Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NEONATOLOGIA 1. Reanimação neonatal Perguntas iniciais À termo? Respira ou chora? Tem tônus em flexão? 3x sim: clampeamento do cordão entre 1-3 minutos. 1 não: mesa de reanimação. • Não/sim/sim: aguarda para clampeamento (>= 34 semanas: 1-3’ e < 34 semanas: 30-60”). • Qualquer idade/não ou não: clampeamento imediato e mesa. Mesa de reanimação: oferecer APAS em 30 segundos. APAS Aquecer Posicionar Aspirar (s/n) Secar Avaliar frequência cardíaca e respiração. • FC < 100; Apneia; Respiração irregular → Ventilação com pressão positiva (30”) – Golden minute. ✓ Se persistir FC < 100 → checar técnica → IOT se necessário. ✓ Se tiver FC < 60 → MCE (60”) antes de reavaliar. ✓ Se mantiver → epinefrina. Aquecimento Posicionamento Sala de parto: 23-26ºC. Campo previamente aquecido. Levar criança à fonte de calor radiante. < 34 semanas: colocar em saco plástico + touca dupla devido à pele fina e pouco tecido subcutâneo. Leve extensão da cabeça. Aspiração Secamento Se necessário! - Muita secreção obstruindo via aérea. 1º boca e 2º narinas com cuidado para evitar reflexo vagal. Secar e remover campos úmidos. Manter sem sacar as crianças que estão em saco plástico. Frequência cardíaca Respiração Avaliar FC por ausculta cardíaca. Contar em 6” e x10. - Avaliar se > ou < 100. Checar drive respiratório e regularidade. VPP (30”) Massagem cardíaca externa (60”) “Aperta, solta, solta” 40-60x/minuto. - Colocar oxímetro de pulso no MSD da criança (SpO2 pré-ductal – antes do ducto arterioso). ✓ Se < 34 semanas: oxímetro no APAS. - Monitor cardíaco (3 eletrodos) para avaliar FC (necessidade somente em VPP). Estabelecer boa ventilação antes de tudo: 1. Intubar a criança. 2. Ventilar pelo tubo durante 30” com FiO2 entre 60-100%. Manteve FC < 60 bpm: iniciar MCE. ✓ Técnica: 2 dedos ou 2 polegares. ✓ Solicitar cateterismo umbilical. - O2 ofertado: ✓ >= 34 semanas: ar ambiente. ✓ < 34 semanas: iniciar com 30%. ✓ Aumentar se necessário. Nos primeiros 5’ de vida, o alvo é 70-80%. ✓ Relação: 3C para 1V (90C30V/minuto durante 60”). Manteve FC < 60 bpm: checar a técnica e o tubo. Drogas Adrenalina: via traqueal (apenas 1x) ou veia umbilical. SF 0,9% (10 ml/kg): palidez, evidências de choque (principalmente em descolamento prematuro de placenta). • A: VPP (30”) com FiO2 entre ar ambiente (>= 34 semanas) e 30% (< 34 semanas). • B: IOT e ventilação (30”) com FiO2 entre 60-100%. • C: MCE (60”). • D: Drogas. Asfixia perinatal Apgar < 5 com 5’ e 10’ de vida pH da artéria umbilical < 7 Lesão cerebral evidenciada em RNM Presença de falência múltipla de órgãos 2. Classificação do RN Idade gestacional Pré-termo: < 37 semanas Termo: 37 – 41s6d Pós-termo: >= 42 semanas Subclassificação pré-termo: • Tardio: 34-36s6d Peso Extremo baixo peso: < 1000g Muito baixo peso ao nascer: < 1500g Baixo peso ao nascer: < 2500 g Cruzar informações em gráfico de percentil: Peso x Idade Gestacional > p90: grande para idade gestacional (GIG) Entre p90 e p10: adequado para IG (AIG) < p10: pequeno para IG (PIG) • GIG: DM materno (aumento de insulina fetal) – risco de hipoglicemia, tamanho constitucional (fisiológico). • PIG: restrição do crescimento intrauterino (infecções congênitas, sofrimento fetal crônico), tamanho constitucional (fisiológico). 3. Triagem neonatal Triagem metabólica Teste de oximetria Teste do pezinho: 3º-5º dia de vida. - Possível até 30 dias. - Doenças (3HF): toxoplasmose congênita, hipotireoidismo congênito (TSH), fenilcetonúria (fenilalanina), hemoglobinopatias (HbFA), fibrose cística (IRT), hiperplasia adrenal congênita (17-OH- progesterona), deficiência de biotinidase. Antes de 3 dias: ✓ Falso-positivo: hipotireoidismo. ✓ Falso-negativo: fenilcetonúria. Teste do coraçãozinho: 1-2 dias de vida para > 34 semanas. - Doenças: cardiopatias críticas (canal- dependentes). - SatO2 em MSD e MI. ✓ Normal: >= 95% em ambas as medidas e diferença < 3%. ✓ Alterado: repetir em 1h. ✓ Mantém alteração: ECO em até 24 horas. Reflexo vermelho Triagem auditiva Teste do olhinho: ainda na maternidade até antes de 3 meses. Realizado com oftalmoscópio. Avalia-se ambas as pupilas simultaneamente. - Doença: retinoblastoma congênito. ✓ Normal: reflexo simétrico e bilateral. ✓ Alterado: leucocoria. Encaminhar ao oftalmologista. Teste da orelhinha: Realização de pesquisa de emissão otoacústica (pré-neural, até a cóclea) durante o sono por um fonoaudiólogo. - Doença: surdez pré-neural. ✓ Normal: captação da vibração na cóclea do som emitido pelo aparelho. Triagem do frênulo lingual Avalia anquiloglossia. Pode ser realizado um procedimento cirúrgico (frenectomia) se houver comprometimento da amamentação, da fala, entre outros. Circulação fetal: • Estruturas: câmaras cardíacas, valvas, aorta, artérias pulmonares, veias cavas, forame oval (interatrial) e ducto arterioso (pulmonar-aorta). • Característica: alta resistência vascular pulmonar (> que a sistêmica). • Fisiologia: a placenta substitui os pulmões (que estão colabados) e deposita sangue já oxigenado no átrio direito, cuja maior parte desvia para o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo via forame oval. O átrio direito também recebe sangue (venoso) da cava superior, sem shunt, que é totalmente ejetado para o ventrículo direito. Entretanto, devido à alta RVP, a maior parte é desviada para aorta através do canal arterial. ✓ Saturação pré-ductal: antes do ducto arterioso, de onde sempre parte o ducto torácico. Maior quantidade de sangue oxigenado. ✓ Saturação pós-ductal: após o ducto arterioso. Maior mistura de sangues. • Fechamento das comunicações: ocorre com a maturação dos pulmões, redução da RVP e aumento da RVS. 4. Distúrbios respiratórios Doença da membrana hialina – Síndrome do Desconforto Respiratório Etiopatogenia História Diminuição da concentração de surfactante alveolar. Surfactante: mistura de lipídios e proteínas produzida por células na parede dos alvéolos a • Prematuridade: surfactante suficiente a partir de 34 semanas. • Sexo masculino: as crianças do sexo masculino tendem a ser mais imaturas que partir de 24 semanas, responsável por manter a estabilidade dos alvéolos (reduz tensão superficial na interface líquido-ar no interior do alvéolo e evita colabamento). Patogenia: colapso alveolar → hipoxemia → hipercapnia. as do sexo feminino a uma mesma idade gestacional. • Diabetes materno: pode possuir SDR mesmo com mais de 34 semanas devido ao atraso da maturação pulmonar pela insulina (GIG) e pela aceleração da maturação pelo cortisol (PIG). Clínica Radiografia Taquipneia: FR >= 60 irpm. Sinais de desconforto respiratório. Reticulogranular difuso (aerobroncograma): padrão de vidro moído/fosco. Volume pulmonar diminuído. Tratamento Oferta de O2: 1. Oxigenação por capacete (hood) – não muito bom. 2. CPAP nasal – estabilização alveolar. 3. Ventilação mecânica + surfactante (via traqueal através de cânula ou via cateter). Crianças de mais risco: INSURE. 1. Intuba. 2. Surfactante. 3. Extuba. Antibióticos: em caso de fator de risco para infecção (ampicilina, gentamicina). Prevenção Corticoide antenatal: acelerar a maturação do pulmão do feto. Pneumonia / Sepse neonatal Mecanismos História Precoce: primeiras 48h de vida. Infecção ascendente ou intraparto (aspiração da bactéria no canal de parto). • Bactérias do trato genital feminino: GBS (estreptococo do grupo B) e Gram negativos entéricos (E. coli). Tardia: após 7º dia de vida. Infecção nosocomial ou comunitária. • Bactérias hospitalares ou da comunidade: estafilococos (aureus e coagulase negativo), Gram negativos e fungos (pouco frequente. Fatores de risco: < 1.000 g, em nutrição parenteral, uso de antibioticoterapia prévia). • Relato de ruptura prolongadadas membranas: ruptura por mais de 18 horas. • Corioamnionite: infecção bacteriana da cavidade uterina. A mulher apresenta febre e taquicardia. Líquido amniótico extremamente fétido. • Colonização maternas por germes patogênicos (GBS). • Prematuridade: fator de risco tanto para sepse precoce quanto para sepse tardia. A própria infecção pode deflagrar o trabalho de parto. Quadro clínico Avaliação complementar Pode haver período de tempo assintomático (início do nascimento). Desconforto respiratório. Doença sistêmica: • Distermia (febre ou hipotermia) • Alteração do estado de alerta • Alteração de pulso/perfusão • Radiografia de tórax: idêntica a DMH (infiltrado reticulogranular). • Hemograma: neutropenia (mais comum) e relação I/T >= 0,2 (neutrófilos imaturos x totais). • Intolerância alimentar, vômitos, distensão abdominal • Culturas: hemocultura, cultura de liquor e urinocultura (infecção tardia. Precoce somente se malformação urinária) Tratamento Precoce: ampicilina (GBS) + aminoglicosídeo (Gram negativos) Tardia: depende do perfil de resistência local a antimicrobianos. Taquipneia transitória do RN / Síndrome do Pulmão Úmido Etiopatogenia História Retardo na absorção do líquido pulmonar. Condição de evolução benigna. Ausência de trabalho de parto, Cesariana eletiva, Termo/pré-termo tardio. Quadro clínico Avaliação complementar Desconforto respiratório leve/moderado, Taquipneia transitória, Rápida resolução (3 dias até 5). Radiografia: congestão hilar, aumento de trama vascular, líquido cisural, derrame, cardiomegalia, hiperinsuflação. Tratamento Oxigenioterapia: FiO2 < 40% + Suporte geral Não realizar diurético! Síndrome de Aspiração Meconial Etiopatogenia História Aspiração de mecônio (substância viscosa e escurecida que se acumula no intestino de todos os fetos durante a gravidez) intraútero: bloqueio expiratório e pneumonite. O esfíncter anal do feto durante a vida intrauterina é contraído, evitando a eliminação de mecônio antes do nascimento. Em situações de sofrimento fetal, ocorre relaxamento do esfíncter anal e risco de aspiração de mecônio – até traqueia em vida intrauterina e até parênquima pulmonar após nascimento. • Nasce banhada em líquido amniótico meconial; • A criança teve sofrimento fetal; • Termo e pós-termo. Quadro clínico Radiografia Desconforto respiratório grave. Infiltrado alveolar grosseiro, pneumotórax e volume pulmonar aumentado. Tratamento Suporte ventilatório (boa parte em VM) + antibioticoterapia (em suspeita de infecção bacteriana associada) + surfactante O que fazer na sala de parto? RN AT com boa vitalidade: nenhuma medida especial – colo materno! RN deprimido: clampeamento imediato do cordão + mesa de reanimação (APAS – aspirar boca e narina. Iniciar VPP SN. Realizar IOT para aspiração de traqueia SN. 5. Icterícia neonatal Metabolismo da bilirrubina na vida pós-natal Metabolismo da bilirrubina na vida fetal A bilirrubina indireta (neurotóxica e lipossolúvel) é formada a partir da degradação da hemoglobina. A BI é eliminada pela placenta. Ocorre pouca captação e conjugação hepática de bilirrubinas. Ela é carreada pela albumina no sistema reticuloendotelial até o fígado para conjugação pela glicuroniltransferase em bilirrubina direta (hidrossolúvel e eliminável através da bile no intestino). No recém-nascido: produção exagerada de BI pelo HTC alto (devido ao ambiente de hipóxia intrauterina) e hemácias de meia-vida mais curta (devido à hemoglobina fetal predominante). - Fígado imaturo. - Aumento da circulação êntero-hepática da bilirrubina (glicuronidase – reabsorção de BI). Causas 1. Icterícia fisiológica ✓ Início entre 2-3 dias de vida (tempo de acúmulo até 5 mg/dL para manifestação clínica). ✓ Aumento < 5 mg/dl/dia. ✓ Nível máximo de até 12 mg/dl (em a termo!) - BT ✓ Dura pouco mais de 5 dias. ✓ Apenas aumento de bilirrubina indireta. 2. Anemia hemolítica: eleva apenas BI. Podem surgir ainda no primeiro dia de vida (primeira hipótese!). ✓ Incompatibilidade materno-fetal: • Incompatibilidade Rh (mãe Rh- e RN Rh+): CI para mãe (indica sensibilização) e CD para RN (indica anticorpos nas hemácias). Mais grave e menos comum. • Incompatibilidade ABO (mãe O e RN A ou B): CD para RN pode ser positivo ou negativo (pouco determinante antigênico A e B). Mais comum e menos grave. ✓ Esferocitose hereditária: não costumam se manifestar nas primeiras 24h de vida. CD sempre negativo – não é um processo imunomediado. Bem menos comum. ✓ Deficiência de G6PD: também não costumam se manifestar nas primeiras 24h de vida. CD sempre negativo pelo mesmo motivo. 3. Associadas com amamentação: ✓ Icterícia do aleitamento materno: • Primeira semana de vida em aleitamento materno exclusivo. • Redução da ingestão láctea, perda ponderal excessiva. • Aumento da circulação êntero-hepática pela redução do trânsito intestinal. ✓ Icterícia do leite materno: • Icterícia persistente/tardia. • Substância no leite (criança em AME) – possivelmente uma glicuronidase. • Criança ictérica sem outros motivos – diagnóstico de exclusão. • Tratamento: pausar o aleitamento materno por 48h. 4. Colestase – aumento da BD: avaliar sempre que > 2 mg/dl. ✓ Atresia de vias biliares – urgência (abordagem cirúrgica). • Icterícia + sinais de colestase (colúria e/ou acolia fecal). • Tratamento: cirurgia de KASAI (portoenterostomia) em < 8 semanas de vida (evitar transplante hepático – principal causa na população pediátrica). Zonas de Krammer Zona I: cabeça. Zona II: tronco. “Passou do umbigo, sinal de perigo!” Zona III: cicatriz umbilical a joelhos. Zona IV: metade dos braços, antebraços, região tibial. Zona V: extremidades (pés e mãos). Não substitui avaliação laboratorial! Avaliação complementar Complicação - BT e frações + hematócrito + reticulócitos - Tipagem sanguínea, fator Rh e CD no RN - Hematoscopia > esferócitos (presente em esferócitos e incompatibilidade ABO) Encefalopatia bilirrubínica fatal conhecida como Kernicterus com sequelas crônicas. Tratamento Bilirrubina indireta: • Fototerapia (converte a estrutura da bilirrubina indireta para uma molécula hidrossolúvel, sem necessidade de captação hepática). Indicar principalmente para: 1. Icterícia nas primeiras 24h 2. Bilirrubina > 17 • Exsanguinotransfusão (troca o sangue da criança cheio de bilirrubinas e troca por um sangue sem bilirrubinas). Indiciar principalmente incompatibilidades. 6. Infecções congênitas (TORCHS) Infecção presente desde a vida intrauterina via contaminação hematogênica transplacentária. É diferente de infecção perinatal ocorrida pelo contato com sangue materno ou secreções placentárias (HIV, hepatite B). Maior parte é assintomática e inespecífica (icterícia, visceromegalia, manifestação neurológica). A contaminação ocorre mais próxima do nascimento, mas com menos complicações. Sorologia: cuidado com interpretação! A forma reagente pode ocorrer por transferência de IgG maternos. Isso não ocorre com IgM. Sífilis congênita Etiopatogenia Treponema pallidum. - Transmissível em qualquer estágio! Primária, secundária ou latente, com redução da probabilidade. Clínica Sífilis precoce (< 2 anos): lesões inflamatórias decorrentes da presença do treponema: rinite sifilica (obstrução + secreção serosanguinolenta), placas mucosas, condiloma, pênfigo (lesões vesico- bolhosas transmissíveis), lesões ósseas (periostite – duplo contorno, osteocondrite – dolorosa, pseudoparalisia de Parrot). Sífilis tardia (> 2 anos): fronte olímpica, nariz em sela, rágades (sulcos ao redor de orifícios – cicatrização de placas mucosas), alterações dentárias (dentes de Hutchinson – incisivo central deformado – e molares em Amora – várias cúspides), tíbia em sabre (tíbia encurvada, deformada), articulação de Clutton (derrame articularestéril no joelho) e ceratite intersticial. Avaliação do RN VDRL (teste não treponêmico): revela a atividade da doença por detectar anticorpos que são formados quando existe lesão tecidual. • Sangue periférico (não pode ser de cordão umbilical!) Hemograma Análise do LCR (para identificação de neurossífilis: VDRL reagente em qualquer título, células > 25, proteínas > 250) Raio X de ossos longos Avaliação hepática e outros Tratamento 1º passo: avaliar tratamento materno (determinar se foi realizado e se foi eficaz). Adequado se: • Feito com Penicilina benzatina (trata gestante e feto devido à passagem placentária). • Adequado para a fase (doses e intervalos). • Iniciado a pelo menos 30 dias do parto. • Avaliado risco de infecção (outras parcerias sexuais, tratamento da parceria, outras relações sexuais desprotegidas). • Queda do VDRL (em alguns casos não é possível, como quando o início do tratamento é tardio). Mães não tratadas ou inadequadamente tratadas para sífilis: pedir exames complementares e tratar todas as crianças. • Liquor alterado: Penicilina Cristalina IV 10 dias – alcance de SNC. • Qualquer alteração com liquor normal: Penicilina Cristalina ou Penicilina Procaína IM 10 dias (pode ser feito ambulatorialmente). • Assintomática com exames normais (VDRL negativo): Penicilina Benzatina dose única. Mães tratadas adequadamente: VDRL nas crianças sempre! • VDRL do RN > materno em 2 diluições: exames + penicilina cristalina ou procaína por 10 dias. 1:2 | 1:4 | 1:8 | 1:16 | 1:32 | 1:64 • VDRL do RN < materno em 2 diluições: exame físico normal? ✓ Sim: acompanhamento. ✓ Não: VDRL reagente é sífilis! VDRL não reagente: outras infecções. Síndrome da Rubéola Congênita Agente Clínica Vírus da Rubéola ✓ Transmissível apenas na infecção aguda (contaminação durante a gestação). ✓ Doença autolimitada. Tríade: surdez + catarata (reflexo vermelho ausente) + cardiopatia congênita (persistência do canal arterial e estenose de artéria pulmonar – sopro contínuo/em maquinária ao exame físico). Pode haver coriorretinite sal e pimenta, mas não é tão peculiar. Tratamento Manejo das sequelas. Acompanhamento da surdez, abordagem da catarata e da cardiopatia. Prevenção da transmissão: ocorre durante todo o 1-2º ano de vida. Essa criança não deve ter contato com gestantes suscetíveis. Toxoplasmose congênita Agente Clínica Toxoplasma gondii ✓ Primoinfecção pode ser subclínica ou sintomática inespecífica (febre, linfadenopatia, autolimitado). Tríade: coriorretinite + hidrocefalia obstrutiva (tropismo por tecido ocular e nervoso) + calcificações intracranianas difusas ✓ Mais grave em pacientes com imunodepressão. ✓ Transmissível apenas na fase aguda, exceto se imunodeprimida (PVHIV, etc.). Diagnóstico diferencial de qualquer criança com doença neurológica no primeiro ano de vida, como epilepsia. Tratamento SEMPRE tratar! Ainda que completamente assintomática. Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico durante o 1º ano de vida Associar corticoide para crianças com inflamação mais grave: olho e SNC (PTN liquor >= 1 g/dL) Citomegalovirose congênita Agente Clínica Citomegalovírus ✓ Família dos Herpes vírus: mantém-se no organismo na forma persistente ou latente. ✓ Transmissível na infecção aguda ou reativação. ✓ IgG+ para CMV não afasta a possibilidade de transmissão. Microcefalia e petéquias, Calcificações periventriculares. Avaliação: ✓ CMV na urina (primeiras 3 semanas de vida) Sequelas: surdez (principal causa neurossensorial não hereditária na infância) Tratamento Formas graves: Ganciclovir por 6 semanas (efeitos colaterais) / Valganciclovir por 6 meses (caro!) Prevenção da transmissão HIV Medicações AZT – na sala de parto ou primeiras 24h de vida (máximo até 48h) Manter por 4 semanas de vida Indicado para os RN expostos de baixo risco Indicações: uso de TARV na gestação E com CV do HIV indetectável a partir da 28ª semana (3º trimestre) E sem falha na adesão à TARV. AZT + Lamivudina (3TC) + Raltegravir (alteração recente) Indicações: ausência de pré-natal ou TARV durante a gestação, início de TARV após a 2ª metade da gestação, indicação para profilaxia no momento do parto não realizada, infecção aguda por HIV durante gestação ou aleitamento, CV-HIV detectável no 3º trimestre (recebendo ou não TARV), mães sem CV-HIV conhecida, mães com teste rápido positivo para HIV no momento do parto (sem diagnóstico e/ou seguimento prévio). Banhar o RN na sala de parto Realizar clampeamento imediato do cordão umbilical Sempre contraindicar o aleitamento materno Realizar carga viral no final da gestação Aspirar delicadamente o conteúdo gástrico de líquido amniótico. Se sangue, realizar lavagem gástrica c/ SF 7. Doença hemorrágica do RN História Clínica O sangramento por deficiência de vitamina K é uma condição que sempre deve ser considerada em bebês que apresentem sangramentos nos primeiros meses de vida, principalmente naqueles em aleitamento materno exclusivo ou que não tenham Precoce (< 24h): associado ao uso de medicações pela mãe que interferem na ação ou absorção da vitamina K; Clássica (entre 2-7 dias): sangramento digestivo, no coto umbilical ou após procedimentos invasivos; recebido profilaxia com vitamina K logo após o nascimento. Tardia (> 2ª semana de vida): por baixa ingesta ou baixa absorção da vitamina. 50% apresenta sangramento intracraniano. Exames complementares Tratamento TP e TTPA prolongados, INR > 1, Níveis plasmáticos baixos de fatores II, VII, IX e X, Contagem plaquetas e fibrinogênio normais. Reposição de vitamina K endovenosa, 1 a 2 mg. Em casos mais graves, pode ser necessária a reposição de plasma fresco ou complexo de protrombina. 8. Boletim Silverman-Andersen Método clínico útil para quantificar o grau de desconforto respiratório em um recém- nascido. 9. Lesões de pele em RN Eritema tóxico neonatal Intertrigo Caracterizado por vesículas, pápulas e pústulas com 1-3 mm de diâmetro com halo eritematoso ao redor das lesões, especialmente em face, tronco e extremidades, com início entre o segundo e terceiro dia de vida e caráter benigno e autolimitado. Condição inflamatória que costuma acometer regiões de dobras, caracterizada por lesão eritematosa úmida, mau cheiro, prurido e sensibilidade. Pode ser causado ou agravado por infecção fúngica ou bacteriana. A presença de pápulas satélites sugere a infecção por Cândida. Miliária Eritema infeccioso Lesão que ocorre por obstrução das glândulas sudoríparas. O tratamento consiste apenas em evitar o aquecimento excessivo da criança. Existem dois tipos: 1. Cristalina, com lesões mais superficiais, que se manifesta como vesículas transparentes, pequenas, de surgimento logo nos primeiros dias de vida, e a 2. Rubra ("brotoeja"), que se manifesta com pápulas, vesículas e pústulas com eritema subjacente, com surgimento após a primeira semana de vida. Condição causada pela infecção pelo Parvovírus B19, que costuma acometer crianças na faixa etária pré-escolar e escolar. Manifesta-se em 3 fases clínicas: 1. Face esbofeteada (eritema malar), 2. Fase de rash difuso de aspecto rendilhado e 3. Fase de recidiva das lesões. 10. Convulsões no RN Apresentação Causas RN prematuro: alterações sutis, como movimentação ocular e facial anormal, acompanhada de extensão tônica dos membros, tronco e pescoço. RN a termo: movimentos focais, multifocais, clônicos ou mioclônicos, bem como alterações mais sutis. A apneia pode ser a manifestação inicial, em especial nos prematuros. A alterações metabólicas, como a hipoglicemia e a hipocalcemia, podem ser causa de convulsões no período neonatal. Tratamento O fenobarbital é historicamente a primeira droga para o tratamento das convulsões no período neonatal, diferentemente do que ocorre em outras fases davida. Tipicamente é feita uma dose de ataque (20 mg/kg), seguida por dose de manutenção. 11. Enterocolite necrosante Etiopatogenia Estadiamento Multifatorial e decorre da necrose em graus variados da mucosa intestinal ou mesmo necrose transmural. A prematuridade é o principal fator de risco implicado. Instala-se nas duas primeiras semanas de vida. Classificação de Bell, que separa os quadros em três categorias principais: - ECN suspeita (estádio Ia e IB), - ECN evidente (estádio IIA e IIB) e - ECN avançada (estádio IIIA e IIIB). Apresentação clínica Tratamento - ECN suspeita (estádio Ia e IB): apenas manifestações clínicas, incluindo ou não a presença de sangramento retal, com sinais radiológicos inespecíficos. - ECN evidente (estádio IIA e IIB): a presença de pneumatose intestinal permite a definição de uma ECN evidente. - ECN avançada (estádio IIIA e IIIB): quadro mais clínico e radiológico mais grave. Quadros leves: dieta zero + suporte nutricional parenteral + antibioticoterapia. Quadros mais graves: abordagem cirúrgica urgente. 12. Defeitos de fechamento da parede abdominal Gastrosquise Onfalocele Defeito à direita do cordão umbilical, com as alças intestinais e outros órgãos abdominais podendo exteriorizar-se através dessa abertura, sem membrana peritoneal recobrindo o conteúdo exposto. A associação com síndromes e outras malformações é menos frequente. Herniação do conteúdo abdominal na linha média, recoberta por saco peritoneal, com o cordão umbilical inserido no centro dessa massa. A onfalocele pode estar associada a trissomias e outras anomalias congênitas. Síndrome de Beckwith-Wiedeman: onfalocele, gigantismo e macroglossia. Hérnia diafragmática Epidemiologia: Aproximadamente 1 a 4 casos por 10.000 nascidos vivos. A maioria das referências não relata diferença entre os sexos, mas outras trazem uma ligeira predominância do sexo masculino. Em 80 a 85% das vezes, ocorre à esquerda, 10 a 15% à direita e em < 2% dos casos, é bilateral. • Hérnia de Bochdalek é o tipo mais frequente, sendo um defeito diafragmático póstero lateral. Quadro clínico: A maioria dos pacientes apresenta outras malformações associadas, tanto pela própria hérnia, que leva a defeitos pulmonar e gastrointestinais, quanto por anormalidades cromossômicas e síndromes associadas. Os defeitos cardíacos e do tubo neural são os mais frequentemente relatados em associação. Diagnóstico: realizado no ultrassom fetal, em geral antes da 25 semana de gestação. O achado mais frequente é a descrição de polidrâmnio.
Compartilhar