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Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama - A capacidade de uma pessoa ter uma vida plena e participar integralmente na sociedade, depende em grande parte da sua condição de saúde. - É essencial que a sociedade crie uma população que se preocupe com essas mulheres e seus familiares para boas escolhas para o estilo de vida. - O que acontece no mundo reflete na vida da mulher. - A mulher se conheceu a partir da década de 80, quando foi deixado de ser vergonha “aparecer”. PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS 1. Dor pélvica. 2. Sangramento vaginal. 3. Secreção/corrimento vaginal/leucorreia. 4. Amenorréia. 5. Prurido vulvar. 6. Dispaurenia. 7. Ardência. 8. Úlceras e erosões vulvares ou vaginais. 9. Dor mamária. 10. Galactorréia. 11. Infertilidade. 1. Mucorréia. 2. Vulvovaginites. 3. Cervicites. - Nem sempre o fluxo genital é sinônimo de patologia e nem toda patologia é infecciosa: precisa assim ter um olhar criterioso e integral a saúde da mulher para que possa fazer uma demanda/encaminhamento adequado. - Diagnóstico: exame especular – variável nas mulher (fisiologias distintas). Sofre influências tanto hormonais como orgânicas e psíquicas. - Observar ausência de inflamação vaginal e áreas de epitélio endocervical: secretando muco claro e límpido (clara de ovo, sem cheiro e cor). - Parede vaginal da mulher sadia apresenta aspecto rosa-pálido. - Tornando-se mais clara e fino na pós- menopausa e vinhosa durante a gestação: parede vaginal. - Esta observação macroscópica é importante: em caso de fluxo vaginal aumentado sendo a coloração se mantém, é baixo risco de infecção. - Conteúdo vaginal fisiológico: • Fluidos tubário e endometrial, muco cervical, células descamadas da vagina, transudato das paredes vaginais, das glândulas sebáceas da vulva e Bartholin, lactobacilos em abundância. • A quantidade média diária é de 3-5 gramas. O pH vaginal é mantido ácido para uma boa saúde vaginal, em torno de 3,8 a 4,2 – por ação da microbiota vaginal, através da conversão de glicogênio em ácido láctico. A flora vaginal faz essa conversão por conta própria. • Período ovulatório pode ocorrer a exteriorização de corrimento de aspecto claro, mucoso, abundante e com alto grau de filância (muco mais elástico): altos níveis de estrogênio nesse período. • Este constitui o Método de Billings para controle da natalidade (planejamento reprodutivo). • Após esse período, a secreção se torna mais espessa, leitosa, devido ao excesso de SECREÇÃO VAGINAL 1 – MUCORRÉIA Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama descamação do epitélio vaginal induzido pela progesterona. - Exame microscópico a fresco: células sem alterações inflamatórias, número normal de leucócitos e abundantes lactobacilos. - Tratamento: sempre tranquilizar a mulher e explicar a fisiologia adequada da genitália. - Mucorréia intolerável: encaminhar para exame de colposcopia (exame especular que pode ser aplicado produtos químicos para melhor visualização do colo, podendo ou não fazer biópsias). Características como: desconfortável, muito molhado, odor, ... - Característica: fluxo vaginal aumentado, prurido e irritação. - Podem estar associadas a odor desagradável e intenso desconforto. - Prurido vulvar pode manifestar-se isoladamente, porém, quando associado a outros sintomas crônicos como queimação, dor ou irritação, chama-se vulvodínia. - Significado: infecções da vulva e vagina. - Etiologia: fungos, bactérias, protozoários e vírus. - Fatores predisponentes: hábitos inadequados de higiene, atividade sexual insegura (sem preservativo), doenças sistêmicas, idade, gravidez, paridade, cirurgias, uso de fármacos e duchas vaginais (aquilo que está na parede vaginal/colo do útero pode ter uma ascendência e prejudicar anexos ginecológicos). - Vaginites atrófica, química, irritativa e alérgica: verifica o quadro clínico das vulvovaginites sem que identifique um agente infeccioso. ▪ Vaginite atrófica: déficit de estrogênio, ocorrendo frequentemente após o parto e menopausa, havendo melhora com a reposição estrogênica. ▪ Nos processos químicos, traumáticos ou alérgicos: tratamento com identificação e exclusão do agente causador – deve ser feito boa anamnese. - Sintomas: 1. Corrimento vaginal/Leucorréia. ▪ Relacionado a mudança da coloração do corrimento vaginal: branco, amarelo ou esverdeado. ▪ Acomete em todas as idades. ▪ Diagnóstico clínico. ▪ Frequentemente associado ao prurido vulvar. ▪ Pesquisar causa. 2. Prurido vulvar. ▪ Queixa frequente. ▪ Pode acompanhar diferentes lesões: canal aberto para infecções. ▪ Geralmente associado à vulvodínia e leucorréia. ▪ As vezes de difícil diagnóstico e tratamento: tem que identificar de onde vem essa coceira. ▪ Infecciosa: vaginose bacteriana, candidíase, tricomoníase, herpes, HPV, verminose (oxiuríase), pediculose e escabiose. ▪ Alérgica: irritação por uso de sabonetes, talcos, perfumes, sabonetes íntimos, roupa sintética/justa e medicações tópicas. ▪ Traumática: acidentes e cirurgias. 3. Secreção Vaginal e Prurido Vulvar: Propedêutica. ▪ Anamnese bem realizada. ▪ Exame físico completo. ▪ Exame microscópico: a fresco, bacterioscópico e Papanicolau. ▪ pH vaginal: feito com uma fita que mede o pH da vagina. ▪ Cultura da secreção vaginal. ▪ Testes sorológicos. - Dentro das vulvovaginites tem-se: a. Vaginoses bacterianas. 2 – VULVOVAGINITES Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama b. Tricomoníase. c. Vulvovaginite fúngica. d. Cervicite. A) VAGINOSE BACTERIANA - Infecção polimicrobiana: Gardnerella vaginalis + bactérias anaeróbias e queda dos lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio. - Há maior alcalinização do pH vaginal e aumento na produção de aminas: a cadaverina. O odor fétido é devido a volatilização das aminas. - Responsável por 50% das infecções genitais baixas. - Discreta resposta inflamatória. - Complicações como o parto prematuro e a doença inflamatória pélvica (DIP): mulheres gravidas devem também devem fazer preventivo. - É pouco frequente na pós-menopausa e infância. - Quadro clínico: ▪ Leucorréia abundante, homogênea, branco-acinzentado, de odor fétido, com pequenas bolhas, associado a disúria (dificuldade para urinar/ardência), dispaurenia (dor nas relações sexuais), prurido e colpite discreta. - Diagnóstico: ▪ 3 dos seguintes critérios: 1) Características clínicas do corrimento. 2) pH vaginal > 4,5. 3) Teste das aminas positivo (solução de hidróxido de potássio a 10%): odor desagradável – peixe podre. 4)Exame microscópico demonstrando as células-chave “Clue-cells”. ▪ Exame bacterioscópico com coloração pelo método de Gram. ▪ Clue-cells: células vaginais recobertas de Gardnerella vaginalis que aderem a membrana celular, tornando seu contorno granuloso e impreciso. - Tratamento: ▪ As opções terapêuticas: foco na restauração da flora vaginal fisiológica e na eliminação ou diminuição das bactérias patogênicas: A) Derivados imidazólicos: - Metronidazol: 400mg por via oral de 8/8h durante 5 a 7 dias. - Metronidazol: 2,5g por via oral em dose única. - Tinidazol: 2,0g por via oral, dose única. - Secnidazol: 2,0g por via oral, dose única. - Metronidazol gel: 1 aplicador vaginal (5g durante 7 dias. - Durante o uso dos imidazólicos, a ingestão de álcool é proibida. Os efeitos colaterais de maior frequência são náusea, vômitos e anorexia. B) Clindamicina cápsula: - 300g porvia oral de 12/12h durante 7 dias. - Clindamicina creme vaginal: 1 aplicador vaginal (5g durante 7 dias). - Durante o uso pode haver ocorrência de náuseas e diarreia. C) Tianfenicol granulado: Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama - 2,5g por via oral, uma vez ao dia durante dois dias. - Tianfenicol cápsulas: 2,5g por via oral (5 cápsulas de 500mg), uma vez ao dia durante dois dias. ▪ Durante o tratamento para vaginose bacteriana também é preconizado para parcerias sexuais. - Orientações de enfermagem: ▪ Abstinência sexual vaginal/anal. ▪ Medidas para alívio: higiene genital mais frequente (não se higienizar toda hora, mas para se lavar 3 vezes ao dia – manhã, tarde e noite). ▪ Evitar uso de roupas que reduzam a ventilação e que aumentem a umidade local. ▪ Uso de roupas de algodão. ▪ Evitar uso de talco ou produtos perfumados. ▪ Não recomendado o uso de protetores de calcinha. ▪ Uso de sabonetes íntimos de farmácia no máximo 3 vezes por semana, em dias intercalados. B) TRICOMONÍASE - Causado por Trichomonas vaginalis: protozoário anaeróbio, flagelado e com movimento contínuo característico. - Não é observado a nível especular. - 10/15% dos corrimentos vaginais infecciosos. - Transmissão: principalmente sexual. - Capacidade de ascensão para o trato genital superior, veiculando outros agentes patogênicos como micoplasmas, Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, causando infecções mais graves: proibido o uso de duchas genitais (auxiliam a adquirir doenças no trato genital superior). - Quadro clínico: ▪ Corrimento vaginal (coloração amarelada ou amarelo-esverdeada, bolhoso e, as vezes odor fétido). ▪ Ardor, prurido intenso e irritabilidade vaginal. ▪ Hiperemia e edema vulvar. ▪ Disúria: dor ao urinar. ▪ Polaciúria: aumento da urina. ▪ Dispareunia: dor nas relações sexuais. ▪ Dor suprapúbica. ▪ Colo com aspecto “tigróide” à colposcopia, após aplicação de lugol (solução iodoiodetada): teste de Schiller. - Diagnóstico: ▪ pH vaginal em torno de 5 a 7. ▪ Teste das aminas fracamente positivo. ▪ Exame a fresco do conteúdo vaginal diluída em soro fisiológico (presença de organismos flagelados, ovóides e móveis). ▪ Bacterioscopia com coloração pelos métodos de Gram. ▪ Culturas em meios específicos. ▪ Técnica de biologia molecular. - Tratamento: A) Derivados imidazólicos: - Metronidazol: 500mg, via oral, 12/12h durante 7 dias. - Secnidazol ou Tinidazol: 2g, via oral em dose única. - Associação: metronidazol em gel a 0,75%, um aplicador vaginal (5g) ao deitar durante 7 dias. B) O tratamento dos parceiros é obrigatório. - Homem funciona como reservatório da infecção e muitas vezes assintomáticos. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama C) A falha terapêutica pode estar associada à reinfecção por falta de tratamento das(s) parceria(s) sexual(s). - Orientações de Enfermagem: ▪ Higiene pessoal mais frequente. ▪ Uso de roupas que facilitem a ventilação local: nada de jeans. ▪ Uso de roupas mais folgadas e de algodão. ▪ Abstinência de bebida alcoólica durante o tratamento e até 24h após a sua conclusão. ▪ Abstinência sexual durante o tratamento. ▪ Orientar ingestão de medicamentos às refeições: por conta da melhor absorção. C) VULVOVAGINITE FÚNGICA - Candidíase/Monilíase vaginal. - A Candida albicans é um fungo geralmente presente no trato gastrointestinal e região perianal. - Entre 85 a 90% da flora vaginal fúngica é constituída por Candida albicans: cresce bem no meio ácido da vagina, podendo colonizá-la. - O controle do seu crescimento depende da presença de outros microrganismos na flora vaginal fisiológica. - Geralmente aparece quando ocorre um desequilíbrio entre os integrantes desta flora vaginal. - Fatores predisponentes: ▪ Gravidez: por razões hormonais. ▪ Diabetes. ▪ Aumento de glicogênio nas células epiteliais. ▪ Uso de contraceptivos de alta dosagem. ▪ Imunodepressores. ▪ Antibióticos de amplo espectro. ▪ Duchas vaginais (tiram a microbiota da vagina), vestuário inadequado (como protetor de calcinha). - Quadro clínico: ▪ Intenso prurido vulvar. ▪ Corrimento branco: inodoro de aspecto grumoso (coalhada). ▪ Exame ginecológico: hiperemia e edema vulvar, fissuras e maceração local (casos mais intensos- destruição do tecido do colo do útero). ▪ Intensidade da infecção: ardor vulvar, disúria e dispareunia. - Diagnóstico: ▪ Exame microscópico a fresco. ▪ Bacterioscopia com coloração pelo método de Gram. ▪ Cultura em meio específico. ▪ Padrão-ouro para diagnóstico da candidíase vaginal é a identificação de hifas ou esporos no exame a fresco. - Tratamento: A) Derivados imidazólicos tópicos: - Nitrato de Isoconazol: creme 1%, 5g ao dia ou óvulo vaginal de 600mg em dose única. - Terconazol: creme vaginal a 0,8g, 5g ao dia, durante 5 dias. - Tioconazol: creme vaginal a 6,5%, 5g em uma única aplicação vaginal. - Clotrimazol: creme vaginal a 1%, 5g ao dia por 5 dias. - Miconazol: creme vaginal a 2%, 5g ao dia por 5 dias. - Butoconazol: creme vaginal a 2%, 5g ao dia por 5 dias. - Nistatina 100.000 UI creme vaginal durante 14 dias. Mais utilizada!! Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama B) Derivados imidazólicos sistêmicos: - Fluconazol: 150mg em dose única. - Cetoconazol: 2 comprimidos de 200mg, dose única, 1 vez ao dia por 5 dias. - Itraconazol: 2 comprimidos de 100mg, dose única, 12/12h por 1 dia. C) Recorrente: - Etapa inicial: remissão clínica e micológica da doença. Tópico – fluconazol 14 dias / sistêmico com 150mg a cada 2 dias por 6 dias (mais utilizado) e itraconazol 200mg por 14 dias. - Tratamento supressivo por 6 meses: tópico – clotrimazol vaginal 500mg/sem e itraconazol 50-100mg/dia. - TRATAR PARCEIRO! D) Espécie não-albicans: - Nistatina creme vaginal: 5g/noite ou cápsulas vaginais de ác. Bórico 600mg/dia por 14 dias. E) Gestação: - Qualquer formulação tópica de longa duração após 3° trimestre. - Em caso de recorrência manter tópico até o término da gestação. - Orientações de Enfermagem: ▪ Vestuário e higiene íntima adequados. ▪ Não realizar ducha vaginal. ▪ Redução na ingestão de hidratos de carbono. ▪ Nos casos de candidíase recorrente - 4 ou mais episódios devidamente comprovados no período de 1 ano: investigar fatores de risco, como diabetes mellitus e estados de imunossupressão. ▪ O tratamento para a parceira sexual deve ser instituído nos casos comprovados de candidíase vulvovaginal recorrente. ▪ A prevenção salienta a correta higiene e o uso de roupas íntimas de algodão, evitando calor e umidade na área genital. ▪ Medidas de sexo seguro. ▪ Evitar uso de talco ou outros produtos perfumados. ▪ Evitar uso abusivo de antibióticos. 3 e D) CERVICITE OU ENDOCERVICITE - Inflamação do colo do útero: 18-25 anos. - A cervicite crônica/aguda: alteração no colo do útero e acomete em maior proporção mulheres após o parto e que usam pílula. - Causa: IST – gonorreia, herpes, clamídia e infecções bacterianas. - Sensibilidade por produtos químicos, como os dos espermicidas das camisinhas e lubrificantes. - Casos assintomáticos: importante que os exames ginecológicos para que não haja o avanço do quadro de inflamação e possíveis complicações – fertilidade. - A maioria das mulheres não apresenta sintomas relacionados com a doença ou estes são inespecíficos. - Sintomas: dor intensa na região abdominal, dispareunia, febre, menstruação irregular e secreçãovaginal espessa. - O diagnóstico da doença: por meio de exames ginecológicos, sendo o principal deles o Papanicolau. - Tratamento: ▪ Uso de antibióticos específicos contra as bactérias causadoras da infecção. ▪ Abstinência sexual. ▪ O parceiro da paciente também deve ser examinado para realizar o tratamento. 1. Sangramento Uterino. 2. Endometriose. 3. Mioma Uterino. AFECÇÕES DO ÚTERO Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama 4. Pólipos Endometriais. 5. Distopias. 6. Cisto de Ovário/Síndrome dos Ovários. 7. Doença Inflamatória Pélvica. 1 – SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) - O SUA é um sintoma de algum afecção uterina, não um diagnóstico!! - Acomete Todas As faixas etárias, desde a adolescência até a perimenopausa. - Padrões anormais de sangramento: ▪ Dismenorreia: menstruação dolorosa (cólica). As dores podem sobrevir antes e durante a menstruação. ▪ Hipermenorreia: menstruação dura mais de 7 dias, com intervalos regulares (ciclo de 28/30 dias). ▪ Hipomenorreia: menstruação dura menos de 2 dias. ▪ Oligomenorreia: diminuição da quantidade do fluxo menstrual. ▪ Opsomenorreia: diminuição da frequência dos ciclos. Mais de 35 dias sem menstruar – aproximando da menopausa. ▪ Espaniomenorreia: intervalo entre os ciclos superiores a 2/3 meses. ▪ Menóstase: suspensão brusca da menstruação, antes do tempo normal – emocional/hormonal. ▪ Menorragia: aumento quantitativo dos sangramentos menstruais (aumento superior a 80mL). ▪ Polimenorreia: “ciclos curtos”. Menores que 21 dias – geralmente de causa hormonal. ▪ Metrorragia: sangramento fora do período menstrual, intervalos irregulares, frequentes, com volume e duração variáveis. ▪ Spotting: sangramento de escape (entre ciclos regulares) – contraceptivos. - Causas orgânicas e disfuncionais: AMENORREIA - Ausência de menstruação no período da menarca. a) Primária: não ocorrência da menarca (primeira menstruação) aos 14 anos em meninas sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários (mamas, pelo pubianos), ou aos 16 anos em meninas com desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. b) Secundária: ausência de menstruação por 6 meses ou por uma período equivalente a 3 ciclos habituais, em mulher que habitualmente menstruava. Acontece muito com mulheres que tomaram anticoncepcionais em longos períodos, como mais de 15/20 anos. - Pode ser fisiológica (gestação, lactação, menopausa) ou patológica, sendo apenas um sintoma de várias condições clínicas possíveis: investigar. 2 – ENDOMETRIOSE - Tecido endometrial com características idênticas às da cavidade uterina, desenvolve-se fora do útero: trompas, ovários, pulmões, fígado e intestino. - Pode ter características genéticas, hormonais ou ambientais. - O útero é formado por duas camadas: endométrio (interna) e miométrio (camada mais interna deste musculo uterino). A endometriose é relacionada a essas camadas uterinas. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama - Os sinais e sintomas dependerão da localização: dismenorreia, dispareunia, dor pélvica e infertilidade (dependendo do grau). - Na endometriose, os fragmentos de endométrio dispostos fora do útero, também respondem à ação hormonal e aumentam de tamanho. - Essas partes não são eliminadas na menstruação, podendo ocorrer um pequeno sangramento todo mês nestes locais (por exemplo, nas trompas). - Esse processo contínuo pode causar inflamação seguida de fibrose, que poderá levar a aderências idênticas a “correias” que ligam os órgãos pélvicos: NÃO existe cura para a doença – resposta hormonal. ADENOMIOSE - A adenomiose (ou endometriose interna) é o crescimento anormal do endométrio até o miométrio, onde se observam focos anormais até uma profundidade de 3mm na musculatura lisa uterina. - Frequente em mulheres com idade acima dos 40 anos: exposição hormonal feminino. - Sintomas: cólicas uterinas intensas, metrorragia, dispareunia, constipação e dor ao evacuar. 3 – MIOMA UTERINO - Patologia benigna que acomete as mulheres no período reprodutivo. - Sangramento acima do padrão fisiológico do ciclo menstrual. - São tumores benignos derivados da série mesenquimatosa, e que se originam nas células musculares do miométrio. - Iniciam-se como nódulos esféricos, massas róseo esbranquiçadas e consistência firme/elástica. - Podem variar em seu crescimento segundo a localização e as pressões a que são submetidos. - De acordo com sua localização são classificados em: a) Corporais: localizados em sítios distintos do corpo uterino. b) Cervicais: no colo do órgão – incomuns. ▪ Os corporais dependem da influência hormonal do ovário, enquanto os cervicais, não - causas desconhecidas. ▪ A localização mais frequente é no corpo uterino (onde há mais frequência dos hormônios femininos). ▪ Em média 5% se localizam no colo uterino. - Classificação: a) Intramurais: tem relação com a infertilidade. Desenvolvem-se na parede do útero e se expandem para dentro. b) Subserosos: desenvolvem-se abaixo da camada externa do útero, menos risco de infertilidade. c) Submucosos: estão abaixo do endométrio. Os que causam mais sangramento e tem relação com a infertilidade. - Não existe uma relação direta entre mioma e infertilidade. O mioma pode dificultar a gestação e a mulher pode engravidar após sua retirada. Às vezes, o mioma sozinho não é responsável pela infertilidade, deve-se avaliar como: taxas hormonais, fertilidade masculina. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama - Sinais e sintomas: ▪ Pode ser assintomático. ▪ Achado num exame ginecológico de rotina, detectando uma formação nodular. ▪ Dependendo do tamanho e localização, a paciente refere os seguintes sintomas: 1. Sangramento genital aumentado (com presença de coágulos). 2. Dor pélvica + cólicas no período menstrual e pré-menstrual. 3. Peso no baixo ventre. 4. Constipação por compressão do intestino (porção retal). 5. Dispareunia. 6. Massa palpável no abdômen, quando em decúbito. 7. Compressão da bexiga. 8. Fluxo está aumentado = quadro de anemia. 9. Abortamentos, deformidade anatômica uterina, prematuridade, descolamento de placenta. 10. Tendem a diminuir de tamanho na menopausa: pela influência hormonal. 11. Aumentam com a gravidez. - Tratamento: ▪ Miomectomia (extirpação do mioma). ▪ Histerectomia subtotal (retirada com útero com preservação do colo). ▪ Histerectomia total (retira do útero). ▪ Embolização (preservação do útero): menos invasiva, feita através de um cateter. 4 – PÓLIPOS ENDOMETRIAIS - Diagnóstico: ▪ Queixas frequentes de SUA, de forma discreta, podendo chegar à hemorragia intensa, infertilidade (dependendo da quantidade de pólipos e localização) e sangramento pós-menopausa. - Neoformações da mucosa endometrial, revestidas por epitélio com quantidade variável de glândulas, estroma e vasos sanguíneos. - São lesões benignas com baixo potencial de malignização. - Podem ser pequenos ou ocupar toda a cavidade uterina. - Na pós-menopausa, podem ser assintomáticos ou podem estar relacionados a sangramento em torno 1/3 dos casos (não tem nutrição hormonal). - Tratamento: medicamentos hormonais e cirurgia. 5 – DISTOPIAS - Deslocamento parcial ou total de um órgão, de sua posição habitual. - Geralmente o deslocamento do útero não ocorre de maneira isolada: acompanhado pelo deslocamento de outros órgãos pélvicos, como Saúde da Mulher Camilla Marcelino DoençasPrevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama bexiga, reto, alças intestinais e uretra = PROLAPSO GENITAL. - Causas: deficiência dos ligamentos, na inadequada sustentação do assoalho pélvico, no aumento da pressão intra-abdominal, maior peso do útero, na diminuição do estrogênio após a menopausa. - Tipos: ▪ Cistocele: prolapso da parede vaginal anterior – envolve bexiga e uretra. ▪ Retocele: prolapso da parede posterior da vagina – envolve o reto. ▪ Enterocele: prolapso que envolve a saída do intestino pela vagina. ▪ Prolapso uterino: deslocamento do útero pelo intróito vaginal. - Classificação: ▪ Grau 1: deslocamento não chega ao intróito vaginal. ▪ Grau 2: deslocamento chega ao intróito vaginal. ▪ Grau 3: deslocamento ultrapassa o intróito vaginal – mais incomodo pela exteriorização do órgão pela vagina. - Cuidados de enfermagem em casos NÃO cirúrgicos: ▪ O conhecimento da anatomia e da fisiologia, puberdade ao climatério, é essencial para o cuidado de enfermagem. ▪ Depende da sintomatologia: em sintomas leves ou mesmo inexistentes estimula-se os exercícios perineais. ▪ Enfatizar a importância da reposição hormonal prescrita pelo médico se for o caso. ▪ Estimular a fisioterapia com exercícios pélvicos, cones vaginais. - Exercícios Perineais-Kegel: ▪ Bexiga sem nenhum volume de liquido e a paciente mantém a contração dos músculos do assoalho pélvico durante o período de 10 segundos, posteriormente relaxa os músculos seguindo uma ordem de 10 repetições, 3 vezes ao dia. ▪ Deitada ou sentada. - Exercícios Perineais-Cones Vaginais: ▪ Técnica intracavitária, constituído por um conjunto de 5 pesos diferentes. Introduz na vagina para fortalecimento do assoalho. ▪ Varia de 20 a 70 gramas. ▪ Os cones vaginais promovem um ganho de força e resistência muscular por meio do recrutamento da musculatura pubiococcígea e auxiliar periférica – maior conscientização perineal. - Cuidados de enfermagem em casos NÃO cirúrgicos: ▪ Encorajar a paciente a expressar os sentimentos, especialmente sobre a maneira de ver a si mesma, proporcionando melhora na autoestima. - Orientar quanto ao uso de pessários (removível, colocado na vagina para suportar as paredes vaginais/útero), dando ênfase a avaliação periódica: ▪ Componentes de uso ginecológico produzidos com silicone, utilizados no tratamento conservador do: prolapso uterino, prolapso da vagina após remoção do útero e prolapso da bexiga. Existem em diferentes modelos/tamanhos cada um tendo indicação para cada tipo de prolapso. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama ▪ Os pessários são orientados pelo fabricante a serem retirados todos os dias para lavagem com água corrente e sabão neutro. - Cuidados de enfermagem em casos NÃO cirúrgicos: ▪ Ensinar a esvaziar a bexiga antes de inserir e ao retirar. ▪ Ensinar uma posição confortável para introdução e remoção. ▪ Para a introdução, dobrá-lo após ter sido lubrificado com solução aquosa. ▪ Com uma mão, abrir a vagina e com a outra introduzir o pessário com movimentos delicados (deve ficar abaixo do colo cervical e atrás do osso púbico). ▪ Quando colocado em posição correta, ele deve ficar indolor e confortável. ▪ Para removê-lo, introduzir os dois dedos dentro da vagina, prendendo-o em garra e, girando e puxando para baixo até tirá-lo. ▪ Orientar para lavar o pessário com água e sabão, enxaguando-o bem. 6 – CISTO DE OVÁRIO - É um tumor com conteúdo liquido, semilíquido ou pastoso. - Podem ocorrer em um ou ambos os ovários. - Sintomas: sensação de peso no abdômen, dor no baixo ventre e atraso menstrual. - Não leva a infertilidade: a dificuldade de engravidar é devido às alterações hormonais que levaram ao surgimento do cisto. - Tratamento: hormonal ou cirúrgico – excisão do cisto de ovário ou ooforectomia. - É um conjunto de alterações morfofisiológicas dos ovários, com repercussão no ciclo menstrual e na capacidade reprodutiva. - A etiologia da doença não está bem estabelecida, mas podem responder pela ocorrência da síndrome: a) Falhas de ação enzimática no metabolismo dos esteroides ovarianos. b) Alterações do eixo hipotálamo-hipofisário. c) Anomalias cromossômicas. d) Obesidade. e) Fator emocional. f) Alteração das suprarrenais. - Sintomatologia: ▪ Infertilidade: pela ação hormonal. ▪ Ciclos anovulatórios: ausência de ovulação. ▪ Amenorréia, oligomenorreia. ▪ SUA. ▪ Hirsutismo: aumento de pelos no rosto. ▪ Desconforto abdominal. - Diagnóstico: ▪ Anamnese: exame ginecológico e complementares. - Tratamento: ▪ Clínico: anticoncepcionais (reduzir as questões de ovulação, para os cistos deixarem de ser nutridos), redução do peso e psicoterapia (o emocional altera os hormônios). ▪ Cirúrgico: ressecção. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama 7 – DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) - Engloba o conjunto de doenças inflamatórias do trato genital feminino superior. - O termo DIP é utilizado para incluir a infecção da cérvix (cervicite), útero (endometrite), trompas (salpingite) e ovários (ooforite). - Atinge a mulher jovem ao redor dos 20 a 35 anos, sexualmente ativa. - Causa altos índices de gravidez ectópica (fora do útero), dor pélvica crônica e infertilidade. - Etiologia: ▪ A causa mais comum é a transmissão sexual (Chlamydia trachomatis/ Neisseria gonorrhea), mas também pode surgir após procedimentos ou eventos ginecológicos (causas que podem estar relacionadas a infecção): a) Parto. b) Aborto. c) Inserção de um DIU. d) Biópsia de endométrio. e) Histeroscopia. f) Curetagem uterina. - Sintomas: ▪ Leucorreia, usualmente com coloração, odor fétido e consistência alterada. ▪ Dor abdominal baixa, que se inicia logo após o período menstrual. ▪ Febre (pela infecção), calafrios, dispareunia ou sangramento menstrual irregular. ▪ Pode ser aguda ou crônica. - Aguda: ▪ Início logo após as menstruações. ▪ Dor abdominal intensa no baixo ventre que aumenta progressivamente. ▪ Desconforto que aumenta com a movimentação cervical (toque ginecológico). ▪ Podem ocorrer vômitos. ▪ Febre alta, leucocitose e corrimento purulento abundante da cérvix. ▪ Sangramento irregular. - Crônico: ▪ Pode se seguir a uma crise aguda com subsequente formação de cicatrizes, aderências tubárias e pélvicas, dor crônica, irregularidades menstruais e possível infertilidade. ▪ Os abcessos podem se desenvolver nas trompas, ovários ou pelve. - No caso dos abcessos, pode ocorrer uma pequena perfuração, esta pode se fechar e há boa resposta a antibióticos. Os abcessos que não respondem, necessitam de remoção cirúrgica. - Uma perfuração grande de um abcesso anexial representa uma emergência cirúrgica, rapidamente progredindo para o padrão caraterístico de dor abdominal intensa no baixo ventre, peritonite generalizada, náusea, vomito e choque secundário à peritonite e endotoxemia: toxina é parte integrante da membrana externa de algumas bactérias e só é libertada após destruição da membrana externa da bactéria das Gram negativas. - Diagnóstico: ▪ Exame físico: presença e as características do corrimento, dor a palpação abdominal e dor à palpação/mobilização do útero (movendo-se a cérvix ou palpando-se os anexos, produz-se dor intensa). ▪ Alguns exames laboratoriais como hemograma, teste de gravidez, pesquisa de clamídia e gonococo, exame a fresco do conteúdo vaginal e ecografia pélvica auxiliam na confirmação. - Tratamento: ▪ Não complicada deve ser no âmbitoambulatorial com o uso de antibióticos e acompanhamento regular da paciente. ▪ A DIP complicada requer hospitalização e terapêutica antibiótica endovenosa seguida por complementação oral. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama ▪ A DIP aguda necessita de tratamento imediato e vigoroso para interromper a infecção e impedir a infertilidade. ▪ Os ATBs devem ser introduzidos logo após a obtenção das amostras para cultura e testes de sensibilidade. - Cuidados de enfermagem: ▪ Observar quantidade, cor, odor do corrimento. ▪ Avaliação adequada dos sinais vitais. ▪ Evitar reinfecção: evitar transmissão da infecção, orientado a pacientes manusear com cuidado os absorventes e objetos, lavar bem as mãos com água e sabão. ▪ A prevenção inclui comportamento sexual seguro, estimulando o uso de preservativos. 1. Mastalgia. 2. Displasia mamária. 3. Cisto mamário. 4. Tumor benigno da mama. 5. Fibroadenoma. 1- MASTALGIA - Dor cíclica: piora da dor no período pré- menstrual. ▪ Frequentemente bilateral, acomete principalmente os quadrantes superiores laterais das mamas. ▪ Pode ter irradiação para o braço. ▪ Geralmente está associada a espessamento mamário. - Dor acíclica: sem relação com o ciclo menstrual. ▪ Decorrente de afecções mamárias específicas (processos inflamatórios e mastites, traumas, cicatrizes). ▪ Afecções relacionadas à parede torácica, como mialgias e lesões musculares, neurites, dores ósseas e articulares (Síndrome de Tietze), dermatites e flebites (Síndrome de Mondor). 2 – DISPLASIA MAMÁRIA - A dor é cíclica e depende da ação dos hormônios ovarianos sobre a mama tornando-a túrgida e dolorida principalmente no período pré- menstrual. - A mulher que tem muitas gestações e amamentações, em geral não refere dor mamária. 3 – CISTO MAMÁRIO - É uma lesão completamente benigna e consiste no acumulo de liquido sem maior significado dentro da mama. - São facilmente palpados, de consistência amolecida e podem atingir grandes volumes. ➢ Tratamento das alterações funcionais benignas das mamas: - A explicação sobre o que é o quadro e transmissão de tranquilidade e confiança é suficiente. - Estimular frequência das consultas ginecológicas. - Recomenda-se o uso de sutiãs com alças largas, do tipo esportista que fixam melhor as mamas. 4 – TUMORES BENIGNOS DA MAMA ALTERAÇÕES FUNCIONAIS BENIGNAS DAS MAMAS Saúde da Mulher Camilla Marcelino Doenças Prevalentes e Agravos na População Feminina/Afecções Uterinas e Mama 5 – FIBROADENOMA DE MAMA - Nódulo de origem e evolução benigna que aparece geralmente entre 15 e 25 anos de idade. - De 1 a 2cm, duro, móvel, único, não doloroso e bem delimitado. - Consistência dura e elástica, móvel à palpação, de superfície lobulada, é bem delimitado, indolor e geralmente único. - Sem potencial de malignização. - Certos tipos de câncer, chamados tumores circunscritos, podem simular um fibroadenoma sendo, portando, prudente confirmação histopatológica. - Tratamento: retirada por meio de pequena cirurgia, com incisão na região periareolar. - Em jovem, com ultrassonografia de aspecto benigno e punção aspirativa afastando células malignas, pode-se optar por conduta observadora.
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