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1 Vanessa Telles- Internato em Clínica Médica Tontura e Vertigem Definição e etiologia: Tontura= sensação transitória subjetiva. Pode ser definida pelo paciente com termos inespecíficos: escurecimento visual, sensação de desmaio, desequilíbrio... Vertigem= queixa clínica consistente de sensação ilusória de movimento ou rotatória. Seria uma “tontura rotatória”. Pode estar relacionada com: • Origem Vestibular: se relaciona com equilíbrio e tônus postural, determinados por nervo vestibulococlear e componentes do ouvido interno (sistema vestibular e labirinto). Alterações nesse sistema geram a vertigem do tipo periférica. Causas: ▪ Neurite vestibular = lesão inflamatória do nervo vestibulococlear; ▪ Vertigem postural paroxística benigna = cálculo ósseo no labirinto; ▪ Doença de Meniére = acúmulo excessivo de líquido no aparelho vestibular • Origem Encefálica: lesão encefálica ou de tronco encefálico geram vertigem do tipo central. Causas: alterações patológicas em tronco encefálico como AVC / tumor /lesão desmielinizantes. Diferenciar vertigem de dificuldade de marcha! Investigar ataxia cerebelar, ataxias sensitivas, parkinsonismo. Realizar exame de força muscular e de marcha, reflexos e testes sensitivos. Manifestações: Na vertigem, pode haver: náuseas, vômitos, desequilíbrio postural, zumbidos ou alterações auditivas, nistagmo, sensação de desmaio iminente, palpitações, sintomas vagais (palidez, sudorese, frio). O paciente pode referir que está “tudo rodando” ou que é como se estivesse em um barco. Vertigem periférica: vertigem, náuseas/ vômitos e desequilíbrio de modo harmônico, ou seja, nenhum se destaca sobre o outro + presença de zumbido e alterações auditivas + Reflexo Vestibulo-coclear alterado + nistagmo característico (inibido pela fixação; tem lado preferencial e componente horizonto-rotatório). Não há sinais neurológicos focais como hemiparesias, alterações de sensibilidade, estrabismo, alterações de linguagem. Vertigem central: desequilíbrio proeminente sobre os outros sintomas + paciente portador de fatores de risco cardiovascular + presença de sinal neurológico focal + Reflexo Vestibulococlear normal + desalinhamento ocular ou diploplia + nistagmo vertical ou multidirecional. ATENÇÃO: Reflexo Vestibulococlear normal = ao movimentar a cabeça de um lado para o outro, os olhos continuam fixos num ponto ou direção. Diagnóstico: Vertigem periférica: anamnese + exame neurológico com manobras clínicas + avaliação otorrinolaringológica. Causas que podem ser identificadas: ▪ Neurite vestibular (labirintite) = diagnóstico clínico + tratamento com prednisona e antivertiginosos. Podem ser usados Dimenidrinato 50mg IV ou VO 6/6h ou Meclizina 25mg VO 6/6h ou Sinarizina ou Flunarizina, que devem ser usados até 2 semanas! ▪ Vertigem postural paroxística benigna (VPP) = canalitíase no aparelho vestibular gerando episódios de vertigem paroxísticos e recorrentes, durando cerca de um minuto. Diagnóstico por manobra de Dix-Halpike (posicionar a cabeça do paciente rotacionada 45º e colocá-lo rapidamente em decúbito; positiva quando se observa nistagmo característico da vertigem periférica) + tratamento com manobra de Eplay (com paciente em decúbito dorsal com cabeça rotacionada, realiza-se movimentos rotacionais com a cabeça até a posição oposta à inicial). 2 Vanessa Telles- Internato em Clínica Médica ▪ Doença de Meniére = condição de hidropsia endoflinfática com episódios de vertigem que duram minutos-horas. Caracterizada por vertigem periférica + zumbido + hipoacusia. Diagnóstico clínico com audiometria + tratamento profilático comportamental e com Betaistina ou Hidroclorotiazida + tratamento sintomático com gentamicina Vertigem central: anamnese + exame neurológico + RM de crânio. A TC, que só será feita em paciente com marcapasso ou impossibilidade de realizar a RM, terá baixa sensibilidade e pode vir normal. Na imagem, podem ser identificadas as causas como AVC e tumor, que serão tratadas conforme indicação protocolar. Diagnósticos diferenciais: • Lipotímia ou pré-sincope (com escurecimento visual): pode ter causa vasovagal ou ortostática ou arritmias. Investigar causa cardiovascular! • Associada a desequilíbrio: causa cereberal ou parkinsonismo ou neuropatias periféricas • Inespecífica: possíveis origens psiquiátricas ou por efeitos adversos de medicamentos Tratamento: • Adequado à causa • Fisioterapia de reabilitação vestibular • Antivertiginosos apenas para sintomáticos, evitando uso crônico, pois pode levar à parkinsonismo! ▪ Betaistina/ Labirin ▪ Dimenindranato / Dramin ▪ Metoclopramida / Plasil ▪ Flunarizina / Vertix Observações do professor: • Causa de lesão vestibular bilateral simétrica: medicamentos ototóxicos como aminoglicosídeos (getamicina). • Escore ABCD2: prediz risco de AIT ou AVCi nas primeiras horas após episódio de vertigem. Pontuação 3 ou + é preditiva de vertigem de origem central.
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