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Auditoria, Laudos e Perícias Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Luiz Carlos Dias Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico • Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico · Conhecer a postura ética e profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico. OBJETIVO DE APRENDIZADO Postura Ética e Profi ssional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico A seguir, apresentamos um recorte de uma Ação Trabalhista, onde o Reclaman- te alega que laborou exposto a agentes insalubres e agentes perigosos, requerendo o recebimento destes adicionais: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da __ Vara do Trabalho do Fórum Trabalhista /SP. José da Silva, brasileiro, solteiro, portador da Cédula de Identificação RG nº. XX.XX.XXX-0 e inscrito no CPF/MF sob nº. YYY.YYY.YYY-65, residente na Rua Marques e Sapucai, 120 – Jardim São Luiz- São Paulo/SP, CEP 00000- 000, nascido em 18/06/1961, filho de Josefa da Silva, CTPS n.º ZZZZZ, série 00100 SP, PIS XXX.YYYYY.ZZ.X, por seu advogado que esta subscreve, nos termos da procuração anexa, vem, respeitosamente, propor a presente Reclamação Trabalhista Em face de seu ex-empregador, Indústrias Perigosas S.A, pessoa jurídica, cadas- trada no CNPJ sob o nº. XX.ZZZ.ZZZ/0001-ZZ, estabelecida na Avenida Martino Basso, 997 – Santo André - São Paulo/SP, CEP 00000-000, pelos motivos a seguir expostos, requerendo-se ao final. Do Contrato de Trabalho O Reclamante ingressou no quadro funcional da Reclamada em 30/01/2000, para exercer as atribuições profissionais de operador de injetora de alumínio, mediante retribuição salarial última de R$ 2.595,00 (dois mil, quinhentos e no- venta e cinco reais) por mês, sendo demitido sem justa causa em 01/03/2016, e, assim, por entender credor de direitos trabalhistas não pagos, vem interpor a presente ação. Do Adicional de Insalubridade O Reclamante laborava diariamente em contato com produtos químicos, tóxicos, alumínio, magnésio, cobre, poeira, sujeira, além do excesso de ruído, permanecendo assim exposto muito além dos limites permitidos, em condições prejudiciais ao orga- nismo, sem o uso dos EPI´s. Assim sendo, laborava o Reclamante em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho. Contudo, a Reclamada jamais forneceu os equipamentos de proteção necessários para neutralização dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho. 8 9 Faz jus, portanto, à percepção do adicional de insalubridade, conforme Art. 192 da CLT, devido ao grau máximo, ou em grau a ser apurado em devida perícia técni- ca, com os respectivos reflexos em DSR´s, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condi- ções laborais da Reclamante. Reconhecido o direito a percepção do adicional de insalubridade, sua base de cál- culo deverá ser a Remuneração da Reclamante, uma vez que o Enunciado 17 do C.TST prevê a utilização do salário do obreiro para tal cálculo, foi restaurado através do Resolução 121/03. Ademais, o Artigo 7º, XXIII da Constituição Federal não permite a utilização do salário mínimo para a indexação de qualquer título, conforme assentado na jurisprudência. Do Adicional de Periculosidade O Reclamante trabalhou durante todo o contrato de trabalho em atividade de RISCO, com exposição permanente, tendo em vista que laborava com fornos em altas temperaturas de 700º graus para a confecção de peças. Assim, conforme a legislação vigente, faz jus ao ADICIONAL DE PERICULOSI- DADE de 30% (trinta por cento) calculado sobre seu salário. Consolidação das Leis do Trabalho Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Faz jus, portanto, a percepção do adicional de periculosidade, conforme art. 193, § 1º da CLT, com os respectivos reflexos em DSR´s, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condições laborais do Reclamante. Da Justiça Gratuita A Reclamante, por ser pobre na acepção legal do termo, requer os benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos do artigo 14, da Lei n. 5584/70, combi- nado com o artigo 2º da Lei 1060/50 conforme declaração anexa. 9 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Dos Honorários Advocatícios - Indenização Diante do quanto disposto no art. 404 do novo Código Civil Brasileiro, estabele- cendo a necessidade do ressarcimento dos honorários advocatícios, como perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro, restou reformada a regra geral de sua não aplicabilidade em reclamação trabalhista. De fato, se o regramento geral é de aplicação de honorários, mesmo em outros casos de hipossuficiência (consumidor, pequeno prestador de serviço, segurados do INSS), não teria sentido que apenas nas Reclamações Trabalhistas tal instituto fosse desprezado. Tal situação salta ainda mais aos olhos com a edição da EC 45, ampliando o rol de competência da Justiça do Trabalho, onde algumas outras figuras bem similares ao trabalhador empregado trarão aos seus processos, mesmo em tramitação nesta Justiça especializada, o insti- tuto dos honorários advocatícios (diarista, pequeno prestador de serviço autônomo, etc.). Assim, o sistema jurídico – para ser compreendido como tal – deve ter padrão comum de aplicabilidade. Deste modo, nos termos do art. 20, § 3º do CPC cc. Art. 404 do Código Civil, faz jus a condenação do Reclamado ao pagamento de honorários advocatícios decorrentes da sucumbência em favor da Reclamante, requerendo seja este fixa- do por este Juízoem 30% (trinta por cento) do valor da condenação. Dos Pedidos Isto posto e diante de tudo quanto aqui narrado e comprovado, outra alternativa não resta ao reclamante, senão os suplementos desta Justiça especializada, a fim de vindicar títulos contratuais e rescisórios, cujo direito lhe é indiscutível e o pagamento sonegado pela reclamada, primando, desde logo, pela Total Procedência da presente demanda, os pleitos: • Seja notificada a Reclamada no endereço declinado na parte preambular deste petitório, para que, caso queira, conteste, sob pena de revelia e confesso da matéria de fato; • Pagamento do adicional de insalubridade, conforme art. 192 da CLT, devido ao grau máximo, ou em grau a ser apurado em devida perícia técnica, com os respectivos reflexos em DSR´s, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condi- ções laborais do Reclamante, conforme acima fundamentado; • Pagamento do adicional de periculosidade, conforme art. 193 da CLT, com os respectivos reflexos em DSR´s, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condições laborais do Reclamante, conforme acima fundamentado; 10 11 • Requer-se os benefícios da Justiça gratuita, ante o estado de miserabilidade em que se encontra o reclamante, conforme declaração assinada, nos termos da Lei 7115 de 29 de Agosto de 1983; • Honorários advocatícios conforme o disposto no artigo 133 da atual Consti- tuição Federal, combinado com o artigo 20 do Código de Processo Civil e Lei 8906/94, e sucessivamente, caso este não seja o entendimento de V. Exa., requer o autor seja a reclamada compelida a efetuar pagamento de indenização a este título, em valor a ser arbitrado por este MM. Juízo, lembrando-se a utili- zação do percentual de 30%; • Expedição de Ofícios aos órgãos fiscalizadores, a fim de que tomem as pro- vidências reputadas cabíveis, a critério das autoridades destinatária, confor- me fundamentação. • Deferimento de eventual pedido constante na fundamentação supra; Vem, pois, postular a condenação da Reclamada a lhe pagar as verbas retro e supra discriminadas, acrescidas de juros e correção monetária, na forma da lei. Pleiteia, outrossim, que as verbas reclamadas, que são de caráter alimentar, se- jam qualificadas de natureza jurídica indenizatória, para todos os fins de Direito, uma vez que, não tendo sido pagas nas épocas próprias, perderam, de muito, sua imediata finalidade satisfativa. Requer que a reclamada colacione os recibos de pagamento realizados ao autor, registro, fi chas, etc., fulcrado no artigo 355, sob pena do artigo 359 do Digesto Processual Civil. Ante o exposto, é a presente Reclamação Trabalhista proposta com o funda- mento no artigo 838 e 841 da CLT, para que se digne Vossa Excelência determi- nar a notificação da Reclamada, na pessoa de seu representante legal, para que, querendo, manifeste-se sobre os termos da presente ação, ou venha conciliar-se com a Reclamante, em audiência de instrução e julgamento a ser designada, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato acompanhando-a até final de- cisão, que deverá julgá-la Procedente condenando a Reclamada ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e correção monetária (época própria), bem como a satisfazer os honorários advocatícios, custas e demais cominações de estilo. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em espe- cial pelo depoimento pessoal do representante legal da ré, sob pena de con- fesso, oitiva de testemunhas, perícias e outras que se fizerem necessárias à elucidação da causa. 11 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Todos os valores eventualmente deferidos na presente ação serão calculados em regular liquidação de sentença, independentemente do limite dos valores even- tualmente apurados na exordial, deduzidos os valores comprovadamente pagos pela Reclamadas. Por fim, requer que todas as publicações/intimações no Diário Oficial sejam remetidas em nome do subscritor da presente, ou no endereço constante no ro- dapé da presente. Dá-se à causa o valor provisório de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais exclusivamente para fins fiscais. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, 13 de outubro de 2016. João da Silva OAB/SP XXX.XXX Face à referida Ação inicial, que foi apresentada e acolhida pelo Juízo em Audiência inicial na Justiça do Trabalho, foi determinada a Perícia Técnica, onde um Perito Ju- dicial, indicado pelo Juiz, foi designado. As partes, Reclamante e Reclamada, podem apresentar seus respectivos Assistentes Técnicos, que também apresentarão seus Lau- dos, mediante a oitiva das partes envolvidas no processo e visita no local ou setor onde o Obreiro desenvolvia suas atividades profissionais nas dependências da Reclamada. Podemos observar no texto da Petição Inicial que o Advogado do reclamante faz uso de todos os artifícios jurídicos, para revindicar o pagamento dos Adicionais de Insalubridade e de Periculosidade para o Reclamante. Os pedidos são vários, feitos a título de indenização, porém devemos nos ater somente ao que seja relevante e faça referência à Perícia Técnica, que poderá ser realizada Pelo Eng. de Segurança do Trabalho. Lembramos que a data de admissão e de demissão do Obreiro é um dado impor- tante, pois para fins de pagamento dos adicionais de Insalubridade e de Periculosida- de, somente são considerados os últimos cinco anos de Labor, sendo que os demais anos não são levados em conta. Outro fato importante são as atividades nas quais foram executadas o Labor, ou seja, como eram desenvolvidas as atividades profissionais do reclamante, em quais condições trabalhava. Segundo o texto: “O Reclamante laborava diariamente em contato com produtos químicos, tóxi- cos, alumínio, magnésio, cobre, poeira, sujeira, além do excesso de ruído, perma- necendo assim exposto muito além dos limites permitidos, em condições prejudi- ciais ao organismo, sem o uso dos EPI´s. 12 13 Assim sendo, laborava o Reclamante em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho. Contudo, a Reclamada jamais forneceu os equipamentos de proteção necessários para neutralização dos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho. Faz jus, portanto, à percepção do adicional de insalubridade, conforme art. 192 da CLT, devido ao grau máximo, ou em grau a ser apurado em devida perícia técnica, com os respectivos reflexos em DSR´s, horas extras, 13º salário, férias + 1/3 e FGTS + 40%, requerendo desde já seja realizada perícia para apuração das condições laborais da Reclamante”. O advogado ressalta que o obreiro trabalhava com produtos químicos (metais) com exposição acima dos limites de tolerância, porém ele não especifica quais são estes limites de tolerância, diz também que laborava em ambiente com excesso de ruído sem o uso de equipamentos de proteção individual e que a Empresa jamais forneceu os devidos EPis que poderiam neutralizar as exposições. Cabe ao Perito e ao Assistente Técnico verificarem até que ponto estas afirmações são verdadeiras, apurarem quais agentes estavam presentes no Labor diário do Obrei- ro, se realmente excediam os Limites de Tolerância da NR-15 ou da ACGIH quando da ausência destes na NR, se realmente a Empresa não adotava medidas de Proteção coletivas para proteger o trabalhador destas exposições, e qual o tempo que o Traba- lhador ficava exposto a estes agentes. Se os fatos forem verdadeiros, também cabe ve- rificar se existia ficha de entrega de EPi devidamente assinada e se recebeu treinamento para utilização do equipamento de proteção individual. Todos estes fatos são relevantes para a Avaliação Técnica do Perito e do Assistente Técnico, estes ainda podem solicitar o Programa de Proteção de Riscos Ambientais, do período reclamado, paraverificar se existe quantificação dos agentes insalubres. Podemos também nos valer de Instrumen- tos para podermos mensurar os agentes no ambiente de trabalho. Nota-se que o advogado pede à Justiça o Adicional em Grau máximo, entretanto precisamos verificar qual o enquadramento da Exposição para cada agente, para de- terminarmos segundo a Norma Regulamentadora NR-15 qual será o enquadramen- to, que pode ser determinado de acordo com o quadro de Graus de Insalubridade que está no Anexo 14 da Norma Regulamentadora NR-15. Conforme determinação legal da NR-15: Item 15.2 “O exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região”. Grau máximo 40%; Grau Médio 20%; Grau Mínimo 10%. 13 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico A seguir, o Quadro 1 ilustra os Graus de insalubridade relacionando as atividades e os percentuais do enquadramento em função da exposição do trabalhador. Quadro 1 - Quadro dos Graus de Insalubridade Anexo Atividades ou Operações que exponham o Trabalho Percentual 1 Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos limites de tolerância fixados no Quadro constante do Anexo 1 e no item 6 do mesmo Anexo. 20% 2 Níveis de ruído de impacto superiores aos limites de tolerância fixados nos itens 2 e 3 do Anexo 2. 20% 3 Exposição ao calor com valores de IBUTG, superiores aos limites de tolerância fixados nos Quadros 1 e 2. 20% 4 Níveis de iluminamento inferiores aos mínimos fixados no Quadro 1. 20% 5 Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superior aos limites de tolerância fixados nesse Anexo. 40% 6 Ar comprimido. 40% 7 Radiações não-ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20% 8 Vibrações consideradas insalubres em decorrência de inspeção reali-zada no local de trabalho. 20% 9 Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20% 10 Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20% 11 Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fixados no Quadro 1. 10%, 20% e 40% 12 Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fixados nesse Anexo. 40% 13 Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 10%, 20% e 40% 14 Agentes biológicos. 20% e 40% O item da Norma Regulamentadora NR-15 determina que em caso de incidência de mais de um agente como fator de insalubridade, deverá ser considerado apenas o fator de Grau mais elevado, sendo vetada a percepção cumulativa. Esta percepção cumulativa pode ser entendida da seguinte forma. Caso o trabalhador esteja exposto a um agente insalubre em Grau Mínimo e simultaneamente a outro agente em Grau Máximo, somente será computado para fins de percepção do adicional o Grau mais elevado, ou seja, o Grau Máximo. Voltando ao texto da petição inicial, notamos que o Advogado também faz o pedido da Periculosidade, conforme trecho a seguir: 14 15 “O Reclamante trabalhou durante todo o contrato de trabalho em atividade de RISCO, com exposição permanente, tendo em vista que laborava com fornos em altas temperaturas de 700º graus para a confecção de peças. Assim, conforme a legislação vigente, faz jus ao Adicional de Periculosidade de 30% (trinta por cento) calculado sobre seu salário”. Em análise, precisamos interpretar que o Advogado afirma que o Trabalhador la- borava todo o período em atividade de Risco, com exposição permanente com fornos em altas temperaturas na faixa de 700ºC. Cabe ressaltar que o trabalhador não ficava exposto à temperatura de 700ºC e sim esta é a temperatura interna do forno, ademais a exposição a temperaturas extremas não caracteriza a atividade como Perigosa e sim como Insalubre, e existem os limites de tolerância para exposição ao Calor na Norma Regulamentadora NR-15 em seu Anexo 3. O quadro 2 ilustra os limites de tolerância para exposição ao calor, classificando por tipo de atividade (Leve / Moderada / Pesada). Quadro 2 - Limites de Tolerância para Exposição ao Calor Regime de Trablho Intermitente com Descanso no Próprio Local de Trabalho (por hora) Tipo de Atividades Leve Moderada Pesada Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos de trabalho 15 minutos de descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos de trabalho 30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos de trabalho 45 minutos de descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidade adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 O Quadro 3 determina qual o Limite de Tolerância IBUTG máx. Em função da Carga Metabólica (M) em Kcal/h. Quadro 3 - Limites de Tolerância IBUTG máx. versus Carga Metabólica M (Kcal/h) Máximo IBUTG 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,00 450 25,5 500 25,0 15 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Existe a Reclamação de que o Trabalhador ficava exposto a agentes químicos com valores superiores aos limites estabelecidos pela Norma Regulamentadora NR-15. Os agentes citados são alumínio, magnésio, cobre, poeira. O Perito pode verificar se existe o Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), onde estas avaliações quantitativas deveriam ter sido realizadas. Para caracterização da Periculosidade, existe a necessidade de haver o enqua- dramento determinado pela Norma Regulamentadora NR-16 Atividades e Ope- rações Perigosas, onde somente fica caracterizada a Periculosidade se houver Labor nas seguintes condições: 1. Labor com explosivos sujeitos a: a. degradação química ou autocatalítica; b. ação de agentes exteriores, tais como calor, umidade, faíscas, fogo, fenô- menos sísmicos, choque e atrito. O quadro 4, a seguir, demonstra a relação da atividade desenvolvida pelo traba- lhador com o percentual do adicional devido pelo empregador, classificando quais trabalhadores têm direito ao recebimento deste em exposição ao risco com o ma- nuseio de explosivos. Quadro 4 - Atividades versus Adicional de 30% para os Trabalhadores Expostos aos Explosivos Atividades Adicional de 30% a. No armazenamento de explosivos; Todos os trabalhadores nessa atividade ou que permaneçam na de risco. b. No transporte de explosivos; Todos os trabalhadores nessa atividade. c. Na operação de escorva dos cartuchos de explosivos; Todos os trabalhadores nessa atividade. d. Na operação de carregamento de explosivos; Todos os trabalhadores nessa atividade. e. Na detonação; Todos os trabalhadores nessa atividade. f. Na verificação de denotações falhadas; Todos os trabalhadores nessa atividade. g. Na queima e destruição de explosivos deteriorados; Todos os trabalhadores nessa atividade. h. Nas operações de manuseio de explosivos. Todos os trabalhadores nessa atividade. 2. Operação de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, em quaisquer tipos de vasilhames. O Quadro 5, a seguir, demonstra a relação da atividade desenvolvida pelo traba- lhador com o percentual do adicional devido pelo empregador, classificando quais trabalhadores têm direito ao recebimento deste com a exposição ao risco de manu- seio com Produtos Inflamáveis. 16 17 Quadro 5 - Atividade versus Adicional em Função do Risco de Manuseio de Infl amáveis Atividades Adicional de 30% a. Na produção, transporte, processamento e armazenamento de gás liquefeito; Na produção, transporte, processamento e armazenamento de gás liquefeito. b. No transporte e armazenagem de infl amáveis líquidos e gasosos liquefeitos e de vasilhames vazios não-desgaseifi cados ou decantados; Todos os trabalhadores da área de operação. c. Nos postos de reabastecimento de aeronaves;Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. d. Nos locais de carregamento de navios-tanques, vagões-tanques e caminhões-tanques e enchimento de líquidos ou gasosos liquefeitos ou de vasilhames vazios não-desgaseificados ou decantados; Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. e. Nos locais de descarga de navios-tanques, vagões-tanques e caminhôes- -tanques com infl amáveis líquidos ou gasosos liquefeitos ou de vasilhames vazios não-desgaseifi cados ou decantados; Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. f. Nos serviços de operações e manutenção de navios-tanques, vagões-tanques, caminhôes-tanques, bombas e vasilhames, com infl amáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, ou vazios não-desgaseifi cados ou decantados; Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. g. Nas operações de desgaseifi cação, decantação e reparos de vasilhames não- desgaseifi cados ou decantados. Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. h. Nas operações de testes de aparelhos de consumo do gás e seus equipamentos; Todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco. i. No transporte de infl amáveis líquidos e gasosos liquefeitos em caminhão-tanque; Motorista e ajudantes. j. No transporte de vasilhames (em caminhões de carga), contendo infl amável líquido, em quantidade total igual ou superior a 200 litros, quando não obser- vado o disposto nos subitens 4.1 e 4.2 deste Anexo; Motorista e ajudantes. k. No transporte de vasilhames (em carreta ou caminhão de carga), contendo infl amável gasosos e líquido, em quantidade total ou superior a 135 quilos; Motorista e ajudantes. l. Nas operações em postos de serviço e bombas de abastecimento de inflamáveis líquidos. Operador de bombas e trabalhadores que operam na área de risco. • Nota 1 – São considerados inflamáveis substâncias que possuam ponto de fulgor menor que 60 ºC. • Nota 2 – São considerados combustíveis substâncias que possuam ponto de fulgor maior que 60ºC e menor que 93ºC. • Nota 3 – Não são consideradas Operações Perigosas quando existe a mani- pulação de pequenas quantidades de inflamáveis: » Máximo 200 litros para inflamáveis líquidos. » Máximo de 135 quilos para inflamáveis gasosos liquefeitos. 17 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico • Nota 4 – A quantidade de inflamáveis contidas nos tanques de consumo do próprio veículo não deve ser considerada para o enquadramento da Norma Regulamentadora NR-16. Deverão ser consultados os quadros do anexo-1 da NR-16 (Portaria SSMT nº. 2, de 02 de fevereiro de 1.979) para verificar as e das áreas de risco do anexo-2. 3. Atividades e Operações Perigosas com exposição a roubos ou outras es- pécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Consultar o Anexo-3 da Norma Regulamentadora NR-16 aprovado pela Por- taria do MTE nº. 1.885, de 02 de dezembro de 2013. O quadro 6 relaciona as atividades e operações profissionais com a descrição determinando o enquadramento legal que garante o recebimento do adicional de periculosidade com exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal e patrimonial. Quadro 6 - Atividades ou Operações versus Descrição de Função Atividades ou Operações Descrição Vigilância Patrimonial; Segurança patrimonial e/ou pessoal na preservação do patrimônio em estabelecimentos públicos ou privados e da incolumidade física de pessoas. Segurança de Eventos; Segurança patrimonial e/ou pessoal em eventos públicos ou privados, de uso comum do povo. Segurança nos Transportes Coletivos Segurança patrimonial e/ou pessoal nos transportes coletivos e em suas respectivas instalações. Segurança Ambiental e Florestal Segurança patrimonial e/ou pessoal em áreas de conservação de fauna, flora natural e de reflorestamento. Transporte de Valores Segurança execução do serviço de transporte de valores. Escolta Armada Segurança no acompanhamento de qualquer tipo de carga ou de valores. Segurança Pessoal Acompanhamento e proteção da integridade física da pessoa ou de grupos. Supervisão / Fiscalização Operacional Supervisão e/ou fiscalização direta dos locais de trabalho para acompanhamento e orientação dos vigilantes. Telemonitoramento / Telecontrole Execução de controle e/ou monitoramento de locais, através de sistemas eletrônicos de segurança. 4. Atividades e Operações Perigosas com Energia Elétrica Consultar o Anexo 4 da NR-16 aprovado pela Portaria MTE nº. 1.078 de 16 de julho de 2014. 5. Atividades Perigosas com Motocicletas Consultar anexo 5 da NR-16 aprovado pela Portaria MTE nº. 1.565, de 13 de outubro de 2014. 18 19 6. Atividades e Operações Perigosas com Radiações Ionizantes ou Substân- cias Radioativas. Consultar Portaria GM nº. 518 de 04 de abril dede 2003, que determina as Atividades de Risco. Cabe ao Perito solicitar as Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQs) dos produtos utilizados durante o labor do Reclamante. A FISPQ traz informações, como: Limites de tolerância para exposição do trabalhador determinados pela Nor- ma Regulamentadora NR-15; Limites de tolerância para exposição do trabalhador da American Conference of Governmental Industrial Hygienists ACGIH; Classificação da Substância como inflamável ou combustível, apresentando seu ponto de fulgor; Meios de acesso ao organismo do agente químico; E muitas outras informações úteis que podem embasar a classificação do agente químico. O quadro 7 segue um recorte de uma FISPQ genérica do etanol, onde podemos encontrar os limites de tolerância para o agente. Quadro 7 - FISPQ do Etanol Controle de Exposição e Proteção Individual Parâmetros de Controle - Limite de Exposição Ocupacional: Componente TLV - TWA (ACGIH, 2012) TLV - STEL (ACGIH, 2012) LT (NR-15, 1978) Etanol - 1000 ppm 780 ppm Gasolina 300 ppm 500 ppm - - Indicadores biológicos: Não estabelecidos. Medidas de Controle de Engenharia: Promova ventilação mecânica e sistema de exaustão direta para o meio exterior. Estas medidas auxiliam na redução da exposição ao produto. Manter as concen- trações atmosféricas, dos constituintes do produto, abaixo dos limites de exposições ocupacional indicados. Medidas de Proteção Pessoal: - Proteção dos Olhos; Óculos de proteção ou protetor facial contra respingos. - Proteção da Pele e Corpo; Luvas de proteção de PVC, borracha natural ou nitrílica. Vestuário protetor adequado. - Proteção Respiratória. Recomenda-se a utilização de respirador com o fi ltro para vapores orgânicos para ex- posições médias acimada metade do TLV-TWA. Nos casos em que a exposição exceda 3 vezes o valor do TLV-TWA, utilize respirador do tipo autônomo (SCBA) com suprimento de ar, de peça facial inteira, operado em modo de pressão positiva. Siga orientação do Programa de Prevenção Respiratória (PPR), 3ª ed. São Paulo: Fundacentro, 2002. Perigosos Térmicos: Não apresenta perigos térmicos. 19 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico O quadro 8 é outro recorte da FISPQ do etanol, onde podemos identificar ou- tras propriedades físicas do produto, como, por exemplo, seu ponto de fulgor, que o classifica como inflamável. É de suma importância esta caracterização, pois se o trabalhador estiver exposto a este agente classificado como inflamável, fica carac- terizada a Periculosidade. Quadro 8 - FISPQ do Etanol – Propriedades Físicas do Produto Aspecto (Estado físico, Forma e cor): Líquido, límpido e Incolor. Odor e Limite de Odor: Característico. Limite de odor: 180 ppm pH: 6,0 - 8,0 Ponto de Fusão/Ponto de Congelamento: - 117ºC Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição: 77ºC Ponto de Fulgor: 15ºC (vaso fechado) Taxa de Evaporação: Não disponível.Inflamabilidade (sólido, gás): Produto Inflamável. Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade: Superior: 19% Inferior: 3,3% Pressão de Vapor: 5,8 kPa a 20ºC Densidade de Vapor: 1,6 (ar = 1) Densidade Relativa: 0,8 (água a 4ºC = 1) Solubilidade(s): Miscível em água, éter etílico, acetona e clorofórmio. Solúvel em benzeno. Coeficiente de Partição – n-octanol/água: Log kow: -0,32 Temperatura de Auto-ignição: 363ºC Temperatura de Decomposição: Não disponível Viscosidade: 1,20 cP à 20ºC Outras informações: Não aplicável. Ao concluir todas as etapas citadas, em posse de todas as informações colhidas e constatada a veracidade dos fatos, é chegada a hora da elaboração do Laudo Pericial, levando-se em consideração a postura ética e profissional do Perito. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Ministério do Trabalho https://goo.gl/y7edBb Livros Novo PPP e LTCAT: Comentado e Ilustrado ARAUJO, Giovanni Moraes de. Novo PPP e LTCAT: comentado e ilustrado. Rio de Janeiro: GVC, 2011. 477p. Segurança e Medicina do Trabalho: Atividades e Operações Perigosas, NR-16. BRASIL. Manuais de Legislação Atlas. Segurança e Medicina do Trabalho: atividades e ope- rações perigosas, NR-16. Atlas: São Paulo, 2010. Curso de Introdução à Perícia Judicial VENDRAME, Antônio Carlos. Curso de Introdução à Perícia Judicial. 2ª ed. Rio de Janeiro: Vendrame, 2012. 465 p. 21 UNIDADE Auditoria Laudos e Perícias - Postura Ética e Profissional do Perito Judicial e do Assistente Técnico Referências Código de Processo Civil. Consolidação das Leis Trabalhistas CLT. Lei 6514 de 22-12-1977. Portaria 3214 de 1978 Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho - NR-15; NR-16. 22