar na família! Para Bert a vida 
começa na fecundação, pois é ali o início da formação do ser que depois 
virá a nascer! Eles também fazem parte! 
A segunda lei é da Hierarquia. Há uma ordem entre os membros do 
sistema, os que nasceram primeiro precedem os que nasceram depois. A 
ordem é estabelecida pelo tempo de chegada aqui nesse planeta! Há o 
lugar do avô, da avó, do pai, da mãe, do primeiro filho, do segundo e 
assim sucessivamente! A ordem possibilita a tranquilidade nos sistemas. 
A terceira lei é a do Equilíbrio entre dar e receber. Essa lei fala das trocas 
que estabelecemos nas relações. Na relação entre pais e filhos, os pais dão 
e os filhos recebem! Os pais dão aquilo que tem em seu baú, aquilo que 
conseguiram juntar e recolher ao longo da vida, pode ser moedas de ouro, 
prata, bronze, ferro ou qualquer outro metal, não importa! Quando os 
filhos dão conta de receber essas moedas eles se sentem plenos e felizes e 
podem dizer aos seus pais: 
 
 
 www.iapcg.com.br 11 
“Obrigado, elas são suficientes. São as moedas de que 
necessito e as que mereço. Assim, eu as tomo com gosto, 
pois vêm de vocês. Com elas serei capaz de seguir meu 
próprio caminho.” (GARRIGA BACARDÍ, 2013, p.09) 
Bert Hellinger alerta que o desrespeito a essas leis gera alguma dinâmica 
disfuncional, desse modo, podemos olhar para aquilo que está além do 
aparente e fazer as “reparações” necessárias! 
Ao tomar consciência dessas três leis iniciei o meu processo de retorno 
para encontrar realmente a minha essência e estar mais presente para a 
maternidade. E agora enquanto escrevo essas palavras ressoa em meu 
coração a letra da música O Portão de Roberto Carlos: 
 
Eu cheguei em frente ao portão, 
meu cachorro me sorriu latindo 
Minhas malas coloquei no chão, 
eu voltei 
 
Tudo estava igual como era antes, 
quase nada se modificou 
Acho que só eu mesmo mudei, 
e voltei ... 
 
Eu voltei, 
agora pra ficar, 
porque aqui, 
aqui é o meu lugar 
Eu voltei pras coisas que eu deixei, 
eu voltei ... 
 
Fui abrindo a porta devagar, 
mas deixei a luz entrar primeiro 
Todo meu passado iluminei, 
e entrei ... 
 
Meu retrato ainda na parede, 
meio amarelado pelo tempo 
Como a perguntar por onde andei 
e eu falei ... 
 
Onde andei não deu para ficar, 
porque aqui, 
aqui é o meu lugar 
 
Eu voltei pras coisas que eu deixei, 
eu voltei .... 
 
Sem saber depois de tanto tempo 
se havia alguém a minha espera 
Passos indecisos caminhei 
e parei 
 
Quando vi que dois braços abertos, 
me abraçaram como antigamente 
Tanto quis dizer e não falei 
e chorei .... 
 
Eu voltei, 
agora pra ficar 
porque aqui, 
aqui é o meu lugar 
Eu precisei voltar para reencontrar meu lugar. É sobre isso que 
compartilharei com vocês. Resumi a maternidade em fases que descrevo a 
seguir! 
 
 
 www.iapcg.com.br 12 
 
1ª fase: O luto 
Meu primeiro contato com a maternidade foi o luto! A nossa primeira 
gestação não veio a termo e perdemos nosso bebê com aproximadamente 
06 semanas de gravidez. Era fevereiro de 2009. 
 
Fonte: Imagem de Capri23auto por Pixabay 
 
Ainda lembro-me do exato momento de sua partida e como me senti. Era 
uma manhã e eu voltava da aula de Direito Romano, na época eu fazia 
faculdade e estava repondo uma matéria no período matutino. Eu já havia 
tido um pequeno sangramento antes, mas entre a opção de fazer o 
repouso e cumprir com as obrigações, escolhi ir pra faculdade. Havia 
https://pixabay.com/pt/users/Capri23auto-1767157/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=3740393
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=3740393
 
 
 www.iapcg.com.br 13 
conversado com o médico e ele me disse que eu poderia continuar com as 
atividades cotidianas e apenas evitasse fazer esforço ou pegar peso. 
Eu estava dirigindo, descendo uma avenida quando em um dos quebra 
molas, senti escorrer o sangramento. Meu coração gelou! Acho que por 
alguns segundos eu parei de respirar! Naquele exato momento eu sabia 
que o bebê já não estava mais em meu ventre! Foi uma partida sem 
despedida! 
Cheguei em casa e corri para o banheiro, ainda havia uma pequena 
esperança! Liguei para meu esposo para contar o ocorrido. Passei o resto 
da manhã amuada. À tarde fomos fazer o ultrassom, eu precisava ver para 
acreditar! De fato, o bebê não estava mais lá! 
Confesso que naquele momento fui tomada por um misto de dor e alívio. 
Alívio? Sim! Será que eu estava preparada pra ser mãe? Acho que não era 
pra ser! Um milhão de frases e justificativas vieram na minha cabeça para 
tentar disfarçar o sentimento mais brutal que havia dentro de mim 
naquele momento: a culpa por não me sentir capaz de gerar um filho e o 
alívio por ele ter partido! 
Lidar com essa realidade foi dura e na época eu não consegui acolher isso! 
Essa foi a minha maior sombra que eu joguei pra debaixo do tapete e que 
generosamente o Miguel nosso segundo filho veio para me mostrar! 
Para nossa família, conhecer e vivenciar por meio das constelações 
familiares o ensinamento do Pertencimento trazido por Bert Hellinger foi 
o acalanto! Bert nos ensina que todos os membros de uma família tem o 
direito de pertencer, todos merecem ter um lugar no coração dessa 
família. Não importando se estejam vivos ou mortos! Aqui pouco importa 
se esse membro viveu 90 anos ou apenas algumas semanas, aqui 
consideramos o surgimento da vida, o momento da fecundação: do 
encontro do espermatozoide e do óvulo, da energia masculina e feminina, 
quando a mágica da vida acontece! 
 
 
 www.iapcg.com.br 14 
Com as constelações familiares, eu pude compreender que tudo está a 
serviço do todo, consegui ver e sentir todo aprendizado que o Antônio, 
esse ser de luz me trouxe, pude sentir empatia e honrar todas as mulheres 
do meusistema familiar que também vivenciaram essa mesma 
experiência, mas que por muitos motivos não puderam se expressar como 
faço agora, pude olhar para as crianças não nascidas e dizer: 
- Vocês tem um lugar no meu coração! 
- Vocês também fazem parte da nossa grande família! 
Hoje, o Antônio, nosso primeiro filho tem um lugar em nosso coração e 
em nossa família e tudo segue em paz! 
Aquilo que antes era dor e sofrimento se transformou em amor, 
aceitação, saímos do estreito e fomos para o amplo! 
Falar do nosso primeiro bebê é cheio de leveza e amorosidade, Miguel 
volta e meia pergunta do irmão: - Mãe, se meu irmão tivesse nascido, 
quantos anos ele teria?; - Mãe, que mês meu irmão ia nascer?; - Mãe, 
meu irmãozinho, está lá no céu, né? Na sua ingenuidade e curiosidade de 
criança, ele resgata e faz o irmão sempre presente, há um profundo amor, 
um amor que integra, que acolhe, que independe da presença física para 
existir. É esse amor que Bert e muitos outros estudiosos chamam de amor 
de vínculo, um amor tão forte e profundo que mantém a família unida por 
várias gerações! 
A você querido Antônio sou grata, por em pouco tempo, ter me ensinado 
tanto. Você tem um lugar em meu coração! Sei que um dia nos 
encontraremos, mas ficamos um pouco mais e desfrutamos da vida em 
sua honra! Amamos você! 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 15 
 
2ª fase: Bonecão do Posto 
Intrigada porque nomeei a segunda fase de bonecão do posto? 
Quando pensei em escrever esse e-book automaticamente me veio a 
imagem do bonecão do posto: um boneco inflável, agitado, com um 
sorrisão no rosto, mas vazio por dentro! Era assim que me sentia depois 
do nascimento do Miguel. 
Miguel nasceu no dia 06 de dezembro de 2010, um dia após meu 
aniversário, às 1h33 da manhã! O parto dele foi uma cesariana não 
programada e após nascer ele foi para quarto junto de mim somente às 06 
horas da manhã! Em resumo, a realidade foi bem diferente da que eu 
idealizei! Por anos, carreguei uma culpa imensa por não ter tido nosso 
filho junto de mim nas suas primeiras horas de vida, mas hoje percebo que 
isso foi o possível para mim naquela época! 
Após o nascimento do Miguel tive dificuldades na amamentação, ele teve 
refluxo severo, não dormia, chorava muito! Hoje analisando os fatos vejo 
com clareza a minha total desconexão com ele. Minha alma ainda estava 
presa ao luto não vivido pela perda do primeiro bebê! De alguma forma 
parte de mim não estava ali! Isso não significava que eu não o amava, pelo 
contrário, sempre houve muito amor! Mas o luto não vivido gerava um 
bloqueio em mim! 
Sobre os sintomas do bebê Gutman (2014, p. 22 e 23) afirma: 
Anular um sintoma do bebê não deveria jamais ser um 
objetivo. (...) Deveríamos ser capazes de sustentar o sintoma 
até entender o que está acontecendo e qual é a situação 
emocional que a mãe precisa compreender ou atravessar. 
(...) O bebê manifesta a sombra, aquilo que não é 
reconhecido conscientemente pela mãe. (...) Quando a mãe 
 
 
 www.iapcg.com.br 16 
se questiona, imediatamente libera o filho, pois assume a 
sua própria sombra. 
Então como Miguel é uma criança extremamente amorosa cada sintoma 
dele expressava algo que eu não dava conta de acolher: 
a) Dificuldades na amamentação: Mamãe, eu me recuso viver assim 
como meu irmãozinho! Logo, eu não me alimento! 
b) Refluxo: Mamãe, por você eu vomito toda a tristeza que você não 
consegue engolir e processar! 
c) Insônia: Mamãe eu cuido de você! E fico com você o tempo todo! 
Você nunca mais vai se sentir só! 
d) Choro: Mamãe, eu no seu lugar! Eu choro o seu luto mamãe! 
e) Falta de foco: Mamãe, cadê o meu irmão que eu não encontro! 
Na época que esses fatos aconteceram eu ainda não conhecia as 
constelações e lidei com eles da melhor forma de pude, como um 
bonecão de posto, agitando, tentando resolver as coisas, enlouquecida e 
oca por dentro! Voltar à terapia foi fundamental! 
 
Fonte: Imagem disponível em: <https://ocatequista.com.br>. 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 17 
Outro grande conflito que emergiu foi Maternidade X Trabalho! Talvez 
esse tenha sido um dos maiores! Inclusive, foi essa questão profissional 
que me levou às constelações! 
Na época eu fazia terapia e as constelações familiares chegaram até mim 
por meio de um folheto. Num primeiro momento achei aquilo tudo muito 
estranho e resolvi perguntar para meu psicólogo se ele conhecia. Para 
minha surpresa ele não só conhecia como também estava fazendo o curso 
de constelação familiar! Alguns dias se passaram e no meu coração algo 
me dizia: - Lis, você precisa fazer uma constelação! 
 
Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 
 
Era início de 2014, constelação agendada, lá fui eu no IAP (Instituto de 
Apoio Psicológico) para constelar o tema indecisão profissional e saí com 
muito mais coisas na mala. 
A indecisão profissional era o sintoma de algo muito mais profundo, a 
constelação me mostrou o caminho de volta, era preciso TOMAR pai e 
mãe, dar-lhes um lugar no meu coração! 
Isso não significava que eu não amasse meus pais, significava que parte de 
mim ainda exigia algo que eles não podiam dar, parte de mim ainda queria 
por amor cego resolver coisas que só eram do papai e da mamãe, parte de 
mim ainda estava totalmente voltada para as dinâmicas da minha família 
de origem enquanto a minha família atual ficava em segundo plano. Como 
https://pixabay.com/pt/users/geralt-9301/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1738072
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1738072
 
 
 www.iapcg.com.br 18 
eu poderia ser uma mãe e uma esposa presente se eu ainda estava 
totalmente voltada para a história de papai e mamãe?! 
Hellinger (2018, p. 63 a 79) descreve em seu livro Um lugar para os 
Excluídos os cinco Círculos do amor: 
1º Círculo: os pais 
2º Círculo: a infância e a puberdade 
3º Círculo: dar e tomar 
4º e 5º Círculo: concordar com todos os seres humanos e com o 
mundo. 
Esses círculos ilustram a maneira como nós vamos crescendo e nos 
posicionando no mundo, para estar pleno nos círculos seguintes é preciso 
ter findando os ciclos anteriores, primeiro olho para mim e meus pais, 
depois à medida que cresço passo a me relacionar com os outros até que 
encontro alguém para estabelecer um relacionamento amoroso e uma 
família e aí me desenvolvo plenamente para estar a serviço do mundo! 
É muito comum ficarmos emaranhados ao nosso sistema de origem, 
tentando inconscientemente resolver os conflitos de papai e mamãe, 
perdemos então energia vital para tocarmos nosso 
casamento/relacionamento e estarmos a serviço dos nossos filhos! A esse 
emaranhado Bert chama de amor cego, que é um amor que adoece e nos 
deixa presos, é um amor que nos faz cumprir uma função no sistema e 
sinalizar aos nossos pais que algo precisa ser resolvido. 
Então para estarmos plenos é preciso deixar papai e mamãe e seguir com 
o nosso parceiro! Para isso é necessário antes, reconhecer a existência e 
importância do pai e da mãe na nossa vida! 
Hoje, olhando, já sob a luz das constelações familiares, tudo como foi 
reconheci em mim a presença da memória de abandono e de abusos. 
Questões essas que me impediam de me manter distante dos filhos. Eu 
queria ser mãe e me fazer presente! 
 
 
 www.iapcg.com.br 19 
Comecei, então, a traçar uma nova trajetória profissional que me 
possibilitasse conciliar as duas coisas! Escolher esse caminho nem sempre 
foi fácil, exigiu renuncias às expectativas, contudo, me fez por o pé no 
chão, aceitar e desfrutar da minha realidade mãe e profissional como ela 
se apresentava. 
Hoje faço parte da equipe do IAP – Instituto de Apoio Psicológico, 
localizado em Campo Grande-MS, e me dedico a um trabalho no qual 
posso estar a serviço da vida de outros e da minha família! 
Conciliar maternidade e vida profissional nem sempreé fácil, exige de nós 
resiliência, aceitação e, sobretudo, a humildade em aceitar a nossa 
humanidade! Nesse quesito, mais uma vez Miguel e Olívia tiveram grande 
contribuição, pois eles me sinalizaram a importância de estar presente! 
 
Fonte: Acervo IAP (foto Wilson Jr. Fotografia) 
 
 
 www.iapcg.com.br 20 
Mamãe, você parecia um monstro! 
Miguel tinha uns 04 anos, não queria tomar banho e relutava bravamente! 
Eu estava bem cansada naquele dia, brava comigo mesma, o bonecão do 
posto remexia forte dentro de mim! Num lapso de raiva, transferi para ele 
toda minha frustração! Gritei, fui muito ríspida nos meus gestos. Ele 
começou a chorar e eu dizia: - Engole esse choro menino! Tal qual meu pai 
dizia pra mim quando eu chorava! E ele chorava ainda mais! Diante 
daquela cena desastrosa meu marido interviu me afastando dele e 
dizendo: - Deixa que eu cuido dele, vai respirar um pouco! E assim fiz! Foi a 
primeira vez que realmente eu perdi todas as estribeiras! 
Depois mais calma fui conversar com o Miguel. Ele na sua meiguice de 
criança disse: - Nossa mamãe, naquela hora que você gritou comigo você 
parecia um monstro! Meu Deus, naquele momento eu desabei, meu 
coração se partiu em mil pedaços! Ali todos os sinais de alertam 
começaram a apitar e eu decidi que precisava dar um passo a mais! Eu 
precisava olhar para meu papai! 
 
Fonte: Imagem de Digital Photo and Design DigiPD.com por Pixabay 
https://pixabay.com/pt/users/DigiPD-57147/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1611352
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1611352
 
 
 www.iapcg.com.br 21 
Sim, você é o meu papai! 
O episódio com o Miguel conectou-me com a criança ferida em mim. 
Quando eu gritava com ele eu repetia uma ação que meu pai fazia comigo 
me mandando engolir o choro. 
Ali eu percebi a repetição de um padrão de comportamento do campo 
familiar que recebe e repassa essa informação aos seus membros. Quanto 
mais eu julgava e criticava meu pai, mais parecida com ele me tornava. 
Soa meio estranho, mas a dinâmica do nosso sistema familiar é essa: eu 
me torno tal qual aquela pessoa que eu mais critico, julgo e excluo. 
Lembra: todos tem o direito de pertencer! É como se a sabedoria do 
sistema dissesse: Você está aqui apontando o dedo por determinada 
atitude daquela pessoa, mas faz exatamente igual! 
Ao tomar consciência dessa dinâmica de repetição e exclusão e do quão 
dolorosa ela foi pra mim, eu decidi fazer um pouco diferente! Contudo, 
antes de seguir era preciso respeitar aqueles que vieram antes. 
Então, mais uma vez, olho para o retrovisor, pego a minha mochila e 
literalmente vou ao encontro do meu pai. Dirigi mais de 150 quilômetros 
para dar-lhe um abraço, dizer que sentia muito e que era muito grata pela 
vida e por tudo que ele tinha feito por mim! Sabe a parábola do filho 
pródigo, eu era a filha pródiga! 
Naquele dia meu pai nasceu pra mim! E eu puder ver o grande homem 
que ele é! 
Ao dizer para meu pai que eu recebia todas as moedas ao preço que tinha 
custado a ele, meu coração e minha alma tornaram-se plenos, e essa 
plenitude resplandeceu nele também. Sobre esse reconhecimento Garriga 
Bacardí (2013, p.9 e 10) escreve: 
Ao ouvir isso [Obrigada pelas moedas elas são suficientes], 
os pais, que como todos os pais se engrandecem por meio do 
reconhecimento dos filhos, sentiram-se ainda maiores e 
generosos. Interiormente sentiram que podiam seguir dando 
 
 
 www.iapcg.com.br 22 
a seu filho, porque a capacidade de receber amplia a 
grandeza e o desejo de dar. 
Então, disseram: "Você é um bom filho. Pode ficar com 
todas as moedas, pois pertencem a você. Pode gastá-las 
como quiser, e não precisa devolvê-las. São seu legado, 
único e pessoal, são para você. Então o filho também se 
sentiu grande e pleno. Descobriu- se completo e rico e pôde 
em paz deixar a casa dos pais. Na medida em que se 
afastava, andava com firmeza, com os pés firmes sobre o 
solo. Seu corpo também estava bem situado no solo, e 
diante de seus olhos um caminho claro e um horizonte 
promissor se abriam. [inclusão nossa]. 
E agora com papai dentro do meu coração eu estava pronta para dar um 
lugar ao meu esposo e liberar o nosso filho para ir até o seu pai! 
 
Filho, ele é o pai certo para você! 
Era outubro de 2015, Miguel tinha 04 anos e eu me preparava para fazer a 
primeira viagem sozinha na qual ficaria mais que 05 dias longe de casa. 
Eu fui para Curitiba participar do Seminário Internacional Constelações 
Familiares e Pedagogia Sistêmica, facilitadora Marianne Franke-Gricksch. A 
primeira memória que tenho dessa viagem foi de um banho de chuva 
torrencial que tomei. O maior banho de chuva da minha vida! Eu de mala 
e cuia andando por Curitiba debaixo da chuva e só pensava: - Algo de bom 
há de florescer disso tudo! 
Dito e feito! O curso com a Marianne Franke-Griscksch me ajudou a 
construir a ponte do coração do Miguel para o coração do pai dele! Nas 
constelações e explanações daquele curso uma mensagem ficou muito 
viva dentro de mim: - Só a mãe leva o filho ao pai! 
Há uma frase famosa de Bert Hellinger que diz: 
Somente na mão do pai a criança ganha um caminho para o 
mundo. As mães não podem fazê-lo. O amor dele não é 
 
 
 www.iapcg.com.br 23 
cuidadoso nesta forma como é o amor da mãe. O Pai 
representa o espírito. Por isso o olhar do pai vai para a 
amplitude. Enquanto a mãe se move dentro de uma área 
limitada, o pai nos leva para além desses limites para uma 
amplitude diferente. 
 
Fonte: Imagem de Lorraine Cormier por Pixabay 
 
A mãe leva o filho para o pai e o pai leva o filho para o mundo! Assim o 
filho fica pleno e completo! 
Primeiro, foi necessário reconhecer em meu coração, 
que o meu esposo foi o homem escolhido por mim e 
que ele era o pai certo para o nosso filho. Depois 
precisei comunicar isso ao Miguel, como? Por meio do 
livro: Eu amo meu papai, da Editora Cultural. 
Comprei o livro de presente para ele na lojinha do 
curso, li o livro antes e olhando nos olhos do Urso pai 
vi os olhos do meu marido Eduardo e internamente 
disse: - SIM, você é o pai certo para ele! 
https://pixabay.com/pt/users/ljcor-3559387/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2770301
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2770301
 
 
 www.iapcg.com.br 24 
Chegando casa, sentamos e lemos o livro juntos! Olhei nos seus olhinhos 
de criança e disse: - Filho, você pode amar o seu papai! Ele é o pai certo 
para você! 
 
Fonte: Acervo pessoal (foto Paula Cayres Fotografia) 
 
Você pode estar pensando e no caso de situações onde o pai tem algum 
comportamento disfuncional, onde há violência, como fazer? 
Em situações como essas, é necessário, sobretudo, desvencilhar-se a 
relação do casal (que pode ser finita) da relação paternal (que é infinita)! 
Exige de nós uma postura adulta e sem vitimismo, isso não significa 
esconder a dor colocando-a para debaixo do tapete, pelo contrário, é 
necessário seu reconhecimento e elaboração. Hellinger (2015, p. 31) 
afirma que a boa solução é voltar-se ao primeiro amor (relacionamento de 
casal), dando-lhe um espaço novamente, independente do que tenha 
havido. Reconhecer e respeitar o parceiro pelo tempo que viveram juntos, 
não significa, necessariamente, manter a convivência física, esse 
reconhecimento se dá, sobretudo no campo interno, na nossa alma. 
 
 
 www.iapcg.com.br 25 
É preciso também considerar o fato de que, por mais conturbada que seja 
a relação entre o casal, a relação parental pode ser um pouco diferente. 
Aqui recorro aos ensinamentos de Marianne Franke e Bert Hellinger: 
Quando há a alienação paterna a criança sente que a mãe 
está roubando algo dela e daí a relação com a mãe se 
quebra. Surge a raiva, a revolta,os vícios, a vontade de não 
ir para a vida! (FRANKE, 2015, palestra) 
Toda criança tem dois pais. Para uma criança, é preciso 
poder amar ambos os pais. Uma criança não compreende 
por que seus pais se separam. Ela ama ambos da mesma 
maneira. (...) às vezes, tem medo de mostrar que ama o pai 
da mesma maneira. Ela tem medo de que a mãe fique com 
raiva e de que, além do pai, acabe perdendo também a mãe. 
Contudo, secretamente, ela sempre ama o pai. Quando 
escuta a mãe dizer que amou muito o pai, pode mostrar à 
mãe que também ama o pai. Então a criança se sente 
aliviada. (HELLINGER, 2015, p. 183) 
Os adultos precisam superar seus próprios dramas, para isso é preciso 
olhar além das suas dores e não passa-las para os filhos. Quando os pais 
cuidam da própria felicidade, são bem sucedidos, saudáveis e felizes, os 
filhos sentem que têm permissão para também ter a alegria, a saúde e a 
prosperidade. 
Essas são algumas frases que podem auxiliar as mães a levar os filhos até 
os pais ou vice versa: 
• Se teu pai/mãe te visse assim ele ficaria muito feliz!!! 
• Quando eu vejo você sentado em frente a mim, tão cheio de saúde, lembro-
me de seu pai/mãe, então ainda o(a) amo em você. 
• Eu sou o pai, Você é a mãe, Eu te respeito como pai, Eu te respeito como mãe. 
• Eu te agradeço por juntos termos tido esse filho maravilhoso. 
• Filho(a), você é a melhor parte minha e do seu pai e algo a mais! 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 26 
 
3ª fase: Pé no Chão 
A gravidez da Olívia foi muito esperada e desejada. Foram praticamente 
04 anos de espera até a tão esperada notícia chegar em 21 de junho de 
2017: Estávamos grávidos novamente! 
Novamente fui invadida pela sensação de plenitude! Uma nova vida 
estava sendo gerada em meu ventre e eu ia ser mãe novamente! Eu já não 
era a mesma Lis da primeira e nem da segunda gravidez, já tinha 
caminhado bastante, caído em alguns buracos, entretanto ainda haviam 
questões que precisavam ser olhadas e acolhidas! 
No início da gravidez da Olívia também tive sangramento! O medo de 
perder o bebê invadiu meu coração, a morte estava batendo outra vez na 
minha porta; a ansiedade pela espera da gravidez, tudo aqui remexendo 
dentro de mim! 
Foram dias difíceis, precisei fazer repouso, desacelerar! Era preciso ir mais 
devagar, ficar com os pés no chão, no aqui e no agora: foi essa a 
mensagem da Olívia para mim! Depois da fase Bonecão do Posto era a 
hora de colocar o pé no chão e seguir mais centrada! 
 
Fonte: Imagem de Pexels por Pixabay 
https://pixabay.com/pt/users/Pexels-2286921/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1869914
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1869914
 
 
 www.iapcg.com.br 27 
A Olívia nasceu em 01 de fevereiro de 2018 de parto normal! Um parto 
humanizado lindo! Estavam ao meu lado meu marido Eduardo, minha 
irmã Taís (que além de tia era a pediatra que receberia a nossa filhota), a 
Tati Marinho, minha doula e minha GO Dra. Rubia Borges! Olívia nasceu 
empelicada (sem rompimento da bolsa), de 36 semanas e 05 dias! 
Adiantou só 22 dias pela DPP (data provável do parto), mas nasceu 
saudável, da forma e quando ela quis! 
Ao parir a Olívia eu pude sentir toda a propulsão que a vida tem! Todo o 
trabalho de parto fez-me honrar minha mãe e todas as mulheres do meu 
sistema familiar e do meu esposo! Fez-me renascer como mulher! Fez-me 
de fato ocupar o meu lugar de mãe! 
 
Fonte: Acervo pessoal (foto Angelica Alves Fotografia) 
 
 
 
 www.iapcg.com.br 28 
Sobre esse processo de cura e conexão à ancestralidade feminina, 
compartilho uma frase de Bert Hellinger que foi bastante significativa: 
Quando uma mulher decide curar-se, ela se transforma em 
uma obra de amor e compaixão, já que não se torna 
saudável somente a si própria, mas também a toda a sua 
linhagem. 
 
Fonte: Imagem de Couleur por Pixabay 
 
Sim, você é a minha mamãe! 
Para ocupar o lugar de mãe eu precisei antes ocupar única e 
exclusivamente o meu lugar de filha! 
Eu sempre tive uma ótima relação com a minha mãe! Somos muito 
parecidas! Gostamos das mesmas coisas! Temos temperamentos 
parecidos! Mas depois da maternidade, observei que algo havia ficado 
diferente entre nós! Não ruim, apenas diferente! 
Durante as terapias que participei fui percebendo a repetição inconsciente 
da história da minha mãe: dei-me conta que fui estudar na mesma 
 
 
 www.iapcg.com.br 29 
universidade que ela havia estudado, namorei meu marido a distância, tal 
qual ela namorou meu pai, casei e tive filhos com praticamente a mesma 
idade dela! Tudo era muito semelhante! Era como se eu estivesse 
reescrevendo a sua história. Compreendi como eu estava plenamente 
conectada à minha mãe no amor cego! 
À medida que caminhava na estrada maternidade fui aceitando que já não 
podia mais carregar as malinhas da minha mãe, estava ficando muito 
pesado vez que também precisava carregar as minhas malas e as malas 
das crianças, então iniciei um processo para desvencilhar-me dela e 
reconhecer meu próprio eu! Confesso que foi bastante doloroso. 
Dei-me conta de uma memória transgeracional de abandono depois de 
uma conversa com a minha mãe. A simbiose mãe e filha continuava ativa, 
eu tinha nascido, mas na minha alma ainda permanecia dentro do ventre 
materno! Lembro-me de um exercício de renascimento e como foi difícil 
para eu nascer, queria ficar lá, junto com a minha mãe! 
 
Fonte: Imagem de Blanka Šejdová por Pixabay 
https://pixabay.com/pt/users/28703-28703/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=105455
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=105455
 
 
 www.iapcg.com.br 30 
Tomar consciência dessa realidade foi sem dúvida um grande passo para a 
conexão com minha essência. Ter renunciado ao meu ideal de mãe e às 
minhas expectativas infantis e poder conversar com a minha mãe sobre 
isso, como duas mulheres e mães comuns, também foi fundamental! 
Ali éramos mãe e filha, compartilhando suas experiências e histórias! 
Nunca me esquecerei daquela tarde, da nossa conversa, em meio às 
máquinas de costura da minha mãe! 
E mesmo sem dizer: - Querida mamãe, hoje eu renuncio a todas as minhas 
expectativas infantis, renuncio ao ideal de mãe. Por muito tempo 
permaneci ligada a ti por um amor cego. Eu incluo esse amor, pois ele me 
ensinou o sentido de cuidar. Agora querida mamãe, eu escolho caminhar 
por mim, por favor, me abençoe para seguir fazendo um pouco diferente. 
A ti sou grata. E que ela não tenha dito: - Querida filha eu te abençoo, 
pode seguir! Eu senti que nós pudemos nos liberar. Naquele momento eu 
renasci como filha para me tornar uma mãe real, comum, ainda que com 
feitos extraordinários! 
 
Fonte: Imagem de Kevin Phillips por Pixabay 
https://pixabay.com/pt/users/27707-27707/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=937038
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=937038
 
 
 www.iapcg.com.br 31 
O Grande Livro das Mães! 
Eu costumo brincar com o Miguel dizendo que com a chegada dos filhos 
nós mães recebemos um livro repleto de dicas, regras e instruções: o 
Grande Livro das Mães! Essa era uma brincadeira sem qualquer viés 
sistêmico, mas hoje, analisando cuidadosamente, ela traz os 
ensinamentos de Bert Hellinger sobre a consciência arcaica e a consciência 
pessoal. 
A consciência arcaica é a consciência do grupo familiar, nela ficam 
impressas todas as memórias, traumas, tradições, costumes e posturas do 
nosso sistema familiar. Essa consciência é inconsciente e ela nos dá a 
sensação de PERTENCIMENTO. Fazendo uma analogia, podemos 
considerar a consciência arcaica como aquele caderno de receitas que 
passa de geração para geração e quem vem depois vaifazendo daquele 
jeitão descrito ali. 
Já a consciência pessoal (individual) está centrada na pessoa do indivíduo, 
na forma como ele vê, sente e age no mundo. Usando a analogia do 
caderno de receitas é aquele que herda o caderno, mas em uma receita 
ou outra dá seu toque pessoal! 
Se estamos no amor cego estamos profundamente ligados à consciência 
arcaica, seguindo exatamente o roteiro prescrito para que possamos 
continuar pertencendo ao grupo. Já no amor que vê, o indivíduo percebe a 
existência dessa consciência arcaica e com muito amor e respeito a tudo 
como foi, consegue fazer um movimento diferente, trazendo assim o 
movimento de expansão e crescimento ao sistema familiar. 
Ao me tornar mãe, todas as mães do meu sistema renasceram em mim e 
de presente recebi o Grande Livro das Mães, foi por meio do modo de agir 
delas que eu tinha um roteiro, um mapa sobre o que era ser mãe! Afinal, 
ser mãe é algo que a gente aprende! Claro que temos toda a questão 
instintiva, mas pra mim, Lis, sou uma mãe aprendiz! 
Quando eu ganhei o Miguel eu estava totalmente na consciência arcaica, 
precisava do modelo para garantir a minha existência como mãe e a 
 
 
 www.iapcg.com.br 32 
sobrevivência dele. À medida que fui caminhando e aprendendo eu fui 
ocupando o meu novo lugar, o nascimento da Olivia trouxe-me para o 
centro. Agora além de filha, neta e nora, sou a MÃE! 
Respeitar a consciência arcaica e me posicionar na consciência individual, 
nem sempre foi simples, levou tempo e demandou ajuda terapêutica, pois 
exigiu olhar, honrar e amar todas as mães do meu sistema e também do 
sistema familiar do meu esposo. Foi necessário que eu ocupasse o meu 
lugar de última e que pedisse e aceitasse toda essa sabedoria ancestral. 
Tudo isso me levou a entender que não se trata de ser melhor ou pior 
mãe. Maternidade não é uma competição! Trata-se apenas do fluxo da 
vida, de permitir-se entrar nesse rio caudaloso e seguir com a correnteza! 
Somos todas mães, cada uma fazendo seu melhor nesse momento! 
Hoje posso dizer: Sinto-me realizada com a maternidade! Isso não significa 
que não tenho minhas derrapadas, meus medos e minhas angústias, 
significa que ocupei apenas o meu lugar graças às muitas mães que vieram 
antes de mim. E que agora eu também posso dar umas pinceladas no 
Grande Livro das Mães, deixando a minha marca e o meu jeito de fazer um 
pouquinho diferente! 
 
Fonte: Imagem de Todd MacDonald por Pixabay 
https://pixabay.com/pt/users/toddwmac-48860/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=175605
https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=175605
 
 
 www.iapcg.com.br 33 
Carta de Bert Hellinger à sua mãe 
 
“Querida Mãe, 
Você é uma mulher comum, assim como milhares de outras mulheres. Amo você 
assim, como mulher comum. Como mulher comum você encontrou o meu pai. Ele 
também é comum. Vocês se amaram e decidiram passar a vida inteira juntos. 
Casaram-se, isto também é comum, e se amaram como homem e mulher, 
profundamente. Fui gerado através desse amor profundo. Sou um fruto do amor de 
vocês. Vivo, pois vocês se amaram – muito comum. 
Esperaram por mim durante nove meses, com esperança e aflições, perguntando-se se 
as coisas caminhariam bem para vocês e para mim. 
Sim, querida mamãe, então você me pariu com dores e tormentos. Assim como outras 
mães têm os seus filhos. Então, eu estava aqui. 
Vocês olharam para mim e se olharam. Estranharam: este é o nosso filho? E disseram 
sim para mim. Sim, você é o nosso filho e nós somos seus pais. Tomamos você como o 
nosso filho. Então me deram um nome através do qual me chamam, deram-me o seu 
nome e disseram a todos: este é o nosso filho, pertence a nós. 
Vocês me nutriram, educaram e cuidaram de mim durante muitos anos. Sempre 
pensaram em mim. Preocupavam-se e se questionavam sobre as minhas necessidades. 
Deram-me muito. 
Os outros, assim como eu, também, às vezes, diziam que vocês tinham falhas, que não 
eram perfeitos e que deveriam ter sido diferentes. Mas assim, da forma que vocês 
foram, foram certos para mim. Somente por terem sido da forma que foram, tornei-
me quem sou. Para mim, tudo estava certo. Eu lhe agradeço, querida mãe, eu lhe 
agradeço, querido pai.” 
Agora, o mais importante: “Liberto você, querida mãe, de todas as minhas 
expectativas e exigências que superam o que se pode esperar de uma mulher comum. 
Recebi suficientemente e já basta. Obrigado. Libero você, querido pai, de todas as 
minhas expectativas e exigências que superam o que se pode esperar de um homem 
comum. Eu lhe agradeço.” 
Bert Hellinger 
 
 
 
 
Lis Damasceno 
 
 
35 
Livros de Consulta 
 
FRANKE-GRICKSCH, Marianne. Anotações Seminário Internacional 
Constelações Familiares e Pedagogia Sistêmica. Curitiba-PR, 23 a 27 de 
outubro de 2015. 
GARRIGA BACARDÍ, Joan. Onde estão as moedas?: as chaves dos vínculos 
entre pais e filhos. Campinas, SP: Saberes Editora, 2011. 
GUTMAN, Laura. A maternidade e o encontro com a própria sombra. 6 
ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2014. 
HELLINGER, Bert. A fonte não precisa perguntar pelo caminho. 3 ed. 
Goiânia: Atman, 2012. 
_____________. Carta de Bert Hellinger a sua mãe. Disponível em: 
<https://www.facebook.com/BertHellinger/posts/1238596046195243/>. 
Acesso em: 30 maio 2019. 
_____________. Olhando para a alma das crianças. Belo Horizonte: 
Atman, 2015. 
_____________. Um lugar para os excluídos. 5 ed. Divinópólis: Atman, 
2018. 
 
 
 
 
www.iapcg.com.br 
Fone: (67) 3321-0322 / (67) 99650-5152 
institutodeapoiopsicologico@gmail.com 
Travessa Ninfa 89, Jardim dos Estados – Campo Grande MS 
 
O Instituto de Apoio Psicológico – IAP oferece os cursos de Formação em Constelações 
Sistêmicas Familiares, Curso de Constelação com Bonecos e Âncoras de Solo, 
Pedagogia Sistêmica, Análise das Transações e Saúde Integrativa Hellingeriana e 
workshops de diversos temas sob o olhar sistêmico em várias cidades. 
Confira no site do Instituto outras informações sobre os temas. 
 
Para contato com a autora: 
lisdamasceno@yahoo.com.br 
(67) 98124-1754 – Vivo e WhatsApp 
http://www.iapcg.com.br/
mailto:institutodeapoiopsicologico@gmail.com
mailto:lisdamasceno@yahoo.com.br

Outros materiais