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AO EMINENTE MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO BETA, pessoa jurídica de direito privado, com representantes no Congresso Nacional, inscrito sob o CNPJ n° xxx, e no TSE sob o n° xxx, por seu Diretório Nacional, com sede na Rua xxx, n° xxx, bairro xxx, cidade/UF, CEP xxx, endereço eletrônico xxx, por intermédio de seu advogado, procuração anexa, com escritório na Rua xxx, n° xxx, bairro xxx, cidade/UF, CEP xxx, endereço eletrônico xxx, vem propor a presente ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTA com base no artigo 102, §1°, da Constituição da República Federativa do Brasil, e especialmente na Lei 9.882/99, em face da Lei n° 123/2018, originária do Poder Público, aprovado pela Câmara Municipal e sancionada pelo Prefeito do Município Alfa. I. DO OBJETO DA AÇÃO O objeto da presente Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é a Lei Municipal nº 123/2018, que vedou o ingresso de novos imigrantes, no território do Município, pelo período de 12 meses, e fixou o limite máximo para a população flutuante, de modo que o referido ingresso seria obstado sempre que alcançado esse limite. Além disso, foi previsto que a contratação de imigrantes estaria condicionada à prévia aprovação da Secretaria Municipal do Trabalho, que avaliaria a proporção entre o quantitativo de trabalhadores nacionais e estrangeiros, podendo autorizá-la, ou não. Ficando claramente demonstrado na referida lei a afronta à competência da União para legislar sobre normas gerais em matéria de previdência social, conforme o art. 22, incisos I e XV, da Constituição da República Federativa do Brasil, além de violar o princípio da igualdade, conforme o artigo 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil. De acordo com disposto no artigo 4°, §1°, da Lei nº 9.882/99, não há outro meio eficaz para sanar a lesividade, senão a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Sendo ainda, cabível vez que, visa reparar tais lesões em acordo com o artigo 1°, caput, da Lei nº 9.882/99, devendo este ser apreciado por este Tribunal, mediante o disposto no artigo 102, §1°, da Constituição da República Federativa do Brasil. II. DA LEGITIMIDADE ATIVA O Partido Político Beta, autor da presente Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, é legitimado universal, figurando no artigo 103, inciso VIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, bem como no artigo 2°, inciso I, da Lei nº 9.882/1999. Foi criado com base na Lei nº 9.690/95, e possui representantes na Câmara dos Deputados, logo no Congresso Nacional, estando plenamente habilitado para ajuizar a presente Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental. Assim estabelece a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: “Partido político, para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, deve estar representado por seu diretório nacional, ainda que o ato normativo impugnado tenha sua amplitude normativa limitada ao Estado ou Município do qual se originou” (ADI 1.528 QO, rel. Min. Ellen Gracie, j. 24- 5-2000, P, DJ de 23-8-2002) Quanto à pertinência temática, não carece de comprová-la, pois do exercício das suas atribuições decorre o dever de defender a supremacia da Constituição Federal. III. DO CABIMENTO A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é o instrumento jurídico adequado para sanar lesão ou ameaça de lesão a preceitos e princípios fundamentais provocados por ato comissivo ou omissivo do Poder Público, quando não haja nenhum outro meio apto a saná-la, conforme o artigo 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/1999. No caso em questão, trata-se de controle abstrato de constitucionalidade de direito municipal pelo Supremo Tribunal Federal, mediante o disposto no artigo 102, §1°, da Constituição da República Federativa do Brasil, cujo instrumento expressamente previsto é a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, conforme o artigo 1º, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.882/1999. IV. DO MÉRITO Primeiramente, percebe-se a gritante violação ao artigo 22, incisos I e XV, da Constituição da República Federativa do Brasil, que prevê em seus incisos, a competência privativa legislativa da União, de legislar sobre o direito ao trabalho e quanto a emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, o que já demonstra duas inconstitucionalidades da Lei nº 123/2018. Nesse sentido, em julgamento o Supremo Tribunal Federal elucida sobre a competência privativa da União de legislar sobre direito do trabalho: Lei 7.524, de 14 de fevereiro de 2017, do Estado do Rio de Janeiro. Registro obrigatório de acidentes de trabalho com lesão, ferimento ou morte. CNI – Confederação Nacional da Indústria. (...) A norma estadual, ao criar uma obrigação ao empregador para além daquela do art. 21 da Lei 8.213/91 e da faculdade constante no art. 5º, § 3º, do CPP, ofende a regra de competência privativa da União para legislar sobre ‘direito processual’ e ‘direito do trabalho’ (CR, art. 22), assim como a competência material da União para “organizar, manter e executar a inspeção do trabalho” (CR, art. 21, XXIV). (ADI 5.739, rel. min. Edson Fachin, j. 23-8-2019, P, DJE de 9-9-2019.) Ademais, o artigo 6º, da Constituição da República Federativa do Brasil, dispõe sobe o direito social ao trabalho, com base no princípio da igualdade, que consiste na humanização e igualdade no trabalho. A Lei nº 123/2018 ao restringir os imigrantes fossem contratados, somente com a prévia aprovação da Secretaria Municipal do Trabalho, violou um direito constitucional. A Lei Municipal nº 123/2018, violou direitos fundamentais pertinentes ao ser humanos, previstos no artigo 1º, inciso III e 5º, caput, ambos da Constituição da República Federativa do Brasil, uma vez que, a dignidade da pessoa humana, é um dos preceitos fundamentais do Estado Democrático de Direito, além disso, todos são iguais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=750738492 perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, é garantido aos estrangeiros residentes do país a inviolabilidade do direito à igualdade. V. DA CAUTELAR A medida cautelar na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental é assegurada no artigo 5º, da Lei nº 9882/1999, sendo facilmente demonstrada no caso em questão. O fumus boni iuris é verificado pela exposição dos fatos e fundamentos jurídicos que acabam por demonstrar a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº 123/2018, violando diversos preceitos fundamentais. O periculum in mora fica evidente no fato de que muitos imigrantes podem perder seus empregos ou deixar de conseguir rapidamente por força da referida Lei Municipal. Além de todo essa violação aos direitos constitucionais relativo aos imigrantes, abre um precedente para que outros municípios também aprovem leis semelhantes, ocorrendo um grande risco de um encadeamento de leis desta natureza e, por consequência, uma demanda excessiva de ações no sentido de sanar as inconstitucionalidades, devendo, portanto, o Supremo Tribunal Federal, cortar o mal jurídico pela raiz. VI. DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer: a) que seja concedida a medida cautelar para suspender imediatamente os efeitos da Lei Municipal nº 123/2018 e posteriormente que o pedido seja julgado totalmente procedente, declarando definitivamente inconstitucional a lei referida; b) a juntada dos documentos anexos; c) A Citação das autoridades competentes para prestar informações; d) A citação do Advogado Geral da União, de acordo com artigo 8º, da Lei nº 9.868/1999; e) A oitiva do Procurador Geral da República, na forma do artigo 8º, da Lei nº 9.868,1999. VII. DO VALOR DA CAUSA Dá-se a causa o valor de R$ xxx. Nestes termos, Pede deferimento. Localxxx, data xxx. Advogado xxx OAB xxx