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FORMAS E FÓRMULAS FARMACÊUTICAS Tipos de fórmulas farmacêuticas A fórmula farmacêutica nada mais é do que o conjunto de substâncias que entram na constituição de um medicamento. Pode ser classificada em três tipos: oficinal, magistral e especialidade farmacêutica. 1. Oficinal: fórmulas fixas, com denominações imutáveis e consagradas, que constam em compêndios, formulários ou farmacopeias oficiais, reconhecidos pelo Ministério da Saúde. Exemplos: água oxigenada, solução de álcool iodado, etc. 2. Magistral: formulação preparada na farmácia atendendo a uma prescrição de autoria do médico, cirurgião-dentista ou médico-veterinário, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. Exemplo: solução de fluoreto de sódio; solução de digluconato de clorexidina. 3. Especialidade farmacêutica: produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e disponível no mercado. Constituintes de uma fórmula farmacêutica Uma fórmula farmacêutica deve conter a base medicamentosa ou princípio ativo, que é o componente responsável pela ação terapêutica. Uma só fórmula pode conter um ou mais princípios ativos, criando as associações. Quando a formulação não apresenta nenhum princípio ativo, é denominada de placebo. Além do princípio ativo, uma fórmula farmacêutica geralmente contém: a. um coadjuvante terapêutico, que “auxilia” a ação do princípio ativo, por diferentes mecanismos. b. um coadjuvante farmacotécnico, que tem por função facilitar a dissolução do princípio ativo no veículo ou excipiente, ou, ainda, funcionar como agente suspensor ou emulsificante; c. estabilizantes ou conservantes, com a finalidade de evitar alterações de ordem física, química ou biológica e aumentar a estabilidade do produto. Formas farmacêuticas Genericamente, os medicamentos são apresentados em dois tipos de formas farmacêuticas: as sólidas, que podem ser empregadas por via oral ou aplicação local, e as líquidas, empregadas por via oral, aplicação local ou através de injeções. Formas farmacêuticas sólidas As formas farmacêuticas sólidas empregadas por via oral são à base de pós. Os pós são definidos pela Farmacopeia Brasileira como preparações oriundas de substâncias vegetais ou animais, ou ainda químicas, que são submetidas a um grau de divisão eficiente para garantir a homogeneidade e facilitar a administração. Conforme o grau de aglomeração dos pós, eles podem assumir diferentes formas farmacêuticas. As mais importantes são as seguintes: Comprimidos – Apresentam tamanhos e formatos variados, geralmente cilíndricos ou lenticulares, obtidos pela compressão de pós de substâncias medicamentosas secas, com ou sem excipiente inerte. Podem ser formulados para se dissolver em água, antes de serem deglutidos, na própria cavidade bucal (uso por via sublingual), no estômago ou intestinos. A indústria farmacêutica também produz comprimidos revestidos, recobertos por uma ou mais camadas de resinas, ceras, substâncias plastificantes, etc.; comprimidos efervescentes, que são desintegrados em água antes da administração; e comprimidos mastigáveis, que contêm adoçantes que proporcionam sabor agradável. Drágeas – São comprimidos que recebem um ou mais revestimentos externos, seguidos de polimento, com o objetivo de mascarar o sabor e o odor desagradável de certos princípios ativos ou minimizar os efeitos agressivos à mucosa gástrica. Não podem ser fracionados, seja por partição (divisão em partes iguais) ou trituração. Cápsulas – São receptáculos de forma e dimensão variadas, contendo em seu interior substâncias medicinais sólidas, líquidas ou mesmo pastosas. Podem ser de dois tipos: gelatinosas (moles) e gastrorresistentes, de consistência dura, destinadas a resistir ao ataque do suco gástrico, de modo que a libertação da substância ativa ocorra rapidamente no intestino delgado. Assim como as drágeas, as cápsulas não podem ser fracionadas. Granulados – São fórmulas constituídas de um aglomerado, contendo um ou mais princípios ativos, associados com excipiente sob a forma de grãos ou fragmentos cilíndricos. Por fim, ainda como formas farmacêuticas sólidas para uso por via oral, têm-se as pílulas e as pastilhas, de pouco interesse para a odontologia. Além da via oral, as formas farmacêuticas sólidas ou semissólidas podem ser empregadas por meio de aplicação local (portanto, de uso externo), sendo representadas pelos cremes, linimentos, unguentos, pastas e pomadas, as duas últimas de maior uso em odontologia. As pastas têm uma consistência macia, mas firme, por sua grande proporção de pó (acima de 20%), como é o caso das pastas à base de hidróxido de cálcio. As pomadas são mais gordurosas, como a de acetonido de triamcinolona, sendo empregadas no tratamento de úlceras aftosas recorrentes ou úlceras traumáticas. Os supositórios são formas farmacêuticas sólidas, de formato cônico ou ogival, destinadas à aplicação por via retal. Podem se constituir numa forma de administração de analgésicos ou anti-inflamatórios para pacientes incapazes de fazer uso da medicação por via oral (particularmente as crianças). Formas farmacêuticas líquidas As formas farmacêuticas líquidas são representadas pelas emulsões, suspensões e soluções, podendo ser administradas por via oral ou parenteral (soluções injetáveis). Emulsões – Sistema químico heterogêneo constituído por dois líquidos imiscíveis (água e óleo, em geral), um dos quais está disperso no seio do outro sob a forma de gotículas esféricas. (p. ex., emulsão de óleo de fígado de bacalhau). Na prática, as emulsões não têm indicação em odontologia. Suspensões – Formas farmacêuticas líquidas, viscosas, constituindo-se em uma dispersão grosseira, em que a fase externa (maior) é um líquido e a fase interna (menor), um sólido insolúvel, que se constitui no princípio ativo do medicamento. Por ficar suspenso, exige uma agitação enérgica do frasco, justificando a conhecida recomendação de “agite antes de usar”. Aerossóis – Podem ser considerados como formas complementares das suspensões, por serem um sistema coloidal constituído por partículas sólidas ou líquidas muito divididas, dispersas num gás. São empregados por meio de aparelhos chamados nebulizadores, vaporizadores ou aerossol dosificador, acompanhado de bocal e aerocâmara. Soluções – Misturas de duas ou mais substâncias homogêneas, do ponto de vista químico e físico. As soluções farmacêuticas são sempre líquidas e obtidas a partir da dissolução de um sólido ou líquido em outro líquido. São formadas por um solvente mais um soluto, o qual deve ser miscível no solvente. Os solventes mais utilizados nas soluções são água, álcool etílico, glicerina, propilenoglicol, álcool isopropílico, éter dietílico e benzina. As soluções podem ser de três tipos: administradas por via oral (portanto, deglutidas), aplicadas localmente em cavidades ou injetadas (vias parenterais). 1. Soluções administradas por via oral Solução “gotas” ou solução “oral” – São encontradas no mercado farmacêutico sob esta denominação, apesar de não serem definidas pela Farmacopéia Brasileira (“gotas” não é forma farmacêutica). Assim, ao prescrevê-las, o cirurgião-dentista deverá diferenciá-las em seu receituário. Xaropes – São formas farmacêuticas aquosas, contendo ~ 2/3 de seu peso em sacarose ou outros açúcares. Os xaropes apresentam duas vantagens: correção de sabor desagradável do fármaco e conservação do mesmo na forma farmacêutica de administração. Elixires – São formas farmacêuticas líquidas, hidroalcoólicas, aromáticas e edulcoradas com sacarose ou sacarina sódica. 2. Soluções cavitárias Colutórios – Destinados à aplicação local sobre as estruturas da cavidade bucal, na forma de bochechos ou irrigações, sem que haja a deglutição. Como exemplo, temos o colutório de digluconato de clorexidina, empregado como antisséptico em ambiente ambulatorial ou domiciliar. Vernizes – O fármaco encontra-se misturado ao veículo, que “toma presa” ao entrar em contato com água ou saliva, sendo aplicado diretamente nos dentes.Como exemplo, temos os vernizes fluoretados, empregados para reduzir a incidência de cárie dentária em crianças. 3. Soluções injetáveis São soluções ou suspensões esterilizadas, livres de pirogênios, em geral isotônicas, acondicionadas em ampolas ou frasco-ampolas, de forma a manter essas características, indicadas para a administração parenteral. Vantagens do uso • Absorção mais rápida e segura. • Determinação exata da dose do medicamento. • Permitem o uso de grandes volumes (p. ex., soro glicosado, soro fisiológico). • Não sofrem a ação do suco gástrico. • Não agridem a mucosa gástrica (com exceção de alguns anti-inflamatórios). Desvantagens • Necessidade de assepsia rigorosa. • Dor decorrente da aplicação. • Dificuldade de autoadministração. • Custo geralmente maior. Vias de administração Vias enterais - aqueles que entram em contato com qualquer um dos segmentos do trato gastrintestinal. Sublingual (mucosa oral) – É capaz de servir como local de absorção de fármacos, especialmente quando a mucosa é pouco espessa e há grande suprimento sanguíneo, como o assoalho da língua, por onde são administradas soluções ou comprimidos sublinguais, dissolvidos pela saliva e não deglutidos. Exemplos: cetorolaco de trometamina (anti-inflamatório não esteroide) e os vasodilatadores coronarianos (nitratos) empregados para alívio da dor nas crises de angina do peito. Oral – É a mais utilizada das vias enterais, pela facilidade de aplicação. O considerável suprimento sanguíneo do estômago e do duodeno, aliado à grande superfície epitelial desses órgãos, propicia a absorção de diferentes tipos de medicamentos. Em odontologia, as formas farmacêuticas administradas por via oral incluem os comprimidos, as drágeas, as cápsulas, as soluções, as suspensões e os elixires. Bucal – É empregada para a administração de fármacos que exercem ação no local de aplicação, pois a manutenção de sua concentração quando estão em contato com a mucosa é muito difícil, em função da ação da saliva. Por esta via, o cirurgião-dentista poderá prescrever ou ele próprio aplicar cremes, pomadas, soluções e colutórios. Retal – O segmento terminal do intestino grosso (reto) é um lugar útil para a absorção de fármacos, estando indicado para pacientes inconscientes, que têm vômitos ou que não conseguem deglutir (crianças pequenas, por exemplo). Esta via também protege os fármacos das reações de biotransformação hepática, pois a drenagem de sangue da parte mais baixa do reto passa pela veia cava inferior (através da veia pudenda interna), não passando, portanto, pela veia porta e pelo fígado. Convém lembrar, porém, que a absorção por esta via pode ser irregular e incompleta. Vias parenterais Percutânea – A absorção de fármacos através da pele íntegra é proporcional à sua lipossolubilidade (quanto mais lipossolúvel, maior o grau de absorção). Por isso, o fármaco é suspenso em veículo oleoso. É raramente empregada em odontologia. Respiratória ou inalatória – Estende-se desde a mucosa nasal até os alvéolos pulmonares, sendo empregada para se obterem efeitos locais e sistêmicos. Na clínica odontológica, é empregada na técnica de sedação mínima, por meio da inalação de uma mistura de óxido nitroso com oxigênio. Endodôntica (via intracanal) – De uso exclusivamente odontológico, serve para a aplicação de fármacos no sistema de canais radiculares dos dentes. É classificada como parenteral, pelo fato de que, por esta via, o fármaco está sendo aplicado na área pulpar, não mais considerada como pertencente ao trato digestório. Submucosa e subperióstica – São as vias de administração de fármacos mais empregadas em odontologia, por ocasião da infiltração de soluções anestésicas locais. Podem ser usadas também para a aplicação local de corticosteroides. Intra-articular – Empregada para a injeção de fármacos no interior da cápsula articular. Em odontologia, mais especificamente na articulação temporomandibular. Intramuscular – A absorção das soluções injetadas por esta via depende do fluxo sanguíneo do local de aplicação e do tipo de preparação injetada. As injeções intramusculares podem acarretar dor no local de aplicação, equimoses, hematomas, abscessos e reações de hipersensibilidade. Intravenosa – Os fármacos administrados por esta via independem da absorção, o que significa dizer que o efeito é praticamente imediato. Pode provocar também reações locais como infecção, flebite e trombose. O cirurgião-dentista raramente irá empregá-la, a não ser em alguns quadros de emergência, se habilitado a administrar soluções por via intravenosa. Subcutânea – Por esta via podem ser administradas formas farmacêuticas sólidas ou líquidas (pequenos volumes), de ação imediata ou que formam depósitos e garantem uma liberação lenta e contínua (p. ex., insulina em diabéticos). Também não possui indicação na clínica odontológica. Intradérmica – Permite que o medicamento entre em contato com a derme, por meio de escarificação (raspagem da pele) ou injeção. Não é empregada na prática odontológica, estando reservada para testes diagnósticos de alergia e aplicação de algumas vacinas, por especialistas. Outras vias parenterais injetáveis são empregadas exclusivamente na área médica, como é o caso das vias intra-arterial, peridural, intratecal e intra- cardíaca. Conceitos básicos utilizados para compreender a ação dos medicamentos no organismo. Tempo de latência: É o tempo entre a administração do fármaco e o aparecimento dos primeiros efeitos do mesmo. Biodisponibilidade: É a quantidade de fármaco que atinge a corrente sanguínea se tornando disponível. Meia-vida: Tempo necessário para que a concentração plasmáticas de um fármaco se reduza pela metade.
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