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A farmacotécnica é o ramo das ciências farmacêuticas que trata da transformação de substâncias (matérias- primas) em medicamentos, por meio de procedimentos técnicos e científicos que levam à forma farmacêutica pretendida. A forma farmacêutica, por sua vez, é o estado final de apresentação da fórmula farmacêutica, com a finalidade de facilitar sua administração e obter o maior efeito terapêutico possível e o mínimo de efeitos indesejáveis. TIPOS DE FÓRMULAS FARMACÊUTICAS Oficinal fórmulas fixas, com denominações imutáveis e consagradas, que constam em compêndios, formulários ou farmacopeias oficiais, reconhecidos pelo Ministério da Saúde. Exemplos: água oxigenada, solução de álcool iodado, etc. Magistral formulação preparada na farmácia atendendo a uma prescrição de autoria do médico, cirurgião-dentista ou médico- -veterinário, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. Exemplo: solução de fluoreto de sódio; solução de digluconato de clorexidina. Especialidade farmacêutica produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e disponível no mercado. Constituintes de uma fórmula farmacêutica Uma fórmula farmacêutica deve conter A base medicamentosa ou princípio ativo É o componente responsável pela ação terapêutica. Uma só fórmula pode conter um ou mais princípios ativos, criando as associações. Quando a formulação não apresenta nenhum princípio ativo, é denominada de placebo Coadjuvante terapêutico Que “auxilia” a ação do princípio ativo, por diferentes mecanismos. A epinefrina, por exemplo, quando incluída na solução anestésica local, retarda a absorção do anestésico para a corrente sanguínea, diminuindo sua toxicidade e aumentando a duração da anestesia; Coadjuvante farmacotécnico Que tem por função facilitar a dissolução do princípio ativo no veículo ou excipiente, ou, ainda, funcionar como agente suspensor ou emulsificante; Estabilizantes ou conservantes Com a finalidade de evitar alterações de ordem física, química ou biológica e aumentar a estabilidade do produto. Veículo e o excipiente Componentes líquidos ou sólidos, respectivamente, são inertes e servem para dissolver-se de forma homogênea ao princípio ativo e aos demais componentes da fórmula farmacêutica. Formas farmacêuticas Formas farmacêuticas sólidas As formas farmacêuticas sólidas empregadas por via oral são à base de pós. Conforme o grau de aglomeração dos pós, eles podem assumir diferentes formas farmacêuticas. Comprimidos Apresentam tamanhos e formatos variados, geralmente cilíndricos ou lenticulares, obtidos pela compressão de pós de substâncias medicamentosas secas, com ou sem excipiente inerte. Podem ser formulados para se dissolver em água, antes de serem deglutidos, na própria cavidade bucal (uso por via sublingual), no estômago ou intestinos. A indústria farmacêutica também produz comprimidos revestidos, recobertos por uma ou mais camadas de resinas, ceras, substâncias plastificantes, etc.; comprimidos efervescentes, que são desintegrados em água antes da administração; e comprimidos mastigáveis, que contêm adoçantes que proporcionam sabor agradável. Drágeas São comprimidos que recebem um ou mais revestimentos externos, seguidos de polimento, com o objetivo de mascarar o sabor e o odor desagradável de Terapêutica Medicamentosa Formas farmacêuticas e vias de administração Andreina Pereira certos princípios ativos ou minimizar os efeitos agressivos à mucosa gástrica. Não podem ser fracionados, seja por partição (divisão em partes iguais) ou trituração. Cápsulas São receptáculos de forma e dimensão variadas, contendo em seu interior substâncias medicinais sólidas, líquidas ou mesmo pastosas. Podem ser de dois tipos: gelatinosas (moles) e gastrorresistentes, de consistência dura, destinadas a resistir ao ataque do suco gástrico, de modo que a libertação da substância ativa ocorra rapidamente no intestino delgado. Assim como as drágeas, as cápsulas não podem ser fracionadas. Granulados São fórmulas constituídas de um aglomerado, contendo um ou mais princípios ativos, associados com excipiente sob a forma de grãos ou fragmentos cilíndricos. Por fim, ainda como formas farmacêuticas sólidas para uso por via oral, têm-se as pílulas e as pastilhas, de pouco interesse para a odontologia. Além da via oral, as formas farmacêuticas sólidas ou semissólidas podem ser empregadas por meio de aplicação local (portanto, de uso externo), sendo representadas pelos cremes, linimentos, unguentos, pastas e pomadas, as duas últimas de maior uso em odontologia. Forma farmacêutica Vantagem Granulados Comprimidos Comprimidos Revestidos Drágeas Cápsulas *• Comprimidos não sulcados • Comprimidos revestidos • Comprimidos de liberação entérica • Comprimidos de liberação prolongada ou controlada Em resumo, para a partição, é recomendável que o comprimido seja sulcado e apresente baixa toxicidade, boa margem terapêutica e meia-vida plasmática relativamente longa. Sendo necessária a partição, recomenda-se que seja apenas pela metade, considerando-se que há perda do fármaco proporcionalmente ao número de vezes que o comprimido é partido. Pastas Têm uma consistência macia, mas firme, por sua grande proporção de pó (acima de 20%), como é o caso das pastas à base de hidróxido de cálcio. Pomadas São mais gordurosas, como a de acetonido de triamcinolona, sendo empregadas no tratamento de úlceras aftosas recorrentes ou úlceras traumáticas. Supositórios São formas farmacêuticas sólidas, de formato cônico ou ogival, destinadas à aplicação por via retal. Podem se constituir numa forma de administração de analgésicos ou anti-inflamatórios para pacientes incapazes de fazer uso da medicação por via oral (particularmente as crianças). Formas farmacêuticas líquidas Emulsões Sistema químico heterogêneo constituído por dois líquidos imiscíveis (água e óleo, em geral), um dos quais está disperso no seio do outro sob a forma de gotículas esféricas. (p. ex., emulsão de óleo de fígado de bacalhau). Na prática, as emulsões não têm indicação em odontologia. Propiciam uma ingestão mais agradável Não aderem entre si, quando armazenados Em geral, dissolvem-se rapidamente Permitem precisão de dosagem e são de fácil administração Algumas formas de comprimidos podem ser fracionadas* Podem ser conservados por maiores períodos de tempo Protegem da ação da luz Facilitam a deglutição Mascaram odor ou sabor desagradáveis Podem impedir a degradação no estômago Facilitam a deglutição Mascaram odor e sabor desagradáveis Evitam alterações de certos princípios ativos. Resistem ao suco gástrico, só se expondo no intestino Cápsulas Permitem a administração de Permitem a administração de medicamentos de sabor desagradável Permitem o revestimento resistente ao suco gástrico Liberam mais rapidamente o princípio ativo do fármaco Suspensões Formas farmacêuticas líquidas, viscosas, constituindo-se em uma dispersão grosseira, em que a fase externa (maior) é um líquido e a fase interna (menor), um sólido insolúvel, que se constitui no princípio ativo do medicamento. Por ficar suspenso, exige uma agitação enérgica do frasco, justificando a conhecida recomendação de “agite antes de usar”. Aerossóis Podem ser considerados como formas complementares das suspensões, por serem um sistema coloidal constituído por partículas sólidas ou líquidas muito divididas, dispersas num gás. São empregados por meio de aparelhos chamados nebulizadores, vaporizadores ou aerossol dosificador, acompanhado de bocal e aerocâmara. Soluções Misturas de duas ou mais substâncias homogêneas, do ponto de vista químico e físico. As soluções farmacêuticas são sempre líquidas e obtidas a partir da dissolução de um sólido ou líquido em outro líquido. São formadas por um solvente mais um soluto, o qual deve ser miscível no solvente. Os solventes mais utilizados nas soluções são água, álcool etílico, glicerina, propilenoglicol, álcool isopropílico, éter dietílico e benzina. 1. Soluções administradas por via oral Solução “gotas” ou solução “oral” – São encontradas no mercado farmacêutico sob esta denominação, apesar de não serem definidas pela Farmacopeia Brasileira (“gotas” não é forma farmacêutica). Assim, ao prescrevê-las, o cirurgião-dentista deverá diferenciá-las em seu receituário. Xaropes – São formas farmacêuticas aquosas, contendo ~ 2/3 de seu peso em sacarose ou outros açúcares. Os xaropes apresentam duas vantagens: correção de sabor desagradável do fármaco e conservação do mesmo na forma farmacêutica de administração. Elixires – São formas farmacêuticas líquidas, hidroalcoólicas, aromáticas e edulcoradas com sacarose ou sacarina sódica. 2. Soluções cavitárias Colutórios – Destinados à aplicação local sobre as estruturas da cavidade bucal, na forma de bochechos ou irrigações, sem que haja a deglutição. Como exemplo, temos o colutório de digluconato de clorexidina, empregado como antisséptico em ambiente ambulatorial ou domiciliar. Vernizes – O fármaco encontra-se misturado ao veículo, que “toma presa” ao entrar em contato com água ou saliva, sendo aplicado diretamente nos dentes. Como exemplo, temos os vernizes fluoretados, empregados para reduzir a incidência de cárie dentária em crianças. 3. Soluções injetáveis São soluções ou suspensões esterilizadas, livres de pirogênios, em geral isotônicas, acondicionadas em ampolas ou frasco-ampolas, de forma a manter essas características, indicadas para a administração parenteral. Vantagens do uso Absorção mais rápida e segura. Determinação exata da dose do medicamento. Permitem o uso de grandes volumes (p. ex., soro glicosado, soro fisiológico). Não sofrem a ação do suco gástrico. Não agridem a mucosa gástrica (com exceção de alguns anti-inflamatórios). Desvantagens Necessidade de assepsia rigorosa. Dor decorrente da aplicação. Dificuldade de autoadministração. Custo geralmente maior. Vias de administração Vias enterais Sublingual (mucosa oral) Oral Bucal Retal Vias parenterais Percutânea Respiratória ou inalatória Endodôntica (via intracanal) Intravenosa Subcutânea Intradérmica
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