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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUSÍADA Curso de Enfermagem Saúde do Adulto II MIRIÃ CRISTINE JESUS DOS SANTOS OSTOMIAS SANTOS 2020 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………...……..3 2 TIPOS DE OSTOMIAS………………………..………………………………………….3 2.1 Traqueostomia…………………………………...……………………………...3 2.2 Trato Gastrintestinal (Esofagostomia, Gastrostomia, Jejunostomia, Ileostomia, Colostomia)...............................................................................................7 2.3 Urostomia……………………………………………………………………....12 2.4 Cistostomia……………………………………………………………………..14 3 DEMARCAÇÃO DA ESTOMIA………………………………………………………..16 4 REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….17 INTRODUÇÃO A palavra “estoma” ou “ostoma” vem do grego “stoma” e significa, no literal, “boca”. O termo se refere então a uma abertura cirúrgica, geralmente na parede abdominal, que exterioriza a parte final de alguma víscera oca através de um orifício visando uma via de comunicação entre o órgão interno e o ambiente exterior. Pode ser um órgão suturado à pele formando uma fístula ou então fixado por dentro da parede abdominal ocorrendo a comunicação através de uma sond. Esse procedimento é mais comum nos intestinos, mas também acontece na região traqueal, sobre os condutos urinários e a bexiga. Ainda há autores que propõem classificação quanto à natureza, dispondo que as fístulas podem ser naturais quando produzidas acidentalmente e artificiais quando produzidas intencionalmente no ato cirúrgico, sendo as ostomias propriamente ditas. Segundo a Associação de Ostomizados, há cerca de 34 mil pacientes submetidos a estomaterapia no Brasil, o que indica que um grande número de pacientes necessitam de assistência adequada e tem necessidades específicas, desde nível de higiene, social ou emocional, que demanda até mesmo programas de reabilitação. São então pacientes de alto custo que têm um cuidado que requer planejamento. TIPOS DE OSTOMIAS Traqueostomia Esse procedimento é feito através de uma abertura na parede anterior da traqueia, indicado quando há acúmulo de secreção, inativação da musculatura respiratória ou para estabilizar uma área em um paciente com intubação prolongada. O objetivo principal é a segurança do indivíduo em relação a sua respiração, então a traqueostomia é indicada para permitir uma ventilação mecânica, desobstrução das vias aéreas, promoção da higiene brônquica e a já citada ventilação quando o paciente tem alguma disfunção da musculatura. Sua finalidade é dividida em três: preventiva, curativa e paliativa. A primeira finalidade se refere a complementação em procedimentos cirúrgicos que não necessariamente tem a ver com as vias respiratórias, mas promove maior segurança ao processo que pode gerar obstrução ou dificuldade respiratória. A traqueostomia com finalidade curativa é a usada em situações onde precisa-se de uma manutenção da via aérea, como em casos de edema de glote ou neoplasias laríngeas. Já a paliativa é feita para conforto respiratório em pacientes sem possibilidade de tratamento. Pode ser de urgência, quando o paciente precisa de uma intervenção cirúrgica por conta de um quadro de insuficiência respiratória (apesar de geralmente se dar preferência a cricotireostomia, a traqueostomia é indicada quando há possibilidade de promover lesão ou piorar uma lesão que já existe). A traqueostomia também pode ser eletiva quando feita em pacientes já intubados por conta do tempo que irá perdurar o tratamento ventilatório. Também é definida quanto ao tempo de permanência, podendo ser temporárias quando são rapidamente fechadas, e definitivas quando passam a ser uma via permanente de ventilação, como ocorre em pacientes que removeram totalmente ou parte da laringe. A traqueostomia facilita o acesso à árvore brônquica, mas resulta em uma maior dificuldade de deglutição gerando até mesmo aumento do risco de aspiração. Ainda assim, a maior indicação do procedimento é para intubações prolongadas, a fim de evitar lesões laríngeas e traqueais, já que em quase todos os casos de pacientes intubados são detectados lesões agudas na laringe com apenas seis dias de terapia. Para que seja um procedimento seguro, deve ser feito com os parâmetros de coagulação do sangue normais e preferencialmente, deve ser feito no centro cirúrgico com instrumentação e equipe adequada; visto que na maioria das vezes é eletivo, os pontos que podem torná-lo perigoso e difícil podem ser contornados, como alterações na hemostasia, bócio, pescoço obeso ou curto, infecções, neoplasias ou impossibilidade de estender o pescoço devido alguma complicação na coluna cervical, pois o paciente deve ficar em decúbito dorsal e hiperestender a região, expondo a traqueia. A identificação pela palpação é de extrema importância para maior facilidade para o cirurgião, pois estruturas vitais também estão na mesma região traqueal. A traqueostomia pode ser feita sob anestesia geral ou local, mesmo que esta última opção possa tornar o procedimento difícil porque causa desconforto, dificuldade respiratória e para deglutir e posterior agitação. É mais indicado então que seja feito com anestesia geral com o paciente intubado, sendo removido o tubo pelo anestesista após ser feita a incisão pelo cirurgião, que pode ser longitudinal (ou cervical) e transversal (ou horizontal). A transversal segue as linhas de tensão da pele sendo então mais fisiológica, assim a cânula pode se mover e encontrar a melhor posição evitando possíveis lesões por tração. A longitudinal é feita paralelamente às linhas de tensão da pele e se incorpora com facilidade a outras incisões e, apesar de ser diferente da técnica transversal, esteticamente produzem resultados de cicatrização semelhantes. A cânula endotraqueal, que pode ser de metal (mais indicada) ou silicone, deve ser colocada com cuidado a fim de evitar lesões e sangramentos, perpendicular ao pescoço, sendo girada e deslizada em direção ao mediastino quando tocar a parede posterior da traqueia. A metálica é preferencialmente usada, pois facilita manuseio domiciliar em relação a higiene e o custo é mais baixo; as de plástico são mais indicadas quando o indivíduo será mantido em ventilação mecânica ou quando existe risco de aspiração, pois o cuff insuflado veda a luz traqueal. No pós cirúrgico, a cânula deve ser trocada a partir do terceiro dia quando fibrose se forma ao redor ligando a pele e o orifício traqueal; de forma simples, pode ser feita pelo próprio paciente ou um responsável e a quantidade de vezes depende da quantidade de secreção. A retirada é feita quando o paciente consegue respirar de forma fisiológica e a avaliação é feita de forma diferente para adulto e criança. Materiais utilizados Cânulas de traqueostomia; toalha; ambú conectado à fonte de O2; campo estéril; seringas (20, 10 e 5 ml); agulhas descartáveis (30x8 e 13x4); luva estéril; capote estéril; máscara; fio de nylon 3,0; bandeja; cuba estéril; cadarço ou fixador próprio para traqueostomia;sondas de aspiração; ampola de xylocaína; gorro. Cuidados de Enfermagem Concluir o protocolo; observar se há excesso de secreção, cânula com fluxo de ar diminuido, curativo ou tiras de traqueostomia sujos ou úmidos, sinais e sintomas de obstrução que requeiram aspiração; se atentar à transmissão de microorganismos (lavar as mãos, calçar luvas de procedimento, usar óculos de proteção facial e máscara, se necessário); monitorar a saturação de oxigênio usando oxímetro de pulso; aspirar; preparar o material na mesa de cabeceira (calma, cuidado e atenção); se atentar à dessaturação de oxigênio e hiperoxigenar o paciente (quando níveis abaixo de 92%) usando um ventilador ou uma fonte de oxigênio sobre a traqueostomia; com as luvas estéreis, mão dominante esterilizada durante todo o procedimento; a cânula interna, quando removida, deve ser depositada na cuba estéril com soro fisiológico e remover as secreções da parte interna e externa dela (enquanto permanece o colar de traqueostomia, a sonda em “T” ou uma fonte de O2 sobre a cânula externa fornecendo o suprimento necessário para o paciente); quando a cânula interna é descartável, deve-se removê-la e descartá-la e substituir pela nova que já estará fora da embalagem, travando na posição correta; limpar as partes expostas da cânula e do estoma em uma espaço de 5 a 10 cm desde o mesmo com movimentos circulares; manter a pele próxima e superfície exposta da cânula seca para evitar proliferação de microorganismos e escoriações na pele; fixar a traqueostomia para que não ocorra extubação acidental ou deslocamento do cateter; promover o conforto do paciente em relação ao posicionamento e observar a condição respiratória; fontes de O2 e umidificação no lugar correto e em níveis adequados; manter a cânula interna e externa livre de secreções (examinando-as); avaliar sinais de inflamação, edema ou secreções descoloradas, pois pode gerar infecções; concluir o protocolo de pós-procedimentos para se certificar de que nenhum problema ocorrerá. Trato Gastrintestinal As ostomias digestivas são indicadas como via alternativa quando o paciente em questão está impossibilitado de de comer pela boca ou não consegue eliminar conteúdo fecal normalmente, podendo então ser de alimentação ou eliminação. Esse tipo de ostomia é feito em alças intestinais com a mobilidade e comprimento adequado, sendo apropriados para tal o íleo e cólons transverso e sigmóide. As ostomias que ocorrem sobre o aparelho digestivo são colostomia, ileostomia, jejunostomia, gastrostomia e esofagostomia. São indicadas quando existe a impossibilidade de anastomose primária, que é uma comunicação entre dois segmentos do intestino após uma ressecção, por conta de uma instabilidade da hemostasia ou contaminação em grande parte da cavidade; também pode ocorrer para proteger uma anastomose que tem risco de gerar fístula; para introduzir dieta enteral quando o paciente está impossibilitado de se alimentar por via oral e sua condição nutricional está debilitada; objetivo de descomprimir, drenar, aliviar tensões, proteger suturas; casos paliativos. Podem ocorrer complicações como estenose por abertura insuficiente ou por edema, processos inflamatórios, infecções, hérnias paracolostômicas (principalmente nas colostomias terminais), necrose e prolapso. A esofagostomia é comunicação do esôfago com a pele através de uma abertura, que pode ser feito na região cervical para redirecionar o trânsito da saliva ou alimentos deglutidos. Pode ser feita para proteção quando em um esofagoplastia, para evitar mediastinite ou fístula de anastomose. A gastrostomia é uma abertura localizada no estômago por onde um tubo de silicone é passado para alimentação de hidratação do indivíduo que não pode se nutrir normalmente por algum motivo. Já a jejunostomia é uma abertura que também ocorre para fim nutricional, porém esta é feita em uma porção do intestino delgado quando o paciente está impossibilitado de se alimentar de maneira fisiológica (pela boca) e também pela gastrostomia. Logo, nos dois procedimentos acontece a comunicação da luz do trato gastro intestinal com o meio externo através de um cateter apropriado para o caso. São indicadas quando há impossibilidade de dieta oral por mais de quatro semanas, para descompressão gastrointestinal paliativa, distúrbios motores (como a atonia gástrica), obstruções benignas ou malignas, além de administração de medicamentos impalatáveis, recirculação da bile, fixação gástrica e casos de hérnia, colocação de próteses esofágicas, pancreatite aguda grave, estenoses pós-cirúrgicas e alterações anatômicas. A ileostomia é a exteriorização cirúrgica do íleo para eliminar o efluente do intestino delgado, fezes líquidas e contínuas que podem passar a ser semipastosas, variando por conta da alimentação. Também tem presença de enzimas digestivas, tornando o conteúdo altamente alcalino corrosivo. É classificada em três tipos: Brooke, continente, e reservatório íleo anal. O padrão de Brooke é o que mais ocorre quando se trata desse tipo de procedimento, onde a porção final do íleo é virada para trás e suturada junto à pele, o íleo fica então projetado. Sempre que possível, a incisão é feita na parte inferior direita, que não possui irregularidades, e coloca-se a bolsa coletora. É indicado na colite ulcerativa, doença de Crohn, polipose familiar (crescimento de tecido a partir da parede de uma espaço vazio) e complicações decorrentes do câncer. A ileostomia continente é uma variação do procedimento padrão onde os pacientes não precisam usar bolsa coletora externa. A porção do íleo é virada para trás por cima de si própria e forma um reservatório dentro da cavidade abdominal, sendo construída uma válvula a partir do próprio tecido onde um cateter é inserido algumas vezes ao dia por onde é drenado o conteúdo que for acumulado ali. É indicada em colite ulcerativa, polipose familiar e complicações decorrentes do câncer. O reservatório íleo anal é a opção onde uma bolsa interna é posicionada na pelve, sendo chamada de bolsa em J ou em S, a depender da forma que a cirurgia foi feita. O esfíncter anal deve estar com sua musculatura funcionando normalmente para que o conteúdo drenado pela bolsa não venha a vazar, já que seu conteúdo depende da dieta e pode ser influenciado por medicamentos em uso pelo determinado paciente. É indicado em casos de colite ulcerativa e polipose familiar. A colostomia acontece quando se exterioriza o cólon na parede abdominal e cria um nova forma de eliminação das fezes, que pode ser temporária ou permanente. Quanto mais à direita do segmento do intestino grosso ela for localizada, mais amolecida serão as fezes. Geralmente acontece para evitar que o conteúdo fecal passe por um local operado e possa causar infecções no ponto suturados. É feita sob anestesia geral, onde o tecido exteriorizado é preso à parede abdominal e, ao redor da fístula, é posicionada uma bolsa adesiva para drenar (fechada, drenável ou de duas peças). Deve-se ter cuidado para a pele ao redor não ser lesada, lavando com água e sabão ou degermantes adequados. Pode ser ascendente, transversa, de alça e descendente ou sigmóide pela localização da ostomia. A colostomia ascendente é feita do lado direito da parede abdominal, sendo o dejetoentão muito líquido e drenado por uma bolsa acoplada à fístula. Somente uma pequena parte do cólon permanece em atividade, o restante permanece sem função ou pode ser retirado. Esse tipo de colostomia é raro, visto que, ao se tratar de conteúdo líquido, uma ileostomia é mais apropriada e será a indicada para o caso. Colostomia transversa se dá quando a parte exteriorizada pertence ao cólon transverso, do ângulo hepático ao esplênico. Pode ser permanente quando a parte mais baixa do cólon precisa ser removida ou inativada de forma ininterrupta. É indicada em casos de diverticulite, traumas, defeitos de nascença/genéticos, câncer no cólon descendente ou sigmóide, obstrução do intestino e paralisia. O conteúdo drenado é semi-sólido e contém enzimas digestivas, tendo que se atentar a proteção da pele. A colostomia de alça acontece quando uma alça inteira do intestino é levada para a superfície, criando um fim distal que expele as secreções, e um fim proximal ou funcional que é por onde sairão as fezes. E ainda há a barreira dupla, que se assemelha a de alça, porém o intestino é dividido em dois estomas nesse caso. A colostomia descendente ou sigmóide é feita na parte mais baixa e do lado esquerdo do abdômen, tendo o conteúdo firme e podendo ser bem regulado, sendo a colostomia mais frequentemente realizada. A questão da regularidade varia de pessoa para pessoa, podendo ser previsível ou não, sendo mais comum em pacientes que já tinham movimentos regulados antes de adoecer. É indicada quando há câncer de reto ou do cólon sigmóide, diverticulite, traumas, defeitos congênitos, obstrução do intestino, paralisia, doença actínica (por radioterapia) e infecções perineais graves. Os dispositivos usados nesses procedimentos são divididos em três grandes grupos: sistemas coletores ou bolsas coletoras, os produtos adjuvantes (que são aqueles de ajuda ou auxílio) e as barreiras protetoras de pele. Esses protetores cutâneos podem vir em apresentação de pasta, que promovem o nivelamento das pregas e irregularidades cutâneas em regiões de fístulas ou periestomais, além de auxiliar na fixação da bolsa, reduzir infiltrações e aumentar a vida útil da mesma, porém não devem ser usadas na pele ferida pois geram dor (contém álcool em sua composição); outra apresentação é feita em pó e é indicada para pele periestomal macerada, pois absorve a umidade, reduzindo risco de irritação e previne a infiltração do conteúdo sendo drenado; também pode ser em placa que é indicada para a manutenção da pele seca, tendo função absorvente e hidrofóbica, além de serem usadas para nivelar, preencher ou vedar os contornos irregulares e criar uma superfície mais plana. Barreiras protetoras de Sistemas coletores ou Produtos adjuvantes pele bolsas coletoras Dispositivo usado para proteção da pele do efluente drenado através do estoma, podendo ser natural, sintética ou semi-sintética. Se apresenta em forma de placa (quadrada, redonda, anel, metro), pasta, massa, grânulos ou pó. Podem ser abertas, que são as drenáveis que podem ser esvaziadas quando necessário; fechadas, que não são drenáveis e devem ser descartadas após o uso; constituídas apenas por uma peça que dispõe da bolsa coletora e a barreira protetora de pele em placa; e em duas peças, quando a bolsa coletora e a barreira são separadas. Guia de mensuração do tamanho do estoma, presilha para fechamento da bolsa coletora, cinto elástico que auxilia na fixação da bolsa, filtro de carvão ativado que retira gases retidos na bolsa, sistema de irrigação que limpa o intestino e sistema de oclusão. Além da barreira de proteção já citadas em placa, disco, anel, pasta, massa e pó. Devem ter ajuste adequado ao estoma para que tenha aderência total da barreira protetora à pele, garantindo proteção e manutenção da integridade; o sistema coletor acoplado e que não permita vazamentos de odores, promovendo segurança do conteúdo coletado; ser de fácil aplicação, manuseio e remoção, também deve ser confortável e imperceptível sob as vestimentas do paciente. Cuidados de Enfermagem Pré-operatório: abordagem do conhecimento do indivíduo sobre o procedimento pelo qual Trans-operatório: padronização do equipamento que será usado no pós-operatório imediato para avaliar o Pós-operatório: avaliar localização, coloração, protrusão e possíveis complicações do estoma; controlar o efluente em passará e suas expectativas em relação a ele; investigar antecedentes familiares, alérgicos, hábitos e alterações da eliminação intestinal; utilização de medicamentos prévios; vida diária e possibilidade de atividades sociais e de trabalho; autocuidado; estado emocional do indivíduo; padrão sócio-cultural; estado nutricional; habilidades psicomotoras; topografia da parede abdominal; aspecto da região perineal; demarcação do estoma. estoma (bolsa coletora de peça única, transparente e drenável); verificar e avaliar o estoma em relação a demarcação prévia; observar o estado geral do paciente antes de encaminhá-lo para o serviço de recuperação pós-anestésico; cuidados básicos ainda no centro cirúrgico. questão de qualidade e quantidade; avaliar a adaptação do sistema coletor; realizar a primeira troca do sistema coletor de 48 a 72 horas após a cirurgia; ensinar troca e esvaziamento da bolsa coletora para o paciente (noções básicas de autocuidado); planejar alta hospitalar; estimular o retorno às atividades cotidianas; estimular e desenvolver o trabalho multidisciplinar (nutricionista, psicólogo, equipe médica, fisioterapeuta); avaliar o aprendizado do paciente e familiares sobre a condição; fornecer equipamentos e encaminhar aos recursos da comunidade (Programa dos Ostomizados que é mantido pelo Sistema Único de Saúde). A enfermagem tem papel muito importante de assistência também após a alta hospitalar, pois os pacientes referem mudanças em seus estilo de vida, atividades de lazer, vida sexual, vida social, na maneira que enxergam o próprio corpo (aceitação do estoma, padrão de eliminação, complicações), autocuidado. São pacientes que enfrentam uma etapa difícil, a qual uma boa assistência, com visitas domiciliares para um processo contínuo de aprendizagem do paciente e sua família, pode fazer toda a diferença. O apoio, seja ele da família e do profissional acompanhando, são de suma importância para emancipação e enfrentamento adequado do indivíduo estomizado. Urostomia É a exteriorização dos condutos urinários através da parede abdominal que permite a eliminação constante da urina por gotejamento devido o tamanho pequeno do reservatório criado para “substituir” a bexiga. Localizado na parte inferior do abdomen (lado direito ou esquerdo), é utilizado então um dispositivo coletor com uma válvula antirrefluxo e com uma torneira de drenagem para que seja esvaziado durante o dia. É indicada quando há problemas na bexiga, geralmente tumores; problemas neurológicos; defeitos congênitos; inflamações crônicas no órgão; indivíduos com quadro de difícil controle de incontinência urinária, que acreditam ser mais fácil lidar com o estoma do que com a incontinência; crianças que têm má formação do sistema urinário que faz com que a urina volte para os rins, causando infecção de repetição que leva a danos muitas vezes irreversíveis.Nesse último caso, a urostomia pode salvar a vida da criança. Mais comumente, o que ocorre é a remoção da bexiga devido alguma doença determinada ou uma lesão grave. Neste procedimento então, uma parte do intestino delgado é removido e os dois ureteres são conectados nessa extremidade que assume a função da bexiga como reservatório de urina. A porção proximal é exteriorizada e gera o estoma, procedimento chamada de conduto ileal ou cirurgia de Bricker. Pode acontecer também o conduto do cólon, que se assemelha ao procedimento anterior, mas o canal de comunicação dessa vez é feito com parte do intestino grosso e não com o delgado. Há também o procedimento onde os ureteres propriamente ditos são exteriorizados através da parede abdominal. Pode ser apenas um deles ou os dois, formando um estoma geralmente temporário que é chamado de ureterostomia. É uma ostomia rara que é feita geralmente apenas em casos de recém nascidos prematuros que têm complicações como estenoses nos próprios estomas feitos, que podem até mesmo obstruir. É comum que no começo da terapia, a urina drenada tenha uma coloração avermelhada, que deve sumir com o tempo do tratamento. Também é comum que muco seja colecionado junto à urina, já que é produto fisiológico do intestino. Quando se trata dos dispositivos usados em urostomias, deve-se ter atenção pois a urina é um produto que lesiona a pele, por isso é importante que se tenha proteção da pele ao redor do estoma e que o tamanho da abertura da bolsa seja o mais próximo possível deste. Esses equipamentos podem ser de peça única, quando a bolsa tem um adesivo que adere à pele; ou então podem ser constituídos por duas peças, uma placa adesiva que é colada na pele e a bolsa coletora que se acopla a ela (placa) por adesivo ou um funcionamento mecânico. As bolsas também têm uma válvula antirrefluxo para que a urina não volte para o interior do estoma e cause infecções. É de suma importância observar cor, forma, tamanho, protrusão, integridade da mucosa e umidade do estoma, pois podem aparecer complicações como dermatite irritativa ou alérgica, candidíase, foliculite, edema, entre outras. A outra válvula de drenagem comumente chamada de torneira que é usada para esvaziar a bolsa. É comum que, mesmo após a cirurgia, o paciente ainda mantenha o hábito de esvaziar a bolsa coletora com a mesma frequência que ia ao banheiro normalmente; enquanto outros fazem isso quando chega a um terço da capacidade total, o que lhes confere segurança de não vazar. Cuidados de Enfermagem manter a região do estoma higienizada e a pele ao redor seca para que a placa possa aderir da melhor forma e evitar irritações; mensurar o estoma e se atentar para a cor, forma, umidade, integridade da mucosa; se atentar para isquemia, necrose, estenose, hemorragia, dermatites, retrações; estimular o autocuidado e o envolvimento da família a respeito da condição do paciente; observar o conteúdo colecionando em relação a qualidade e quantidade; utilizar os equipamentos de auxílio para melhor tratamento do paciente; orientá-lo quanto o esvaziamento da bolsa, troca e a higienização do estoma; orientá-lo quanto o odor da urina que pode estar relacionado com alimentos, como frutos do mar, e medicamentos em uso (algumas bolsas coletoras tem mecanismos para driblar o odor, filmes contra cheiros, outras não); a troca é indicada no período da manhã, antes de ingestão de alimentos ou líquidos, quando o gotejamento é mínimo ou ausente, facilitando o processo; remover o adesivo delicadamente na troca da bolsa, usando água caso necessário; retirar a placa de cima para baixo para evitar lesões; orientar dieta balanceada e hidratação adequada; orientá-lo em relação aos esportes que pode praticar (contra indicados levantamento de pesos muito grandes e contato violento); estimular que o paciente expresse seus sentimentos negativos para que uma boa aceitação possa ser construída. Cistostomia Também chamada de cateterismo suprapúbico ou vesicotomia, a cistostomia é o procedimento cirúrgico onde se dá a saída da urina por meio da confecção de um estoma que cria um canal entre a bexiga e a pele. É feita por meio de uma incisão na parede abdominal anterior até a bexiga ou pela introdução de um cateter tipo Foley de forma percutânea. Quando o paciente não consegue urinar por algum motivo, a forma de sanar o sofrimento do indivíduo é fazer a sondagem pela uretra, porém quando não é possível que o cateter avance por ela, a alternativa é chegar a bexiga por outro caminho. É feito anestesia e uma pequena incisão no abdômen acima do osso púbico por onde é inserido um trocáter que chega à bexiga e é por ele que a sonda é inserida. Após a colocação deste, o balão que ela possui na extremidade é insuflado para que não seja retirada de forma acidental. É indicada para pacientes em reconstrução de colo vesical em pacientes que necessitam de esvaziamento adequado; em indivíduos que o cateterismo pela uretra não é possível por conta de deformidades anatômicas, estenose uretral, trauma de bacia, cálculo, pacientes cadeirantes, falta de destreza manual, sensibilidade uretral alterada que impede a aceitação do cateterismo intermitente limpo por desconforto, anomalias e lesões complexas na uretra. É comum que procedimentos invasivos que envolvam a bexiga causem complicações nos ureteres e rins, por isso é importante que os procedimentos e técnicas assépticas sejam seguidas à risca, além de que a cistostomia deve permanecer pelo mínimo de tempo possível, apenas o período de tratar a doença que acomete o paciente e o impede de urinar normalmente, principalmente se seu sistema imunológico é deficiente e o predispõe à um maior risco de infecção. O profissional enfermeiro tem autonomia para realizar a troca da cistostomia tanto em ambiente hospitalar quanto em ambiente domiciliar. Materiais Utilizados Luvas estéreis, clorexidine (solução 2%), compressas de gaze estéril, lidocaína gel, bandeja de materiais estéreis (cuba rim, cúpula, pinça cheron), coletor de urina de sistema fechado, campo fenestrado, cateter vesical, ampola de água destilada, seringa de 20 ml. Cuidados de Enfermagem observar aspecto e a quantidade da urina sendo drenada; manter a qualidade da fixação e o curativo sempre limpo e seco; se atentar para esvaziamento (de 6 em 6 horas se em controle hídrico); a troca da fixação deve ser feita a cada 24 horas ou quando necessário; manter a bolsa coletora abaixo do nível da bexiga para que a drenagem seja feita da maneira correta, porém não encostar a bolsa no chão para evitar contaminação; realizar a assepsia com álcool 70%; se for necessário que a bolsa fique acima da altura da bexiga, o clamp deve permanecer fechado para que não haja refluxo do conteúdo; se o paciente tem retenção urinária, se atentar para não drenar mais de 750 ml de urina de uma só vez, o que provocará uma descompressão brusca da bexiga; manter o clamp fechado por 30 minutos antes de realizar coleta para exames, colocando a amostra em frasco adequado e a enviando para o laboratório com as informações de identificação do paciente; às vezes há a necessidade de contenção dos membros superiores para a segurança do paciente, evitando que a sonda seja tracionada.DEMARCAÇÃO DA ESTOMIA Determinar limites por meio de marcos no período pré-operatório é fundamental para uma melhor qualidade de vida após a cirurgia. Essa demarcação pode ser feita pela cirurgião, pelo enfermeiro estomoterapeuta ou um enfermeiro capacitado para tal ato, sempre tendo a participação ativa do paciente. Se explica o procedimento ao paciente, reúne o material (caneta própria, mensurador de estoma, placa), assegura sua privacidade, lava as mãos e segue os passos para a demarcação. Deve-se conhecer o tipo de cirurgia que será feita, a anatomia dos músculos e os quadrantes. Após fazer a demarcação e colocar a placa no local proposto, solicitar que o paciente sente e fique de pé para observar se fica visível para o mesmo, se acontece dobras na placa, entre outras coisas que podem gerar complicações ou desconforto. REFERÊNCIAS 1. SILVA, et al. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO - TRAQUEOSTOMIA. Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/1132789/1132848/POP+11.11+TRAQ UEOSTOMIA.pdf/0331c084-431b-489c-a259-918a1900cbe8 2. ATUALIZA CURSOS. Cuidados de Enfermagem com Traqueostomia. 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